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HEHF M ATTOS A VIDA POLÍTICA ALÉM DO VOTO:CIDADANIA E PARTICIPAÇÃO POLÍTICA NA PRIM EIRA REPÚBLICA BRA SILEIRA N este texto, o leitor irá e n c o n trar u m a interpretação da e xperiôncia p ° lítica da Prim eira R epública brasileira que to m a a n oção de política e de ato res políticos e m s e n tido a n liad o . A ssociando o c a m po da história politica c o m a história so cial e c ultural, a n a rrativa busca c olocar e m relevo a im previsibilidacle do processo percorrido bem c o m o as relações e n tre tradições. incertezas e inovaçoes que o c a ra cterizaram . P ari isso, re visita tam bcm alguns a spectos cIo política im perial, e sse n ciais pcira lf l sar as rupturas e c o ntinuiclacles 1 ra zidas pela R epública. Principalm ente, pretendeu-se cham ar atenção para a e specificidade da c o n stituição de u m a n oção republicana de cidadania e m u m a S( ciedade que a c abava de abolir a e sc ra vidão.() B rasil foi o úItinu’ país da A m érica a trilhar e sse c aiu m Im . m a s se u s desafios filIam io n u n s a todo O (0111 in C u te. UM A REPÚBLICA PROCLAM ADA N o clim 3 cli dezem bro de iN 7o, n o B io de janeiro (Cotão, sede da M o n o r quia), toi publicado n o jornal A Rcpul’lica o tex to c o n siderado n o m lesto ftindaclor cIo nlovim ento republicano n o B rasil. O n m a n ifisto Irazii c lii destaque ideias de clem ocrac ia e fóileriilis 111o e cii av o e xpressóes (0111(1 5 Pesquisa bibIirgri(ic. e a revisSo íhcluaI do p eseu k c apitulo ii,r_u,u ,lesenvoivjcias CIO (a’laIh raça,, c ofl(u,s,lj,,a 5101,0:1 1ta,,i,Is. f\5 V IO X IM f\S E L IÇ Õ S, PA R TE 2 i1’1 i li:.’ A A IIF .R T U R A P A R A O 5105400 A 5455)5 P O S IT IV A 8 (, “ ob& O oia do povo”. ‘1 iberciade ind ividiia 1’ e “ v oto do povo’. () poder pessoal do im perador e SUO intorferéncia n o s re sultados eleitorais e ra m o s principais alvos dos que a ssinavam o m a nifesto, e m su a m aior parte, (lissideni es do Part ido liberal. Em regra, o Poder M oderador,de liso re st rito cio im pe r,tdor, form ava o gabinete c o m u m dos part dos políticos ,lt u a nt es n a M onarquia c o n st ii u ciotial brisilei ra (l.iberal o u C onservador) que, por su a v ez, c o nStituía as m e sa s eleitorais,que o rganizavam e proclam avam o s re sultados das eleições e m nível local. N um a e spécie de instuucionalizacào da fraude, o partido que c o n v o c a v a as eleições fazia, n e c e s s a riam ente, a m aioria n a C am ara, o que tran sform ava o m o n a rc a , n a pratica. n o v e rda cieiro e gi’ande eleitor. O tex to cio m a nifesto ignorava o tem a da e sc ra vidão, apesar de ter siclo publicado pouco m e n o s de u m a n o a n tes da principal reform a so cial e m preendida pela m o n a rquia brasileira a n terior a o ato definitivo da A bo lição, e m 1888 — a aprovação cio cham ada l.ei do \‘entre l,ivre, e m 28 de s etem bro de 1871. O s republicanos sim plesm ente não chegaram a u m c o n se n so sobre a cluestao. M uitos e ra m abolicionistas c o n victos. O utros, prósperos fazendei ro s e sc ra vistas que iriam se oporá aprovação da lei de 1S 1. C oncentravam - -se principalm ente n a província de São Paulo, fronteira de e xpansão da c afeicultura, principal produto de e xportação do pais. O s interesses da região e stavam sub-representados n a pouco flexível e stru tu ra de represen tação politica im perial. A defesa do federalism o levou m uitos deles para o c a m po reform ista. O Partido R epublicano Paulista foi fundado e m 1873. A partir da década de 1870, su rgia n o Rio de Janeiro u m a n a sc e n te opinião pública baseada n o c re scim ento dos setores m édios u rbanos, e m u m a im prensa c rítica e e m u m a c ultura políticci que passava a v alorizar a o c upação dos e spaços públicos. N os c afés da efervescente um a do O uvidor, n o c e n tro do Rio, políticos, literatos, e studantes, a rtistas e jornalistas de todas as províncias e c o m todos o s sotaques form avam u m a c aixa de re s so náncia cicie introchizia m uitas n o vidades a o c e nário político. N a Escola M ilitar da Praia V erm e 1Cm, o positivista lk’njam in C otisi,uit form ava jovens e ngenheiros m ilitares potico afeitos à a rte da guelra, m a s que a m a v alria R epublka e se viam (‘orno soldados-cidadãos. Segundo a historiadora M aria l’erez.a chaves dc’ M e 11(1, a n o v a otu nião pública cIo c apital i rm an ,iva— se n o apreço à m odernidade e a o progresso, n oções cicie m uitas v e z e s se c o nfU n cliam c o m a ideia republicana. Im ersos e m tinia s o ciedade e sc ’ra visla e pluriét nica, n u m c o n tex to mi ei-n acio n al c r e s c e n i etn en t e ra cista cpie justificava a e xpansão e u ropeia Fotógrafo n a o identificado Jose do Patrochtto um dos gtrm tidcsltdeies (lb(IliClotlÉst o s ttmtci ,iams (O ) O G R A F IA 5 D A C E R V O I(O N O C R A )’j)IA SÃO PA U LO n aÁsia e n a Áfi’ica intc’leciucos e politicus m uitas V ezes O llldiV alu ((110 desconfiança para o que lhes parecia u m povo ainda e m fbi’rnaçào luas °e m todos tenlicini a m ohiltzacão popular c o m o a rm a polo ica. José do Pai ro cínlo iái’m ac-êu tu-o, jornalista, p o lítico , tilho de to n a h b ea a& icanm i c o m u m padre c atólico e chefi político do interior (lo e stado do Rio, e ra u m a das figuras m ais c o nhecidas cIo cidade. Em torno do seujornal Gazeta da ihrdc’ re u niam -se a rtistas e e sc ritores hoêm io que a ta v a m as ru a s e o s c’aÍés do Rio últim a clec,mcla do Inuperiu. O utros 87 ‘1 8$propagandistas republicanos, c o m o L opes frovão e Silva Jardim , e ra m o radores que tinham su a perforinance política ligada à praça pública. o que o s aproxim ava de operãriús e trabalhadores u rbanos, A c a m panha abolicionista re u niu boa part e desses intelectuais em c o m ícios. fli’i’tjnid5 e c o nferências, e levou m uitos a a rriscar alianças pltiriclassist as, dom o a c ’i)nstniçao de redes pura a c olher e sc ra v o s fttgidos. A abolição da e sc ra vidão, c o m a a ssinatura da I.ei A urea pela princesa regente e m 13 de m a io de 1888, foi c o nquistada n u m m o vim ento de deso beditncia civil se m precedentes e gerou a e xpectativa de n o v a s reform as, ainda que não se so ubesse bem c o m o se riam feitas. Federalism o o u pelo m e n o s descentralização, abolição cio C onselho de E stado e do Senado vitalicio, separação da Igreja e do E stado, c riação do registro civil(institu ído pela M onarquia ainda e m 1888), m aior participação política eleitoral, m e ritocracia e o fim dos privilégios n obiliárquicos e stavam n a o rdem do dia. A lguns falavam m e sm o , c o m o o e ngenheiro liberal A ndré R ebouças, em c o n c e ssão de terras a o s libertos e e m dem ocracia ru ral. O aprofuncluim ento das reform as n o ãm bito do regim e m o nárquico pareceu u m a possibilidade c o n c reta depois da Lei Áurea. R ui B arbosa, e m inente jurista, principal a u to r da prim eira C onstituição republicana e prim eiro m inistro da Fazenda do governo provisório, foi u m r e fo rm ista m o n a rquista do Partido Liberal até a últim a hora. M as as reform as vinham lentas e e ra m grandes as c o n tradições. M uitos dos re cém -libertos, agora cidadãos, to rn aram -se c o n victos m o n a rquistas. to m ando parte da G uarda N egra, c riada após a abolição e m defesa da princesa e dos direitos dos libertos, c o m apoio de José do Patrocínio. P aralelarnente, boa parte dos se u s e x -se nhores se transform ava e m republicanos e e xigia indenização. Eram o s republicanos do 14 de M aio, Por otit ro lado, e m m$$6 e 1887, a c u m ulai’am -se c o nflitos disciplinares e n tre as a u to ridades civis n o M inistério da G uerra e oficiais do E xército, n o Rio de f000iro e n o Rio G rande do Sul, o nde s e c o n c e ntrava a m aioria dos t’li.’t ivos. 1Jiiia reproeii S iO do governo 205 c o ro néis ( u nha M atos e Sena M aclureii’,i por declarações n a im prensa re s ultou n a e x o n e ração do n tarechal IJeocloro da Fonsoca (que saíra e m delesa dos oficiais punidos( cio c o m a ndo das A rm as o cIo e x e rcício interino da presidência da pi’ovínc’ta cIo Rio G rande cio Sul. A c rise que s e seguiit 1 otnoti— se c o nliecidui c o m o “questão m ilitar” e aproxim ou o v elho oficial, a m igo cio im perador dos jovens oficiais rc ’pitblic’anos rediniclos e m to rn o de llen(aniin C onst a n t n a s iseinbleias cIo C lube M ilitar, A pesar disso, a c rise foi basicam ente co rpO rO n ’a e pa rc’c’ia e st a r i e rm in ada e m 1$87. M as o s jovens oficiais republicanos rn o st lavam -se cleciclidam enic’ clis postos a aproveitar o s brios feridos dos oficiais de c a rreira para c o n spirar pela R epU blicl. Segundo C elso C astro, e specialista n o e studo dos m ilitares brasili’05 no pc’nodo, ‘ ‘toda a uiçao da ‘m o cidade m ilitar’ agora c o nt uin do c o m o en v olvirnd’tltc) de lienjarnin (,onstant - — seio n o se ntido de forjar u nia c o n tinuidade da Questão M ilitar de 1386— 1887” (Castro. 2000:531. Eni setem bro de 1889. a dem issão de u m oficial a u se nte do se u posto n o T esouro N acional pelo visconde de O uro Preto, chefe do últim o gabinete cIo Im pério, e a chegada de D eodoro a o Rio do Janeiro, vindo de m issão n M ato G rosso e descontente c o m as decisões políticas cio governo para o Rio G rande cIo Sul, abriram n o v a s perspectivas para o s que so nhavam c o m u m golpe. Em n o v e m bro, o descontentam ento m ilitar tom ou cu es decididam ente golpistas e n v olvendo D eodot’o e liderariças civis e m c o n spirações republi c a n a s, m a s ainda a ssim o desenrolar final dos a c o n tecim entos não seguiu qualquer plano a rticulado. A pesar das m ilitas c o n tro vérsias ititerpreta tivas sobre o episódio, é c o n se n so e n tre o s pesquisaclores que boatos de que havia u m a o rdem de prisão c o n tra ele próprio e B enjam in C onstant a c abaram por c o n v e n c e r u m D eodoro que se e n c o n trav a e m c a sa c o m pro blem as de saúde a liderar as tropas sublevadas. Em parada m ilitar, o v elho m a re chal dirigiu-se a o C am po de Santana, e e n trando tio quartel-general o nde e stavam i’eunidos o s t’epresentuintes do governo. destituiu o últim o gabinete m o nárquico. As tropas legalistas, m uito m ais n u m e ro sa s, sob o C o m an d o cio general Floriano Peixoto. não esboçam ’atii re ação. A pesar da C onspiração republicana que prepai’ou O ato, n adluele prirneii’o m o m e n to D eodoro htnitou-se a derrubar o gabinete. Só ficou claro para todos que s e tratavui de m ais do que isso dldiuitldo, n a Cu’iniuirui de \‘ereadoi’es do Rio deJaneit-o, algitnias horas depois, o m ui representação liderada por José cio Patrocínio declarou, e m n o m e do povo, c o n s u m ada a qitecla da M onarquia e proclam uidui a R epública ‘ o m o n o v a lõrnia de govei’no do lli’uisi1. A penas a n oite inst aluo se tini governo provisnri. O i m pei’aclor foi iiltim acli> a deixai’ o país e m 24 horas. A pat’t ida da Lim ília im perial l’oi realizaclut de m adrugadut ec’m n m \’in’ic-m iticãc) sigilosa. - A pesar cIo pies iiiio pessoal do im peradom ’, o golpe itão su scitou re ações iniediatas de tflaior v ult o. N o C am po cio Sant amia, o niinist m’o da M arinha, barao de laclário, m e n to u se opor ao s n ’v olt o so s m a s levou dois tiros. i’aoi bem não produziu ntanifc’si ações festivas d’tilim siasm aclis. C oo ti role bc’ni a s sinalo 1 1 a hist o riadom ’a M aria T ereza C haves cio M (‘11(1, liiiia m o n a rcpm ia JC Sem 51t5tC lii leão Política e a e xpectativa reform ista da opim uão c a rioca deram 00 d’se m u o u m quê cIo m udança in e vit uível. A A D H T IN A PA R A O M U N D O - _ _ 1 A V ID A I’I)LÍTIC A A A H L X rIIR P A R A O M E N O R A V IV A P O LÍTIC A COIIREIO DO POVO _ _ _ VIVA O EXERCITO-VIVA A ARMADA! V IV A O PO V O B R A Z IL E IR O ! PROCLAMACÃO Corrc’ io cio Povo, ‘(i0 co m ci fo i cio clii1a’odc1m 6 do Reptí bluo 16 de iicivc’jnbi’ci ifi’ 1889 D O C U M IN i II I,R IG IN R L A C E R V O I’IIN IIAÇAO R IB IlO iJIl N A C IO N A L , lIV ,S It C onsum ado o golpe de Est a clo, i n st abu— se u m governo provisório. liderado por 1 )eocbom n o qual m i litarc’ de c a rreira o fli’ prO l 1 )eodoro, p re sid e n te , e o n u n ist lo da \1,ii’i irlia. E duardo \V andenkolk 1 e m ilir a re s de fo rn iacão L en h i1 ica IB eiriam ini C o n staiit. m in istro (la G u erra). i’ip iih lic’an o s h isto ric o s ( Q uini ino B ocaiúva. m inistro das R elacõ es E x te rio re s. A rist ides Lobo, m iii istro cio In te rio r) e m te le c t riais r e fo rm ista s (Rui B arbosa, in in is tro da Fazenda), m uitos cicies posit i»isi as (l)enic)t rio R ibeiro, 11111jst ro da A gricultura) aléni de m e m bros do Partido R epubitcaiio P a u lista (Cam pos Saies, m inistro da Justiça), e stiveram representados, dando c o n ta das fbrças que at u ai’iJlii n a In siii u cionalizaçao do n o v o regim e. O prim eiro decreto do n o v o gor’ei’tio declarou “proclam ada proviso rianiente e decretada c o rn o lorm a de governo da N ação B rasileira - — A R epública Federativa (art. 10), até o pronunciam ento definitivo da N ação, iivrem ente e xpressado pelo sufrágio popular” (art. 70), ejá n o se u lreãm bulo m udava o n o m e do pais para listados U nidos do B rasil e tran sform ava e m e stados as a ntigas provincias. Sinalizava a ssim para a opção federalista c o m o a prim eira das reform as a se re m im plem entadas, c o n tem plando d e m a nda do Partido R epublicano Paulista, principal força civil o rganizada n o n o v o regim e. A c o n stituinte eleita e que se re u niu u m a n o depois barrou a possibilidade de c a ndidatos m o n a rquistas. A tensão inicial e n tre a ten tação de u m a ditadura m ilitar positivista e u nia república c o n stitucional foi v e n cida pelos c o n stitucionalistas. Em 19 de n o v e m bro de 1889, o decreto de qualificacão de eleirom ’es c o n c e deu o titulo de eleitor a “todos o s cidadãos brasileiros n o gozo de se u s direitos civis e politicos, que so uberem ler e e sc re v e r” . N o n’tês seguinte. m a rc a ra m -se as eleições para o dia 15 de s etem bro de iSgo. O M inistério do Interior rapidam ente n o m e o u u m a c o m issão pm ra redigir o a n teprojeto da C onstituição, ainda que m uit ,is das reform as e m pruutrt n o final do Im pério cO o tenham ir e sperado por ela, N ão se m poléirriois, C am pos Soles, n o M inistério da 11151 iça. im plenienioci a separação da Igreja e cio listado a ntes m e sm o tia C onstituinte, c o m base e m projeto cio liberal Rui B arbosa e do Positivista I)em et rio R ibeiro. aprovando c) c a sa m e n to civil obrigatório, a Secularil,ação dos cem itcii’ios e a i’egtilarizacãii do registro civil.Em grande parte, aproveitaram -se o s 0111 igos sim bolos m o nirqtticos, c o m o o dc’senho e as(‘Ores da bandeira im perial. a c re scida do lem a positivista — ‘ ‘o rdem e progresso» — ‘ e a m úsica do hino n a cional c o m n o v a letra. A C onstituição srtncionadct O iii 1891 d’onsagrava o prc’sidlenc’ialism o, (‘0111 m a ndato de quatro a n o s, e o federalism o, c o m gi-ande auilt o m iom ia prura o s estadlcis (1110 teriam c o n stituição própria, forças puiblinis a rm adas, c apacidade 91) 91 — 1 92 de c o n trair e m préstim os internacionais ejtistiças e staduais e specíficas ainda q u e s u b o rd in ad as a u rn a legislacão u n ificada e à justica téder,il. N a prática, e ssa a u to n o m ia ficava relativam ente lim itada pela dist ribsiicão d a principais lin steS de re ndas públicas. A os c’st idoS rabia o im posto de c ’xpoiliviO . de turm a que apenas o s e stados e xpoi’tcdores gozariam i e alm ente de a utonom ia financeira. O governO federal c o n c e ntraV a as re ndas do im posto de im p o ia cão. A pesar do princípio da independêilciil dos poderes a c o n stiflhiÇao c o n feria atribuicões dilatadas ao i.egíslativo. que api’OS’aVa o o rçam ento federal e tinha o poder de c riar bancos de e m issão e e m pregos públicos federais, de decidir sobre a o rganiZ acão das Forças A rm adiiS. além do direito e x clusivo de v e rificar e re c o nhecer o s poderes de se u s m e m bros. As Forças A rm adas e ra m declaradas obedientes a o governo eleito, ‘dentro dos lim ites da lei’, o que de c e rta form a re c o nhecia ao s m ilitares a possibilidade de interpretara lei para legitim ar possíveis jntei’enÇÕCS, n o e spírito do pi’incipio do s o ld ad cidadão, defendido por B en a m in C onstant e a m o cidade m ilitar. A nsfo rm aÇ ã0 tinha sido rápida e proftinda. Fm m e n o s de dois a n o s, u m a m o n a rquia, ainda que c o n stitucional, m a s repleta de hierarquias e títulos de n obreza, que e xibia até alguns m e se s a n tes instrum entos de to r tu ra n a s lojas rIa C orte para o c a stigo dos e sc ra v o s, tinha se tra n sfo ad 0 1 e m u m a república c ujo poder se a sse ntava, a principio. n o sufrágio popular. 1 N a n o v a tu n a politica re m o vido o Poder M oderador, as eleições ga nhavam re n o v ada im portáflcia. A o m e s m o tem po o s m ilitares haviam su rgido co m o ato res políticos a rm ados, n e m se m pre u nificados e m su as iostiiuicões e fazendo política Ibra dos quartéiS c olocando a ditadura co m o possibilidade n o horizonte. A influência cIo positivism o e n tre parte da in telectualidade política e su a c re n c a n o m a ditadura dos sábios c o m o id e de governo relbrçtivO u a hipótese. Por o u tro lado, n a s cidades e n o Rio de janeiro. e m e special. .su rgira o u sa c uli o ra política n a qual os fe sta ç 0 a s e m 1r aça pública adquiriram c e n tralidade. o qtte parecia trazer a presença política cio povo n a s ru a s c o m o u m n o v o e clefinit ivo pei so n ogem da cen a pública ii)rnhioclo pelas classes m édias e t rabcolhidor0S oibanas. N as prO u c ’i, o s pot e ni idos locais e so a s clientelas não pretendiam n e m podiam desconsidericlos cio jogo político, e oluli as v e z e s n ele e nt ro ’a rn a P ° - e m v e rdadeiros e xércitos part icolor(’s. C om plenos clii oitos civis, m a s se direitos políticos, além das m ulheres. m ilhõc5 de aiU pO flS t’S ilei rados, e su o niioioria não brancos, num c o n ti-\t(m n a cionol e oO ernH lonil altam e ra cista e ra cializado. m ilhares de im igi a n tes e strangeio)s r e c é iu h e e de e x -e sc ra v o s i’cccni1ihort o s n ão deixaram , ,ipesli disso, de a r 1 - i ic,om cnt e c’ de lo liii ii’ dcci sivornon te n o devir da re publica e m 1 0 r m aÇ “prociam adI” a p arir de u m golpe m ilitar. desde o o n cio dois m odelos poliucos se c o nfrontaram n o processo de c o n solidacão reptblm cana.() m odelo liberal Í e cleralisi a, q u e e steve n a base da c o n sto iiicio oprovaci o. e o da ditadura positivista. defendida n ão ap en as pelos inteleciuais ligados ao positivism o o rtodoxo, m a s tam bém pela m aior pctrte da int c’lect o alidaclo m ilitar do pais e por políticos im portantes influenciados pelo pensim ento de A ugtisie C om te, principalm ente n o Rio G rande cio Stil. A influência positivista produzia. por tim lado, tim e busca por re speito a o e stagio da e v olução do país e, por o u tro , a defesa de u m governo foite c o n trolado por hom ens de ciência c o m o a m elhor opção política. N o c o nfronto e n tre o s dois m odelos, dilem as e m relação à representa- e ção política já vividos durante o Im pério se re n o v a ra m . D urante o s debates n a C onstituinte, apesar de haver defensores de m odelos m ais dem ocráticos de cidadania, as opções vitoriosas e stiveram sintonizadas c o m o s ru m o sjá sugeridos pela reform a eleitoral de 188i, qtie, a o elevar a re nda m ínim a e xigida para o s v o tan tes, reduziu o seti núm ero de 1.114.066 para 1 4 5 .2 9 6 , c e rc a de i% da população.A C onstituição republicana, a o m a n ter a e xigên cia da alfabetização pai-a a cidadania política, elevou e ssa proporcão para não m ais de z% n o m o m e n to inicial, e ela jam ais ultrapassaria o s 5c n a vigência da C onstituição de 1891.O v oto aberto, e m v ez de se c reto, tíoinhén foi u m a opção política da regulam entação eleitoral republicana que sinali zav a n a m e sm a direção.O eleitor ideal deveria ter c oi’agem e c o ndições cio su a s c o n vicções políticas, c o nfigurando u m m odelo “heroico” de Qdadania,defendido abertam ente por diverso.s parlrnsontares e vitorioso n o P l”áio . A pesar disso. c o m o flO te m p o cio Im perio, a e xperiência eleito rallogo se m o stro u incapaz cio, por si só, i’egiilar as dis o ’rgêntias políticas entrQ o eleitoi’aclo (Jm a v e z re aliziclos iis pi’ii11ii’05 eleições republicanas, logo ficou e vidente q u e o poder tias jtt os ipurecloras. c o ni roiiclas pelos eX ecuuvos est aciua Is. e dos pLu’lm fllo iitii’c’s eleitos n o período cutt ei’ior.quc’ hflbarn a prei-rogcitis’,i cio re c o nhecer O S n o v o s itinclat o s . ten cliiii a se r m ais im - . . -pOittn t es cine o m uD ei-o re al de oicit O )ic. N. c ’s ’(5 c iu i inst o1ciaS as °PO Siçoes e r a m sinspiesm eni e banidas dojogo político. A fitlt a cio reprc’ - e ntuçao da m inoria foi logo i’econhccicla c o m o um probleniu tia o rclcni PU b1icancu brasileira. A c ulitira poiítim-a e m vigor, c o m o n o 1ciii110 tia qtua, S1fl5plesisente não c o n seguiu im piem eniar tona clinám ica dc lW dade n o poder eletiva m o n te decidida pela c o n c o rrência eleitoral. 93 A A B E R T U R A P A R A O M U N D O UM A R E P U tu I DE CO RO NÉIS? A V ID A P(,L (T IC A 11 1 F otoitr,ifo não identificado ,M arechal DL’udoro de F onseco 01O G R A [IA , C II. 1889 A C E R V O IC O N O I.R S IT uA , SÃO P A U L O O jacohinism o, radicalism o popular (0111 co n otaÇoeS x(’nnfohas (antipor t uguesa. e m especial), c o m agenda v oltada para questões s o ciais, aliava-Se com a ideia da tu tela m ilitar, e foi m obilizado pelos dois prim eiros prestden 1es m iii a re s. l)eodoro da Fonseca 1889— 1891) e Floriano l’eLxoto 1891— 1894). () a c e sso00 e m prego ptib 1ico logo se t 0111011 m po rI a nt e m o eda política n o m eio u rbano, a sso ciando clientelism o e radicalism o popular. C onfirm ado n a presidência pelo C ongresso c o n stituinte, e m 1891 .1 )eodoro im ediatam ente interveio em praticam ente todos o s e stados, c olocando n o poder apenaS grU pos atinados c o m a su a polo ica. u m m inoria. ten to u , e m seguida, dissolver o i,i’gislalivo e instalar u m a ditadura, m a s foi logo deposto e substituído pelo V iC epresidente Floriano P eixoto. E m possado presidente. F loriano repetiu tI m e sm o e n redo, intervindo e m praticam ente todos o s e stados e dem itindo funcionários põblicos c o n siderados “ cleodoristas”. (Is n o v o s e x e c u tivos e s taduais,por su a v e z ,dissolveram su a s a sse m bleias e o s tribunaisjudiciários. A lém disso, a n o v a co n stiltilção e xigia que se re alizassem n o v a s eleições se a v açânc’ia da presidência se n e sse a n tes de(luis a n o s cIo m a ndato, lancanclo a so m bra da inconstitucionalidade à pm ’esidência de Floi’iano. A a m e aça de guerra civil se to rn av a u m a re alidade. R evoltas de su boficiais e m a rinbeiros, leais a D eodoro. a c o n teceram n a c apital. n o Rio G rande do Sul, e m M ato G rosso e e m São Paulo (1891 1892). O apoio (lo 94 A A R F .R T D R A P A R A O M U N D O A S IO S I’1 C L T IC A 95 4’ - - F otografo não identificado I’lonann Pcixoto E ,S )(R A l IS , C I. 1 8 9 0 - i C ItE S ) IC C )N 11I,R A PH I 5, S I)) P A lItO Partido R epublicano Paulista I’R P), principal força politica civil do pais, deu s u sten taçào à intensa repressão clesencadeada por Floriano Peixoto em re sposta à c:rise m ilitar. C am pos Salçs, s e n ador por São Paulo, apresentou requerim ento pedindo o e n c e rra m e n to das se ssões do C ongresso. para que o governo pudesse agir se m OS “ e m baraC oS parlam entares’ para m a nter a o rdem e reprim ir o s elem entos perturbadores”. Intelectuais de re n o m e n a cional e presença m a rc a n te n o Rio de Janeiro, c o m o José do Patroc’inio e Pardal M aliet, foram desterrados para o A m azonas e O lavo B ilac e n viado para a fortaleza m ilitar T am andaré da Laje, n o R io de janeiro. e n tão c apital da R epública, o nde ficou preso por seis m e se s. U m pedido de ijebeas c o n 1iu s para e sse s presas políticos feito por R ui B arbosa foi n egado. Se a guerra civil foi c o n tida n o R io, e sto u rav a n o Rio G rande do Sul, n a cham ada R evolução F ederalista (1893— 1895). A li, as forças políticas e stavam divididas e n tre republicanos liberais, e n tre o s quais se destacava A ssis B rasil, re sponsãvei pelo projeto de lei eleitoral adotado c o m m odifi c ações pelo L egislativo; republicanos positivistas, c o m o Júlio de C astilhos e Pinheiro M achado; e liberais parlam entaristas liderados por G aspar Silveira M artins. D o últim o grupo participavam , principalm ente, a ntigos - m e m bros dos partidos m o n a rquistas, que haviam reto rn ado a o pais. Em pouco tem po, a disputa política e n tre republicanos e a ntigos m o n a rquistas desdobrou-se e m guerra civil, c o m a m obilização de e x e rcitos privados pelos lados e m c o nfronto. A c apacidade de m obilizar hom ens a rm ados para fins políticos foi u m a das c a ra c te risticas m ais m a rc a n te s da e xperléncia política da P rim eira R epública. Fia e ra e m geral a cionada por grandes p ro p rietárias ru rais apoiados e m u m a e x ten sa clientela, m uitas v e z e s cham ados c o ro néis e m funcão da tradição de possuirem . via de regra, a m ais alta patente da G uarda N acional — m ilícia da qual icipaV am apenas o s eleitores 0 0 tem po do — im pério e que só s e ria oficialm ente e x tm ta e m 1918. O c o nfronto a a cio e n tre as tropas c o ro n elisticas não e ra n e c e ssa riam ente destituído de s elO iclos politicos e m e s m o filosóficos. O s positivistas Júlio de C asliIhO S e Pinheiro M achado e ra m eles próprios “ c o ro néis” e se a s s o ciaram a o u troS e m defesa da m a n ut eticão de s e u s aliados n o poder, m a s tam bém de u rn a proposta de governo ‘ viam c o m o científica. O parlam c’nt a rista S í1 v e.1 M artins, iilltigo rept’esenl a n te cio Partido t,iberal n o período iiionarqutC O o u o liberal A ssis B rasil, não hesitarans c m pegar e n i a rm a s apoiados CIII e xC rcitos privados para clc’li’nder sm is clc’ vista e grupos p o iítiC 0S - fro n t eiras c’nt re prat lias c o ro n eiist iças e c o nflito ideológico n ã o e staV i— de m a n eira algum a c’la ra]nent e clem arc’adas. A O tIR i IR A P A R A O (IR A D O ‘é l’ntógralo n ã o ideu tific adu Rcvoluçciu I”c’dc’r’,lisl ci Na li,,,,, lIm poS,’ h’d,’,,iii,c,s e n tre ‘5’,G urner,indo S aiiiv (o te n n ’ln n se ,u ,,do da e squerda par, a dHeir;,} 0O I)R .(fIa 5 9 ÁCIERVO C O N O G R A P H , 0 550 ‘A IILO A A iIE R IIJR A PA R A O M IaN D O A V ID A P O I.1T I(’A Juan G utierrez Tropas legalistas d u ran te a Revolta da A rm aria G utietrez atuou n o Rio de Janeiro e ntre iS9o iSgo e durirtni’rtiou a R evolta da A rm ada, t deitando is frtilicaçàes, o s s oldados e O .L rnlao,dthio u tilizado M oi, c o n tudo, apresentar i’cuiis dii cm li.ite i’o ro u ;n ai ,s, R io OU Ja sv to u i. 5 .0 . A RQUIVO O. 1 E M A R O F S . R io o r J.sN R iR(i D e a m bos o s lados, OS e xórcitos Ilrivaclos 1 ivei’am Iulpel lõndam ental. Foi u rn ag ilei-ra v io le nt a e m qi ie degolas e ra m prática c o m u m , reserv ando— se o s hizilan’,entos para OS oficiais. Flori,ino Peixoi o , c o m o a v al cio Partido R epublicano Paul sia, c o n c edeu o apoio cIo governo federal a Júlio de Qis tillios. A pós a guerra se riam m ilitas as denúncias de m a ssa c re s por lulrt e clii hxói’c 110 larasi leiro. N a m ais c o nhecida delas, o c o ro n el cio Fxói’c’ito e posil iVist a M oreira ( .ósar teria li.izilado se m processo 1 o clas as lideranças polit m is fecleralisi as da cidade de l)i’slerro, 1en clo e m seguida rebal izacio a cidade (‘01110 llitt’iiiiopiili . A guerra civil se e xpandiu até o Rio dc Janeiro. Fni 1 S y a ofic’iats clii M ajl’la publicaram U m m a nifesto c o n tra a intervencão federal n a guerra do Saie, e m 1893. a A rm ada se sublevou sm apoio a o s fecferalist e xtiainclo n o v as eleições. Fntre Os re v oltosos e stavam ilm irantes c o m o Saldanlia da G am a C ustódio de M eio, c a ndidato declarado à su c e ssão de Flonano. (Is _ _ _ _ _ _ _ _ _i, o lto so s diziam agir e m n o m e da C onst ituicão republicana, m a s foram percebidos c o rn o m o n a rquistas n a s m ias do Rio de Janeiro. (1 repul)li(ailism o _ _ _ _ _ _ _ _ popular se n a m obilizado em ‘batalhões patrióticoS”, dando n o v o fôlego ao jacobifli5° florianista, A pós batalha s a ngrenta n a Ponta da A rm ação, e m _ _ _ _ _ _ _ _ : ‘ N iterói, o s n a vios re v oltosos deixaram a baía de G uanabara e se clirigirani ao sul do país. Floriano adquiriu n a vios n o e xterior, tripulados por m e rc e . - náros, para s ubm eter a e squadra re v oltosa, finalm ente derrotada em 189d. O risco de desarticulação do poder federal garantiu o apoio incondicio ‘ n al das principais forças politicas e staduais, e specialm ente São Paulo, M inas G erais e B ahia, às ações repressivas de Floriano, inclusive c o m o aporte das forças públicas e staduais às tropas legalistas n a guerra n o Sul.,’\ m uI ‘ üplicidade de grupos a rm ados se c o n solidava c o m o c a ra cterística da n o v a R epública. A Força Pública de São Paulo ch eg aa a c o n tar c o m u rn a frota aérea a n tes das Forças A rm adas federais. A c e n tralidade do apoio político e m ilitar do PR 1’ im poria a Floriano as eleições de 1894 C su a su c e ssão por u m presidente civil de São Paulo. P rudente de M orais. Para tan to , Francisco G licério, u m político m e stiço, positilista e repu blicano histórico de São Paulo, c o n seguiu a rticular u rn a a m pla m aioria de apoio a Ploriano n o C ongresso N acional, a que cham ou de Partido R epu blicano Federal. Segundo R enato l,essa (iq88:i091, [...j do ponto de s’iSta ioaci’opolil ice, o PRF V isiO ’cl i’c’soli er duas ijlieSlões cn ai’ mliiigrupo itai’laiitelitco’ iitajin’ituii’iiip arti s u ste titcir ii g o v ern o e, m ais im portante, preparar as eleições gerais de 1 8j4, n as qiiciis senilni escolhidos o presidente da Rcpublica, iiiii terço da Sciialt e a (‘a liii a dos I)epmi 1 cicio. D iii aI e desses dois desafios, o PRIij’oi cxtrcnianii’iltc tieiii’siir u’lttuli.1... 1 Nas eleições de t 894, o PRI’COtu1iifSti)ii a pi’esidenciii. o terço do Senado e a titalilacli’ da C óinani. Prudente dc’ ãíiruiisfoi c’leito com cerca de 290 iiit s’otiis, cai tinia polililaçda Ciii 1077i0 de 15 nnllioes. lim a v e z n a presidéncia, as prim eiras m c’clid,is de Pruclentc’ de M orais 1894— 1898) l)rorrmmu’am desm obilizar as bases populu’es cio jacobinism o florianista n o R io de janeiro. P rudente e m preendeu dernissões e m m a ssa n o se rvico público, dissolveu o s batalhões paI riõi icos e e x o n e ro u diversos 98 ‘li 99 1 A A D H IU R A P A R A O M U N D O 1 O o oficiais m ilitares que o c upavam c a rgos civis. R aul Pom péia, CScl’jtor de re n o m e e florianista c o n victo, perdeu o e m prego n a B iblioteca N acio _ A re sistencia não s e fez e sperar. e durante rodo o c o v e rn o Os iacobino 5 i e stariam n a s ru a s ci.i c apital cm c o n stantO s agitacões.Com grande adesão - cIo oficiais de baixa patente, o s protestos (101150 n u n c a e ra m pacíftcos, e e v olviam u m a e n o rm e diversidade de o radores de ru a , discursando c o ntj.aa c a re stia, o alto c u sto dos alugtiéis e dos alim entos e e m ciefissa da R epública O discurso n a cionalista m uitas v e z e s se tornava x e nófobo, clam ando c o n o s port ugueses. c o m petidores n o m e rc ado de trabalho e que m o n opoljzava o pequeno c o m ércio. A pesar da baixa participacão eleitoral da c apital n as eleições de 1894 (num eleitorado potencial dc i so m il pessoas, v otaram 7.857 eleitoresi, a politização das ru a s do Rio e m torno de u rn a agenda so cial ligada a o s interesses das c a m adas populaies, clifusam ente de inspiração positivista, foiparto integrante do c o ntexto da prim eira década republicana. P rudente c olocott n o M inistério da G uerra u m paulista a ntiflorianista, pronsovendo u m a política de c o optação da alta oficialidade do E xército e de redução gradual dos efetivos m ilitares de terra.A lém disso, ten to u n e gociar a paz c o m o s federalistas n o R io G rande do Sul, c o n tra a o rientação c a stilhista e da ala florianista do E xército de n ada c eder a o s re v oltosos.A m aioria dos refugiados da R evolta da A rm ada e n c o n trav a-se e xilada n o U ruguai e e m a rticulação c o m o s lederalistas. A ten tativa inicial de P ru dente de n egociar a paz n a guerra cIo Sul foi c o n siderada pelos jacobinos u m sinal de traição.As n egociações, a princípio, a v a nçaram pouco ea luta se rolom gou. M as o s ru m o s da guerra c o m eçaram finalm ente a m udar, e P rudente c o n seguiu firm ar u m a c o rdo de paz c o m o s re v oltosos (1895), ainda cjcie garantindo a suprem acia de Julio de C astilhos. P rudente gover n o u se m a u n a nim idade cio l.egislativo, ra chando a base de apoio do PRF, ciii rc’ 1 ,icubiiios e não jacobinos. A m o rte cIo lloriano, e m 1895, r e tiro u cio c e n a rio político a a m e aça de su a trlin si o rinac ão em c a u clilho, apoiado n o s elem en to s mis i1 itares e setores popul1trc’s radict1izaclos. Foi n e sse c o ntexto de e x trem a ilgitacão politiCii qite chegaram a o Riu dejaneiro as fluilem as sobre a derrota da terceira e x p eclicão do E x ercito n a g u erra c o n tra OS s eçtiiclores do beato A ntõnio o n sel toiro n o sc’rtao da B ahia. episódio c o nhecido c o rn o G u erra de Cii— ti u d o s (1 896 -1897), ,im pl1Im c’nt e percebida p ela opinião pública, cio Rio de ja nc’i ro e de São Pattlo. c o m o m ais lim a rebelião m n a rqu tst a.A n otícia cIo m ,tssacrc’ da terceira c xpedicao do E xército, o m a n clacla pelo c a m peilO TIo ria n i sia. M oreira C ésar, ch eo u a o Rio n o m o m e n to e m que Prudente de M orais rei o risava a o c o rn a ndo cIo got’e ru o após licença de sa ude. A V ID A P O lÍT IC A D iante di n o ticia da m oi-te cio M oreira Cesar. houve u m a e x p lo são .1 c obina n a s ru a s da cidade. (;entii de C astro. p ro p rietario dos lo rit,u s G cia’ttt dcilhrdc e Libcrdctdc’, c o n siderado m ottiirqulsta. toi inoO o por u m grupo d’ m ajores e ten em es.A trágica decisão do m a ssa c re ao a rru a1 de C am idos si) se c o m preendi’ plc’ntnw m t e cluancio se leva ciii c o nt a a c o n jtfl)ttira de radi c ahzação política cio Rio de janeiro. e a perccpeão de am c’aca 1111lnal’clulsl 5 c o m que e ra c o n se n su alm ente percebichi a re v olta, c o nto bem a ssinalou a hism om ’iaclora acquelim ic’ 1 lerm tntt. A agitação a c obina ctllflS H iO tI I’lfl u m 1 O 1 Fotógrafo n ão id en tificad o Pntilcntc di’ M onos 1 0 1 0 1 .1 1 5 1 1:5. 114. iÍÍSS 111 11155 SI IC O N O G R A P IIIA . SÃO P411115) si A A O IR T I’R . PA R A O .1[ÍSR O 1 0 2 a te n tad o , pelo jovem praça M arcelino Bispo de M ulo, c o n tra a vida do 1: sidente P ruduiit de M oi’ais, quando e ste visitava o A rsenal cio(ue1Ta p re c epc ionar as forças vitoriosas chegadas de C anudos. O re vólver do pracj’ não dispaiou, m a s ele a c abou m atando (‘om golpes de Bica. elIlluta c o , 0 - n u rei fui (A rIos M achado liiite n c o u rt jite agiu u ni defesa do r e sid e A ten taiiva frustrada de a ssa ssinato e a re v elação da 1ragódia de C anudo 5 opinião pública do Rio dejaneiro c o n tribuíram para re v e rter o clim a 1155 r u 10(1(1 e ssa 1110 im entação e ra ifltçfls(im eflie vivida pela populacão do R io de janeiro, E duardo das N eves, m ais c o nltecjclo c o m o C rioulo D udu c a n to r de lundus que gravava discos pela C asa l:ciison e e sc re via livros de a m plo otlsum o populai’, registrou em su a s letras a irada do clim a p 0 líti 0 n a s ru a s do Rio. C om pós O M arechaldel’en’o,logo depois da m o rte de Floriano, e m 1895, e su a letra perm ite bem m edir a força popular do Íacobinjsisio florianjsf (apud A breu, 2 0 1 0 :1 0 1 — 1 0 2) Q,jiottdo ele cipareceu, altivo e sobninceiro, ii(ciite coitto a s a oitos,beijando opit’illião, A JiLi11’10 s u spirou,dizendo:Ele e çtletreiro, É niarccha(de fcn’o, escudo da tiacão! O Incido fiuniiiiciise eCOotJpor toda a parte. 1 lnpctn— se o s a stro s n ublados: SO?llctfl— se lim as ganias; Ele e’tmij(unhiando a espada,qual tlllClitL’lõtttiijirtc, Pe’igutita ao M undo: — Cotmlicceni-mmme . Sou filio,de A lteus’ Stm sotifihlto de Alagoas, esse estado do Brasil, Que épequ e;tino,é v erdade, ntaspoderoso e vit-il; jogai-eide espada e capa, e heide um0sflar com o a Eunipa Não lime gim nltci miem ceuhml. E avOmmfe Iiicisilio! Cmii m oi da patm w co’at’dom: .1 hemmi((e (‘OSSO direït . am tiqutlam O 1 (‘Liidor! 14im uni! ‘1 P alha i’L’dattta..,Quem seu peit((lido imijlamna Para dard m ãe vigor? D eusa que migénio idolatra,pois lela que ele n asceu Essa m ãe que se diz l’al riu, q u epor ela N eo-ah niorreti l’mirhiimmmmms n esse tllom(iei(jo’Eu vos ,lürei elemtmemmlo! QmiL’mmm tm i O pod’m’5011 eu! D ois a n o s depois. registraria a virada pró Prudente de M orais,qtie luar— Oi 0 10(11(1 dojac obi nis u so florianisIa,(‘Ofliiun 1u ndti 0111 hunienageiti a o A V ID A L lT IC A r a c h a l B irteflC ourt — 0111 1 S y 110 a te n tado a P rudente de i 0 3 M ora — e m que dem onstra su a preocm ipacao (‘0111 1) futuro da R epública. Ó iniiilt Repiiblicii prevê tais pengos!! paralisa o braço de teu s iniitugos!! Ó m anto sagi’ado c obre e sse c aixão! N ão te m atm clma o sa m tgue, que é do n o sso irm ão. , , V enho dar ttiCti5 peSciiiieS a o v alente e xército! a o B rasil inteiro! A fainília cm prantos queria os re c eber pela nobt’e vítim a. filha do detem: N eutralizado o clam or das ru a s. P rudente C O m eÇOU 5 governar d ire tam en te com o apoio das bancadas dos e stados, garantindo a eleição de C am pos Saies(1898-19021, e n tão presidente do e stado de São Paulo, c o m o se u su c e sso r,A inda a ssim house u m a c a ndidatura de oposição, a do p o si tivista paraense I,am ’o Sodre. A pesar do a m plo a rc o de alianças, C am pos Saies foi o m e n o s v o tado dos presidentes s ol a egide da C onstituicao (lo 1891, o que bem sinaliza aclesm iibilização das disputas eleitorais que tia c a ndidajra representava, C am pos SaIes se propõs a retirar da adm inism ‘audo federal (IS paiX õeS dos grrtpos e fhcções, governando o pais (‘0111 O S e stados, por s obre as agitações das ru a s da c apital. A cham ada ‘política dos e stados” tendeu a C ongelar o poder das situações e staduais 110 illo ilieilt o da su a c ’a ndidai ui’a, dando a elas o u m si role político das disputas locais c m ii’oca de seu apoio à c a n clidatu governista, Para 151110, a llrdi’a de to ijue foi cO i1egInr :m pi’ovar cIm a m udanca n o regim ento lO tei-no da ( âimuai’a dos liepiim udos.( )presicleiti e da ( . , ‘uln,ira e ra (1 re sponsável por n o m e a r a C om issão de V ei’iiicação dos Poderes, OIldL’ se dava o e m bate final de v alidação cio quen i re alm ent e o c uparia u nia c adeira n o legislativo ft,clei’al .:\i ã 0111ão, fazii— se p ’s ide111v O dej m ui udo A A III1R T U R A P A R A O M U N D O A V ID A P 01 T Il A 1 04 m ais id o so 0111 re OS eleitos,C om a niticiança propost a PorCafllpos Saies presidente da C ãm ara p a sso u a s e r o m e sm o da legislatura a nterior qj° ‘ perm iliria, a principio, c o ngelar o poder das oligarquias e staduais c o r estavam c o nh2’uradas n o m o m e n to da eleicão. \ m aioria dos historiadores iCo1ripa11I’ia i a firm a i iva de R enato Lessade (1110 a “pollt ira dos est;idos” teria c o n s eguido 1 o rn a r hibit n ai a r o ta tiv id po1ític’1 n a Prim eira R epública, c o n stru in d o u m a e spécie de 5U cedãneo. cio P oder M oderador dos tem pos cio im pério. Em v ez de u m eleitor prj. vilegiado. u m grupo) seleto deles, o governadores dos principais e stados, sobreiudo São Paulo e M inas G erais, definiria o c a ndidato presidencial a c ad a s u c e s são .N a m aior parte do tem po, paulistas e m ineiros re v e z a r_ _ _ _ _ _ _ -se n a presidência da R eptiblica, rIO (JUI’ part e da historiogi’afia cham ou : cio “política do c afé com)) leite” o u m e sm o de “política do c afé c o m café”, já que se ti’atavam dos prim eii’os m aiores produtores cio café (São Paulo) e leite (M inas G erais) do pais. M ais re c e n te m e n te , pesquisa da historiadora C laudia V iscardi sobre a s s u c e s s?Ies presidenciais, ainda que c o rroborando o ftincionarnento da política dos e stados. e nC hiizo u u m nível m aior cio incerteza e u m núm ero, ainda que re strito , porém m ais diversificado, dc’ a to re s privilegiados. Sem dúvida, o s interesses cafeeim ’o se c o nfundiram e m algum a m e dida c o m as questões n a cionais, te ndo e m vista cicie as políticas c a m bial e im igratóm ’ia ei’am c e n trais para a s atividades e xportadoras. Sem dúvida tam bém , o c a ráter o lig arq u ico cio a r r a njo político e n tão e n g en d rad o , frau d an d o e d esm o ralizan d o a s eleiç6es, c o n ib rm e foi a m plam ente d en u n cia do n a p ró p ria ép o ca, im pôs-se c o m o “ reg ra cio jogo”. M as a u n id ad e de o bjetivos c ’nirc’ a s o lig arq u ias cio São Paulo e M inas G erais, e m to rn o dos . 1 int oi’c’sses c afeeiros, c’ra apenas relativa. m oi’ e PR M n e m sc ’nlpre e stiveram u n to s o u de aco rdo. Pelo m e n o s o s c ’ham aclos e stados de s egunda grandeza m a nt n ’e ra m presença im portante n a s n m ’goc’iactos polít m oasdas s u c e s sões pm ’c’sidenciais cio penodlo. \‘isc’ai-cli cienlom lstroil c ’olivincentem ente que a e stabilidade cio regim e e stav a “n as m ãos cio oligarquias regionais c o m peso político proporcional ao 1lim Ialm llo cio su as bancadas c’ das su as potenciali dados e c o nôm icas” (\“isc’au’cli, 200 i: 1). O s e siaclos grancle.s e ra m o s que 1 m nham bancidas n tiniei’osas e ecOflO m ias relat m v am enlc’ a uiosstm fic’ientes: São Paulo,é clam o, m as lam bem M inas ;c’l’ais e o Rio Gm ’ancie do Sul. O s e stados m necim os t eu’ianm igim alm nente m m m papel im portante n a clc’Íinicao das (‘andiclaturas presiclc’nciais. form ados ‘ 0 ! 1qu lc d111( tm nhim 11111 1 clis clu is cois IS co m dc st icuc 1 1 1 B ihia rn a v a m s e dependentes do governo fc’dei’al 0/011 da tu tela cio e stados vi- o s S e g U 1 ainda a m e sm a a u to ra. OS atorc’s e n v olvidos flOS P rocessos c e ssários lim itavam -se a c s governadores dos grandes e m édios e stados. ai n s parlalnelltares iflfiU em ltes, o presidente da R epública e SOUS m inist los, ‘ flt’ núm ero m édio de 24 lSSO íIs. A re eleicão e ra proibida pela C onstitui- ão federal n a m aioria dos c ’stidos, garantindo t1tfll relativa re n o v ação dc) - - .A penas n o R io G rande do Stii a C onstituição cio inspiração positivista a a e eleiÇa0 e perm itiu a pl’m iim 1êm 1cim cio l3orges de M eclei o s por 25 “ a n o S n a presidência do e stado. A pesar disso. o s ato res privilegiados do jogo político oligam ’cum L’o e stive ra m longe de re sponderem s o zinhos pelo processo político ciue se seguiu. Se a politica dos e stados garantiu, e m c e rta m edida, a form alização da fraude. isso n u n c a foi to talm ente a ssu m ido c o m o desejável — a s eleições e ra m u m rito n e c e ssário, c o m o a hom enagem cjue C) v ício p re sta à virtude. A lém disso, o equilibrio interoligárdiuico e ra bastante fluido, abrindo brechas que m ui s v e z e s e m prestavam n o v o s se ntidos às disputas eleitorais, fossem locais o u n a cionais. N esse c o ntexto, projetos de reform a eleitoral transform aram - -se e m tem a c e n tral dos debates legislativos.Propostas de v o to se c reto) e proporcional fo ram s u c e s siv am en te ap resen tad as e d iscu tid as, ain d a que derrotadas. N o governo R odrigues A lvos) 1902— 1906), im ediatam ente depois da prim eira eleição definida a partir da política dos estados, a Lei Rosa e Silva de reform a eleitoral (1904) foi aprovada após intensos debates, m ais u m a v ez c o n sagrando o v o t o aberto se m interferência da justiça n o processo de apuração, fundam ento das fraudes eleitorais. O s defensores dc) v oto aberto o faziam , e n tretan to , e m n o m e de princípios e v alo res c o m o a c o ragem e a virtucte cívica, e o principal foco das (liSputas c ’o n c ’e ntrava-sc’ n o funcionam ento da políi ica m u nicipal. A despeil O)do e s v a ziam en i () clii a u to n o m ia financeira e política do m u nicípio n a C onstituição cio 1591, e ra C onsenso político) da epoc’a que os “ m andlÕc’s de aldeia com 1stii uí’1m forcas políticas incontorni’m vois” tH ollanda, a o oq: m76). São m U itas a s c o n tro vérsias in terp retativ as sohrc’ o s significados dliiS eleições locais n a Pm ’im eira R epública, m ais d’om ulm eilte d’om npreendidias a partiu’ da ideia do pacto o ’oi’onelist a. Seguncio o livro c’lássic’o cio \“iior N unes I.eal, C oronclis,no, e u ix m ici e V oto, O pimcto) c o ro n elista se c a ra cterizaria c o rn o a form a polít id a do m a n clom sm o local n uili c o n te x to dc’ i’c’iativo d’ii fraquecinento cio podier privado dos pot e n taclos iod-ais. direi ainent e ligado a abolição da e s c ra vidão e à ciuedla da m o n a rdluia. O pacto sc’ re s u m iria n a tro ca do v o to popuitm ’, stiposiam enle c o n trolado pelos potentados locais, D or e r n n l’p IY o s o v(’ibíl núblic’as n o m u n icíp io — cimie s e to rm )am ’iam a base cio 1 0 5 1 A A D L R T U R A P A R A O M U N D O A V ID A flu T u A 5 oS poder de c o n trole dos eleitores pelo ‘c o ro n el republicano. O a rg u m en parte do princípio do c o n trole absoluto do cbcfe político local sobre o V oto tias populações ru rais, por u m lado, e, por o u tro , da im portâocia desse c o n trole c o m o m o eda política. D esde so a publicação e m 1949, O trabalho foi alvo de m uitas cru ii as. Se a g ran d e m aioria da popolacao n a u v otava e o s re sultados eleitorais e ra m decididos pelas c o m issões de v e rificação de poderes, qual se ria o se ntido cio pacto? Em o u tras palavras, qual a im portância das eleições n o c o n tex to de fraude eleitot’al que a política dos e stados aparentem ente institucionahzava? A pesar disso, o trabalho de Leal é ttm clássico. C onform e re ssaltou o historiadorJosé M uniu de C an’alho, o c o n trole dos eleitores e ra u rn a m o eda itT ipoitante ao m e n o s para definir as disputas entre co ro n eis.As form as c o m o as oligarquias e staduais iriam a rbitrar e regular tais disputas pode riam tn m ar proporcões de pequenas guerras civis. N o m u nicípio e stavam as disputas de interesses. o s láccionalisnlns. a política c o rn o disputa por re c u rso s de poder local, ao fim e ao c abo.A c e ntralização do Poder E xecutivo m u nicipal pela C onstituição republicana, c o m a c riação das prefeituras e m s uhstituicâe à tradição portuguesa de governo das câm aras de v e re adores, e x a c e rbava as tensões políticas e n tre as elites locais. M ais que u m a troca, o pacto c o ro n elista o rganizava tina a m plo processo de n egociação e n tre as facções políticas locais e a oligarquia e stadual, perm anentem ente atu ali z ado.A pesar da v o ntade de c o ngelam ento das situações e staduais a partir de C am pos Saies, a cltuplicidacle de poderes. m tu tas v e z e s c o m o fl.incio n a m e n tn paralelo de ditas a sse m bleias legislativas, foi u m a c o n stan te por toda a Prim eira R epública. A su c e ssão de C am pos Saies foi definida e nquanto se instituia a própria política dos e stados, e m a rc oti u m período de hegem onia das lideranças civis pattlistas. após tinas guerras civis 1110 Rio G rande cio Sial, t8 9 ,3 — s 89 5 e e m C anudos, 1896— 0197) que, de c e rit fornia, e nlraqtiecerarn as teses positivistas e o prestígio tios m ilitares.As linhas gerais do governo C am pos Saies se m a ntiveram n o governo seguinte cio puilist a R odrigues A lves (1902— 5 qobt. quc’ e n spreetstleu tinia ptilíi ica de atist e rtdacle m o n etái’ia e di’ i’elbrnias m odernizadoras, es peciit1 m e nte n a cidade dti Rio cio laneiro, c o m a reibrm u lação cio port o e polit icas de e rra clicação tia v a ríola e da lebre a m a rela. A inda a ssim , as ru a s cio Rui c n ntintiavsn1 agitadas, e xpio clindo e m re v oltas itrbants que m a rc a ra m época. tom o ti R evolta da V acina (19041, e m que m o v m e ut ação operániti e m otins u rbanos se a sso ciai’anl cli’ m a n eira épicit. Storni 1dia de cabresto l.igenda o riginal: 1:ia — fo ZéBesio? liSa — N ão,ão ZCDDITAC 01100C r I’IJD iIC A D A N A D IV IS T A V A R ETA D i 19 D i lIT ïP ilR O D L 1 9 2 7 O s governos de A fonso Pena (19o6— 19o9( e N ilo Peeanha 1 iyoy— iqio) foram m a rc ados por crises n o s estadtjs, co m c o níhtos a rm ados e duplicidade de a sse n sbleias n a B ahia, em G oiás, n o A m azonas e n o Rio de janeiro.As guerras civis e o ro n eiisticas e a e xisténcia de poderes legislativos c o n e o r re ntes n o s e stados se repetiram em todos o s dem ais m a ndatos. N um c o ntexto e m qtie a guerra civil utinca deixou de e star n o horizonte. as eleiçõeso e upavism tim papel seu s dúvida e etatral c o m o possibiliciadc’ de regulação das disputas iate os cem rieis.M as elas e ra ni ainda m ais que isso. Os v otos que se disputavam não e ra m , n a m aioria dos c a so s, o dos c a m poneses a n ahfhbetos e despidos de v o ni ade própria im aginados por Vil o r N unes leal. c o nform e pioneiram ente re ssaltou a historiadora A na I.uagão R ios. Por um lado,porque e stes sim plesm ente não v otavam e,por o utro, porque e stavam m ioto longe de sei’ o s atores políticos despidos de v coitaclc’ im agiuados pc’lo 107 ‘3/ esa PN oxlrsess C L C IÇ003.,. ‘00 C O btiosT o» . 1 4’ 11 .4 A L V R V O R E N D A d O D ID iIO iL L A N A C IO N A i. D O A R Ei w 1 oS a utor. A o c o n trário, o c o ro n el republicano, e nfraquecido c o m a perda da a u to ridade se nhorial após a A bolicão, precisava agora do poder de a d m nistrar a s benesses e o poder repressivo do E stado, não apenas para a j 1. eleitores, m as tam bém para c o n seguir trabalhadores e c a ra ntir a fidelidade daqueles que ficavam à m a rgem cio direito de v oto e da ticlaclania p o l i Em u m incluerito policial da cidade de C am pos, n o Rio de Janeiro n a prim eira ciecadn da R epública, fjtou registrado tini caso e x e m plar cio nO V O tipo de situação. U m fazendeiro delegado de policia, m iom eado cidadão N laneco C astra”, fazia queixa de desacato à a u to ridade a se u vizinho, tam . bém tàzencieiro n o m e ado “ cidadão .A raújo Silva’, que o teria im pedido de e n trar e m su a fazendo para prender u m a liberta, n o m e ada “preta M atilde”, a c u sada de ro ubo cluanclo trabalhava n a fazenda do próprio de legado. Toda a disputa e n tre o s dois chlttdóos se fazia e m to rn o das n oções de república e cidadania, D e u m lado, a a u to ridade republicana a m e açada pelo poder privado de u m fazendeiro, de o utro, o s advogados de A raújo Silva diziam que ele apenas defendera o s direitos de cidadania da preta M atilde, a m e a c ados pelo abuso de a u to ridade do delegaria. N esse c o nflito, o s e sforços de re c o n stituição da hierarciuizacão cio m u ndo i’ural depois tia A bolição são e videntes, seja u tilizando o poder de repressão do E stado paríi forçar o s libertos a o trabalho, seja u tilizando o pciternaiism o c o m o m o eda de atração para obtenção cio trabalhadores o u clientela. ‘fam nbém o processo cio i’acializacao e a decorrente n egação pI’iitici da cidadania da preta M atilde ficam e videntes, se m retirarem dela, e ntt’etanto, o poder de u tilizar politicam ente a rivalidade e n tre oS dois c o ro n eis, e sc olhendo e n tregar su a s lealdades privadas àqtieie qtte falava c m n o m e dos se u s direitos de cidadã, A C onstituição republicana, c o m o a m o nárquica, optou por u m a defini— cito “ clesraciaiizacla’ da c’idacia nia, apesar tia c re sc e nte mi uência dc’ teorias mic’ntíficas ra ci i is n u pensa m ciii o soc’iuilbrasileiro o cio u so c oticiiano da linguagem m c ai c o m o fot’m,m cii’ liicr;m rqm nzar e chfinir lugares so ciais. Os dois chilmiliOs que disputas aio o c o n trole sobre o t t’abalho de M al udo não i ivom-amrt su a c o r n o m c’ada lbi’mumi m cliii’ tiO inqim óril e. m as o depoim ento do iitmia das tcsu c’m u n bis a u sav a o cieieg,uclo cio tet’ dcii m i aclo o lazendeiro quic’ piou c’gia a e x -e sc ra v a clmamiuimcio— o cio “inuuiat o ‘ ‘A c’onclicão cio cidadã brasileira dc’ M iii udo c oto su a iiccorretit e liberduclc’ dc’ ir e V ir, c o iis iii u tt.t n oto fm unilatim cnt ai tia ciefi’si cio fiuzoncleiro.A inda a ssim . ela perm anecett reféricla n o indluiérit o sim plesm ente c o m o a l’r’ M oi mlcic’, incorporando a o i rópt’io n o m e a conchç’im o cio lifiert a. o r i da e sc ra vidão e a separação da Igreja e cio E stado, após a procia- 1 O ação da R epublica proV ociiriulii pt-ofundas alteracôos n o s padt’óc’s cio cio ,açâo tradicional ate e n tão prevalecentt’s n o m u ndo m ral. A e sc ra vidão só sujeitava o s t m ’abalhacioi’c e sc ra v o s, m as definia tam bém a iclenndacie e a s possibiadlt5 cie ação so cial da população livre pobre, e m su a m aioria e largam ente m ajoritária fora das ei-andes circos cigi’o-expoi’tadoi’as. população que tinha n o c atolicism o popular a base c ultural pariu su a apre en sãO do m u ndo so cial e m que vivia. Talvez o c a so m ais e m blem ático do c o ro n el n a Prim eira R epública c o m o ag en te político que fazia a ponte c’nit’e a c ultura tradicional c a c ultura cívica tpublicana seja o do padre C ícero.que atttO u c o m o líder pnhttco e m Jtm azeiro. n o C eará, por praticam ente todo o período aqttt a n alisado, de 1889 a 1934. U m m ilagre m a rc a o início da trajetória política de padre C ícero, o c o rn cio e m m a rço de 1889, logo depois da abolição da e sc ra vidão e poucos m e se s a ntes da proclam ação da R epública. U nia agregada da farnilia do padre viu q u e a hóstia c o n sagrada que tom ava e m c o m u nhâo sa ngrava.O fenóm eno se repetiu depois por quase dois m e se s. D esde o finaldo século xtx, a o n e n tacão oficial da Igreja c atólica e m R om a e ra cio c o m bate às práticas slncréticas qcte se haviam a sso ciado a o c atolicism o n o s m ais diversos c o ntextos. O m niiagt’e e m Juazeiro e a c re sc e nte influência cio padre C icero c o m o líder religioso n o se rtão não agraclai-am a Igreja caióiica, e m pi’ocesso de c re sc e nte ro m a nização n o B rasil, tendo re sultado n a e x c o m u nhão de C ícero.
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