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Há, no sistema judiciário, órgãos judicantes singulares e coletivos. Mas, em todos eles, as pessoas que, em nome do Estado, exercem o poder jurisdicional são, genericamente, denominados juízes. Nos termos do art. 125 do CPC, o juiz dirigirá o processo conforme as disposições daquele estatuto legal, competindo-lhe: I- Assegurar às partes igualdade de tratamento; II- Velar pela rápida solução do litígio; III- Prevenir ou reprimir qualquer ato atentatório à dignidade da Justiça; IV- Tentar, a qualquer tempo, conciliar as partes. 11.1 Requisitos Para que atividade jurisdicional que toca todos os juízes, para ser válida e eficaz reclama a concorrência dos seguintes requisitos: a) Jurisdicionalidade, isto é, devem estar os juízes investidos no poder de jurisdição; b) Competência, ou seja, devem estar dentro da faixa de atribuições que, por lei, se lhes assegura; c) Imparcialidade, ou seja, devem ficar na posição de terceiro em relação às partes interessadas; d) Independência, isto é, sem subordinação jurídica aos tribunais superiores, ao Legislativo ou ao Executivo, vinculando-se exclusivamente ao ordenamento jurídico; e) Processualidade, isto é devem obedecer à ordem processual instituída por lei, a fim de evitar a arbitrariedade, o tumulto, a inconseqüência e a contradição desordenada. 56 11.2 Garantias Para assegurar a independência dos juízes a Constituição Fedral outorga-lhes três garantias especiais: a) Vitaliciedade: não perdem o cargo senão por sentença transitada em julgado; b) Inamovibilidade: não podem ser removidos compulsoriamente, senão quando ocorrer motivo de interesse público, reconhecido pelo voto de dois terços do tribunal competente; c) Irredutibilidade de vencimentos. 11.3 Restrições Com a preocupação de assegurar a lisura do exercício da função judicante, o art. 95, parágrafo único da CF/88, dispõe que aos juízes é vedado: I- Exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo ou função, salvo uma de magistério; II- Receber, a qualquer título ou pretexto, custas ou participação em processo; e III- Dedicar-se à atividade político-partidária. 12. Dos atos processuais É de bom alvitre que a celebração dos atos processuais se dê conforme os cânones da lei, para que então possam surtir seus efeitos no mundo jurídico. Conseqüência lógica da inobservância dos parâmetros estabelecidos, é a inaptidão a produzir os efeitos que ordinariamente deveriam ter, tratado esse aspecto pelo campo das nulidades dos atos processuais. 57 12.1 Conceito O processo é resultante de dois componentes que se combinam e se complementam, e que são a relação processual e o procedimento. A relação processual sendo complexa, compõe-se de inúmeras posições jurídicas ativas e passivas, onde a passagem de uma para a outra é ocasionada sempre por eventos que têm, perante o direito, a eficácia de constituir, modificar ou extinguir situações jurídicas processuais. Esses eventos recebem o nome de fatos processuais. Os fatos processuais podem ser ou não ser efeito da vontade de uma pessoa, logo, ato processual é toda conduta dos sujeitos do processo que tenha por efeito a criação, modificações ou extinção de situações jurídicas processuais. Fato processual é todo fato humano, ou não, que tenha repercussão no processo, como por exemplo, a morte da parte, o fechamento imprevisível do foro. Também o são todos os atos ou negócios jurídicos, que, a despeito de poderem ter conseqüência no processo não tem por finalidade a produção de efeitos processuais. Ato processual classifica-se, portanto, como a manifestação de vontade de um dos sujeitos do processo, dentro de uma das categorias previstas pela lei processual, que tem por fim influir diretamente na relação processual. Há a necessidade, pois, de que haja: 1)a manifestação de vontade de um dos sujeitos do processo (juiz, partes ou auxiliares); 2)a previsão de um modelo na lei processual; 3) a constituição, modificação ou extinção da relação processual, quer no seu aspecto intrínseco, que é própria existência do vínculo que une autor, juiz e réu, quer no seu aspecto extrínseco, que é o procedimento, conjunto lógico e sucessivo de atos previstos na lei. 58 12.2 Classificação Pelo CPC os atos processuais podem ser divididos em: -atos das partes (arts. 158-161); -atos do juiz (arts. 162-165); -atos dos auxiliares (arts. 166-171). 12.2.1 Atos processuais das partes O processo se instaura por iniciativa da parte, é indispensável sua atividade para a existência do processo e seu desenvolvimento. a) atos postulatórios: são aqueles pelas quais as partes pleiteiam um provimento jurisdicional. Pode ser feito através da denúncia, petição inicial, contestação, recurso. b) atos dispositivos: são aqueles pelos quais se abre mão, em prejuízo próprio, de determinada posição jurídica processual ativa, ou ainda, da própria tutela jurisdicional. c) atos instrutórios: são aqueles destinados a convencer o juiz. d) atos reais: são as condutas materiais das partes no processo, ou seja, comparecimentos as audiências, pagamento de custas e outras. 59 12.2.2 Dos atos processuais do juiz O código no art. 162 definiu os atos do juiz como: a. Sentença b. Decisão interlocutória c. Despacho As sentenças são decisões que põem fim ao processo, com ou sem julgamento de mérito. No plano conceitual será terminativa a sentença que extingue o processo com o julgamento de mérito, e meramente terminativa a que extingue o processo sem julgar o mérito. o recurso cabível na sentença é a apelação (art 513). As decisões interlocutórias são determinações, pronunciamento do juiz, durante o processo, sem lhe pôr fim. Nessas decisões é cabível agravo. Despachos não têm qualquer caráter de resolução ou determinação. São atos instrutórios ou de documentação. Nos despachos de mero expediente não cabe recurso algum (art504). No entanto, se o despacho prejudicar uma das partes, se tornará decisão interlocutória, cabendo, então, agravo. 12.2.3 Dos atos dos auxiliares da justiça. São atos de cooperação no processo que se classificam em : movimentação, documentação e execução. Movimentação são atos exercidos através do escrivão e seus funcionários (escreventes). São exemplos de atos de movimentação: a conclusão dos autos ao juiz, a vista às partes, a expedição de mandatos e ofícios. 60 Documentação são atos de lavratura dos termos referentes a movimentação (conclusão, vista, etc..), a leitura do termo de audiência, o lançamento de certidões etc... Execução é função do oficial de justiça. São atos realizados fora dos auditórios e cartórios em cumprimento de mandado judicial ( citação, intimação, penhora etc...). 12.3 Princípios Na prática dos atos processuais devem ser respeitados os seguintes princípios: a) Princípio da Publicidade (art. 155): representa uma das grandes garantias do processo e da distribuição da justiça. Atribui a todos a faculdade de assistir aos atos que se redizem em audiência, ainda que não sejam partes, com exceção dos processos que correm em segredo de justiça devido seu interesse público e pela natureza da lide. b) Princípio da Instrumentalidade das Formas (art. 154 e 244): preceitua que os atos processuais não dependem de forma determinada senão quando a lei expressamente o exigir. Consideram-se válidos os que, realizados de outro modo, lhe preencham