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14 a greve

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Greve
Movimento paredista
Lei 7.783/89
Origem da palavra
O nome “greve” se originou na cidade de Paris na França no final XVIII, em uma praça que servia tanto de palco para reuniões de operários quando estavam descontentes com as condições de trabalhos impostas por seus empregadores e decidiam paralisar os serviços, quanto para os empregadores conseguirem mão de obra para suas fábricas. Nessa praça havia constantemente o acúmulo de gravetos que eram arrastados pelas enchentes no rio Sena, dando assim o nome greve originário de graveto.
(Sérgio Pinto Martins)
Constituição da República
“Art. 9º É assegurado o direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele defender.
§ 1º - A lei definirá os serviços ou atividades essenciais e disporá sobre o atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade.
§ 2º - Os abusos cometidos sujeitam os responsáveis às penas da lei.”
A greve é a suspensão coletiva, temporária e pacifica, total ou parcial, de prestação pessoal de serviços a empregador. 
Objetivo: exercer pressão, visando à defesa ou conquista de interesses coletivos, ou com objetivos sociais mais amplos. 
Pode ser considerado, segundo alguns doutrinadores, como Alice Monteiro de Barros e Mauricio Godinho Delgado, como meio de autotutela autorizado pelo Estado, em que serve como instrumento de pressão coletiva, assemelhando-se do exercício das próprias razões efetivado por um grupo social. 
Para a Constituição está no patamar dos Direitos Fundamentais.
legitimados
Se e uma paralisação da prestação dos serviços, somente, os empregados são legitimados a deflagrar greve.
É proibida a greve de empregadores 
(Lock-out. – artigo 17)
É um direito dos trabalhadores, mas é um movimento deflagrado pelo sindicado, na ausência dele pelas entidades superiores.
Em nosso ordenamento jurídico a greve representa, então uma forma de autotutela admitida como exceção e que se perfaz com a paralisação coletiva, pacífica e temporária da prestação de serviço por parte dos trabalhadores. 
Somente pode ser exercido quando frustradas todas as outras tentativas e modalidades de negociação.
“Artigo 3º - Frustrada a negociação ou verificada a impossibilidade de recursos via arbitral, é facultada a cessação coletiva do trabalho.
A greve é considerada lícita quando atender as exigências legais (previstas na Lei 7.783/89); 
e ilícita quando as ignorar. 
RODC - 14600-85.2008.5.05.0000
“Considera-se não abusiva(licita) a greve quando observados todos os ditames da Lei nº 7.783/89. Só para esclarecer a greve ilícita é a greve ilegal, ou seja, deflagrada em desacordo com a legislação, mas a melhor doutrina recomenda que haja a substituição da expressão "greve ilegal/ilícita" por "greve abusiva". 
O primeiro efeito que surge com a greve é a suspensão temporária da prestação do trabalho, com a consequente suspensão do contrato de trabalho, e com isso, também, a suspensão do pagamento dos salários pelos dias parados.
O artigo 7 desta lei ainda prevê que:
Observadas as condições previstas nesta Lei, a participação em greve suspende o contrato de trabalho, devendo as relações obrigacionais, durante o período, ser regidas pelo acordo, convenção, laudo arbitral ou decisão da Justiça do Trabalho.
Parágrafo Único - É vedada a rescisão de contrato de trabalho durante a greve, bem como a contratação de trabalhadores substitutos, exceto na ocorrência das hipóteses previstas nos arts. 9º e 14.
Portanto, surge também obrigações ao empregador que está proibido de contratar trabalhadores substitutos, a não ser na hipótese de serviços necessários para manutenção de equipamentos durante o ato paredista.
Ronald Amorim e Souza 
 “o exercício de greve não deve ser neutralizado por atitude patronal que a inviabilize. A possibilidade, de resto intolerável de permitir ao empregador a contratação de empregados durante o período de greve, incorreria em impedir a produção dos efeitos naturais a paralisação…”
São assegurados aos grevistas: 
 O emprego de meios pacíficos tendentes a persuadir ou aliciar os trabalhadores a aderirem a greve;
A arrecadação de fundos e a livre divulgação do movimento.
Proibição de dispensas e contratações durante a greve
PROIBIÇÕES
Os meios adotados por empregados e empregadores em nenhuma hipótese poderão violar ou constranger os direitos e garantias fundamentais de outrem. 
A empresa não poderá adotar meios para constranger o empregado ao comparecimento ao trabalho, bem como capazes de frustrar a divulgação do movimento. 
A manifestação e atos de persuasão utilizados pelos grevistas não poderão impedir o acesso ao trabalho nem causar ameaça ou dano à propriedade ou pessoa.
O direito de greve, tal como atribuído aos trabalhadores pelo art. 9º e seus parágrafos, da Constituição brasileira, afigura-se intangível, com o dizer da norma constitucional de que compete unicamente aos próprios destinatários decidir sobre como e quando exercê-lo, a par de estarem autorizados a definir por si mesmos os interesses que devam defender por essa forma reconhecida de mobilização e luta. 
A única limitação admitida pelo citado dispositivo constitucional é a prevista no § 1º, que remete à lei a definição dos serviços ou atividades essenciais e a disposição sobre o atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade, o que se acha regulamentado na Lei nº 7.783/89. 
Já o § 2º do art. 9º da CF prescreve que os abusos eventualmente cometidos durante o movimento grevista sujeitarão os responsáveis às penalidades legais, seguindo-lhe a determinação do art. 15 da aludida "lei de greve" no sentido de que a responsabilidade pelos atos e até crimes que venham a ser praticados no curso da greve serão apurados, ao que se vê, "a posteriori", por meio de ações próprias de natureza trabalhista, civil ou penal. 
Não se vislumbra, no contexto normativo em que posto e definido esse direito constitucional de greve, que se insere no arcabouço protetivo e de autodefesa dos trabalhadores, a possibilidade da utilização válida e eficaz de quaisquer medidas ou remédios jurídicos preventivos, de autoria qualquer, mormente das forças antagônicas patronais, no intuito coibente do legítimo movimento paredista, o que eiva de abusividade e ilegalidade o provimento judicial que, de modo açodado, contenha ordem de interdito proibitório ou a outro título dada para cercear o direito de greve.
Processo: 0130900-05.2009.5.03.0016 
Pressupostos 
“Artigo 3º - Frustrada a negociação ou verificada a impossibilidade de recursos via arbitral, é facultada a cessação coletiva do trabalho.
Parágrafo único - A entidade patronal correspondente ou os empregadores diretamente interessados serão notificados, com antecedência mínima de 48 (quarenta e oito) horas, da paralisação. (grifo nosso).
Artigo 13 - Na greve, em serviços ou atividades essenciais, ficam as entidades sindicais ou os trabalhadores, conforme o caso, obrigados a comunicar a decisão aos empregadores e aos usuários com antecedência mínima de 72 (setenta e duas) horas da paralisação.” 
“Artigo 9º - Durante a greve, o sindicato ou a comissão de negociação, mediante acordo com a entidade patronal ou diretamente com o empregador, manterá em atividade equipes de empregados com o propósito de assegurar os serviços cuja paralisação resultem em prejuízo irreparável, pela deterioração irreversível de bens, máquinas e equipamentos, bem como a manutenção daqueles essenciais à retomada das atividades da empresa quando da cessação do movimento.
Parágrafo único - Não havendo acordo, é assegurado ao empregador, enquanto perdurar a greve, o direito de contratar diretamente os serviços necessários a que se refere este artigo.”
Entende-se por atividades essenciais aquelas sem as quais a sociedade entraria em colapso em pouco tempo no caso de suspensão total das atividades
 O artigo 114, §3º da Constituição aduz acerca da vedação de greve em atividades essenciais assim dispondo:
“Em caso
de greve em atividade essencial, com possibilidade de lesão do interesse público o Ministério Público do Trabalho poderá ajuizar dissídio coletivo, competindo à Justiça do Trabalho decidir o conflito.”
Logo, em caso de greve em serviços essenciais o Ministério Público do Trabalho pode agir de ofício ajuizando dissídio coletivo com a finalidade de que a justiça do trabalho decrete a ilegalidade da greve. 
“Art. 10 São considerados serviços ou atividades essenciais:
I - tratamento e abastecimento de água; produção e distribuição de     energia elétrica, gás e combustíveis;
II - assistência médica e hospitalar;
III - distribuição e comercialização de medicamentos e alimentos;
IV - funerários;
V - transporte coletivo;
VI - captação e tratamento de esgoto e lixo;
VII - telecomunicações;
VIII- guarda, uso e controle de substâncias radioativas, equipamentos e materiais nucleares;
IX - processamento de dados ligados a serviços essenciais;
X - controle de tráfego aéreo;
XI compensação bancária.”
XII serviços de internet (inciso acrescido por Fúlvio Jacowson Gomes)
0011000-03.2014.5.03.0000 (DCG) (PJe - assinado em 19/12/2014) Disponibilização: 16/01/2015. DEJT/TRT3/Cad.Jud. Página 56. Órgão Julgador: Secao de Dissidios Coletivos Relator: Deoclecia Amorelli Dias Tema: GREVE - ABUSO DE DIREITO GREVE. ATIVIDADE ESSENCIAL. INOBSERVÂNCIA DOS REQUISITOS DA LEI 7.783/89. ABUSIVIDADE. A deflagração de movimento paredista em atividade essencial, com a completa interrupção dos serviços e a inobservância dos requisitos formais impostos pela Lei 7.783/89, configura abuso do direito de greve, nos estritos termos do art. 14 do citado diploma legal e da Orientação Jurisprudencial n. 38 da eg. SDC do TST, in verbis: "GREVE. SERVIÇOS ESSENCIAIS. GARANTIA DAS NECESSIDADES INADIÁVEIS DA POPULAÇÃO USUÁRIA. FATOR DETERMINANTE DA QUALIFICAÇÃO JURÍDICA DO MOVIMENTO. É abusiva a greve que se realiza em setores que a lei define como sendo essenciais à comunidade, se não é assegurado o atendimento básico das necessidades inadiáveis dos usuários do serviço, na forma prevista na Lei nº 7.783/89". 
(TRT da 3.ª Região; PJe: 0011000-03.2014.5.03.0000 (DCG); Disponibilização: 16/01/2015, DEJT/TRT3/Cad.Jud, Página 56; Órgão Julgador: Secao de Dissidios Coletivos; Relator: Deoclecia Amorelli Dias)
Manutenção de serviços mínimos
TST - RECURSO ORDINARIO EM DISSIDIO COLETIVO RODC 7841723720015025555 784172-37.2001.5.02.5555 (TST) 
Data de publicação: 08/11/2002 
Ementa: GREVE. ORDEM JUDICIAL. MANUTENÇÃO DE SERVIÇOS INADIÁVEIS. MULTA. 1. Recurso ordinário em dissídio coletivo interposto pelo Ministério Público do Trabalho contra acórdão regional que, a despeito de declarar a greve abusiva, não aplicou a multa diária fixada na Ordem Judicial proferida pelo Presidente do Tribunala quo. 2. Quando o direito de greve é exercido no ramo dos transportes coletivos - considerado atividade essencial -, tanto os sindicatos, como todos os integrantes das categorias econômica e profissional são obrigados a garantir a prestação dos serviços mínimos, suficientes ao atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade, enquanto durar a paralisação. Não havendo autocomposição, é lícito ao Tribunal, por Ordem Judicial de seu Presidente, fixar liminarmente os limites mínimos de trabalho a serem respeitados, sob pena de pagamento de multa diária. Inteligência dos arts. 9º , § 1º , da Constituição da República, 10, inc. I, da Lei nº 9.783/89, 461 , §§ 4º a 6º , do CPC .3. Sobejamente comprovado o não atendimento aos requisitos formais da greve, como o esgotamento da negociação coletiva prévia, e o não atendimento às necessidades básicas da população, declara-se abusiva a greve. Orientações Jurisprudenciais nºs11 e 38 da Seção de Dissídios Coletivos do Tribunal Superior do Trabalho.4. Ao sindicato profissional cabe exercer sua liderança para esclarecer a categoria sobre as conseqüências danosas que podem advir da greve, tanto para a própria categoria quanto para os usuários dos serviços. Tal providência visa a propiciar a moderação das manifestações e a garantia de prestação dos serviços inadi 4. Ao sindicato profissional cabe exercer sua liderança para esclarecer a categoria sobre as conseqüências danosas que podem advir da greve, tanto para a própria categoria quanto para os usuários dos serviços. Tal providência visa a propiciar a moderação das manifestações e a garantia de prestação dos serviços inadiáveis à população, sempre com o objetivo... 
Conclusão – requisitos de validade
A orientação da OIT (Organização Internacional do Trabalho), por meio do Comitê de Liberdade Sindical, considera como aceitáveis os seguintes requisitos:
1. obrigação de dar aviso prévio (comunicação) sobre o início da greve;
2. obrigação de recorrer a procedimentos de conciliação, mediação e arbitragem voluntária, como condição prévia à declaração da greve (desde que adequados, imparciais e rápidos e as partes possam participar de cada etapa);
3. obrigação de respeitar um determinado quórum e de obter o acordo de uma maioria;
4. celebração de escrutínio secreto para decidir a greve;
5. adoção de medidas para a observância das normas de segurança e prevenção de acidentes;
6. manutenção de serviço mínimo em determinados casos;
7. garantia da liberdade de trabalho dos não grevistas.
No Brasil, para se reconhecer o exercício regular da greve, requer-se, de acordo com a Lei 7.783/89, o cumprimento dos seguintes requisitos:
	1. convocação e/ou realização de assembleia geral da categoria;
2. cumprimento de quórum mínimo para deliberação;
3. exaurimento da negociação coletiva sobre o conflito instaurado;
4. comunicação prévia aos empresários e à comunidade (nas greves em serviços essenciais);
5. manutenção em funcionamento de maquinário e equipamentos, cuja paralisação resulte prejuízo irreparável;
6. atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade (nas greves em serviços essenciais);
7. comportamento pacífico;
8. garantia de liberdade de trabalho dos não grevistas;
	9. temporariedade do movimento
9. não continuidade da paralisação após solução do conflito por acordo coletivo de trabalho, convenção coletiva ou sentença normativa.

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