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História e Teoria da Cidade apostila.

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Apostila de 
História e Teoria da Cidade.
Prof: Fernando Rabello.
O Ambiente Pré-Histórico e a origem da Cidade.
É praticamente impossível imaginarmos o mundo em que viveram os homens do período Paleolítico.
O ambiente construído não passava de uma modificação superficial do ambiente natural, imenso e hostil.
O abrigo era uma cavidade natural ou um refúgio de peles sobre uma estrutura simples de madeira.
Os arqueólogos modernos, analisando os vestígios materiais dos primeiros homens, concluem que em virtude de seu agrupamento em torno de fogueiras, o homem estaria criando um conjunto unitário que se poderia chamar de habitação primitiva.
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Uma habitação do período Paleolítico recente na Ucrânia.
Já no período Neolítico o ambiente social não é mais apenas um abrigo na natureza, mas um fragmento de natureza transformado segundo um projeto humano.
Terrenos cultivados para produzir e não apenas para coleta.
Construções de abrigos para pessoas e animais domésticos.
Depósitos de alimentos produzidos para uma estação inteira.
Utensílios para o cultivo, criação e defesa.
Ornamentação e culto religioso.
Pode-se reconstituir este ambiente com uma certa precisão porque os arqueólogos escavaram estabelecimentos mais numerosos, maiores e já arquitetados de forma regular.
Os etnólogos estudam, então, as sociedades que vivem ainda hoje com uma economia e instrumental neolítico, confrontado suas aldeias com as do passado.
Pertencem a uma história diferente que prossegue paralelamente à dos povos civilizados, e se encontra com esta, no mundo unificado atual.
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 Aldeia Zulu situada na região Sudeste da África, séc. XXI..
A origem da cidade no Oriente.
Cidade – Local de estabelecimento aparelhado, diferenciado e ao mesmo tempo privilegiado, sede da autoridade.
Nasce da aldeia, mas não é apenas uma aldeia que cresceu.
Ela se forma quando as industrias e os serviços deixam de ser executadas pelas pessoas que cultivam a terra, mas por outras que não têm esta obrigação, e que são mantidas pelas primeiras com o excedente do produto total.
Assim nasce o contraste entre dois grupos sociais, dominantes e subalternos.
É a partir do surgimento da cidade que as mudanças irão ocorrer de forma muito mais acelerada, principalmente no campo, área de produção do excedente a ser distribuído nas cidades.
A chamada “revolução urbana” começa, segundo a documentação atual, no vasto território quase plano, em forma de meia lua, entre os desertos da África e da Arábia e os montes que os encerram ao norte, do Mediterrâneo ao Golfo Pérsico.
Após a mudança de clima no fim da era glacial, esta zona se cobre de uma vegetação desigual, mas contrastante com o deserto.
A planície é cultivável somente onde passa ou pode ser conduzida a água de um rio ou nascente.
Nela crescem árvores frutíferas como: oliveira, videira, tamareira e figueira.
Os rios, os mares e o terreno aberto às comunicações favorecem as trocas de mercadorias e de notícias.
Nesta região algumas sociedades neolíticas já conhecem os cereais cultiváveis, o trabalho dos metais, o carro puxado a bois, o burro de carga, as embarcações a remo e a vela.
Apesar das dificuldades naturais se tornam capazes, com um trabalho organizado em comum, de produzir recursos muito mais abundantes.
O desenvolvimento de cultivos de cereais e árvores frutíferas proporciona colheitas excepcionais, e pode ser ampliado melhorando e irrigando terrenos cada vez maiores.
O aumento da produção e o crescimento da população urbana, garantem o domínio técnico e militar da cidade sobre o campo.
Mesopotâmia.
Nesta região, a planície aluvial banhada pelo Rio Tigre e Eufrates, o excedente de produção se concentra nas mãos dos governantes das cidades, representantes do deus local.
Por isso recebem os rendimentos de parte das terras comuns, a maior parte dos despojos de guerra, e administram essas riquezas acumulando as provisões alimentares para toda a população, fabricando ou importando os utensílios de pedra ou metal para o trabalho e para a guerra, registrando as informações e os números que dirigem a vida da comunidade.
Esta organização deixa seus sinais no terreno:
Os canais que distribuem água nas terras melhoradas e que permitem o transporte de pessoas e mercadorias;
Os muros circundantes que individualizam a área da cidade e a defendem dos inimigos;
Os armazéns, com sua provisão de tabuinhas escritas em caracteres cuneiformes;
Os templos dos deuses que se erguem sobre a planície com seus terraços e as pirâmides em degraus.
 
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 Axonometria da ziggurat 1 em duas épocas sucessivas.
Estas obras e as casas das pessoas comuns eram construídas de tijolos e de argila, como ainda hoje se faz no Oriente Próximo.
Com o tempo elas desmoronavam e outras iam sendo construídas sobre os escombros, que ao serem descobertos por arqueólogos forneciam preciosas informações.
Com elas foi possível reconstituir passo a passo a formação das cidades mais antigas feitas pelo homem, do IV milênio a.C. em diante.
As cidades sumerianas do II milênio já são muito grandes – Ur mede cerca de 100 hectares e abrigam dezenas de milhares de habitantes.
São rodeadas por um muro e um fosso que as defendem e pela
primeira vez separam o ambiente aberto do fechado.
Também o campo em torno é transformado pelo homem havendo
uma paisagem artificial de campos, pastagens e pomares.
Além disso, há também canais de irrigação.
Na cidade os templos se distinguem das casas comuns por sua maior
massa e maior elevação. 
Na cidade existe também laboratórios, armazéns, lojas onde vivem e trabalham diversas categorias de especialistas.
• O terreno da cidade já é dividido em propriedades individuais entre os 
cidadãos, ao passo que o campo é administrado em comum por conta das 
divindades.
• Em algumas cidades o campo era repartido entre famílias, assalariados,
arrendatários ou camponeses.
• Nos templos trabalhavam padeiros, cervejeiros, fiandeiras, tecelãs, ferreiros, escribas e sacerdotes.
Até meados do III milênio a.C., as cidades da Mesopotâmia formam outros tantos Estados independentes, que lutam entre si para repartir a planície irrigada pelos dois rios, já completamente colonizada.
Por várias ocasiões algum chefe de uma das cidades se impõe sobre as outras.
As conseqüências físicas deste domínio são:
Fundação de novas cidades residenciais onde a estrutura dominante não é o templo mas sim o palácio do rei.
Ampliação de algumas cidades que se tornam capitais de um império, e onde se concentram não só poder político, mas também tráficos comerciais. 
Nínive e Babilônia são as primeiras super-cidades, as metrópoles de dimensões comparáveis às modernas que durante muito tempo permaneceram como símbolos de toda grande concentração humana, com seus méritos e defeitos.
Babilônia, capital de Hamurabi, planificada por volta de 2000 a.C., é um grande retângulo de 2500 por 1500 m , dividido em duas metades pelo Rio Eufrates.
A superfície contida pelos muros é de cerca de 400 hectares, e outro muro mais extenso compreende quase o dobro da área.
Mas toda a cidade, e não somente os templos e palácios, parece traçada com regularidade geométrica.
As ruas são retas e de largura constante, os muros se recortam em ângulos retos.
Desaparece, assim, a distinção entre os monumentos e as zonas habitadas pelas pessoas comuns.
A cidade é formada por uma série de recintos, os mais externos abertos a todos, os mais internos reservados aos reis e sacerdotes.
As casas particulares reproduzem em pequena escala a forma dos templos e dos palácios, com pátios internos e as muralhas estriadas.
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O Palácio de Sargão II em Khirsabad, desenho do final do séc. XIX.
Egito.
Neste caso não podemos estudar a origem da civilização humana como na Mesopotâmia, poisos vestígios mais antigos foram destruídos pelas enchentes anuais do Rio Nilo.
As cidades que temos para analisar como Mênfis e Tebas se caracterizam por monumentos de pedra, tumbas e templos, não pelas casas e pelos palácios nivelados sob os campos e habitações modernas.
A civilização egípcia já estava plenamente formada no final do IV milênio a.C.
O faraó sendo considerado deus tem o domínio sobre o país inteiro, e recebe um excedente de produtos bem maior que seus pares asiáticos.
Com estes recursos, ele constrói as obras públicas, as cidades, os templos dos deuses locais e nacionais, mas sobretudo sua tumba monumental, que simboliza a sua sobrevivência além da morte em proveito da comunidade.
À medida que o Egito se torna mais populoso e mais rico, estas tumbas aumentam de imponência, embora sua forma externa permaneça bastante simples, uma pirâmide quadrangular.
Menés, o primeiro faraó funda a cidade de Mênfis nas proximidades do vértice do delta, e cerca-o com um “muro branco”.
O templo da divindade local, Ftá, não fica na cidade, mas “ao sul do muro”.
Junto ao deserto, surgem as pirâmides dos reis das primeiras quatro dinastias e os templos solares da quinta.
A forma de conjunto do estabelecimento permanece desconhecido, e não é fácil imaginar a relação entre esses monumentos colossais e os locais de habitação dos vivos.
Estes certamente eram bastante diferentes da relação entre templo e cidade da Mesopotâmia. 
Sobretudo nos primeiros tempos não se nota uma ligação, mas sim um contraste entre estas duas realidades.
Os monumentos não formam o centro da cidade, mas isolam-se como uma cidade independente, que domina e torna insignificante a cidade humana.
A cidade divina é construída de pedra, para permanecer imutável com o tempo.
É povoada de formas geométricas simples: prismas, pirâmides, obeliscos ou estátuas gigantes.
Não guardam proporção com a escala humana, mas sim com a paisagem que a cerca.
É habitada pelos mortos que repousam ao lado de todo o necessário para a vida eterna, mas é feita para ser vista de longe, como um fundo sempre presente da cidade dos vivos.
Esta ao contrário é construída de tijolos, inclusive os palácio dos faraós, que será logo destruída ou abandonada mais cedo ou mais tarde.
Já a cidade divina é uma cópia fiel da humana, onde os personagens e objetos da vida cotidiana são reproduzidos
Esta característica de construir uma cópia perfeita e estável da vida humana, de acumular recursos no além, ao invés do presente, não prosseguiu sempre com a mesma intensidade.
No médio império, o contraste entre os dois mundos aparece atenuado, e as duas cidades separadas tendem a se fundir.
Sua capital Tebas, ainda está dividida em dois setores; o povoado na margem direita do Nilo e a necrópole à esquerda.
Contudo os edifícios dominantes agora são os templos construídos na cidade dos vivos.(Carnac e Luxor).
As tumbas estão escondidas nas rochas e permanecem visíveis somente os templos de acesso.
Entre esses marcos monumentais imaginamos habitações que hospedavam uma sociedade mais variada.
O faraó ocupava o cume da hierarquia social, e seu poder se manifesta porque pode escolher, para seus palácios ou sua tumba, os produtos mais ricos e acabados.
As roupas, as jóias e os móveis encontrados nas tumbas reais, fabricados com um trabalho de altíssima qualidade fazem pensar numa produção rica e abundante, da qual foram selecionados esses objetos.
Do século VI ao IV a.C., todo o Oriente Médio é unificado no Império Persa, permitindo a circulação de homens, mercadorias e idéias.
Na residência monumental dos reis persas, conhecida por Persépolis, os modelos arquitetônicos de vários países do império são combinados dentro de um rígido esquema cerimonial.
Grécia.
A origem da cidade grega é uma colina onde se refugiam os habitantes do campo para se defenderem dos inimigos.
Mais tarde o povoado se estende pela planície vizinha, e geralmente é fortificado por um cinturão de muros.
Distingue-se então a cidade alta, a acrópole, onde ficam os templos dos deuses, e onde os habitantes podem também se refugiar para a última defesa da cidade.); e a cidade baixa, a astu, onde se desenvolvem o comércio e as relações civis.
Ambas são parte de um único organismo, pois a comunidade citadina funciona como um todo único, qualquer que seja seu regime político.
A cidade se constitui principalmente de três órgãos: o lar comum, o Conselho (bulé) e a Assembléia de cidadãos (ágora), usualmente a praça do mercado.
Cada cidade domina um território mais ou menos grande, do qual retira seus meios de vida.
O território é limitado pelas montanhas, e compreende quase sempre um porto, a certa distância da cidade, porque esta geralmente se encontra longe da costa por medo de ataques piratas.
As comunicações com o mundo exterior se dá por via marítima.
Este território pode ser aumentado pelas conquistas ou por acordos entre cidades vizinhas.
A população, excluído os escravos e os estrangeiros, é sempre reduzida, não só por carência de recursos, mas principalmente por opção política, pois quando excede um certo limite, fundam uma nova cidade.
Consideravam que a população ideal de uma cidade girava em torno de 10 mil habitantes, pois os teóricos aconselhavam a não passa desta número pois assim dificultaria a organização da vida civil.
A população deve ser suficientemente numerosa para formar um exército, mas não tanto que impeça o funcionamento da Assembléia, onde todos deveriam se conhecer para serem capazes de escolher bem aos seus magistrados.
Um grande contingente populacional transformaria uma comunidade ordenada em uma massa inerte, que não pode governar a si mesma.
Os gregos se distinguem dos bárbaros do Oriente, porque vivem como homens em cidades proporcionadas.
Têm consciência de sua comum civilização, porém não aspiram à unificação política, porque sua superioridade depende justamente do conceito de pólis, onde se realiza a liberdade coletiva do corpo social.
A pátria é a habitação comum dos descendentes de um único chefe de família, de um mesmo pai.
O patriotismo é um sentimento tão intenso porque seu objeto é limitado e concreto.
A cidade grega se revela por algumas características principais:
• A cidade é um todo único, não havendo zonas fechadas, podendo ser cercada por muro, mas nunca subdividida internamente.
As moradias são todas de um mesmo tipo, variando apenas no tamanho mas não na estrutura arquitetônica.
São distribuídas livremente pela cidade não formando bairros reservados a classes ou estirpes diversas.
Nas áreas onde se localizam a ágora e o teatro, toda a população ou grande parte dela pode reunir-se e reconhecer-se como uma comunidade orgânica.
O espaço da cidade se divide em três áreas: a privada (moradias), a sagrada (templos) e a pública (reunião política, comércio, teatro e esportes).
O Estado, que personifica os interesses gerais da comunidade, administra diretamente as áreas públicas, intervém nas áreas sagradas e nas particulares.
No panorama da cidade os templos se sobressaem sobre tudo o mais, porém mais pela qualidade do que pelo tamanho.
Surgem em posição dominante, afastados dos outros edifícios e seguem alguns modelos simples e rigorosos, a ordem dórica e a ordem jônica, aperfeiçoados em muitas representações sucessivas.
São realizados com um sistema construtivo propositadamente simples, com muros e colunas de pedra que sustentam as arquitraves e as traves de cobertura, de modo que as exigências técnicas não impeça o controle da forma.
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A cidade, no seu conjunto, forma um ambiente artificial inserido no ambiente natural, e ligado a este ambiente por uma relação delicada, respeitando as linhas gerais da paisagem natural, que em muitos pontos é deixada intacta.
A regularidade dos templos com suas plantas perfeitamente simétricas é quase sempre compensada pela irregularidade dos arranjos ao redor,que se reduz depois na desordem da paisagem natural.
A medida desse equilíbrio entre a natureza e arte dá a cada cidade um caráter individual e reconhecível.
O organismo da cidade se desenvolve com o tempo, mas alcança em certo momento sua estabilidade não aceitando mudanças parciais sem afetar esse equilíbrio.
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 Reconstituição do recinto sagrado de Olímpia.
O crescimento da população não produz uma ampliação gradativa, mas a adição de um outro organismo equivalente ou mesmo maior que o primitivo.
Paleópole, a cidade velha e neópole a cidade nova ou ainda a partida para uma nova colônia em uma região longínqua.
Justamente por estas características, a unidade, a articulação, o equilíbrio com a natureza e o limite de crescimento, a cidade grega passa a valer como modelo universal para uma concentração humana precisa e duradoura no tempo.
Assim, a presença do homem na natureza torna-se evidente pela qualidade, não pela quantidade.
O cenário urbano permanece uma construção na medida do homem, circundada e dominada pela natureza.
Em torno da Acrópole e das outras áreas públicas devemos imaginar a coroa dos bairros com as casas de habitação.
As ruas são traçadas de maneira irregular, com exceção de algumas poucas.
As casas certamente modestas, desapareceram sem deixar muitos vestígios.
Podemos ter uma idéia da disposição, considerando as casas de mesma época escavadas em diversas cidades gregas.
A simplicidade das casas deriva das limitações da vida privada, na qual se vive a maior parte do tempo ao ar livre, no espaço público ordenado e articulado segundo as decisões tomadas em comum pela assembléia.
Os monumentos espalhados por todos os bairros, recordam os usos e as cerimônias da cidade com casa de todos.
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 Estádio de Herodes Ático em Atenas, reconstruído em 1895 para as Primeiras Olimpíadas modernas
 
 Roma.
O ambiente originário no qual nasce o poderio romano é o da civilização etrusca, que entre os séculos VII e VI a.C. que se estende por toda a Península Itálica.
Interessante notar que Roma se transforma de uma pequena cidade sem importância, ns fronteira entre o território etrusco e o colonizado pelos gregos, desenvolvendo-se mais tarde até se transformar na urbe, a cidade por excelência.
No Estado romano, que realiza a unificação política de todo o mundo mediterrâneo, devemos distinguir alguns grupos de modificações do território:
As “infra-estruturas”: estradas, pontes, aquedutos, linhas fortificadas.
A divisão de terrenos agrícolas em quintas cultiváveis.
A fundação de novas cidades.
 Roma / influência etrusca.
A descentralização das funções políticas no final do império, criando novas capitais regionais, e a capital do oriente, Constantinopla, onde o governo imperial continua por mais de dez séculos.
A civilização etrusca surge na Itália durante a Idade do Ferro, entra em contato com as colônias gregas e através do comércio marítimo com outras civilizações do Mediterrâneo sofrendo influências.
Na Etrúria, como na Grécia, existia um grande número de cidades-Estado, governada usualmente por regimes aristocráticos e unidas numa liga religiosa.
As principais cidades etruscas foram:Arezo, Perugia e Tarquinia, entre outras.
Estas cidades ocupam uma elevação facilmente defensível e foram bastante transformadas posteriormente pelos romanos, restando basicamente os cinturões de proteção formados por muros de contorno irregular.
Autores antigos atribuem aos etruscos a origem das regras para a planificação das cidades, que os romanos vão utilizar posteriormente:
A inauguratio – consulta à vontade dos deuses.
A limitatio – demarcação do perímetro externo e dos limites internos na cidade.
A consacratio – o sacrifício celebrado na cidade recém-fundada.
Entretanto, as formas traçadas no terreno não seguem uma regra geométrica comparável à romana.
Ao redor das cidades as escavações revelaram grande número de tumbas subterrâneas.
Algumas foram encontradas intactas com seu conjunto de pinturas, esculturas e objetos fúnebres que nos permitem conhecer com precisão a vida cotidiana da população.
Às margens do território etrusco forma-se Roma.
Uma pequena aldeia que cresce a ponto de dominar todo o mundo mediterrâneo.
Examinando a evolução da cidade, até o final do império, percebemos que sua origem está ligada como sempre à natureza dos lugares; mas o local escolhido, junto ao curso inferior do Rio Tibre, mal se diferencia de muitos outros locais vizinhos.
O curso do rio, depois de uma curva acentuada, diminui e se divide em dois ramos, deixando ao meio a ilha Tiberina, e a esquerda uma série de colinas com paredes íngremes.
Os etruscos se interessam por esta posição para formarem uma feira e um mercado e nos alto das colinas nascem as primeiras aldeias fortificadas, dominando o acesso ao rio.
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 Roma quadrada, como imaginada em uma gravura de 1527.
Considera-se que o mais antigo centro habitado surge no Palatino, o único que tem encostas íngremes e facilmente defensáveis, ao contrário de Célio e do Quirinal,e ao mesmo tempo oferece, diferentemente do Capitólio, uma plataforma bastante espaçosa, para construir uma aldeia.
Mais tarde, por ordem de Sérvio Túlio, conforme a lenda, se forma uma cidade que inclui as sete colinas tradicionais, e é dividida em quatro regiões: Suburbana, que compreende o Célio; Esquilina, incluindo o Esquilino, o Ópio e o Císpio; Colina, compreendendo o Viminal e o Quirinal; Palatino, que inclui o Palatino.
O vale central entre as quatro regiões é secado escavando-se a Cloaca Máxima, e aqui se forma a nova área comercial, o Foro Romano.
Ficam fora da cidade o Capitólio, que funciona como Acrópole, e o Aventino, que mais tarde é destinado aos plebeus durante lutas com os patrícios.
A partir de um texto de Varro, conhecemos o perímetro aproximado desta Roma das quatro regiões, provavelmente circundada por um muro.
A superfície interna mede cerca de 285 hectares, e já é a maior cidade da Itália continental.
Durante a incursão dos gauleses em 378 a.C. toda a cidade foi ocupada e incendiada, com exceção do Capitólio.
Logo depois Roma é reconstruída, sem corrigir o seu traçado irregular, e defendida por novos muros de pedras esquadrejadas, que leva por tradição o nome de Sérvio Túlio.
Nesta época Roma compreende o Aventino, o Capitólio e uma parte do planalto norte do Quirinal, e ocupa uma a´rea de 426 hectares, já sendo bem maior que Atenas.
Deste modo, do século IV a.C. em diante, Roma atinge a organização de uma grande cidade.
A partir de 329 a.C., o vale entre o Palatino e o Aventino se transforma no Circo Máximo.
Em 312 a.C. constrói-se o primeiro aqueduto (Cláudio), para reabastecer as zonas mais elevadas.
Na grande planície entre as colinas e a enseada do Tibre, que é o Campo de Marte reservada ao exército, constroem-se os primeiros edifícios; o circo Flamínio, o Pórtico de Metelo, o Teatro de Pompeu.
O Foro é embelezado e circundado por basílicas para a vida ao abrigo.
Sobre o Capitólio e em quase todas as zonas da cidade são construídos numerosos templos.
A margem do Tibre, aopé do Aventino se transforma em empório comercial.
Passando da república ao império, as intervenções da construção se tornam cada vez mais grandiosas, e entram em conflito com a anterior organização da cidade que para dar lugar aos novos arranjos destroem aquilo que existia antes.
Júlio César amplia o Foro Romano com a basílica Júlia e com a construção do novo Foro de César mais ao norte, demolindo um velho bairro aos pés do Capitólio.
Mais tarde Augusto ocupa o Campo de Marte com uma série de edifícios, o Teatro de Marcelo, as termas de Agripa, o Panteão, o Mausoléu do Imperador, a Ara Pacis, o Foro de Augusto e começa a dispor sobre o Palatino o Paço Imperial.
Edifica também um grande número de templos e organiza os aquedutos, as margens do rio e estabelece uma nova divisão da cidade em 14 regiões.
Juntamente com as construções de caráter público, desenvolve a construção privada aproveitando o pouco espaço concedido com casas de muitos andares, as insulae destinadas à população mais pobre.
Roma por volta de 5 a.C., chega a ter meio milhão de habitantes.
Os sucessores de Augusto ampliam o palácio sobre o Palatino, realizam o novo acampamento estável dos pretorianos, o Castro Pretório, e continuam, de maneira desordenada, seu programa de reorganização geral.
Após o incêndio de 64 d.C., Nero tem ocasião de transformar mais radicalmente a cidade construindo para si uma nova residência extraordinária, a Domus Aurea, que ocupa um vasto terreno entre o Palatino, o Célio e o Esquilino com um parque cheio de edifícios.
Organiza a reconstrução dos bairros destruídos com métodos racionais, mesmo que não possa mudar as grandes linhas do organismo já formado.
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 Reconstrução da Domus Aurea e seu parque.
Vespasiano manda demolir a Domus Aurea e na zona quase plana do parque, onde existia o lago artificial, começa a construir o grande anfiteatro da cidade, o Coliseu.
Entre o Coliseu e os Foros, constrói o novo Foro da Paz.
Domiciano amplia ainda mais o palácio sobre o Palatino, que ocupa agora quase toda a colina, e planeja o Campo de Marte danificado por um incêndio em 80 d.C., construindo um novo grupo de edifícios monumentais ao redor de um novo estádio, que se tornará mais tarde a Praça Navona.
Trajano manda aplainar a depressão entre o Quirinal e o Capitólio que separava as duas zonas monumentais dos Foros e do Campo de Marte, e constrói um novo centro cívico, o grande conjunto do Foro Trajano com o mercado nos declives do Quirinal.
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 Maquete do Coliseu em seu estado original.
Sobre o Ópio manda erigir as Termas de Trajano, nos arredores do Foro manda reconstruir a casa das Vestais.
Adriano reconstrói o Panteão de Augusto, constrói o Templo de Vênus e Roma em frente ao Coliseu e seu mausoléu na outra margem do Tibre, com a nova Ponte Hélio.
Neste momento, enquanto o império atinge o apogeu de sua prosperidade, Roma alcança o desenvolvimento máximo, e uma organização física que parece definitiva.
Nos grandes edifícios públicos, feitos com a contribuição dos melhores artistas do império, é respeitado o equilíbrio entre estruturas arquitetônicas e os acabamentos esculpidos ou pintados, como nos modelos gregos.
Em alguns monumentos de celebração como a Ara Pacis de Augusto, os arcos do triunfo, as colunas honorárias de Trajano e de Antonino Pio, os frisos esculpidos em relevo têm uma importância determinante, e contam uma história rica de significados.
Mas todo o arranjo é uma cena fechada e independente, com um equilíbrio finito em si próprio.
A cidade é o conjunto destes ambientes destacados, e para seu próprio benefício não é nem fechada nem equilibrada, cobrindo um trecho do território, desfigurando a forma natural do terreno e rechaçando o campo para longe.
Os imperadores seguintes enriquecem este quadro com outras intervenções.
Os Severos dão forma definitiva ao Palácio Imperial no Palatino, completando a perspectiva em direção ao Circo Máximo e em direção do Célio.
Criou as Termas de Caracala na entrada da Via Ápia, e a Ponte Aurélio sobre o Tibre, hoje chamada de Ponte Sixto.
No séc. III, a atividade de edificação diminui, mas se constroem ainda os muros de Aureliano, as Termas de Diocleciano e as Termas e a Basílica de Constantino.
Netas últimas obras é rompido o equilíbrio clássico entre a forma geral da construção e os detalhes sendo os arcos contruídos com uma técnica cada vez mais segura e avançada e as ordens arquitetônicas e as esculturas sendo executadas de maneira cada vez mais sumária ou então trazidas de outros monumentos mais antigos.
As esculturas e pinturas se contrapõe, à arquitetura, como peças de decoração independentes.
A continuidade das formas plásticas fixada pelos gregos se perdeu definitivamente.
Depois de Constantino, que transfere a capital para Bizâncio, não se fazem outras grandes obras públicas.
Os últimos imperadores apenas conseguem conservar os monumentos já existentes.
Honório manda dobrar a altura dos muros de Aureliano, que têm condições de defender Roma nos assédios até nos tempos modernos.
Entretanto estão surgindo na periferia da capital as grandes igrejas da religião cristã, reconhecida em 313 d.C.
Até o séc.II d.C., Roma é uma “cidade aberta”, que cresce e ocupa uma superfície cada vez maior, sem ter necessidade de se defender com um cinturão de muros.
As 14 regiões augustas permanecem a base de seu ordenamento administrativo, mas seus limites externos variam continuamente, sendo o limite alfandegário fixado em mil passos para além dos últimos edifícios, e compreende no momento do desenvolvimento máximo, uma área de 2000 hectares.
Os muros de Aureliano encerram somente o núcleo principal da cidade; 1386 hectares.
Os campos vizinhos são ocupados pelas grandes vilas suburbanas.
Nesta cidade viveram, até o século III d.C. de 700 mil a 1 milhão de habitantes; a maior concentração humana até agora realizada no mundo ocidental.
Segundo as documentações de época existiam em Roma 1790 domus, residências dos mais ricos e 44.300 insulae, moradias dos mais pobres constituídas de vários compartimentos iguais e chegando até a altura de 21 metros ou 7 andares aproximadamente.
Seus muros eram de madeira e o sistema de abastecimento de água e esgoto chegavam somente ao andar térreo.
Nesta época o serviço de estradas era o mais deficiente compreendendo 85 Km.
Compostas por ruas tortuosas e estreitas sendo classificadas de acordo com sua largura.
Os intinera, acessíveis somente aos pedestres;
Os actus, onde passava apenas um carro por vez;
As viae, onde dois carros podias cruzar-se ou ultrapassar-se.
Segundo a lei da Doze Tábuas, as viae deveriam ter uma largura máxima entre 4,80 e 6,50m.
As outras vias a lei determinava que as ruas deveriam ter pelo menos 2,90m de largura para que as casas pudessem ter um balcão no andar superior.
Os esgotos, iniciados no século VI a.C., foram continuamente ampliados e aumentados.
Destinavam-se a recolher as águas de chuva, a água em excesso dos aquedutos, as descargas dos edifícios públicos e de algumas outras residências.
Os treze aquedutos traziam a Roma, dos montes vizinhos, mais de um bilhão de metros cúbicos de água por dia.
Sob a República, a água é reservada para os usos públicos e somente o excedente (aqua caduca) pode se cedido aos particulares.
Fontes e latrinas, além das termas eram espalhadas por toda a cidade, suprindo a necessidade da população.
O Estado fornece, então, em ampla medida, víveres e distrações, que deste modo se tornam outros serviços públicos para os cidadãos romanos.
Cerca de 150 mil pessoas são alimentadas às expensas públicas, e nos numerosos dias de festa toda a população é admitida gratuitamente a todo tipo de espetáculo.
Os abastecimentos chegavam por mar até a foz do Tibre, onde se construiu uma cidade portuária, Óstia, sendo então transportados em navios menores até Roma, onde na Ilha Tiberina, existiaum grandioso sistema de desembarcadouros e de depósitos.
Somente o acúmulo de ânforas jogadas fora após o uso produziu um morro, o Testaccio.
Desde a Alta Idade Média até 1870, Roma se transforma, se enriquece de novos e esplêndidos edifícios, mas permanece uma cidade menor, recolhida num canto do território onde antes surgia a capital do mundo antigo.
O diálogo entre esta cidade viva e a lembrança esmagadora da cidade morta anterior determina seu caráter e seu fascínio.
Roma moderna, de fato, não pode tornar-se continuação de Roma Clássica.
A realidade não confirma o mito de Cidade Eterna.
Os bairros construídos nos últimos cem anos dentro dos muros aurelianos, sobre o Esquilino, o Aventino, não tem qualquer relação com a continuidade da história urbana, desde as origens até 1870.
 As cidades européias da Idade Média.
Os territórios do norte da Europa Ocidental, que depois do século V são ocupados pelos reinos bárbaros e depois do século VII resistem às conquistas árabes, se acham isolados à margem do antigo mundo civilizado.
A vida das cidades diminui e, em muitos casos se interrompe.
Mais tarde, depois do ano 1000, nesta área, que se torna a Europa moderna, forma-se uma nova vida econômica e civil, diferentemente do que ocorre nas outras áreas do Mediterrâneo.
A crise da Idade Média criou uma fratura entre os dois períodos de desenvolvimento.
Em muitos casos, a nova cidade cresce sobre o traçado da antiga, mas com um caráter social e uma organização de construção diversos, que pelo contrário se ligam, sem interrupção, ao caráter e ao cenário da cidade contemporânea.
O que fica da cidade antiga é uma série de ruínas, que se estudam ou visitam, mas que não funcionam mais como parte da cidade atual.
Ao contrário, as cidades medievais, mesmo as que permanecem praticamente intactas, como Viterbo, Siena, Gubbio, ou Chartres e Bruges, ainda são habitadas e conservam muitas tradições originais.
Algumas destas cidades citadas cresceram e se tornaram grandes metrópoles modernas, tais como Paris ou Londres.
Apesar disso, o conjunto habitacional da Idade Média é, apenas, um pequeno núcleo central; mas alguns caracteres estabelecidos na Idade Média influenciam, ainda, de modo surpreendente, o organismo muito maior da cidade contemporânea.
Basta considerar a divisão de Paris em sua três partes, a cité, na ilha, a ville na margem direita do Sena e a université na margem esquerda.
Também em Londres observamos a divisão em duas partes, a city, sede do poder econômico e Westminster, sede do poder político.
Da relação com o presente nasce o interesse, e também a dificuldade do estudo da cidade medieval.
O que se deve estudar não pe uma cidade morta, mas uma cidade ainda viva em parte, no interior da cidade atual.
Por outro lado, uma cidade morta como Pompéia, por exemplo, pode ser escavada e reconstruída com grande exatidão.
O efeito mais evidente da crise econômica e política, nos primeiros cinco séculos depois da queda do império romano, é a ruína das cidades e a dispersão dos habitantes pelos campos, onde podem extrair o seu sustento.
O campo é dividido em grandes propriedades, que compreendem várias centenas de quintas.
Ao centro se encontra a residência habitual do proprietário (a catedral, a abadia, o castelo) mas as possessões são muitas vezes espalhadas a grandes distâncias, e cada porção é governada por uma “corte”.
Nestas possessões são agrupados os celeiros, os estábulos, as habitações do pessoal e do administrador (major), responsável perante o proprietário.
O território que depende de cada corte é dividido em três partes: as terras reservadas ao senhor, as divididas em fazendas entre as famílias dos camponeses dependentes do senhor, e as zonas não cultivadas (communia), bosques, pântanos, pradarias, onde todos podem catar lenha, apascentar o gado, colher frutas selvagens.
Nesta sociedade rural, que forma a base da organização política feudal, as cidades têm um lugar marginal.
Não funcionam mais como centros administrativos, e em mínima parte como centros de produção e de troca.
Mas as estruturas físicas das cidades romanas ainda estão de pé, e se tornam locais de refúgio.
Os grandes edifícios públicos da Antiguidade se transformam em fortalezas; as muralhas são mantidas com eficiência ou são reduzidos para defender uma parte limitada da cidade.
As igrejas cristãs surgem muitas vezes no exterior, perto das tumbas dos santos, que pelas leis romanas não podiam ser sepultados na cidade.
Enquanto desaparece a diferença jurídica entre cidade e campo, também a diferença física entre os dois ambientes se torna cada vez menor.
A disposição das comunidades urbanas, menores e mais pobres, nas estruturas amplas das cidades romanas e a formação das aldeias rurais se desenvolve de modo muito semelhante.
Em ambos os casos nota-se o caráter espontâneo, despreocupado e infinitamente variável da construção e do urbanismo.
Isto variava de acordo com a existência dos meios, dos técnicos especialistas, de uma cultura artística organizada, e da urgência da necessidade de defesa e sobrevivência. 
As novas instalações se adaptam com segurança ao ambiente natural e entre as ruínas do ambiente construído antigo.
Não respeitam nenhuma regra preconcebida.
Seguem com indiferença as formas irregulares do terreno e as formas regulares dos manufaturados romanos.
Enfiem, apagam toda a diferença entre natureza e geometria.
Assim, deformam com pequenas irregularidades as linhas precisas dos monumentos e das estradas antigas e simplificam as formas imprecisas da paisagem, marcando as linhas gerais dos dorsos das montanhas, das enseadas e dos cursos d’água.
No final do século X, começa o renascimento econômico da Europa.
A população aumenta de 22 milhões em 950 para 55 milhões em 1350.
A produção agrícola aumenta, a indústria e o comércio adquirem nova importância.
Este desenvolvimento ocorre principalmente pelos seguintes fatores:
Estabilização dos últimos povos invasores: árabes, vikings e húngaros.
Inovações técnicas na agricultura como a rotação trienal de culturas e novos sistemas de encangar o boi e cavalo.
Difusão de moinhos de água.
 Desenvolvimento das cidades-estado.
Uma parte da nova população, que não encontra trabalho nos campos, refugia´se nas cidades fazendo crescer a massa de artesãos e de mercadores, que vivem à margem da organização feudal.
A cidade fortificada da Alta Idade Média, denominada “burgo” é por demais pequena para acolhê-los, constituindo então, diante das portas outros estabelecimentos chamados de subúrbios e que logo se tornam maiores do que o núcleo original.
É necessário construir um novo cinturão de muros, incluindo os subúrbios e as outras instalações como abadias, igrejas e castelos que se situavam fora do velho recinto.
A nova cidade assim formada continua a crescer e constói novos cinturões de muros cada vez mais amplos.
Nesta cidade, a população artesã e mercantil, ou seja a futura burguesia, está em maioria desde o início.
Irá desde logo pretender viver à margem dos princípios feudais, querendo garantir para si as condições necessárias à sua atividade econômica tais como: liberdade pessoal, autonomia judiciária, autonomia administrativa, sistema de taxas proporcionais às rendas destinadas às obras públicas, principalmente voltadas à defesa (fortificações e armas).
A nova organização surge, inicialmente, como associação privada, depois se unindo aos bispos e príncipes feudais, se tornando um poder público.
Nasce a comuna, ou um Estado com leis próprias, superior às prerrogativas das pessoas e dos grupos, embora respeitando os privilégios econômicos. 
Os órgãos do governo da cidade são formados pelo conselho maior (famílias mais importantes), conselho menor (junta executiva) e magistrados eleitos.
A eles se contrapõem as associações que representam uma parte dos cidadãos, chamadasde corporações de ofícios (guildas).
A cidade-Estado medieval depende do campo para o abastecimento de víveres, e controla de fato um território mais ou menos grande, mas diferentemente das cidades gregas não concede paridade de direitos aos habitantes do campo.
O desenvolvimento das cidades-Estado e a fundação de cidades novas nos campos se interrompe por volta da metade do século XIV, devido a uma brusca diminuição da população por causa de uma série de epidemias, e sobretudo devido à grande peste (1348-49) e ao declínio da atividade econômica.
Por conta do modelo da cultura medieval torna-se praticamente impossível uma descrição geral da forma da cidade deste período.
As cidades medievais têm todas as formas possíveis e se adaptam livremente a todas as circunstâncias históricas e geográficas.
Pode-se porém destacar algumas características gerais:
As cidades medievais têm uma rede de ruas não menos irregular que a das cidades mulçumanas, formando contudo um espaço unitário, no qual sempre é possível orientar-se e ter uma idéia geral do bairro ou cidade.
As ruas não são todas iguais, mas existe uma gradação contínua de artérias principais e secundárias.
As praças não são recintos independentes das ruas, mas largos ligados estreitamente às ruas que para ela convergem.
Somente as ruas secundárias são simples passagens.
Todas as outras se prestam a vários usos como tráfego, comércio e reuniões.
As casas quase sempre de muitos andares, se abrem para o espaço público e têm uma fachada que contribui para formar o ambiente da rua ou da praça.
Os espaços públicos e privados não formam zonas contíguas e separadas, como na cidade antiga, mas existe um espaço comum que se espalha por toda a cidade e no qual se apresentam todos os edifícios públicos e privados, com seus eventuais pátios ou jardins. 
O espaço público da cidade tem uma estrutura complexa porque deve dar lugar a diversos poderes.
Assim uma cidade bastante grande nunca tem um único centro, mas sim um centro religioso (catedral e o palácio episcopal), um centro civil (palácio municipal), e o centro comercial (lojas e palácios das associações mercantis).
Estas zonas podem ser sobrepostas em parte, mas a contraposição entre o poder civil e religioso, que não existe na antiguidade, é sempre mais ou menos acentuada.
Cada cidade é dividida em bairros, que têm sua fisionomia individual, seus símbolos e muitas vezes também sua organização política.
No século XIII, quando as cidades se tornam maiores, formam-se nos arredores alguns centros secundários, tais como os conventos das novas ordens religiosas, franciscana, dominicana e servitas, com suas igrejas e praças.
A concentração é característica fundamental da cidade medieval e o centro da cidade é o local mais procurado e onde moram os mais ricos.
Os seguimentos mais pobres moram na periferia.
Estas zonas podem ser sobrepostas em parte, mas a contraposição entre o poder civil e religioso, que não existe na antiguidade, é sempre mais ou menos acentuada.
Cada cidade é dividida em bairros, que têm sua fisionomia individual, seus símbolos e muitas vezes também sua organização política.
No século XIII, quando as cidades se tornam maiores, formam-se nos arredores alguns centros secundários, tais como os conventos das novas ordens religiosas, franciscana, dominicana e servitas, com suas igrejas e praças.
A concentração é característica fundamental da cidade medieval e o centro da cidade é o local mais procurado e onde moram os mais ricos.
Os seguimentos mais pobres moram na periferia.
Também no centro se constroem algumas estruturas muito altas como a torre do palácio municipal e o campanário ou torres das catedrais, que assinalam o ponto culminante do perfil da cidade.
Toda cidade deve ter um cinturão de muros para se defender do mundo exterior, e enquanto cresce deve construir muitos cinturões concêntricos.
Estes muros, que são a obra pública mais cara, têm formato irregular e arredondado cobrindo o perímetro extritamente necessário à cidade.
A construção de um novo muro só era realizada quando não havia mais nenhum espaço em seu interior.
Assim os bairros medievais são compactos, e as casas se desenvolvem principalmente na altura.
 As cidades italianas na Renascença.
O novo método de projeção estabelecido no início do século XV, ou seja o modo renascentista de se pensar a cidade e o território, não consegue produzir grandes transformações nos organismos urbanos e territoriais.
A expansão demográfica e a colonização do continente estão exauridas depois da metade do século XIV.
Não há necessidade de fundar novas cidades ou de aumentar em larga escala as já existentes.
Os governos renascentistas, as senhorias e as monarquias, não têm estabilidade políticas sem os meios financeiros suficientes para realizar programas longos e comprometidos. 
Os artistas trabalham individualmente e perdem contato com as organizações coletivas que garantiam continuidade. 
Deste modo, a arquitetura da Renascença realiza seu ideal de proporção e de regularidade em alguns edifícios isolados, e não está em condições de fundar ou transformar uma cidade inteira.
Neste período, alguns e artistas projetam a nova cidade que não se pode construir, e que permanece, como um objetivo teórico, como sendo a cidade ideal.
Na prática, os príncipes da Renascença e seus arquitetos intervêm no organismo de uma cidade medieval já formada, e a modificam parcialmente, completando os programas que ficaram inacabados no século XIV, ou introduzindo novos programas mais ou menos ambiciosos, que quase sempre se mostram desproporcionados ou irrealizáveis.
Os artistas da nova geração, que tyrabalam no início do século XV – Ghibert, Brunelleschi, Donatello, Paolo Uccelo, Masaccio – levam a diante as obras iniciadas pelas gerações anteriores, contribuindo com novos valores, de modo autônomo e universal, se tornando uma proposta válida para todos, e que de fato será adotada, nos próximos cem anos, em todo o mundo civil, como alternativa para a tradição medieval.
Estes artistas já são especialistas de alto nível e não são mais ligados às corporações de ofício mas possuem a total confiança de seus contratantes.
É neste período que os artistas, entre eles, os arquitetos, se tornam reconhecidos pelos seus trabalhos, executando projetos em qualquer local aonde sejam chamados.
Na Arquitetura um novo método de trabalho é estabelecido por Filippo Brunelleschi:
A tarefa primeira do arquiteto é definir de antemão, com desenhos e modelos, a forma exata da obra a construir.
Todas as decisões necessárias devem ser tomadas em conjunto, antes de iniciar as operações de construção.
Assim, torna-se possível distinguir as duas fases de trabalho: o projeto e a execução.
O arquiteto faz o projeto, e não mais se confunde com os operários e suas organizações, que se ocupam da execução.
É preciso considerar os caracteres que contribuem para a forma da obra, nesta ordem : 
A proporção, ou seja, as relações e as conformações dos detalhes e do conjunto, independentes das medidas.
As medidas efetivas.
Os materiais com suas qualidades de granulosidade, cor, dureza, resistência etc.
Os diferentes elementos do edifício, tais como, colunas, entablamentos, arcos, pilares, portas, janelas etc.
Devem ter uma forma típica, correspondente à estabelecida na Antiguidade clássica e extraída dos modelos antigos romanos, os únicos conhecidos naquele tempo.
Esta forma pode ser levemente modificada, mas é necessário reconhecê-la, facilitando o julgamento quanto a forma geral do edifício ou do ambiente.
Deste modo, a arquitetura muda de significado, adquirindo um rigor intelectual e uma dignidade cultural que a distinguem do trabalho mecânico, tornando-a semelhante às artes liberais como a ciência e a literatura.
Brunelleschi sustenta esta nova concepção da arquitetura como uma proposta pessoal, em pleno contrastecom a tradição à qual permanecem ligados os contratantes, os executores e também os artistas que colaboram com ele no acabamento de seus edifícios.
Teve que enfrentar as dificuldades quase insuperáveis causadas por seus novos métodos e quase nunca consegue realizar integralmente seus projetos.
Com o tempo seu método passou a ser empregado regularmente na Itália e em toda a Europa.
Brunelleschi fundou uma arquitetura baseada na razão humana e no prestígio dos modelos antigos, capaz de organizar e controlar todos os espaços necessários à vida do homem, mas baseada em formas simples e repetidas, facilmente reconhecíveis.
Com o tempo, a sociedade européia adota esta arquitetura como instrumento de cálculo racional e de decoro civil, e acaba por considerá-la a única arquitetura possível.
 Urbino.
Federico de Montefeltro permanece senhor de Urbino de 1444 a 1482 e é o único príncipe da Renascença que dispõe de tempo e dos meios necessários para transformar verdadeiramente sua cidade, com uma longa série de intervenções sucessivas.
Urbino é uma cidadezinha de 40 hectares, construpida sobre duas colinas.
Na depressão central está o centro com a Igreja de São Francisco.
Deste ponto a rua principal desce em direção à Porta Lavagine, de onde parte o caminho para Rimini e a Planície Romagna.
No cume da colina meridional foca o castelo dos Montefeltro e ao lado deste, Federico começa a construir um corpo de contrução retilínea com artistas desconhecidos
Na direção da montanha, onde se encontra o centro tradicional da cidade, a fachada do novo palácio é dobrada em forma de “Z”, e deixa espaço para uma praça, onde mais tarde será construída a nova catedral.
Na direção do vale, ao contrário, o organismo se rompe numa série de ambientes abertos para a paisagem, que formam uma segunda fachada extraordinária, em contato com o espaço infinito dos campos adornados pelas colinas que descem em direção do Vale do Mentauro.
No centro estão colocados os apartamentos particulares do príncipe e de seus familiares, com uma série de alpendres sobrepostos, flanqueados por duas torres em degraus, chamados torricini ou “torrinhas”.
A direita é criado um jardim suspenso, fechado por um muro com janelas que enquadram a vista da colina.
À esquerda se abrem dois outros terraços e, no mais amplo, o Pátio do Pasquino, devia erguer-se um templo redondo com as tumbas dos “Montefeltro”.
Mais abaixo, na Praça Mercatale, se inicia a estrada para Roma formando a nova entrada principal da cidade, na qual se abre uma porta monumental, onde começa uma estrada retilínea que sobe até o vale entre as duas colinas, chegando à entrada superior do palácio.
Deste modo a orientação da cidade foi mudada e a entrada principal deixou de ser no sentido da Porta Lavagine e passou ao sentido de Valbona que fica na direção de Roma, para onde convergem os novos interesses de Federico.
O palácio olha do alto este percurso e, é ligado tanto ao centro da cidade quanto ao território externo.
Estas intervenções, bastante complexas, produzem um arranjo bastante coerente.
O palácio e a cidade estão ligados com um sábio equilíbrio, onde o palácio forma, ao mesmo tempo, o centro e a fachada monumental da cidade, mas não tem uma medida demasiado diferente dos outros edifícios, apresentando-se dividido em muitos corpos de construção, e a regularidade geométrica exigida pela nova cultura visual se aplica a cada um destes corpos, e não ao conjunto.
Assim a nova arquitetura enobrece os pontos salientes do novo organismo urbano sem destruir sua continuidade.
Não se conhecem ainda com certeza os autores deste arranjo, mas como arquitetos são lembrados Luciano Laurana e Francesco di Giorgio, além de vários outros artistas plásticos.
Em muitos casos o entrelaçamento de competências é muito estreito, como na Idade Média.
Para uma mesma obra o contratante pede a colaboração de muitos artistas, e os assume ou despede com uma liberdade quase caprichosa.
Em alguns casos um pequeno desacordo sobre um detalhe de um ambiente secundário põe a perder toda a continuidade do trabalho do artista, sendo assim substituído por outro que certamente introduzirá modificações ao projeto original.
Após a morte de Federico de Montefeltro, este grupo de especialistas, único em toda a Itália, será chamado às grandes cidade como Veneza, Milão e Roma e irão contribuir para a formação da nova cultura internacional do século seguinte.
 Roma.
Em meados do séc. XV, enquanto Florença, Veneza e Nápoles são grandes cidades totalmente formadas, Roma ainda é um pequeno centro, abandonado e empobrecido pela longa ausência do poder papal.
A cidade é dominada pelas ruínas da metrópole antiga e pelas igrejas do primeiro cristianismo, mas os habitantes, menos de 40 mil estão amontoados no Campo de Marte e Trastevere, ocupando apenas uma pequena parte do território ao lado do rio, cercado pelos muros Aurelianos.
Os papas voltam a Roma em 1420 e a partir de 1453 Nicolau V estabelece o programa para reconstruir a cidade imperial e transformá-la numa grande cidade moderna sob a sua autoridade.
O projeto era restaurar as benfeitorias existentes, tais como muros, ruas, pontes, aquedutos e monumentos.
Além disso previa-se restaurar as basílicas cristãs e construir nas proximidades de São Pedro, sobre a colina do Vaticano, a cidadela da corte papal.
Esta nova Roma, duplamente excepcional pelo prestígio do passado e pela presença da Sé Apostólica, é destinada a tornar-se ainda a principal cidade do mundo moderno.
Mas o poder político e econômico dos papas é largamente desproporcionado para este objetivo.
Durante todo o séc. XV, Roma permanece um centro secundário, dependente de outras cidades como Florença e Gênova.
Gradativamente vão reconstruindo várias igrejas como S. Pietro in Motorio, S. Pietro in Vincoli, e os Santi Apostoli.
• Põe novamente em funcionamento a Ponte Sisto e restaura o
 capitólio. 
Cautelosamente começa a intervir no labirinto do conjunto habitacional medieval, retificando as três ruas que levam À Ponte Santo Ângelo.
No fim do séc. XV, a atividade da construção aumenta, para a preparação do Ano Santo de 1500, chegando à Roma , pela primeira vez, um arquiteto célebre, Donato Bramante, que abandona Milão e se estabelece em Roma.
Já em seus primeiros trabalhos, o Pátio de S. Maria della Pace e o pequeno templo de S. Pietro in Montorio ele manifeste um programa de um novo classicismo rigoroso, que busca abertamente o padrão nos modelos antigos.
Em 1503, Júlio II é eleito papa e animado por grandes ambições políticas,e ligado aos grandes banqueiros italianos e alemães, está pronto a realizar com decisão, o programa de Nicolau V.
Assim está pronto a realizar com decisão o programa proposto por Nicolau V, chamando a Roma os artistas mais importantes do momento: Sangallo, Michelangelo e Rafael.
Michelangelo é encarregado inicialmente de esculpir a tumba de Júlio II, mas logo depois o papa resolve reconstruir toda a igreja de São Pedro, escolhendo então o projeto de Bramante concentrando para esse fim todos os meios disponíveis.
Michelangelo e Rafael são incumbidos de pintar dois ciclos de pinturas na abóbada da Capela Sistina e na Stanza Vaticano.
• Enquanto isso, Bramante e seus colaboradores projetam os novos monumentos da Roma cristã segundo a mesma medida gigantesca dos monumentos antigos.
O novo São Pedro, que é um enorme templo de planta central, coroado por uma cúpula grandiosa como o Panteão.
O novo Palácio Vaticano, que deveria ter apresentado na direção da cidade uma fachada colossal em alpendres.
O pátio em patamares para ligar o Palácio Vaticano com a Vila do Belvedere, de mais de trezentos metros de comprimento e organizado como um único ambiente em perspectiva.
O tecido humilde e emaranhado da cidade medieval é cortado sem hesitaçõespara dar lugar a novas ruas retilíneas e a novos edifícios regulares, sem a preocupação com o contraste provocado entre o novo traçado e o antigo, descaracterizando o aspecto medieval.
Este ambicioso projeto é modificado e interrompido pelos acontecimentos decisivos, políticos, religiosos e culturais ocorridos no início do séc. XVI.
Entre eles, a morte de Rafael e do Papa Julio II e o chamado “Saque de Roma” realizado por Carlos V imperador do Sacro Império Romano-Germânico.
Após o saque, nada resta senão reparar as ruínas e concluir da melhor maneira possível as obras já iniciadas.
O velho Michelangelo é encarregado de fixar a forma definitiva da cidade papal.
Projeta o arranjo arquitetônico do Campidoglio, coordena as portas da cidade, desenha a cúpula como elemento plástico dominante na paisagem urbana e conclui a decoração do teto da Capela Sistina.
 A colonização européia no mundo.
No Renascimento tem início a expansão mundial da civilização européia.
As realizações urbanísticas e de construção nos territórios descobertos se tornam muito mais importante dos que as existentes nas metrópoles.
Na Europa já existem cidades criadas na Idade Média que bastam para as necessidades da sociedade renascentista.
No resto do mundo os conquistadores encontram um enorme território onde podem realizar novos grandes programas de colonização e urbanização.
Neste espaço muito maior sobra trabalho e faltam especialistas de alto nível para executar as tarefas.
Assim, a qualidade da renascença européia não chega inteiramente aos novos territórios.
As novas cidades seguem um modelo uniforme: um tabuleiro de ruas retilíneas, que definem uma série de quarteirões iguais, quase sempre quadrados.
No centro da cidade suprime-se alguns quarteirões e constrói-se no local uma praça.
Nesta praça localizam-se o Paço Municipal, a igreja, as casas dos mercadores e dos colonos mais ricos.
No México, onde é necessário converter ao cristianismo uma numerosa população, a igreja é entecedida por um grande pátio (átrio), e ao lado da fachada existe uma espécie de capela aberta (capilla de indios), para dizer missa ao ar
 livre nos dias de festa.
• Este modelo foi imposto pelas autoridades já nos primeiros anos de conquista.(1a lei urbanística da modernidade.)
Estas regras derivam seja da tradição medieval, seja da cultura renascentista e do espírito de regularidade geométrica que agora se tornou um hábito comum e uma exigência primária na técnica produtiva.
Deste modo, o que se estabelece no momento da fundação de uma cidade não é um organismo em três dimensões, mas sim um plano regulador de duas dimensões. (traza).
De fato não se prevê a construção de edifícios a curto prazo, atribuindo-se os lotes construíveis, sobre os quais os proprietários decidirão como e quando construirão.
Nas cidades americanas, o desenho das ruas e das praças é por vezes inutilmente grandioso, ao passo que os edifícios são baixos e modestos, na maioria de um andar apenas.
Era previsto também que a cidade deve poder crescer, e não se sabe o quanto crescerá, portanto, o desenho em tabuleiro pode ser estendido em todos os sentidos.
O limite externo das cidades é sempre provisório, mesmo porque não são necessários muros ou fossos.
Somente no séc. XVII as cidades mais próximas do litoral serão fortificadas para defendê-las dos piratas.
O contraste entre campo e cidade fica atenuado, seja pela incerteza das fronteiras, seja pela abundância de espaços abertos existentes no conjunto habitacional.
A uniformidade do tabuleiro, decidida em gabinetes europeus, muitas vezes impede uma adaptação à característica dos lugares, tornando seu traçado mais simples do que as cidades medievais européias.
As cidades coloniais americanas são as realizações urbanísticas mais importantes do séc.XVI.
Sua pobreza, comparada ao padrão europeu, demonstra que ao mesmo tempo que os grandes artistas não conseguiam realizar grandes trabalhos na Europa, na América o trabalho era desenvolvido por técnicos de terceira ordem. 
Contudo, o objetivo é o mesmo: reorganizar o ambiente construído com os novos princípios da simetria e da regularidade geométrica.
Assim os europeus impuseram seu domínio em todas as partes do mundo.
Na América inglesa e francesa o método será o mesmo, influenciando até mesmo a divisão geográfica dos Estados Unidos, principalmente em sua região Oeste.
 As Capitais da Europa Barroca.
 Paris.
Anteriormente, consideramos o organismo de Paris medieval já como uma das cidades européias mais importantes.
Este organismo era composto de três partes:
 a cite, na ilha onde foi fundada a primeira aldeia gaulesa;
 a université, na margem esquerda, onde os romanos haviam construído a colônia de Lutetia, e onde em 1210 Abelardo e seus colegas fundam a célebre universidade de Sorbonne.
 a ville na margem direita, onde residem as corporações comerciais e o governo municipal.
As três partes são cercadas pelos muros de Carlos V, construídos em 1370.
Agora a população é de cerca de 100 mil habitantes.
Os reis de França, que na renascença residem habitualmente nas cidades do Loire, se estabelecem definitivamente em Paris em 1528, quando se recomeça a construir o velho Castelo do Louvre na margem direita.
No séc. XVI, Paris se desenvolve ainda mais, ultrapassa os muros e chega talvez a 200 ou 300 mil habitantes, mas diversas guerras danificam gravemente a cidade.
Durante os quinze anos seguintes, Henrique IV inicia um programa de obras públicas que não é mais composto por iniciativas pessoais, mas sim por um planejamento público.
Uma parte notável dessas obras está localizada em Paris, para acentuar a importância da capital
As primeiras iniciativas decididas no início do séc. XVII foram: 
A ampliação dos muros de Carlos V na margem direita, para incluir os novos subúrbios ocidentais, até aos jardins das Tuileries.
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 Jardins das Tuileries – Paris – mandado construir em local de uma
 antiga fábrica de telhas.
A reorganização de ruas e das instalações como aquedutos e esgotos.
A abertura de algumas novas praças de forma regular, circundadas de arquitetura uniforme.
A Praça Real, quadrada, na margem direita.
A Place Dauphine, triangular, na ponta da ilha da Cité.
A construção de uma nova residência suburbana em Sain-Germain: um castelo ambientado num jardim em patamares, que imita os modelos italianos do séc. XVI.
Depois de 1610, a cidade de Paris cresce rapidamente, e na primeira metade do século chega a 400 mil habitantes.
Mais tarde especuladores particulares irão construir bairros inteiros na Ilha de São Luis e na margem esquerda.
Em 1661, O proprietário desta incrível residência convida o rei e sua corte para a inauguração de Vaux, que compreende um ceia cozinhada por Vatel, um balé escrito por Molière e musicado por Lulli, um espetáculo de fogos de artifício.
Três semanas depois, o imprudente proprietário é preso por ordem do rei, e sua equipe de artistas ára para o serviço de Luis XIV, inserindo-se na organização pública coordenada pelo novo superintendente, Coubert.
Em seu longo reinado realiza obras arquitetônicas que se tornam o modelo obrigatório para todas as cortes européias.
Antigas construções são derrubadas, e em seu lugar é traçada uma coroa de avenidas arborizadas, os Boulevards.
Este contorno provisório encerra uma área de quase 1200 hectares e continua crescendo no território circundante.
Paris se torna uma cidade aberta; um sistema de zonas construídas e de zonas verdes, livremente articulado no campo.
A população atinge cerca de 500 mil habitantes.
O território ao redor da cidade, vazio e sem obstáculos, pode ser efetivamente transformado segundo os novos princípios de simetriae regularidade.
De fato o Rei e outros grandes personagens fixam sua morada no campo.
Luis XIV abandona o Louvre e transporta a corte para Versailles, que é progressivamente aumentada até tornar-se uma pequena capital artificial.
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 Plano do Palácio de Versalhes e dos jardins, desenhado em 1746, pelo abade Delagrive, geógrafo da Cidade de Paris. 
Versailles e Paris são dois organismos complementares, que revelam as possibilidades e os limites do poder absoluto entre os séc. XVII e XVIII.
Foram elaborados os instrumentos necessários para transformar o território, sem as limitações de escala, mas somente em parte foi conseguido.
O ambiente que resulta é um mosaico de parques e de edifícios monumentais, que ainda não se ligam num único organismo coerente.
 As Capitais da Europa Barroca.
 Viena.
A dinastia imperial dos Habsburgos se estabelece em Viena em 1863, depois da derrota definitiva dos turcos.
A cidade velha, ainda encerrada dentro dos muros medievais se torna uma cidadela interna, circundada por uma faixa livre de cerca de 500 metros.
Para além dessa faixa, forma-se a cidade nova, que compreende os subúrbios e as residências dos grandes dignatários como o Palácio do Belvedere, Palácio Schwarzenberg e Palácio Liechtenstein.
 
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 Planta de Viena em 1858.
No início do séc. XVIII, contrói-se um segundo cinturão de muros externos, vinculando ao seu redor uma outra faixa em torno de 200 metros.
A área total da cidade gira em torno de 1800 hectares e sua população chega a 200 mil habitantes.
O soberano reside no paço da cidade velha, o Holfburg, mas em 1690 inicia a construção de uma grande residência suburbana, semelhante a Versalhes: é o castelo de Schönbrunn, com parque que ocupa uma colina panorâmica, imediatamente fora dos muros.
O arquiteto na corte imperial, de 1690 a 1723, é Fischer von Erlach, que projeta os novos edifícios monumentais num estilo propositadamente complexo e severo, entre eles, a biblioteca e a igreja de São Carlos Borromeu.
 Amsterdã.
As cidades até agora examinadas são o produto do absolutismo que domina os Estados europeus grandes ou pequenos.
Mas as cidades holandesas ainda são governadas como as cidades-Estado medievais, onde o poder político é administrado coletivamente pela burguesia mercantil.
Toda grande cidade é uma república independente com leis e instituições próprias, mesmo que unida a uma federação para defesa de interesses comuns.
Amsterdã, a cidade mais importante, se torna o centro do comércio e da atividade bancária européia, e cresce utilizando uma combinação de instrumentos diversos tais como os métodos administrativos medievais, contribuições da ciência moderna e cultura visual renascentista.
Na primeira metade do séc. XVI, Amsterdã já é uma cidade portuária de tamanho médio, com cerca de 40 mil habitantes.
Em 1578 projeta-se a primeira ampliação onde os muros medievais são demolidos e o fosso perimetral se torna um canal interno da cidade.
Com a continuação do crescimento da cidade, no início do séc. XVII, projeta-se uma nova e grandiosa ampliação, escavando-se outros três canais concêntricos.
Cada canal tem 25 metros de largura e mais de 4 Km de comprimento possibilitando a entrada e ancoragem de até 4000 navios.
Entre os canais foram previstos lotes edificáveis que foram vendidos com seus projetos pré-determinados.
De fato, Amsterdã é uma cidade na qual os canais são ambientes de vida, onde tudo em volta são habitações e locais de trabalho, que pertencem a todos e não a um soberano absoluto.
No final do século XVII, Amsterdã ainda permaneceria por muito tempo a cidade mais moderna da Europa, se tornando um modelo sugestivo para a cultura urbanística moderna do séc. XIX e XX.
Ainda hoje a cidade tem como organismo urbano o desenvolvido durante o século XVII e representa na prática a vida da cidade.
 Londres.
Na Idade Média e na Renascença, Londres se compõe de duas partes: 
A city, que cobre mais ou menos a antiga cidade romana e é o centro comercial mais importante da Inglaterra.
E Westminster, onde fica a sede do governo e o parlamento, nas proximidades da famosa Abadia (Westminster).
Uma única ponte, a Ponte de Londres, coberta por duas fileiras de casas como a Ponte Vecchio de Florença, transpõe o rio e leva aos subúrbios.
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 Antiga Ponte de Londres, 1616.
Do séc. XVII em diante, Londres cresce como uma cidade aberta, não estando sujeita a qualquer ameaça militar.
Ao redor da city forma-se uma coroa de subúrbios, que seguem o traçado das ruas dos campos.
Em 1666, toda a zona central e arredores é destruída pro um incêndio.
É a ocasião para reconstruir a capital segundo um plano unitário, mas devido a dificuldades financeiras somente algumas obras projetadas foram executadas, entre elas a Catedral de São Paulo.
Após a Revolução Gloriosa, com a implantação de uma monarquia parlamentarista a Inglaterra se transforma na primeira potência econômica da Europa: Londres substitui Amsterdã como centro do comércio e da finança mundial, e cresce até tornar-se a maior cidade da Europa.
O seu crescimento não é dirigido por um plano municipal, como em Amsterdã, nem pelos arranjos monumentais da corte como em Paris.
Londres se forma a partir de ações individualizadas, com loteamentos promovidos pelos proprietários, nobres ou burgueses, alternados com freqüentes espaços verdes, públicos ou privados.
Algumas destas iniciativas são composições arquitetônicas elegantes e equilibradas, com ruas e praças rodeadas por casas todas iguais, com jardins comuns ao centro.
Exemplo disso é a zona residencial conhecida como Grosvenor Square, que não sendo a única neste formato cria uma periferia que segue em direção ao campo sem muita definição de limites.
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Londres é a primeira grande cidade burguesa, na qual a forma urbana não mais depende das grandes intervenções do governo ou de uma restrita classe dominante, mas da soma de um grande número de intervenções particulares.
A rica nobreza inglesa realiza no campo palácios e villas grandiosas, mas na cidade constroem casas normais que se confundem com as demais.
As ruas estreitas e irregulares já se apresentam bastante congestionadas por um tráfego enorme de pedestres e de carruagens
Na Londres do séc. XVIII, já estão presentes os problemas característicos das cidades contemporâneas, que se acentuarão em seguida com a revolução Industrial.
 O Ambiente da Revolução Industrial.
Depois da metade do séc. XVIII, a revolução industrial muda o curso dos acontecimentos na Inglaterra e posteriormente em todo o resto do mundo.
As principais conseqüências sobre o ambiente construído foram:
O aumento da população, devido à diminuição do índice de mortalidade.
Rompimento do equilíbrio entre gerações gerando busca de novas soluções para os mais jovens.
Aumento de bens e serviços produzidos pela agricultura, pela indústria e pelas atividades terciárias, devido ao desenvolvimento tecnológico e econômico. 
Êxodo rural em busca de oportunidades nas cidades.
O desenvolvimento dos meios de comunicação com a abertura de estradas, de canais navegáveis, das estradas de ferro e dos navios à vapor.
Estes meios permitem uma mobilidade muito maior tanto de pessoas quanto de mercadorias.
Mudanças cada vez mais rápidas em todas as áreas dificultando o entendimento do próprio processo, criando decisões sempre provisórias para todos os problemas.
Desvalorização da idéia do controle do ambiente construído pelo setor público, visto como sobrevivênciado “Antigo Regime” passando ao controle privado, ao mesmo tempo em que não são mais aceitas as dificuldades impostas pela natureza que agora devem ser resolvidas com ações calculadas pelo homem.
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O rápido crescimento das cidades na época industrial produz a transformação do núcleo anterior, que se torna o centro da nova cidade, e forma ao redor deste núcleo uma nova faixa construída, a periferia.
O antigo núcleo, formado na Idade Média, com suas ruas estreitas não suportam mais o aumento do trânsito e da população.
Assim, as classes mais ricas abandonam gradativamente o centro e se estabelecem na periferia, transformando as antigas residências em casebres onde se amontoam pobres e recém-imigrados.
Os palácios e conventos são abandonados por causa das revoluções sociais, e são divididos em pequenas moradias improvisadas.
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 Estação Ferroviária “King’s Cross, em Londres, construída em1850.
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O rápido crescimento das cidades na época industrial produz a transformação do núcleo anterior, que se torna o centro da nova cidade, e forma ao redor deste núcleo uma nova faixa construída, a periferia.
O antigo núcleo, formado na Idade Média, com suas ruas estreitas não suportam mais o aumento do trânsito e da população.
Assim, as classes mais ricas abandonam gradativamente o centro e se estabelecem na periferia, transformando as antigas residências em casebres onde se amontoam pobres e recém-imigrados.
Os palácios e conventos são abandonados por causa das revoluções sociais, e são divididos em pequenas moradias improvisadas.
A periferia passa a ser um território livre onde se somam um grande número de iniciativas independentes dando origem a bairros de luxo, bairros pobres, indústrias, depósitos e outras instalações.
Num determinado momento estas iniciativas se fundem num tecido compacto de modo não previsto nem planejado.
Na periferia industrial perde-se a homogeneidade social e arquitetônica da cidade antiga.
Os indivíduos e as classes não desejam integrar-se na cidade como num ambiente comum, mas as várias classes sociais tendem a se estabelecer em bairros diversos, ricos médios e pobres.
A residência individual, antes dos nobres, agora atende, em menor escala, aos ricos e médios burgueses.
Este ambiente desordenado e inabitável, que chamamos de cidade liberal, é o resultado da superposição de várias iniciativas públicas e particulares, não-reguladas e não-coordenadas.
A liberdade individual, exigida como condição para o desenvolvimento da economia industrial, revela-se insuficiente para regular as transformações de construção e urbanismo, produzidas justamente pelo desenvolvimento econômico.
As classes pobres sofrem mais com os inconvenientes da cidade industrial, mas as classes ricas não podem pensar em fugir deles por completo.
Por volta de 1830 o cólera se espalha pela Europa e a questão da higiene precisa ser revista pelas autoridades.
A partir de 1815, nascem algumas propostas revolucionárias, para mudar ao mesmo tempo a organização social e a dos conjuntos habitacionais.
A nova sociedade deve produzir um conjunto habitacional novo, de medida calculada, intermediária entre a cidade e o campo, com capacidade para ser auto-suficiente.
Robert Owen, um rico industrial inglês propõe dispor um grupo de 1200 pessoas num terreno agrícola de 500 hectares.
As habitações formariam um quadrado, no qual as casas ficariam dispostas em três lados dele.
Ao centro ficariam os prédios públicos, cozinha com restaurante comunitário, escolas, biblioteca e centro de encontro para os adultos.
Ao redor os jardins e demais equipamentos necessários.
Projeto de cidade idealizada por Robert Owen em 1826, Indiana, USA, Nova Harmonia.
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Outra proposta foi feita por Charles Fourier, escritor que publica na França a descrição sobre um novo sistema filosófico e político.
Sua proposta prevê um grupo de 1620 pessoas de diferente posição social, que ele chamou de “Falange” que deveria possuir um terreno de 250 hectares e morar num grande edifício unitário: o Falanstério.
Neste prédio em forma de ferradura haveria um pátio central e vários pátios menores.
O andar térreo é interrompido pelas passagens para entrada de veículos e o primeiro andar é composto por galerias cobertas que põe em comunicação todos os outros locais, substituindo as ruas.
Estes modelos, irrealizáveis na primeira metade do século XIX, e superados pelo debate político da segunda metade, são o contrário teórico da cidade liberal deslocando o foco da liberdade individual para a organização coletiva.
Pretende resolver de forma pública quase todos os aspectos da vida familiar e social.
Nascem como protesto das condições inaceitáveis da cidade liberal existente e procuram pela primeira vez romper seus vínculos através de análises e programas racionais.
Antecipam, portanto, como tentativas isoladas, a pesquisa coletiva da arquitetura moderna que terá início no século seguinte.
 A cidade Pós-Liberal.
As revoluções de 1848 põe em crise tanto os movimentos de esquerda quanto os regimes liberais da primeira metade do século, que se mostraram indefesos contra essa ameaça.
As soluções utópicas foram desclassificadas já que sob a nova ótica de Marx e Engels, os operários devem conquistar o poder e realizar as reformas necessárias para melhorar a sua própria vida.
Esta será a tese posta em prática por Lenin em 1917.
Por outro lado, as direitas que saíram vitoriosas das lutas de 1848, na França, Alemanha e Inglaterra, abandonam a tese liberal da não intervenção do Estado e usam os métodos elaborados na primeira metade do século pelos socialistas utópicos como instrumentos para controlar as transformações em curso.
A burguesia estabelece, assim, um novo modelo de cidade, no qual os interesses de todos deverão ser contemplados. 
A liberdade completa de que dispunha a iniciativa privada é limitada agora pela intervenção da administração pública que estabelece regulamentos e executa obras públicas, estabelecendo os limites que configuram daqui em diante a cidade Pós-Liberal.
Este modelo tem um sucesso imediato e duradouro pois permite reorganizar as grandes cidades européias, de destacando de início Paris.
Principais características deste modelo:
 1 - A administração pública e a propriedade imobiliária encontram um acordo onde passa a ser reconhecido o espaço público e privado.
 2 - A utilização dos terrenos urbanizados depende dos proprietários individuais fiscalizados pelo poder público.
3 - As linhas de limite entre o espaço público e o privado definidas pelas fachadas dos prédios alinhadas com as ruas, bastam para formar o desenho da cidade.
De acordo com estas novas condições, o núcleo central da cidade, onde predominam as funções comerciais, a disposição mais conveniente é a “rua-corredor”, canal de tráfego e de desempenho das lojas situadas nos andares baixos.
Todas as outras funções como residências, escritórios ficam situadas nos andares mais altos, restringidas de propósito neste esquema realizado para atender ao tráfego e ao comércio, mas sofrendo suas conseqüências negativas como ruído, poluição promiscuidade e falta de luz e ventilação.
Afastados das frentes de rua permite fugir destes inconvenientes, mas diminui a intensidade sendo possível apenas nas regiões periféricas.
4 – A periferia a ser organizada faz aumentar o custo das moradias , e obriga a conservar um certo número de habitações precárias para as classes mais pobres.
Industrias, armazéns e outros estabelecimentos necessários ao bom funcionamento da cidade são impelidos sempre para mais longe, à medida que a cidade cresce.
5 – Alguns defeitos da cidade pós-liberal (densidade excessiva no centro e falta de moradia barata) são atenuados com a construção de bairros públicos e casas populares, mas não conseguem dar conta dos congestionamentos e crise de moradia.

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