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Universidade Federal do Rio de Janeiro - Instituto de Economia 
Rio de Janeiro, 02 de novembro de 2016.
Disciplina: Economia brasileira II Professor: Eduardo Costa Pinto 
Aluna: Luana Mello Andrade/DRE: 109093132
Prova I (prova em casa) 
Apresente as principais interpretações heterodoxas (Furtado e Tavares & Serra) e ortodoxas a respeito da crise econômica da década de 1960 e descreva as principais estratégias adotadas pelo regime militar entre 1964 e 1967 (2,4)
A Economia brasileira no pós-guerra apresentou uma inflexão positiva de crescimento econômico, puxada pelo amadurecimento do novo eixo dinâmico de acumulação pautado na indústria manufatureira. Nessa nova estrutura amadurecida após o ciclo desenvolvimentista de Vargas e JK, as principais bases que fomentaram este cenário favorável foram: i) políticas fortemente protecionistas à indústria doméstica (sustentação ao plano de substituição de importações- andamento na linha da matriz industrial); ii) base do mercado doméstico relativamente é ampliada após os anos 30; iii) investimentos estatais ampliados em setores estratégicos, como energia, infraestrutura, etc; iv) entrada massiva de capital estrangeiro na indústria de bens manufaturados, impulsionada principalmente a partir do Governo JK; v) fortes incentivos e subsídios ao investimento privado pelo governo; vi) crescimento da oferta agrícola, sem que houvesse aumento do volume de investimento, que pudesse disputar com a empreitada industrial (SERRA, 1992). Além disso, a mudança da estrutura produtiva brasileira que vinha se desenvolvendo desde 1930, refletiu em um relativo deslocamento da população rural para o urbano. 
A partir de 1962, há notória desaceleração do ciclo de alta que fora assinalado no período anterior e a acumulação trava. Houve queda de mais da metade do PIB, queda expressiva do crescimento do produto manufatureiro, problemas no balanço de pagamentos e a inflação, que já se colocava como um problema crônico, fora agravada nesse período. Além disso, no plano político há tensões no bloco de poder, mais evidenciadas pelo conflito distributivo que se evidencia com a desaceleração, e aprofundada ainda mais pela bipolarização ideológica trazida pela Guerra Fria. 
A explicação para a desaceleração econômica perpassa por duas interpretações distintas. Segundo a visão heterodoxa estruturalista, cujos expoentes foram Celso Furtado e Maria da Conceição Tavares, o ponto central que explicaria este processo estava na questão da concentração de renda no Brasil, sobretudo na estrutura fundiária. Ponto de origem da crise, segundo esta interpretação, que tinha base na herança da estrutura produtiva primário-exportadora, como eixo dinâmico de acumulação. Ou seja, ao contrário da tendência dos países que passaram pelo processo de industrialização, o Brasil não havia mudado a estrutura de propriedade promovendo qualquer espécie de reforma agrária, o que se traduziu em uma industrialização à parte do processo de modernização agrícola e aumento da produtividade no campo. Este fator chave e as dinâmicas procedentes dele seriam os responsáveis pela perda de dinamismo da economia e esgotamento de sua tendência ascendente. 
O plano fundamental desenvolvimentista de substituição de importações, que tinha como objetivo a diminuição da vulnerabilidade externa, e o fomento do mercado interno teria um limite claro de demanda interna. Isso pela dificuldade de absorção da força de trabalho na indústria - onde permeava maior produtividade – a qual, portanto, estaria fadada ao trabalho agrícola, que mantinha baixa produtividade e baixos salários. 
A outra interpretação, liberal liderada por Eugênio Gudin e Octávio Bulhões, colocava como ponto central da desaceleração econômica e seu atraso a intervenção estatal excessiva e o descaso com a estabilidade econômica. Para os autores, a atuação do Estado em promover reformas de base e tentativa de superar a crise do desenvolvimento era não apenas equivocada, mas o foco do problema (Sá Earp & Prado, 2003). O cerne de seu argumento estaria no desequilíbrio provocado pelo Estado em três esferas principais: o fiscal, que em última instância levava à inflação pelo excesso de gastos do governo além de sua arrecadação; o de crédito, que implicava um investimento cujo financiamento era pautado na expansão monetária, em detrimento do crescimento da poupança interna gerando outra frente de pressão inflacionária; e o de salários cujo crescimento estaria além do crescimento da produtividade do trabalho. 
Com a ascensão do governo militar, em 1964, e com o ministério da fazenda sob liderança de Bulhões, as principais estratégias para resolver a crise que se instalara dada sua interpretação se consolidou num Plano de Ação Econômica do Governo, o PAEG cujo objetivo principal era controlar a inflação e acelerar o crescimento. O plano contou com uma base de reformas e ajustes em três frentes principais, que alterariam o arcabouço da política econômica: contenção do déficit público, racionalização da política de crédito e criação de mecanismos de reajuste de salários. 
Dessa forma, pelo lado fiscal a medida que intentava diminuir o déficit público passou pela formulação de um novo orçamento, redefinindo despesas para 1964. Além disso, havia sinergia na medida de racionalização do crédito para fins de reequilíbrio fiscal diminuindo a transferência de recursos do Banco do Brasil para cobrir os déficits orçamentários, prática que impulsionava a demanda agregada, gerando inflação. Como se observou que seria difícil contrair o gasto público, uma vez que deste dependiam investimento do setor público em áreas essenciais, uma reforma tributária foi diagnosticada com vistas a elevar a receita e recursos para o governo. Dessa forma, além da reforma tributária era também requerida reformas institucionais para a criação de um mercado para os títulos da dívida pública federal (Sá Earp & Prado, 2003). Segundo Bulhões, ainda seria necessária a liberação de preços reprimidos de tarifas públicas, câmbio e produtos subsidiados pelo governo, esta liberação implicaria uma inflação corretiva. 
Ainda neste contexto, intentava-se criar um mecanismo de reajuste dos salários de forma a coordenar e temporizar seus aumentos, como forma de não mais se criar a partir disso pressões inflacionárias. A criação do FGTS, Fundo de Garantia por Tempo de Serviço era nada mais que uma poupança privada forçada, na qual o empregador era obrigado a depositar uma proporção do salário de seus empregados todo mês, que poderia ser utilizado em caso de demissão ou aposentadoria, cujo controle de aplicação e remuneração eram de competência do governo e juntamente às cadernetas de poupança foram fundamentais para viabilização de planos de infraestrutura e moradia. 
Por fim, adicionalmente houve a criação do Banco Central, em substituição à SUMOC, que seria responsável pela execução e fiscalização da política financeira. O sistema financeiro como um todo fora reformulado, passando pelo redesenho dos bancos comerciais, e separação de suas atribuições e atividades. 
Iniciou-se, portanto, a partir destas medidas novas bases econômicas para a retomada do crescimento, muito embora não tenham surtido o efeito pretendido no curto prazo. 
 
Entre 1967 e 1973, a economia brasileira viveu intenso crescimento econômico conhecido como “Milagre”. Apresente as principais características desse período, destacando seus principais determinantes e suas consequências (melhor desempenho macroeconômico com forte aumento da concentração de renda). Além disso, existe um debate sobre o fim desse ciclo de crescimento que divide os analistas: uns atribuem a causas externas e outros a causas internas como preponderantes para a mudança de cenário. Exponha e avalie essa controvérsia (ANPEC, 2014, adaptada). (3,8) 
No período que vai de 1968-73, o Brasil que vinha de uma desaceleração desde 1960, experimentou uma fase de vigoroso crescimento econômico, o chamado: “Milagre Brasileiro” termo que remete a um crescimentosignificativo, sem crescimento da inflação, que ao contrário, diminui no período. O crescimento do PIB atingiu o patamar de 11% ao ano, puxado em grande medida pelo setor de bens de consumo duráveis, e em menor medida do setor de bens de capital. A taxa de investimento sobe para 19% do PIB em 1968, e há relativo amadurecimento das indústrias de bens de consumo duráveis implementadas desde o Plano de Metas, sobretudo a indústria automobilística. No entanto, neste ciclo de expansão, constata-se uma ligeira desproporção entre o crescimento da indústria de bens de capital (máquinas e equipamentos), que se encontrava atrasada em relação à indústria de bens de consumo duráveis. A consequência direta foi a necessidade da expansão de importações de produtos, inclusive, que já eram fabricados internamente ou passíveis de fácil substituição. Duas projeções imediatas deste processo seria a pressão inflacionária que esta desproporção de crescimento entre esses setores geraria, e a tendência a déficits no Balanço de Pagamentos (Serra,1982).
O outro aspecto fundamental neste novo ciclo de expansão foi a sustentação da classe média, que também estava se expandindo fortemente, sobretudo no consumo de bens duráveis, que também teve uma perna de facilitação pelo relativo barateamento do crédito, em razão das reformas financeiras e creditícias anteriores com especial destaque à criação de novas estruturas de poupança. No entanto, a classe média brasileira embora grande absolutamente, apresentava composição diferente das classes médias de outros países, principalmente dos desenvolvidos, já que era formada grosso modo por profissionais autônomos, alto e médio corpo administrativo empresas, militares, e etc, e não pelo trabalhador médio da indústria que juntamente ao trabalhador rural encontravam-se ainda marginalizados do processo de crescimento econômico. Nesse sentido, há de fato uma melhora relativa na renda das famílias, mas mais pela proporção de empregados nestas, que pelo crescimento do rendimento do trabalho sobre a renda total. O crescimento da demanda de bens duráveis foi de 13,4%, no entanto, refletiu dois aspectos problemáticos: a concentração de renda do período anterior, que centralizou maior poder aquisitivo das classes médias e altas, e o endividamento das famílias, viés negativo da facilitação do crédito, como já mencionado.
O Balanço de Pagamentos também se viu em significativa melhora, registrando superávits crescentes no período. Convém ressaltar o período de melhora e retomada do crescimento econômico do mundo a partir do Plano Marshall, o que impulsionou os fluxos de comércio pelo aumento da liquidez mundial. Neste período, há uma abertura estrutural para o exterior, as importações crescem sustentadas pela forte expansão das exportações, cujo volume fora mais que duplicado. O resultado é a relativa melhora dos termos de troca. Cabe ressaltar que neste ciclo expansivo das exportações, o produto agrícola embora neste ciclo tenha se mantido em níveis modestos, no entanto houve um aumento sensível do produto agrícola voltado para a exportação, o que por conseqüência causou prejuízos dos alimentos para consumo interno, e que seria potencial foco de inflação no médio prazo. 
Ao fim desse segundo ciclo de expansão, surge uma controvérsia sobre os determinantes do fim do ciclo de crescimento, que estava pautada por um lado em fatores externos, por outro lado em fatores internos. 
Entre 1974 e 1980, a dinâmica econômica brasileira esteve fortemente vinculada à implementação do II PND. Apresente as principais características desse plano e seu impacto sobre o desempenho macroeconômico do período, levando em conta o novo cenário externo da década de 1970. Além disso, explicite e analise as distintas visões (Lessa x Castro & Pires) acerca do II PND, em particular no que concerne às razões que levaram a sua adoção e as suas consequências para o desempenho da economia brasileira (ANPEC, 2011, adaptada) (3,8).

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