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de conceitos essenciais para discutir com seus alunos. Ficamos sensibilizados diante da opor- tunidade de podermos ser úteis a esses colegas. Sugestões para revisões futuras são muito bem vindas, podendo ser encaminhadas através do endereço eletrônico varejao.silva@uol.com.br. Baseados nessas sugestões foram incluídos aperfeiço- amentos que motivaram o lançamento desta “versão digital 2”. Novas contribuições são esperadas de modo a possibilitar o aprimoramento do texto e, assim, atender melhor aos estudantes. Esclarecemos que o uso do conteúdo, para fins de ensino-aprendizado, é inteiramente livre. Fica proibida, porém a publicação ou utilização, por qualquer meio, impresso ou digital e a qualquer título ou finalidade, do todo ou parte do conteúdo de Meteorologia e Climatologia, sem a citação ex- plícita da fonte [Varejão-Silva, M. A.; Meteorologia e Climatologia, Versão Digital 2, Recife, 2006] e do site onde foi obtida. Recife, 26 de fevereiro de 2006 M. A. Varejão-Silva Engo. Agrônomo. mailto:varejao.silva@uol.com.br viii ix AGRADECIMENTOS O autor exprime sua profunda gratidão ao amigo e entusiasta da Meteorologia e da Climatolo- gia, Engo. Agrônomo Augusto Cesar Vaz de Athayde, cuja sensibilidade e capacidade administrati- va, quando na direção do INMET, possibilitaram a publicação e divulgação das edições iniciais deste trabalho, em 2000 e 2001. Deixa também registrados agradecimentos muito especiais, dirigidos ao amigo diplomata e in- cansável pesquisador da Agrometeorologia e da Agroclimatologia, Engo. Agrícola Eduardo Delgado Assad, pelo decisivo e irrestrito apoio dado à divulgação das primeira e segunda versões digitais de Meteorologia e Climatologia. Finalmente, direciona seus mais sinceros agradecimentos ao amigo e colega de trabalho, com vasto e incansável potencial produtivo em Agroclimatologia, Engo. Agrônomo Alexandre Hugo Ce- zar Barros, pelo dedicado incentivo e pela contribuição direta na montagem da versão do texto final no formato “pdf”. METEOROLOGIA E CLIMATOLOGIA Mário Adelmo Varejão-Silva Versão digital 2 – Recife, 2006 x METEOROLOGIA E CLIMATOLOGIA Mário Adelmo Varejão-Silva Versão digital 2 – Recife, 2006 1 CAPÍTULO I CONSEQÜÊNCIAS METEOROLÓGICAS DOS MOVIMENTOS DA TERRA. 1. Forma da Terra. A Terra tem uma forma geométrica muito complexa, condicionada pela topografia bas- tante irregular de sua superfície, a qual não pode ser rigorosamente descrita por uma expres- são matemática simples. Caso se desejasse levar em conta a forma exata da Terra, tanto a representação de sua superfície, como a resolução de medições efetuadas sobre ela, passari- am a ser bastante complicadas. Para facilitar o estudo e a representação da Terra é necessá- rio, então, assumir certas hipóteses simplificadoras quanto à sua forma, substituindo-a pela de uma figura geométrica cuja equação matemática seja fácil de resolver. Tais hipóteses não de- vem introduzir erros grosseiros nos cálculos e sua adoção vai depender do rigor desejado, ou requerido, ao estudo específico que se pretenda realizar. Como se sabe, cerca de 71% da superfície terrestre é líquida (Chow, 1964). Esse fato sugere a adoção de uma forma geométrica bem simples para representar a Terra, baseada em duas premissas: - o planeta estaria totalmente recoberto de água em equilíbrio dinâmico (isto é: a Terra te- ria movimentos, mas não ocorreriam marés, ventos, variações de pressão etc., capazes de perturbar o equilíbrio da superfície hídrica); - sobre a superfície líquida atuaria apenas a força de gravidade (resultante da força de atração gravitacional e da força centrífuga, esta decorrente do movimento de rotação). Nessas circunstâncias seria obtida uma figura geométrica denominada geóide que, in- tuitivamente, seria um corpo de revolução, ligeiramente achatado nos pólos, apresentando uma superfície lisa e perpendicular à direção da força de gravidade em todos os pontos. Uma refle- xão mais profunda, porém, iria mostrar que essa figura geométrica não teria uma forma tão simples como poderia parecer à primeira vista, já que a força gravitacional não teria as mesmas características em todos os pontos de sua superfície. De fato, mesmo que fossem levados em conta pontos eqüidistantes do eixo de rotação (onde a força centrífuga teria o mesmo módulo), a força de atração gravitacional poderia variar, pois a massa não é uniformemente distribuída no interior da Terra. Como conseqüência, o módulo da força de gravidade mudaria de ponto para ponto e sua direção não seria necessariamente radial, o que efetivamente ocorre (existem protuberâncias e reentrâncias na superfície definida pelo nível médio dos oceanos). Então, o METEOROLOGIA E CLIMATOLOGIA Mário Adelmo Varejão-Silva Versão digital 2 – Recife, 2006 2 geóide não constitui uma figura geométrica tão simples como inicialmente poderia parecer e isso dificulta sua adoção como forma fundamental para a Terra. Tendo em vista não ser fácil exprimir matematicamente a forma real da Terra, procurou- se interpolar um sólido que melhor se aproximasse dela. Em 1924, a União Internacional de Geodésia e Geofísica concluiu que a Terra poderia ser convenientemente representada por um certo elipsóide de revolução, que passou a ser designado como Elipsóide Internacional de Re- ferência (EIR). Características geométricas do EIR e algumas constantes físicas da Terra constam da Tabela I.1. As diferenças entre a Terra e o Elipsóide Internacional de Referência são insignificantes. Sua adoção é recomendada sempre que se queira obter resultados com grande precisão. O achatamento (f) de um elipsóide de revolução é definido como a razão: f = (a – b)/a (I.1.1) onde a e b representam, respectivamente, os semi-eixos equatorial e polar. Para o EIR f vale 1/297 (Tabela I.1), enquanto que as primeiras observações, realizadas por meio de satélites, já possibilitavam verificar que f = 1/298 para a Terra (Clark, 1973). A diferença é insignificante, mostrando que o Elipsóide Internacional de Referência pode ser utilizado, sem nenhum pro- blema, para representar a forma fundamental da Terra. O pequeno valor do achatamento da Terra permite, em primeira aproximação, admitir sua esfericidade para muitas aplicações, sem que isso conduza a erros apreciáveis. Por outro lado, verifica-se que a diferença de nível entre o cume da mais alta cordilheira (Monte Evereste, com cerca de 8,8 km) e o fundo do mais acentuado abismo oceânico (Fossa Challenger, com cerca de 11 km) representa, apenas, 0,32% do raio médio da Terra. Por isso, em muitas ques- tões de ordem prática, despreza-se, não apenas o achatamento polar do planeta, mas, igual- mente, a rugosidade natural de sua superfície, considerando-o uma perfeita esfera, com 6371 km de raio. Por essa mesma razão é comum o emprego da expressão "globo terrestre", para designar a forma da Terra. Também em primeira aproximação, a direção da força da gravidade é considerada radial. Essas hipóteses simplificadoras serão adotadas neste texto. 2. Pontos, linhas e planos de referência. A Terra possui um eixo de rotação (Fig. I.1), cujas extremidades constituem os pólos verdadeiros ou geográficos, Norte (N) e Sul (S). O plano perpendicular àquele eixo, que passa pelo seu centro, divide a Terra em dois hemisférios: o Hemisfério Norte ou Boreal e o Hemisfé- rio Sul ou Austral, contendo os respectivos pólos. Esse plano é denominado plano equatorial e sua interseção com a superfície do globo terrestre constitui uma circunferência: o equador (Fig. I.1). Planos paralelos ao do equador, que interceptem a superfície do globo terrestre, deter- minam circunferências de menor raio, chamadas paralelos. Finalmente, semiplanos perpendi- culares ao plano do equador e que tenham como limite o eixo terrestre, são ditos planos de meridiano. As interseções destes com a superfície do globo formam semicircunferências co- nhecidas como meridianos. Cada meridiano se inicia em um pólo e termina no outro (Fig. I.1). METEOROLOGIA E CLIMATOLOGIA Mário Adelmo Varejão-Silva