1 SANTO DOMINGO – CONCLUSÕES IV CONFERÊNCIA DO EPISCOPADO LATINO-AMERICANO NOVA EVANGELIZAÇÃO, PROMOÇÃO HUMANA E CULTURA CRISTÃ “Jesus Cristo ontem, hoje e sempre” (Hb 13,8) 7ª Edição Tradução oficial da CNBB 2 APRESENTAÇÃO Cumprimos com alegria o dever de transmitir o Documento de Santo Domingo ao Povo de Deus que peregrina na América Latina e no Caribe. Ele é fruto promissor da IV Conferência Geral do Episcopado Latino-americano, celebrada em outubro de 1992. Esta Conferência, convocada, inaugurada e presidida pelo San- to Padre João Paulo n, trabalhou em calorosa e profunda comunhão com o Vigário de Cristo, cujo Discurso inaugural constituiu ponto fundamental de referência e de convergência para os Pastores partici- pantes. Deve-se recordar que a IV Conferência se celebrou trinta e sete anos depois da Conferência do Rio de Janeiro, vinte e quatro depois da de Medellín e treze depois da de Puebla. Os Pastores reunidos em Santo Domingo recolhem e atualizam a rica herança do passado, em um momento ímpar: quando se recor- dam os primeiros quinhentos anos da evangelização do continente e quando se encerra um milênio cristão e se inicia outro. Também quando nossos povos, duramente golpeados por diversos problemas, esperam da Igreja uma palavra de esperança. O Documento de Santo Domingo quer ser uma palavra de espe- rança. Um instrumento eficaz para uma nova evangelização. Uma mensagem renovada de Jesus Cristo, fundamento da promoção huma- na e princípio de uma autêntica cultura cristã. As Conclusões de Santo Domingo não são fruto da improvisa- ção. É necessário lê-las à luz da tríplice temática assinalada pelo San- to Padre e no contexto de uma longa e fecunda preparação, consigna- da nas contribuições das Conferências episcopais e nos numerosos livros publicados pelo CELAM. Junto com as Conclusões de Santo Domingo, são aqui publica- dos outros importantes documentos: – O Discurso inaugural do Santo Padre e a carta que autoriza a publicarão do Documento. 3 – A mensagem da IV Conferência aos Povos da América Latina e do Caribe. – As mensagens do Papa aos Indígenas e aos Afro-americanos. Na revisão feita pela Santa Sé do texto entregue em Santo Do- mingo, introduziram-se apenas algumas correções de estilo e algumas breves modificações de redação para melhor esclarecer alguma ex- pressão. Eis, portanto, entregue às Conferências Episcopais e às Igrejas particulares de nossa América este novo instrumento pastoral, com os elementos para um plano global de evangelização. Nele poderão en- contrar os desafios e as linhas pastorais que mais respondam a suas exigências concretas. Que Maria, Mãe da Igreja e Rainha de nosso Continente, ilu- mine o caminho para uma nova evangelização que nossa América ora empreende; que ele se projete num maior compromisso pela promoção integral do homem e impregne com a luz do Evangelho as culturas dos povos latino-americanos. † NICOLAS DE JESUS CARDENAL LOPEZ RODRIGUEZ Arcebispo Metropolitano de Santo Domingo e Primaz da América Presidente do CELAM † JUAN JESUS CARDENAL POSADAS CAMPOS Arcebispo de Guadalajara Primeiro Vice-Presidente do CELAM † TÚLIO MANUEL CHIRTVELLA VARELA Arcebispo de Barquisimeto Segundo Vice-Presidente do CELAM † OSCAR ANDRES RODIGUEZ MARADIAGA, SBD Bispo Auxiliar de Tegucigalpa Presidente do Comitê Econômico do CELAM † RAYMUNDO DAMASCENO DE ASSIS Bispo Auxiliar de Brasília Secretário Geral do CELAM 4 Santafe de Bogotá, novembro de 1992 Festa de Jesus Cristo Rei do Universo Carta do Santo Padre aos Bispos Diocesanos da América Latina Aos Bispos Diocesanos da América Latina Por ocasião do V Centenário da evangelização da América, eu convoquei a IV Conferência Geral do Episcopado Latino-americano, a fim de estudar, à luz de Cristo, “o mesmo ontem, hoje e sempre” (Hb 13,8), os grandes temas da nova evangelização, a promoção humana e a cultura cristã. A Divina Providência deu-me o consolo de poder inaugurar pessoalmente esta Assembléia em Santo Domingo, no dia 12 de outu- bro passado. No dia 28 do mesmo mês, encerraram-se os trabalhos da Conferência, e os Presidentes da mesma fizeram-me chegar as Con- clusões que os Bispos presentes haviam elaborado. Com sumo agrado, pude comprovar a profunda solicitude pas- toral com que meus irmãos no Episcopado examinaram os temas que lhes propusera, para contribuir com o desenvolvimento da vida da Igreja na América Latina, voltados para o presente e o futuro. Os textos conclusivos da citada Conferência, cuja difusão auto- rizei, poderão orientar a partir de agora a ação pastoral de cada Bispo diocesano da América Latina. Cada Pastor diocesano, juntamente com os presbíteros, “seus cooperadores” (Lumen gentium, 28), e com os demais membros da Igreja particular que lhe foi confiada, fará o ne- cessário discernimento, para ver o que é mais útil e urgente na situa- ção particular de sua Diocese. Um amplo consenso dos Bispos das Igrejas particulares exis- tentes num mesmo País poderá também conduzir a fórmulas ou planos pastorais comuns, sempre respeitosos da identidade de cada Diocese e da autoridade pastoral que corresponde ao Bispo, centro visível de unidade e, ao mesmo tempo, seu vínculo hierárquico com o Sucessor de Pedro e com a Igreja universal (cf. Lumen gentium, 3). 5 Evidentemente, as Conclusões da Conferência de Santo Domin- go deverão ser analisadas à luz do magistério da Igreja Universal e deverão ser implementadas em fidelidade à disciplina canônica vigen- te. De minha parte, confio que a solicitude pastoral dos Bispos da América Latina leve todas as Igrejas particulares do continente a um renovado compromisso com a nova evangelização, a promoção huma- na e a cultura cristã. Que Jesus Cristo, Nosso Senhor, Evangelizador e Salvador, se- ja hoje, como ontem e como sempre, o centro da vida da Igreja. Que a Virgem Santíssima, que esteve sempre ao lado de seu Divino Filho, acompanhe os Pastores e fiéis em sua peregrinação para o Senhor. Vaticano, 10 de novembro de 1992, memória de S. Leão Mag- no, Papa e Doutor da Igreja. 6 DISCURSO INAUGURAL DO SANTO PADRE Queridos Irmãos no Episcopado, Amados Sacerdotes, Religiosos, Religiosas e Leigos 1. Sob a guia do Espírito Santo, a quem acabamos de invocar fervo- rosamente para que ilumine os trabalhos desta importante Assembléia eclesial, inauguramos esta IV Conferência Geral do Episcopado La- tino-Americano, pondo nossos olhos e nosso coração em Jesus Cristo, “o mesmo ontem, hoje e por toda a eternidade” (Hb 13,8). Ele é o Princípio e o Fim, o Alfa e o Ômega (Ap 21,6; cf. 1,8; 22,13), a ple- nitude da Evangelização, “o primeiro e o maior dos evangelizadores. Ele foi isso mesmo até o fim, até a perfeição, até ao sacrifício da sua vida terrena” (Evangelii nuntiandi, 7). Sentimos muito viva nesta celebração a presença de Jesus Cristo, Senhor da História. Em seu nome se reuniram os Bispos da América Latina nas Assembléias anteriores – Rio de Janeiro em 1955; Me- dellín em 1968; Puebla em 1979 –, e em Seu mesmo nome nos reuni- mos agora em Santo Domingo, para tratar o tema “Nova Evangeliza- ção, Promoção humana, Cultura cristã”, que engloba as grandes ques- tões que, de aqui para o futuro, deve enfrentar a Igreja diante das novas situações que emergem na América Latina e no mundo. Esta, queridos Irmãos, é uma hora de graça para todos nós e para a Igreja que peregrina na América. Na verdade, para a Igreja universal que nos acompanha com sua oração, com essa comunhão profunda de corações que o Espírito