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Violência contra as Mulheres em Salvador

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DISCIPLINA
LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTOS 
	
UNIDADE 6
Modos de organização textual de gêneros acadêmicos: Tipologias descritiva, narrativa e dissertativa. 
	CÓDIGO 
	CRÉDITOS 
04 
	TOTAL DE AULAS NO SEMESTRE
80h/a 
	OBJETIVOS
	
Confrontar textos de gêneros diferentes concernentes à sua área de conhecimento;
	CONTEÚDO
	Relatórios;
Resenhas; Saber diferençar um texto narrativo de um descritivo;
Reconhecer os elementos constitutivos do texto narrativo;
Reconhecer os elementos constitutivos do texto descritivo;
Elaborar textos narrativos e identificar suas características;
Elaborar textos descritivos e identificar suas características.
Textos de opinião;
Notícias publicadas em jornais.
	ESTRATÉGIA
	
Exposição visual de textos de gêneros textuais diferentes. 
	BIBLIOGRAFIA
	
ABREU, Antonio. S. Curso de redação. São Paulo: Ática, s/d.
CAMPEDELLI, Samira Youssef; BARBOSA, Jésus. Produção de texto e usos da linguagem. São Paulo: Ática, s/d.
CARNEIRO, Agostinho Dias. Redação em construção. São Paulo: Moderna, s/d.
SARMENTO, Leila Lauar. Oficina de redação. 3 ed. São Paulo: Moderna, 2006.
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UNIDADE 8 : Política e educação    
TEXTO I
VIOLÊNCIA CONTRA AS MULHERES GERA CADA VEZ MAIS INQUÉRITOS
	A violência contra a mulher vem encontrando menos tolerância em Salvador. Enquanto em 2001, apenas 46 homens foram indiciados em inquéritos pela prática de crimes contra as mulheres, em 2008 este número cresceu 1.034%, passando a 522 casos. Este ano, somente de janeiro até julho, o número já chega a 605 ocorrências. 
Três anos depois de a Lei Maria da Penha – que estipulou penas mais rigorosas para quem pratica violência doméstica contra as mulheres – ser promulgada, os dados da Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam) indicam um avanço na conquista dos direitos do sexo feminino. 
Apesar de ainda pequeno em relação à quantidade de ocorrências que chegam às especializadas todos os dias, as prisões em flagrante também só cresceram. No ano passado, agentes da Deam registraram 87 flagrantes, e este ano o número já é 107 só nos sete primeiros meses. 
Processo –  Até a aplicação da Justiça, de fato, ainda será necessário um longo percurso pela frente. Enquanto no ano passado a unidade especializada registrou 8.234 ocorrências, no mesmo período, apenas 6,18% desses acusados de violência praticadas contra mulheres tiveram as denúncias formalizadas na Justiça, passando de inquéritos a processos judiciais. 
São histórias como a de Beatriz*, 44 anos, que após ser espancada pela terceira vez pelo marido venceu o medo e foi para a Deam-Brotas. O companheiro de 48 anos a agrediu a pauladas depois de encontrá-la num bar em companhia de amigos. Revoltada com as frequentes agressões, a mulher tentou acabar com o relacionamento três vezes. “Ele já me fez passar muita vergonha, mas agora não vou permitir mais”, diz. 
Até a punição, no entanto, ela vai percorrer um longo e lento caminho. Foi o que avisou uma outra vítima sentada ao lado dela na sala de espera da Deam, anteontem pela manhã. 
“Prestei queixa contra meu marido em novembro do ano passado e a delegada marcou a audiência para o mês seguinte. Eu mesma tive de entregar a ocorrência. Até o juiz decretar a prisão dele, fui agredida quatro vezes”, explicou Sandra*, que registrava uma outra queixa de uma nova agressão praticada pelo ex-companheiro. 
“Quando o agressor responde em liberdade, podemos recorrer às medidas protetivas. Eles podem ser afastados da residência da vítima e, se não obedecerem, ela pode ser encaminhada ao serviço de proteção”, explicou a delegada Olveranda Oliveira, titular da Deam localizada em Periperi, unidade inaugurada ano passado, mas que somente este ano já instaurou 136 inquéritos. 
A Comissão dos Direitos da Mulher da Assembleia Legislativa realizou anteontem uma audiência pública para discutir o balanço da aplicação da Lei Maria da Penha desde o início de sua vigência, há três anos. Participaram do evento a promotora Sara Gama, a defensora pública Firmiane Venâncio, a delegada Cely Carlos (Deam-Brotas), a representante da Rede de Atenção à Mulher em Situação de Violência, Francisca Schiavo. 
Cidadã –  Inspiradora para a criação da legislação de defesa dos direitos das mulheres, a biofarmacêutica Maria da Penha Maia Fernandes – que lutou por mais de 20 anos pela prisão de seu agressor, responsável pela tentativa de homicídio a tiros que a deixou tetraplégica – na próxima segunda-feira recebe o título de cidadã baiana concedido pela comissão. Maria da Penha ministrará palestra na Faculdade Social da Bahia (FSBA), no dia 9 de setembro, às 18h30. Com o tema Direitos Humanos, Justiça e Paz Social, a biofarmacêutica vai contar sua história de sofrimento na busca por Justiça. 
Para denunciar casos de agressão à mulher: 
Disque Denúncia: 3235-0000
Central de Atendimento à Mulher: 180 
Defensoria Pública do Estado: 3331-3291 
Deam - Brotas: 71 3116-7000/ 7001 
Deam - Periperi: 71 3117-8217 
Deam - Candeias:  71 3601-3504/ 3031. 
	http://www.atarde.com.br/cidades/noticia.jsf?id=1202943=
TEXTO II
TEXTO III
INTERPRETAÇÃO ESCRITA
1. A partir do texto I, opine sobre a situação da mulher na sociedade brasileira.
2. Com base nos textos II e III, produza um parágrafo sobre os direitos da mulher. 
Conteúdo específico: 
Modos de organização textual de gêneros acadêmicos: Tipologias descritiva, narrativa e dissertativa.
 PROCESSOS DE ELABORAÇÃO DO TEXTO
Dependendo do tipo de texto que se queira produzir, o desenvolvimento dos parágrafos precisará atender a algumas características específicas. Há quatro tipos básicos de textos, amplamente utilizados em nosso dia-a-dia. Em linhas gerais, são eles:
 NARRAÇÃO: quando se deseja contar (ou relatar) um fato que tenha ocorrido;
 DESCRIÇÃO: quando se deseja mostrar os detalhes (ou características) que se referem a um lugar, objeto ou pessoa;
 DISSERTAÇÃO: quando se deseja apresentar uma noção, opinião ou idéia;
 ARGUMENTAÇÃO: quando se deseja defender um ponto de vista e tentar convencer outra pessoa.
Narrar, descrever, dissertar e argumentar são, portanto, os quatro processos fundamentais de redação que fazem parte da comunicação do dia-a-dia e, por isso, são muito utilizados na prática da escrita. Vejamos como isto se dá em termos práticos, através do exemplo que se segue:
Na rua onde você mora, realiza-se semanalmente uma feira. Você decide escrever sobre isso. Dependendo do enfoque que você queira dar ao seu texto, o processo de elaboração vai ter de ser diferente.
Se você quer mostrar ao leitor como é a feira (isto é, o que existe nela, que produtos são vendidos, como são as barracas, etc.), vai ter de recorrer à descrição;
Se você quer contar ao leitor algum fato que tenha acontecido na feira (vamos supor, um assalto, um desentendimento entre fregueses, etc.), terá de recorrer à narração;
Mas se você decidir analisar a presença da feira em sua rua de modo mais profundo e escrever sobre a importância da feira para sua comunidade (proporcionar o encontro entre os vizinhos, a aquisição de alimentos mais frescos e em conta, etc.), neste caso, teremos de recorrer à dissertação, para que você possa expor suas idéias;
Por fim, pode-se ainda abordar este tema sob um outro enfoque. Digamos que você deseja provar a superioridade da feira, enquanto atividade econômica, em relação às redes de supermercados, por exemplo. Neste caso, vai recorrer à argumentação, com o intuito de convencer o leitor de sua opinião.
Mas atenção: é difícil que um texto apresente apenas um destes processos de construção em sua elaboração. O mais comum é que eles coexistam, isto é, que um texto apresente dois ou mais destes processos simultaneamente. 
Há mais algumas características, sobre estes quatro tipos de textos, que podemos destacar:
Descrever é caracterizar. Ao descrever, você explicacom suas palavras o que percebeu de um fato ou objeto, buscando passar para o leitor, o mais fielmente possível, a visão que você teve do elemento que busca descrever. Portanto, o texto descritivo costuma fazer uso constante da adjetivação, para enriquecer os detalhes e ajudar a compor os cenários e/ou personagens;
Narrar é contar. Ao narrar, você conta um fato acontecido, com quem aconteceu, onde, quando, como, por quê, etc. Por dar ênfase às ações ocorridas, na narração é constante o uso de verbos, notadamente os de ação;
Dissertar é dar sua opinião sobre um fato ou tema. Neste caso, o autor deve procurar desenvolver uma idéia central, explicando seus pontos de vista, propondo novos aspectos ao tema central, até chegar ao seu principal objetivo, ou seja, concluir de modo claro e coerente seu pensamento;
Argumentar é defender um ponto de vista, buscando convencer o leitor a assumi-lo também. É nesse aspecto de sedução do leitor que consiste a diferença básica entre textos dissertativos e argumentativos. Bons exemplos de textos argumentativos são os discursos políticos, em que se busca aliciar o leitor ou ouvinte para que assuma determinada posição ideológica.
QUESTÃO:
Ao responder a questão 1, você escreveu um texto de qual tipo? Justifique.
Transforme o texto III em uma narrativa curta. Dê vida à personagem, diga suas ações diárias, seus sentimentos, em consonância com o não verbal.
ELEMENTOS DA NARRATIVA
Vamos ler o texto que se segue:
O PADEIRO
Levanto cedo, faço minhas abluções, ponho a chaleira no fogo para fazer café e abro a porta do apartamento - mas não encontro o pão costumeiro. No mesmo instante me lembro de ter lido alguma coisa nos jornais da véspera sobre a “greve do pão dormido”. De resto não é bem uma greve, é um lock-out, greve dos patrões; que suspenderam o trabalho noturno; acham que obrigando o povo a tomar seu café da manhã com pão dormido conseguirão não sei bem o quê do governo.
Está bem. Tomo o meu café com pão dormido, que não é tão ruim assim. E enquanto tomo café vou me lembrando de um homem modesto que conheci antigamente. Quando vinha deixar o pão à porta do apartamento ele apertava a campainha, mas, para não incomodar os moradores, avisava gritando:
- Não é ninguém, é o padeiro!
Interroguei-o uma vez: como tivera a idéia de gritar aquilo?
“Então você não é ninguém?”
Ele abriu um sorriso largo. Explicou que aprendera aquilo de ouvido. Muitas vezes lhe acontecera bater a campainha de uma casa e ser atendido por uma empregada ou outra pessoa qualquer, e ouvir uma voz que vinha lá de dentro perguntando quem era; e ouvir a pessoa que o atendera dizer para dentro: “não é ninguém, não senhora, é o padeiro”. Assim ficara sabendo que não era ninguém. . .
Ele me contou isso sem mágoa nenhuma, e se despediu ainda sorrindo. Eu não quis detê-lo para explicar que estava falando com um colega, ainda que menos importante. Naquele tempo eu também, como os padeiros, fazia o trabalho noturno. Era pela madrugada que deixava a redação de jornal, quase sempre depois de uma passagem pela oficina - e muitas vezes saía de lá levando na mão um dos primeiro exemplares rodados, o jornal ainda quentinho da máquina, como pão saído do forno.
Ah, eu era rapaz, eu era rapaz naquele tempo! E às vezes me julgava importante porque no jornal que levava para casa, além de reportagens ou notas que eu escrevera sem assinar, ia uma crônica ou artigo com meu nome. O jornal e o pão estariam bem cedinho na porta de cada lar; e dentro do meu coração eu recebi a lição de humildade daquele homem entre todos útil e entre todos alegre: “não é ninguém, é o padeiro!”
E assobiava pelas escadas.
(BRAGA, Rubem. In: Para gostar de ler, Vol. 1, Ática, São Paulo, 1977)
Como você deve ter observado através da leitura do texto, os acontecimentos são contados por alguém: o narrador. Na história, aparecem as personagens envolvidas em fatos que se desenrolam em certo tempo e em determinado espaço. São esses elementos que caracterizam a narrativa.
O narrador relata episódios imaginados ou presenciados por ele ou, até mesmo, dos quais tenha participado. Quando se dispõe a contar uma história, já tem em mente a idéia-chave, que é a base da narrativa. Para que a narrativa tenha qualidades, o assunto deve ser relatado de forma original e despertar no leitor interesse pelo desenrolar da história. A linguagem deve ser simples, clara, correta. A história deve ser verossímil, ou melhor, deve dar ao leitor a “impressão” de que pode, de fato, acontecer.
Os principais elementos da narrativa são:
a. ENREDO: o enredo ou trama é formado pelos fatos que se desenrolam durante a narrativa. Não é suficiente tirar os fatos da realidade e passá-los para o papel; é preciso selecioná-los. Só deve fazer parte da narrativa o que é importante para o desenvolvimento da história.
b. PERSONAGENS: os fatos envolvem personagens. É de acordo com ações, comportamento e características das personagens que a história se desenvolve. Por isso elas são elementos fundamentais da narrativa.
c. ESPAÇO: os fatos acontecem em um determinado ambiente, o espaço. Ele pode funcionar como pano de fundo para a história ou até como expressão do estado de espírito das personagens, dependendo do tipo de tratamento que o autor dá à narrativa.
d. TEMPO: o narrador conta fatos que ocorrem em determinado intervalo de tempo - elemento que indica quando ocorrem as ações das personagens. No texto que lemos, estão presentes duas formas de tempo:
cronológico - espaço de tempo real em que a personagem realiza suas ações. Os verbos aparecem no presente: “Levanto cedo, faço minhas abluções, ponho a chaleira no fogo (...) e abro a porta.”
psicológico - é o que aparece em momentos da narrativa que não correspondem a ações efetivas das personagens, mas a lembranças, devaneios, sonhos, etc. Os verbos não aparecem no presente, já que as ações não estão sendo realizadas naquele momento. Nesse texto que lemos, quando o narrador se lembra da história do padeiro, os verbos aparecem no pretérito: “E enquanto tomo café vou me lembrando de um homem modesto que conheci antigamente. (...) Ele abriu um sorriso largo. Explicou que aprendera aquilo de ouvido.”
EXERCÍCIOS
1. Elabore uma narrativa sobre uma cena de rua. Seguem alguns tópicos, para ajudar a organizar as suas idéias. Mas atenção: o texto é seu. Novos tópicos são muito bem-vindos.
 como é o início da história?
 o tema sugere o espaço da narrativa; determine o lugar da rua;
 como está o ambiente? Chuvoso, ensolarado, nublado?
 que personagens participam da trama? O que fazem?
 o cenário exerce alguma influência no comportamento delas? De que forma?
 observe o tempo da narrativa: utilizando o tempo cronológico, indique quando ocorreu o fato narrado e a seqüência em que se desenvolveram as ações; se possível, insira um momento em que seja empregado o tempo psicológico.
PARTE 2: 
RESENHA E RELATÓRIO: gêneros acadêmicos
TEXTO I
Burguesinha, burguesinha, burguesinha, burguesinha
Marcelo Spalding. Digestivo Cultural, em 06/03/2009.
	Quem esteve na praia, quem pulou carnaval ou deixou o rádio sintonizado nas FMs da hora, certamente ouviu neste verão a música 3 do mais recente CD de Seu Jorge, "Burguesinha". Sambinha gostoso, com sonoridade muito semelhante ao seu sucesso anterior, "Carolina", tornou-se em pouco tempo hit do verão. 
	Hits do verão, aliás, costumam nos deixar de cabelos em pé. Quem não lembra do Netinho, do É o Tchan, do Terra Samba? Ou da terrível "Hoje é festa lá no meu Apê", do glorioso Latino? Músicas cantadas ou dançadas por pseudocelebridades, não por músicos, e com letras rasas e apelativas, apesar do tom infantil de termos como bundalelê (para mim, nada mais, nada menos que orgia, bacanal). Pois é por isso mesmo que ouvi com certa surpresa e até alegria o povo todo cantarolando e se rebolando com "Burguesinha" nas festas mais populares aqui do nosso litoral gaúcho.A música faz parte do quarto CD solo de Seu Jorge, América Brasil, composto de onze faixas de muito samba rock e que tem recebido algumas críticas dos entendidos de música. O jornalista carioca Mauro Ferreira, por exemplo, acha que o CD "pouco oferece além das levadas, com versos-clichês sobre a falta de dinheiro e o duro cotidiano do povo brasileiro". O próprio Seu Jorge teria dito que se trata de um disco doméstico, para tocar no churrasco, no computador. Mas como não pretendo comparar Seu Jorge com ele mesmo, e sim Seu Jorge com hits de verões passados, me parece que há espaço para certo otimismo. 
	Em apenas 16 versos, quatro estrofes, sem contar o refrão, a letra da música composta por Seu Jorge, Gabriel Moura e Pretinho da Serrinha esbanja ironia, não a ironia cáustica de um Machado de Assis, mas a ironia acomodada e "boa praça" do samba, da bossa nova. Ao mesmo tempo em que saúda a burguesinha, um filé de moça, critica com certa veemência o capricho das nossas elites, sempre virada de costas para a realidade da população em geral, lembrando que a população não apenas não come croissant como sequer saca dinheiro, sequer faz o cabelo, espremida entre a rotina estafante e a falta de dinheiro. No refrão, a repetição da palavra burguesinha soa como a repetição de uma condição, a burguesinha sempre será burguesinha, geração a geração terá seus caprichos satisfeitos. O que muda, de tempos em tempos, é o objeto do capricho, sendo hoje croissant ou suquinho de maçã; ontem, passeio de moto; no tempo da minha avó, meias de nylon.
	É possível, admito, que as meninas de salto alto que rebolavam ao som da música na beira de uma rica praia aqui do Sul não tenham percebido essa ironia ou, até mais provável, se orgulhem de comer filé, suquinho de maçã, malhar todos os dias e ir pra casa de praia no fim de semana. Ocorre que essa geração, a minha geração, não tem lá muitas ilusões ideológicas e antes de se envergonhar pelo rótulo de "burguesa", envergonhar-se-ia com o rótulo de "trabalhadora", pois é uma geração contaminada pela lógica fácil do individualismo e seduzida pelas promessas de felicidade capitalista. 
	Nesse sentido, "Burguesinha" celebra o bem viver, o american way of life, sintetizando em alguns ícones o que marca a pequena burguesia, essa necessidade de mostrar-se diferenciada, consumir o que há de melhor, estar na moda, malhada, o que a torna quase um hino debochado daqueles que perseguem exatamente esse modo de vida. Mas o faz ambiguamente, e aí a beleza de qualquer arte, pois narra do ponto de vista da própria classe favorecida, estratégia formal que um crítico, falando sobre Brás Cubas, chama de "delação de classe": é evidente que se a música adota o ponto de vista da burguesinha é para ironizar sua superficialidade, revelar sua pobreza intelectual ― ainda que ironize e revele sem acusar, sem protestar ― e não realmente bajular aquelas que enfeitam os calçadões. Decerto se comparada a outros hits de abordagem social, como algumas canções do Chico, do Legião Urbana, dos Titãs, a música parecerá própria a um passageiro hit de verão, pois tira de uma problemática profunda meia dúzia de situações, não proporcionando reflexão ou crítica. Não chega perto de um "Marvin" ou de um "Faroeste Caboclo", e nem se fale de "Gente Humilde", "Saudosa Maloca", mas talvez seja o máximo que uma canção que se quer mercadológica consiga fazer nos tempos de hoje, quando política virou motivo de chacota da imprensa e Marx uma personagem restrita aos livros de história. Não por acaso o melhor Chico de hoje está nos romances, o funk desceu os morros só com o lado chulo, o cinema transformou a história de Olga numa história de amor. Curioso é uma música dessas ser acolhida pela própria "burguesia" como seu hit de verão, tocar em caras festas de carnaval, sofisticados luaus à beira mar, festivais adolescentes, carros importados. Alguns mais otimistas dirão que é fruto de uma gradual tomada de consciência, o que pode ser um pouco verdade, mas pode apostar que verão que vem, ou no outro, volta um hit da Kelly Key, do Leonardo, do Latino. E cantaremos sem culpa tal qual a neta do Gerdau há de estar cantarolando "burguesinha, burguesinha, burguesinha, burguesinha"...
TEXTO II
Burguesinha
Seu Jorge
Composição: Seu Jorge / Gabriel Moura / Pretinho da Serrinha
Vai no cabeleireiro
No esteticista
Malha o dia inteiro
Pinta de artista
Saca dinheiro
Vai de motorista
Com seu carro esporte
Vai zoar na pista
Final de semana
Na casa de praia
Só gastando grana
Na maior gandaia
Vai pra balada
Dança bate estaca
Com a sua tribo
Até de madrugada
Burguesinha, burguesinha
Burguesinha, burguesinha
Burguesinha
Só no filé
Burguesinha, burguesinha
Burguesinha, burguesinha
Burguesinha
Tem o que quer
Burguesinha, burguesinha
Burguesinha, burguesinha
Burguesinha
Do croissant
Burguesinha, burguesinha
Burguesinha, burguesinha
Burguesinha
Suquinho de maçã
1.Caracterize a linguagem adotada pelo autor da resenha sobre a música de Seu Jorge.
2. Você compartilha da opinião do autor da resenha, quanto à diferença existente entre “Burguesinha” e outros sucessos de carnaval? Justifique sua posição utilizando fragmentos dos textos I e II. 
Oficina de Produção
Resenha:
Leia as propostas a seguir e escolha uma delas.
1ª Proposta.
Leia esta resenha.
RESENHA DE FILME
QUESTÃO
A partir dessas leituras, desenvolva uma resenha crítica analisando os pontos positivos e negativos de um livro ou filme. Observe a estrutura das resenhas Iidas. 
2ª proposta 
Você deve conhecer várias letras de música. Escolha uma delas de que você goste multo, ou uma letra em cuja composição você já percebeu falhas 
	Agora siga estas instruções. 	. 
- Definida sua escolha, faça uma introdução ao assunto e descreva o livro ou filme. Se você optou pela segunda proposta, transcreva a letra de música Em seguida avalie os aspectos do objeto de sua resenha e conclua com um pare​cer pessoal, expondo seu ponto de vista. 
- Lembre-se de pôr título na resenha e de adaptar a linguagem ao público leitor. Empregue a 3ª pessoa. 
- Troque seu texto com um colega e avalie o conteúdo e a estrutura da rese​nha. Verifique se houve a descrição e a avaliação do objeto cultural se foram apresentados os pontos positivos e negativos, se o ponto de vista e os argumentos estão persuasivos e claros. 
- Reescreva o seu texto, se for necessário. Se você for sorteado, leia-o para os colegas e troque idéias sobre a resenha. 
RELATÓRIO
Relatório é um gênero textual em que se expõem os resultados de atividades variadas.
Exemplos
Parte I:
Relatório:
O relatório é um documento em que são registrados os resultados de uma experiência, um procedimento ou uma ocorrência. É usado tanto no setor público como no privado. Veja algumas situações em que pode ser usado: um gerente de banco pode apresentar a seu superior um relatório com o número de contas correntes abertas e fechadas no mês, empréstimos concedidos, etc.; um grupo de pesquisadores pode apresentar ao laborató​rio que os emprega um relatório com os resultados dos experimentos sobre um novo remédio; e uma comissão de parlamentares designados para in​vestigar uma denúncia de corrupção pode apresentar um relatório com suas conclusões. 
Normalmente, o relatório apresenta as seguintes partes: 
Título: objetivo e sintético. 
De: designa o remetente. 
Para: refere-se ao destinatário. 
Assunto: apresenta o objetivo do trabalho. 
Referências: fontes de consulta. 
Texto principal: desenvolvimento do relatório. 
Conclusões: resumo, resultados, constatações, sugestões. 
Pode haver também um vocativo, no início, e local e data, no início ou no final. Também a assinatura e o cargo do remetente podem ser colocados depois do fecho. A linguagem deve ser clara, objetiva e concisa e, em ge​ral, segue a variedade padrão formal. Para complementar o texto é possível acrescentar gráfico, tabela, quadro informativo,descrições, relatos de fatos ou dados numéricos. 
Veja estes exemplos. 
Texto 1: (relatório de atividade acadêmica)
A visão de Dom Casmurro
De: FULANO/GRUPO 1
Para: PROFESSOR DE LEITURA II
Objeto: Leitura do livro Dom Casmurro 
Referência: ASSIS, Machado de. Dom Casmurro. São Paulo, Klick, 1997.
http://www.portrasdasletras.com.br/pdtl2/sub.php?op=resumos/docs/casmurro.
Texto Principal (Resumo do enredo do romance):
O livro foi publicado em 1900 e é um dos romances mais conhecidos de Machado de Assis. O personagem principal, Bentinho, é destinado à vida sacerdotal em cumprimento a uma antiga promessa de sua mãe. No entanto, não permanece no seminário, pois não se sente atraído pelos rituais católicos. Bentinho se apaixona por uma jovem, Capitu, e com ela se casa e tem um filho - Ezequiel. Esta criança traz problemas futuros ao casal, já que, com a morte do seu melhor amigo, Escobar, e com a forma estranha de Capitu despedir-se dele somados à aparência física de Ezequiel com o defunto, Bentinho sente-se cada vez mais enciumado. Chega ao ponto de planejar o assassinato de Capitu e seu filho (depois se suicidaria), mas não tem coragem de concretizar o plano. A tragédia dilui-se na separação do casal. Ao final do livro, Bentinho parece fechar-se cada vez mais em suas dúvidas, passando a ser chamado de Casmurro por seus amigos e vizinhos. Põe-se, então, a escrever um romance sobre sua vida.
Conclusão: Depreendemos a partir desta leitura que esta obra trabalha com a psicologia do ser humano, além de revelar uma outra visão da mulher, não aquela vista na sociedade ( semelhante a um anjo), mas à que tem tendências parecidas com as do homem daquela sociedade novecentista. Há algo ainda a acrescentar: não se pode afirmar, apenas na experiência de Bentinho, que Capitu realmente o traiu, cabendo ao leitor a sua condenação ou a sua absolvição. 
Proposta de Produção:
Elabore um relatório sobre uma destas atividades. 
Uma ocorrência importante na Universidade. 
Uma atividade cultural como visita a museu; apreciação de peça teatral etc. 
Um acontecimento que considere importante e que possa ser registrado em um relatório. 
Qualquer que seja a proposta escolhida, siga as instruções abaixo:
Empreguem a variedade padrão da língua e não se esqueçam de que o texto deve ser objetivo e a linguagem clara e concisa. 
Se necessário e/ou possível, acrescentem gráficos, tabelas, imagens ou algum outro texto complementar. 
Releiam o relatório e alterem o que for necessário; avaliem se foram colocados o título, o remetente, o destinatário, o assunto, as referências; se o conteúdo do texto está completo e se há conclusão. Verifiquem se é necessário colocar o vocativo, o local e a data, e lembrem-se da assinatura dos remetentes. 
CENTRO UNIVERSITÁRIO AUGUSTO MOTTA
PRÓ-REITORIA DE ENSINO
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