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Leitura I Aula 2

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CENTRO UNIVERSITÁRIO AUGUSTO MOTTA
PRÓ-REITORIA DE ENSINO 
	DISCIPLINA
LEITURA, INTERPRETAÇÃO E PRODUÇÃO DE TEXTOS I
	Aula 2
LÍNGUA/ LINGUAGEM/ VARIAÇÃO LINGUÍSTICA
	CÓDIGO 
 GINS0003 
	CRÉDITOS 
03 
	TOTAL DE AULAS NO SEMESTRE 
60h/a 
	OBJETIVOS
	
Conceituar Língua e linguagem 
Refletir sobre a variação lingüística.
	CONTEÚDO
	
 Língua e Linguagem. Variação lingüística. A unidade lingüística no cotidiano comunicativo. 
A norma considerada padrão e sociedade. 
	ESTRATÉGIA
	
 Apresentação de textos que explorem gírias, neologismos, arcaísmos, estrangeirismos, termos técnicos, latinismos; apresentação de textos falados ou escritos de diferentes regiões do Brasil.
	BIBLIOGRAFIA MÌNIMA
	
ABREU, Antônio Suárez.Curso de redação. São Paulo: Ática, 2005
BECHARA, Evanildo. Gramática escolar da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Lucerna, 2002.
CEREJA, William Roberto ; MAGALHÃES, Thereza Cochar. Gramática reflexiva: texto, semântica e interação. São Paulo: Atual, 2005.
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Linguagem e língua 
(texto adaptado)
Na origem de toda a atividade comunicativa do ser humano está a lingua​gem, que é a capacidade de se comunicar por meio de uma língua. Língua é um sistema de signos conven​cionais usados pelos membros de uma mesma comunidade. Em outras palavras: um grupo social convenciona e utiliza um conjunto organizado de elementos representativos. (...)
Individualmente, cada pessoa pode utilizar a língua de seu grupo social de uma maneira particular, personalizada, desenvolvendo assim a fala. Observe: você, ao falar ou escrever, dá preferência a determinadas palavras ou construções, seja por hábito, seja por opção consciente. Esse seu modo particular de empre​gar a língua portuguesa é a sua fala (...) Por mais original e criativa que seja, no entanto, sua fala deve estar contida no conjunto mais amplo que é a língua portuguesa; caso contrário, você estará deixando de empregar a nossa língua e não será mais compreendido pêlos membros da nossa comunidade. Note, pois, que língua é um conceito amplo e elástico, capaz de abarcar todas as manifestações individuais, todas as falas.
Estudar a língua portuguesa é tornar-se apto a utilizá-la com eficiência na produção e interpretação dos textos com que se organiza nossa vida social. Por meio desse estudo, amplia-se o exercício de nossa sociabilidade — e, conseqüentemente, de nossa cidadania, que passa a ser mais lúcida. Ampliam-se também as possibilidades de fruição dos textos, seja pelo simples prazer de saber produzi-los de forma bem feita, seja pela leitura mais sensível e inteligente dos textos lite​rários. Conhecer bem a língua em que se vive e pensa é investir no ser humano que você é.
INFANTE, Ulisses, Do Texto ao Texto: curso prático de redação e leitura – São Paulo : Scipione, 1998, p.28,29.
Língua e identidade
	Além de ser um meio de interação social, a língua também é uma forma de identidade cultural e grupal.
	Falar a mesma língua de outra pessoa geralmente equivale a ter com elas muitas coisas em comum: referências culturais, esportivas, musicais, hábitos alimentares, etc. A língua é, portanto, um elemento importante na definição da identidade de um povo ou de um grupo social. 
	 Mas não é só isso. Além de nossa identidade social, a língua revela também muito do que somos individualmente. Ela mostra nossa agressividade, afetividade, formalidade, gentileza, educação, etc.
A tira abaixo é um exemplo de como a língua cria uma identidade grupal.
Em que consiste o humor da tira ?
Considerando-se o perfil dos interlocutores e o lugar em que ocorre a interação verbal (“esquina maldita”), a variedade lingüística empregada pelos interlocutores é adequada à situação? Justifique sua resposta.
Variedades lingüísticas
	Empregada por tão grande quantidade de indivíduos, em situações tão diferentes e a todo momento, é de se esperar que a língua não se apresenta estática. Ou seja, condicionantes sociais, regionais e as diversas situações em que se realiza determinam a ocorrência de variações em uma língua.
	Dino Preti subordina o estudo das variedades lingüísticas a dois amplos campos:
Variedades geográficas:
. Falares regionais ou dialetos
. Linguagem urbana x linguagem rural
Variedades socioculturais:
. Variedades devidas ao falante
- Dialetos sociais
- Grau de escolaridade, profissão, idade, sexo, etc.
. Variedades devidas à situação:
- Níveis de fala ou registros (formal/coloquial)
- Tema, ambiente, intimidade ou não entre os falantes, estado emocional do falante.
Variedades geográficas:
O anúncio faz um trocadilho entre “bichas” (filas), marca típica da sociedade urbana e burocratizada, e “bichos”, símbolo de natureza e vida natural. O texto, no entanto, talvez soe estranho ao falante da língua portuguesa que mora no Brasil. Para nós, as pessoas formam filas (e não bichas) quando aguardam sua vez de serem atendidas em um banco, em uma bilheteria de cinema, etc.
Pode-se perceber facilmente que a maneira como o português pe empregado no Brasil e em Portugal não é exatamente a mesma, assim como também é diferente nas regiões geográficas brasileiras e até numa mesma região. Tomemos como exemplo o Sudeste: os falares de Minas Gerais e do Rio de Janeiro apresentam suas peculiaridades e distinções.
Do mesmo modo, as regiões urbanas e as regiões rurais também possuem vocabulário e pronúncia diferentes, bem como expressões típicas.
Portanto, há variações na língua condicionadas a aspectos geográficos.
Variedades socioculturais
Variedades devidas ao falante
Grupos culturais
Uma pessoa que conhece a língua que emprega apenas “de ouvido”, que não teve a oportunidade de tomar conhecimento das regras internas que a compõem, domina essa língua de cujas realizações participa de forma diversa de uma pessoa que tem contato com esse código lingüístico por meio de livros, periódicos, dicionários ou ainda por intermédio da convivência com pessoas de boa formação intelectual.
Atenção: Não se quer dizer que um fale melhor ou pior que o outro. Deseja-se apenas registrar o fato de que a formação escolar de um indivíduo, por exemplo, suas atividades profissionais, seu nível cultural podem determinar um domínio diferente da língua.
Cada classe social – econômica mas sobretudo culturalmente falando – emprega a língua de uma maneira especial.
O jargão (uma variação social)
Observe os diversos grupos profissionais: cada um deles faz uso de um
determinado vocabulário e expressões que são típicos do seu trabalho. O jargão – essa linguagem técnica que alguns profissionais dominam – é empregado por um grupo restrito e muitas vezes é inacessível a outros falantes da língua.
	Se pensarmos , por exemplo, na linguagem da economia, da informática... Quantos de nós estamos preparados para entendê-las?
Variedades devidas à situação:
	O humor da tira é determinado pelo “excesso de informalidade” por parte do namorado que acaba de ser apresentado aos pais da garota.
	Como uma norma de boa educação, espera-se que a pessoa estranha seja gentil, dirija-se aos donos da casa com respeito e manifeste alguma cerimônia, com um pedido de licença. Cabe à pessoa visitada dispensar as formalidades e fazer com que o estranho se sinta bem. 
Nesse caso, observe que o namorado nem mesmo cumprimenta a garota e se dirige aos pais dela com tanta grosseria que Hagar toma uma posição “defensiva”, ameaçando o rapaz com um machado.
A ilustração nos mostra o emprego de uma linguagem pouco adequada à situação que envolve as personagens.
Analisando nossa própria maneira de falar, cada um de nós é capaz de perceber que dominamos várias “línguas”, ou seja, temos várias maneiras de “registrar” a língua. A cada momento fazemos uso de um desses registros.
Observe: uma criança de dois anos, quando cai, pode dizer que machucou o bumbum. Sua mãe, ao agradá-la,pergunta: “O nenê machucou a bundinha?”. Ocorrendo um problema mais grave, ao levá-la ao médico, os pais provavelmente diriam que o problema é nas nádegas. E o médico? Bem, ele poderia anotar que a dor é na região glútea..
Veja que todas essas expressões são de nosso conhecimento e sabemos, quase intuitivamente, qual é o momento mais adequado para empregar uma ou outra.
A variação de maior prestígio: A norma padrão
Falamos genericamente sobre variações da linguagem, mas seria conveniente destacar ao menos três delas: a linguagem coloquial, a norma culta e a linguagem literária.
Linguagem coloquial ou norma popular
É a linguagem que empregamos em nosso cotidiano, em situações sem formalidade, com interlocutores que consideramos “iguais” a nós no que diz respeito ao domínio da língua.
Na linguagem coloquial, não há preocupação no tocante a um falar “certo” ou “errado”, uma vez que não nos sentimos pressionados pela necessidade de usar regras e damos prioridade à expressividade, à transmissão da informação por si.
“Os princípios da norma popular compõem uma verdadeira gramática popular e implicam uma simplificação considerável da gramática culta, num uso muito grande de elementos afetivos, numa pronúncia menos cuidada, num abundante vocabulário gírio e outros elementos afetivos da língua e, em geral, revelam uma menor dose de reflexão na escolha das formas lingüísticas pelo usuário”.
Dino Preti
Norma culta ou norma padrão
Se há tantas variações de uma língua, qual delas é a ensinada na escola? Por que essa e na as demais? “Quem” faz essa escolha?
	Essas perguntas apenas refletem um fato: de todas as variações, uma tem mais prestígio que as demais e acaba por ser escolhida como padrão a todos os falantes.
“Dialeto padrão: também chamado norma padrão culta, ou, simplesmente norma culta, é o dialeto a que se atribui, em determinado contexto social, maior prestígio; é considerado o modelo – daí a designação de padrão, de norma – segundo o qual se avaliam os demais dialetos. É o dialeto falado pelas classes sociais privilegiadas, particularmente em situações de maior formalidade, usado nos meios de comunicação de massa (jornais, revistas, noticiários de televisão, etc.), ensinado na escola, e codificado nas gramáticas escolares (por isso, é corrente a falsa idéia de que só o dialeto padrão pode ter uma gramática, quando qualquer variedade linguística pode ter a sua). É ainda, fundamentalmente, o dialeto usado quando se escreve (há naturalmente, diferenças formais, que decorrem das condições específicas de produção da língua escrita, por exemplo, de sua descontextualização. Excetuadas diferenças de pronúncia e pequenas diferenças de vocabulário, o dialeto padrão sobrepõe-se aos dialetos regionais, e é o mesmo, em toda a extensão do país”
Magda Soares
Regionalismos
	O Brasil é um país de dimensões continentais e mesmo assim ainda possui uma língua única. Além de contribuir para uma grande diversidade nos hábitos culturais, religiosos, políticos e artísticos, a influência de várias culturas deixou na língua portuguesa marcas que acentuam a riqueza de vocabulário e de pronúncia.
	É importante destacar que as diferenças na nossa língua não constituem erro, mas são conseqüências das marcas deixadas por outros idiomas que entraram na formação do português brasileiro. Entre esses idiomas estão os indígenas e africanos, além dos europeus, como o francês e o italiano.
	A influência desses elementos, presentes com maior ou menor intensidade em cada região do país, aliada ao desenvolvimento histórico peculiar de cada lugar, fez com que surgissem regionalismos, isto é, expressões típicas de determinada região. Essa variedade lingüística pode se manifestar na construção sintática – por exemplo, em algumas regiões se diz sei, não, em outras não sei -, mas a grande maioria dos regionalismos ocorre no vocabulário.
	Assim, um mesmo objeto pode ser nomeado por palavras, diversas, conforme a região. Por exemplo: no Rio Grande do Sul, a pipa ou papagaio se chama pandorga; o semáforo pode ser designado por farol em São Paulo, e sinal ou sinaleiro no Rio de Janeiro.
	Na culinária também há variados exemplos: a) Nordeste: macaxeira, Sul: aipim, Norte: uaipi ou maniva, Sudeste: mandioca; B) Sudeste: abóbora ou moranga, Nordeste: gerimum ou quibebe; C) Sudeste: mexerica ou tangerina, Sul: bergamota.
	
Gíria
	A gíria é uma das variedades que uma língua pode apresentar. Quase sempre é criada por um grupo social, como os dos fãs de rap, de funk, de heavy metal, o dos surfistas, dos skatistas, dos grafiteiros, dos bikers, etc. Quando restrita a uma profissão, a gíria é chamada de jargão. É o caso do jargão dos jornalistas, dos médicos, dos dentistas e outras profissões.
Leia os textos a seguir:
Texto 1: Leia este anúncio:
1. O anúncio tem a finalidade de promover um aparelho de som de determinada marca. Para isso, simula a situação de uma pessoa que faz um pedido a Papai Noel.
a. Que tipo de texto é enviado a Papai Noel?
b. Quem você imagina que seja o locutor desse texto? Por quê?
2. A linguagem pode indicar tanto o grupo social a que pertence o locutor quanto o grau de intimidade existente entre os interlocutores. Observe a linguagem empregada no texto:
a. O locutor do texto trata Papai Noel de modo formal ou informal? Justifique sua resposta com algumas expressões do texto.
B. Identifique palavras ou expressões que façam parte da gíria dos adolescentes.
c. Em certo trecho, o locutor trata o interlocutor de modo respeitoso, provavelmente por causa da idade do Papai Noel. Identifique a expressão que revela esse tratamento.
3. É comum, na linguagem oral, buscarmos formas simplificadas, mais curtas, que podem ser pronunciadas em menos tempo. Daí haver o fenômeno de certas palavras serem reduzidas, como, por exemplo, cê, usada em lugar de você; moto, em lugar de motocicleta. Identifique, no texto, três exemplos de formas reduzidas, típicas da linguagem oral.
4. Para convencer Papai Noel a lhe dar o aparelho de som, o locutor usa um argumento, isto é, uma justificativa ou explicação. Qual é esse argumento?
5. Pense agora na situação de produção do anúncio. Ele foi publicado às vésperas do Natal em uma revista de circulação nacional, lida geralmente por pessoas adultas, da classe média, com bom poder aquisitivo. Os textos dessa revista são predominantemente escritos na variedade padrão.
a. Na verdade, quem são os leitores que o anúncio tem em vista: os adolescentes ou os pais dos adolescentes?
b. Troque idéias com os colegas: Considerando-se a intencionalidade do anúncio, por que, então, o texto faz uso de uma variedade lingüística não padrão?
TEXTO 2
Assaltantes Regionais
ASSALTANTE BAIANO: 
Ô meu rei... (pausa) 
Isso é um assalto... (longa pausa) 
Levanta os braços, mas não se avexe não...(outra pausa) 
Se num quiser nem precisa levantar, pra num ficar cansado.... 
Vai passando a grana, bem devagarinho (pausa pra pausa) 
Num repara se o berro está sem bala, mas é pra não ficar muito 
pesado. 
Não esquenta, meu irmãozinho,(pausa) 
Vou deixar teus documentos na encruzilhada. 
 
ASSALTANTE MINEIRO: 
Ô sô, prestenção 
Issé um assarto, uai. 
Levantus braço e fica ketin quié mió procê. 
Esse trem na minha mão tá chein de bala... 
Mió passá logo os trocados que eu num tô bão hoje. 
Vai andando, uai! Tá esperando o quê, sô?! 
 
ASSALTANTE CARIOCA: 
Aí, perdeu, merrrrrrrrrrmão 
Seguiiiinnte, bicho 
Tu te fu. Isso é um assalto... 
Passa a grana e levanta oxxxxxxxx braçoxxxxxxxxxxx rapá. 
Não fica de caô que eu te passo o cerol.... 
Vai andando e se olhar pra traxxxxxxxxxxxxxx vira presunto. 
 ASSALTANTE PAULISTA: 
Aê, mano. 
Isso é um assalto, truta. 
Levanta os braços, meu. 
Passa a grana logo, parcero. 
Mais rápido, meu, que eu ainda preciso pegar a bilheteria aberta pra 
comprar o ingresso do jogo do Corintia, véio.. 
Pô, semanda, cara. 
 
ASSALTANTE GAÚCHO: 
O gurí, ficas atento . 
Báh, isso é um assalto 
Levanta os braços e te aquieta, tchê ! 
Não tentes nada e cuidado que esse facão corta uma barbaridade, tchê. 
Passa as pilas prá cá ! 
E te manda a la cria, senão o quarenta e quatro fala. 
 
ASSALTANTE NORDESTINO:
Ei, bichim...Isso é um assalto...Arriba os braços e num se bula nem faça muganga...Arrebola o dinheiro no mato e não faça patim senão enfio a peixeira no teu bucho e boto teu fato pra fora! Perdão, meu Padim Ciço, mas é que eu to com uma fome da moléstia.

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