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![Apostila Direito das Obrigações - UGF[1]](https://files.passeidireto.com/Thumbnail/2baebbb3-7c68-44b1-ba17-2b0e9fb28ac4/210/1.jpg)
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mas ou satisfaz apenas alguns elementos próprios da obrigação, ou deixa de observar, na execução, as regras legais ou contratuais correspondentes. No terceiro, apenas deixa de observar o prazo existente para o cumprimento, ou seja, não respeita o lapso temporal estipulado para a satisfação da prestação, cumprindo verificar-se, Professor Marcio Rodrigues Oliveira – Disciplina: Direito das Obrigações 57 depois, se possível ou não, ou se desejável ou não, a execução, diante do interesse do credor, pois, na negativa, tem-se presente o inadimplemento total. O inadimplemento caracteriza-se, objetivamente, pela constatação da não realização da prestação, ou da não observância do modo, do tempo, ou das condições ajustadas, nos graus citados; e, subjetivamente, pela participação volitiva do agente na causação, consciente (dolo) ou decorrente de negligência, imprudência, ou inércia (culpa). A integração do fato material ao fato pessoal é, pois, que evidencia o inadimplemento, para efeito de obter-se a responsabilização do agente, salvo explícitas exceções legais ou contratuais. Tem-se, assim, que é por dolo, ou por culpa, que o agente sofre as conseqüências do ilícito; vale dizer, quando quer o resultado lesivo ou aceita o risco de sua realização, ou quando, por desídia, por descaso, por inabilidade, contribui para a superveniência do fato lesivo. Excetuam-se situações em que a responsabilidade é objetiva dentro da teoria das atividades perigosas. Para a responsabilização, há que existir ainda uma relação de causalidade entre a ação do agente e o resultado danoso: é o nexo causal. Deve o resultado provir da atuação do agente. Esse vínculo é que completa os pressupostos da responsabilidade civil, gerando-se, então, para o agente, a obrigação de indenizar os danos suportados pelo lesado. Assim, descumprida a obrigação e havendo prejuízo para o credor, tem- se, como regra, a submissão do patrimônio do devedor ao ressarcimento devido, tanto por culpa, como por dolo, não se detendo, outrossim, o Código na diferenciação de graus. Ante a inexistência de distinção quanto aos graus do inadimplemento, que apenas ante os casos em que se exige diligência maior é que o Código Professor Marcio Rodrigues Oliveira – Disciplina: Direito das Obrigações 58 separa os efeitos: assim, nos contratos unilaterais responde por simples culpa o contraente, a quem o contrato aproveita, e só por dolo aquele a quem não favoreça; e nos contratos bilaterais cada um responde por culpa (art. 392). A conseqüência imediata do inadimplemento é a responsabilização do agente por perdas e danos, em qualquer dos graus referidos (CC, arts. 389 e segs), respeitadas as proporções quanto ao alcance respectivo do dano. Prescreve a nossa lei que, não cumprindo a obrigação ou deixando de cumpri-la pelo modo e no tempo devidos, responde o devedor por perdas e danos (art. 389). Convola-se, pois, em obrigação de indenizar a obrigação original, ficando o devedor com o ônus do ressarcimento dos prejuízos havidos. Ante o exposto, verifica-se que principalmente do animus do agente é que lhe defluem os efeitos do descumprimento, cabendo-lhe responder pelos danos de ordem moral ou patrimonial que o lesado tenha sofrido, a par de sanções outras cabíveis. Acrescem-se ao da indenização, apurável conforme critérios identificáveis em cada situação concreta, outros valores definidos em leis e nos contratos, como a correção monetária, os juros e os honorários advocatícios. ―Art. 389. Não cumprida a obrigação, responde o devedor por perdas e danos, mais juros e atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, e honorários de advogado.‖ ―Art. 390. Nas obrigações negativas o devedor é havido por inadimplente desde o dia em que executou o ato de que se devia abster.‖ Professor Marcio Rodrigues Oliveira – Disciplina: Direito das Obrigações 59 ―Art. 391. Pelo inadimplemento das obrigações respondem todos os bens do devedor.‖ ―Art. 392. Nos contratos benéficos, responde por simples culpa o contratante, a quem o contrato aproveite, e por dolo aquele a quem não favoreça. Nos contratos onerosos, responde cada uma das partes por culpa, salvo as exceções previstas em lei.‖ ―Art. 393. O devedor não responde pelos prejuízos resultantes de caso fortuito ou força maior, se expressamente não se houver por eles responsabilizado. Parágrafo único. O caso fortuito ou de força maior verifica-se no fato necessário, cujos efeitos não era possível evitar ou impedir.‖ 8.1 Mora A caracterização da mora depende de dois fatores básicos: um objetivo, o atraso em si; outro subjetivo: o animus. Presa à idéia básica de atraso ou retardamento, a mora compreende, em nosso regime, a inexecução no modo e na forma convencionados. Dessa maneira, considera-se constitutiva de mora tanto a infringência ao tempo, como a do lugar e a do modo previstos. De outro lado, cumpre haver a integração volitiva do agente ao fato da mora, em qualquer das circunstâncias expostas, ou seja, mister se faz que, conscientemente (dolo), ou por culpa simples, tenha ele participado no evento. A Professor Marcio Rodrigues Oliveira – Disciplina: Direito das Obrigações 60 prova em concreto é de preceito, salvo quando a lei a presuma, como, por exemplo, nas obrigações com data certa ou nas por delito (mora ex re). A mora decorre do desrespeito a elementos explícitos, em especial o prazo para pagamento, considerando-se caracterizada pelo simples desrespeito, mas, à inexistência de termo certo, somente mediante prévia constituição nesse estado é que se configura (CC, art. 397, caput e parágrafo único). ―Art. 397. O inadimplemento da obrigação, positiva e líquida, no seu termo, constitui de pleno direito em mora o devedor. Parágrafo único. Não havendo termo, a mora se constitui mediante interpelação judicial ou extrajudicial.‖ Consoante o sistema codificado, nas obrigações decorrentes de delito, a mora existe desde a perpetração do ilícito (CC, art. 398) e, nas de fazer, desde a execução da ação que não devia ser efetivada (art. 390). ―Art. 398. Nas obrigações provenientes de ato ilícito, considera-se o devedor em mora, desde que o praticou.‖ ―Art. 390. Nas obrigações negativas o devedor é havido por inadimplente desde o dia em que executou o ato de que se devia abster.‖ Mas, não havendo fato ou omissão imputável ao devedor, não existe mora (art. 396), eximindo-se, pois, este de seus efeitos. ―Art. 396. Não havendo fato ou omissão imputável ao devedor, não incorre este em mora.‖ Professor Marcio Rodrigues Oliveira – Disciplina: Direito das Obrigações 61 Para que se configure a mora do devedor (mora solvendi), exigem-se os seguintes pressupostos: existência de dívida positiva e líquida; vencimento da dívida; inobservância culposa do tempo, da forma ou do modo definidos para o cumprimento. Configurada a mora, compete ao credor tomar as providências necessárias para a satisfação de seus interesses, inclusive em juízo, pelas ações cabíveis, em razão da natureza das obrigações e dos objetivos visados, cabendo anotar-se que as ações de cobrança, ou de execução, são as mais comuns na matéria. A caracterização da mora do credor (mora accipiendi) depende, por sua vez, dos seguintes elementos: existência de dívida positiva e líquida; ação do devedor para o cumprimento; recusa do credor à prestação. Devem estar reunidos, quanto à dívida, os mesmos pressupostos necessários para a existência da mora solvendi, requerendo-se, quanto à postura das partes, o desenvolvimento,