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Apostila Direito das Obrigações - UGF[1]

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Disciplina 
 
 
Direito das Obrigações 
 
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JJAANNEEIIRROO 
22001122 
 
Professor Marcio Rodrigues Oliveira – Disciplina: Direito das Obrigações 
 
2 
SUMÁRIO 
CURRÍCULO RESUMIDO ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO. 
1. DIREITO DAS OBRIGAÇÕES 4 
1.1. CONCEITO 4 
2. DISTINÇÃO ENTRE DIREITOS REAIS E DIREITOS PESSOAIS 6 
3 ELEMENTOS DA OBRIGAÇÃO 7 
4. FONTES DAS OBRIGAÇÕES 9 
4.1. NO DIREITO ROMANO 9 
4.2. NO DIREITO MODERNO 10 
4.3. NO CÓDIGO CIVIL 12 
5. CLASSIFICAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES 13 
5.1 OBRIGAÇÕES DE MEIO E DE RESULTADO 16 
5.2 OBRIGAÇÕES DE GARANTIA 17 
5.3 MODALIDADES 18 
5.3.1 Obrigação de dar 18 
5.3.2 Obrigações de fazer 24 
5.3.3 Obrigações de não fazer 26 
5.3.4 Obrigações alternativas 28 
5.3.5 Obrigações divisíveis e indivisíveis 30 
5.3.6 Obrigações solidárias 33 
6. CLÁUSULA PENAL 35 
6.1 COMPENSATÓRIA E MORATÓRIA 35 
6.2 EXIGIBILIDADE 37 
7. EXTINÇÃO DAS OBRIGAÇÕES 39 
7.1 O PAGAMENTO 40 
7.2 PAGAMENTO POR CONSIGNAÇÃO 40 
7.2.1 As hipóteses de consignação 41 
7.3 PAGAMENTO COM SUB-ROGAÇÃO 43 
7.3.1 Sub-rogação legal 44 
7.3.2 Sub-rogação convencional 45 
 
Professor Marcio Rodrigues Oliveira – Disciplina: Direito das Obrigações 
 
3 
7.4 IMPUTAÇÃO DE PAGAMENTO 46 
7.5 DAÇÃO EM PAGAMENTO 48 
7.6 NOVAÇÃO 49 
7.7 COMPENSAÇÃO 51 
7.8 CONFUSÃO 52 
7.9 REMISSÃO 54 
8. INEXECUÇÃO DAS OBRIGAÇÕES 56 
8.1 MORA 59 
8.2 PERDAS E DANOS 62 
9. TRANSMISSÃO DAS OBRIGAÇÕES 66 
9.1 CESSÃO DE CRÉDITO 66 
9.2 ASSUNÇÃO DE DÍVIDA 70 
9.3 CESSÃO DE CONTRATO 71 
10. BIBLIOGRAFIA 75 
 
 
 
 
 
 
Professor Marcio Rodrigues Oliveira – Disciplina: Direito das Obrigações 
 
4 
 
Professor Marcio Rodrigues Oliveira 
 
Endereço eletrônico : marciooliveira@hotmail.com marciodrigues@ig.com.br 
 
 
 
1. DIREITO DAS OBRIGAÇÕES 
 
Conceito - Distinção entre direitos reais e direitos pessoais - Elementos da 
obrigação - Fontes das obrigações - Classificação das Obrigações - Cláusula 
penal - Extinção das Obrigações -Inexecução das Obrigações. 
 
 
1.1. Conceito 
 
A Institutas de Justiniano define obrigações como: “obligatio est juris 
vinculum, quo necessitate adstringimur alicujus solvendae rei, secudum nostrae 
civitatis jura (Liv. 3o, Tit. XIII) (a obrigação é um vínculo jurídico que nos obriga a 
pagar alguma coisa, ou seja, a fazer ou deixar de fazer alguma coisa).” 
 
 A definição se presta a todo tipo de obrigação jurídica e não apenas no 
sentido restrito do Direito das Obrigações. 
 
 
Professor Marcio Rodrigues Oliveira – Disciplina: Direito das Obrigações 
 
5 
Nosso Código Civil não apresenta definição de obrigação, sendo que 
Clóvis Bevilacqua assim a define (1977: 14): “obrigação é a relação transitória de 
direito, que nos constrange a dar, fazer ou não fazer alguma coisa, em regra 
economicamente apreciável, em proveito de alguém que, por ato nosso ou de 
alguém conosco juridicamente relacionado, ou em virtude da lei, adquiriu o direito 
de exigir de nós essa ação ou omissão.” 
Washington de Barros Monteiro apresenta a seguinte definição (1979, 
v. 4:8): “obrigação é a relação jurídica, de caráter transitório, estabelecida entre 
devedor e credor e cujo objeto consiste numa prestação pessoal econômica, 
positiva ou negativa, devida pelo primeiro ao segundo, garantindo-lhe o 
adimplemento através de seu patrimônio.” 
Sinteticamente, podemos conceituar obrigação como sendo uma 
relação jurídica transitória de cunho pecuniário, unindo duas (ou mais) pessoas, 
devendo uma (o devedor) realizar uma prestação à outra (o credor). 
Obrigação é relação jurídica e qualificando-a como tal, afasta-se todas 
as demais relações estranhas ao Direito, tais como as obrigações morais e 
religiosas, que são desprovidas de sanção, escapando ao manto da lei. 
Tem caráter transitório porque essa relação jurídica nasce com a 
finalidade de se extinguir. Visa uma finalidade, mais ou menos próximo no tempo, 
mas que, uma vez alcançado, extingue-a. Uma vez satisfeito o credor, a obrigação 
deixa de existir. Não pode existir obrigação perene. 
Essa relação jurídica, esse vínculo, une duas ou mais pessoas, sendo 
credor e devedor do ponto de vista ativo e passivo. 
O objeto da obrigação se constitui numa atividade do devedor, em prol 
do credor, que é a prestação. Pode ser um ato ou um conjunto de atos, uma 
 
Professor Marcio Rodrigues Oliveira – Disciplina: Direito das Obrigações 
 
6 
conduta de aspecto positivo ou negativo. É o patrimônio do devedor que responde, 
em última análise, pelo adimplemento. 
O objeto da obrigação se resume sempre a um valor econômico. 
 
2. DISTINÇÃO ENTRE DIREITOS REAIS E DIREITOS 
PESSOAIS 
O direito obrigacional é um direito pessoal, pois sua relação jurídica 
vincula somente duas (ou mais) pessoas. Os direitos reais, que têm sua maior 
expressão no direito de propriedade, incidem diretamente sobre a coisa, 
estabelecendo a relação entre o titular e a coisa. Apesar de ambos os campos 
enfocados terem um conteúdo patrimonial, existem certas distinções, a saber: 
a) O direito real se exerce e recai diretamente sobre a coisa, sobre um 
objeto basicamente corpóreo, enquanto o direito obrigacional tem 
em mira relações humanas. O direito real é um direito absoluto, 
oponível perante todos (erga omnes), o direito obrigacional é 
relativo, uma vez que a prestação só pode ser exigida ao devedor. 
b) O direito real não comporta mais do que um titular e esse exerce 
seu poder sobre a coisa objeto de seu direito de forma direta e 
imediata. O direito obrigacional comporta um sujeito ativo, o credor, 
um sujeito passivo, o devedor e a prestação, ou seja, o objeto da 
relação jurídica. 
c) O direito real é direito que concede o gozo e a fruição de bens. O 
direito obrigacional concede direito a uma ou mais prestações 
efetuadas por uma pessoa. 
 
Professor Marcio Rodrigues Oliveira – Disciplina: Direito das Obrigações 
 
7 
d) O direito obrigacional tem caráter essencialmente transitório. O 
direito real tem um sentido de inconsumibilidade, de permanência. 
e) O direito real, como corolário de seu caráter absoluto, possui o 
chamado “direito de seqüela”. O direito pessoal não possui essa 
faceta. 
f) Os direitos reais não são numerosos, são numerus clausus, são só 
aqueles assim considerados expressamente pela lei. Já os direitos 
obrigacionais se apresentam com um número indeterminado. 
 
3 ELEMENTOS DA OBRIGAÇÃO 
 
As obrigações têm seus elementos próprios para entendê-la dentro do 
aspecto técnico-jurídico que se expõe. Levando em conta o requisito subjetivo, 
fala-se então das partes da relação obrigacional (credor/devedor). Quando se tem 
em análise o requisito objetivo, a consideração é feita quanto ao vínculo entre 
aquelas partes e a prestação. 
 Logo, tem-se: 
 
a) Sujeitos da obrigação 
 Configura a idéia do elemento subjetivo da 
obrigação; pelo lado passivo fala-se em devedor ou débito e pelo lado 
ativo diz-se credor ou crédito. Tanto um como o outro pode ser uma 
pessoa física ou jurídica, mas deve ser determinado, o que não impede 
que seja indeterminado, mas no mínimo determinável. 
 
b) Elemento objetivo da obrigação 
 
Professor Marcio Rodrigues Oliveira – Disciplina: Direito das Obrigações 
 
8 
 É o componente físico material, o objeto que se 
apresenta na prestação e é sempre de conteúdo econômico. 
 
De acordo com a teoria geral do direito civil, para um ato jurídico serválido devem-se reunir os requisitos do art. 104 do CC, que na verdade são os 
próprios requisitos da prestação, isto é, deve esta ser possível, lícita e 
determinada in verbis. 
―Art. 104. A validade do negócio jurídico requer: 
I - agente capaz; 
II - objeto lícito, possível, determinado ou determinável; 
III - forma prescrita ou não defesa em lei.‖ 
A possibilidade deve ser natural e jurídica e o objeto da prestação 
deve ser por fim determinado ou no mínimo determinável. O credor, para que 
possa exigir uma prestação, deve saber em que consiste, pelo menos de maneira 
aproximada; o devedor, por sua vez, para que assuma o compromisso válido, 
precisa ter consciência de sua natureza e subsistência. 
 
c) Relação jurídica 
Representa este elemento objetivo o elo que liga o credor ao devedor a 
ponto de possibilitar a exigência da prestação. 
O vínculo caracteriza a própria obrigação civil, e por isso que o devedor 
tem sua atividade disciplinada pelo plano da obrigação convencionado com o 
credor. 
A compreensão deste elemento diz respeito aos dois lados diversos da 
relação, um de sujeição e o outro o direito subjetivo de exigir a prestação. 
Deve-se registrar a existência de doutrina que analisa a relação jurídica 
obrigacional tomando-se como base a teoria da situação jurídica, de tal modo que: 
 
Professor Marcio Rodrigues Oliveira – Disciplina: Direito das Obrigações 
 
9 
―À luz dessa nova concepção, a expressão situação jurídica deixa de 
significar uma simples etapa genética na formação de relação jurídica (segundo 
Kohler), ou mera posição de sujeito como parte dessas relações (conforme 
Carnelutti), para corresponder a toda e qualquer situação de fato sobre que incida 
norma de direito.‖1 
 
4. FONTES DAS OBRIGAÇÕES 
 
Estudar as fontes significa investigar como elas nascem e se formam, 
de onde surgem e porque determinada pessoa passa a ter o dever de efetuar 
determinada prestação para outra. 
A importância do estudo das fontes das obrigações é eminentemente 
histórica, porque no passado do enquadramento das obrigações derivavam 
determinadas conseqüências jurídicas. 
 
4.1. No Direito Romano 
 
A mais antiga classificação das fontes no direito romano provém das 
Institutas de Gaio: omnis obligatio vel ex contractu nascitur, vel ex delicto (as 
obrigações nascem dos contratos e dos delitos). 
Num tópico de Res Cotinianae do mesmo Gaio, foi acrescentada uma 
terceira categoria de fontes: ex variis causarum figuris (várias outras causas de 
 
1 COSTA JÚNIOR, Olímpio. A relação jurídica obrigacional. São Paulo: Saraiva, 1994. p. 4. 
 
Professor Marcio Rodrigues Oliveira – Disciplina: Direito das Obrigações 
 
10 
obrigações). As várias figuras são as fontes que não se enquadram nem nos 
delitos, nem nos contratos, incluindo-se aí a gestão de negócios. 
As várias causas de obrigações, que não se consideram nem contratos, 
nem delitos, foram classificadas sob o título quase-contratos, como não existe o 
consenso de vontades, característica básica dos contratos, nem existe a violação 
da lei, os romanos ―assemelhavam‖ as situações aos contratos. 
Na época bizantina se faz menção a uma quarta fonte: os quase-
delitos. O delito traz sempre a noção de dolo, intenção de praticar uma ofensa, 
enquanto o quase-delito, embora não tenha sido esta noção claramente exposta 
no direito romano, se inspira na noção de culpa. 
Os critérios de distinção se resumem na existência ou não de vontade. 
O Código de Napoleão adotou-a mas sofreu críticas. Porque tal forma 
de encarar as obrigações não é abrangente, deixando de lado vários fenômenos, 
como, por exemplo, as obrigações que resultam de declaração unilateral de 
vontade. O Código francês acrescenta mais uma fonte à classificação 
quadripartida: a lei. A lei seria fonte de obrigação nos casos onde não há 
interferência da vontade. Modernamente, esta classificação está abandonada. 
 
4.2. No Direito Moderno 
 
 Atualmente são muitas as construções doutrinárias e as soluções 
legislativas a respeito do assunto. 
 
A lei é a fonte primeira das obrigações. 
 
Professor Marcio Rodrigues Oliveira – Disciplina: Direito das Obrigações 
 
11 
Sílvio Rodrigues (1981, v. 2:11) entende que as obrigações “sempre 
têm por fonte a lei, sendo que nalguns casos, embora esta apareça como fonte 
mediata, outros elementos despontam como causadores imediatos do vínculo. 
Assim, a vontade humana ou o ato ilícito‖. Seguindo o autor há três categorias: a) 
as que têm por fonte imediata a vontade humana; b) as que têm por fonte imediata 
o ato ilícito e c) as que têm por fonte imediata a lei. 
O ato ilícito, por sua vez, constitui fonte de obrigações naquelas 
situações que provêm de ação ou omissão culposa ou dolosa do agente, que 
causa dano à vítima, estando sua definição nos artigos 186 e 927 de nosso 
Código Civil, in verbis: 
―Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, 
negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a 
outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.‖ 
―Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar 
dano a outrem, fica obrigado a repará-lo. 
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, 
independentemente de culpa, nos casos especificados em 
lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo 
autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os 
direitos de outrem.‖ 
Caio Mário da Silva Pereira (1972, v. 2:28) menciona que há obrigações 
que decorrem exclusivamente da lei. Porém, lembra este autor que tais institutos 
 
Professor Marcio Rodrigues Oliveira – Disciplina: Direito das Obrigações 
 
12 
não se constituem verdadeiras obrigações no sentido técnico e são apenas 
deveres jurídicos. Sua conclusão é pela existência de duas fontes obrigacionais, 
levando em conta a preponderância de um ou outro fator: uma em que a força 
geratriz é a vontade; outra, em que é a lei. Para o autor, todas obrigações 
emanam dessas duas fontes. 
Podemos concluir que a lei é sempre fonte imediata de obrigações. Não 
pode existir obrigação sem que a lei, ou em síntese, o ordenamento jurídico, a 
ampare. Todas demais ―várias figuras‖ que podem dar nascimento a uma 
obrigação são fontes mediatas. São, na realidade, fatos, atos e negócios jurídicos 
que dão margem ao surgimento de obrigações. 
 
4.3. No Código Civil 
 
 Nosso Código reconhece, expressamente, três fontes de obrigações: o 
contrato, a declaração unilateral da vontade e o ato ilícito. 
 
A falta de dispositivo específico, como existente no Código italiano, na 
prática não apresenta dificuldades, pois o trabalho doutrinário se encarrega de 
fixar as fontes. A par do contrato e do ato ilícito, categorias universalmente 
aceitas, mesmo em face do nosso direito positivo, não podemos nos afastar das 
várias outras figuras, provenientes de fatos, atos e negócios jurídicos, 
reconhecidas pelo ordenamento e presentes constantemente nas relações sociais. 
 
 
Professor Marcio Rodrigues Oliveira – Disciplina: Direito das Obrigações 
 
13 
5. CLASSIFICAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES 
 
Espécies de obrigações, ou modalidades, significam a mesma coisa, e 
ao tratar delas tem-se que ter em mente os elementos acidentais dos negócios 
jurídicos: condição, termo e encargo. Como, em geral, os atos e negócios jurídicos 
admitem a aposição desses elementos, as obrigações também podem ser 
obrigações condicionais, obrigações a termo e obrigações com encargo. 
Há, todavia, nas obrigações, caracteres próprios que as distinguem dos 
demais atos jurídicos. Daí porque o CódigoCivil se preocupa ao iniciar o Título I 
do Livro das Obrigações com as modalidades das obrigações. 
Classificar uma obrigação numa ou noutra categoria é importante na 
prática, porque de acordo com a classificação decorrerão efeitos próprios, afetos 
tão-só a determinadas relações jurídicas. 
O direito romano tomou por base o objeto da obrigação para a 
classificação, que é a prestação. 
A obrigação de dar (dare) indica o dever de transferir ao credor alguma 
coisa ou alguma quantia, como no caso da compra e venda. 
A obrigação de fazer (facere) é aquela na qual o devedor deve praticar 
ou não determinado ato em favor do credor. Abrange, portanto, também, o não 
fazer (non facere). 
A obrigação de praestare deu margem a sérias divergências. Para 
Correia e Sciascia (1953, v. 1:229), praestare é termo geral que abrange qualquer 
objeto da obrigação, de dar ou fazer. Daí vem o termo prestação. Mas, em 
princípio, praestare importa num conceito de garantia e em sentido estrito indica 
 
Professor Marcio Rodrigues Oliveira – Disciplina: Direito das Obrigações 
 
14 
uma prestação acessória e derivada. Para outros autores, a obrigação de prestar 
se referia às situações que não se amoldavam ao dare, nem ao facere. 
 
 Nosso Código Civil se ateve a esta classificação romana, tendo 
distribuído as obrigações igualmente em três categorias: obrigações de dar (coisa 
certa ou coisa incerta), obrigações de fazer e obrigações de não fazer. 
 
As obrigações de dar e fazer são denominadas obrigações positivas. As 
obrigações de não fazer, que implicam em abstenção por parte do devedor, são as 
obrigações negativas. 
Quanto ao objeto, as obrigações poderão ser simples e conjuntas. 
Serão simples quando a prestação importar em um único ato ou numa só coisa 
(singular ou coletiva, arts. 89 e 90 do Código Civil). 
―Art. 89. São singulares os bens que, embora reunidos, se 
consideram de per si, independentemente dos demais. 
―Art. 90. Constitui universalidade de fato a pluralidade de 
bens singulares que, pertinentes à mesma pessoa, tenham 
destinação unitária. 
Parágrafo único. Os bens que formam essa universalidade 
podem ser objeto de relações jurídicas próprias.‖ 
As obrigações conjuntas serão aquelas cuja prestação comporta mais 
de um ato ou mais de uma coisa, devendo todos ser cumpridos. 
 
Professor Marcio Rodrigues Oliveira – Disciplina: Direito das Obrigações 
 
15 
Há obrigações que se exaurem num só ato. São as obrigações 
instantâneas. Há, no entanto, obrigações, que por questão de lógica, por sua 
própria natureza, só podem ser cumpridas dentro de espaço de tempo mais ou 
menos longo: são obrigações periódicas. 
Quanto ao sujeito, devemos fixar que podem coexistir vários credores 
ou vários devedores tendo em vista um só credor, um só devedor, ou mais de um 
credor e mais de um devedor. Havendo um só credor e um só devedor, a 
obrigação é única. Será múltipla se houver mais de um credor ou mais de um 
devedor. 
De acordo com as várias hipóteses, as obrigações múltiplas ou plúrimas 
podem ser conjuntas e solidárias. 
São conjuntas aquelas “em que cada titular só responde, ou só tem 
direito à respectiva quota-parte na prestação” (Monteiro, 1979, v. 4:52). Já nas 
obrigações solidárias, cada credor pode exigir a dívida por inteiro, enquanto cada 
devedor pode ser obrigado a efetuar o pagamento por inteiro. 
Ao lado das obrigações solidárias, serão também estudadas as 
obrigações divisíveis e indivisíveis. A divisibilidade ou indivisibilidade aqui é 
observada sob o ponto de vista do objeto da prestação: se o objeto permite o 
parcelamento, a obrigação é divisível. As obrigações indivisíveis são aquelas cujo 
objeto não permite divisão: na solidariedade, existe sempre indivisibilidade, quer o 
objeto seja, quer não seja divisível, uma vez que, como veremos, a solidariedade 
decorre da vontade das partes ou da vontade da lei. 
Quanto ao modo de execução, as obrigações podem ser simples, 
conjuntivas, alternativas e facultativas. São simples quando aparecem sem 
 
Professor Marcio Rodrigues Oliveira – Disciplina: Direito das Obrigações 
 
16 
qualquer cláusula restritiva. São conjuntivas quando ligadas pelo vocábulo e. São 
alternativas as obrigações quando ligadas pela partícula ou. 
As obrigações facultativas são aquelas em que o objeto da prestação é 
um só. Mas, faculta-se ao devedor cumprir a obrigação substituindo o objeto. 
 
5.1 Obrigações de meio e de resultado 
Esta distinção tem muito a ver com a aferição do descumprimento das 
obrigações. Para algumas obrigações, basta ao credor provar que houve 
inexecução da obrigação, sem ter que se provar culpa do devedor. Para outras 
obrigações, no entanto, cumpre ao credor provar que o devedor não se comportou 
bem no cumprimento da obrigação, não se houve como um bom pai de família. No 
primeiro tipo, obrigações de resultado, o que importa é a aferição se o resultado 
colimado foi alcançado. Só assim a obrigação ter-se-á como cumprida. No 
segundo caso, obrigações de meio, deve ser aferido se o devedor empregou boa 
diligência no cumprimento da obrigação. 
Nas obrigações de resultado, a inexecução implica em falta contratual, 
dizendo-se que existe, em linhas gerais, presunção de culpa, ou melhor, a culpa é 
irrelevante na presença do descumprimento contratual. Nas obrigações de meio, 
por outro lado, o descumprimento deve ser examinado na conduta do devedor, de 
modo que a culpa não pode ser presumida, incumbindo ao credor prová-la 
cabalmente. 
 
 
 
Professor Marcio Rodrigues Oliveira – Disciplina: Direito das Obrigações 
 
17 
 
5.2 Obrigações de garantia 
O conteúdo desta modalidade “é eliminar um risco que pesa sobre o 
credor” (Comparato, 19, v. 55:429). A simples assunção do risco pelo devedor da 
garantia representa, por si só, o adimplemento da prestação. A compreensão da 
obrigação de garantia deve partir da noção de obrigação de meio, podendo ser 
considerada subespécie desta, em muitas ocasiões. 
Há obrigações tipicamente de garantia, como a dos contratos de seguro 
e de fiança e outras obrigações de garantia. 
Neste tipo de obrigações, mormente nas obrigações de garantia pura, 
nem mesmo a ocorrência de caso fortuito ou de força maior isenta o devedor de 
sua prestação, uma vez que a finalidade precípua da obrigação é a eliminação de 
um risco, o que traz em si a noção do fortuito. 
Não se deve confundir, contudo, o dever de segurança que é ínsito a 
algumas obrigações de resultado. O contrato de transporte é exemplo típico. O 
dever de segurança é elementar ao contrato, não devendo a espécie ser 
confundida com as obrigações de segurança típica e aquelas derivadas de 
obrigações de meio. 
 
Professor Marcio Rodrigues Oliveira – Disciplina: Direito das Obrigações 
 
18 
5.3 Modalidades 
5.3.1 Obrigação de dar 
5.3.1.1 Obrigação de dar coisa certa 
 
Consiste na entrega de bem individualizado e visado pelo credor. Nessa 
modalidade, compete ao devedor, nas condições convencionadas, fornecer ao 
credor o bem especificado, que pode ser coisa móvel ou imóvel. A essência da 
obrigação reside na qualificação da res, diante do interesse do credor, realizando-
se, pois, a prestação apenas com a sua entrega. 
Sua existência confere ao credor o direito de exigir o seu cumprimento, 
mesmo se negado pelo devedor (CPC, arts. 625 e segs.): transmuda-se em 
perdas e danos, no entanto, quando impossível à execução ou isso envolver 
constrangimento físico do devedor. 
A tradição da coisa pode transferir o domínio ao credor ou outro direito 
e isso sempre em função da natureza da avença. 
Com respeito à obrigação de dar coisa certa,deve-se anotar a regra 
geral de que o credor não pode ser obrigado a receber outra, mesmo mais valiosa 
(CC, art. 313. ―O credor não é obrigado a receber prestação diversa da que lhe é 
devida, ainda que mais valiosa‖). Isso significa que não é possível a substituição, 
pelo devedor, da coisa prometida, que importaria em alterar o objeto da prestação, 
a menos que haja concordância expressa do interessado, destinando-se a 
satisfazer o interesse do credor, a prestação não pode sofrer alteração, nem 
mesmo cumprimento por partes, pois somente a entrega da res visada libera o 
 
Professor Marcio Rodrigues Oliveira – Disciplina: Direito das Obrigações 
 
19 
devedor do ônus assumido. Importam, em descumprimento, tanto a não entrega 
da coisa, como a oferta de coisa diversa. 
Na entrega, a coisa deve ser acompanhada dos acessórios, mesmo 
não mencionados, salvo se o contrário resultar do título, ou das circunstâncias do 
caso (―Art. 233. A obrigação de dar coisa certa abrange os acessórios dela 
embora não mencionados, salvo se o contrário resultar do título ou das 
circunstâncias do caso.‖). Podem as partes convencionar, por expresso, a 
exclusão dos acessórios. 
Em consonância com o sentido da obrigação de dar, ao devedor 
compete conservar a coisa até a tradição, empregando o zelo e as diligências 
próprias do titular do bem e defendendo-a de eventuais ações de terceiro. Mas, 
caso ocorra perda, diferentes soluções encontram-se na lei, à luz da apreciação 
da conduta do devedor: se com culpa, ou sem culpa, se deu o perecimento. Não 
havendo culpa, resolve-se a obrigação, se a coisa se perde antes da entrega, ou 
quando pendente condição suspensiva (art. 234 ―Se, no caso do artigo 
antecedente, a coisa se perder, sem culpa do devedor, antes da tradição, ou 
pendente a condição suspensiva, fica resolvida a obrigação para ambas as partes; 
se a perda resultar de culpa do devedor, responderá este pelo equivalente e mais 
perdas e danos.‖). Como o devedor alienante ainda é o proprietário do bem (art. 
492, caput ―Até o momento da tradição, os riscos da coisa correm por conta do 
vendedor, e os do preço por conta do comprador.‖), sofre as conseqüências de 
seu desaparecimento, ou da pendência da condição (art. 125 ―Subordinando-se a 
eficácia do negócio jurídico à condição suspensiva, enquanto esta se não verificar, 
não se terá adquirido o direito, a que ele visa.‖), pois, inexistindo direito adquirido, 
o risco da coisa é suportado pelo titular. Havendo culpa do devedor na perda, fica 
 
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20 
ele responsável pelo equivalente, mais as perdas e danos (art. 234, 2a parte, já 
mencionado). Em consonância com a regra da obrigação de reparar (art. 159, 
anteriormente citado ou art. 392, conforme decorra de ilícito extracontratual ou 
contratual), além do valor do bem à ocasião, o devedor arca com a perda sofrida 
pelo credor pela não recepção da coisa e os lucros que disso deixou de auferir 
(art. 1.059). 
―Art. 392. Nos contratos benéficos, responde por simples 
culpa o contratante, a quem o contrato aproveite, e por dolo 
aquele a quem não favoreça. Nos contratos onerosos, 
responde cada uma das partes por culpa, salvo as exceções 
previstas em lei. 
―Art. 393. O devedor não responde pelos prejuízos 
resultantes de caso fortuito ou força maior, se 
expressamente não se houver por eles responsabilizado. 
Parágrafo único. O caso fortuito ou de força maior verifica-se 
no fato necessário, cujos efeitos não era possível evitar ou 
impedir.‖ 
Se, ao invés de perda, ocorrer a deterioração da coisa, também em 
função da análise da subjetividade do agente se manifesta o regramento existente: 
se se ocasionar sem culpa do devedor, abre-se ao credor opção de resolver a 
obrigação, ou aceitar a coisa, abatido de seu preço o valor que perdeu (art. 236. 
―Sendo culpado o devedor, poderá o credor exigir o equivalente, ou aceitar a coisa 
 
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21 
no estado em que se acha, com direito a reclamar, em um ou em outro caso, 
indenização das perdas e danos.‖). 
No caso de culpa do devedor, ao credor compete optar entre exigir o 
equivalente, ou aceitar a coisa na situação em que se encontre, podendo, 
ademais, reclamar indenização por danos e perdas (art. 236), em qualquer das 
hipóteses. 
Havendo aumento no valor da coisa, como os decorrentes de 
acréscimos ou melhoramentos (denominados cômodos), pode o devedor exigir 
aumento do preço, como compensação pelos riscos que suporta até a tradição 
(arts.1.267. ―A propriedade das coisas não se transfere pelos negócios jurídicos 
antes da tradição. Parágrafo único. Subentende-se a tradição quando o 
transmitente continua a possuir pelo constituto possessório; quando cede ao 
adquirente o direito à restituição da coisa, que se encontra em poder de terceiro; 
ou quando o adquirente já está na posse da coisa, por ocasião do negócio 
jurídico‖ e ―Art. 237. Até a tradição pertence ao devedor a coisa, com os seus 
melhoramentos e acrescidos, pelos quais poderá exigir aumento no preço; se o 
credor não anuir, poderá o devedor resolver a obrigação.‖) (commodum eius essa 
debet, cuius et periculum). Se o credor não anuir, poderá o devedor resolver a 
obrigação. Os frutos percebidos também pertencem ao devedor, ficando com o 
credor os pendentes. 
No descumprimento da obrigação, ao credor cabe a ação para 
execução. 
Como subespécie da obrigação de dar encontra-se a de restituir, que se 
caracteriza pela existência de coisa alheia em poder do devedor, a quem cumpre 
devolvê-la ao titular. A obrigação de restituir consiste na necessidade de 
 
Professor Marcio Rodrigues Oliveira – Disciplina: Direito das Obrigações 
 
22 
devolução de algo que, a título contratual, se encontra legitimamente em poder do 
devedor. 
A mudança de perspectiva assinalada faz com que, na disciplinação da 
obrigação de restituir coisa certa (art. 238. ―Se a obrigação for de restituir coisa 
certa, e esta, sem culpa do devedor, se perder antes da tradição, sofrerá o credor 
a perda, e a obrigação se resolverá, ressalvados os seus direitos até o dia da 
perda.‖), a perda havida antes da tradição, desde que sem culpa do devedor, seja 
suportada pelo credor, resolvendo-se a obrigação, ressalvados seus direitos até a 
data daquela. Se a perda for decorrente de culpa do devedor (art. 239. ―Se a coisa 
se perder por culpa do devedor, responderá este pelo equivalente, mais perdas e 
danos.‖), responderá pelo equivalente, mais as perdas e danos. 
Na deterioração da coisa, sem culpa do devedor (art. 240. ―Se a coisa 
restituível se deteriorar sem culpa do devedor, recebê-la-á o credor, tal qual se 
ache, sem direito a indenização; se por culpa do devedor, observar-se-á o 
disposto no art. 239.‖), ao credor caberá recebê-la no estado em que esteja, sem 
direito a indenização (pois os riscos correm contra o titular). Se houver culpa do 
devedor, poderá o credor exigir o equivalente, ou aceitar o bem no estado 
correspondente, com direito a indenização por perdas e danos em qualquer 
hipótese (arts. 240, 2a parte, e 236). 
 
5.3.1.2 Obrigação de dar coisa incerta 
 A obrigação de dar coisa incerta é aquela em que a 
coisa devida é indicada apenas por suas características gerais. Compreende-
 
Professor Marcio Rodrigues Oliveira – Disciplina: Direito das Obrigações 
 
23 
se, pois, em seu contexto, coisa indeterminada, mas possível de determinação 
à ocasião do cumprimento, que é precedida pela escolha da res.Dispõe o devedor, nessas obrigações, da faculdade 
de escolher o bem, mas o risco respectivo é de maior espectro, eis que 
conforme a máxima latina genus nunquam perit. 
 Não se confunde, ademais, com a obrigação 
alternativa, embora lhe seja afim, pois, enquanto nesta há prestações distintas, 
desde logo indicadas pelas partes e submetidas depois, no cumprimento, à 
escolha do devedor, na genérica, há indefinição da coisa, dentro da pluralidade 
de que se compõem os gêneros de bens. 
 A doutrina separa, ainda, a obrigação genérica da 
obrigação fungível: a primeira é composta de coisa incerta, que ao devedor 
cabe entregar, em função da qualidade, média, para efeito de liberação do 
vínculo, enquanto a segunda é constituída de coisas fungíveis, desvinculando-
se o devedor pela entrega de qualquer das indicadas. 
 Antes da escolha, não poderá o devedor alegar 
perda ou deterioração da coisa, mesmo por força maior, ou caso fortuito (art. 
246. ―Antes da escolha, não poderá o devedor alegar perda ou deterioração da 
coisa, ainda que por força maior ou caso fortuito.‖). Assim, em razão da regra 
de que gênero não perece, se se perder a coisa, ao devedor caberá obter outra 
para entregar. 
 
 
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24 
5.3.2 Obrigações de fazer 
 As obrigações de fazer são aquelas que consistem em atividade 
pessoal do devedor, que se vincula a executar trabalho físico ou intelectual, a 
realizar obra com o seu engenho ou com o emprego de materiais, ou a prestar fato 
determinado pela vantagem almejada pelo credor, mesmo não sendo trabalho. 
Nessas obrigações, o devedor compromete-se a realizar alguns 
serviços ou a desempenhar uma tarefa, empregando a sua energia pessoal. Ao 
credor interessa exatamente essa ação, que se pode manifestar como restrita ao 
próprio devedor (obrigação intuitu personae, ou de prestação infungível), ou 
admitir a intervenção de outrem na consecução material (de prestação fungível). 
Uma das obrigações de fazer é a de prestar serviços; aquela em que o 
trabalho é medido pelo tempo ou pelo gênero. 
É no desenvolvimento e na utilização, nos termos ajustados, das 
energias do obrigado, que se concentra o interesse do credor, vinculando-se, pois, 
as partes, de um lado, a prestação dos serviços e, de outro, o aproveitamento dos 
resultados desse e a contrapartida é representada pela ação prevista. 
Outra espécie de obrigação de fazer é a de realizar obra, ou seja, 
aquela em que interessa ao credor o produto final do trabalho do devedor, ou, 
ainda, aquela em que o trabalho é determinado pelo resultado. Nessa espécie, o 
trabalho é contratado enquanto energia criadora, interessando ao credor a obra 
final produzida pelo devedor. 
A obra pode ser bem material, ou imaterial, cada qual submetida a 
disciplinação própria, à luz dos contratos em que se integrem. 
 
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25 
Não comporta, a espécie, ademais, execução específica, pois, ante a 
recusa do cumprimento, inexiste pois condição de forçar-se ou constranger-se o 
devedor a prestar, sem violar a sua subjetividade, que ao Direito repugna. 
Outras obrigações incluem-se no elenco das de fazer, que se traduzem 
pela realização de fato determinado, não caracterizador de serviços, para a 
satisfação dos interesses do credor, como a outorga de escritura, a assinatura de 
cambial, o reforço de garantia e outras ações integrantes, principalmente, do 
amplo universo dos pacta de contrahendo. 
Pelo Código Civil, o credor não é obrigado a aceitar de terceiro a 
prestação, quando se ajustar que o devedor a execute pessoalmente. Prospera a 
regra da infungibilidade da prestação. 
Se a prestação do fato se impossibilitar, distingue-se a solução, 
segundo haja, ou não, culpa do devedor: não existindo, resolve-se a obrigação; 
sendo culpado, responde por perdas e danos (art. 248. ―Se a prestação do fato 
tornar-se impossível sem culpa do devedor, resolver-se-á a obrigação; se por 
culpa dele, responderá por perdas e danos.‖). 
Incorre ainda na obrigação de indenizar o devedor que recusa a 
prestação que lhe tenha sido imposta, ou só por ele seja exeqüível (art. 247 
―Incorre na obrigação de indenizar perdas e danos o devedor que recusar a 
prestação a ele só imposta, ou só por ele exeqüível.‖), ainda em conseqüência da 
infungibilidade e da impossibilidade de execução específica. 
Podendo a obrigação ser realizada por terceiro, o credor tem o direito 
de mandá-la executar à custa do devedor, na hipóteses de recusa ou de mora, ou 
pedir indenização por perdas e danos (art. 249, caput. ―Se o fato puder ser 
executado por terceiro, será livre ao credor mandá-lo executar à custa do devedor, 
 
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26 
havendo recusa ou mora deste, sem prejuízo da indenização cabível.‖). Abre-se, 
pois, opção ao credor, agora diante da fungibilidade da prestação, permitindo-se-
lhe obter a prestação, ou o equivalente, em ação de indenização. 
 
5.3.3 Obrigações de não fazer 
Obrigação de não fazer é aquela por meio da qual a pessoa se 
compromete a não realizar determinada ação que poderia. O devedor assume o 
compromisso, ante a interesses do credor, autolimitando, pois, a sua faculdade 
negocial, de sorte que lhe cabe não praticar o ato previsto. 
Essa espécie, a que se denomina de obrigação negativa, revela-se, 
assim, como de prestação de fato, distinguindo-se tanto da de dar, como da de 
fazer. 
As obrigações de não fazer não se confundem com as atitudes 
passivas da coletividade, diante dos direitos reais. Nestas obrigações, o vínculo 
decorre da espontânea manifestação do interessado, ou de negócio jurídico 
próprio, sob a égide dos interesses correspondentes, em que a abstenção é a 
prestação. 
Observa-se que é a abstenção da parte o elemento fundamental para o 
interesse do credor, a fim de desenvolver este, mais tranqüilamente, suas 
atividades, de sorte que são compatíveis com quaisquer situações negociais em 
que se não deseje a participação do obrigado em concorrência, ou em ações que 
possam ferir direitos do credor, ou da comunidade em que atue. 
 
Professor Marcio Rodrigues Oliveira – Disciplina: Direito das Obrigações 
 
27 
Obedece as obrigações de não fazer aos princípios gerais que 
governam as de fazer, dentro da noção de prestação de fato que as une, com as 
regras complementares próprias a cada situação. 
Ocorre a extinção da obrigação, desde que, sem culpa do devedor, se 
lhe torne impossível abster-se do fato que se obriga a não prestar (art. 250. 
―Extingue-se a obrigação de não fazer, desde que, sem culpa do devedor, se lhe 
torne impossível abster-se do ato, que se obrigou a não praticar.‖ e arts. 1.646. 
―No caso dos incisos III e IV do art. 1.642, o terceiro, prejudicado com a sentença 
favorável ao autor, terá direito regressivo contra o cônjuge, que realizou o negócio 
jurídico, ou seus herdeiros.‖ e art. 1.570. ―Se qualquer dos cônjuges estiver em 
lugar remoto ou não sabido, encarcerado por mais de cento e oitenta dias, 
interditado judicialmente ou privado, episodicamente, de consciência, em virtude 
de enfermidade ou de acidente, o outro exercerá com exclusividade a direção da 
família, cabendo-lhe a administração dos bens.‖). Isso significa que a 
impossibilidade da prestação põe fim à obrigação. 
Nessas obrigações, caracteriza-se o descumprimento pela prática do 
ato pelo devedor. Com isso, o credor pode exigir que o desfaça, ou que suporteo 
desfazimento, respondendo por perdas e danos (art. 251, caput. ―Praticado pelo 
devedor o ato, a cuja abstenção se obrigara, o credor pode exigir dele que o 
desfaça, sob pena de se desfazer à sua custa, ressarcindo o culpado perdas e 
danos.‖). Deve-se anotar que o inadimplemento coincide com a mora (art. 390 
―Nas obrigações negativas o devedor é havido por inadimplente desde o dia em 
que executou o ato de que se devia abster.‖), ficando depois o devedor sujeito ao 
desfazimento do ato (execução específica), além de arcar com indenização por 
danos e perdas. Não se pode atingir a subjetividade do devedor, ou seja, a 
 
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28 
obtenção da ordem judicial e a sua execução não se concretizam jamais com 
constrangimento pessoal, ante o princípio referido. Assim sendo, o desfazimento 
por terceiro, às custas do devedor, quando fungível a prestação, é a solução. 
 
5.3.4 Obrigações alternativas 
 
Obrigação alternativa (ou disjuntiva) é aquela composta de 
prestações diferentes, liberando-se, no entanto, o devedor com o cumprimento de 
apenas uma e à sua escolha. Constitui obrigação complexa (ou composta), em 
que a tônica reside na faculdade que tem o devedor, à vista da multiplicidade de 
prestações, de eleger a que pretende cumprir, definindo-se, com a escolha, o 
objeto respectivo. 
Distancia-se das obrigações simples, ou seja, aquelas formadas com 
apenas uma prestação, pois nestas ao devedor cabe cumprir o avençado, nos 
exatos termos ajustados. Separa-se também das conjuntivas ou cumulativas, eis 
que, embora presente o requisito comum da pluralidade de prestações, nestas, ao 
devedor compete realizar todas, sem escolha. Ocorre, em verdade, na obrigação 
alternativa, concentração em uma das prestações, no ato da escolha, com cuja 
execução se exonera o devedor do vínculo. 
Nas obrigações alternativas, a escolha cabe ao devedor, salvo 
estipulação em contrário (art. 252. ―Nas obrigações alternativas, a escolha cabe ao 
devedor, se outra coisa não se estipulou.‖). É a regra geral, em consonância com 
a posição de defesa da parte mais fraca economicamente e para possibilitar-lhe 
mais conforto no cumprimento do ajustado. Mas ao credor pode também ser 
 
Professor Marcio Rodrigues Oliveira – Disciplina: Direito das Obrigações 
 
29 
deferida a escolha, por acordo expresso entre as partes, ou por força de norma 
legal, observando-se sempre o prazo previsto para a definição da res. 
A escolha denomina-se concentração, não se exigindo forma especial 
e, em qualquer caso, cumpre registrar que, não havendo prazo, o titular deve ser 
notificado para o seu exercício. 
Quanto à impossibilidade das prestações, surgem várias situações, a 
saber: se todas se tornarem inexeqüíveis, ou impossíveis, sem culpa do devedor, 
extingue-se a obrigação (art. 256. ―Se todas as prestações se tornarem 
impossíveis sem culpa do devedor, extinguir-se-á a obrigação.‖); se apenas uma, 
subsistem as demais (art. 253. ―Se uma das duas prestações não puder ser objeto 
de obrigação ou se tornada inexeqüível, subsistirá o débito quanto à outra.‖). Na 
impossibilidade total, cumpre verificar-se se há, ou não, participação volitiva do 
devedor na causação, para a sua liberação ante o perecimento do objeto, em 
consonância, aliás, com a própria natureza das coisas. 
Se há culpa de qualquer das partes, prevendo-se, de início, que, se não 
foi possível o cumprimento de nenhuma das prestações por culpa do devedor, não 
competindo ao credor à escolha, ficará aquele obrigado a pagar o valor da 
prestação que por último se impossibilitou, bem como as perdas e danos havidos 
(art. 254. ―Se, por culpa do devedor, não se puder cumprir nenhuma das 
prestações, não competindo ao credor à escolha, ficará aquele obrigado a pagar o 
valor da que por último se impossibilitou, mais as perdas e danos que o caso 
determinar.‖). Mas, se a escolha couber ao credor e uma das prestações vier a 
impossibilitar-se por culpa do devedor, terá aquele o direito de optar entre a 
prestação subsistente ou o valor da outra, mais as perdas e danos. Se ambas as 
prestações se tornarem inexeqüíveis, ao credor caberá reclamar o valor de 
 
Professor Marcio Rodrigues Oliveira – Disciplina: Direito das Obrigações 
 
30 
qualquer das duas, mais as perdas e danos (art. 255. ―Quando a escolha couber 
ao credor e uma das prestações tornar-se impossível por culpa do devedor, o 
credor terá direito de exigir a prestação subsistente ou o valor da outra, com 
perdas e danos; se, por culpa do devedor, ambas as prestações se tornarem 
inexeqüíveis, poderá o credor reclamar o valor de qualquer das duas, além da 
indenização por perdas e danos.‖). 
 
5.3.5 Obrigações divisíveis e indivisíveis 
Divisíveis são aquelas que permitem a satisfação por partes, enquanto 
as indivisíveis somente podem ser cumpridas por inteiro. A classificação toma em 
conta, pois, a prestação (CC, arts. 87 e 88 ), in verbis: 
 ―Art. 87. Bens divisíveis são os que se podem fracionar sem 
alteração na sua substância, diminuição considerável de 
valor, ou prejuízo do uso a que se destinam.‖ 
 ―Art. 88. Os bens naturalmente divisíveis podem tornar-se 
indivisíveis por determinação da lei ou por vontade das 
partes.‖ 
Nas obrigações divisíveis, existem tantas relações independentes 
quantos sejam os credores, ou os devedores: cada um é titular de uma parte, em 
consonância com a regra concurcu partes fiunt. Nas indivisíveis, cada um 
responde pelo todo, sub-rogando-se nos direitos do credor contra os demais, e, de 
 
Professor Marcio Rodrigues Oliveira – Disciplina: Direito das Obrigações 
 
31 
outro lado, cada credor tem direito pelo todo, devendo repartir com os demais o 
resultado obtido. 
A indivisibilidade pode decorrer da natureza da coisa, da lei, da vontade 
das partes ou de decisão judicial. 
A distinção quanto à divisibilidade ganha relevo apenas na hipótese de 
pluralidade de credores, ou de devedores, para efeito de determinar-se a 
exigibilidade ou a responsabilidade, em função dos pólos correspondentes: assim, 
sendo indivisível, cada credor, ou cada devedor, está apto a cobrar ou a arcar com 
o ônus, ou então todos os credores podem, ao mesmo tempo, desejar o 
cumprimento a que todos os devedores se submetem; ao reverso, sendo 
indivisível, cada credor faz jus a uma parte e a cada devedor compete suportar a 
sua parte na dívida. 
Mesmo que a obrigação tenha por objeto prestação divisível, não pode 
haver pagamento por partes, se assim não for convencionado (art. 314. ―Ainda 
que a obrigação tenha por objeto prestação divisível, não pode o credor ser 
obrigado a receber, nem o devedor a pagar, por partes, se assim não se ajustou.‖ 
CC). Consagra, pois, a regra geral da indivisibilidade, admitindo estipulação em 
contrário. 
Em caso de pluralidade de devedor, ou de credor em obrigação 
divisível, presume-se esta dividida em tantas obrigações iguais, ou distintas, 
quanto a credores ou devedores (art. 257 CC. ―Havendo mais de um devedor ou 
mais de um credor em obrigação divisível, esta presume-se dividida em tantas 
obrigações, iguais e distintas, quantos os credores ou devedores.‖). Prevalece o 
fracionamento e cada um só pode exigir a sua parte, ou deve pagar a sua cota, 
com as conseqüências próprias. 
 
Professor Marcio Rodrigues Oliveira – Disciplina: Direito das Obrigações 
 
32 
Na pluralidade de partes com indivisibilidade, reza o Código que, 
havendo dois ou mais devedores e não sendo divisível a prestação, cada um será 
obrigado pela dívida toda (art. 259. ―Se, havendo dois ou mais devedores, a 
prestação não for divisível,cada um será obrigado pela dívida toda.‖). Mas o 
devedor que pagar o débito sub-roga-se não direito do credor em relação aos 
outros coobrigados (art. 259, parágrafo único. ―Se, havendo dois ou mais 
devedores, a prestação não for divisível, cada um será obrigado pela dívida toda. 
Parágrafo único. O devedor, que paga a dívida, sub-roga-se no direito do credor 
em relação aos outros coobrigados.‖). 
Quanto ao devedor, desobriga-se mediante pagamento a todos 
conjuntamente, ou a um, dando este caução de ratificação dos outros credores 
(art. 260, caput, ―Se a pluralidade for dos credores, poderá cada um destes exigir 
a dívida inteira; mas o devedor ou devedores se desobrigarão, pagando:‖). Se um 
dos credores receber a prestação por inteiro, a cada um dos outros cabe o direito 
de dele exigir em dinheiro a parte correspondente no total (art. 261 CC, ―Se um só 
dos credores receber a prestação por inteiro, a cada um dos outros assistirá o 
direito de exigir dele em dinheiro a parte que lhe caiba no total.‖). Se um dos 
credores remitir a dívida, prosseguirá a obrigação com os demais, que, no entanto, 
só a poderão exigir descontada a cota do remitente (art. 262. ―Se um dos credores 
remitir a dívida, a obrigação não ficará extinta para com os outros; mas estes só a 
poderão exigir, descontada a quota do credor remitente.‖) 
Perde a indivisibilidade a obrigação que se resolver em perdas e danos 
(art. 263, caput CC). Se houver culpa dos devedores, todos responderão por 
partes iguais (§ 1o); sendo de um só a culpa, exonerar-se-ão os demais, 
respondendo o infrator pelas perdas e danos (art. 263). 
 
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33 
―Art. 263. Perde a qualidade de indivisível a obrigação que se 
resolver em perdas e danos. 
 § 1o Se, para efeito do disposto neste artigo, houver 
culpa de todos os devedores, responderão todos por partes 
iguais.‖ 
 
5.3.6 Obrigações solidárias 
 
Obrigações solidárias são aquelas em que existem vários credores, ou 
vários devedores, cada qual com direito, ou obrigado, à dívida toda. Nessas 
obrigações, embora haja pluralidade de sujeitos, cada qual representa a 
totalidade, seja ativa, seja passivamente. Unifica-se, assim, a multiplicidade, de 
modo que o recebimento por um credor libera o devedor dos outros, e vice-versa, 
o pagamento feito pelo devedor importa em quitação para os demais, junto aos 
credores, prosperando, entre si, o direito de regresso. 
Caracteriza-se, pois, o instituto pela existência de vários credores ou de 
vários devedores, unidos de tal sorte, contratual ou legalmente. 
Distingue-se a obrigação solidária da indivisível, principalmente porque 
a primeira envolve pessoas no relacionamento recíproco; a indivisibilidade deflui 
da natureza da prestação, podendo ser convencionada, mas sempre em razão do 
objeto; a solidariedade encontra-se ínsita no título constitutivo da obrigação; 
prevalece na hipótese de conversão da obrigação em perdas e danos e extingue-
se com a morte de um dos credores ou de um dos devedores. Na solidariedade, 
 
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34 
todos os devedores respondem por juros de mora no inadimplemento, 
aproveitando, outrossim, a todos a interrupção da prescrição por um dos credores. 
A solidariedade não se presume, pois resulta da lei ou da vontade das 
partes (art. 265 CC, ―A solidariedade não se presume; resulta da lei ou da vontade 
das partes.‖), definindo-a como aquela em que existe, na mesma obrigação, 
concorrência de credores ou de devedores, com direito, ou com obrigação, sobre 
o débito todo. 
Comporta essa figura elementos acidentais em qualquer das posições, 
de sorte que pode ser pura e simples para um dos co-credores ou co-devedores, e 
condicional, ou a prazo, para o outro (art. 266. ―A obrigação solidária pode ser 
pura e simples para um dos co-credores ou co-devedores, e condicional, ou a 
prazo, ou pagável em lugar diferente, para o outro.‖). 
A solidariedade mais comum é a de devedores, dentro da noção de 
reforço que a submissão de vários patrimônios a um mesmo débito possibilita, 
mesmo se divisível a res. 
São reguladas separadamente as duas espécies, embora exista um 
núcleo normativo comum, preocupando-se mais o legislador com a solidariedade 
passiva, dada a larga aplicação que possui em vários campos de relações 
privadas. 
Obs.: A assunção de dívida 
A assunção de dívida constitui negócio jurídico bilateral, como a cessão, a que se 
assemelha, em sua estruturação, com certas peculiaridades. 
 
Permite-se, com esse negócio, a inserção de terceira pessoa na 
obrigação, para substituir o devedor, a qual assume a sua posição jurídica, sem 
 
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35 
que se altere a obrigação, mas sob consentimento expresso do credor. Com a 
assunção da dívida, são extintas as garantias especiais dadas originariamente ao 
credor, salvo expressa concordância do devedor primitivo. 
O fenômeno provoca, de regra, a liberação, mantido o vínculo com o 
terceiro, com as garantias reais correspondentes. 
 
6. CLÁUSULA PENAL 
 
 A cláusula penal é uma obrigação de natureza acessória. 
 
Por meio desse instituto se insere uma multa na obrigação, para a parte 
que deixar de dar cumprimento ou apenas retardá-lo. De um lado tem a finalidade 
de indenização prévia de perdas e danos, de outro a de penalizar o devedor 
moroso. 
A matéria vem regulada em título referente à modalidade das 
obrigações e o Código atual não define o instituto, que se submete, a priori, a uma 
pena o devedor, se descumprir a obrigação culposamente, ou cumpri-la com 
atraso, tipificado como mora. 
O instituto é utilizado com extrema freqüência nos contratos. 
 
6.1 Compensatória e Moratória 
 A cláusula penal pode se dirigir à inexecução completa da obrigação; 
ao descumprimento de uma ou mais cláusulas do contrato ou ao inadimplemento 
parcial, ou simples mora. 
 
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Quando a multa é aposta para o descumprimento total da obrigação, ou 
de uma de suas cláusulas, a multa é compensatória. Quando se apõe a multa 
para o cumprimento retardado da obrigação, mas ainda útil para o credor, à 
cláusula penal é moratória (art. 409 CC, ―A cláusula penal estipulada 
conjuntamente com a obrigação, ou em ato posterior, pode referir-se à inexecução 
completa da obrigação, à de alguma cláusula especial ou simplesmente à mora.‖). 
A cláusula penal compensatória constitui prefixação de perdas e danos. 
Sua maior vantagem reside no fato de que ao credor basta provar o 
inadimplemento imputável ao devedor, ficando este último obrigado ao pagamento 
da multa estipulada. Não existindo a previsão de multa, deveria o credor como 
regra geral provar a ocorrência de perdas e danos. Na multa, ocorrendo seus 
pressupostos de exigibilidade, ela é devida, sem discussão. 
O credor pode pedir o valor da multa ou o cumprimento da obrigação. O 
devedor pagando a multa, nada mais deve, porque ali já está fixada 
antecipadamente uma indenização pelo descumprimento da obrigação. 
Diferentemente opera a multa pela mora. Pela sua natureza, a 
prestação sempre será útil para o credor. A multa atua como efeito intimidativo 
para que o devedor não atrase no cumprimento de sua avença. Se o fizer, pagará 
a prestação de forma mais onerosa. 
Pela própria natureza da cláusula penal moratória, não há que se 
confundir com a compensatória. Nesta última, se o credor optar pela cobrança da 
multa, não pode cumulá-la com as perdas e danos. 
Na multacompensatória a opção será do credor. Se ele entender que 
seus prejuízos pelo inadimplemento foram mais vultosos que o valor da multa, 
partirá para a via das perdas e danos. Se, por outro lado, entender que a multa lhe 
 
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37 
cobre os prejuízos, ou ainda, se não deseja se submeter a custosa e difícil prova 
de perdas e danos, optará pela cobrança da multa. 
 
6.2 Exigibilidade 
Não há necessidade de que o credor alegue prejuízo para pedir a multa 
(art. 408 CC, ―Incorre de pleno direito o devedor na cláusula penal, desde que, 
culposamente, deixe de cumprir a obrigação ou se constitua em mora.‖) 
Tanto como função punitiva, como de perdas e danos prefixados, sua 
exigência se subordina a fato imputável ao devedor (culpa ou dolo). 
O artigo 416 dispõe que para exigir a pena convencional não há 
necessidade de o autor alegar prejuízo, Assim, a regra geral no nosso estatuto é 
que a cláusula penal é imutável. 
―Art. 416. Para exigir a pena convencional, não é necessário 
que o credor alegue prejuízo.‖ 
Existe, no entanto, o limite na lei: “o valor da cominação imposta na 
cláusula penal não pode exceder o da obrigação principal” (art. 412). O excesso 
de valor não pode ser exigido. Abre-se, ainda, exceção ao princípio geral, 
permitindo-se ao juiz que reduza o valor da imposição, quando houver 
cumprimento parcial da obrigação ou quando o montante da penalidade for 
excessivo (art. 413. ―A penalidade deve ser reduzida eqüitativamente pelo juiz se a 
obrigação principal tiver sido cumprida em parte, ou se o montante da penalidade 
for manifestamente excessivo, tendo-se em vista a natureza e a finalidade do 
negócio.‖). Trata-se de uma tão-só faculdade do julgador. O juiz poderá reduzir a 
multa. O caso concreto é que vai dar a melhor solução ao julgador. 
 
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Sílvio Rodrigues (1981, v. 2:100) entende que também a multa 
moratória é passível de redução pelo juiz. 
Por outro lado, não se poderá, nunca, tolher ao juiz a faculdade de 
redução da multa, em que pesem opiniões em contrário. A faculdade atribuída ao 
juiz é de ordem pública. Hoje não se encontrará quem defenda o contrário, sob 
pena de se colocar o devedor em situação de extrema inferioridade, mormente 
nos contratos de adesão. 
A Lei de Usura, Decreto no 22.626, de 07-04-1993 estabeleceu que nos 
contratos de mútuo, “as multas ou cláusulas penais, quando convencionadas, 
reputam-se estabelecidas para atender a despesas judiciais e honorários de 
advogado, e não poderão ser exigidas quando não for intentada ação judicial para 
a cobrança da respectiva obrigação” (art. 8o). O artigo 9o do diploma acrescenta 
que o limite da cláusula penal, nos casos tratados pela lei, não pode ser superior a 
10% do valor da dívida. A princípio se entendeu que a Lei de Usura revogara a 
matéria pertinente no Código Civil. Não foi a tese vencedora, porque o Supremo 
Tribunal Federal se posicionou no sentido de que essa lei só atingia aos contratos 
de mútuo (cf. Sílvio Rodrigues, 1981, v. 2:103). A Súmula no 596 do STF: “as 
disposições do Decreto no 22.626/33 não se aplicam às taxas de juros e aos 
outros encargos cobrados nas operações realizadas por instituições públicas ou 
privadas, que integram o sistema financeiro nacional”. Assim, restringir o alcance 
da cláusula penal, como pretendeu inicialmente a lei, é questão obsoleta. 
 
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39 
7. EXTINÇÃO DAS OBRIGAÇÕES 
 
Diversos são os modos de extinção das obrigações, em função da 
multiplicidade de fatores intervenientes, que, no entanto, podem resumir-se a duas 
categorias básicas: com cumprimento ou sem cumprimento da prestação. A partir 
da doutrina, podem-se enumerar, na primeira hipótese, as seguintes situações: 
extinção por execução normal pelo devedor, ou por terceiro, e execução indireta 
através de meios técnicos (doação, compensação, consignação, remissão etc.). 
Na segunda tem-se: a prescrição; a impossibilidade da prestação; o implemento 
de condição ou de termo; a força de lei; a força de acordo entre as partes. 
A extinção pode estar relacionada a fatos das partes, a situações 
naturais ou acidentais, a ações de terceiros, enfim, a causas diversas, sujeitando-
se em cada plano a conseqüências próprias. 
No âmbito do Direito das Obrigações, estuda-se as questões referentes 
ao cumprimento direto, ao indireto e as relativas ao descumprimento. Das figuras 
que acarretam indiretamente a extinção de obrigações, posições especiais 
ocupam a transação (CC, arts. 840 e segs.) e a arbitragem. 
Na extinção com cumprimento a satisfação natural dos interesses em 
jogo é alcançada pela execução da prestação na forma ajustada. Assim, a 
execução direta pelo devedor, nos termos ajustados, é o modo natural, ou normal, 
de extinção da obrigação. 
Em razão da interpolação de elementos outros, estranhos ou mesmo 
relacionados às partes, pode-se chegar ao cumprimento por modos indiretos, ou 
por expedientes técnicos, diversos da execução natural. 
 
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Por fim, a impossibilidade da prestação, em função de força maior, ou 
caso fortuito, e os outros fatores descritos, também operam a extinção de 
obrigações, mas especialmente em consonância com a Teoria Geral do Direito 
Civil. 
 
7.1 O pagamento 
O pagamento é, pois, o meio normal de extinção das obrigações. No 
sentido estritamente técnico e tal como está nos artigos 304 e seguintes do 
Código, é toda forma de cumprimento da obrigação. Trata-se da solutio, solução 
do velho direito. A obrigação, a dívida solve-se, resolve-se, paga-se. 
O pagamento é verdadeiro negócio jurídico, já que as partes fazem dele 
um meio de verdadeiramente extinguir a obrigação, inserindo-se no conceito do 
artigo 81 do Código, sendo assim, pode-se assemelhar a um contrato, se bilateral. 
Mas pode ocorrer sem o concurso da vontade do accipiens (o que deve receber o 
pagamento), na atividade de cumprimento da obrigação por parte do solvens (o 
que efetua o pagamento). 
 
7.2 Pagamento por consignação 
 
O devedor, e não apenas o credor, também tem interesse no sentido de 
que a obrigação seja extinta. Não pagando o devedor no tempo, local e forma 
devidos, sujeitar-se-á aos ônus da mora. Ainda, se sua obrigação consistir na 
 
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entrega de coisa, enquanto não houver a tradição o devedor é responsável pela 
guarda respondendo por sua perda ou deterioração. 
Se o credor não toma a iniciativa de receber, ou pretende receber de 
forma diversa do contratado, ou quando não é conhecido o paradeiro do credor, o 
devedor tem o meio coativo de extinguir sua obrigação: a consignação em 
pagamento. 
É instituto que pertinente tanto ao direito material, quanto ao direito 
processual. Trata-se do depósito judicial de uma coisa. A decisão judicial é que vai 
dizer se o pagamento feito desse modo em juízo terá o condão de extinguir a 
obrigação. O objeto da consignação, em si, é um pagamento. 
A consignação é uma faculdade às mãos do devedor. Não tem ele a 
obrigação de consignar; sua obrigação é de cumprir a obrigação. A consignação é 
apenas uma forma de cumprimento colocada à sua disposição. Na maioria das 
vezes, razões de ordem prática e de absoluta conveniência instam o devedor a 
mover a ação consignatória. Ela é considerada uma forma de pagamento, 
extinguindo a obrigação com “o depósito judicial da coisa devida, nos casose 
formas legais” (art. 334 CC). 
 
7.2.1 As hipóteses de consignação 
 
O artigo 335 descreve seis incisos sobre hipóteses de consignação: 
―Art. 335. A consignação tem lugar: 
I - se o credor não puder, ou, sem justa causa, recusar 
receber o pagamento, ou dar quitação na devida forma;‖ 
 
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É a chamada dívida “portable”, a situação mais corriqueira. As 
motivações do credor em não receber podem ser várias. Só se 
considera, contudo, a falta de justa causa. A quitação é um direito do 
devedor e ele não está obrigado a pagar sem a devida quitação. 
―II – se o credor não for, nem mandar receber a coisa no 
lugar, tempo e condições devidas.‖ 
Trata da situação em que cabe ao credor receber a coisa, caso de 
dívida quérable. Aqui a iniciativa deve ser do credor. Se este se mantém inerte, 
abre a possibilidade da consignação ao devedor. 
―III - se o credor for incapaz de receber, for desconhecido, 
declarado ausente, ou residir em lugar incerto ou de acesso 
perigoso ou difícil;‖ 
Não existe, em princípio, credor desconhecido. Mas situações várias 
podem torná-lo tal. A ausência é situação jurídica definida: é ausente quem 
declarado tal judicialmente. Para a consignação, no entanto, o ausente se 
equipara àquele que está em local ignorado, ou de acesso perigoso ou difícil. 
―IV – se ocorrer dúvida sobre quem deva legitimamente 
receber o objeto do pagamento.‖ 
Quem paga mal, pagará duas vezes. São muitas as situações em que, 
na prática, ver-se-á o devedor em dúvida quanto a quem pagar. O credor 
originário faleceu e se apresentam vários sucessores para receber, por exemplo. 
―V – se pender litígio sobre o objeto do pagamento.‖ 
O litígio aí mencionado é entre o credor e terceiro. O devedor deve 
entregar coisa ao credor, coisa essa que está sendo reivindicada por terceiro. 
Deve o devedor se exonerar com a consignação. O credor e o terceiro é que 
 
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resolverão, entre eles, a pendência. No artigo 344 CC: ―O devedor de obrigação 
litigiosa exonerar-se-á mediante consignação, mas, se pagar a qualquer dos 
pretendidos credores, tendo conhecimento do litígio, assumirá o risco do 
pagamento.‖. 
 
7.3 Pagamento com sub-rogação 
 
O termo sub-rogação significa, em nossa ciência, substituição. A sub-
rogação não extingue propriamente a obrigação. O instituto contemplado nos 
artigos 985 e seguintes do Código faz substituir o sujeito da obrigação. O termo 
pode também ser empregado para a sub-rogação real, quando uma coisa de um 
patrimônio é substituída por outra. É o que ocorre quando se substitui os vínculos 
de inalienabilidade, impenhorabilidade e incomunicabilidade de um imóvel a outro. 
No pagamento com sub-rogação um terceiro e não o primitivo devedor 
efetua o pagamento. Esse terceiro substitui o devedor originário da obrigação, de 
forma que passa a dispor de todos os direitos, ações e garantias que tinha o 
primeiro. Quando alguém paga o débito de outrem fica com o direito de reclamar 
do verdadeiro devedor o que foi pago e que esse crédito goze das mesmas 
garantias originárias. Não há prejuízo algum para o devedor, que em vez de pagar 
o que deve a um, deve pagar o devido a outro. 
O fato é que a dívida se conserva, não se extingue. 
 
 
 
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44 
7.3.1 Sub-rogação legal 
O artigo 346 traz três situações em que a sub-rogação opera de pleno 
direito: 
―Art. 346. A sub-rogação opera-se, de pleno direito, em 
favor:‖ 
―I - do credor que paga a dívida do devedor comum;‖ 
A situação pressupõe a existência de mais de um credor do mesmo 
devedor. Pode ocorrer que esse credor tenha interesse em afastar o outro que 
tenha preferência no crédito, preferindo ficar sozinho na posição de credor, 
aguardando momento mais oportuno para cobrar a dívida. 
―II - do adquirente do imóvel hipotecado, que paga a credor 
hipotecário, bem como do terceiro que efetiva o pagamento 
para não ser privado de direito sobre imóvel;‖ 
O imóvel, mesmo hipotecado, pode ser alienado. O adquirente tem o 
maior interesse em extinguir a hipoteca. 
―III - do terceiro interessado, que paga a dívida pela qual era 
ou podia ser obrigado, no todo ou em parte.‖ 
É a questão mais comum e útil na prática. O fiador paga a dívida do 
afiançado e se sub-roga nos direitos do credor. Da mesma forma, um dos 
devedores solidários paga toda a dívida. Sua sub-rogação, de acordo com a forma 
pela qual foi contraída a solidariedade é parcial ou total da dívida. A finalidade 
primordial do inciso é colocar o devedor que paga a cobro de uma situação difícil e 
embaraçosa. Note-se que a lei fala em terceiro interessado que paga. Se for 
terceiro não interessado, não haverá sub-rogação. O terceiro não interessado que 
 
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paga a dívida em seu próprio nome não se sub-roga nos direitos do credor (art. 
305 ―O terceiro não interessado, que paga a dívida em seu próprio nome, tem 
direito a reembolsar-se do que pagar; mas não se sub-roga nos direitos do credor. 
Parágrafo único. Se pagar antes de vencida a dívida, só terá direito ao reembolso 
no vencimento.‖). Só terá direito ao reembolso, por uma questão de eqüidade, 
para se evitar o enriquecimento sem causa. 
 
7.3.2 Sub-rogação convencional 
 
O artigo 347 admite duas formas de sub-rogação convencional: 
―Art. 347. A sub-rogação é convencional: 
I - quando o credor recebe o pagamento de terceiro e 
expressamente lhe transfere todos os seus direitos; 
II - quando terceira pessoa empresta ao devedor a quantia 
precisa para solver a dívida, sob a condição expressa de 
ficar o mutuante sub-rogado nos direitos do credor satisfeito.‖ 
Nessa hipótese há um acordo de vontade entre o credor e o terceiro. 
Não se exigem palavras sacramentais. 
No primeiro caso há iniciativa do credor, que recebe a importância de 
terceiro. O devedor não necessita aquiescer; o fenômeno pode ocorrer com ou 
sem seu conhecimento. 
No segundo caso há iniciativa do devedor, que consegue alguém que 
lhe empreste o numerário para pagar a dívida e passa a dever, com todos os 
direitos originários, ao mutuante. 
 
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Ambas as figuras são úteis. No primeiro caso, o credor se vê satisfeito, 
numa situação de adimplemento duvidoso. No segundo caso o devedor consegue 
talvez se livrar de um credor poderoso, mais insistente e poderá pagar, depois, a 
quem lhe emprestou, quiçá em situação mais favorável. 
Difere da cessão de crédito, como vimos, pois nesta há necessidade de 
ciência do devedor (art. 290). 
―Art. 290. A cessão do crédito não tem eficácia em relação ao 
devedor, senão quando a este notificada; mas por notificado 
se tem o devedor que, em escrito público ou particular, se 
declarou ciente da cessão feita.‖ 
 
7.4 Imputação de pagamento 
 
A imputação de pagamento é a forma de se quitar um ou mais débitos, 
quando há vários, do mesmo devedor, em relação ao mesmo credor. Trata-se da 
aplicação de um pagamento a uma determinada dívida (ou mais de uma), dentre 
outras que se tem com o mesmo credor, desde que sejam todas da mesma 
natureza, líquidas e vencidas (art. 352). 
A doutrina não dá muita importância ao tema. Mas não é ele destituído 
de aplicação prática. 
A preferência na escolha da dívida a ser adimplida é do devedor. O 
artigo 352 CC é claro a esse respeito: cabe à pessoa obrigada, ou quem lhe faz asvezes, fazer a imputação. 
 
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Vamos encontrar os requisitos dessa forma de pagamento no próprio 
artigo 352: “a pessoa obrigada, por dois ou mais débitos da mesma natureza, a 
um só credor, tem o direito de indicar a qual deles oferece o pagamento, se todos 
forem líquidos e vencidos”. 
Logo, só surgirá o fenômeno se houver pluralidade de débitos. Devem 
concorrer, também, as pessoas de um só credor e um só devedor. 
O pagamento ofertado pelo devedor deve ser suficiente para quitar ao 
menos uma das dívidas. Já que o credor não está obrigado a receber 
parcialmente, este princípio é conseqüência da regra geral. O pagamento pode ser 
suficiente para uma ou mais de uma dívida; mas ao menos uma. 
Por fim, a dívida deve ser vencida. Presume-se que o credor não queira 
receber, nem o devedor pagar, antes de a dívida se vencer e se tornar exigível. 
Mas, no caso, só se fará a imputação a uma dívida ilíquida ou não vencida, com o 
consentimento do credor. 
Não havendo avença em contrário, a escolha na imputação é do 
devedor. Este, sempre que possível, é tratado de forma mais benigna pelo código. 
Facilita a lei sua posição de onerado. A tradição dessa posição já vem das fontes 
romanas. 
Mas, ofertando o pagamento a uma ou mais dívidas e não dizendo o 
devedor qual a sua imputação, o credor dará quitação naquela que lhe aprouver. 
Aceitando tal quitação, não poderá mais o devedor reclamar dessa imputação feita 
pelo credor (art. 353. ―Não tendo o devedor declarado em qual das dívidas líquidas 
e vencidas quer imputar o pagamento, se aceitar a quitação de uma delas, não 
terá direito a reclamar contra a imputação feita pelo credor, salvo provando haver 
ele cometido violência ou dolo.‖). 
 
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Por fim, sendo inertes ambas as partes da obrigação e surgindo 
posteriormente o problema, a lei diz como se fará a imputação: “se o devedor não 
fizer a indicação do artigo 355, e a quitação for omissa quanto à imputação, esta 
se fará nas dívidas líquidas e vencidas em primeiro lugar. Se as dívidas forem 
todas líquidas e vencidas ao mesmo tempo, a imputação far-se-á na mais 
onerosa”. A lei procura facilitar a situação do devedor. 
Preferem-se as dívidas vencidas em primeiro lugar porque parece 
lógico o fator temporal. 
Cabe ao juiz o exame da dívida mais onerosa, embora a doutrina possa 
traçar os pilares da vontade da lei. Como a questão é de privilegiar, no caso, o 
devedor, haverá preferência de imputação na dívida com garantia real ou com 
fiança, à dívida exclusivamente quirografária. Preferir-se-á a dívida com juros de 
12% ao ano, àquela com juros de 6%; preferir-se-á o débito com multa maior etc. 
 
7.5 Dação em pagamento 
Se o credor consentir, a obrigação pode ser resolvida substituindo-se 
seu objeto. Dá-se algo em pagamento, que não estava originalmente na 
obrigação. Esse é o sentido da datio in solutum. Só pode ocorrer com o 
consentimento do credor pois ele não está obrigado a receber nem mesmo coisa 
mais valiosa (art. 313). 
Para que ocorra a dação há necessidade de uma obrigação 
inicialmente criada, um acordo posterior, onde o credor concorda em aceitar coisa 
diversa e, por fim a entrega. Pode a dação ser parcial. (Parte do conteúdo da 
obrigação é substituído). 
 
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Não existe dação no pagamento com títulos de crédito, porque aí 
haverá cessão de crédito (art. 358 ―Se for título de crédito a coisa dada em 
pagamento, a transferência importará em cessão.‖) (cf. Caio Mário da Silva 
Pereira, 1972, v. 2:151). 
A aceitação da dação em pagamento depende de plena capacidade do 
credor. 
 
7.6 Novação 
 
A novação é a operação jurídica por meio da qual uma obrigação nova 
substitui a obrigação originária. O credor e o devedor, ou apenas o credor, dão por 
extinta a obrigação e criam outra. A existência dessa nova obrigação é condição 
de extinção da anterior. 
Novação objetiva. Vem ela descrita no artigo 360, ―Dá-se a novação: I - 
quando o devedor contrai com o credor nova dívida para extinguir e substituir a 
anterior;‖ 
Os incisos II e III desse artigo tratam da novação subjetiva, quando se 
substituem o devedor ou o credor. ―II - quando novo devedor sucede ao antigo, 
ficando este quite com o credor; III - quando, em virtude de obrigação nova, outro 
credor é substituído ao antigo, ficando o devedor quite com este.‖ 
Modernamente não tem a novação a importância que lhe atribuía o 
direito romano. 
Na novação não existe a satisfação do crédito. Débito e crédito 
persistem, mas sob as vestes de uma nova obrigação, daí a terminologia. 
 
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São requisitos da novação: uma dívida anterior que se extingue e a 
criação de uma obrigação nova (obrigatio novanda). 
Para ser criada uma nova obrigação há necessidade de um novo 
elemento e de caráter essencial. Pode-se então denominar este requisito de 
“essencialidade na modificação”. 
 
Com criação da nova obrigação, extinguem-se os acessórios e garantias 
da dívida “sempre que não houver estipulação em contrário” (art. 364). 
Se há garantias ofertadas por terceiros, só com o consentimento deles é 
que persistirão as garantias (art. 364. “A novação extingue os acessórios 
e garantias da dívida, sempre que não houver estipulação em contrário. 
Não aproveitará, contudo, ao credor ressalvar o penhor, a hipoteca ou a 
anticrese, se os bens dados em garantia pertencerem a terceiro que não 
foi parte na novação.”). 
 
Do mesmo modo, dispõe o artigo 366 que “importa exoneração do 
fiador a novação feita sem seu consenso com o devedor principal”. Não pode o 
fiador ficar obrigado a uma dívida que não assentiu. No entanto, pode ser a 
própria fiança a obrigação nova, o que manterá intacta a obrigação principal. 
Nas obrigações solidárias, se a novação se opera entre o credor e um 
dos devedores solidários, os outros ficam exonerados (―Art. 365. Operada a 
novação entre o credor e um dos devedores solidários, somente sobre os bens do 
que contrair a nova obrigação subsistem as preferências e garantias do crédito 
novado. Os outros devedores solidários ficam por esse fato exonerados.‖). Só 
persistirá a obrigação para eles se concordarem com a nova avença. Se houver 
 
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reservas de garantia, só garantirão a dívida os bens do devedor solidário que 
novou. Em se tratando de solidariedade ativa, uma vez ocorrida a novação, 
extingue-se a dívida. A novação é meio de cumprimento. Segue-se o princípio 
geral da solidariedade ativa. Feita a novação por um dos credores solidários, os 
demais credores que não participaram do ato se entenderão com o credor 
operante, de acordo com os princípios da extinção da solidariedade ativa. No 
tocante à obrigação indivisível, questão omissa na lei, entende Orlando Gomes 
(1978:171) que se um dos credores novar, “a obrigação não se extingue para os 
outros; mas estes somente poderão exigi-la, descontada a quota do credor que 
novou. Se forem vários os devedores e o credor comum fizer novação com um 
deles, os outros ficam desobrigados”. 
 
7.7 Compensação 
 
Compensar é contrabalançar, contrapesar, equilibrar. No direito 
obrigacional significa um acerto de débito e crédito entre duas pessoas que têm, 
ao mesmo tempo, a condição recíproca de credor e devedor. Os débitos se 
extinguem até onde se compensam, isto é, se contrabalançam.

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