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Pró-reitoria de EaD e CCDD 1 Teoria da Comunicação Aula 1 Prof. Alexandre Correia dos Santos Pró-reitoria de EaD e CCDD 2 Conversa Inicial Estudar a comunicação e a origem de suas teorias é importante para a compreensão de suas formulações e aplicações. A fim de que possamos compreender a comunicação como fenômeno, devemos analisar suas bases teóricas, que – formalmente – se iniciaram com a Escola de Chicago na década de 1930, buscando esclarecer as principais transições dos estudos da Sociedade Moderna para a Sociedade de Massa, criada exatamente nessa época, por meio do mass comunication research. Logo depois, iremos perceber – e, juntos, exercitar – a comunicação como objeto de pesquisa, tentando compreendê-la não apenas na qualidade de conceito, mas também de fonte de estudo aprofundado, analisando todas as possíveis perspectivas empíricas de um mesmo tema, desdobrando as práticas em recortes possíveis para a construção do todo do conceito. O intuito é perceber que a comunicação é um tema largamente utilizado, porém com prática recente de seus conceitos. Em seguida, nossa ideia é mostrar as relações da mídia com as diferentes dimensões componentes de uma sociedade, sob o caráter de influência e indução da comunicação junto àquela sociedade a que se destina a mensagem. Ficará claro para nós que a comunicação, sob a acusação de manipuladora e ao mesmo tempo de serviço público e cultural, deve ser analisada nos diferentes âmbitos de pesquisa e formatos disponíveis, para dirimir possíveis dúvidas acerca do tema. Tratar paradigmas sociais sem conhecer seus intentos e seu conteúdo é persistir no erro da análise. A ideia é que pesquisemos os processos comunicacionais, levando em consideração todos os pontos de vista necessários para uma análise completa, não obstante a verdade e a isenção dos fatos. Por fim, revisitaremos as discussões teóricas que devem relevar quais Pró-reitoria de EaD e CCDD 3 as vantagens e desvantagens – não do campo da especulação – da melhor forma de se enxergarem novas práticas do fazer e do saber comunicacional. Espero que possamos – juntos – aproveitar o fascinante mundo da comunicação social! Seja bem-vindo! Tema 1: Da Sociedade Moderna à Sociedade de Massa Os estudos mais aprofundados da comunicação datam da metade do século XX, não apenas pela necessidade de entender uma sociedade que já demandava a utilização da comunicação para consecução de seus objetivos, mas também pelo surgimento de novos meios e pela necessidade eminente de sua compreensão por meio de estudos e aplicações práticas. É a partir de 1930 que se começa a desenvolver também uma pesquisa voltada especificamente para a comunicação de massa, conhecida como mass communication research, que teria inaugurado as teorias da comunicação, por meio da chamada Escola de Chicago. Confira comigo, no infográfico a seguir, quem são os principais “pais” da pesquisa em comunicação: Figura 1 – Os pais da pesquisa Pró-reitoria de EaD e CCDD 4 Apesar de os estudos da comunicação já serem realizados antes de 1930, foi a partir desse ano que a Escola de Chicago se notabilizou pela relevância de suas pesquisas e experimentações que geraram as primeiras teorizações, principalmente sobre o papel preponderante dos meios, as formas e seus processos de influência. Grande parte desses estudos era motivada por ordens econômicas e políticas, pela expansão da ordem da produção industrial e a consequente necessidade da ampliação da venda de novos produtos, para a real compreensão das motivações e do comportamento das audiências e para o entendimento de técnicas de persuasão. A política, por sua vez, trata a comunicação como estratégia, pela fase monopolista que se instaurava do capitalismo, cabendo aos Estados Unidos o papel de protagonista e potência reconhecida como imperialista. Na Europa, os estudos sobre comunicação na primeira metade do século XX eram conhecidos por seu caráter intelectualista com uma função muito mais especulativa. Dos serviços de informação à difusão, da sociedade moderna à sociedade de massa, nota-se a política de intervenção, centrada na manipulação ideológica, incentivando e desenvolvendo pesquisas nas mais diversas áreas da comunicação, com o objetivo do domínio das técnicas e do fazer comunicativo. Para Mattelart (2009), a primeira peça do dispositivo conceitual da mass communication research é o livro de Harold D. Lasswell (1902-1978) Propaganda Techniques in the World War, que, com as experiências de guerra, afirmava serem os meios de comunicação “instrumentos indispensáveis para a gestão governamental” das opiniões. A concentração populacional, nos espaços caracterizados pela urbanização e industrialização, leva inevitavelmente a pensar na massificação. Surgem, assim, as primeiras organizações de massa: associações e sindicatos, cada um com suas reivindicações e manifestações coletivas. Pró-reitoria de EaD e CCDD 5 Weber (1864-1920) coloca, além das contradições econômicas, as formas de racionalidade em igual relevo. Na esteira da reflexão sociológica do século XIX, diversas abordagens respondem às razões e consequências das desorganizações sociais. Em uma época de profundas e intensas transformações e mudanças, os estudos sociológicos analisam a transição antigo-moderno, fixados ao medo da desintegração social. É então no centro das discussões e no aprofundamento dos estudos sociais da então sociedade moderna que emerge a formulação da sociedade de massa. No esforço de precisão e exigência metodológica, a massa é descrita como formada por indivíduos atomizados, sempre reclusos em seus ambientes privados. Os meios de comunicação surgem como força importante nesse contexto, refazendo a ligação desses indivíduos com a sociedade. Logo, o paradigma da “sociedade de massa” incorpora a seus estudos várias leituras sociológicas e psicológicas beirando o psicanalítico, como tratado posteriormente, na Teoria Crítica. Curiosidade Foi na Segunda Grande Guerra que o alcance da comunicação começou – de fato – a ser percebido pelas diferentes utilizações de técnicas de persuasão disseminadas por Joseph Goebbels – Ministro da Propaganda da Alemanha nazista –, que serviu de inspiração para os Estados Unidos. Nessa época, tornou-se essencial mobilizar sentimentos e lealdades para incitar nos cidadãos ódio e medo contra seus inimigos, tentando manter a moral intacta perante as batalhas e privações, como contribuição para a manutenção da nação. O meio para alcançar essas metas ou propósitos foi justamente a propaganda. Por meio de cuidadosas mensagens nas mais diversas mídias (disponíveis para a época), os cidadãos deveriam passar a vingar seus adversários, idolatrando a própria pátria e devotando-se ao máximo ao esforço de guerra. Os meios eram a forma e a fonte para a construção dessa ideologia. Pró-reitoria de EaD e CCDD 6 Foi a partir desses fatos que perceberam a publicidade como mecanismo de controle e manipulação político-ideológica, a qual mais tardiamente seria adaptada para a combinação de formas de comunicação interpessoais e massivas, desenvolvendo suas próprias técnicas de intervenção. Saiba mais Goebbels Biography – The Goebbels Experiment. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=bic0m3P3a6I>. Tema 2: A Comunicação como Objeto de Pesquisa A primeira pergunta que devemos nos fazer é: Qual é o objeto de comunicação? A comunicação tem uma existênciasensível. Ou seja, está disponível aos nossos sentidos, podendo ser vista, ouvida e tocada. Sua presença é facilmente percebida à exaustão na sociedade contemporânea. Se dissermos, por exemplo, que os objetos da comunicação são os meios de comunicação de massa, devemos nos prender às experiências cotidianas e dimensões do real. No gráfico a seguir, vamos acompanhar as possibilidades de pesquisas inerentes ao tema comunicação. Figura 2 – Recortes possíveis da pesquisa do meio rádio Pró-reitoria de EaD e CCDD 7 A respeito do rádio, por exemplo, se falarmos em objeto de pesquisa, o que podemos “recortar”, extrair para problematização do meio? A sua importância enquanto meio de comunicação de massa? A produção discursiva do meio e as mensagens do meio? A diversidade de produtos e seus gêneros? O desempenho e a cultura profissional da área? Processos de produção e circulação dos produtos? Os hábitos dos ouvintes? As modificações que o rádio vem sofrendo, por ordem das novas tecnologias? A palavra comunicação é recente. Somente a partir da metade do século XX o termo passou a ser usado com exaustão. Antes, apenas se nomeavam as práticas e os procedimentos. Percebia-se: o rádio, a imprensa, o discurso, a persuasão, a fala. É o conjunto de objetos empíricos que nos faz entender a função do Pró-reitoria de EaD e CCDD 8 rádio. É nossa compreensão do todo. Isso complementa, então, a ideia de que a comunicação não deve se apoiar apenas a um objeto de pesquisa. Desse modo, devemos juntos entender que a modernidade não descobriu a comunicação, pelo contrário, além de redescobri-la, problematizou-a, tornando mais complexo seu funcionamento, questionando ainda mais as múltiplas formas, possibilidades e modulações de sua existência e realização. Se, em um primeiro momento, pensamos em objeto enquanto elenco de práticas distintas, devemos nos lembrar do conceito, da representação, da forma de apreensão de todas essas práticas. Portanto, fica claro que falarmos de objeto transcende a prática de apenas os referenciar, mas identificá-los, construí-los conceitualmente. Essa é a natureza de um objeto de conhecimento. A partir de sua construção e da compreensão de seus estudos, buscamos saber sempre mais. Em torno da comunicação, e com os constantes esforços de conhecê-la, surgem estudos, teorias. Mas o que é uma teoria? Como devemos percebê-la? Devemos compreendê-la como um sistema prático de enunciados; portanto, um corpo de ideias e/ou conceitos sobre uma realidade ou sobre certo aspecto dessa realidade. Hohlfeldt (2008) alerta que, etimologicamente, teoria significa contemplação, exame, movimento apontado acima – vinculação com a realidade e autonomia da reflexão. Ainda, soma-se a essa diversidade a flexibilidade e a mobilidade do objeto: a constante mutação das práticas Pró-reitoria de EaD e CCDD 9 comunicativas, verdadeiras revoluções – recentes – que ocorrem em um ritmo que, muitas vezes, a academia não dá conta de pesquisar e acompanhar. Afinal, são distintos o tempo de reflexão e o tempo de prática. Outro aspecto está nos múltiplos olhares que a comunicação suscita. Martino (2008) define comunicação – na teoria – como um corpo heterogêneo, descontínuo e muitas vezes incipiente de proposições e enunciados sobre a comunicação, oriundos das diferentes investigações sobre os temas diversos. O mesmo autor ainda distingue: um problema filosófico da comunicação enquanto fundamento do homem e o problema histórico da tomada da significação dos processos comunicativos a partir da emergência de um tipo de organização coletiva determinada. A pesquisa do objeto da comunicação deve jogar diversos olhares com o objetivo específico de constituir simplesmente um novo olhar, para pensarmos os campos de estudos da comunicação como um espaço multidisciplinar, criando novas referências e novos pensamentos acerca de uma mesma temática comunicacional. Saiba mais Artigo – A Comunicação como teoria. Disponível em: <http://media/3304353/1-a-comunicacao-objeto-como-teoria-breve-analise- teorico-comunicacao-social.pdf>. Tema 3: A natureza da Comunicação Quanto mais se desenvolvem estudos relacionados com a comunicação, mais nós acreditamos que as generalizações dão lugar a uma compreensão mais ampla do relacionamento entre os meios e veículos de comunicação com as sociedades a que estes se destinam. Neste tema, devemos perceber que os debates emocionais e passionais acerca das mídias tendem a dar lugar para provas válidas e concretas. Pró-reitoria de EaD e CCDD 10 Antigas especulações ou críticas, como rebaixamento de preferências culturais, agravamento de taxas de delinquência, contribuição para deterioração da moral, entorpecimento das massas e supressão da criatividade, entre outras, devem dar lugar a novas considerações. Os meios não devem mais ser considerados tão culpados por tudo aquilo que é noticiado ou propagado, com segundas intenções. Estudos mostram também um contraponto a essas acusações: veiculação e exposição de corrupção, mostras de liberdade de expressão, geração de um mínimo de cultura em massa, diversão diária e gratuita, informação globalizada. Saiba mais Liberdade de Expressão. Disponível em: <http://www.cartacapital.com.br/sociedade/ataques-a-liberdade-de-expressao- aumentam-15-em-um-ano-no-brasil-3733.html>. Regulação de Empresas de Comunicação. Disponível em: <http://www.cartacapital.com.br/politica/a-liberdade-de-expressao-697.html>. Precisamos de mais evidências que conduzam essas discussões a um campo mais concreto de críticas, afinal, a comunicação, é um processo biossocial, que trabalha com fatores como percepção, interação, interação simbólica, além de todas as convenções culturais de linguagens que são trabalhadas de diferentes modos. Dentro de diferentes dimensões políticas, sistemas econômicos e cenários principalmente históricos, as estruturas dos meios e veículos assumem diferentes formas. Pró-reitoria de EaD e CCDD 11 Figura 3 – Comunicação e liberdade A produção, a distribuição e o consumo da mídia são influenciados por questões como saber se a sociedade é uma democracia de livre-iniciativa ou – por exemplo – uma ditadura declaradamente totalitária. Defleur (2003) afirma que, ao pensarmos comunicação, é importante especialização dos dados da mídia, adequar informações para que seja possível avaliar as consequências de operar sistemas sob a égide de propriedade e/ou controle. Estudos da evolução histórica de cada avanço da tecnologia da comunicação proporcionam diferentes maneiras de induzir generalizações acerca do modo pelo qual as diferentes mídias evoluíram sob diversas condições socioculturais. Pró-reitoria de EaD e CCDD 12 Saiba mais Artigo sobre a morte de comunicadores. Disponível em: <http://artigo19.org/blog/violacoes-a-liberdade-de-expressao-relatorio-anual- 2014/>. CANAL DESCOMPLICA. Liberdade de Expressão. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=8Z19T_t4mN0>. Situação-problema Construa um texto sobre o tema: “Liberdade e responsabilidade na Comunicação”, com, no máximo, duas laudas. Tema 4: Paradigmas Sociais Agora, devemos pensar a relação entre a mídia e a sociedade. Esse caso sempre esteve em pauta em virtude dos efeitos dos processos da comunicação pela natureza social e pelo indivíduo e, por consequência, pelo relacionamento entre essas duas partes. Antigamente, o termoparadigma referenciava qual espécie de modelo era possível copiar. Hoje em dia, combina a ideia mais complexa de versões e vantagens e desvantagens do funcionalismo em todas as suas estruturas. Quanto à natureza da sociedade, a teoria do funcionalismo refere-se diretamente a todas as especificidades inerentes a ela, e muitos críticos fazem referência a essa orientação clássica. A mídia e os processos de comunicação são ações padronizadas e repetitivas dos sistemas sociais em que funcionam. As dependências estruturais que existem entre a mídia e outros sistemas sociais não só afetam o cotidiano da sociedade, mas também influem na forma como o indivíduo utiliza sua vida no dia a dia. A concepção de uma sociedade como um sistema dinâmico de atividades repetitivas também se tornou importante nas análises das sociedades primitivas. Recentemente, o conjunto de suposições implícitas na Pró-reitoria de EaD e CCDD 13 comunicação continua a desempenhar papel significativo na expansão e nos debates da sociologia moderna. Para Defleur (2003), uma simplificação é arriscada, mas algumas suposições são válidas: a) É preferível encarar a sociedade como um conjunto de atividades interligadas, repetitivas e padronizadas. b) Uma sociedade assim sofre constantes mudanças, com suas formas sociais tornando-se constantemente diferenciadas e mais especializadas. c) Novas formas sociais são inventadas, ou emprestadas de outras sociedades, por indivíduos em busca de meios mais eficazes de alcançar metas que consideram importantes. Pró-reitoria de EaD e CCDD 14 Logo, a comunicação pode ser disfuncional, por contribuir antes para desarmonia a fim de depois promover a estabilidade, quando dispõe de poder para instigar as pessoas a várias formas de comportamento que desviem suas atitudes. Hoje, existem muitas variações do paradigma social. Em tese, intrinsicamente, representam uma tentativa para responder pela mudança societária, dentro de um certo conjunto de leis naturais. Os mecanismos sociais de mudança que aparecem mais comumente nos paradigmas sociais evolutivos são seleção natural, sobrevivência dos mais aptos e herança de características adquiridas. A importância dessas discussões fica evidente quando se examina a história e o percurso da mídia. Durante essa história, surgiram novos caminhos na comunicação e sistemas ainda mais velozes, capazes de alcançar audiências ainda maiores e mais amplas. O desenvolvimento da comunicação é um processo evolutivo tanto em sua função mecânica e científica, quanto em suas modalidades sociais, para tornar eficaz a utilização societária dessa tecnologia a fim de alcançar metas encaradas como muito importantes. Saiba mais A Repetição na Comunicação. Disponível em: <http://www.intercom.org.br/papers/nacionais/2005/resumos/R0137-1.pdf>. Tema 5: Conteúdos, veículos e recepção O crescente interesse por meios e veículos não deve prescindir de seu conteúdo e de suas formas de transmissão e recepção. Além disso, sua linguagem específica deve ser levada em consideração, e é necessário abordar também compostos e conceitos do contexto econômico, social e cultural a que se destina. Isso porque os meios de comunicação consistem também em Pró-reitoria de EaD e CCDD 15 vários significados, sobrepostos normalmente uns aos outros, colaborando em rede para seus resultados efetivos. Vale lembrarmos que cada um dos veículos, derivações dos meios, possuem tanto vantagens como desvantagens em suas propriedades e aplicações, portanto suas análises devem ocorrer segundo suas especificidades próprias e únicas, justamente para não incorremos no erro comum de analisarmos os veículos, sem nos preocuparmos com suas formas e meios de transmissão. Figura 4 – Estratégias da comunicação Segundo Adorno (1954), os conteúdos tendem a canalizar a reação do público, relevando seus objetivos e intentos. A manipulação do público tão alardeada pela indústria cultural é facilmente entendida como forma de domínio das sociedades altamente desenvolvidas – passa, portanto – mediante efeitos que se realizam no âmbito das mensagens e dos conteúdos. Saiba mais Indústria Cultural e Sociedade – Theodor W. Adorno. Disponível em: <http://charlezine.com.br/wp-content/uploads/Ind%C3%BAstria-Cultural-e- Pró-reitoria de EaD e CCDD 16 Sociedade-Adorno.pdf>. Em um sistema capitalista, os processos de socialização que ocorrem na família e na escola desenvolvem os gostos e as percepções da recepção e também se encontram na lógica dos filmes populares de massa e na programação de televisão; portanto, são similares ou dois lados da mesma moeda. Para Hall (2003), a recepção seria um momento de transparência entre a codificação e a descodificação. Isto é, ser perfeitamente hegemônico ou receptivo significa, para o codificador, que cada significado comunicado seja compreendido apenas do modo pretendido, melhor dizendo, com o receptor a exercer a chamada “leitura preferencial”. O principal objetivo dessa teoria era demonstrar o poder ideológico das mensagens (a hegemonia dos discursos dominantes), principalmente no meio televisivo. Sua contribuição veio no enunciado de atitudes fundamentais dos receptores frente à recepção: a) Uma posição dominante ou preferencial – quando o sentido da mensagem é decodificado frente às referências de sua construção. b) Posição negociada – quando o sentido da mensagem entra em uma possível “negociação” com as condições particulares dos receptores. c) Certa posição de “oposição” – quando o receptor compreende a intenção da mensagem, porém, interpreta-a segundo uma referência pessoal alternativa. Saiba mais Teorias de conteúdo e recepção. Disponível em: <http://www.usp.br/anagrama/Gelatti_recepcao.pdf>. Exemplo Prático Se usarmos um exemplo prático de definição de personalidade de uma Pró-reitoria de EaD e CCDD 17 criança, são claras as referências relacionadas com sua formação e educação, além do contexto social que interage com essa família. Devemos pensar em termos de conteúdo, de veículo que entrega a mensagem para esses receptores e, obviamente, realizar uma análise prática de conteúdo e de mensagem propagada. Portanto, o sistema impõe sua ideologia ao determinar como a personalidade infantil se desenvolverá por meio de práticas normalmente aceitas na educação e também determinará o modo que um filme irá dirigir-se (interpelar) e canalizar as reações da audiência para conclusões ideológicas já esperadas. Algumas práticas não levantam questões, não deixam críticas implícitas e não deixam nada em aberto para a própria audiência decidir. Dada a definição ideológica dos desejos psicanalíticos da audiência ou do receptor, essa forma de contexto realista – não surpreendentemente – produz prazer e entretenimento e é bastante popular. Seguindo esse modelo, pensava-se que muito da pesquisa crítica seria capaz de explicar o comportamento da audiência, simplesmente fazendo análise semiótica dos conteúdos da mídia, deduzindo, assim, desses conteúdos tanto as intenções autorais como as respostas da audiência. A melhor organização das mensagens e conteúdos com fins persuasivos é marcada por conexões constantes: o que se conhece a respeito de determinado tema deve influenciar as opiniões relativas, assim como as opiniões em relação a determinados temas influenciam o modo de organizar o Pró-reitoria de EaD e CCDD 18 conhecimento em torno deles, de escolher o melhor veículo e – por óbvio –tentar melhorar a recepção do conteúdo. Trocando ideias Agora, sugiro um fórum para que possamos discutir tudo o que foi proposto neste primeiro tema. Vamos falar essencialmente sobre os principais tópicos: 1. Persuasão 2. Ideologia 3. Liberdade de Expressão 4. Recepção 5. Paradigmas Sociais Vamos levantar tópicos acerca desses temas! Boa discussão! Referências ADORNO, T. W. Indústria cultural e sociedade. Disponível em: <http://charlezine.com.br/wp-content/uploads/Ind%C3%BAstria-Cultural-e- Sociedade-Adorno.pdf>. DEFLEUR, M. Teorias da comunicação de massa. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2003. HALL, S. Da diáspora: identidades e mediações culturais. Belo Horizonte: UFMG, 2003. HOHLFELDT, A.; MARTINO, L. C.; FRANÇA, V. V. Teorias da comunicação. São Paulo: Vozes, 2008. Pró-reitoria de EaD e CCDD 19 MATTERLART, A. História das teorias da comunicação. São Paulo: Loyola, 2009. WATTERSON, B. Os dias estão simplesmente lotados: um livro de Calvin e Haroldo por Bill Watterson. São Paulo: Best News, 1995. WOLF, M. Teorias da comunicação de massa. São Paulo: Martins Fontes, 2008.
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