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Teoria do Jornalismo Aula 4

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Pró-reitoria de EaD e CCDD 
 
1 
 
 
 
 
Teorias do Jornalismo 
 
 
 
 
 
 
Aula 4 
 
 
 
 
 
Prof. Roberto Nicolato 
 
 
Pró-reitoria de EaD e CCDD 
 
2 
Conversa Inicial 
 Olá! Aos poucos, vamos avançando nos estudos das teorias do 
jornalismo, esse campo específico do conhecimento que busca alicerçar o seu 
arcabouço teórico, tendo como principal matéria-prima a sua própria atividade 
nas redações dos meios impressos, eletrônicos e digitais. Atividade que está 
sujeita à dinâmica social, econômica e política de uma determinada sociedade, 
inserida num determinado momento histórico. Aqui, estamos falando da década 
de 70, época de importantes transformações sociais e grandes avanços na área 
do conhecimento e, para o que mais nos interessa, das pesquisas relacionadas 
às teorias do jornalismo: as da Ação Política, dos Definidores Primários, da 
Espiral do Silêncio e dos Construcionistas. 
 No fundo, a gente pode dizer que os anos 70 foram um marco na história, 
um divisor de águas, nos estudos do jornalismo, nos Estados Unidos e na 
Europa. Os acontecimentos em diferentes continentes, tanto na categoria 
política como econômica e social, repercutiram tanto nas temáticas quanto nas 
preocupações e perspectivas dos estudiosos. 
 Portanto, seja bem-vindo à década de 70! 
 Você pode até pensar que foi uma época de muita diversão e deslumbre, 
das discotecas, do nostálgico filme Os embalos de sábado à noite, protagonizado 
por John Travolta, do hedonismo e das liberdades individuais. Claro que teve 
tudo isso porque era um momento de afirmação das lutas que foram travadas a 
partir dos anos 60: as causas feministas, dos gays, dos negros e ambientais. 
Muitos queriam não apenas conquistar, mas viver essa liberdade. Mas foi o 
tempo de democracia (nos Estados e parte da Europa) e de ditaduras na América 
Latina, incluindo o Brasil, e países europeus, como Portugal, Espanha e Grécia. 
 Crises não faltaram. Os Estados Unidos perderam a Guerra do Vietnã, o 
presidente norte-americano Richard Nixon renunciou com o famoso caso 
 
Pró-reitoria de EaD e CCDD 
 
3 
Watergate e, no Brasil, a censura, a falta de liberdade de expressão e a tortura 
de presos políticos deram o tom de como o cidadão deveria se comportar durante 
o período de ditadura militar. Mas, voltando à diversão e falando de notícia e 
informação, não podemos nos esquecer de que a televisão foi a grande vedete 
dos anos 70, com a sua imagem capaz de fixar os acontecimentos nas mentes 
e nos corações da então chamada “sociedade do espetáculo”, como definiu 
Debord. 
Contextualizando 
 Mas vamos, agora, chegar mais perto do nosso foco de pesquisa: saber 
a partir de quais perspectivas a atividade jornalística foi analisada na conturbada 
e fantasiosa década de 70. Para Nelson Traquina, as novas preocupações dos 
pesquisadores se resumiam em compreender o jornalismo sob o ponto de vista 
das ideologias (Hall, 1977), apoiada nas formulações marxistas, da semiótica 
francesa de Barthes e da escola culturalista britânica (Hall et al, 1978) (2005, p. 
161). 
 Melhor trocar em miúdos. As teorias do jornalismo nos anos 70 estavam 
relacionadas, então, às questões ideológicas, marcadas profundamente pela 
Guerra Fria e utilização da mídia, tanto para confrontar o regime capitalista 
quanto para manter o status quo desse mesmo sistema. Então, estamos falando 
da Teoria da Ação Política, em que os jornalistas podem assumir um papel ativo 
ou a função de propagador ou reprodutor da ideologia capitalista, dependendo 
de que olhar a sua atividade é vista, seja da esquerda, seja da direita. 
 Ou, então, como diz Traquina, de outra maneira as teorias do jornalismo 
também passaram a ter uma concepção não tanto determinista, centrada na 
ação política, a partir do alargamento das preocupações, com Tuchman, que já 
colocava na roda a observação do indivíduo, a organização (veículo onde o 
jornalista trabalha) e a comunidade profissional, nas chamadas Teorias 
 
Pró-reitoria de EaD e CCDD 
 
4 
Construcionistas. É importante lembrar que, nesse caso, as notícias eram 
tratadas como estórias, não ficcionais, fantasiosas, mas que construíam 
socialmente a realidade. 
 E, assim, repassamos abaixo os nossos cinco temas da nossa quarta rota 
da nossa disciplina Teorias do Jornalismo, intitulada "Era da sociedade do 
espetáculo": 
1. Teoria da Ação Política 
2. Teoria dos Definidores Primários e da Espiral do Silêncio 
3. Teorias Construcionistas 
4. Teorias Construcionistas/Estruturalistas 
5. Teorias Construcionistas/Interacionistas 
Antes de irmos para o nosso primeiro tema dessa rota, gostaria de 
levantar a seguinte questão: como se deu a atividade jornalística nos anos 70 no 
Brasil, num período marcado pela censura e falta de liberdade de expressão? 
Você sabia que nas redações dos jornais existia uma censura da Polícia Federal 
para dizer o que poderia ou não ser publicado? Se não pudesse convencer pela 
ideologia, valia a força para empastelar edições e proibi-las e aquartelar 
jornalistas "mais afoitos" na Lei de Segurança Nacional. Mas olha que também 
não faltou espaço para os meios de comunicação condescendentes com o 
regime autoritário do governo. Vamos aprender um pouco sobre a censura nos 
meios de comunicação no Brasil. 
Pesquise sobre o tema no especial do jornal Folha de S.Paulo sobre o 
processo de redemocratização: http://www1.folha.uol.com.br/especial/2015/30-
anos-de-redemocratizacao/. 
 
Pró-reitoria de EaD e CCDD 
 
5 
Tema 1: Teoria da Ação Política 
 Vamos iniciar a aula sobre essa teoria abordando um tema que lhe é muito 
caro: a ideologia. Para entender melhor, vamos a Althusser, marxista de 
carteirinha, que analisou as estruturas de dominação do Estado, que tanto 
poderia se utilizar dos chamados aparelhos ideológicos quanto dos repressores. 
 Trocando em miúdos, os aparelhos ideológicos seriam representados 
pela dominação da Igreja, da mídia, do direito e das instituições políticas e 
educacionais, por meio dos seus sistemas de valores, para que os indivídios 
fossem convencidos a se portarem conforme os seus interesses, ou seja, os 
interesses de uma elite política, religiosa ou do próprio Estado. Um exemplo: 
quando Cabral descobriu o Brasil, ele aqui não se instalou de imediato, por não 
encontrar o que procurava: o ouro. Mas, para manter o objeto de conquista, 
fincou uma cruz na chamada Terra Santa e anos depois realizou uma missa para 
impingir nos dominados os ideais da ideologia cristã. 
 De outra forma, com a ocupação do território brasileiro, ao longo dos 
séculos, foi usada a violência para exterminar e cooptar os índios rebeldes e, 
assim, explorar as riquezas propiciadas pela colônia. Essa mesma forma de 
dominação ocorreu ainda durante o regime militar no Brasil, na década de 70, 
para reprimir aqueles que eram contra o governo, por meio de diferentes 
métodos de tortura. 
 Depois de entendermos como a questão ideológica e repressiva 
funcionava, vamos pensar que a Teoria da Ação Política, que também é 
chamada de Instrumentalista, compreende que a notícia estaria a serviço dos 
interesses políticos, tanto da esquerda quanto da direita, ou seja, para o bem ou 
para o mal. E aqui estamos falando da mídia e do que ela professa para manter 
ou não o funcionamento do sistema. Ou pensando um pouquinho mais longe: 
para os adeptos da esquerda, o noticiário tem como objetivo manter o status quo 
 
Pró-reitoria de EaD e CCDD 
 
6 
do sistema capitalista, e para o pessoal da direita a função seria justamente o 
contrário: questionar esse mesmo sistema. 
 Na verdade, essa teoria está diretamenteligada ao contexto da Guerra 
Fria, em que o mundo estava dividido em capitalistas e socialistas. Assim, o 
paradigma de que o jornalismo é um reflexo da realidade cai por terra, para dar 
lugar aos estudos de parcialidade em oposição à objetividade. Ou seja, a notícia 
veiculada no jornal, rádio e televisão não é meramente o que aconteceu de fato. 
 Como principais teóricos da Teoria da Ação Política, podemos citar Noam 
Chomsky e Edward Herman, como representantes da esquerda, e Efron, Kristol, 
Lichter e Rothman, como pensadores da direita. Os primeiros tendem a afirmar 
que os jornalistas reforçam a visão do mundo capitalista, sendo que a imprensa 
está subordinada aos interesses da elite política e econômica dos Estados 
Unidos. Já os segundos reforçam a tese de que os jornalistas da esquerda 
distorcem os fatos, a partir de uma visão anticapitalista. 
 Para Chomsky e Herman, os jornalistas são instrumentos da manutenção 
do sistema hegemônico de poder e de dominação, reféns que estão das fontes 
governamentais e econômicas e participantes de uma estrutura de mídia 
concentrada e ideologicamente anticomunista. "Os donos de jornal dizem aos 
seus diretores que assuntos querem em pauta e estes mobilizam os seus 
repórteres" (Pena, 2008, p. 149). Os dois autores consideram as reportagens 
campanhas de publicidade maciça, pois priorizam interesses específicos e 
servem para mobilizar a opinião pública em uma determinada direção. Assim, os 
jornalistas são reduzidos à função de executantes a serviço do capitalismo ou 
coniventes com as elites. 
 Segundo Traquina, na versão da direita, defendida nos estudos de Kristol 
(1975) e Efron (1971), o argumento é que os “media norte-americanos, 
particularmente as grandes cadeias de televisão, fazem parte de uma ‘nova 
classe’ de burocratas e intelectuais que tem interesse em expandir a atividade 
 
Pró-reitoria de EaD e CCDD 
 
7 
reguladora do Estado às custas das empresas privadas. Essa 'nova classe' 
utiliza os media na propagação das suas opiniões anticapitalista". 
 Na versão da direita, podem ser observados três aspectos: os jornalistas 
detêm o controle pessoal sobre o produto jornalístico; eles estão dispostos a 
injetar as suas preferências políticas no conteúdo noticioso; e, enquanto 
indivíduos, têm valores políticos coerentes e, a longo prazo, estáveis. Uma 
pesquisa sobre os profissionais norte-americanos, inclusive, demonstrou que a 
categoria tem valores mais à esquerda do que a média da população. 
 Traquina, no entanto, observa que os teóricos da ação política têm uma 
visão determinista sobre os jornalistas, "considerando-os como colabores da 
utilização instrumentalista da imprensa ou submissos ao capital" (Pena, p. 149). 
Para ele, a autonomia dos jornalistas nas redações é relativa; há um 
distanciamento do proprietário e dos diretores. Em resumo, se para os teóricos 
da esquerda eles seriam meros cumpridores das ordens patronais, para os de 
direita teriam controle pessoal sobre a produção da notícia e estariam dispostos 
a influenciar o noticiário com a defesa de suas ideias. 
 Trazendo tudo isso para a realidade brasileira, como poderíamos pensar 
hoje o jornalismo? Será que essa teoria poderia explicar o que ideologicamente 
estaria por trás nos noticiários da mídia? Ou seja, até que ponto os jornalistas 
teriam autonomia para defender os interesses de um sistema neoliberal ou 
estatizante? O que se pode afirmar é que os interesses da elite econômica e 
política ainda prevalecem no sentido de se defender, utilizando todos os 
instrumentos de dominação ideológica. 
 Enfim, o conteúdo das notícias é imposto pelas empresas e condicionado 
pela estrutura macroeconômica, sendo que os megaconglomerados de 
comunicação concentram hoje dois terços das informações que circulam no 
planeta. Em suma, há uma ligação estreita entre a classe capitalista, as elites 
dirigentes e os produtores midiáticos. 
 
Pró-reitoria de EaD e CCDD 
 
8 
Tema 2: Teoria dos Definidores Primários e da Espiral do 
Silêncio 
 Só para recordar: quando estudamos as teorias do jornalismo, buscamos 
responder àquela pertinente questão apresentada por Nelson Traquina: por que 
as notícias são como são? E como já vimos até agora, não são poucos os fatores 
que interferem na sua produção – em maior ou menor intensidade. Mas há 
teorias que não precisam elencar uma série de fatores para dar a devida 
explicação. É o caso da Teoria dos Definidores Primários e da Espiral do 
Silêncio. 
 A Teoria dos Definidores Primários não acredita que o jornalista tem o 
poder, utilizando de sua ideologia (como acontece na Teoria da Ação Política), 
de manipular a notícia, sendo contrário ou não a um determinado sistema. Isso 
porque os profissionais estariam sob o poder e a influência exercidos pelas 
fontes privilegiadas que têm um peso fundamental na construção dessa mesma 
notícia que será veiculada nos meios de comunicação. 
Trocando em miúdos, como diz Felipe Pena, "as possíveis distorções do 
noticiário não seriam fruto de uma simples conspiração dos profissionais de 
imprensa com os dirigentes da classe hegemônica, mas, na verdade, uma 
subordinação às opiniões das fontes que têm posições institucionalizadas, 
também chamadas de definidores primários" (Pena, p. 154). Ou seja, segundo o 
autor, aqueles que têm cargos institucionais, como governadores, prefeitos, 
delegados de polícia e presidentes de empresas, tendem a definir o 
direcionamento das notícias, pois são os primeiros a serem procurados pelos 
jornalistas, já que funcionam como definidores primários. E, nesse caso, os 
jornalistas os elegem como as suas principais fontes por vários motivos: 
confiabilidade nas informações, hierarquia da autoridade e produtividade. 
 
Pró-reitoria de EaD e CCDD 
 
9 
 Quanto à credibilidade, segundo Nelson Traquina, fontes confiáveis têm 
mais chances de serem novamente acessadas. Mas sempre há o risco de 
dependência e vantagem estratégica dos setores legitimados, não só do Estado, 
mas da vida cultural, esportiva e financeira. Um exemplo: as informações sobre 
violência nas grandes cidades, para os jornalistas, teriam maior confiabilidade se 
forem repassadas pelo secretário de Segurança Pública. Mas e se as estatísticas 
forem deturpadas para revelar uma queda no número de crimes em determinado 
estado? Isso não é uma prática incomum no Brasil. 
 Os profissionais da imprensa, conforme a Teoria dos Definidores 
Primários, também preferem as fontes oficiais (hieraquia da autoridade) em 
detrimento das secundárias. Segundo Luiz Costa Pereira Júnior, no livro A 
apuração da notícia, "o jornalista pode utilizar a fonte mais pelo que ela é do que 
pelo que sabe". Vejamos o caso Watergate, que culminou com a renúncia do 
presidente dos Estados Unidos, Richard Nixon, na década de 70, após o 
escândalo das escutas telefônicas na sede do Partido Democrata. 
 Os repórteres Carl Bernstein e Bob Woodward, do jornal Washington 
Post, poderiam simplesmente dar-se por satisfeitos com as informações 
divulgadas pela Casa Branca, como a maioria da imprensa norte-americana na 
época. Mas foram por outro caminho, inclusive, coletando informações em off 
para produzir uma das mais importantes reportagens investigativas do século 
XX. Mas isso não é a regra e, sim, a exceção, pois a tendência seria reforçar o 
pensamento da classe dominante. 
 No que se refere à produtividade, as fontes institucionais também são 
mais procuradas porque disponibilizam um farto material para os jornalistas 
produzirem as suas reportagens, com um custo menor e maior rapidez. Assim, 
estamos entrando no campo das rotinas produtivas, pois as pressões do 
deadline, de acordocom Felipe Pena, também privilegiam os definidores 
primários. Imagine: se o jornal está na hora do fechamento e o repórter necessita 
 
Pró-reitoria de EaD e CCDD 
 
10 
de uma informação para fechar uma matéria, a tendência é ele procurar uma 
fonte oficial do que correr atrás de quem não teria a tal da legitimidade 
institucional. 
 No fundo, como diz Pena, a preferência pela opinião dos poderosos 
funciona como uma defesa para o profissional. "Ao colher um depoimento que 
legitima a informação, ele se esconde atrás da palavra do outro. Se o ministro 
disser que a violência caiu, o repórter já está protegido, não precisa procurar a 
confirmação. No máximo, entrevista alguém da oposição que defenda uma 
interpretação contrária." (p. 154). 
 Agora, vamos ser realistas! Em qualquer cobertura que se faça, os 
fornecedores de informações (pessoas e instituições) defendem os seus 
interesses acima de tudo. Como dissemos lá atrás, não existe discurso neutro, 
e o acesso à mídia não deixa de ser uma forma de poder. Só para reforçar, 
conforme Traquina, as notícias tendem a ser aliadas das instituições legitimadas. 
 Por isso, Luís Costa Pereira Júnior defende que é preciso tomar cuidado 
com o jornalismo declaratório e não se satisfazer com declarações de 
celebridades, políticos e empresários, pouco sustentadas em fatos. Ou seja, o 
repórter, antes de mais nada, tem de fazer uma avaliação isenta sobre o real 
valor que as informações, durante a cobertura de um fato ou evento, têm para o 
público. 
 Agora, voltando ao fato de os jornalistas terem a tendência a acreditar nas 
fontes oficiais, Pena afirma que os defensores dessa teoria tentam relativizá-la. 
"Para Stuart Hall, os jornalistas têm uma lógica específica (cultura profissional) 
e podem entrar em conflito com os definidores primários [...]. As reportagens 
investigativas, por exemplo, podem desafiar fontes poderosas." (p. 155) 
 O autor diz ainda que não há como ser tão determinista e, muito menos, 
limitar essa teoria ao paradigma instrumentalista de servir a uma classe. Para 
 
Pró-reitoria de EaD e CCDD 
 
11 
Hall, esses seriam aspectos secundários, já que os defensores dessa teoria 
destacam que a mídia, no fundo, reproduz a ideologia dominante. 
 Sobre a Teoria da Espiral do Silêncio, afirma Pena, o que está em jogo 
também é a reprodução do status quo, o que pode ser explicado pela própria 
relação entre a mídia e a opinião pública. Ou seja, "essa teoria defende que os 
indivíduos buscam a integração social dentro dos parâmetros da maioria para 
evitar o isolamento" (p. 155). Parece coisa de adolescente, mas é isso mesmo. 
Todos querem acreditar numa tendência, numa versão em relação aos fatos para 
não se sentirem isolados. 
Tema 3: Teorias Construcionistas 
 As Teorias Construcionistas, como já dissemos, surgiram nos anos 70 e 
representaram um grande avanço nos estudos jornalísticos, por meio de 
inovações metodológicas que compreenderam a produção da notícia de uma 
forma mais complexa e nem tanto determinista. Ou seja, discordaram das teses 
instrumentalistas sobre o fato de que as atitudes políticas dos jornalistas são 
fatores determinantes no processo de produção noticiosa e, mais ainda, das 
teses da Teoria do Espelho. 
 Na verdade, os construcionistas defendem que as notícias não são mero 
reflexo da realidade conforme apregoa a Teoria do Espelho, pois ajudam na 
construção da própria realidade. Ou seja, o que é reportado pelo jornalista não 
é exatamente o que ocorreu, uma vez que existem vários fatores que incidem na 
construção do que é levado para o leitor ou telespectador. 
 Isso porque, somente para recordar, a Teoria do Espelho entende o 
jornalista como um mediador desinteressado, que faz um relato equilibrado e 
honesto a partir das suas observações, ou seja, não apresenta as suas opiniões 
pessoais, e busca a verdade a partir da objetividade, separando os fatos das 
opiniões. E acredite se quiser: até hoje, os jornalistas e veículos defendem essa 
 
Pró-reitoria de EaD e CCDD 
 
12 
teoria, pois acreditam que as notícias refletem a realidade quando dizem que 
estão sendo imparciais. 
 Vamos a um exemplo: na cobertura de uma acidente automobilístico, 
temos informações sobre os nomes das vítimas, o número da placa da moto, a 
cidade que ocorreu o acidente e a cor do veículo fornecidos pelo guarda de 
trânsito (que conseguiu a carteira de identidade dos ocupantes) ou pela 
observação do repórter. No mais, as outras informações nem sempre 
correspondem totalmente à realidade, pois a partir daí teremos mais de algumas 
versões dos fatos e elas podem diferir, nem que seja em alguns pontos, 
dependendo dos informantes. 
 Ao rejeitar a tese da Teoria do Espelho, a perspectiva teórica do 
Newsmaking considera o trabalho jornalístico como construção social da 
realidade. São três os argumentos das Teorias Construcionistas: 
• A linguagem neutra é impossível; 
• As notícias não “refletem” a realidade; 
• Os veículos noticiosos estruturam as suas representações dos 
acontecimentos com base em fatores organizativos do trabalho 
jornalístico. 
Mas, segundo os seus teóricos, o paradigma das notícias como construção 
não significa que elas sejam ficcionais: segundo Gaye Tuchman, citada por 
Traquina, “dizer que uma notícia é uma estória não é de modo algum rebaixar a 
notícia nem acusá-la de ser fictícia. Melhor, alerta-nos para o fato de a notícia, 
como todos os documentos públicos, ser uma realidade construída, possuidora 
de sua própria validade interna”. 
 Stuart Hall (1984) diz, por exemplo, que os acontecimentos podem ser 
construídos de maneiras diferentes e que isso, de forma alguma, mina a 
legitimidade profissional do jornalista. 
 
Pró-reitoria de EaD e CCDD 
 
13 
 Para os construcionistas, é importante também entender as notícias em 
sua dimensão cultural: 
As notícias são produzidas por pessoas que operam, inconscientemente, num 
sistema cultural, um depósito de significados culturais armazenados e de padrões 
de discursos. As notícias como uma forma de cultura incorporam suposições acerca 
do que importa, do que faz sentido, em que tempo e em que lugar vivemos. (Michael 
Schudson apud Traquina) 
 A abordagem etnometodológica (herdada da antropologia) foi 
fundamental para o surgimento desse novo paradigma. E não faltaram, nesse 
sentido, pesquisas nas próprias redações para se entender as rotinas dos 
jornalistas. Elas revelaram aspectos peculiares da cultura jornalística enquanto 
comunidade profissional e como isso se reveste num elemento crucial na 
produção da notícia. 
 Com isso, os pesquisadores passaram a ir aos locais de produção para 
observar os membros da comunidade jornalística e "entrar na pele" das pessoas 
observadas para compreender as suas atitudes, de maneira antropológica. E, 
segundo Traquina, foram muitas as contribuições: 
1. A abordagem etnometodológica permitiu ver na produção das notícias 
todo o networking informal entre os jornalistas e a conexão cultural por 
serem membros de uma comunidade profissional; 
2. Permitiu reconhecer a importância das rotinas e das práticas na produção 
jornalística; 
3. Serviu como um corretivo às Teorias Instrumentalistas que contribuíram 
para a crescente onda de crítica dos medias em voga até hoje. 
 Indo um pouco mais longe, podemos dizer que existem duas Teorias 
Construcionistas que encaram a produção da notícia como construção social da 
realidade: a Teoria Estruturalista e a Interacionista. Elas são complementares, 
mas acabam se divergindo em alguns pontos, embora reforcem que os meios de 
comunicação contribuem para reproduzir a ideologia dominante. 
 
Pró-reitoriade EaD e CCDD 
 
14 
 De acordo com Traquina, para ambas, no entanto, “as notícias são 
resultado de processos complexos de interação social entre agentes sociais: os 
jornalistas e as fontes de informação; os jornalistas e a sociedade; e os membros 
da comunidade profissional, dentro e fora da sua organização”. 
 Agora, vamos às diferenças e semelhanças entre as duas Teorias 
Construcionistas. Elas reconhecem a importância dos constrangimentos 
organizacionais (como a intervenção direta do proprietário ou do sistema 
econômico na produção jornalística), mas, ao contrário, defendem que o 
jornalista, como um "neófito", integra-se por osmose não só no veículo de 
comunicação como numa comunidade profissional (p. 173). 
 Além disso, destacam a importância cultural jornalística, principalmente, 
a estrutura dos valores-notícias dos jornalistas, a ideologia dos membros da 
comunidade e as rotinas e os procedimentos que usam para realizarem o seu 
trabalho. 
 Na verdade, não consideram os jornalistas membros passivos, rejeitando 
a Teoria Instrumentalista, mas ativos na construção da realidade, embora 
acabem por reforçar a ideologia do sistema dominante. 
Tema 4: Teorias Construcionistas/Estruturalistas 
 Uma pergunta que se faz quanto se estuda as Teorias Construcionistas é 
se realmente os jornalistas, enquanto comunidade e "tribo", teriam alguma 
autonomia para determinar o que é notícia e como esta deve ser construída. De 
acordo com Hall et all, em se tratando da Teoria Estruturalista, há uma 
"autonomia relativa" em relação ao controle econômico, o que é bem diferente 
do que pensam os que defendem as teses instrumentalistas. 
 Na verdade, esses autores consideram que os meios de comunicação 
atuam como um verdadeiro aparelho ideológico de Estado, citando o marxista 
 
Pró-reitoria de EaD e CCDD 
 
15 
Althusser. Eles defendem que as notícias são um produto social, resultante de 
vários fatores: da organização burocrática dos meios, da estrutura dos valores-
notícias, da ideologia profissional dos jornalistas e da perspectiva que valoriza a 
configuração culturalista. 
 No primeiro caso, afirmam que a organização da força de trabalho em 
áreas noticiosas (as editorias, por exemplo) e a estrutura dos jornais vão afetar 
o que será selecionado para se tornar notícia. 
 Quanto à estrutura de valores-notícias e ideologia profissional, explicam: 
Basta dizer que os valores-notícias fornecem critérios nas práticas de rotina do 
jornalismo que permitem aos jornalistas, diretores e agentes noticiosos decidirem 
rotineiramente e regularmente sobre quais as ”estórias” que são noticiáveis e quais 
não são, quais as “estórias” que merecem destaque e quais que são relativamente 
insignificantes, quais as que são para publicar e quais as que são para eliminar. 
 Por fim, no momento da construção da própria notícia, é preciso dar-lhe 
um caráter social e contextualizá-la para efeito de identificação e compreensão 
por parte do público. Ou seja, os jornalistas também oferecem poderosas 
interpretações de como compreender os acontecimentos. 
 Na verdade, a escola culturalista britânica, da qual Stuart Hall fez parte, 
vê as notícias como produto da indústria cultural, que contribui para a hegemonia 
ideológica do sistema. E, para justificar esse papel, os téoricos apontam a 
relação entre os meios de comunicação e os chamados definidores primários, 
que já estudamos lá atrás. 
 Nelson Traquina, citando Hall et al, diz que as pressões práticas e as 
exigências profissionais de imparcialidade e objetividade combinam-se para 
produzir um exagerado acesso sistematicamente estruturado aos media por 
parte dos que detêm posições institucionalizadas privilegiadas (p. 178). 
 Ele diz, então, que os meios de comunicação não se limitam a criar 
notícias nem a transmitir a ideologia da "classe dominante" num figurino 
 
Pró-reitoria de EaD e CCDD 
 
16 
conspiratório, como aponta a Teoria Instrumentalista. Afirma que os media não 
são frequentemente os primary definers de acontecimentos, mas a sua relação 
estrutural com o poder tem o efeito de os fazerem representar não um papel 
crucial, mas secundário, ao reproduzir as definições daqueles que têm acesso 
privilegiado, como que de direito, como fontes acreditadas. 
 "Nessa perspectiva, no momento de produção jornalística, os media 
colocam-se numa posição de subordinação estruturada aos primary definers" (p. 
179). Mas, se as Teorias Estruturalista e Interacionista se assemelham no que 
diz respeito à construção da notícia, qual a divergência que existe então entre 
elas? A diferença, como já podemos perceber, está na relação entre as fontes 
(definidores primários) e os jornalistas. 
 Para a Teoria Estruturalista, explica Traquina, as fontes oficiais atuam 
como um bloco unido e uniforme, sendo que a relação entre os profissionais e 
os definidores primários é unidirecional, ou seja, são estes últimos que 
comandam a ação, não havendo margem para manobras ou negociações. 
 Mas será então que os jornalistas seriam verdadeiras "vaquinhas de 
presépio"? É isso mesmo, não desafiam os definidores primários, por exemplo, 
com furos e reportagens investigativas. Puro determinismo, não é? 
 Você acha, por exemplo, que o prefeito ou os vereadores de um 
determinado município podem interferir no que vai ser publicado nos veículos de 
comunicação? Ou será que uma marca famosa de roupa pode calar a imprensa 
diante da denúncia de que estaria envolvida na exploração de mão de obra 
escrava para fabricar os seus produtos? É claro que isso é possível, embora não 
seja uma regra geral, pois existem veículos que podem ser considerados mais 
democráticos e que não coadunam com essa prática, embora mantenham a sua 
linha editorial. 
 
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 Mas você não precisará de muita imaginação para saber quando o prefeito 
banca literalmente o jornal de um determinado município, que irá publicar o que 
realmente lhe interessa, elogiando tudo que é feito pela sua administração, 
omitindo fatos ou criticando o que diz respeito aos seus adversários. Não é nada 
incomum no Brasil, como se sabe, os políticos serem os próprios donos dos 
meios de comunicação. 
 A Teoria Interacionacista, por sua vez, não pensa assim. Mas isso vamos 
ver no próximo tema. 
Tema 5: Teorias Construcionistas/Interacionistas 
 Muitas coisas ocorrem no nosso dia a dia, mas nem tudo se transforma 
em notícia. Para que isso aconteça, deve haver um processo de seleção que 
leve em conta os chamados critérios de noticiabilidade. Mas, se a Teoria 
Estruturalista prevê uma relação determinista entre jornalistas e fontes, a Teoria 
Interacionista prevê maior autonomia do campo jornalístico, com a autoridade e 
a legitimidade de "exercer um monopólio dos acontecimentos e das 
problemáticas". 
 Aqui, estamos falando de independência e competência dos profissionais 
dessa área. Além disso, a produção da notícia é vista como um processo 
interativo em que diversos "agentes sociais exercem papel ativo num processo 
de negociação constante". Nesse caso, entram em cena não apenas os 
detentores do poder econômico, conforme a Teoria Estruturalista, mas também 
o capital sociocultural e os seus diferentes argumentos. 
 Traquina, citando Gaye Tuchman, afirma que as fontes são o que são por 
estarem ligadas às atividades políticas, econômicas e socioculturais, por isso, a 
rede noticiosa articula-se com as questões de noticiabilidade e que, para avaliar 
a fiabilidade das fontes, é preciso entender algumas questões, como a 
autoridade, produtividade e credibilidade, como já vimos anteriormente. 
 
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 Na realidade, segundoos interacionistas, os jornalistas estão submetidos 
às regras do fator tempo, pois o pessoal da redação precisa cumprir as horas de 
fechamento do material jornalístico. 
 Nesse sentido, as empresas precisam elaborar estratégias para cumprir 
os prazos, porque os acontecimentos podem ser imprevisíveis e ocorrer em 
qualquer lugar. Por isso, segundo Gaye Tuchman (1973; 1978), citada por 
Traquina, é preciso "ordenar o tempo e o espaço". 
Ordem no espaço: as empresas criam uma rede noticiosa, decidindo 
cobrir determinados espaços, desprezando outros, e formando os chamados 
"sentinelas" para detectar os valores-notícias, além da espacialização dos 
temas. O que podemos dizer é que os veículos de comunicação (rádio, televisão 
e jornais) estão localizados nos grandes centros, onde se concentra o poder 
econômico e político. E quanto menor é a estrutura do veículo, menos condições 
ele tem de fazer as coberturas, principalmente nas cidades do interior, deixando 
de contar inclusive com filiais e correspondentes. E não é raro, por exemplo, o 
veículo se interessar principalmente por notícias policiais nas ditas "regiões 
periféricas". 
Ordem no tempo: de acordo com Tuchman, o que se espera é que os 
valores-notícias se concentrem durante as horas normais de trabalho e só se 
justifica uma cobertura fora delas se o acontecimento for muito importante. 
Nesse sentido, os orgãos governamentais, ou seja, as fontes, de uma forma 
geral, já trabalham com essa perspectiva de anunciar notícias antes do 
fechamento dos jornais. 
 Mas há casos que saem dessa rotina, como a ocorrência de um acidente 
com muitas vítimas em que os meios precisam deslocar equipes de cobertura. 
Na verdade, os jornais trabalham com planejamento, e os acontecimentos têm 
prioridade sobre as problemáticas. Ou seja, a prioridade é para o que é factual. 
 
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 No fundo, como diz os teóricos interacionistas (Tuchman, Schudson, 
Gans, Molotch e Lester, entre outros), a rotinização do trabalho leva à 
dependência das fontes oficiais, ou seja, na produção das notícias há o 
predomínio delas. Como já dito, os jornalistas no momento do fechamento das 
edições tendem sempre a procurar as fontes institucionalizadas às secundárias, 
por exemplo. 
 Segundo Tuchman, a noticiabilidade como produto de múltiplas 
negociações legitima o status quo, e o que fica fora disso são as atos de violência 
e a marginalidade. Mas, conforme ressalta Nelson Traquina, se as fontes oficiais 
têm vantagens, não há uma relação determinista entre os definidores primários 
e os jornalistas como na Teoria Estruturalista. 
 Trata-se, segundo ele, de uma ação estratégia dos "promotores" para 
passar os seus enquadramentos, levando-se em conta o capital econômico, o 
institucional e o sociocultural, na forma de saber e credibilidade. Os 
interacionistas, nesse caso, reconhecem o papel do jornalismo como fonte 
conservadora, mas também como poder de contestar os valores dominantes e o 
status quo, funcionando algumas vezes como o contrapoder. 
 Além da organização dos meios de comunicação, das rotinas do trabalho 
e das relações jornalistas-fontes, também é importante ressaltar a importância 
da comunidade jornalística na produção da notícia. Os jornalistas são vistos, 
pelos interacionistas, como uma tribo que troca experiências, ideologias, 
saberes, truques e anedotas. Assim, eles podem influenciar não só sobre o que 
pensar, mas também como pensar. 
Trocando Ideias 
 Como você pôde perceber, cada uma das teorias do jornalismo destaca 
algum aspecto a ser analisado na produção das notícias, embora as 
Construcionistas apresentem um conjunto maior de fatores nesse processo de 
 
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compreensão. Além do mais, a maioria delas tende a revelar que, de alguma 
forma, os meios de comunicação reproduzem a ideologia do poder dominante. 
 Mas uma questão ainda não está posta e merece reflexão: como pensar 
a produção das notícias e, por consequência, as teorias do jornalismo a partir do 
surgimento da internet? Como entender a atividade perante as mídias sociais, 
os sites e os blogs? 
Síntese 
 O que ainda ficou mais evidente nessa última aula é que as teorias do 
jornalismo não podem ser analisadas fora do seu contexto social. E as Teorias 
Construcionistas, principalmente a Estruturalista, valorizam bastante essa ideia 
ao revelar que a ideologia do setor dominante tem um peso fundamental na 
seleção e produção das notícias. 
Nesse sentido, estamos falando dos definidores primários (as chamadas 
fontes privilegiadas) que acabam impingindo à sociedade os seus valores e 
crenças. Isso também é o que afirmam os teóricos interacionistas, com a 
ressalva de que há uma margem de negociação maior para com a sociedade e, 
por isso, uma maior autonomia dos jornalistas. Ou seja, na medida em que é 
possível não focar apenas nas fontes oficiais, mas também naquelas que estão, 
diria, “à margem do que é estabelecido”, como os movimentos sociais. 
No fundo, as Teorias Construcionistas não consideram nessa relação uma 
atitude tão determinista quanto a da Teoria da Ação Política, que coloca o 
jornalista como aquele que tem o poder de colocar em xeque ou manter o status 
quo social, mas de como a ideologia dos meios, das fontes e dos profissionais – 
e como estes se interagem – interferem na produção da notícia. 
 
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Referências 
PENA, F. Teoria do jornalismo. São Paulo: Contexto, 2005. 
PEREIRA JÚNIOR, L. C. A apuração da notícia: métodos de investigação. 
Petrópolis: Vozes, 2006. 
TRAQUINA, N. Teorias do jornalismo: porque as notícias são com são. 2. ed. 
Florianópolis: Insular, 2005.

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