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Unidade: Introdução e Origens

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Unidade I: 
 
Unidade: Introdução e 
Origens 
 
 
 
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Unidade: Introdução e Origens 
Introdução ao estudo de História da Arquitetura e do 
Urbanismo 
Arquitetura. Esta é uma palavra que a maior parte das pessoas conhece 
e utiliza (ou já utilizou) no cotidiano, porém se formos perguntar por aí o que se 
entende por ―arquitetura‖, ou, principalmente, qual é a diferença entre 
arquitetura e construção, veremos que logo as dúvidas começam a surgir. No 
caso de estudantes do curso de Arquitetura como vocês, que já começaram a 
estudar algumas disciplinas e reconhecer algumas particularidades da sua 
futura profissão, a necessidade de entender o que é arquitetura coloca-se de 
forma ainda mais premente. 
De modo geral, existem inúmeras definições da palavra arquitetura: a 
mais conhecida e talvez mais funcional é ―a ciência e a arte de construir‖. Esta 
definição é extremamente abrangente, e de certa forma até um pouco confusa. 
O que é, exatamente, arte? E mesmo a palavra ―ciência‖, será que é adequada 
neste caso? Não seria melhor técnica? Será que se falarmos isso para um 
leigo, uma pessoa que não estuda arquitetura, esta pessoa seria capaz de 
entender o que é arquitetura só por essa definição? Ou mais ainda: será que 
com essa definição, uma pessoa é capaz de olhar para qualquer edificação e 
discernir qual se trata de arquitetura, e qual seria uma simples construção? 
Provavelmente não. A arquitetura é um campo fascinante justamente por 
sua complexidade. Por um lado é ciência e técnica – domínio dos materiais e 
técnicas construtivas, estruturas, estudos de insolação e ventilação, ergonomia, 
entre outros. Por outro lado, é arte. É provocar sensações estéticas com o jogo 
de luz e sombra, com o detalhamento de elementos ornamentais, pela curva de 
uma escadaria ou através da composição de volumes e formas. 
Ainda há inúmeras outras formas de conhecimento atrelados, 
diretamente ou indiretamente, à produção de arquitetura nas suas mais 
variadas formas e escalas. O que dizer do urbanismo ou do paisagismo? Aí 
aquela definição anterior parece totalmente inadequada. A partir de 1910, o 
termo ―urbanismo‖ surge pela primeira vez em periódicos como a ―ciência de 
 
 
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projetar cidades‖, seguindo uma metodologia específica, e arquitetos da época, 
como Le Corbusier1, levantava a bandeira de que esta prática deveria ser 
executada primordialmente por arquitetos (CHOAY, 2001, p. 10). De fato, os 
arquitetos são os únicos profissionais que agem e refletem sobre o espaço 
construído pelo homem. Então, poderíamos entender que arquitetura é a área 
do conhecimento que trata do espaço construído. Assim, nos referiríamos não 
apenas à arquitetura de edificações, mas também abrangeríamos o urbanismo. 
O paisagismo, embora não inclua necessariamente construções, passa pela 
mão do homem – ao projetar uma praça ou um jardim, plantando uma 
vegetação escolhida (e não a que já estava lá, da maneira que cresceu 
naturalmente), formando canteiros segundo padrões estéticos, o homem molda 
a natureza e o espaço. 
 Mas aí voltamos ao nosso problema inicial: não é qualquer intervenção 
no espaço em que vivemos que constitui uma arquitetura. Há uma diferença 
substancial entre, digamos assim, um barracão destinado ao depósito de sacos 
de areia, e o Teatro Municipal daqui de São Paulo. O barracão não precisa ser 
bonito. Não precisa fazer parte de uma composição harmoniosa, nem precisa 
ser construído com materiais nobres, não há nenhuma necessidade de se 
preocupar com suas formas ou acabamento – somente utilizar formas e 
materiais que sejam adequados à função de armazenar sacos de areia. Já 
dificilmente alguém projetaria um barracão de concreto mal-acabado para 
desempenhar a função de receber espetáculos de música e dança. 
 Como diz o teórico Nikolaus Pevsner, ―um abrigo para bicicletas é uma 
construção; a catedral de Lincoln é uma obra de arquitetura. Quase tudo aquilo 
que encerra um espaço, cuja escala seja suficiente para que o ser humano 
possa se deslocar, é uma construção; o termo arquitetura aplica-se apenas a 
construções projetadas tendo em vista o interesse estético‖ (PEVSNER, 2002, 
p. 1). Afinal, como diz Jonathan Glancey em seu livro A História da Arquitetura, 
os animais também podem construir (GLANCEY, 2001, p. 9) – os pássaros 
fazem ninhos, as abelhas fazem colmeias, as aranhas tecem teias. Mesmo que 
muitos destes abrigos sejam dotados de grande beleza (como o padrão 
 
1 Le Corbusier, ou Jean-Charles Jeanneret, é um arquiteto franco-suíço considerado um dos mais 
importantes do séc. XX. É um dos grandes nomes da arquitetura e do urbanismo modernos, que vocês 
estudarão mais adiante. 
 
 
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geométrico das colmeias ou mesmo a estrutura elaborada e bela de um ninho 
de joão-de-barro), não é fruto de um processo criativo, em que o autor tenha a 
intenção de provocar uma sensação estética em quem penetra no edifício ou o 
observa. Os animais seguem seus instintos e jamais modificam suas formas – 
são programados para sempre construir assim, desde que o mundo é mundo. 
No caso dos humanos, há uma variedade infinita de formas, cores e dimensões 
na nossa produção arquitetônica, tudo fruto de nossa criatividade. 
Nem sempre uma obra de arquitetura tem determinada forma porque 
atende a uma função específica. Na maior parte das vezes, o motivo pelo qual 
um arquiteto escolhe determinado elemento para compor seu projeto é 
decorrente de uma razão puramente estética, e não funcional. Qual a razão de 
colocar um vitral elaborado e colorido, ao invés de uma simples janela? Ou por 
que construir uma cobertura em forma de abóbada, toda pintada com afrescos, 
ou mesmo colocar uma cúpula semiesférica sobre um palácio, que é de difícil 
execução, ao invés de simplesmente colocar um telhado tradicional de duas 
águas?! Ah, mas aí não seria um palácio... 
Percebemos, neste caso, que a arquitetura atribui às construções não 
apenas uma função, e nem apenas formas belas, mas também significados 
simbólicos. Reconhecemos as igrejas católicas pelas suas torres, os edifícios 
importantes pelas colunas clássicas ou pelas dimensões monumentais, os 
cinemas pelas fachadas iluminadas e cobertas de cartazes de filmes, os 
edifícios de escritórios pelas fachadas em vidro e linguagem dinâmica, 
moderna. Quantos tipos de construções não reconhecemos de longe, pelas 
suas formas ou materiais? De escolas a shopping centers, a arquitetura é 
composta de códigos simbólicos que todos conhecemos e interpretamos até 
mesmo sem nos darmos conta. Do mesmo modo, também somos capazes de 
reconhecer construções de outras épocas pelas suas formas e materiais 
construtivos. Percebemos nitidamente que uma igreja barroca em Minas Gerais 
é de alguns séculos atrás, que um casarão colonial pode ser do séc. XVIII, e 
que os prédios na Avenida Paulista são predominantemente do séc. XX. Aliás, 
caminhando por esta avenida, conseguimos notar que há exemplares de 
arquitetura tão díspares quanto alguns remanescentes dos antigos casarões 
cafeeiros, como a Casa das Rosas, e edifícios muito atuais como o Itaú 
 
 
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Cultural ou obras de Ruy Ohtake. E como conseguimosnotar as diferenças de 
períodos? Ora, pelos elementos arquitetônicos: suas formas, seus elementos 
decorativos, os materiais construtivos, suas dimensões... 
A arquitetura é um produto da civilização humana de cada período, e 
através da arquitetura conseguimos entender como cada sociedade 
interpretava o mundo. As construções são as manifestações concretas, 
dispostas no espaço, de cada uma destas diferentes sociedades. A partir de 
construções como templos, palácios ou túmulos, podemos entender aspectos 
da sociedade como as diferentes classes sociais que a compunham e a sua 
hierarquia, o poder econômico, a relação com as divindades, como 
interpretavam a vida e a morte. A arte é um espelho da sociedade que a 
produz; e a arquitetura, como talvez a mais acessível das artes visuais, é uma 
poderosa fonte de informações. ―Nem a escultura, nem a pintura (...) nos 
cercam tão amplamente quanto a arquitetura, nem atuam sobre nós de modo 
tão constante e onipresente. Podemos evitar o convívio com aquilo que as 
pessoas chamam de belas-artes, mas não podemos evitar os edifícios e os 
efeitos sutis mas penetrantes de seu caráter‖ (PEVSNER, op.cit., p. 2). Ou 
seja, enquanto houver seres humanos habitando esse mundo, existirá sempre 
a arquitetura, nos cercando por todos os lados. A arquitetura é uma forma de 
arte com que todos, sem exceção, já entramos em contato direto. Pelo mesmo 
motivo, toda a arquitetura é um documento de nossa passagem pelo mundo. 
A intenção destes primeiros parágrafos é despertar em você a 
importância da arquitetura. A arquitetura que nós produzimos será, 
futuramente, o registro de nossa passagem pelo mundo. As altíssimas torres 
espelhadas construídas em Dubai ou na China dizem tanto sobre a nossa 
sociedade contemporânea quanto as imensas catedrais góticas deixavam claro 
os valores da sociedade medieval. Nossas cidades espalhadas, entrecortadas 
por avenidas e metrôs, com seus bairros com características tão díspares, com 
suas moradias desiguais, são um relato do modo de vida da sociedade do 
início do séc. XXI. O estudo da história da arquitetura contribui para entender a 
própria humanidade e suas diferentes manifestações ao longo do tempo e ao 
redor do globo. 
 
 
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A importância de uma disciplina como a história da arquitetura reside 
em compreender o poderoso fenômeno da arquitetura e a sua relação com a 
sociedade. Ao passo em que a arquitetura é um espelho, ela não é meramente 
um reflexo passivo da sociedade. A arquitetura sempre foi utilizada 
conscientemente como um poderoso instrumento de transformação, de 
transmissão de ideias e valores contemporâneos. Entender este fenômeno e 
suas diferentes manifestações possibilita que possamos aplicar este 
mecanismo de modo eficiente no momento atual, e também evitar a repetição 
de erros já cometidos e ideias já comprovadamente ineficientes. 
O estudo da história da arquitetura também é interessante para a 
aquisição de repertório, das inúmeras formas, estilos e composições que foram 
construídas em tantos séculos de civilização humana. Ninguém tem a 
capacidade de criar, do nada, algo completamente novo. Todos criamos em 
cima de referências conhecidas, portanto, quanto mais conhecemos, mais 
somos capazes de combinar diferentes informações para criar uma arquitetura 
significativa. Ao mesmo tempo, também evita a mera repetição das formas que 
nos cercam; ou, o que é pior, a pretensão de se estar produzindo algo inédito 
quando, na realidade, isso já existe há vários anos, ou até mesmo séculos! O 
conhecimento do que já foi produzido, das ideias que já foram discutidas e 
aplicadas, é um estímulo para chegar a uma nova arquitetura, realmente 
influente. Tanto é verdade que a maior parte dos grandes arquitetos da história 
foram grandes conhecedores da arquitetura produzida no passado, nem que, 
ao final, renegassem tudo. 
E agora, está convencido(a) de que a arquitetura é muito poderosa e 
importante, e que simplesmente sentar e desenhar uma casinha qualquer para 
seu cliente está muito abaixo do que você realmente pode produzir? O estudo 
da arquitetura é fascinante, quanto mais estudamos, mais nos inspiramos nos 
grandes exemplos que a humanidade já produziu ao longo de toda nossa 
história. 
E é justamente isso que passaremos a ver a partir de agora. 
 
 
 
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1. As origens da arquitetura 
 Não podemos definir exatamente quando a arquitetura surgiu, assim 
como não é possível dizer com toda a certeza qual é a data de nascimento da 
arte, ou da cultura, ou de qualquer produção humana. O mais provável é que a 
arquitetura tenha surgido a partir do momento em que o homem deixou de 
andar a esmo pela Terra (quando os humanos ainda eram nômades), e passou 
a se fixar num local determinado. Isso se deu na Pré-História, em torno de 
8.000 a 7.000 a.C.2, embora não se possa precisar com exatidão, com o 
surgimento da técnica de plantar e colher alimentos – a agricultura. Antes 
disso, os grupos de seres humanos viviam da caça e da coleta de alimentos, 
como nozes e frutas, e não tinham um local de residência fixa. 
 O surgimento da arquitetura leva necessariamente à constituição de 
cidades. Não é possível dizer qual foi a primeira cidade, nem quando um 
agrupamento urbano surgiu pela primeira vez. Mas o que se sabe é que as 
primeiras cidades surgiram mais ou menos no mesmo período, ao longo das 
margens do Rio Nilo, na África (onde atualmente é o Egito); e na região 
chamada de Crescente Fértil, entre os rios Tigre e Eufrates, no Oriente Médio 
(onde ficam os países Israel, Iraque e Irã). 
 
 
Fig.1. Fonte: 
http://www.10emtudo.com.br/materias/historia/historia_
geral/antiguidade_oriental/introducao/index_arquivos/o
_crescente_fertil.gif 
 
2 A Pré-História é dividida em dois períodos: o Paleolítico (ou Idade da Pedra Lascada), que é o mais 
extenso de toda a história humana, vai de 2,7 milhões de anos atrás até o ano de 10.000 a.C. Em seguida, 
começa o Neolítico (ou Idade da Pedra Polida), que se inicia em 9.000 a.C. e se estende até 4.000 a.C., 
quando surgiu a escrita. É durante o neolítico que surge a agricultura, a domesticação dos animais, a 
divisão do trabalho e as primeiras aldeias. 
 
 
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Segundo Lewis Mumford, a partir do que foi visto nas escavações 
arqueológicas, é interessante o fato de que desde os primeiros registros da 
presença do homem primitivo no mundo, sempre houve uma preocupação 
espiritual e cerimonial na relação com os mortos, pois o ser humano é o único 
ser que tem consciência de sua morte. Assim, antes dos vivos terem um local 
fixo de permanência, os mortos sepultados já o tinham – em cavernas, em 
túmulos coletivos, em covas marcadas por pedras. Estes túmulos constituíam 
marcos e pontos de encontro para onde os vivos, nômades, sempre 
retornavam para comungar com seus espíritos ancestrais. Portanto, a primeira 
vinculação dos seres humanos a um espaço determinado e constante se deu 
em função das sepulturas de seus antepassados. Assim, Mumford afirma: ―a 
cidade dos mortos antecede a cidade dos vivos‖ (MUMFORD, 1998, p. 13). 
 Podemos dizer que as primeiras obras que realmente tenham algum 
destaque na história da arquitetura sejam justamente as que manifestam a 
relação do ser humano com os mistérios da vida e da morte, com a 
espiritualidade: templose túmulos. Neste aspecto, a história da arquitetura é 
paralela à história da arte: em muitas destas cavernas, eram encontradas 
pinturas rupestres nas paredes, além de restos mortais de antepassados. 
Pouco se sabe sobre a real função destas inscrições e figuras nas ásperas 
paredes de pedras, mas aceita-se que tenham uma função simbólica em ritos e 
cerimoniais espirituais. Embora a maior parte dos sítios arqueológicos 
primitivos que conhecemos estejam localizados na região que descrevemos na 
página anterior, alguns dos exemplos mais significativos destas pinturas 
rupestres encontram-se na Europa. Um exemplo destas cavernas é a Caverna 
de Lascaux, que se encontra em Bordeaux, uma região na França. As 
inscrições rupestres datam de cerca de 17.000 anos atrás. 
 
 
 
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Fig. 2: Imagem das Cavernas de Lascaux. Fonte: site da National Geographic 
http://photography.nationalgeographic.com/photography/enlarge/lascaux-cave-walls-photography.html 
 
 É durante o período Neolítico, portanto, que começam a surgir as 
primeiras estruturas em pedra que possuem função memorial ou espiritual, e 
que podem ser consideradas o ponto de partida da arquitetura que será 
desenvolvida posteriormente. Em alguns casos, estas estruturas também 
serviam como abrigo ou habitação. São as chamadas estruturas megalíticas 
(feitas em pedras de grandes dimensões), como os nuragues e os dolmens. 
Estas estruturas são cercadas de mistérios, pois não sabemos exatamente 
qual era a função que desempenhavam na sociedade incipiente. Quanto às 
habitações, pouco se sabe a respeito pois, a maior parte das construções deste 
período eram em barro, e portanto desapareceram. 
 Os nuragues são edificações em pedra, sem nenhuma argamassa. As 
pedras são dispostas em fileiras circulares, com cada camada ligeiramente 
mais para dentro, de modo a formar uma estrutura fechada em formato de cone 
truncado. Alguns nuragues são apenas cones ou troncos simples, porém as 
formas chegam a formar estruturas mais complexas, com corredores e 
muralhas, como vemos nas figuras abaixo: 
 
 
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Figs. 3 e 4: Nuragues localizados na Sardenha, ilha pertencente à Itália. A maior parte dos nuragues se encontram na 
região mediterrânea. 
Fonte: http://viajesacerdena.blogspot.com/2009/01/los-nuragues.html 
 
 Os dolmens são estruturas megalíticas mais simples: tratam-se de duas 
ou mais grandes pedras em formato retangular, em posição vertical, e cobertas 
por um terceiro bloco retangular, formando um pórtico. Os dolmens eram 
dispostos em formato circular ou de ferradura, como se vê no agrupamento 
mais conhecido da História: o santuário de Stonehenge, no sul da Inglaterra. 
 
 
 
 
Fig. 5: Imagem do santuário de Stonehenge durante o Solstício de Inverno. 
Fonte: http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Stonehenge_%28sun%29.jpg 
 
 
 
 
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Fig. 6 (à esq.): Planta do santuário de Stonehenge, 
mostrando as fileiras de dolmens em torno do altar 
central. 
Fonte: http://www.fromoldbooks.org/OldEngland//pages/0002-Stonehenge-Restored-plan/0002-Stonehenge-Restored-
plan-q85-1165x1066.jpg 
Fig. 7 (à dir.): Vista superior das ruínas de Stonehenge. 
Fonte: http://www.nationalgeographic.com/history/ancient/images/ga/stonehenge-from-above-692016-ga.jpg 
 
 Tanto os dolmens quanto os nuragues consistem em um mistério para 
os pesquisadores, pois, por terem sido erigidos no período pré-histórico e, 
portanto, antes da invenção da escrita, não há nenhum registro sobre a 
finalidade destas construções. Alguns consideram que sua finalidade mais 
provável é cerimonial ou mortuária, porém outros discutem a possibilidade 
plausível de os nuragues consistirem também em barreiras militares ou mesmo 
habitações. No caso do santuário de Stonehenge, que já é mais recente, já não 
há muita dúvida de que se trata de um local de congregação espiritual, com 
cerimônias que incluíam a observação de fenômenos astronômicos como o 
Solstício de Inverno ou de Verão. Este tipo de conhecimento era vital para os 
povos cuja subsistência dependia da agricultura, pois as estações do ano 
determinam a data correta para o plantio e colheita das safras. 
 Embora o homem do neolítico tivesse locais estáveis para onde se dirigir 
periodicamente, a fim de realizar seus ritos ou cultuar seus mortos, os seres 
humanos passaram a se agrupar em aldeias quando aprenderam a cultivar os 
grãos e as sementes que coletavam. Assim, era necessário permanecer num 
único local durante todo o período entre o plantio e a colheita, a fim de cuidar 
 
 
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da plantação. Este papel coube à mulher, que precisava estar em um local 
seguro para amamentar e criar seus filhos até que tivessem idade suficiente 
para cuidar de si mesmo; enquanto que os homens saíam à caça. Assim, 
atribui-se à mulher tanto o desenvolvimento da agricultura como também o 
início das cidades, pois era ela que produzia todos os artefatos cotidianos 
necessários (moldando o barro e criando recipientes para armazenar os grãos, 
sementes, cerveja, azeite, entre outros alimentos), equipando os lares onde 
cuidava de sua prole, armazenando e preparando os alimentos durante todas 
as estações do ano. 
Mumford, inclusive, traz uma tese interessante a respeito da atividade 
inicialmente feminina de produzir recipientes em cerâmica. Para ele, toda a 
cidade é um conjunto de recipientes, de lugares para guardar algo, quer seja 
nossos objetos (nossa casa), nosso dinheiro (o banco), nossos alimentos 
(armazéns, mercados, feiras), a água que consumimos (caixas d’água, 
reservatórios), dentre outros. Sem os recipientes a agricultura não poderia 
existir, pois não haveria onde guardar as sementes para a próxima estação, 
tampouco armazenar quantidade suficiente de água para a irrigação. 
―Nota-se o quanto a cidade deve, 
tecnicamente, à aldeia: dela surgiram, diretamente 
ou pela elaboração, o celeiro, o banco, o arsenal, a 
biblioteca, o armazém. Lembremo-nos também de 
que a vala de irrigação, o canal, o reservatório, o 
fosso, o aqueduto, o dreno, o esgoto, também 
constituem recipientes destinados ao transporte 
automático ou à armazenagem (...) Centenas, 
talvez milhares de aldeolas3, em partes favoráveis 
do globo, do Egito à Índia, tinham aplicado essas 
artes, de uma forma modesta mas decisiva, a todas 
as características de sua vida. Assim é que os 
bosques e pastos cederam lugar ao cultivo manual 
e, perto dos desertos ou semidesertos, como no 
vale do Jordão, pequenos oásis, baseados em 
suprimentos garantidos de água, acumulada em 
grandes depósitos, tornaram-se visíveis. Sem 
aquela base, sem aquela facilidade de guardar em 
recipientes, sem aquele isolamento e ordem, 
 
3 Aldeolas é o mesmo que aldeãs, ou seja, mulheres que habitavam as aldeias. 
 
 
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jamais poderia ter sido concebida a cidade‖ 
(MUMFORD, op.cit., pp. 23-24). 
A pequena aldeia que inicialmente se resumia em um agrupamento de 
famílias logo deu origem a cidades cada vez maiores. A princípio, cada lar tinha 
seu reservatório de grãos,seu pequeno oratório; os corpos dos membros da 
família eram sepultados em locais particulares ou terrenos comuns a todos. 
Começava a surgir a divisão do trabalho entre os aldeões (o caçador, o 
camponês, o pastor, o tecelão), os cultos religiosos comuns e seus sacerdotes. 
Começam a surgir novas profissões, conforme o humano foi aprendendo a 
dominar a natureza e a produzir novas técnicas e ferramentas: o mineiro, o 
lenhador, o pescador, o marinheiro. E com isso surge uma explosão cultural: a 
domesticação de animais que auxiliavam no trabalho, o surgimento de novos 
conhecimentos (como o domínio dos metais, como o bronze), o início do uso 
de meios de transportes que diminuíam as distâncias, e um grande 
desenvolvimento na atividade agrícola e na engenharia civil. Esta Revolução 
Urbana4 foi o início da cidade como a conhecemos atualmente. 
Os vestígios mais remotos das primeiras cidades, como dissemos, 
encontram-se no Oriente Médio. É o caso da cidade de Jericó, situada à beira 
do rio Jordão na Palestina, considerada o agrupamento humano mais antigo 
que conhecemos. ―As escavações arqueológicas revelaram casas (...) feitas de 
tijolos de barro (...) anteriores a 8.000 a.C e santuários de cerca 7.000 a.C‖ 
(GLANCEY, op.cit., p. 14). A cidade também é conhecida como a mais antiga 
cidade continuamente habitada, tendo mais de 11.000 anos de história! 
 
 
4 Termo inventado pelo arqueólogo inglês Gordon Childe (1892-1957) para descrever este período de 
transformações culturais desencadeados pela cidade. 
 
 
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Fig. 8: Ruínas do Castelo de Herodes em Jericó. 
Fonte: Wikimedia Commons. 
 
 Esta região tão conturbada politicamente em nossa época é o berço do 
mundo civilizado. ―A própria palavra civilização origina-se da palavra latina 
civis, que significa cidadão ou habitante da cidade‖ (GLANCEY, op.cit., p. 14). 
A partir do surgimento da cidade, apareceram às primeiras manifestações 
arquitetônicas e noções de sociedade, de classes sociais, de política, 
militarismo, e mesmo religiões organizadas. Logo os cidadãos foram liderados 
por monarcas e sacerdotes, que, associando a ambição com as rudimentares 
técnicas construtivas da época, logo impeliram o desenvolvimento da 
arquitetura – chegando às técnicas e formas que conhecemos até hoje. 
Os sacerdotes eram importantes na organização social pois, eram 
considerados o canal de comunicação com as divindades – que poderiam, 
caprichosamente, tornar o solo fértil ou estéril, comprometendo a produção 
agrícola e, portanto, a sobrevivência dos cidadãos. Desta forma, adorados e ao 
mesmo tempo temidos, os sacerdotes tinham amplo poder para determinar a 
construção dos primeiros templos de que temos notícia. Por outro lado, 
também surgiram as primeiras figuras políticas – os reis que lideravam a 
população, organizavam exércitos para combater invasores e proteger suas 
terras. Detentores de grande poder, também acabavam por concentrar a 
 
 
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riqueza, que também tomava a forma de uma arquitetura imponente: são os 
primeiros palácios. Ambos construíam túmulos imponentes, para exibir sua 
importância, aproximar-se das divindades, e perpetuar sua memória. 
 Um tipo de construção destas cidades primitivas é o zigurate, que se 
trata de um templo construído em degraus – e que mais tarde dará origem às 
pirâmides egípcias. Os zigurates, de dimensões monumentais para a técnica 
da época, eram vistos por quilômetros pela paisagem plana, como uma imensa 
demonstração de que os deuses, de certo modo, estavam presentes e 
protegendo as plantações. O zigurate mais conhecido e impressionante 
encontra-se na Suméria (Iraque), na cidade de Ur, que em volta de 2125 a.C5 
já tinha a impressionante população de 350.000 pessoas. O Zigurate de 
Urnammu é dedicado ao deus da lua, Nanna, e tinha dimensões gigantes para 
a época, erguendo-se sobre a cidade como uma montanha. Sua base tinha as 
dimensões de 62,5 x 43m e uma altura provável de 11 metros, e cada um de 
seus níveis eram plantados com árvores e arbustos, como um imenso jardim 
suspenso. Existem muitos outros zigurates na região, porém este na região da 
antiga Mesopotâmia6, é o melhor conservado, embora somente sua base 
esteja intacta. A seguir, uma imagem que procura reproduzir as prováveis 
formas e dimensões deste zigurate: 
 
 
 
 
 
 
Fig. 9: Reconstituição digital do Zigurate de Ur Nammu, em Ur. 
Fonte: http://www.lmc.ep.usp.br/people/otavio/estruturas/images/Fotosg/Ur2.jpg 
 
5 O zigurate foi remodelado em 2125 a.C., porém há indícios de que seja muito mais antigo. 
6 Mesopotâmia é o nome que se dá à região compreendida entre os rios Tigre e Eufrates, no Oriente Médio, 
onde atualmente encontra-se o Iraque. 
 
 
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 Outro zigurate importante é a construção conhecida por nós como a 
bíblica Torre de Babel. Atribui-se que a Torre de Babel tenha sido inspirada 
originalmente pelo templo de Etemenanki, na Babilônia, que era a maior 
cidade de toda a Mesopotâmia antiga. Este templo teria sido, segundo se 
supõe, uma imensa estrutura em forma de espiral, construída com tijolos 
vidrados azuis, com sete níveis sobre uma base quadrada de 90m de cada 
lado. Este templo pairaria, segundo os estudiosos, sobre um magnífico palácio 
pertencente ao rei Nabucodonosor, sítio dos famosos Jardins Suspensos. 
Embora não se tenha mais vestígios físicos destas construções, os estudos 
sugerem que o palácio e os jardins contavam com técnicas de encanamento de 
água, que possibilitavam a irrigação dos terraços repletos de frondosa 
vegetação, que se destacavam na paisagem árida em torno. 
 
Fig. 10: Nesta xilogravura do séc. 
XIX, o artista registrou sua 
impressão artística de como os 
jardins suspensos da Babilônia 
deveriam ter sido. Os jardins teriam 
acesso a partir do palácio, que 
ficava sob os jardins, com um teto abobadado, e se configuravam como uma 
série de terraços irrigados artificialmente. 
Fonte: http://scrapetv.com/News/News%20Pages/Everyone%20Else/images-2/hanging-gardens-of-babylon.jpg 
 
 Babilônia se destacou entre as grandes cidades da antiga Mesopotâmia 
por ter sido, presumidamente, a primeira capital planejada no mundo. 
Originalmente, a antiga cidade era murada, cortada por uma avenida 
processional de mais de 800 m, que atravessa o templo principal e o complexo 
palaciano, com a cidade situada nos dois lados do rio Eufrates. O que podemos 
conhecer da arquitetura desta cidade primitiva se dá a partir dos fragmentos, 
notadamente pela reconstrução do Portão de Ishtar, a entrada norte da cidade. 
Este portão data de cerca de 605-563 a.C. e é revestido com tijolos vidrados 
azuis característicos da região, adornado com tijolos amarelos e brancos 
 
 
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representando leões e animais fantasiosos, e encimado com ameias em forma 
de zigurates. Este portão foi reconstruído nas ruínas da antiga Babilônia pelo 
ex-ditador iraquiano Saddam Hussein. Uma outra réplica, em tamanho menor, 
encontra-se no Museu Pérgamo em Berlim. 
 As casas primitivas desses povoamentos eram simples, feitas a partir de 
alvenaria de tijolos secos ao sol, pois a madeira e a pedra eram escassos naregião. As residências eram geminadas, coladas umas às outras, e com dois 
andares medindo cerca de 8 por 9 metros. Havia casas maiores destinadas às 
classes mais ricas, com cerca de dez cômodos e dimensões vastas, de 26 por 
17 até 30 por 22 metros. No entanto, mesmo entre as casas dos mais ricos, 
não existiam residências isoladas (sem serem coladas às casas vizinhas) – 
este era um privilégio dos palácios (MUMFORD, op.cit., p. 75). 
 
 
Fig. 11: Réplica do Portão de 
Ishtar, próximo a Bagdá, no 
Iraque. 
Fonte: http://www.flickr.com/photos/imagem-
mundo/1199150180/ 
 
 
As técnicas simples de construção – alvenaria de tijolos sem sustentação por 
pedras ou madeiras, como faziam os gregos e os romanos, muitos séculos 
depois – não possibilitavam a ereção de estruturas muito elaboradas ou 
imponentes, sendo as mais impressionantes os zigurates já descritos. As casas 
em si não se diferiam muito uma das outras, e durante milênios foram 
construídas da mesma forma. Esta forma, aliás, também era a mesma em 
construções mais nobres, como templos ou palácios. 
 
 
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 Um pouco mais tarde, já durante o Império Persa (fundado por Ciro II em 
torno de 600-530 a.C.), a arquitetura já começa a enriquecer seu vocabulário, 
fruto da troca de experiências de artesãos vindos de todas as partes do 
império: assírios, egípcios, babilônicos, gregos. Esta fusão levou à produção de 
uma arquitetura mais rica nas formas e nos adornos que os antigos zigurates 
mesopotâmicos (GLANCEY, op.cit., p. 17). Dentre as construções deste 
período, podemos destacar o Palácio de Persépolis (518 a.C. – 460 a.C.), 
construído em tijolo, pedra e terracota. O acesso ao palácio era feito através de 
uma elevação de degraus rasos em uma longa e 
imponente plataforma, que possibilitava o desfile 
de cavalaria. As paredes laterais eram 
recobertas de alto-relevos representando 
imagens dos povos e guerreiros do novo 
império. O palácio era um complexo de 
edificações, incluindo um harém e aposentos 
como o Salão das Cem Colunas, uma sala de 
trono que media 68,6 m2 cujo teto em madeira era sustentado por uma 
profusão de colunas com capitéis em forma de touros e unicórnios. 
Fig. 12: Escalinata em Persépolis, Irã. 
Fonte: htt://www.dearqueologia.com/yacimientos/oriente/persepolis/persepolis_escalinata01.jpg 
 
 Dentre as construções mais impressionantes do Império Persa, estão as 
cidades escavadas nas rochas na região onde atualmente ficam a Jordânia e o 
Irã, encrustados com entalhes em baixo-relevo, compondo ricos palácios como 
o El-Khazneh (a Câmara do Tesouro) em Petra, na Jordânia. 
A cidade de Petra foi fundada no século VI a.C. por um grupo de árabes 
nabateanos, e posteriormente foi anexada ao Império Persa. A cidade fica num 
enclave em uma região arenosa, com imensas rochas de arenito. Por ser uma 
rocha maleável, os habitantes de Petra fizeram algumas de suas construções 
diretamente nas paredes rochosas, esculpindo os ornamentos na superfície e 
escavando cavernas para compor os ambientes da edificação. A maior parte 
das construções apresenta forte influência dos gregos em seus detalhes e 
 
 
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estilo arquitetônico (veremos este assunto na próxima unidade). Atualmente, o 
sítio arqueológico de Petra foi eleito uma das Novas Sete Maravilhas do 
Mundo, listado no Patrimônio Mundial da Unesco. 
Para se ter uma ideia das dimensões monumentais destas construções, 
reparem no tamanho das pessoas que estão visitando estes palácios nas fotos. 
Esta comparação das dimensões de uma construção com as de um ser 
humano é chamada de escala humana. 
 
 
Fig. 13 (à esq.): El-Khazneh – a câmara do Tesouro. Fonte: http://z.about.com/d/architecture/1/0/W/i/Petra-lge.jpg 
Fig. 14 (à dir.): Fortaleza na entrada da cidade. Fonte: http://www.iipt.org/worldpeacetravel/images/lost-city-petra-
jordan-big.jpg 
 
2. A arquitetura da morte: o Egito Antigo 
 
A arquitetura produzida pelos egípcios nos provoca um fascínio singular, 
pois possui uma configuração formal extremamente poderosa e coerente com a 
sua finalidade. Nós conhecemos muito da história egípcia pois, esta civilização 
desenvolveu uma forma de escrita bem-estruturada, os hieróglifos, que foram 
 
 
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decifrados por estudiosos pela primeira vez no séc. XIX7. Fruto de uma 
civilização complexa, organizada, a arquitetura egípcia é consequência de sua 
visão de mundo, de seus períodos políticos, sua estrutura social e sua relação 
com a natureza – mais notadamente, a relação dos egípcios com a morte. 
A civilização do Egito Antigo se estabeleceu ao longo do Rio Nilo, no 
norte da África, por volta de 3.000 a.C. Podemos dividir a história egípcia em 
três períodos: 
 Antigo Império: de 3.200 a 2.200 a.C.; 
 Médio Império: de 2.000 a 1.750 a.C.; 
 Novo Império: de 1.580 a 1.085 a.C.. 
Estes três períodos principais eram intercalados por períodos 
intermediários como o Período Arcaico, a Época Baixa, Período Ptolomaico, 
dentre outros. 
A sociedade egípcia se desenvolveu, portanto, por um extenso período – 
cerca de 3.000 anos, sendo que durante a maior parte deste tempo, o Egito 
esteve livre de invasores. Assim, essa sociedade pôde se organizar e 
prosperar, o que se reflete, naturalmente, na sua arquitetura imponente. Toda a 
vida egípcia se orientava de acordo com os ciclos e fluxos do rio Nilo, pois era 
a partir deles que a agricultura se tornava possível em uma região árida, 
cercada por desertos de ambos os lados. Quando o Rio Nilo subia e irrigava as 
áreas em torno, tudo florescia – e era nesta época que os egípcios se 
esforçavam para produzir alimento que deveria durar por todo ano, 
principalmente durante a estação seca. Já na época seca do ano, havia pouco 
ou nada para se fazer. Os milhares de egípcios que encontravam-se ociosos 
nestes cinco meses da estação seca, isso ocorria todos os anos, então eram 
orientados para a construção civil, auxiliando na construção dos imensos 
monumentos emblemáticos desta civilização. (GLANCEY, op.cit., p. 18). 
 
 
7
 Os hieróglifos foram decifrados pela primeira vez por Jean François Champollion em 1822 e por Thomas 
Young em 1823, a partir do estudo comparativo com os hieróglifos gregos, que já eram conhecidos. O 
primeiro texto a ser compreendido estava entalhado na Pedra de Roseta, um imenso bloco de granito foi 
encontrado na região de Roseta, no Egito, pelas tropas napoleônicas em 1799. Atualmente, a Pedra de 
Roseta encontra-se no Museu Britânico, em Londres. 
 
 
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Fig. 15: Mapa esquemático localizando as principais construções egípcias. A 
área esverdeada em volta do rio representa as áreas que eram cultiváveis 
devido às cheias do Rio Nilo. Nas áreas mais afastadas, o que dominava era a 
aridez do deserto. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: http://aula-de-historia.blogspot.com/2009/11/egito-antigo.html 
 
 
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 O ponto mais relevante para lembrar quando se analisa a arte e a 
arquitetura deste povo é a relação dos egípcios com a morte e com a vida após 
a morte.A religião era o aspecto cultural mais significativo da sociedade, e toda 
a arte era orientada por ela – as principais construções eram templos e 
túmulos, esquifes e sarcófagos eram produzidos para as múmias, as esculturas 
e imagens eram feitas para ―reter‖ a forma humana do morto (para que ele 
fosse ―lembrado‖ de como era sua forma quando vivo ao renascer em sua vida 
espiritual), elementos decorativos eram elaborados para adornar o interior dos 
túmulos, estatuetas e vasos para ficar ao lado dos mortos, dentre outros. 
Glancey chega a afirmar: ―As primeiras cidades egípcias foram necrópoles – 
cidades dos mortos – e as pirâmides ficavam no centro de cidades muradas 
compostas de templos e salões ligados por longos corredores, flanqueados por 
colunas cujos capitéis eram feitos de modo a lembrar flores de palmeira, 
nenúfar e papiro.‖ (GLANCEY, op.cit., p. 18). 
 Os egípcios acreditavam em deuses que poderiam interferir na história 
humana e na natureza. Seu representante na terra era o faraó, monarca que 
era considerado uma divindade, e que tinha total comando sobre seu povo em 
todos os aspectos. Quando morresse, acreditava-se que o faraó retornaria 
então para junto das outras divindades. Durante toda sua vida, os escravos e 
trabalhadores se dedicavam a erigir imensos túmulos piramidais para acolher o 
monarca quando este viesse a falecer. Os egípcios acreditavam que, ao 
morrer, todos passariam pelo Tribunal de Osíris (O deus dos mortos, que foi o 
primeiro faraó) para obter seu julgamento. Alguns conseguiam voltar à vida de 
acordo com o veredicto de Osíris, os outros não. Daí a importância da 
mumificação e das tumbas majestosas: dependendo do veredicto de Osíris, as 
pessoas que retornassem a Terra poderiam, através de suas múmias, 
recompor seu corpo original e retomar todos seus pertences, que estavam na 
tumba aguardando seu retorno. No caso dos faraós, que jamais seriam 
recusados por Osíris, a câmara mortuária era equipada com todos os objetos 
dos quais o faraó necessitaria quando ingressasse na sua vida após a morte, 
de objetos de arte luxuosos a utensílios cotidianos mais mundanos; e até 
mesmo as múmias de seus servos, esposa e até animais domésticos, que 
eram mortos e mumificados para acompanhar o faraó em sua travessia ao 
 
 
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outro mundo. 
Segundo a fé egípcia, o mundo seria destruído se não se fizessem as 
preces e ritos religiosos; a felicidade neste a na vida após a morte seria 
assegurada pelas práticas rituais cotidianas, e até mesmo a natureza (o ritmo 
das enchentes, a fertilidade do solo, as chuvas) dependiam da vontade do 
faraó. 
 
 
 
 
Fig. 16: Máscara funerária do Faraó 
Tutancâmon, que reinou entre 1336 e 1327 a.C. 
Tutancâmon subiu ao trono aos 9 anos e faleceu 
de forma traumática muito jovem, aos 19 anos 
de idade, supostamente por uma conspiração 
em sua corte. 
 
A importância do faraó Tutancâmon se dá principalmente pelo fato de seu 
túmulo ter sido descoberto praticamente intacto, pelo explorador inglês Howard 
Carter em 1922. Dentro da câmara mortuária foram encontrado diversos 
artefatos, como móveis, armas, joias, e objetos do cotidiano, como utensílios 
domésticos e roupas. Além da máscara mortuária, o sarcófago que envolvia a 
múmia do faraó também era integralmente talhado em ouro. 
Fonte: http://historiaenlahistoria.blogspot.com/2007/10/el-misterio-de-tutankamon.html 
As construções mais emblemáticas são as pirâmides, mas estas não 
foram os únicos tipos de túmulos egípcios. Ainda no período Arcaico, os 
primeiros faraós não construíam pirâmides, mas sim réplicas de suas casas 
para viver sua vida após a morte. 
Todos viviam a vida terrena em função da vida que viria após a morte. 
Para tanto, passavam sua vida organizando seus túmulos e mandando 
construir mastabas, túmulos mais simples, onde suas múmias seriam 
colocadas junto com seus pertences, esculturas reproduzindo sua imagem 
carnal, e objetos ritualísticos. Embora seu exterior fosse rústico, sem elementos 
 
 
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decorativos, o interior de uma mastaba frequentemente impressiona pela 
opulência dos relevos escultóricos, pinturas murais e outras formas de 
ornamentação. 
Feitas de barro ou pedra (calcário), as mastabas eram em formato 
retangular, com o comprimento equivalendo a cerca de quatro vezes sua 
largura e com intricados ambientes internos, decorados com valiosas pinturas 
murais. As mastabas começaram a ser construídas a partir da primeira era 
dinástica (cerca de 3.500 a.C.) e foi o gênero de edifício que precedeu e 
originou as pirâmides. Quando as pirâmides começaram a ser construídas, 
exigindo mais do ponto de vista técnico e econômico, a mastaba permaneceu a 
sua mais simples alternativa. Nos períodos posteriores, foi uma forma de 
destacar a importância do faraó em relação aos seus súditos: os faraós tinham 
pirâmides como túmulos, mas os outros cidadãos mais notáveis tinham 
mastabas. 
 
Fig. 17: aspecto exterior de uma mastaba em Sacará, no Egito, com a pirâmide 
de Djoser ao fundo. 
Fonte: http://lexicorient.com/egypt/saqqara15.htm 
 
 
 
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Fig. 18: Entrada da mastaba da foto anterior. Detalhe dos relevos entalhados 
sobre a porta. 
Fonte: http://lexicorient.com/egypt/saqqara15.htm 
As mastabas poderiam ser simples, composta de um único ambiente, 
onde ficava a múmia; ou composta de um sistema mais complexo, com vários 
ambientes, corredores e câmaras subterrâneas. No caso desta última, temos a 
seguir um esquema de mastaba: 
 
Fig. 19: Diagrama de uma mastaba: 
 
 Azul: a capela funerária com a porta 
fictícia ao fundo. 
 
 Vermelho: o poço que parte do topo da 
mastaba e se afunda a partir daí. 
 
 Verde: a câmara mortuária e o seu sarcófago. 
 
 Cinzento: o tijolo de adobe que ocupa, de fato, uma grande parte da 
mastaba. 
 
 Medidas médias de uma mastaba: Comprimento 30 m, Largura 15 m, 
Altura 6 m 
 
Fonte: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/3/36/Mastaba.png/300px-Mastaba.png 
 
 
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 Com o faraó Djoser (também escrito Zoser), teve início o Antigo Império. 
Esse faraó exerceu o poder de forma autoritária e estabeleceu o centro de seu 
reinado em Mênfis, no Baixo Egito, próximo ao delta do Rio Nilo no Mar 
Mediterrâneo. Djoser foi um faraó bastante conhecido por sua arquitetura, e foi 
o faraó responsável pela construção da primeira pirâmide. 
A pirâmide de Djoser, construída pelo arquiteto Imhotep em torno de 
2.778 a.C., é considerada a primeira pirâmide a ser erguida do Egito, composta 
por seis mastabas (de dimensões decrescentes, de baixo para cima) 
construídas uma sobre a outra. Nota-se que o projeto original sofreu revisões e 
adaptações à medida que a construção evoluía. Originalmente, a pirâmide 
alcançava 62 m de altura, com uma base de 109 m x 125 m, e era revestida 
por pedra calcária branca polida. A pirâmide de degraus (ou proto-pirâmide) é 
vista como a mais antiga construção monumental em pedra do mundo, e 
Imhotep é o primeiro arquiteto que conhecemos por nome na História. Sua 
importância foi tamanha que o arquiteto foi deificado8 na vigésima sexta 
dinastia. 
As pirâmides precisavam de soluções engenhosas para ser possível sua 
construção.Os egípcios ainda não conheciam a polia, portanto é 
impressionante terem conseguido elevar blocos de pedra a tão grande altura. 
Os blocos que compunham a pirâmide eram granito de Aswan, e pesavam 
cerca de 2,5 toneladas. As pedras eram transportadas pelo Rio Nilo e depois 
arrastadas sobre troncos de madeira até o local da construção, onde eram 
içados por rampas de barro apoiadas no declive da pirâmide até sua posição 
correta. 
 
8 Deificado significa ser considerado uma divindade, um deus. 
 
 
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Fig. 20: A pirâmide escalonada de Djoser. 
Fonte: http://soccergirls15.files.wordpress.com/2008/09/step-pyramid-djoser-cc-phool-4-xc.jpg 
As pirâmides mais conhecidas foram uma evolução desta primeira, pois 
suas superfícies não são escalonadas, mas aparentemente lisas. As mais 
famosas, embora existam no Egito 128 pirâmides conhecidas (no momento), 
são as três grandes pirâmides construídas em Gizé, ao sul da capital Cairo. 
Estas pirâmides são os túmulos de três importantes faraós da quarta dinastia, 
que foi a grande era da construção de pirâmides, chamados Quéfren, Quéops 
e Miquerinos. 
 
 
 
 
 
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Fig. 21: As pirâmides de Gizé – as três grandes pirâmides de Quéops (a 
maior), Miquerinos e Quéfren; e as pirâmides menores da necrópole. 
 
Fonte: http://www.bbc.co.uk/history/ancient/egyptians/images/gal_04_dyn.jpg 
 
A mais importante, e maior pirâmide é a de Quéops – uma (e a mais 
velha) das Sete Maravilhas do Mundo Antigo, e a única delas a ainda existir 
substancialmente intacta. Com 146,4 m de altura e base de 230,6 m2, a 
pirâmide ainda é uma das maiores construções do mundo – e só foi 
ultrapassada em suas dimensões 3.800 anos depois. 
 
 
 
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Fig. 21: Pirâmide de Quéops, em Gizé, no Egito. Foto por Nina Aldin 
Thune. 
Fonte: http://en.wikipedia.org/wiki/File:Kheops-Pyramid.jpg 
 
Estas construções costumavam já se iniciar no início da vida ou reinado 
do faraó. Estima-se que a Pirâmide de Quéops tenha levado 20 anos para ser 
concluída e que ocupou cerca de 120 mil trabalhadores, entre escravos e 
homens livres que estavam ―de folga‖ durante a estação seca. ―Este 
monumento revela o domínio que os egípcios demonstraram em sua técnica de 
construção, pois não existe nenhuma espécie de argamassa entre os blocos de 
pedra que formam suas imensas paredes‖ (PROENÇA, 2000, p. 19). A 
precisão das construções diante da precariedade de tecnologias é um 
assombro até hoje, mas as dificuldades eram vencidas pela convicção de que 
se tratava de um trabalho religioso, e que teria duração por toda a eternidade. 
 
 
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Fig. 22: Esquema da Grande Pirâmide de Quéops, com suas estruturas 
internas. 
Fonte: http://www.espiritualismo.hostmach.com.br/imagens/misterios/piramide_queops.jpg 
 
Como todas as pirâmides, as pirâmides de Gizé fazem parte de um 
importante complexo que compreende um templo, uma rampa, um templo 
funerário e as pirâmides menores das rainhas, cercados de mastabas dos 
sacerdotes e pessoas do governo – uma autêntica necrópolis cidade para os 
mortos. As valas aos pés das pirâmides continham botes desmontados: parte 
integral da vida no Nilo sendo considerados fundamentais na vida após a 
morte, porque os egípcios acreditavam que o defunto-rei navegaria pelo céu 
junto ao Rei-Sol. 
Os mesmos construtores das pirâmides foram os responsáveis por outro 
monumento iconográfico do Egito Antigo: a Esfinge. A esfinge egípcia é uma 
antiga criatura mística usualmente tida como um leão estendido — animal com 
associações solares sacras — com uma cabeça humana, usualmente a de um 
faraó. Também usada para demonstração de poder, assim como as pirâmides 
no Egito. A gigantesca esfinge de Gizé, de 20 m de altura e 74 m de 
comprimento, foi construída para louvar Quéops, reproduzindo-lhe a cabeça. O 
desgaste causado pelo atrito das areias do deserto, levados pelo vento, 
 
 
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apagou a maior parte dos traços do rosto da Esfinge e lhe deu um aspecto 
enigmático, o que fomenta muitas lendas e mitos a seu respeito. 
 
 
Fig. 23: A Esfinge diante da Pirâmide de Quéops. 
Fonte: http://2.bp.blogspot.com/_JmGPnBZrbhY/Sc67gJR1ZYI/AAAAAAAAA20/AP0K09F-
KF0/s400/esfinge.jpg 
 
 As câmaras internas das pirâmides eram ricamente adornadas, 
trazendo muitas imagens da pessoa sepultada, pois os egípcios acreditavam 
que isto a manteria viva. Se estas imagens não estivessem lá, quando o morto 
chegasse ao céu, poderia ―perder‖ seus traços fisionômicos. Diante disso, o 
falecido era representado em sua rotina em ricas pinturas murais, relevos e 
esculturas, deixando claro quem era, qual era sua profissão, sua posição na 
sociedade, sua aparência. Nós inclusive temos acesso a informação sobre o 
cotidiano dos egípcios, pois dentro destas câmaras mortuárias, havia também 
representações e modelos das casas em que estas pessoas viviam. 
 
 
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Fig. 24: Pintura mural encontrada 
no túmulo da Rainha Nefertari. 
Aqui, a rainha é representada 
jogando senet, um jogo 
semelhante a damas. Este deveria 
ser um hobby ou uma ocupação 
frequente da rainha, que aqui está representada em todos seus trajes e 
adornos. 
Fonte: http://clevergames.files.wordpress.com/2009/05/nefertari-playing-senet.jpg 
 
 Foi com o novo império que o Egito atingiu o apogeu de seu poderio e de sua 
cultura. Os faraós reiniciaram as grandes construções, como os templos de 
Carnac e Luxor, dedicados ao deus Amon. Por volta de 2.600 a.C., as 
pirâmides atingiram seu auge, porém logo tornaram-se obsoletas. Com o Novo 
Império, foram introduzidas formas ainda mais elaboradas de arquitetura 
mortuária, além de imponentes templos. Esta arquitetura é encontrada 
predominantemente em uma região chamada de Vale dos Reis, em Tebas (na 
margem ocidental do Nilo e não muito distante de Luxor). 
Os túmulos deste período muitas vezes eram estruturas elaboradas e 
subterrâneas, com profundidades de até 96m e extensão de 210m, disfarçadas 
para que se pudesse despistar os saqueadores de túmulos, que já era 
frequente nesta época opulenta do império egípcio. Os túneis e câmaras eram 
construídos como labirintos, levando a vários aposentos vazios. Mesmo com 
todo o esforço, a maior parte dos túmulos egípcios foram descobertos e 
saqueados ao longo da História, com a exceção do túmulo de Tutancâmon, 
que já mencionamos anteriormente. 
 
 
 
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Os monumentos egípcios mais importantes deste período são os 
templos construídos para a veneração popular dos deuses, durante o Novo 
Império (circa 1550-1070 a.C.). Estes vastos templos, dedicados aos variados 
deuses, também trazem a característica maior dos egípcios: as grandes 
dimensões. Todos em pedra, as vastas salas destes edifícios monumentais são 
marcadas pela presença de pesadas colunas, comcapitéis remetendo às flores 
locais. As colunas podem ser ter capitéis lotiformes (em forma de flor de lótus, 
aberta ou fechada), palmiformes (remetendo às palmeiras), ou papiriformes 
(em formato de flor de papiro). 
 
Fig. 25: Representação de dois tipos de 
colunas egípcias, a palmiforme e a 
lotiforme. 
Fonte: 
http://3.bp.blogspot.com/_qgpoGKiA0KM/Sr
d4YMURO0I/AAAAAAAAAAM/1twLkAZ1V3
8/s320/palmiloti.jpg 
 
 
 
 
 
Fig. 26: Colunata em frente ao 
Templo de Isis. Aqui as colunas 
são em formato papiriforme 
aberta. 
Fonte: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/4/42/ColonnadeDevantPyloneTempleIsis.jpg/800px-
ColonnadeDevantPyloneTempleIsis.jpg 
 
 
 
Podemos destacar, entre eles, o Grande Templo de Amon (iniciado por 
 
 
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volta de 1530 a.C.), em Carnac e o Templo de Luxor (circa 1408-1300 a.C.), 
em Tebas – cidades separadas apenas por um canal. O único testemunho do 
maravilhoso passado de Luxor é o grande templo, com comprimento de 260 
metros, iniciado por Amenófis II, ampliado por Thot-Mosis II, e terminado por 
Ramsés II. No caso do tempo de Carnac, é possível datar suas diferentes 
partes de épocas totalmente diferentes: a construção foi sendo transformada e 
completada por 1000 anos! Este templo é unido ao templo de Carnac por uma 
longa avenida, junto da qual se alinham esfinges com cabeças de carneiro, que 
a 30a dinastia substituiu por esfinges de cabeça humana. Esta avenida ainda 
não se encontra totalmente descoberta, no entanto, prevê-se a reconstrução da 
réplica antiga de Carnac e Luxor. 
A entrada destes templos se dava por portões ou pilonos de entradas 
imponentes e até mesmo assustadores, que conduziam a salões de 
gigantescas colunas com diâmetro de 3,6 m, encimadas com capitéis em forma 
de flores (papiro ou nenúfar), ricamente pintadas e decoradas. No caso do 
Grande Templo de Amon, seu hipostilo é bastante imponente: são 134 colunas 
dispostas em 16 fileiras, e sobre elas pousa um teto de lajes a 24m de altura. A 
câmara tem medidas de 103 m x 52 m, iluminada pela luz do sol que penetra 
por um clerestório de blocos de pedras furados, colocados entre o topo das 
paredes e o teto. Como podemos ver no esquema abaixo, os templos eram 
murados e continham casas e armazéns para os sacerdotes, um lago sagrado, 
e dependências para os servos. 
 
 
 
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Fig. 27: Entrada do Templo de Amon, em Luxor (circa 1408-1300 a.C.). 
Originalmente, enormes estátuas do faraó Ramsés II adornavam a entrada, 
além de dois obeliscos que já ruíram. Observe os capiteis das colnas em forma 
de lótus. 
Fonte: http://lh3.ggpht.com/_eG2Rv64BxGw/SCYnzvuSNFI/AAAAAAAAHwU/GJubWCcw4vY/800px-
Temple_Amon_medinet+habu.jpg 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fig. 28: Representação gráfica esquemática do Templo de Amon, em 
Carnac. Por Cristina Gambaccini. 
Fonte: http://www.flickr.com/photos/37723305@N06/3469032982/ 
 
 
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Fig. 29: Fragmentos do Templo de Amon, em Carnac. Observe os 
detalhes dos desenhos entalhados nas pedras das colunas, e os capitéis em 
forma de papiro fechado. 
Fonte: http://3.bp.blogspot.com/_LurUHj49Tjw/SpLQvEHiFUI/AAAAAAAABjo/7Wahqg-
8HiM/s400/20080309+-+Karnac+3.jpg 
 
Outro templo importante no Antigo Egito é o Grande Templo de Abu-
Simbel (circa 1301 a.C.), que é talhado na face de um rochedo. Assim como já 
percebemos nas construções que vimos até agora, o Templo de Abu-Simbel 
também nos exibe o fascínio dos egípcios com esculturas de grandes 
dimensões: flanqueando a entrada do grande templo, não existem duas – mas 
quatro esculturas de 20m de altura representando Ramsés II sentado, que foi o 
faraó responsável por sua construção. No interior do templo, há uma câmara 
principal com 9m de altura, sustentada por pilares na forma do deus Osíris (o 
deus da morte). Atualmente, algumas destas esculturas ruíram e têm seus 
fragmentos dispostos aos pés das estátuas ruídas. 
 
 
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Fig. 27: Entrada do Templo de Abu-Simbel. 
Fonte: http://www.souturista.com.br/abusimbeltemplo1.bmp 
 
 Um dos últimos grandes exemplos da arquitetura egípcia, com uma 
configuração que se aproxima do racionalismo dos gregos, é o templo funerário 
da Rainha Hatsheput (1520 a.C.), que fica diante dos penhascos de Der El-
Bahari em Tebas. O arquiteto que projetou este templo também é conhecido, 
Senmut. O templo é composto em três níveis, ligados por rampas de inclinação 
rasa, e fronteado por uma colunata. Estas colunas já não têm mais os capitéis 
em formas vegetais como vimos nos templos de Carnac ou Luxor, mas já se 
aproximam das delgadas colunas dóricas dos gregos antigos. Todas as 
paredes são decoradas com pinturas e relevos louvando a Rainha, que era 
considerada divina. No fim de um corredor, no interior do rochedo, chega-se a 
uma câmara onde a múmia da rainha estava sepultada. 
 
 
 
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Fig. 28: Templo mortuário da Rainha Hatsheput e Der-El-Bahari. 
 
 A arquitetura dos egípcios, após este período, começou a entrar 
em declínio – nunca mais conseguiu atingir a excelência e imponência de 
formas e ornamentos dos templos do Novo Império. Isto era reflexo do declínio 
da influência e poder egípcio, que começou a ser enfraquecido por sucessivas 
invasões. Já nos últimos séculos, começou a apresentar influências fortes da 
civilização grega, que se desenvolvia nas proximidades – e certamente a arte e 
arquitetura dos egípcios foram referências importantes na constituição da 
produção grega. Podemos dizer que, se o auge da nossa arquitetura ocidental 
se deu durante a civilização da Grécia antiga, certamente as raízes de toda a 
nossa cultura já se encontram nas obras egípcias. 
 
 
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Referências 
 
CHOAY, Françoise. O urbanismo. São Paulo: Ed. Perspectiva, 2001. 
GLANCEY, Jonathan. A História da Arquitetura. São Paulo: Ed. Loyola, 2007. 
GOMBRICH, Ernst H. História da Arte. Rio de Janeiro: Ed. LTC, 2008. 16a 
edição. 
MUMFORD, Lewis. A Cidade na História. São Paulo: Ed. Martins Fontes, 1998. 
4a edição. 
PROENÇA, Graça. A História da Arte. São Paulo: Ed. Ática, 2000. 
 
 
 
 
 
 
 
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Responsável pelo Conteúdo: 
Prof. Priscila Henning 
 
 
 
 
 
 
 
 
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