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1944 É relevante a conceituação teórica Jungiana e a sua visão sobre a morte, a sincronicidade dos eventos que ocorrem nas visões de morte pode ser traduzida pelo ato criativo acionado pela fatalidade da morte; neste sentido o ser humano através da espontaneidade busca suportar a dor da morte que está próxima ou renascer para a vida. Estes acontecimentos sincrônicos vão buscar no inconsciente coletivo os arquétipos de natureza humana generalizados de irracionalidade e de espontaneidade2. A psicóide pode atuar trazendo uma noção de arquétipo da existência no inconsciente coletivo, sendo esquecido e desprovido de consciência após o retorno à vida. Não raro se menciona a percepção de uma voz, porém, o que resta é a lembrança de um nome e nenhuma palavra ou conversação; fica sempre a insistente referência a transparência e à indescritível claridade de luz nas visões de morte, expressando o eterno, 2 Moreno, J. L. - Psicodrama. Editora Cultrix. São Paulo. SP: 1993. págs. 80 a 205 A MORTE NA VISÃO DE C. G. JUNG, E A IMPORTÂNCIA DE SUA TEORIA PARA A LEITURA SIMBÓLICA DAS DOENÇAS PSICOSSOMÁTICAS _______________________________ *Psicóloga 180 o encontro com a bondade e de ajuda. Tempo e espaço são relativos às coincidências de sentidos não causais andam de mãos dadas, os acontecimentos futuros sendo vivenciados como presente indica que em determinadas circunstâncias espaço e tempo seja reduzido á zero. O mundo da alma é igual à esfera intermediária da imaginação; embora a intensidade destes aspectos numinosos esteja presa ao mundo psíquico; os depoimentos ainda são subjetivos (sensações psicológicas); infelizmente não podemos chegar a nenhuma conclusão a respeito da existência de um mundo transcendente. O que o agonizante vê e aquilo que ele acredita, não pode de modo algum valer como prova para a objetividade ou para uma constatação absoluta dessa realidade; essas sensações são psicológicas, mas não são metafisicamente verdadeiras, permanecendo intacto o esclarecimento à cura da pessoa. Jung em sua obra traz vários estudos sobre a morte de caráter misterioso, onde há o limite de nosso conhecimento, que não conseguimos penetrar. Existem fatos que não se encaixam nas “leis”, e estes possuem uma conexão acausal. A VISÃO DA PSICOSSOMÁTCIA NO RESGATE DA ESPONTANEIDADE E NO ATINGIR OS OBJETIVOS: VIDA OU MORTE O processo de aquisição e enfrentamento da doença é entendido como a capacidade de lidar com a relação do stress; um processo psicofisiológico, que desencadeia respostas gerais e específicas; para entendermos o processo de adoecimento, precisamos entender a psique (mente) e a soma (corpo); e a capacidade de adaptação do organismo aos agentes nocivos a saúde. Mello, Filho e cols. (1992), definem Ego como o conjunto de elementos orgânicos e psicológicos que uma pessoa entende como integrantes de sua estrutura. No processo da mitose as células em constante mutação podem transformar-se ou estar vulnerável para a instalação das doenças que podem ser reconhecidas pelo organismo como parte integrante do Ego e permanecer em desenvolvimento ao invés de ser expelido normalmente; entender a doença como externa e evasiva pode ser considerado um mito, pois seu desenvolvimento tem origem e faz parte do Ego, que em seu desequilíbrio ocorrido pelo estressor emocional não permitiu que o organismo se adequasse as vicissitudes de sua realidade e não reconheceu a doença (vírus/bactérias/câncer,etc..) como tal e as integrou como parte do sistema biológico, representando a expressão de suas emoções. A MORTE NA VISÃO DE C. G. JUNG, E A IMPORTÂNCIA DE SUA TEORIA PARA A LEITURA SIMBÓLICA DAS DOENÇAS PSICOSSOMÁTICAS _______________________________ *Psicóloga 181 As emoções são percebidas através da comunicação e o seu conteúdo ideológico, o indivíduo buscará através de sua percepção e expressão solucionar o estado que foi criado, se o processo for bloqueado a solução ficará prejudicada e a emoção ficará contida, então será manifestada indiretamente e de forma simbólica; a doença é o sintoma de uma emoção contida que não teve solução. Transformar uma situação stressante ao organismo depende exclusivamente do indivíduo, e da sua forma em lidar com o estímulo estressor (Ballone, e outros 2007). Às alusões vivenciadas pelo doente através dos arquétipos coletivos sobre a morte pode possibilitar a ampliação da consciência; a pessoa mediante o vislumbra mento desta visão arquetípica e através de sua personalidade, sendo uma unidade do todo; através da consciência encontra-se com o Eu absoluto no UNO, tornando os acontecimentos sincrônicos de corpo, psique, tempo e espaço consciente, podendo através deste processo viabilizar as transformações de suas células e em conseqüência, a sua cura. Jung afirmava que a doença nos leva a fatos e que a psicoterapia ao bônus da doença que é o: conheça-te a ti mesmo. É preciso haver consciência da vulnerabilidade da doença que inconscientemente instalou-se em sua estrutura psicorgânica, o descobrimento das diversas doenças em seu início pode sinalizar o nível de consciência de um indivíduo, este processo não acontece em pessoas em coma. Através da psicologia analítica entendemos como fatores internos o inconsciente e o consciente, que pode ou não determinar a ação sobre o livre arbítrio do doente em querer viver ou morrer ou ainda transcender através da morte física, como salienta Jung em seus estudos sobre a morte, acreditando no processo de mutação para o desenvolvimento de um novo ser. A proposta é olhar o doente e não a doença, os sintomas são expressões das emoções e podem ser utilizados para interferir na ampliação do olhar do doente de maneira que este busque o desbloqueio de suas emoções e conseqüentemente a estagnação ou eliminação da doença. A vivência do doente com os arquétipos coletivos sobre a morte possibilita o desenvolvimento do processo alquímico (transformação das células); e conseqüentemente pode restabelecê-lo, o irromper com o material coletivo que possui um significado extraordinário para o processo de cura. Jung acreditava que o Self precisa de uma consciência para entender o Ego, alma e o espírito, e é nela que se tem toda a possibilidade de cura e a possibilidade de atrair outras coisas e a agir no mundo provocando mudanças em si mesmo. E isto é resultante de forças da própria consciência, se está fragilizada, possibilita a abertura para entrar em um padrão simplificado. A MORTE NA VISÃO DE C. G. JUNG, E A IMPORTÂNCIA DE SUA TEORIA PARA A LEITURA SIMBÓLICA DAS DOENÇAS PSICOSSOMÁTICAS _______________________________ *Psicóloga 182 Sendo assim, é preciso estar conectado com o todo, e este todo é intra e extra psíquico, onde é preciso começar com o micro e aí, você avança para o macro. Muito embora para manter-se vivo ou curar-se é preciso ter um propósito de vida, vontade que contra o destino e as expectativas; viver seria alcançar o maior nível de desenvolvimento espiritual e de conscientização. CONCLUSÃO As doenças remetem as pessoas a refletirem sobre a vida ou morte, seus paradigmas, sua rotina comum entre outras variáveis; quando o processo de transformação ocorre, o self consegue atuar de maneira que o ego recue para dar espaço para o melhor caminho como objetivo, o aspecto sombrio da doença desaparece, parte da sombra se faz luz, ampliando a consciência, fortalecendo e possibilitando sua relação com o self. Esta reflexão através da leitura psicossomática nos ensina a interpretar através da consciência simbólica das doenças o processo da individuação. De maneira singular o lidar com a realidade pode ser para alguns o auto-engano;