Buscar

Carl Gustav Jung_A morte na visao junguiana

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 3, do total de 12 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 6, do total de 12 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 9, do total de 12 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Prévia do material em texto

A MORTE NA VISÃO DE C. G. JUNG, E A IMPORTÂNCIA DE SUA 
TEORIA PARA A LEITURA SIMBÓLICA DAS DOENÇAS 
PSICOSSOMÁTICAS 
 
_______________________________ 
*Psicóloga 
173 
 
 
*Valéria Cristina Fidélis 
 
 
 
 
Em 26 de julho de 1875 nasce na suíça, Carl Gustav Jung, filho de 
Paul A. Jung (doutor em Teologia e Filosofia) e de Emilie Preiswerk 
(espiritualista e dons literários). Estudioso da mente tornou-se um 
pesquisador da medicina; em virtude de suas influências familiares, 
vivencia de visões premonitórias e sonho espiritual foi sendo guiado em 
sua vida e obra por seu lado espiritual, sendo que sua realidade mais 
autêntica foi à curiosidade científica sobre a alma e a transcendência. 
Desconfiado da fé dogmática de seu pai, viveu muitas crises e 
divergências a respeito, afastando-se da igreja por sentir: ausência de 
Deus e de vitalidade nas cerimônias; dizendo que esta não era um lugar 
de vida e sim de morte. Na adolescência sofre uma crise filosófica e 
passa a buscar leituras aprofundadas nos conteúdos religiosos e no 
campo da filosofia. Tornou-se um médico atuando como psiquiatra 
preocupado com os males do espírito; para ele afastar-se dessa 
natureza humana e espiritual, principalmente na meia idade, seria a 
origem das inúmeras neuroses. Contudo sua visão sobre religião difere 
do Cristianismo tradicional, sobretudo a questão do Mal e a concepção 
de Deus, que não considerava só bom e protetor, mas também tentador 
e destruidor. 
Não sendo compreendido apesar de considerar-se cristão, foi 
acusado pelo Cristianismo Dogmático de ser um outsider, sofrendo 
inúmeras perseguições. Em alguns desabafos dizia que na Idade Média 
teria sido queimado; embora não tenha conceituado Deus sua 
necessidade de compreendê-lo em experiências imediatas era vital. 
Como estudante de medicina leu tudo de significativo sobre 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A MORTE NA VISÃO DE C. G. JUNG, E A IMPORTÂNCIA DE SUA 
TEORIA PARA A LEITURA SIMBÓLICA DAS DOENÇAS 
PSICOSSOMÁTICAS 
 
_______________________________ 
*Psicóloga 
174 
espiritismo, e sobre os primeiros trabalhos de Freud (pai da psicanálise). 
Desenvolveu as primeiras teorias psicológicas fundamentadas no 
inconsciente e como psiquiatra começou na busca incessante pelo 
entendimento dos enigmas misteriosos da loucura; sua atração especial 
no início era o tratamento de psicóticos. 
Inicialmente foi seguidor de Freud, por discordância de idéias 
sobre a espiritualidade e a parapsicologia afasta-se por não querer 
desligar-se de seus verdadeiros objetivos. Sofreu imensamente com os 
afastamentos de amigos e conhecidos e passa-se por místico, 
experimentando uma dolorosa humilhação. Se tivesse reprimido seus 
objetivos, fatalmente seria vítima de um desequilíbrio mental, utilizou 
desta crise confrontando-se com seu inconsciente e obtendo experiência 
científica efetuada sobre si mesmo, esforçando-se por mostrar que os 
conteúdos psíquicos são reais de experiências coletivas, não apenas 
pessoais. Foram diversos anos elaborando e inscrevendo-se no quadro 
de sua obra científica, interessando-se por conteúdos marginalizados e 
desprezados pelo meio científico e recusando-se a concordar com a 
ideologia de massas e do progresso mecanicista, desconfiando de todas 
as teorias grandiosas e de toda busca filosófica por fundamentos em 
certezas universais. 
 
CONCEITUAÇÕES MAIS IMPORTANTES DO PAI DA TEORIA 
ANALÍTICA 
 
Jung não teve como finalidade a “cura” em si, mas o resgate das 
possibilidades criativas do indivíduo, levando a prática da psicoterapia 
para fora da psicopatologia, conferindo sentido e propósito aos sintomas 
psíquicos. Dentre suas contribuições teóricas, as mais importantes são: 
1. Estrutura e dinâmica da psique consciente e inconsciente, bem como, 
o inconsciente se manifesta. Com o conceito básico de complexo; 2. 
Tipos Psicológicos (introvertido/extrovertido); 3. Estudo sobre a 
psicologia do desenvolvimento da personalidade, articulado no conceito 
de individuação; 4. Descrição aprofundada dos conceitos de Arquétipos, 
derivados da psique do inconsciente coletivo, entre eles: Self, a Anima, 
o Animus, o Ego etc. 
Concebeu o aparelho psíquico como um sistema energético 
dinâmico e esta energia geral designou de libido que flui em dois 
opostos. A resultante dialética entre o consciente e o inconsciente 
denominou de 
 
 
A MORTE NA VISÃO DE C. G. JUNG, E A IMPORTÂNCIA DE SUA 
TEORIA PARA A LEITURA SIMBÓLICA DAS DOENÇAS 
PSICOSSOMÁTICAS 
 
_______________________________ 
*Psicóloga 
175 
processo de individuação, juntamente com o processo do Self que 
constitui seu ponto de apoio teórico. 
Ao contrário das críticas acirradas que recebeu, colocou a 
psicologia no campo da ciência, sua obra é a expressão de uma 
abordagem empírica e experimental, deixa uma das maiores 
contribuições ao pensamento moderno através do estudo da física 
nuclear que é o reconhecimento da realidade da mente e a redescoberta 
da idéia da psique como um cosmo. Sua teoria é muito importante para 
o entendimento e leitura dos pressupostos da psicossomática que 
também é uma ciência contemporânea, separei alguns conceitos para 
que possamos realizar a leitura através da psicologia analítica: 
Inconsciente: na psique uma parte dos conteúdos reprimidos que já 
foram conscientes, sem energia psíquica suficiente para atingir a 
consciência. 
Inconsciente coletivo: camada do inconsciente pessoal, que já não 
tem origem em experiências ou aquisições pessoais e nunca foram 
conscientes, são inatos e hereditários. 
Amplificação: técnica para aprofundar e aumentar as imagens do 
inconsciente. 
Arquétipo: imagens e temas ou padrões universais presentes no tempo 
e lugar comum a humanidade, existem na psique como energia 
potencial na vida psicológica inconsciente. 
Complexos: conjunto de idéias, imagens, temas, capazes de nos 
afetar, muitas vezes reprimido e capaz de provocar distúrbios 
psicológicos. 
Anima e Animus: Personificação arquetípica da natureza feminina no 
inconsciente do homem e da natureza masculina no inconsciente da 
mulher. 
Coniunctio: Conjunção, casamento sagrado; integração com a ajuda da 
consciência de aspectos inconscientes da personalidade. 
Ego: sujeito da ação consciente, sendo o primeiro complexo a se 
formar, centro da consciência, estrutura-se com base no inconsciente. 
Self: centro organizador do aparelho psíquico abrange o consciente e o 
inconsciente como se fosse uma imagem de Deus em nós. Arquétipo da 
totalidade impossível de ser alcançada. 
Individuação: processo de realização do self; confronto entre o 
consciente e o inconsciente na busca de um ser individual em ação e em 
unidade singular. 
Função transcendente: aspecto da auto-regulação da Psique 
manifesta-se simbolicamente e é experimentada como uma nova atitude 
em face do si 
 
 
A MORTE NA VISÃO DE C. G. JUNG, E A IMPORTÂNCIA DE SUA 
TEORIA PARA A LEITURA SIMBÓLICA DAS DOENÇAS 
PSICOSSOMÁTICAS 
 
_______________________________ 
*Psicóloga 
176 
mesmo e da vida. 
Numinoso: o inexprimível, experiência imediata do divino, inspira 
temor reverencial fora do alcance racional. 
Sombra: sentimentos e comportamentos proibidos surgem na parte 
mais escura e negada de nós mesmos, não conscientes; reconhecê-la é 
um passo para o processo de individuação. 
Símbolo: imagem simbólica, expressão da situação psíquica, que inclui 
elementos tanto da consciência como do inconsciente, viabiliza e pode 
canalizar a energia psíquica inconsciente para a consciência se 
reconhecida e apreendida pelo Ego. 
Sincronicidade: Coincidência entre um evento da psique pessoal com 
uma situação objetiva do mundo exterior; conexão acausal. 
Mito: configura representações da consciência coletiva, ditas e reditas 
em cada geração. 
 
 
 
 
VISÃO DE JUNGSOBRE A MORTE 
 
Para Jung os sonhos que antecediam a morte tinham a função de 
elaboração e tomada de consciência do indivíduo em lidar com a morte 
ou com uma fase de difícil transição na vida; como um modo menos 
tenso de encarar a morte, a pessoa que estivesse atenta aos sonhos, 
ficaria preparada muitos anos antes para a morte. A vida ou a morte 
estabelecia o desenvolver-se ou o definhar-se; e só permanece vivo 
quem morre com a vida; esta visão só foi admitida após um enfarte 
cardíaco que quase o levará a morte em 19441, onde acamado teve 
vários sonhos e visões, que contribuíram para mais transformações em 
sua vida; admitindo que a morte seja desapego total. 
A vida seria um intervalo consciente numa existência 
transdimensional; um jogo que representa em sua história um antes, 
um aqui agora (vida física/consciência) e um depois (um segundo 
nascimento). Já a Psique seria uma forma independente do Tempo e do 
Espaço e esta afirmação ele fez após a pesquisa sobre a sincronicidade; 
a resposta à vida humana não fica dentro das fronteiras da vida. A 
tristeza não voltavas-se para o morto, mas para os que tinham que 
suportar e elaborar o sofrimento da perda. 
O sentido da vida era a ampliação da consciência na busca do 
processo de individuação pessoal; e a morte só ocorreria quanto do 
 
 
1 JUNG, C. G. - Memória Sonhos e Reflexões, PG. 259. 
A MORTE NA VISÃO DE C. G. JUNG, E A IMPORTÂNCIA DE SUA 
TEORIA PARA A LEITURA SIMBÓLICA DAS DOENÇAS 
PSICOSSOMÁTICAS 
 
_______________________________ 
*Psicóloga 
177 
atingimento da meta deste processo. Acreditava que o suicídio era uma 
tendência inconsciente, e achava criminoso impedi-lo, mas ajudar a 
resgatar a vida era imprescindível, não criou regras rígidas para esta 
análise. 
Jung em seus últimos dias teve um sonho que anunciava a 
conclusão de sua obra e a proximidade de sua morte, via uma grande 
pedra redonda colocada sobre um pedestal elevado, com a seguinte 
inscrição: “como sinal da tua totalidade e da tua unidade”. Em 6 de 
junho de 1961, com quase 86 anos morreu tranquilamente em sua casa. 
 
 
EXPERIÊNCIAS DE PESSOAS CONSIDERADAS CLINICAMENTE 
MORTAS 
 
Vários estudos foram feitos sobre o medo da morte através dos 
pressupostos teóricos de Jung; Rohn, (1979) estudou a sincronicidade 
do momento através de pessoas consideradas clinicamente morta, para 
ele o medo evidencia a perda de conexão do homem com seus poderes 
numinosos e compartilha através da vivência e estudo destas pessoas 
que sobreviveram, interessantes sentimentos e percepções da quase 
morte, trazendo relatos de sonhos que antecederam a morte. Este 
momento segundo os estudos, só podem ser comprovados através da 
experiência de alguém que está morrendo ou morreu e que nos afetam 
de uma forma ou de outra através dos arquétipos ou do inconsciente 
coletivo que são compartilhados após o evento. Dá exemplo de um 
jovem que morre em viagem de negócios e morre em um acidente de 
avião; após sua morte foi encontrada um carta em sua pasta no deserto 
Árabe com a descrição de um sonho onde o diabo o perseguia e dizia 
que em breve iria haver-se com ele. Em geral os sonhos apontam para o 
mistério da mudança numa outra dimensão. 
Em mais de 300 casos relatados as pessoas em profunda 
inconsciência e/ou em coma vivenciaram instantes de consciência onde 
percebem e tem a sensação de outro Eu continuar a existir; viam-se 
fora de seu próprio corpo e conseguiam olhar para si, sentindo e 
percebendo o corpo como outro corpo, sensação de difícil descrição 
havendo uma sensação de liberação, redenção ou elevação; após estes 
instantes apaga-se a capacidade de recordar os fatos, ficando a saudade 
do além, não se descobrindo nada sobre a própria realidade da morte, 
mas voltando-se com uma total transformação do modo de ser e existir. 
 
 
 
A MORTE NA VISÃO DE C. G. JUNG, E A IMPORTÂNCIA DE SUA 
TEORIA PARA A LEITURA SIMBÓLICA DAS DOENÇAS 
PSICOSSOMÁTICAS 
 
_______________________________ 
*Psicóloga 
178 
Algumas pessoas ao escutarem os médicos anunciarem sua morte 
percebiam um ruído desagradável e tinham a sensação de mover-se 
num túnel longo e escuro. 
O mundo material e corporal já não lhes impunha restrições e o 
movimento acontecia como a rapidez de um raio, chamando a esta 
percepção de corpo espiritual, pura consciência, ou ainda nuvem, vapor 
sem peso fora do tempo; superando os sentidos normais, a luz intensa e 
clara não era rara de se condensar num corpo nas descrições. 
Dependendo da crença havia o relato de ter sido ajudado por 
alguém a partir do além: um anjo, Cristo, entre outros; e/ou a visão da 
retrospectiva da vida. Experiências sentidas como algo leve, o regresso 
ao corpo/temporal era inconsciente (espécie de sucção), algo agressivo 
e difícil, pois não se queria voltar, há a impressão de absoluta realidade 
e objetividade, o medo e a dor cessam na alma e os sentimentos são 
positivos de libertação/liberdade, ausência de imagens negativas. 
 Hampe, (1979) chamou esta dualidade de intensificação do 
consciente que se divide em duas partes: havendo uma cisão do Eu com 
o Corpo, uma parte fica no corpo e a outra é ampliada e desprovida do 
corpo e independente do cérebro, chamou este processo de supra 
consciência, para o paciente: corpo espiritual ou corpo astral. 
 A morte teria uma dimensão supra pessoal que nos libertaria de 
nossas limitações; Deus é o todo e o espírito é e faz parte desta 
unidade. Neste contexto não se descarta a falta de capacidade de 
observação pela deficiência corporal, falta de oxigênio, envenenamento 
e a insuficiência do fluxo sanguíneo; seria prematuro considerar a 
vivência como realidade, pelas fantasias exarcebadas ou 
desprendimento das dores; experiências estas também vivenciadas por 
alpinistas em grandes altitudes e com afogados. 
 Jung após seu infarto passou por uma experiência parecida, e 
conferia a certeza de que o espírito permanece após a morte, o que 
consistia na mais profunda paz, beleza e plenitude, assemelhando-se a 
transcendência. Esta vivência pode ser considerada resultado de 
fantasias inconscientes ou técnica de desvelamento de emoções 
importantes; não deixa de ser uma forma de oferecer as pessoas que 
sofrem de falta de perspectiva de vida um fundamento capaz de torná-la 
suportável; pode ser validado com a existência de individualidades 
transcendentais. 
Através do conhecimento científico do Estado de Coma, Jung 
afirmava que mesmo em inconsciência profunda, a pessoa é capaz de 
 
 
 
 
A MORTE NA VISÃO DE C. G. JUNG, E A IMPORTÂNCIA DE SUA 
TEORIA PARA A LEITURA SIMBÓLICA DAS DOENÇAS 
PSICOSSOMÁTICAS 
 
_______________________________ 
*Psicóloga 
179 
acompanhar o que ocorre, as aparições ocorridas não é fora do comum. 
O cérebro aprende a pensar e o Sistema Nervoso Simpático é um 
estimulante físico em casos leves de desmaios; a consciência pode estar 
localizada nos chakras do Yoga Kundalini (vesícula, estômago, 
diafragma e no coração), os estudos sobre os sonhos esclarecem a 
relação entre o corpo e a psique. 
A doença é uma expressão da psique, e as células possuem 
consciência, constata-se que a perda da consciência costuma acontecer 
ao mesmo tempo em que alguma parte da psique alcança outra 
realidade; sendo paralelos os acontecimentos entre a psique e corpo da 
pessoa que está morrendo, o Corpo fica paralisado e apático e a Psique 
livre no espaço e no tempo fora do si mesmo. Seriam paralelos não 
causais, imbuídos de sentido entre corpo e psique, que abrem novas 
possibilidades de compreensão e nesta nasce à psicossomática. 
 
 
 
ARQUÉTIPOS: NATUREZA CRIATIVA E AUTÔNOMA NO 
INCONSCIENTE 
 
“... o medo profundo busca um recurso para a elaboração da 
proximidade da morte...” 
Jung,1944 
 
É relevante a conceituação teórica Jungiana e a sua visão sobre a 
morte, a sincronicidade dos eventos que ocorrem nas visões de morte 
pode ser traduzida pelo ato criativo acionado pela fatalidade da morte; 
neste sentido o ser humano através da espontaneidade busca suportar a 
dor da morte que está próxima ou renascer para a vida. Estes 
acontecimentos sincrônicos vão buscar no inconsciente coletivo os 
arquétipos de natureza humana generalizados de irracionalidade e de 
espontaneidade2. 
A psicóide pode atuar trazendo uma noção de arquétipo da 
existência no inconsciente coletivo, sendo esquecido e desprovido de 
consciência após o retorno à vida. Não raro se menciona a percepção de 
uma voz, porém, o que resta é a lembrança de um nome e nenhuma 
palavra ou conversação; fica sempre a insistente referência a 
transparência e à indescritível claridade de luz nas visões de morte, 
expressando o eterno, 
 
2
 Moreno, J. L. - Psicodrama. Editora Cultrix. São Paulo. SP: 1993. págs. 80 a 205 
A MORTE NA VISÃO DE C. G. JUNG, E A IMPORTÂNCIA DE SUA 
TEORIA PARA A LEITURA SIMBÓLICA DAS DOENÇAS 
PSICOSSOMÁTICAS 
 
_______________________________ 
*Psicóloga 
180 
o encontro com a bondade e de ajuda. Tempo e espaço são relativos às 
coincidências de sentidos não causais andam de mãos dadas, os 
acontecimentos futuros sendo vivenciados como presente indica que em 
determinadas circunstâncias espaço e tempo seja reduzido á zero. 
O mundo da alma é igual à esfera intermediária da imaginação; 
embora a intensidade destes aspectos numinosos esteja presa ao 
mundo psíquico; os depoimentos ainda são subjetivos (sensações 
psicológicas); infelizmente não podemos chegar a nenhuma conclusão a 
respeito da existência de um mundo transcendente. O que o agonizante 
vê e aquilo que ele acredita, não pode de modo algum valer como prova 
para a objetividade ou para uma constatação absoluta dessa realidade; 
essas sensações são psicológicas, mas não são metafisicamente 
verdadeiras, permanecendo intacto o esclarecimento à cura da pessoa. 
Jung em sua obra traz vários estudos sobre a morte de caráter 
misterioso, onde há o limite de nosso conhecimento, que não 
conseguimos penetrar. Existem fatos que não se encaixam nas “leis”, e 
estes possuem uma conexão acausal. 
 
 
A VISÃO DA PSICOSSOMÁTCIA NO RESGATE DA 
ESPONTANEIDADE E NO ATINGIR OS OBJETIVOS: VIDA OU 
MORTE 
 
O processo de aquisição e enfrentamento da doença é entendido 
como a capacidade de lidar com a relação do stress; um processo 
psicofisiológico, que desencadeia respostas gerais e específicas; para 
entendermos o processo de adoecimento, precisamos entender a psique 
(mente) e a soma (corpo); e a capacidade de adaptação do organismo 
aos agentes nocivos a saúde. Mello, Filho e cols. (1992), definem Ego 
como o conjunto de elementos orgânicos e psicológicos que uma pessoa 
entende como integrantes de sua estrutura. No processo da mitose as 
células em constante mutação podem transformar-se ou estar 
vulnerável para a instalação das doenças que podem ser reconhecidas 
pelo organismo como parte integrante do Ego e permanecer em 
desenvolvimento ao invés de ser expelido normalmente; entender a 
doença como externa e evasiva pode ser considerado um mito, pois seu 
desenvolvimento tem origem e faz parte do Ego, que em seu 
desequilíbrio ocorrido pelo estressor emocional não permitiu que o 
organismo se adequasse as vicissitudes de sua realidade e não 
reconheceu a doença (vírus/bactérias/câncer,etc..) como tal e as 
integrou como parte do sistema biológico, representando a expressão de 
suas emoções. 
A MORTE NA VISÃO DE C. G. JUNG, E A IMPORTÂNCIA DE SUA 
TEORIA PARA A LEITURA SIMBÓLICA DAS DOENÇAS 
PSICOSSOMÁTICAS 
 
_______________________________ 
*Psicóloga 
181 
As emoções são percebidas através da comunicação e o seu 
conteúdo ideológico, o indivíduo buscará através de sua percepção e 
expressão solucionar o estado que foi criado, se o processo for 
bloqueado a solução ficará prejudicada e a emoção ficará contida, então 
será manifestada indiretamente e de forma simbólica; a doença é o 
sintoma de uma emoção contida que não teve solução. Transformar 
uma situação stressante ao organismo depende exclusivamente do 
indivíduo, e da sua forma em lidar com o estímulo estressor (Ballone, e 
outros 2007). 
Às alusões vivenciadas pelo doente através dos arquétipos 
coletivos sobre a morte pode possibilitar a ampliação da consciência; a 
pessoa mediante o vislumbra mento desta visão arquetípica e através 
de sua personalidade, sendo uma unidade do todo; através da 
consciência encontra-se com o Eu absoluto no UNO, tornando os 
acontecimentos sincrônicos de corpo, psique, tempo e espaço 
consciente, podendo através deste processo viabilizar as transformações 
de suas células e em conseqüência, a sua cura. Jung afirmava que a 
doença nos leva a fatos e que a psicoterapia ao bônus da doença que é 
o: conheça-te a ti mesmo. É preciso haver consciência da 
vulnerabilidade da doença que inconscientemente instalou-se em sua 
estrutura psicorgânica, o descobrimento das diversas doenças em seu 
início pode sinalizar o nível de consciência de um indivíduo, este 
processo não acontece em pessoas em coma. 
Através da psicologia analítica entendemos como fatores internos 
o inconsciente e o consciente, que pode ou não determinar a ação sobre 
o livre arbítrio do doente em querer viver ou morrer ou ainda 
transcender através da morte física, como salienta Jung em seus 
estudos sobre a morte, acreditando no processo de mutação para o 
desenvolvimento de um novo ser. A proposta é olhar o doente e não a 
doença, os sintomas são expressões das emoções e podem ser 
utilizados para interferir na ampliação do olhar do doente de maneira 
que este busque o desbloqueio de suas emoções e conseqüentemente a 
estagnação ou eliminação da doença. A vivência do doente com os 
arquétipos coletivos sobre a morte possibilita o desenvolvimento do 
processo alquímico (transformação das células); e conseqüentemente 
pode restabelecê-lo, o irromper com o material coletivo que possui um 
significado extraordinário para o processo de cura. 
Jung acreditava que o Self precisa de uma consciência para 
entender o Ego, alma e o espírito, e é nela que se tem toda a 
possibilidade de cura e a possibilidade de atrair outras coisas e a agir no 
mundo provocando mudanças em si mesmo. E isto é resultante de 
forças da própria consciência, se está fragilizada, possibilita a abertura 
para entrar em um padrão simplificado. 
A MORTE NA VISÃO DE C. G. JUNG, E A IMPORTÂNCIA DE SUA 
TEORIA PARA A LEITURA SIMBÓLICA DAS DOENÇAS 
PSICOSSOMÁTICAS 
 
_______________________________ 
*Psicóloga 
182 
Sendo assim, é preciso estar conectado com o todo, e este todo é 
intra e extra psíquico, onde é preciso começar com o micro e aí, você 
avança para o macro. Muito embora para manter-se vivo ou curar-se é 
preciso ter um propósito de vida, vontade que contra o destino e as 
expectativas; viver seria alcançar o maior nível de desenvolvimento 
espiritual e de conscientização. 
 
 
CONCLUSÃO 
 
As doenças remetem as pessoas a refletirem sobre a vida ou 
morte, seus paradigmas, sua rotina comum entre outras variáveis; 
quando o processo de transformação ocorre, o self consegue atuar de 
maneira que o ego recue para dar espaço para o melhor caminho como 
objetivo, o aspecto sombrio da doença desaparece, parte da sombra se 
faz luz, ampliando a consciência, fortalecendo e possibilitando sua 
relação com o self. 
Esta reflexão através da leitura psicossomática nos ensina a 
interpretar através da consciência simbólica das doenças o processo da 
individuação. De maneira singular o lidar com a realidade pode ser para 
alguns o auto-engano;para outros um alívio entendendo que a morte 
pode ser o melhor objetivo no momento, ou ainda de forma consciente 
preparar-se para ela, pois apesar das variações interpessoais quanto à 
avaliação da situação stressante, existem aspectos de diagnósticos 
concretos que podem determinar o prognóstico. 
Se aceitarmos que cada um de nós é potencialmente um 
transformador de experiência, os aspectos positivos provocadas no 
processo do adoecimento, talvez seja uma possibilidade das mais 
singulares e concretas que temos para refletir e entrar em contato com 
o nosso inconsciente e poder sugerir mesmo que tardio uma 
conceituação do que venha ser a saúde humana; resignificar ou não 
uma doença nos remete a reflexão da aceitação enquanto homens e de 
nossa finitude; trazendo de forma realista e violenta a nossa impotência 
em controlar a vida ou a própria morte. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A MORTE NA VISÃO DE C. G. JUNG, E A IMPORTÂNCIA DE SUA 
TEORIA PARA A LEITURA SIMBÓLICA DAS DOENÇAS 
PSICOSSOMÁTICAS 
 
_______________________________ 
*Psicóloga 
183 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: 
 
ALEXANDER, Franz–Medicina psicossomática: seus princípios e 
aplicações. Trad. Fischmann Célia Beatriz. Porto Alegre: Artes 
Médicas,1989 
ANIELA, Jaffé, Rohn Liliane Frey; Franz, Marie Louise Von Franz. A 
morte a luz da psicologia. São Paulo. SP: Editora Cultrix, 1980 
DAHLKE, Rudiger. A doença como linguagem da alma: Os sintomas 
como oportunidade de desenvolvimento. Trad. Pigantari, Dante. São 
Paulo: SP. Cultrix, 2005. 
JUNG, Carl Gustav. Os arquétipos e o inconsciente coletivo - 5 a. Ed. 
Tradução, Maria Luiza Appy, Dora Mariana R. Ferreira da Silva. 
Petrópolis. RJ: Editora Vozes, 2007 
MELLO, Filho de Julio e cols. Psicossomática Hoje.Porto Alegre: RS. Artes 
Médicas,1992 
MORENO, Jacob Levi. Psicodrama. Editora Cultrix. São Paulo. SP: 1993. 
págs. 80 a 205 
RAMALHO,Cybele M. Aproximações entre JUNG e MORENO.São 
Paulo.SP:Agora, 2002 
ESCUDEIRO, Aroldo (Org.) Tanatologia: Conceitos, Relatos, Reflexões. 
Fortaleza: LC Gráfica e Editora, 2008 
ANIELA, Jaffé, (Org.). JUNG, C. G. Memória Sonhos e Reflexões. Nova 
Fronteira. São Paulo. SP: 2000: PG. 259. 
BALLONE, Geraldo José; ORTOLANI, Ida Vani; NETO, Eurico Pereira. Da 
emoção à lesão: Um guia da Medicina Psicossomática. 2ª. Edição. 
Barueri, SP: Manole,2.007

Outros materiais