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Criatividade e Inovação Prof. Ms. Nelson Roberto Furquim A Criatividade e as Organizações Universidade Anhembi MorumbiA Criatividade e as Organizações2 Introdução Atualmente, estudos acerca das organizações destacam mudanças que acontecem frequentemente e com uma rapidez enorme. O fenômeno da globalização atua como um catalisador dessas mudanças, que ocorrem não apenas no plano tecnológico, mas também individual e socialmente. Nesse aspecto, uma característica que vem sendo cada vez mais valorizada pelas em- presas é a criatividade de seus colaboradores, criatividade essa que também atua como um diferencial para que a empresa mantenha a sua competitividade. Desta forma, nesta primeira década do século XXI, surge como um grande desafio para os administradores e empreendedores, a gestão dos riscos organizacionais, e a estraté- gia de valorização da criatividade. As reações às novas oportunidades detectadas no mercado devem ser imediatas, e considerando-se o alto grau de competitividade verificado no ambiente mercadológico, as estratégias devem ser implementadas com consistência e rapidez, e a criatividade e a inovação têm particular destaque nesse contexto. Criatividade e inovação são fundamentais para o contínuo desenvolvimento de um país, além de torná-lo competitivo no cenário internacional. Universidade Anhembi MorumbiA Criatividade e as Organizações3 Criatividade e Inovações “O importante é não parar de questionar” (Einstein) Tomando-se como base o pensamento inovador, novas tecnologias, processos, tecnologias, processos, produtos e serviços são criados, permitindo que as empresas se tornem mais produtivas e competitivas. Mesmo em situações de poucos recursos ou limi- tações, torna-se importante focar em resultados positivos, rentáveis, priorizando a qua- lidade dos produtos ou serviços oferecidos ao mercado. Torna-se um grande diferencial investir no pensamento criativo e inovador. Em criatividade não existe erros, mas sim vários ensaios e tentativas. Uma determinada idéia poderá ser inadequada em um momento e valiosa em outro, dependendo da cir- cunstância ou situação em que for considerada ou analisada. O aprendizado com erros e acertos é fundamental. A seguir é apresentada uma relação de alguns argumentos que podem funcionar como bloqueadores do processo criativo (FELIPPE, 2007): • Isso nunca vai dar certo; • Não sou criativo; • Criatividade é coisa de artistas; • Já tentei e não deu certo; • Não vão gostar; • Time que está ganhando não se mexe; • Sempre foi feito assim, porque mudar. Universidade Anhembi MorumbiA Criatividade e as Organizações4 • Isso não é lógico; • Isso é óbvio, acho que já pensaram; • Alguém já pensou e não deu certo; • Se fosse bom já teriam inventado antes; • Vão te chamar de louco, de ridículo; • Isso é bobagem, pare de inventar; • Você deve estar brincando! • Isso cria mais problemas do que solução! • Semana que vem vamos criar; • Vamos ser realistas; • Você pensou nisso a fundo? • Temos que acertar logo. Pode-se mencionar que do ponto de vista empresarial, a criatividade pode interferir nos seguintes aspectos: 1 - A busca de um diferencial, permitindo diferenciação em relação à concorrência. 2 - Estratégia competitiva, por intermédio da criação e inovação de produtos e servi- ços, além da quebra de paradigmas, mudanças de pensamentos e comportamen- tos. Vale ressaltar que as idéias, produtos e serviços criativos poderão ser transfor- mados em algo positivo para a organização. 3 - Melhoria de produtos e serviços, assim como a criação de novos. Definição Pensamento Criativo: é a fundamentação sobre a qual é construída uma idéia inovadora ou original. O pensamento criativo servirá de base para o processo criativo, como é mencionado por Felippe (2007). Universidade Anhembi MorumbiA Criatividade e as Organizações5 4 - Busca de resultados crescentes e positivos. 5 - Melhoria do relacionamento humano interno (alto comprometimento), com conse- quente aumento da produtividade. 6 - Melhorias contínuas em todos os setores. 7 - Desenvolvimento da qualidade. Criatividade Gerando um Diferencial Não se pode deixar de considerar que ações criativas podem ser propiciadas sem grandes investimentos. O que é realmente importante é que o ambiente organizacional seja propício e incentivador ao processo de criação. Isto acontece quando há liberdade para se opinar, errar, aprender com os erros. Mais ainda, o processo de criação torna-se efetivo quando há uma busca por alternativas de diferenciação nos produtos e serviços oferecidos pelas empresas. Portanto, o ato de criar e inovar não estão relacionados apenas com o empreendedor, mas permeia toda a organização e está vinculado ao comprometimento de todos. Deve haver necessariamente um esforço conjunto entre funcionários e empreendedores. A busca por um diferencial é feita através da oferta de algo além das expectativas dos clientes, buscando conquistar a sua preferência e a sua fidelidade, adequação às suas necessidades, oferta de produtos e serviços não convencionais. Pode-se dizer que a criatividade é vetor que cresce a partir dos atributos dos indivíduos, indo em direção às exigências de um determinado mercado. Universidade Anhembi MorumbiA Criatividade e as Organizações6 Na relação empresa-funcionário, é primordial que haja uma sinergia no sentido de estimular a imaginação e a experimentação, objetivando o surgimento de inovações, melhorias nos processos, racionalização de mão de obra, de materiais e de tecnologias. Portanto, num mundo em contínua mudança, altamente competitivo e marcado por incertezas e turbulências, é fundamental que as organizações priorizem o estímulo à criatividade, através da flexibilidade, da visão de futuro, da autonomia dos trabalhos em equipes, da liderança, da busca de soluções alternativas, entre outros. Pelo simples fato de a criatividade estar relacionada também com processos de pensa- mento, imaginação, intuição e originalidade; em algumas circunstâncias, não é possivel desvinculá-la de conhecimentos técnicos e habilidades necessárias. O sucesso de uma organização voltada para o estímulo à criatividade é fortemente influenciado pelo desempenho de diversos grupos que interagem entre si e por toda a hierarquia da empresa (FELIPPE, 2006). O trabalho em equipe e a convivência geram muito mais comprometimento do que o simples fato de se reunir e trabalhar em equipe. As soluções dos problema apresentados, os lançamentos de novos produtos ou serviços, até mesmo as decisões relacionadas a eles são resultados de esforços conjuntos, decor- rentes de trabalhos em equipe. Deve-se ressaltar que o processo criativo coletivo possui muito mais complexidade, mas o poder de agregar decorrente dele é também muito maior, pois conta com as orienta- ções, informações e experiências de várias pessoas, com diferentes pontos de vista. O enfoque fica muito mais abrangente e é claro, a empresa estará muito mais bem prepa- rada para enfrentar os desafios da concorrência. Universidade Anhembi MorumbiA Criatividade e as Organizações7 Barreiras à Criatividade No que diz respeito às organizações e às barreiras às ações criativas nos ambientes de trabalho, podem ser agrupadas em várias categorias, como a seguir (BRUNO-FARIA & ALENCAR, 1996): - Estruturais - Sociais e políticas - Processuais - De recursos - Individuais ou atitudinais A - Estruturais: são aquelas que estão relacionadas à estrutura da organização, em que predominam as regras e a determinação do desempenho dos papéis e fun- ções. A existência de procedimentos rígidos e comportamentos padronizados por parte dos membros da organizaçãoatuam como barreira à criatividade. Esses elementos inibem e bloqueiam o potencial criador, além de fechar os diversos canais que poderiam gerar situações inovadoras. B - Sociais e políticas: são aquelas que refletem esquemas de poder de alguns mem- bros da organização, além de favorecerem o estabelecimento de um clima de conformismo na empresa. Definição Status quo: Statu quo é uma redução da expressão latina [in] statu quo [ante], que significa, literalmente, “no mesmo estado em que se encontrava antes”. Universidade Anhembi MorumbiA Criatividade e as Organizações8 C - Processuais: implicam na manutenção do status quo e de métodos de trabalho antigos, tradicionais. D - De recursos: estão relacionadas com a falta de recursos financeiros, de pessoal, de tempo disponível e de informações que possam desencadear um processo ino- vador dentro da organização. E - Individuais ou atitudinais: são aquelas que estão relacionadas a traços de perso- nalidade, auto-conceito e motivação. Com a grande complexidade observada no mundo atual, com as economias cada vez mais dinâmicas, as organizações cada vez mais globalizadas, ocorre uma obsolescência ime- diata de produtos e serviços. Há alguns segmentos em que ao se sair de uma loja com um determinado produto de vanguarda, o mesmo já é considerado obsoleto. Considerando-se as ofertas de produtos de informática e a variedade de recursos, capacitações, interações que eles oferecem. Os recursos passam a ter um ciclo de vida cada vez mais curto e efêmero. Do ponto de vista indus- trial, os processos também passam pela mesma situação. Com os avanços das tecnolo- gias, novos processos são oferecidos e novos sistemas de produção são implantados. As novas oportunidades exigem uma reação imediata, o ambiente é altamente competi- tivo e estratégias devem ser implementadas com consistência e rapidez. A criatividade e a inovação têm particular destaque nesse contexto. As empresas passam a avaliar, além dos resultados financeiros, os resultados decorrentes de inovação. A capacidade de solu- cionar problemas criativamente (TEIXEIRA, 2007) também ganha destaque. Universidade Anhembi MorumbiA Criatividade e as Organizações9 Enfocando o ambiente organizacional, é importante reforçar que a criatividade e a inovação precisam de um ambiente favorável para ocorrer. Não se pode deixar de considerar ainda que nas empresas onde são observadas muitas restrições, normas, hierarquia rígida, políticas e regulamentos, provavelmente há limitações para o fluxo de idéia, instalando-se barreiras à criatividade. Em organizações onde o clima organizacional é aberto o suficiente para que as equipes de colaboradores sejam criativas e inovadoras, o talento desses colaboradores é valori- zado em toda a organização e há um resgate natural do potencial criativo das pessoas. Numa abordagem mais ampla, a sociedade está sujeita à mudança contínua e à evo- lução ao longo do tempo (NONAKA e TAKEUSHI, 1997), adquirindo enfoques diferen- ciados, dependendo do momento. Cada vez mais os setores de produção, serviços e informações basear-se-ão no conhecimento. Já as organizações de negócios evoluirão, transformando-se em criadoras de conhecimentos. Já que estamos entrando na “sociedade do conhecimento” (DRUCKER, 1994), qual o re- curso econômico básico? Podemos adiantar que já não é mais o capital, nem os recursos naturais, ou ainda a mão de obra. Resposta: “O conhecimento!” Drucker (1994) sugeriu ainda que um dos mais importantes desafios impostos às organi- zações da sociedade do conhecimento é o desenvolvimneto de práticas sistemáticas para administrar a autotransformação. A organização tem que estar preparada para abando- nar o conhecimento que se tornou obsoleto, e deverá aprender a criar o novo através: 1) Melhoria contínua de todas as atividades; 2) Desenvolvimento de novas aplicações a partir de seus próprios sucessos; 3) Inovação contínua como um processo organizado. Universidade Anhembi MorumbiA Criatividade e as Organizações10 Bibliografia AFUAH, Allan. Innovation management: strategies, implementation and profits. New York: Oxford University Press, 2003. LASTRES. H.M.M. Redes de inovação e as tendências internacionais da nova estratégia competitiva industrial. Ciência da Informação - Vol 24, número 1, 1995 – Artigos. ROSENBERG, N., 1994, Exploring the Black Box: Technology, Economics and History, Cambridge, UK, Cambridge University Press. ROTHWELL, R., 1992, “Sucessful Industrial Innovation: Critical Factors for the 1990s”, R&D Management, v. 22, n. 3, pp. 221-239. Apud: TIDD, J., BESSANT, J., PAVITT,K., 1997 Managing Innovation: Integrating Technological, Market and Organizational Change, Chichester, West Sussex, England, John Wiley & Sons. ______________, 1994, “Industrial Innovation: Success, Strategy, Trends”. In: DOGSON, M., ROTHWELL, R., The Handbook of Industrial Innovation, Cheltenham, UK,Edward Elgar, pp. 33-53. SCHUMPETER, J. Economistas, os: teoria do desenvolvimento econômico: uma investigação sobre lucros, capital, crédito, juro e o ciclo econômico. São Paulo: Abril Cultural, 1982. (Tradução: Maria Sílvia Possas). TIDD, J., BESSANT, J., PAVITT, K., 1997 Managing Innovation: Integrating Technological, Market and Organizational Change, Chichester, West Sussex, England, John Wiley & Sons. Este documento é de uso exclusivo da Universidade Anhembi Morumbi, está protegido pelas leis de Direito Autoral e não deve ser copiado, divulgado ou utilizado para outros fins que não os pretendidos pelo autor ou por ele expressamente autorizados.
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