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TEORIA KEYNESIANA

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Macroeconomia
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Prof. Esp. Valdécio Silvério Bezerra
Revisão Textual:
Profa. Ms. Fátima Furlan
A Teoria Keynesiana
• O Problema do Desemprego
• Condições para o Produto de Equilíbrio
• Componentes da Demanda Agregada
• Gastos do Governo e Impostos
• Renda de Equilíbrio
• Política Fiscal e Estabilização
• A Moeda no Sistema Keynesiano e a Armadilha da Liquidez
 · Expor ao aluno os fatores que propiciaram o desenvolvimento 
teórico elaborado por Keynes relativo, por exemplo, ao problema 
do desemprego, os conceitos de demanda agregada, consumo 
e investimentos. Esclarecer ao aluno o que é renda de equilíbrio, 
política fiscal e moeda no sistema keynesiano.
OBJETIVO DE APRENDIZADO
A Teoria Keynesiana
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Determine um 
horário fixo 
para estudar.
Aproveite as 
indicações 
de Material 
Complementar.
Não se esqueça 
de se alimentar 
e se manter 
hidratado.
Aproveite as 
Conserve seu 
material e local de 
estudos sempre 
organizados.
Procure manter 
contato com seus 
colegas e tutores 
para trocar ideias! 
Isso amplia a 
aprendizagem.
Seja original! 
Nunca plagie 
trabalhos.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem 
aproveitado e haja uma maior aplicabilidade na sua 
formação acadêmica e atuação profissional, siga 
algumas recomendações básicas: 
Assim:
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e 
horário fixos como o seu “momento do estudo”. 
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar, lembre-se de que uma 
alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo.
No material de cada Unidade, há leituras indicadas, dentre elas: artigos científicos, livros, vídeos e 
sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também 
encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua 
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados.
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discussão, 
pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato 
com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e aprendizagem.
UNIDADE A Teoria Keynesiana
Contextualização
A economia keynesiana desenvolveu-se tendo como pano de fundo a Depressão 
mundial da década de 1930. A atividade econômica entrou em um declínio em 
extensão e gravidade sem precedentes na época. O efeito da Depressão sobre a 
economia dos Estados Unidos pode ser visto e exemplificado tendo como base 
a taxa de desemprego que subiu de 3,2% da força de trabalho, em 1929, para 
25,2% da força de trabalho, em 1933, o ponto mais baixo da atividade econômica 
durante a Depressão. O desemprego permaneceu acima de 10% durante toda a 
década. O produto nacional bruto (PNB) real caiu 30% entre 1929 e 1933, e não 
voltou a retornar ao nível de 1929 antes de 1939. 
O economista britânico John Maynard Keynes, cujo livro A Teoria Geral do 
Emprego, do Juro e da Moeda (1936) é a base do sistema keynesiano, foi mais 
influenciado pelos eventos de seu próprio país do que pelos dos Estados Unidos. 
Na Grã-Bretanha, o alto desemprego começou nos primeiros anos da década de 
1920 e persistiu por toda a década de 19301 . Os altos índices de desemprego 
na Grã-Bretanha levariam a um debate entre economistas e responsáveis pelas 
políticas econômicas sobre as causas e os remédios apropriados contra o aumento 
no desemprego. Keynes foi um eminente participante deste debate, durante o qual 
desenvouveu sua teoria macroeconômica. (FROYEN, p.88, 2005)
1 A taxa de desemprego na Grã-Bretanha já era de 10% em 1923 e, exceto por uma breve redução para 9,8%, 
permaneceu acima de lO% até 1936, ano em que A teoria geral foi publicada.
8
9
O Problema do Desemprego
Em 1936, John Maynard Keynes lança o livro “A Teoria Geral do Emprego, 
do Juro e da Moeda”. A partir dessa obra, muitos economistas aderem às ideias 
defendidas por Keynes. 
Essa obra tinha como base um conjunto de ideias que propunham a intervenção 
estatal na vida econômica com o objetivo de conduzir a um regime de pleno 
emprego. As teorias keynesianas tiveram enorme influência na renovação das 
teorias clássicas e na reformulação da política de livre mercado. Acreditava-se que 
a economia seguiria o caminho do pleno emprego, sendo o desemprego uma 
situação temporária que desapareceria graças às forças do mercado.
O objetivo fundamental era o crescimento da demanda em paridade com a 
capacidade produtiva da economia a ponto de garantir o pleno emprego, mas 
sem excessos, pois qualquer descontrole nesse crescimento poderia provocar o 
aumento da inflação.
É com Keynes que ganha força a noção de desemprego involuntário. Apesar 
de manter várias hipóteses do modelo clássico, sua teoria rompe com esse modelo 
e o levam a obter conclusões que contestam os clássicos.
Rompe em primeiro lugar com a ideia de que os salários reais não seriam 
determinados pelo equilíbrio de oferta e demanda de mão de obra. O equilíbrio 
no mercado de trabalho determinaria, na verdade, os salários nominais. Para 
Keynes, os trabalhadores também eram suscetíveis à ilusão monetária e resistiriam 
às reduções nos salários nominais, mas não nos salários reais. Desta forma, os 
salários nominais seriam rígidos e não flexíveis à baixa. 
O salário nominal corresponde ao valor do trabalho expresso em moeda, enquanto que o 
salário real corresponde ao poder de compra de bens e serviços com a moeda recebida.Ex
pl
or
A teoria keynesiana fornecerá a base às teorias econômicas de combate ao 
desemprego, isso seria possível ao se estimular a demanda agregada por intermédio 
de políticas monetária e fiscal.
Como a demanda agregada afeta a atividade econômica, é ela que determina o 
nível de emprego, de forma simplificada, o nível de emprego é determinado no 
mercado de bens e serviços pelas expectativas dos empresários. O desemprego 
involuntário surge então por deficiências de demanda. Sendo assim, o desemprego 
involuntário existe em Keynes, independente de haver flexibilidade no mercado de 
trabalho. É o desemprego classificado modernamente como desemprego cíclico, 
possível de ser atenuado pela intervenção do governo na economia. 
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UNIDADE A Teoria Keynesiana
Condições para o Produto de Equilíbrio
Para que o produto esteja em equilíbrio, é necessário que o produto seja igual 
à demanda agregada. Essa é uma noção fundamental no modelo keynesiano. 
Simplificadamente, podemos representar essa assertiva como segue abaixo:
Y = DA ( 1 )
Sendo Y igual ao Produto Nacional Bruto (PNB) ou produto total e DA é a 
Demanda Agregada. Já a (DA) é formada por três componentes: consumo total 
das famílias ( C ), a demanda por investimentos desejados pelas firmas ( I ) e a 
demanda por bens e serviços por parte do Governo ( G ). Como ficará nossa 
igualdade acima?
Y = DA = C + I + G ( 2 )
Verificamos nesse modelo que são desconsiderados as exportações e importações, 
isso porque se trata de uma economia “fechada”. Como a depreciação também é 
omitida, tornamos o PNB equivalente a renda nacional. Com o produto nacional Y 
correspondendo a renda nacional, podemos escrever:
Y ≡ C + S + T ( 3 )
Entendemos que a equação ( 3 ) é uma identidade que afirma que a renda 
nacional é consumida ( C ), poupada ( S ) ou paga em impostos ( T ). Logo:
C + S + T ≡ Y = C + I + G
Cujo equivalente é:
S + T = I + G ( 4 )
Uma vez que Y é o produto nacional, podemos escrever:
Y ≡ C + Ir + G ( 5 )
Na equação
( 5 ) o produto nacional é igual ao consumo ( C ), ao investimento 
realizado ( Ir ), mais os gastos do governo ( G ) 
Estabelecendo o equilíbrio entre as equações ( 2 ) e ( 5 ), temos?
C + Ir + G ≡ Y = C + I + G
10
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Ou cancelando:
 Ir = I ( 6 )
Dessa forma concluímos que existem três formas equivalentes de expressar o 
equilíbrio no modelo keynesiano:
Y = C + I + G ( 2 )
S + T = I + G ( 4 )
Ir = I ( 6 )
O fluxograma da Figura 1 possibilita uma visão mais clara dessas condições. 
As variáveis são medidas em unidades monetárias num determinado intervalo de 
tempo, tais como, bilhões de reais por trimestre, semestre ou por ano. O fluxo 
representado na figura consiste em pagamentos monetários aos serviços dos 
fatores (salários, juros, aluguéis. lucros).
A renda nacional é distribuída pelas famílias em três fluxos: Para as firmas em 
forma de consumo; ao mercado financeiro em forma de poupança e ao governo 
em forma de impostos.
“Portanto o ciclo interno de nosso diagrama ilustra um processo pelo 
qual as firmas produzem o produto (Y), gerando um montante igual de 
renda para as famílias, que por sua vez, geram a demanda pelos produtos 
fabricados.” (FROYEN, p. 95, 2005).
Renda Nacional (Y)
Consumo (C)
Poupança (S)
Impostos (T )
Investimento (I)
Gastos do Governo (G)
FirmasFamílias
Mercados Financeiros
Governo
Figura 1 – Fluxo Circular da Renda e do Produto
Fonte: FROYEN p. 95, 2005
Para se aprofundar mais nesse tema uma boa fonte de consulta é o livro: FROYEN, Richard T. 
Macroeconomia, 5 ed. São Paulo: Saraiva, 2005)Ex
pl
or
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UNIDADE A Teoria Keynesiana
Componentes da Demanda Agregada
Ao desenvolver o Princípio da Demanda Efetiva, Keynes rompe com a ideia 
de passividade da demanda e sua forma automática de ajuste à oferta, conforme 
formulado na Lei de Say. Isso porque, ainda segundo Keynes, os empresários 
definiam quantos empregados contratar e quanto produzir com base em quanto ele 
espera vender. Duas curvas virtuais se apresentam para o empresário:
a) Oferta Agregada: a renda necessária para o empresário oferecer determinado 
volume de emprego;
b) Demanda Agregada: a renda que o empresário espera receber por oferecer 
determinado volume de emprego.
Como vimos, de acordo com o modelo keynesiano simples, alguns fatores 
afetam esses componentes da demanda agregada e determinam o nível de renda. 
Vamos examinar melhor cada um desses componentes agora, o consumo, o 
investimento e os gastos do governo.
Consumo
As decisões de consumo das famílias dependem de vários fatores sendo o 
principal o seu rendimento corrente disponível, ou seja, o rendimento deduzido 
de impostos e incluindo as transferências sociais do Estado. Predominantemente, 
quando o rendimento disponível das famílias aumenta, estas tendem a comprar 
mais bens e serviços, por outro lado, quando o seu rendimento disponível diminui, 
as famílias tendem a comprar menos bens e serviços. 
Keynes sabia que outros fatores afetavam o aumento do consumo das famílias, 
mas entendia que a renda era o fator dominante para a determinação do consumo. 
Para efeito de estudos convém deixar esses outros fatores de lado por enquanto.
Tomando como base essa relação consumo-renda, o autor propõe a função 
consumo abaixo:
C = a + bYD a > 0 0 > b > 1
Na Figura 2, ilustramos essa relação, onde:
a supomos positivo, esse intercepto representa o valor do consumo quando a 
renda disponível é igual a zero. 
Já o parâmetro b é a inclinação da função, representa o aumento nos dispêndios 
com o consumo por aumento unitário de renda disponível: Notação básica que 
utilizamos:
12
13
∆
∆
C
b=
YD
Figura 2 – Função Consumo Keynesiana
Fonte: FROYEN, p.99, 2005
A Função consumo mostra o nível de consumo (C) correspondente a cada nível de 
renda disponível (YD). A inclinação da função consumo (ΔC/ΔYD) é a propensão 
marginal a consumir (b), isto é, a variação no consumo por aumento unitário 
de renda disponível. O intercepto da função consumo (a) é o nível (positivo) de 
consumo que ocorreria a um nível de renda disponível igual a zero.
Tomando como referência a definição de renda nacional,
Y ≡ C + S + T
Podemos escrever então:
YD ≡ Y – T ≡ C + S
Deduzimos com isso que a renda disponível é igual ao consumo somado à 
poupança. O que você pode concluir dessa ralação? Por definição a relação 
renda-consumo determina também a relação renda-poupança. Na teoria 
keynesiana, temos:
S = - a + (1 – b) YD
Agora, por que (a) unidades é negativo?
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UNIDADE A Teoria Keynesiana
Como o consumo para YD igual a zero é de (a) unidades, neste ponto
S ≡ YD – C = 0 – a = - a
Por outro lado, um aumento unitário na renda disponível leva a um aumento em 
b unidades no consumo, o resíduo da elevação unitária na renda (1 – b), representa 
o aumento na poupança:
D
1
Y
∆
= −
∆
S
b
Entendemos que o incremento da poupança por aumento unitário na renda 
disponível (1 – b) significa propensão marginal a poupar (PMgS). No gráfico da 
Figura 3, representamos a função poupança.
Po
up
an
ça
Renda Disponível
- a
S
Inclinação = (1 – b)
ΔS
S = - a + (1 – b) Y
Y
ΔY
Figura 3 - Função Poupança Keynesiana
Fonte: (FROYEN, p. 100, 2005)
A função poupança mostra o nível de poupança (S) correspondente a cada nível de 
renda disponível (YD). A inclinação da função poupança é a propensão marginal a 
poupar (1 – b), o aumento na poupança por aumento unitário da renda disponível. 
O intercepto da função poupança (- a) é o nível (negativo) de poupança quando a 
renda disponível é nula.
Investimento
No sistema keynesiano, o investimento é uma variável chave, mudanças no 
dispêndio dessa variável representa um dos principais fatores responsáveis por 
mudanças na renda. 
14
15
Enquanto o consumo é compreendido como uma variável induzida, dependente 
do nível de renda, o investimento, ao contrário, era um componente da demanda 
agregada, autônomo e sua variabilidade é a principal responsável pela instabilidade 
da renda. 
Segundo Keynes, duas variáveis são fundamentais como determinantes à 
propensão aos investimentos no curto prazo: a taxa de juros e as expectativas 
das firmas.
Ao estabelecer a relação entre investimentos e taxa de juros, Keynes não diferiu 
da visão clássica, ou seja, ele supunha que o nível de investimentos mantém uma 
relação inversa com o valor da taxa de juros.
Gastos do Governo e Impostos
Os gastos do governo (G), no modelo keynesiano, é concebido como o segundo 
elemento dos dispêndios autônomos. Supõe-se que estes gastos sejam controlados 
pelos formuladores de política econômicos, em decorrência disso não dependem 
diretamente da renda.
O componente gasto do governo refere-se àqueles gastos com a aquisição de 
bens e serviços pelos governos federal, estadual e municipal.
Os gastos do governo são considerados como despesas autônomas. Sendo assim, 
não dependem de variáveis que possam afetar diretamente o modelo keynesiano. 
Isso pode ser explicado em função de que esses gastos são controlados e definidos 
pelas autoridades econômicas e não dependem do nível de renda. A partir dos 
conceitos definidos no modelo keynesiano simples, pode-se determinar o nível 
de renda ou do produto de equilíbrio numa determinada economia. Para tanto, a 
seguinte forma de expressão demonstra a condição de equilíbrio, 
Y = C + I + G ( 1 ) 
Supondo uma determinada economia (fechada), vamos considerar as seguintes 
informações:
C = 60 + 0,3Y
I = 150
G = 45
Para determinarmos a renda ou produto de equilíbrio, efetuaremos um cálculo 
a partir da identidade básica em uma economia com governo.
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UNIDADE A Teoria Keynesiana
Y = 60 + 0,3Y + 150 + 45
Y – 0,3Y = 60 + 150 + 45
0,7Y = 255
Y = 255 / 0,7, logo Y = 364,28 unidades.
Numa economia com governo, a renda nacional (Y) será destinada ao consumo 
(C), à poupança (S) e aos impostos (T) também, assim temos:
Y = C + S + T ( 2 )
Dessa forma, pelas equações ( 1 ) e ( 2 ), temos:
C + S + T = Y = C + I + G
Para que ocorra equilíbrio da renda é preciso que ocorra:
S + T = I + G
Dessa forma, conhecendo-se os valores de C, I e G ou os valores de ( C, S e T), 
encontra-se o valor da renda de equilíbrio.
Se tomarmos como referência, o valor de Y segundo a equação ( 1 ), a função 
consumo agora não depende da renda nacional (Y), mas da renda disponível (YD), 
ou seja,
C = a + bYD
Por outro lado, a renda disponível é igual à renda nacional (Y) menos os impostos 
(T). Temos então,
YD = Y – T
É preciso que fique claro o fato de que os impostos (T) podem assumir três 
formas diferentes: um valor autônomo, um valor relacionado à renda e um 
valor misto. 
Segundo o seu ponto de vista, de que forma os impostos influenciam na renda e no consumo 
de uma economia ?Ex
pl
or
16
17
Renda de Equilíbrio
Bom, agora já temos todos os componentes que nos possibilitam encontrar a 
renda de equilíbrio supondo uma economia fechada.
A renda de equilíbrio (Y) é a variável endógena que buscamos determinar. Os 
termos que são dados são os dispêndios autônomos I e G, assim como o nível de T, 
e são variáveis exógenas, ou seja, determinadas por fatores externos ao modelo. O 
consumo é um dispêndio, em sua maior parte, determinado endogenamente pela 
função consumo.
C = a + bTD = a + bY – bT ( 3 )
A segunda igualdade leva em consideração a definição de renda disponível 
(YD ≡ Y – T).
Agora façamos a seguinte substituição: equação de consumo ( 3 ) na condição 
de equilíbrio ( 2 ), resolvemos a equação para Ῡ, como nível de equilíbrio da renda, 
conforme segue:
Y = C + I + G
Y = a + bY – bT + I + G
Y – bY = a – bT + I + G
Y(1 – b) = a – bT + I + G
1
Y
1-b
= (a – bT + I + G) ( 4 )
A teoria de Keynes, em sua forma mais simples, pode ser expressa da seguinte 
forma: o consumo é uma função estável da renda, isso quer dizer que a propensão 
marginal a consumir é estável. As mudanças na renda refletem o que ocorre com 
a variável investimento, extremamente instável. A equação (4) deixa claro que, 
caso o governo não aplique políticas que visem estabilizar a economia, a renda 
ficará instável em decorrência da instabilidade dos investimentos. Nessa mesma 
equação podemos perceber também se ocorrerem mudanças corretas nos gastos 
do governo (G) e nos impostos (T), o governo poderia neutralizar os efeitos das 
mudanças nos investimento. As mudanças adequadas em G e T poderiam manter 
constante a soma dos termos entre parênteses (dispêndios autônomos), até em face 
as mudanças indesejáveis do termo investimentos. Essa é a base das conclusões por 
políticas econômicas intervencionistas a que chegou Keynes.
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UNIDADE A Teoria Keynesiana
Política Fiscal e Estabilização
Como vimos, a renda de equilíbrio é afetada pelas mudanças nos gastos do 
governo e nos impostos. Existem várias formas possíveis de aplicação de políticas 
fiscais na busca de eliminar os efeitos das mudanças indesejáveis na demanda 
privada por investimentos.
O que queremos dizer com isso?
O governo pode utilizar esses instrumentos de políticas fiscais como forma de 
estabilizar os dispêndios autônomos totais e também a renda de equilíbrio, mesmo 
que os investimentos dos dispêndios autônomos se mostrem instáveis.
Na Figura 4, ilustramos um exemplo de política de estabilização seguindo o 
modelo keynesiano.
Vamos supor que a economia esteja em equilíbrio em nível de pleno emprego 
(potencial) YF. com a DA igual a (C + I + G0). Agora suponhamos que, a partir 
desse ponto, os investimentos autônomos caiam de I0 para I1, resultado de mudança 
desfavorável nas expectativas das firmas. Vemos que na ausência de políticas, a 
demanda agregada cai para DA1, igual a (C + I + G0). Sendo assim, em Y1, ou seja, 
um equilíbrio da renda está abaixo do nível de pleno emprego.
Vejamos então como podemos ilustrar esse exemplo no gráfico da Figura 4 
a seguir:
D
em
an
da
 A
gr
eg
ad
a
Renda
C + I + G
DA� = (C + I
 + G
) = (C + I1 + G1) 
DA
 = (C + I1 + G0) 
45o
Y
Y
 Y�
Figura 4 - Um Exemplo de Política Fiscal de Estabilização
(FROYEN, p. 114, 2005)
A queda nos dispêndios autônomos de I0 para I1 desloca a demanda agregada 
para baixo, de DAF = (C + I0 + G0) para DAL = (C + IL + G0). Um aumento 
compensatório nos gastos do governo de G0 para G1, reverte o deslocamento da 
curva de demanda agregada para C + I1 + G1 = DAF = C + I0 + G0. A renda de 
equilíbrio está de novo em YF . 
18
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A Moeda no Sistema Keynesiano 
e a Armadilha da Liquidez
Keynes considerava três motivos para a manutenção da moeda, o motivo de 
transação, precaução e especulação. Os indivíduos não supõem tão pouco 
conseguem associar parcelas bem definidas do montante de moeda que carrega a 
cada um dos três motivos, no entanto Keynes julgava importante analisar cada um 
dos motivos separadamente entender o que está por detrás dos estoques monetários 
mantidos pelos indivíduos.
Demanda por Transações
Em primeiro lugar a moeda é um meio de troca, logo Keynes considera 
como primeiro motivo de demanda por moeda, o motivo transação. A relação 
estabelecida entre o recebimento de renda e os dispêndios é viabilizada pela moeda.
A soma de moeda reservada para viabilizar transações variaria positivamente de 
acordo com o volume de transações nas quais os indivíduos estão envolvidos.
Uma das transações viabilizadas pela aquisição de moeda é aquela utilizada para 
a aquisição de títulos para posteriormente serem vendidos para a aquisição de 
moeda como forma de quitar gastos, o que nem sempre gera ganhos, ou seja, 
não é atrativo. Mesmo assim há espaço para redução de estoques monetários para 
transações, optando pela compra de títulos.
Keynes não colocou muita ênfase na taxa de juros ao examinar o motivo 
transacional para a manutenção de moeda, mas a importância está provada 
principalmente na demanda por transações no setor empresarial.
Demanda por Precaução
Outro motivo destacado por Keynes é aquele em que são guardados saldos 
monetários adicionais para quitar possíveis gastos imprevistos, contas inesperadas, 
possíveis emergências, é o motivo precaução. O valor guardado para esse fim 
dependia positivamente da renda. Da mesma forma que na demanda por transações, 
nesse caso a taxa de juros poderia ser um fator importante caso houvesse uma 
tendência das pessoas para reduzir o montante de moeda guardado por precaução 
a medida que os juros subissem.
Demanda Especulativa
O terceiro motivo destacado por Keynes para explicar a demanda por moeda 
era o motivo especulativo, maior novidade da análise keynesiana da demanda 
por moeda.
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UNIDADE A Teoria Keynesiana
Keynes faz a seguinte pergunta:
O que motivaria um indivíduo guardar uma quantidade de moeda maior que a 
necessária para transações ou por precaução, uma vez que os títulos pagam juros 
e a moeda, pura e simples, não? 
A resposta é simples. Em razão da incerteza sobre as taxas de juros futuras. 
Caso as taxas fossem se alterar de forma a causar perdas de capital com os títulos. 
Sendo assim, essa moeda seria retida pelos que “especulam” com mudanças futuras 
das taxas de juros.
Demanda Total por Moeda
Para construir a função demanda total por moeda, vamos agora juntar os três 
motivos keynesianos para manutenção da moeda.
Observamos que a demanda por transações e a demanda por precaução variam 
positivamente com a renda e negativamente em relação a taxa de juros, já a 
demanda especulativa por moeda se relaciona negativamente com a taxa de juros. 
Juntando-as podemos escrever a função da seguinte forma:
Md = L(Y,r)
Sendo: L
demanda por moeda, Y a renda, e r é a taxa de juros. O crescimento 
da renda aumenta a demanda por moeda; o aumento da taxa de juros, por outro 
lado, provoca a redução da demanda por moeda. Supostamente podemos usar a 
função demanda por moeda na forma linear,
Md = c0 + c1Y –c2 r c1 > 0 e c2 > 0
c1 mede a elevação da demanda por moeda por aumento unitário da renda, e; 
c2 reflete quanto a demanda por moeda diminui por aumento unitário da taxa 
de juros.
Essa equação indica que podemos traçar a função demanda por moeda como 
uma linha reta em nossos gráficos.
20
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A Armadilha da Liquidez
 Segundo a teoria de Keynes, é possível supor que os indivíduos têm uma visão 
preconcebida de uma taxa normal de juros. A previsão é que todas as taxas de 
juros acima dessa taxa normal tendam a cair a esses juros, com isso a demanda por 
títulos será preferida à moeda.
No entanto, há uma taxa de juros abaixo dessa taxa normal que a perda de 
capital com títulos, que aumenta à medida que a taxa de juros cai abaixo da taxa 
considerada normal, dessa forma acabará sendo exatamente igual às rendas com 
os juros dos títulos. Chamamos esse valor de taxa de juros crítica, abaixo dessa 
taxa a demanda por moeda será preferida aos títulos.
Keynes, no entanto, não entende que existiria uma taxa específica que se 
atingida estimularia todos os investidores individuais a vender títulos e optar pela 
retenção de moeda, mas entendia que se a taxa de juros, em movimento de queda 
constante, desestimulando a demanda especulativa uma vez que a taxa crítica de 
juros de vários investidores seria atingida, em vista da taxa normal, a moeda seria 
o ativo preferido.
Valores muito baixos das taxas de juros fariam com que quase todos os investidores 
optassem por esperar que as taxas de juros fossem subir significativamente 
no futuro.
A essas taxas próximas de zero ou abaixo desse patamar, os incrementos à 
riqueza seriam retidos diretamente sob a forma de moeda, sem ampliar a queda de 
juros. Essa situação foi denominada por Keynes de armadilha da liquidez.
Com base na teoria keynesiana a política monetária é ineficaz. A taxa de juros 
é tão baixa que as pessoas já retêm bastante moeda e a taxa não pode baixar 
mais, por mais moeda que seja despejada na economia, o que impede que os 
investimentos e o consumo sejam incrementados.
A situação da armadilha da liquidez trata-se de um caso particular do modelo 
IS-LM onde a curva LM é horizontal. Trata-se de uma situação limite na qual os 
agentes estão dispostos a demandar toda a oferta de moeda a uma dada taxa de 
juros constante.
Os casos do Japão na década de 1990 e dos Estados Unidos na década de 1930 
são citados como exemplos dessa situação, pois nesses casos as taxas de juros 
alcançaram níveis muito baixos e permanecerem por anos nesses níveis.
21
UNIDADE A Teoria Keynesiana
A Figura 5 ilustra em gráfico como representamos a curva LM numa situação 
de armadilha de liquidez.
r
r1
r�
Y� Y1
Y
LM
Figura 5 - A Armadilha da Liquidez Keynesiana
Fonte: Elaboração própria
Na Figura 5 podemos verificar o caso denominado por Keynes como armadilha da 
liquidez representado no gráfico pelo trecho indicado pela seta até Y0 , onde a função 
demanda por moeda torna-se quase horizontal a baixas taxas de juros, próximas 
de zero.
Essa particularidade sobre a demanda por moeda é uma discussão que ainda 
provoca muitas interpretações e justificativas diversas, mas que encontra respaldo 
no campo do estudo das políticas econômicas em situações particulares no ambiente 
macroeconômico.
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Sites
Cruzeiro do Sul Virtual
Bibliotecas do Grupo Cruzeiro do Sul
https://goo.gl/2uQPmj
 Livros
Macroeconomia do Emprego e da Renda, Keynes e o Keynesianismo
LIMA, G. T.; SICSÚ, J. (Org.) Macroeconomia do Emprego e da Renda, Keynes e 
o Keynesianismo. Barueri, SP: Manole, 2003.
 Vídeos
As Teorias Econômicas de Keynes - Análise do Professor Luíz Belluzzo
Abordagem dos aspectos da teoria Keynesiana, comparando-as com a teoria Clássica 
e relacionando com a Grande Depressão. Uma visão do Professor Luíz Gonzaga de 
Mello Belluzzo - ECONOMIA Unicamp.
https://goo.gl/P7pSRX
 Leitura
A Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda
KEYNES, J. M. A Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda. São Paulo: Abril 
Cultural, 1996.
https://goo.gl/ZhSEFg
Keynes: o liberalismo econômico como mito.
FONSECA, Pedro Cezar Dutra. Keynes: o liberalismo econômico como mito. Econ. 
soc., Campinas, v. 19, n. 3, p. 425-447, dez. 2010
https://goo.gl/QcterP
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UNIDADE A Teoria Keynesiana
Referências
BLANCHARD, J. O. Macroeconomia. 4 ed. São Paulo: Prentice Hall, 2007.
DORNBUSCH, R.; FISHER, S. Macroeconomia. 5. ed. , v., São Paulo: Pearson 
Makron Books, 2006.
FROYEN, Richard T. Macroeconomia. 5. ed. São Paulo-SP: Saraiva, 2005.
LOPES, L. M.; VASCONCELLOS, M. A. S. Manual de Macroeconomia: Nivel 
Básico e Nível Intermediário. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2000.
MANKIW, N. Gregory. Macroeconomia. 6.ed., Rio de Janeiro: LTC-Livros 
Técnicos e Científicos, 2008.
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