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aula 4 Const II intervencao.ppt

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 A regra é a autonomia dos entes federativos. Excepcionalmente, porém, será admitido o afastamento desta autonomia política com a finalidade de preservação da existência e unidade da própria Federação, através da intervenção.
 
Consiste em medida excepcional de supressão temporária da autonomia de determinado ente federativo, fundada em hipóteses taxativamente previstas na CF e que visa a unidade e preservação da soberania do Estado Federal e das autonomias da União, dos Estados e dos Municípios e do DF.
 
A União, em regra, somente poderá intervir nos Estados-membros e no DF enquanto os Estados somente poderão intervir nos Municípios integrantes de seu território. A União somente poderá intervir diretamente nos Municípios, salvo se existentes dentro do Território Federal (art. 35, caput).
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O ato de intervenção na autonomia política dos Estados-membros e do DF pela União somente poderá ser consubstanciado por decreto do Presidente da República (art. 84, X) e no caso de intervenção municipal, pelos Governadores de Estado. É, pois, ato privativo do Chefe do Poder Executivo. O decreto de intervenção fixará a amplitude, o prazo, as condições e se couber, o interventor.
 
Hipóteses – art. 34 – são 7 as hipóteses de intervenção federal.
 
Procedimento
O processo de intervenção pode ser explicado em 4 fases, mas nenhuma hipótese interventiva permitida pela CF apresentará mais do que 3 fases :
- iniciativa (quem deflagra o procedimento)
- fase judicial (somente nas hipóteses do art. 34, VI e VII)
- decreto interventivo;
- controle político não ocorrerá em duas hipóteses: art. 34, VI e VII
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A CF indica quem poderá deflagrar o procedimento interventivo:
Presidente da República – art. 34, I, II, III, V ex officio;
Solicitação dos poderes locais – art. 34, IV. O Poder legislativo local (Assembleia ou Câmara Legislativa) e Executivo (Governador do Estado ou do DF) solicita ao Presidente da República a decretação da intervenção no caso de estarem sofrendo coação no exercício de suas funções. O Poder Judiciário local, diferentemente, solicitará ao STF que, se entender ser o caso, requisitará a intervenção ao Presidente da República, que deverá atender sob pena de crime de responsabilidade.
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Requisição do STF, STJ ou TSE na hipótese de desobediência a ordem ou decisão judicial. Referidos tribunais poderão requisitar diretamente ao Presidente da República quando sua ordem ou decisão for descumprida. Ao STF, entretanto, cabe exclusivamente, o pedido de intervenção quando a decisão da Justiça do Trabalho ou Militar forem descumpridas, ainda quando forem fundadas em direito infraconstitucional.
É preciso salientar que somente o TJ local, através de seu presidente, tem legitimidade para encaminhar ao STF o pedido de intervenção baseado em descumprimento de suas próprias decisões
Ações propostas pelo Procurador-Geral da República, endereçadas ao STF, como:
Ação de executoriedade de lei federal;
Ação direta de inconstitucionalidade interventiva (EC n. 45);
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A fase judicial apresenta-se somente nos dois casos acima expostos: ação de execução de lei federal e ação direta de inconstitucionalidade interventiva, endereçadas ao STF.
 
Em ambos os casos, o STF deverá julgá-las procedente, encaminhando-se ao Presidente da República, para os fins de decreto interventivo. Nessas hipóteses, a decretação da intervenção é vinculada, cabendo ao Presidente a mera formalização de uma decisão tomada por órgão judiciário.
 
A intervenção será formalizada através de decreto presidencial (art. 84, X) que, uma vez publicado, tornar-se-á imediatamente eficaz, legitimando a prática dos demais atos consequentes à intervenção. O art. 36, §1º determina que o decreto especifique a amplitude, o prazo e as condições de execução e, se necessário for, afaste as autoridades locais e nomeie temporariamente um interventor, submetendo essa decisão à apreciação do Congresso Nacional no prazo de 24 horas. É quando passamos a ter o controle político.
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O controle político ocorrerá, por exemplo, caso o Congresso não aprove a decretação da intervenção, o Presidente deverá cessá-la imediatamente, sob pena de crime de responsabilidade (art. 85, II) e será dispensado nos casos do art. 34 VI e VII, quando o decreto estará limitado a suspender a execução do ato impugnado, se esta medida bastar ao restabelecimento da normalidade (art. 36, §3º).
 
Nas hipóteses de intervenção espontânea em que o Presidente da República verifica a ocorrência de determinadas hipóteses constitucionais permissivas da intervenção federal, ouvirá os Conselhos da República (art. 90, I) e o Conselho de Defesa Nacional (art. 91, §1º, II) que opinarão a respeito. Após isso, poderá discricionariamente decretar a intervenção no Estado-membro.
 
O interventor nomeado pelo Decreto Presidencial será considerado para todos os efeitos como servidor público federal, a amplitude e executoriedade de suas funções dependerá dos limites estabelecidos no decreto interventivo.
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No caso dos Estados-membros, somente o Governador do Estado poderá decretá-la, dependendo na hipótese do art. 35, IV, de ação julgada procedente pelo Tribunal de Justiça. Igualmente à intervenção federal existirá um controle político exercido pela Assembléia Legislativa, que no prazo de 24 horas apreciará o decreto interventivo, salvo na hipótese do art. 35, IV.
 
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“O instituto da intervenção federal, consagrado por todas as Constituições republicanas, representa um elemento fundamental na própria formulação da doutrina do federalismo, que dele não pode prescindir – inobstante a expecionalidade de sua aplicação –, para efeito de preservação da intangibilidade do vínculo federativo, da unidade do Estado Federal e da integridade territorial das unidades federadas. A invasão territorial de um Estado por outro constitui um dos pressupostos de admissibilidade da intervenção federal. O presidente da República, nesse particular contexto, ao lançar mão da extraordinária prerrogativa que lhe defere a ordem constitucional, age mediante estrita avaliação discricionária da situação que se lhe apresenta, que se submete ao seu exclusivo juízo político, e que se revela, por isso mesmo, insuscetível de subordinação à vontade do Poder Judiciário, ou de qualquer outra instituição estatal. Inexistindo, desse modo, direito do Estado impetrante à decretação, pelo chefe do Poder Executivo da União, de intervenção federal, não se pode inferir, da absten­ção presidencial quanto à concretização dessa medida, qualquer situação de lesão jurídica passível de correção pela via do mandado de segurança.” (MS 21.041, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 12‑6‑1991, Plenário, DJ de 13‑3‑1992.)
 
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Art. 34. A União não intervirá nos Estados nem no Distrito Federal, exceto para:
I - manter a integridade nacional;
II - repelir invasão estrangeira ou de uma unidade da Federação em outra;
III - pôr termo a grave comprometimento da ordem pública;
IV - garantir o livre exercício de qualquer dos Poderes nas unidades da Federação;
“Intervenção federal. Inexistência de atuação dolosa por parte do Estado. Indeferimento. Precedentes. Decisão agravada que se encontra em consonância com a orientação desta Corte, no sentido de que o descumprimento voluntário e intencional de decisão judicial transitada em julgado é pressuposto indispensável ao acolhimento do pedido de intervenção federal.” (IF 5.050‑AgR, Rel. Min. Presidente Ellen Gracie, julgamento em 6‑3‑2008, Plenário, DJE de 25‑4‑2008.) No mesmo sentido: IF 4.979‑AgR, Rel. Min. Presidente Ellen Gracie, julgamento em 6‑3‑2008, Plenário, DJE de 25‑4‑2008.)
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Art. 34. A União não intervirá nos Estados nem no Distrito Federal, exceto para:
V - reorganizar as finanças da unidade da Federação que:
a) suspender o pagamento da dívida fundada por mais de dois anos consecutivos, salvo motivo de força maior;
b) deixar de entregar aos
Municípios receitas tributárias fixadas nesta Constituição, dentro dos prazos estabelecidos em lei;
VI - prover a execução de lei federal, ordem ou decisão judicial;
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“A exigência de respeito incondicional às decisões judiciais transitadas em julgado traduz imposição constitucional, justificada pelo princípio da separação de poderes e fundada nos postulados que informam, em nosso sistema jurídico, a própria concepção de Estado Democrático de Direito. O dever de cumprir as decisões emanadas do Poder Judiciário, notadamente nos casos em que a condenação judicial tem por destinatário o próprio Poder Público, muito mais do que simples incumbência de ordem processual, representa uma incontornável obrigação institucional a que não se pode subtrair o aparelho de Estado, sob pena de grave comprometimento dos princípios consagrados no texto da CR. A desobe­diência a ordem ou a decisão judicial pode gerar, em nosso sistema jurídico, gravíssimas consequências, quer no plano penal, quer no âmbito político‑administrativo (possibilidade de impeachment), quer, ainda, na esfera institucional (decretabilidade de intervenção federal nos Estados‑membros ou em Municípios situados em Território Federal, ou de intervenção estadual nos Municípios).” (IF 590‑QO, Rel. Min. Presidente Celso de Mello, julgamento em 17‑9‑1998, Plenário, DJ de 9‑10‑1998.)
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VII - assegurar a observância dos seguintes princípios constitucionais:
a) forma republicana, sistema representativo e regime democrático;
“Representação do PGR. Distrito Federal. Alegação da existência de largo esquema de corrupção. Envolvimento do ex‑governador, deputados distritais e suplentes. Comprome­timento das funções governamentais no âmbito dos Poderes Executivo e Legislativo. Fatos graves objeto de inquérito em curso no STJ. Ofensa aos princípios inscritos no art. 34, VII, a, da CF. (...) Enquanto medida extrema e excepcional, tendente a repor estado de coisas deses­truturado por atos atentatórios à ordem definida por princípios constitucionais de extrema relevância, não se decreta intervenção federal quando tal ordem já tenha sido restabelecida por providências eficazes das autoridades competentes.” (IF 5.179, Rel. Min. Presidente Cezar Peluso, julgamento em 30‑6‑2010, Plenário, DJE de 8‑10‑2010.)
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VII - assegurar a observância dos seguintes princípios constitucionais:
b) direitos da pessoa humana;
“Representação do PGR pleiteando intervenção federal no Estado de Mato Grosso, para assegurar a observância dos ‘direitos da pessoa humana’, em face de fato criminoso praticado com extrema crueldade a indicar a inexistência de ‘condição mínima’, no Estado, ‘para assegurar o respeito ao primordial direito da pessoa humana, que é o direito à vida’. (...) Representação que merece conhecida, por seu fundamento: alegação de inobservância pelo Estado‑membro do princípio constitucional sensível previsto no art. 34, VII, b, da Constituição de 1988, quanto aos ‘direitos da pessoa humana’. (...) Hipótese em que estão em causa ‘direitos da pessoa humana’, em sua compreensão mais ampla, revelando‑se impo­tentes as autoridades policiais locais para manter a segurança de três presos que acabaram subtraídos de sua proteção, por populares revoltados pelo crime que lhes era imputado, sendo mortos com requintes de crueldade. Intervenção federal e restrição à autonomia do Estado‑membro. 
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Continuação:
Princípio federativo. Excepcionalidade da medida interventiva. No caso concreto, o Estado de Mato Grosso, segundo as informações, está procedendo à apuração do crime. Instaurou‑se, de imediato, inquérito policial, cujos autos foram encaminhados à autoridade judiciária estadual competente que os devolveu, a pedido do delegado de polícia, para o prosseguimento das diligências e averiguações. Embora a extrema gravidade dos fatos e o repúdio que sempre merecem atos de violência e crueldade, não se trata, porém, de situação concreta que, por si só, possa configurar causa bastante a decretar‑se intervenção federal no Estado, tendo em conta, também, as providências já adotadas pelas autoridades locais para a apuração do ilícito. Hipótese em que não é, por igual, de determinar‑se intervenha a Polícia Federal, na apuração dos fatos, em substituição à Polícia Civil de Mato Grosso. Autonomia do Estado‑membro na organização dos serviços de justiça e segurança, de sua competência (Constituição, arts. 25, § 1º; 125 e 144, § 4º).” (IF 114, Rel. Min. Presidente Néri da Silveira, julgamento em 13‑3‑1991, Plenário, DJ de 27‑9‑1996.)
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VII - assegurar a observância dos seguintes princípios constitucionais:
c) autonomia municipal;
d) prestação de contas da administração pública, direta e indireta.
e) aplicação do mínimo exigido da receita resultante de impostos estaduais, compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde.(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000)
Vide art. 212, CF/88
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Segundo o art. 35, a intervenção pode ocorrerá também pelos Estados Membros junto aos municípios:
Art. 35. O Estado não intervirá em seus Municípios, nem a União nos Municípios loca­lizados em Território Federal, exceto quando:
“Não cabe recurso extraordinário contra acórdão de tribunal de justiça que defere pedido de intervenção estadual em Município.” (Súmula 637.)
“Ação direta julgada procedente em relação aos seguintes preceitos da Constituição ser­gipana: (...) Art. 23, V e VI: dispõem sobre os casos de intervenção do Estado no Município. O art. 35 da CB prevê as hipóteses de intervenção dos Estados nos Municípios. A Consti­tuição sergipana acrescentou outras hipóteses.” (ADI 336, Rel. Min. Eros Grau, julgamento em 10‑2‑2010, Plenário, DJE de 17‑9‑2010.)
“Intervenção estadual em Município. Súmula 637 do STF. De acordo com a jurisprudência deste Tribunal, a decisão de tribunal de justiça que determina a intervenção estadual em Município tem natureza político‑administrativa, não ensejando, assim, o cabimento do recurso extraordinário.” (AI 597.466‑AgR, Rel. Min. Joaquim Barbosa, julgamento em 27‑11‑2007, Segunda Turma, DJE de 1º‑2‑2008.)
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Segundo o art. 35, a intervenção pode ocorrerá também pelos Estados Membros junto aos municípios:
Art. 35. O Estado não intervirá em seus Municípios, nem a União nos Municípios loca­lizados em Território Federal, exceto quando:
I – deixar de ser paga, sem motivo de força maior, por dois anos consecutivos, a dívida fundada;
“Intervenção estadual no Município por suspensão da dívida fundada (CF, art. 35, I): impugnação a norma constitucional local, que exclui a intervenção, ‘quando o inadimple­mento esteja vinculado a gestão anterior’ (C. Est. RJ, art. 352, parágrafo único): suspensão liminar concedida.” (ADI 558‑MC, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, julgamento em 16‑8‑1991, Plenário, DJ de 26‑3‑1993.)
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Art. 35. O Estado não intervirá em seus Municípios, nem a União nos Municípios loca­lizados em Território Federal, exceto quando:
II - não forem prestadas contas devidas, na forma da lei;
III - não tiver sido aplicado o mínimo exigido da receita municipal na manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde;(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000)
IV - o Tribunal de Justiça der provimento a representação para assegurar a observância de princípios indicados na Constituição Estadual, ou para prover a execução de lei, de ordem ou de decisão judicial.
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Sobre a intervenção estadual, além das hipóteses de cabimento, uma questão sempre presente nas provas é a redação da Súmula 637-STF: 
Súmula 637-STF: Não cabe recurso extraordinário contra acórdão de Tribunal de Justiça que defere pedido de intervenção estadual em Município. 
Por que não cabe recurso extraordinário? 
O recurso extraordinário destina-se a impugnar decisões judiciais (em sentido estrito). Quando o Tribunal de
Justiça decide um pedido de intervenção estadual essa decisão, apesar de emanar de um órgão do Poder Judiciário, reveste-se de caráter político-administrativo (e não jurisdicional). Logo, por se tratar de uma decisão político-administrativa proferida pelo Poder Judiciário, contra ela não cabe recurso extraordinário já que não existe uma “causa judicial”. 
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Conforme Luis Roberto Barroso, durante a CF/88 jamais ocorreu hipótese de intervenção federal formalmente decretada.
No entanto, nas hipótese do Art. 34, VII, a decretação da intervenção dependerá de provimento, pelo STF, de representação do Procurador-Geral da República, cujo juízo quanto ao cabimento da ação é igualmente discricionário.
O fundamento da intervenção, nesse caso, é a defesa da ordem constitucional, tanto que dependerá de um controle concentrado de constitucionalidade a ser empreendido por via de ADI interventiva.
O provimento da Ação pelo STF não tem como efeito direto nem a intervenção efetiva nem a suspensão do ato impugnado. Esta ação caberá ao Chefe do Poder Executivo, mediante decreto, sustar a execução do ato ou executar a intervenção propriamente dita. 
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A ADI interventiva :
Surge em 1934
Prevista também na Constituição de 1946
Apesar da nomenclatura “representação”, trata-se de verdadeira ação.
Não se trata de processo objetivo: cuida-se de litígio constitucional, de relação processual contraditória, contraponto União e Estado-membro, cujo desfecho pode resultar em intervenção federal.
Hoje ocupa um papel de relativa desimportância, já que seu objetivo é esvaziado pela ADI (via mais ampla e menos traumática) que retira do ordenamento jurídico as disposições impugnadas.
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ADI INTERVENTIVA
A INTERVENÇÃO FEDERAL :
Lei nº 12.562/11 – ADI interventiva
É MEDIDA EXCEPCIONAL DE LIMITAÇÃO DA AUTONOMIA DO ESTADO-MEMBRO;
DESTINA-SE A PRESERVAR A SOBERANIA NACIONAL, PACTO FEDERATIVO E OS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS SOBRE OS QUAIS SE ERGUE O ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO.
SOMENTE É CABÍVEL NAS HIPÓTESES EXPRESSAS TAXATIVAMENTE NA CF/88. 
 
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	COMPETÊNCIA PARA A AÇÃO INTERVENTIVA:
União em Estado-membro – STF – art. 36, III
Estados em Municípios – TJ – Art. 35
	LEGITIMAÇÃO
União em Estado-membro -EXCLUSIVA DO PGR
Estados em Municípios – EXCLUSIVA DO PGJ ( vide art. 129, IV e Lei 5778/72
	OBJETO:
Obtenção de pronunciamento do STF acerca da violação de algum princípio constitucional sensível por parte do estado-membro da Federação e no caso de recusa à execução de lei federal.
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Art. 34. A União não intervirá nos Estados nem no Distrito Federal, exceto para:
...
VII - assegurar a observância dos seguintes princípios constitucionais:
a) forma republicana, sistema representativo e regime democrático;
b) direitos da pessoa humana;
c) autonomia municipal;
d) prestação de contas da administração pública, direta e indireta.
e) aplicação do mínimo exigido da receita resultante de impostos estaduais, compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde.(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000)
Acolhido o pedido, se o Estado não desfizer o ato impugnado, estará sujeito à intervenção.
A decisão do STF será apenas um requisito para a prática do ato posterior.
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Lei 12.562 de 23.12.2011 - Regulamenta o inciso III do art. 36 da Constituição Federal, para dispor sobre o processo e julgamento da representação interventiva perante o Supremo Tribunal Federal.
Previsão de medida cautelar
Art. 5o O Supremo Tribunal Federal, por decisão da maioria absoluta de seus membros, poderá deferir pedido de medida liminar na representação interventiva.
§ 2º A liminar poderá consistir na determinação de que se suspenda o andamento de processo ou os efeitos de decisões judiciais ou administrativas ou de qualquer outra medida que apresente relação com a matéria objeto da representação interventiva.
AGU E PGR – manifestam-se cada um em 10 dias, sucessivamente.
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O Julgamento deverá contar:
Com 2/3 dos seus membros para seu início
Procedência somente com a manifestação da maioria absoluta – 6 Ministros
Art. 11. Julgada a ação, far-se-á a comunicação às autoridades ou aos órgãos responsáveis pela prática dos atos questionados, e, se a decisão final for pela procedência do pedido formulado na representação interventiva, o Presidente do Supremo Tribunal Federal, publicado o acórdão, levá-lo-á ao conhecimento do Presidente da República para, no prazo improrrogável de até 15 (quinze) dias, dar cumprimento aos §§ 1o e 3o do art. 36 da Constituição Federal.
Contra a decisão não cabe recurso nem ação rescisória.
Para propositura de ADI interventiva é verificar os seguintes dispositivos: art. 36, III e Art. 34, VII:
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Art. 36. A decretação da intervenção (salvo no caso de adi interventiva) dependerá:
I - no caso do art. 34, IV, de solicitação do Poder Legislativo ou do Poder Executivo coacto ou impedido, ou de requisição do Supremo Tribunal Federal, se a coação for exercida contra o Poder Judiciário;
“Intervenção federal, por suposto descumprimento de decisão de Tribunal de Justiça. Não se pode ter, como invasiva da competência do Supremo Tribunal, a decisão de corte estadual, que, no exercício de sua exclusiva atribuição, indefere o encaminhamento do pedido de intervenção.” (Rcl 464, Rel. Min. Octavio Gallotti, julgamento em 14‑12‑1994, Plenário, DJ de 24‑2‑1995.)
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II - no caso de desobediência a ordem ou decisão judiciária, de requisição do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça ou do Tribunal Superior Eleitoral;
“Art. 36, II, da CF. Define‑se a competência pela matéria, cumprindo ao STF o julgamento quando o ato inobservado lastreia‑se na CF; ao STJ quando envolvida matéria legal e ao TSE em se tratando de matéria de índole eleitoral.” (IF 2.792, Rel. Min. Presidente Marco Aurélio, julgamento em 4‑6‑2003, Plenário, DJ de 1º‑8‑2003.)
“Cabe exclusivamente ao STF requisição de intervenção para assegurar a execução de decisões da Justiça do Trabalho ou da Justiça Militar, ainda quando fundadas em direito infraconstitucional: fundamentação. O pedido de requisição de intervenção dirigida pelo presidente do tribunal de execução ao STF há de ter motivação quanto à procedência e também com a necessidade de intervenção.” (IF 230, Rel. Min. Presidente Sepúlveda Per­tence, julgamento em 24‑4‑1996, Plenário, DJ de 1º‑7‑1996.)
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Depois que a decisão transita em julgado, o tribunal comunica ao Ministério da Justiça, que, por sua vez, oficia à Presidência da República. A decretação da intervenção fica a cargo do presidente. 
INTERVENÇÃO FEDERAL COMO LIMITAÇÃO CIRCUNSTANCIAL AO PODER DE REFORMA CONSTITUCIONAL 
A Constituição Federal não poderá ser emendada na vigência de intervenção federal, de estado de defesa ou de estado de sítio (art. 60, § 1º). 
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O Tribunal ainda pode determinar o envio de cópia do processo para o Ministério Público para apurar eventual ocorrência de crime de responsabilidade por parte das autoridades públicas envolvidas na omissão.
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Vide ainda arts:
ART. 49, IV – Competência CN para aprovar intervenção
ART 90, I – Competência do Conselho da República pronunciar-se sobre intervenção federal
ART 91, §1º, II – Competência do Conselho da Defesa Nacional opinar sobre a decretação da intervenção federal.
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INTERVENÇÃO
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INTERVENÇÃO
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INTERVENÇÃO
CASO CONCRETO 
A situação fática foi a seguinte (com adaptações): 
Determinado sítio foi invadido por membros do MST. 
O proprietário ajuizou ação de reintegração de posse, tendo o juiz de direito concedido a liminar para desocupação da área, requisitando, para tanto, força policial. 
O magistrado determinou por várias vezes a intimação dos agentes públicos estaduais responsáveis (Governador do Estado,
Secretário de Segurança, Comandante da PM etc.) para que encaminhassem ao local força policial, no entanto, as seguidas ordens judiciais foram descumpridas. 
Diante da inexecução da ordem judicial por mais de 6 anos, o proprietário do imóvel apresentou ao Presidente do Tribunal de Justiça pedido de intervenção federal. 
O TJ concordou com o autor e determinou a remessa do pedido de intervenção ao STJ. 
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INTERVENÇÃO
O STJ era competente para julgar esse pedido de intervenção? 
A parte autora (no caso, o proprietário) poderia ter representado ao STJ pedindo a intervenção? Isso seria correto? 
E se a decisão descumprida fosse do STJ ou do STF? 
No mérito, o que decidiu o STJ? O pedido de intervenção foi aceito? 
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INTERVENÇÃO
O STJ era competente para julgar esse pedido de intervenção? 
SIM. Cabe ao STJ o exame da Intervenção Federal nos casos em que a matéria é infraconstitucional (envolvendo legislação federal) e o possível recurso deva ser encaminhado ao STJ. 
No presente caso, a decisão descumprida é uma sentença em ação de reintegração de posse na qual se discutiram temas relacionados com direito civil privado, não tendo feito considerações sobre questões constitucionais. Logo, o eventual recurso contra a decisão, quando o processo superasse as instâncias ordinárias e chegasse aos Tribunais Superiores, seria apreciado pelo STJ em sede de recurso especial. Não caberia (em tese), no caso, recurso extraordinário ao STF, razão pela qual esta Corte não seria competente para julgar o pedido de intervenção relacionada com o desatendimento da decisão. 
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INTERVENÇÃO
A parte autora (no caso, o proprietário) poderia ter representado ao STJ pedindo a intervenção? Isso seria correto? 
NÃO. A representação ou requisição de Intervenção Federal constituem providências que cabem aos Tribunais e não à parte interessada. Isso porque a intervenção federal, no caso de descumprimento de decisão judicial, não é um instrumento de realização do direito do particular vitorioso no caso. Trata-se de um mecanismo de afirmação da autoridade do órgão judiciário cuja ordem ou decisão esteja sendo descumprida. Em outras palavras, não é um instrumento de defesa do direito da parte, mas sim de garantia da independência do Poder Judiciário. 
No caso concreto, a parte autora fez o correto. Provocou o Tribunal de Justiça e este representou ao STJ pedindo a intervenção federal. Vale ressaltar que o autor não cometeu nenhuma irregularidade ao formular o pedido ao TJ porque este Tribunal local poderia até mesmo de ofício pedir a intervenção ao STJ. Ora, se ele poderia fazê-lo de ofício, nada impede que a parte o provoque. 
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INTERVENÇÃO
E se a decisão descumprida fosse do STJ ou do STF? 
Então, nesse caso, a parte poderia dirigir-se ao próprio STJ ou STF pedindo a intervenção. 
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INTERVENÇÃO
No mérito, o que decidiu o STJ? O pedido de intervenção foi aceito? 
NÃO. O STJ julgou improcedente o pedido de intervenção federal. 
Como já se passaram muitos anos desde que prolatada a decisão judicial descumprida, a remoção das diversas famílias que vivem no local se fosse feita hoje iria causar um enorme conflito social, até mesmo porque não existe lugar para acomodar de imediato, de forma digna, essas pessoas. 
O Ministro salientou que, tecnicamente, a recusa do Estado em fornecer força policial para a desocupação ordenada pelo Poder Judiciário caracteriza a situação prevista no art. 36, II, da CF, pois há desobediência à ordem “judiciária”, o que justificaria a intervenção (art. 34, VI) para “prover a execução da ordem ou decisão judicial”. Entretanto, a situação em análise revela quadro de inviável atuação judicial, assim como não recomenda a intervenção federal para compelir a autoridade administrativa a praticar ato do qual vai resultar conflito social muito maior que o suposto prejuízo do particular. 
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INTERVENÇÃO
Pelo princípio da proporcionalidade, não deve o Poder Judiciário promover medidas que causem coerção ou sofrimento maior que sua justificação institucional e, assim, a recusa pelo Estado não é ilícita. 
Para o Ministro houve a afetação do bem por razões de interesse público, razão pela qual a questão deverá ser resolvida em reparação a ser buscada via ação de indenização (desapropriação indireta) promovida pelo interessado. 
Assim, o STJ negou o pedido de intervenção federal contra o Estado, considerando que houve a perda da propriedade por ato lícito da administração, não remanescendo outra alternativa que respeitar a ocupação dos ora possuidores como corolário dos princípios constitucionais da dignidade da pessoa humana, de construção de sociedade livre, justa e solidária com direito à reforma agrária e acesso à terra e com erradicação da pobreza, marginalização e desigualdade social. 
STJ. Corte Especial. IF 111-PR, Rel. Min. Gilson Dipp, julgado em 1º/7/2014 (Info 545). 
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