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ZOUKDERNO COMPILADO. Vol 1 a 7

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ZOUKDERNO 
 
Ailton Zouk 
DelPol DF 
 
 
 
 
 
 
 
2016 
 
PRINCÍPIO DA DETERMINAÇÃO OU PRINCÍPIO DA CERTEZA 
 
- Conhecido como princípio da taxatividade. 
- O direito penal não comporta tipo penal aberto. 
- O 'Princípio da Determinação' no Direito penal ensina que uma conduta só pode ser 
considerada Infração penal, e, consequentemente, gerar uma sanção punitiva ao agente, 
caso tal conduta esteja devidamente descrita e determinada pela Legislação como 
Infração Penal. 
- O legislador, ao querer coibir uma conduta que considere criminosa, deve, segundo esse 
princípio, determinar com clareza e precisão qual ou quais os atos, omissões e situações 
exatos que, se exatamente praticados, configurarão uma Infração Penal. Do mesmo 
modo, deve determinar com parâmetros exatos, caso entenda que deva haver uma 
sanção, quais os limites da pena a ser aplicada ao agente. Caso contrário, ficando a 
sanção não devidamente determinada, ela não deverá ser aplicada, em respeito a este 
Princípio. 
- O Princípio da Determinação acaba gerando a outro princípio, o da Taxatividade, uma 
vez que, ao exigir que o Tipo penal seja determinado e exato em sua descrição, ele acaba 
sendo taxativo ao indicar ao julgador o que configura infração e pode ser punido, 
limitando drasticamente a autonomia deste em definir se a conduta efetivamente 
praticada é ilícita. 
- O Princípio da Determinação é resultado do previsto no Código Penal Brasileiro que, 
em seu artigo 1º afirma que: "Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena 
sem prévia cominação legal”. 
 
USO DE DOCUMENTO FALSO (Artigo 304, CP) X NECESSIDADE DE 
PÉRICIA. 
 
- Título X do Código Penal (crimes contra a fé pública). 
- Artigo 304, CP (uso de documento falso): Fazer uso de qualquer dos papéis falsificados 
ou alterados, a que se referem os arts. 297 a 302. 
- O juiz com base no acervo probatório contido nos autos pode condenar o agente mesmo 
sem a existência de perícia do documento. 
- O STJ entende que com outros meios de prova, tais como depoimento do autor do fato, 
provas testemunhais já é cabível para haver a condenação, isso se a defesa em momento 
oportuno não alegar a falta do exame, sendo portanto dispensável a existência da perícia. 
Julgado STJ: HC 307.586 Se; 25/11/2014; Informativo 553. 
 
SUBTRAÇÃO DE SINAL DE TV A CABO X STF e STJ 
 
- Artigo 155, CP (Furto): Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel: 
 § 3º - Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou qualquer outra que tenha valor 
econômico. 
- STF entende que sinal de tv não é energia elétrica, e interpretação em contrário seria 
“in malam partem”, podendo ser caracterizado, porém como outro ilícito penal previsto 
no artigo 33, da Lei 8977 (Lei das telecomunicações). 
- Entende o STF que a “grande questão é que o crime tem que ter escala penal e o artigo 
35, da Lei 8977, só possui preceito primário, não possuindo preceito secundário. Dessa 
forma, “nullu crime nullo poena sine lege”.” 
Julgado STJ: HC 97261, 12/04/2011 
- Como demanda complemento, ela é uma norma penal em branco. Como não é em 
branco o preceito primário e sim no preceito secundário, é denominada norma penal 
inversa. 
- Para a 5º turma do STJ caracteriza-se SIM furto, tendo em vista ser o sinal de tv uma 
energia radiante, tendo decisão sobre o tema em agosto de 2013. 
Julgado STJ: HC 30847, 20/08/2013 
- Para a 6º turma do STJ, com decisão mais recente (setembro), acabou acompanhando o 
entendimento defendido pelo STF e acolheu que não constitui crime. 
Julgado STJ: Agravo Regimental em Recurso Especial 1185601 RS 
 
SUBTRAÇÃO ENERGIA ELÉTRICA 
 
Caso hipotético: MP oferta denúncia, mas o agente realiza o pagamento antes do 
recebimento da denúncia pelo poder judiciário. 
O STJ entende que o pagamento realizado antes do recebimento da denúncia extingue a 
punibilidade. 
Julgado STJ: HC 252802 Se 
- STJ utilizando de analogia “in bona partem”, já que em caso tributário é possível à 
extinção por pagamento antes de recebida a denúncia. 
OBS: Alteração de medidor de energia não configura furto de energia e SIM 
ESTELIONATO. 
 
PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE TÍPICO NORMATIVA 
 
- Não ocorre a REVOGAÇÃO FORMA / MATERIAL DA CONDUTA TÍPIFICADA, 
ou seja, “abolitio criminis”. Assim sendo, a conduta somente sai de um tipo penal e migra 
para outro tipo penal, mantendo a tipicidade da conduta. 
Ex: O artigo 214 (atentado violento ao pudor), que passou a existir no artigo 213, CP. 
 
CRIME PROGRESSIVO X PROGRESSÃO CRIMINOSA 
 
- Ocorre o crime progressivo quando o agente, para alcançar o resultado mais 
gravoso, passa por outro, necessariamente menos grave. Em outras palavras, o crime 
progressivo para ser praticado necessariamente viola norma penal menos grave (várias 
lesões corporais são praticadas para o resultado intencional morte). 
- Diferencia-se da progressão criminosa porque nesta o agente intenciona praticar 
um crime menos grave e o faz, mas depois decide praticar outro mais grave e pratica, 
quando se dá a chamada substituição de dolo. 
OBS: Em ambos os casos ocorrerá à aplicação do princípio da concussão, ou seja, crime 
mais grave absolve crime menos grave. 
 
PORTE DE ARMA DE FOGO X JUSTIÇA FEDERAL 
 
- É possível o deslocamento de competência da justiça estadual para julgamento de 
porte ilegal de arma de fogo para a justiça federal, desde que exista conexão com crime 
federal. 
Súmula 122, STJ. 
- Outra situação em que tal possibilidade seria possível é o caso de uma pessoa ser 
flagrada portando arma de fogo dentro de aeronave ou navio. 
 
 
CHAMADO “CARA” NEGATIVA DO DOLO 
 
- Cara negativa do dolo é a denominação dada pelo brilhante penalista Eugênio Raul 
Zaffaroni, ao erro de tipo. 
- Para o douto, como a presença de erro de tipo, seja ele escusável ou inescusável, sempre 
exclui o dolo, a cara negativa do dolo seria o erro de tipo. Ou seja, ocorre como no cara 
e coroa, se é cara (erro de tipo) nunca poderá ser coroa (presença de dolo). 
 
Exemplo de erro de tipo invencível: Pessoa sai com veículo de estacionamento de 
shopping acreditando que seja seu o veículo (que possui características idênticas e o faz 
acreditar que esta conduzindo o seu). Erro de tipo invencível exclui dolo e culpa. 
 
Exemplo de erro de tipo vencível: Pessoa sai com veículo de estacionamento de shopping 
sabendo que não é o seu, mas por falta de zelo ainda prossegue na conduta, agindo assim 
culposamente. Erro de tipo vencível exclui culpa. 
 
O QUE É “CRIME JABUTICABA”? 
 
- A fruta jabuticaba só existe no Brasil. 
- A tortura como crime comum também só existe no Brasil. Em outros países o crime de 
tortura só é praticado por autoridades, enquanto no Brasil esse leque é ampliado. Ex: Pai 
que vê mãe torturando filho e nada faz, responde por tortura omissão e a mãe responderá 
por tortura maus-tratos. 
- Ou seja, crime jabuticaba é o crime que só tem previsão no Brasil. 
 
COMPETÊNCIA PARA PROCESSAR E JULGAR O DELITO DE TRÁFICO 
INTERNACIONAL DE DROGA 
 
Exemplo: Brasileiro morador de cidade em SP adquire via internet drogas do EUA, que 
foi remetida para o endereço informado (residência dele), MAS no percurso do envio ela 
é interceptada no aeroporto da cidade do RJ. 
Súmula 528, STJ, 13/05/15 
- Compete, portanto ao juiz federal da cidade onde ocorreu a apreensão da droga processar 
e julgar o crime, independente do endereço de destino ser diverso de onde ocorreu a 
apreensão. 
 
DANO AO PATRIMÔNIO PÚBLICO DO DF X STJ 
 
- Artigo 163, III, CP - Destruir,inutilizar ou deteriorar coisa alheia: 
Dano qualificado 
Parágrafo único - Se o crime é cometido: 
III - contra o patrimônio da União, Estado, Município, empresa concessionária de 
serviços públicos ou sociedade de economia mista; (Redação dada pela Lei nº 5.346, de 
3.11.1967). 
- Dano só admite dolo e nunca culpa. 
- Dano culposo só existe na Lei de crimes ambientais (Lei 9.605). 
- No corpo do artigo 163, III, CP, a previsão legal se refere tão somente a patrimônio da 
União, Estado, Município, empresa concessionária de serviços públicos ou sociedade 
de economia mista, DEIXANDO DE FORA PORTANDO o Distrito Federal e empresa 
pública, e pelo PRINCÍPIO DA LEGALIDADE não poderia fazer uma analogia “in 
malam partem”. 
- O STJ analisando caso concreto decidiu que seria dano simples, conforme HC 154051, 
6º turma, em 04/12/2013. 
- No dano qualificado não cabe termo circunstanciado, mas o delegado lavrará o auto de 
prisão em flagrante e arbitrará fiança, tendo em vista que o crime tem pena não superior 
a 4 (quatro) anos, artigo 322, CPP. 
 
SITUAÇÃO INFORMANTE JUNTO A LEI 11.343/06 
 
- Artigo 37 da Lei 11.343/06 - Colaborar, como informante, com grupo, 
organização ou associação destinados à prática de qualquer dos crimes previstos nos 
arts. 33, caput e § 1o, e 34 desta Lei: 
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos. 
- Para ser enquadrado no artigo 37 da referida lei, o agente não poderá fazer parte 
da organização / grupo ou estar associado de alguma forma, sendo este mero colaborador 
(por exemplo, avisar a chegada da policia e não possuir recebimento de lucros). 
- Caso o agente esteja intimamente ligado com a organização / grupo ou estar 
associado, este responderá como partícipe, incluso, portanto no artigo 33 e 35 da Lei 
11.343/06. OBS: Se o agente colaborar com traficante individual, responderá incurso no 
artigo 37 da Lei 11.343/06 em razão da homenagem ao princípio da proporcionalidade. 
Analogia, portanto, “in bona partem”. 
- O artigo 37 da referida Lei, não se enquadra ao tráfico de droga, logo, não se 
equipara a crime hediondo. 
 
SINDROME DE ESTOLCOMO X SEQUESTRO X CARCERE PRIVADO X 
VIOLÊNCIA DOMESTICA 
 
- Síndrome de Estocolmo é o nome dado a um estado psicológico particular em que uma 
pessoa, submetida há um tempo prolongado de intimidação, passa a ter simpatia e até 
mesmo sentimento de amor ou amizade perante o seu agressor. A síndrome de Estocolmo 
parte de uma necessidade, inicialmente inconsciente. 
OBS: Quando o crime é praticado em ambiente familiar, em que ocorrem agressões, sendo 
então enquadrada na lei Maria da Penha, pela natureza jurídica, a ação será pública 
incondicionada. 
Súmula 542, STJ 
 
TIPO PENAL X TIPO JUDICIAL 
 
Tipos legais e tipos judiciais. 
- Em qualquer sistema jurídico civilizado do mundo, os tipos são legais, somente o 
legislador pode criar, suprimir e modificar os tipos penais, este é o chamado sistema de 
tipos legais, do qual nossa ordem jurídica participa. 
- Em outros sistemas, em que se admite a analogia, é o juiz que está facultado para 
criar os tipos penais, como na reforma nacional-socialista alemã e nos primeiros códigos 
soviéticos, praticamente não existem mais. 
OBS: Deve-se esclarecer que os sistemas mencionados são de caráter ideal, porque na 
realidade nenhum sistema é absolutamente de tipos legais – visto que requereria um 
casuísmo que sempre é insuficiente. 
 
 
TRÁFICO INTERESTADUAL X TRANSPOSIÇÃO DE FRONTEIRA 
 
- Artigo 40, V, da Lei 11.343/06 apresenta uma majorante (causa de aumento de pena) - 
As penas previstas nos arts. 33 a 37 desta Lei são aumentadas de um sexto a dois 
terços, se: 
V - caracterizado o tráfico entre Estados da Federação ou entre estes e o Distrito 
Federal. 
- A 6º turma do STJ entende que não necessita a transposição de fronteiras para 
caracterizar a majorante supra, entretanto a 5º turma do próprio STJ entende que existe a 
necessidade da transposição para que possa incidir tal majorante. 
- A 1º turma do STF, entretanto acompanha o entendimento da 6º turma do STJ e 
entende que não há necessidade da transposição de fronteira para incidir a majorante, 
ESTE É O POSICIONAMENTO MAJORITÁRIO. 
Julgado STF: HC 122791, 1º turma STF, novembro de 2015 
OBS: É necessário que se comprove que a droga seria vendida em outro Estado / DF, 
mesmo que não ocorra a transposição. 
 
PRISÃO PREVENTIVA X ATO INFRACIONAL 
 
- Considera-se a 00:00 do dia do aniversário e não a hora de nascimento para 
atribuir maioridade a uma pessoa. 
- STJ entende que muito embora os atos infracionais não possam ser considerados 
para efeitos de reincidência e/ou maus antecedentes, eles podem sim fundamentar a 
manutenção ou decretação de prisão preventiva, pelo juiz. 
Julgado STJ: HC 289098 SP, 20/05/2014 
- Atos infracionais anteriormente praticados não podem ser utilizados / 
considerados para efeitos de reincidência ou maus antecedentes, eles podem sim 
fundamentar a manutenção ou decretação de prisão preventiva, pelo juiz. 
Julgado STJ: HC 47671 MT, 5º turma, 18/12/2014 
- Decisão 6ª Turma STJ – RHC 43350, entendeu que os ATOS INFRACIONAIS 
podem ser considerados para manutenção. 
 
OBS IMPORTANTE: STJ EM RECURSO EM HC 338936/SP, 6ª Turma em 
RECENTE DECISÃO (17/12/2015), muda de posição e diz que não constitui 
fundamento idôneo à custódia cautelar, porquanto a vida na época da menoridade não 
pode ser levada em consideração para quaisquer fins do Direito Penal, razão pela qual, 
no processo por crime, não podem atos infracionais servirem de fundamento à prisão 
preventiva. 
 
TORRES DE VIGIA X LAVAGEM DE DINHEIRO 
 
- Nos crimes de lavagem de dinheiro (Lei 9.613), torres de vigia ou "gatekeepers" são as 
entidades que atuam ou têm acesso aos caminhos e trilhas pelos quais corre o capital 
oriundo da infração penal, como bancos, corretoras de imóveis, contadores, etc. Devido 
à sua posição privilegiada, obrigam-se a não colaborar com atos ilícitos e a contribuir na 
atividade de vigilância e inteligência do poder público. 
 
PROVA IRRITUAL 
 
 - A prova irritual, que também não pode ser confundida com a prova atípica, é uma prova 
típica colhida sem a observância do procedimento da lei. A diferença fundamental entre 
a prova atípica e a prova irritual se dá entre a existência do procedimento probatório no 
ordenamento jurídico. A prova atípica não está mencionada no ordenamento e/ou seu 
procedimento não está regulado na lei (posição ampliativa), já a prova irritual está 
tipificada na lei, só que, no caso concreto, não foram seguidos os cânones da norma. 
 
PROVA FORA DA TERRA 
 
- Prova (de) fora da terra é uma classificação possível de ser encontrada, por exemplo, no 
manual de processo penal de Fernando Capez. Esse meio de prova é assim classificado 
quando é produzido perante juízo distinto daquele em que se processo o feito, como 
acontece no caso do artigo 222, caput e § 1o, do CPP (Carta Precatória). - Interessante 
registrar que a produção de prova “fora da terra” não é incompatível com o princípio 
inserido expressamente no CPP na reforma de 2008 da identidade física do juiz, haja vista 
se tratar de postulado inserido na ordem jurídica a partir de uma lei ordinária, razão pela 
qual é admitida sua exceção, desde que também prevista em instrumento normativo de 
mesma natureza (ou superior), como é o caso da carta precatória, também regulamentada 
no Código de Processo Penal, como medida excepcional. 
 
TRÁFICO PRIVILEGIADO X CRIMES HEDIONDOS 
 
- O artigo 33 da Lei 11.343/06, tipifica o crime de tráfico. É um tipo penalmisto 
alternativo ou também chamado de conteúdo variado, tendo em vista que em seu bojo 
aloca vários verbos. 
- A lei 11.343/06 traz um beneficio para aquele que acabou de ingressar no tráfico 
(portanto não integrando organização criminosa, não sendo reincidente e possuir bons 
antecedentes), aplicando-se assim a causa de diminuição de pena, o que se denomina 
TRÁFICO PRIVILEGIADO. 
- O artigo 2º da Lei 8072 (crimes hediondos), traz a figura dos crimes equiparados 
a hediondos. 
Súmula 512, STJ, diz que a aplicação da causa de diminuição de pena do artigo 33, § 3º 
da Lei 11.343/06, não afasta a hediondez do crime de tráfico de droga. 
 
HOMICIDIO QUALIFICADO PRIVILEGIADO X CRIME HEDIONDO 
- A corrente majoritária, na doutrina e na jurisprudência, com a qual concordamos, 
assinala o oposto. De acordo com esse posicionamento, não é possível considerar o 
homicídio privilegiado-qualificado como crime hediondo por duas razões. Em um 
primeiro momento, por obediência ao princípio da legalidade penal, vertente taxatividade, 
porquanto o artigo 1o, inciso I da lei de crimes hediondos trata apenas do homicídio 
qualificado, nada trazendo sobre o homicídio privilegiado. Dessa forma, como a 
legalidade assume contornos de garantia para o réu, não se poderia ampliar a previsão dos 
crimes hediondos para uma modalidade não prevista pelo legislador, sob pena de analogia 
em prejuízo do acusado. 
- A segunda razão que impede o reconhecimento da figura do homicídio 
privilegiadoqualificado como crime hediondo é de cunho político-criminal: observando-
se ideais de prevenção geral e especial, a serem observados como finalidades da pena não 
se justificam que o crime com motivos nobres seja submetido a tratamento especialmente 
gravoso pelo Ordenamento. Sob a perspectiva da prevenção geral, negativa 
(intimidatória) ou positiva (confiança na proteção de bens jurídicos), a sanção do crime 
qualificado, com a diminuição da reprovação e a previsão do regime de execução comum 
já cumpre a finalidade, uma vez que a sanção aplicada ao caso concreto é suficiente. A 
sociedade tende a se "comover" quando a motivação ao crime é considerada moralmente 
aceita, de maneira que se satisfaz com a quantidade de punição. No que tange à prevenção 
especial, a inocuização e reinserção social do condenado, o regime comum também tem 
potencialidade para cumprir as finalidades que se queiram, uma vez que esse sujeito, que 
cometeu o crime em motivos menos reprováveis do que aqueles considerados hediondos. 
- Observa-se, então, uma preponderância às circunstâncias subjetivas que levaram 
o autor a cometer o crime, ainda que, objetivamente falando, os meios e modos possam 
ser considerados mais gravosos. Os precedentes desse entendimento são fartos. Apenas 
para exemplificar, podemos citar: HC 153728 / SP, HC 144196 / MG, HC 43043 / MG, 
todos do Superior Tribunal de Justiça. 
 * HOMICIDIO PRIVILEGIADO 
- O homicídio para ser privilegiado o agente tem que estar sob DOMINIO de forte 
emoção. Se o examinador inserir a palavra “INFLUÊNCIA” ou qualquer outra parecida, 
NÃO PROCEDE O PRIVILEGIO. 
TRÁFICO DE DROGA PRIVILEGIADO X QUANTIDADE DE DROGA 
APREENDIDA 
- Se o agente esta associado à atividade criminosa + realiza a venda, ele perde o 
direito ao privilegio, mas se este agente somente comercializa mesmo que respondendo a 
outra ação penal por comercialização, ele ainda sim terá direito ao privilegio. 
- Associação para o tráfico não é equiparado a hediondo conforme já explicitado ao 
longo do “Zoukderno”. 
Para configurar associação, tem que ter estabilidade na atividade, não apenas atos 
eventuais, respondendo pelo artigo 33, lei 11.343/06, em concurso de pessoas. - Fato de, 
por exemplo, realizarem tratativa, mesmo sem ter contato com a droga, os agentes podem 
ser presos por associação. 
- STJ e STF entendem que a quantidade de droga apreendida no caso concreto pode 
revelar que existe dedicação na atividade criminosa, evitando assim a aplicação da 
diminuição de pena por privilegio. 
A quantidade de droga somente não é elemento suficiente para caracterizar o tráfico de 
droga. 
O ônus da prova é sempre de quem acusa (MP), no sentido de comprovar que a quantidade 
da droga apreendida era para tráfico, posicionamento do STJ. 
- A vedação da conversão da pena privativa de liberdade por restritiva de direito foi 
considerada INCONSTITUCIONAL em controle difuso de constitucionalidade, sendo 
possível, portanto a conversão desde que atendido os requisitos do artigo 44, lei 11.343. 
 
PENA DE MORTE X PRINCÍPIO DA VEDAÇÃO DA EVOLUÇÃO 
REACIONÁRIA 
- Revolução Francesa, XVIII, nasce à declaração universal dos direitos do homem e 
cidadão. 
- Direitos de 1º geração: direito negativo, limitação do poder estatal. 
- Direitos de 2º geração: direito sociais, lazer, educação, saúde e outros. 
- Direitos de 3º geração: direitos difusos, coletivos, meta-individuais, supra individuais. 
- Direitos de 4º geração: Existe divergência doutrinaria quanto a esta geração. Roberto 
Bobbio entende ser o direito da engenharia genética. Já o professor Paulo Bonavides 
entende que seria a participação do povo. 
OBS: Existe ainda questionamento quanto à nomenclatura utilizada. Acreditam que o 
termo geração não é o correto por determinar inicio e fim, acreditando assim que o correto 
seria dimensão ou evolução. 
- O maior bem jurídico protegido constitucionalmente é a VIDA, existindo exceções 
muito especificas para aplicação da pena de morte. 
- A CR posterior, mesmo sendo derivado do poder originário (ilimitado), não poderia 
desvincular do principio supra constitucional, inclusive internacional. É o denominado 
principio do não retrocesso, fazendo com que direitos garantidos não sejam perdidos. - 
O professor Paulo Bonavides chama o principio do não retrocesso de “principio da 
vedação da evolução reacionária”. 
- A nomenclatura dada é variada, e por isso o examinador pode utilizar das seguintes: 
* principio do não retrocesso; 
* principio da vedação da evolução reacionária; 
* principio do não regresso; 
* efeito Cliquet (é a impossibilidade de abolir direitos). 
 
HOMICIDIO PROCUSTIANO X PRODITORIUM X ALEIVOSIANO X 
TESEUNIANO CONDICIONAL 
 
- Procusto, também denominado de Polipémon, era um personagem mitológico que 
vivia nas montanhas de Elêusis, na Ática. Ao se deparar com um viajante, convidava este 
para repousar em sua casa e oferecia uma cama para que o mesmo se deitasse. Os 
hóspedes, acreditando tratar-se de um convite amigável, acatavam a vênia e deitavam 
para repousar. 
Procusto então observava se o viajante era menor ou maior que o tamanho da cama. Caso 
o mesmo fosse menor, ele amarrava os membros inferiores e superiores deste e esticava-
os, até produzir a morte. 
Caso a vítima fosse maior que o tamanho do leito, Procusto matava a vítima dilacerando 
seus membros e cortando a cabeça. 
Em ambos os casos, aproveitava-se do fato da vítima acreditar que estava em um local 
seguro para repouso, o que facilitava a sua ação homicida. 
 
- Por analogia, alguns doutrinadores mais clássicos utilizavam-se do termo 
homicídio procustiano como sinônimo de homicídio praticado com emprego de traição, 
dissimulação ou emprego de meio cruel. Outros nomes utilizados são PRODITORUIM e 
ALEIVOSIANO, tendo o mesmo sinônimo. 
 
- No atual ordenamento penal brasileiro, o termo seria utilizado como sinônimo de 
homicídio qualificado nos termos do art. 121, § 2°, III e/ou IV do Código Penal, 
dependendo do caso concreto. 
 
- Ainda na mitologia grega, Teseu, em sua última viagem, prendeu Procusto na 
própria cama que este utilizava para matar suas vítimase cortou a sua cabeça e pés, como 
forma de vingar todas as mortes que este havia praticado ao longo do tempo. 
Assim, também por analogia, o termo homicídio teseuniano passou a ser utilizado como 
sinônimo de homicídio motivado por um desejo de vingança. 
 
OBS: Importante destacar que o posicionamento jurisprudencial dominante é no sentido 
que o homicídio motivado por vingança não é considerado como hipótese de crime 
qualificado, devendo ser tipificado nos termos do caput do art. 121 do CP. 
 
OBS: A morte é considerada efetivada com a cessação da atividade encefálica (art. 3º, lei 
9434/97). 
 
OBS: O agente (autor do fato), já começa a responder por homicídio mesmo a vitima 
sendo mantida por aparelhos, mas já sem atividade cerebral. 
 
HC 126.292 STF X EFEITO CLIQUET NO DIREITO PENAL 
 
- Decisão do STF no sentido de que após decisão do colegiado em 2º grau, o acusado já 
poderia cumprir a execução provisória da pena. 
- A CR garante o principio da não culpabilidade / presunção de inocência. 
- Em 2009 a própria corte máxima entendia não ser possível a execução provisória da 
pena. 
- Ressaltamos que a prisão cautelar sempre foi possível independente de quantos recursos 
ainda possam ser manejados. 
- Em recente decisão (fevereiro 16), mitigando o principio da presunção de inocência, 
albergado em outros países que admitem a execução provisória da pena após julgamento 
de 2º grau. No caso, atualmente o STF entendeu que a sociedade deveria sim ser 
resguardada, utilizando-se do garantismo positivo. 
 
BAGATELA PRÓPRIA X IMPRÓPRIA 
 
- Bagatela própria é aquela em que para o direito tem que haver relevância, 
possuindo tipicidade formal e material, além dos requisitos estabelecidos pelo STF, como 
mínima lesividade da conduta; inofensividade do delito e outros. 
Aqui exclui a tipicidade. 
 
- Ao contrário do que frequentemente se verifica em sede doutrinária, não se pode 
confundir os conceitos entre os princípios da Desnecessidade da Pena e os da 
Insignificância. Enquanto esse envolve aspectos da tipicidade material, o primeiro se 
vincula ao caráter de causa excludente da punição concreta do fato, ou seja, de dispensa 
de pena (em razão de sua desnecessidade, como o próprio nome indica, à luz do caso 
concreto analisado). 
- Trata-se, em última análise, da chamada infração bagatelar imprópria. Ao 
contrário da própria, vinculada à insignificância, ela nasce relevante ao Direito Penal – 
porque existe um efetivo desvalor da conduta e do resultado, mas depois se verifica que 
a incidência de qualquer pena no caso concreto apresentar-se-ia completamente 
desconectada e irrelevante. 
- Ressalte-se que tais observações não são produtos de invenções incoerentes e teses 
carentes de substratos, mas antes uma apreciação direta do texto legal do Código Penal 
Brasileiro, a partir de uma interpretação consonante com o espírito e postulados 
constitucionais vigentes. 
 
SINDROME DA MULHER DE POTIFAR 
 
- A relação do Direito Penal com a Síndrome da Mulher de Potifar, importante 
figura jurídica, que trata da mulher que rejeitada faz denúncia apócrifa com a intenção de 
punir a pessoa que a rejeitou. A figura, com aspecto de história bíblica e viés de matéria 
para acordar acadêmico de Direito, é mais comum do que sonha nossa vã filosofia. - Com 
o advento da Lei 12.015/2009, que juntou na tipificação do art. 213 do Código 
Penal as condutas de estupro e atentado violento ao pudor, a Síndrome da Mulher de 
Potifar ganhou força, já que o crime de estupro passou a não exigir em todas as suas 
modalidades a conjunção carnal para se configurar. Evidentemente, que ambas as 
condutas, tanto a de estupro quanto a de atentado violento ao pudor, são condutas tratadas 
como crimes hediondos, nos termos da Lei 8.072/1990. Coisa que torna a situação do 
falso autor do delito extremamente delicada, fazendo com que o mesmo seja jogado no 
rol dos culpados sem direito ao devido processo legal. 
 
- Cabe ao Estado aplicar a Lei Penal, dando àqueles a quem é devida a reprimenda 
justa. Sob este viés, faltou no Código Penal reprimenda no título dos crimes contra os 
costumes relacionado à punição da mulher que se utiliza dos artifícios da Síndrome da 
Mulher de Potifar. Todavia, ele não faz isso, deixa ao operador do Direito a missão de 
vasculhar no Código a norma aplicada ao caso. Assim, os erros são frequentes na 
aplicação do crime de calúnia, previsto no art. 138 do Código Penal, tendo em vista que 
é crime caluniar alguém imputando-lhe falso crime. No entanto, não para por aí a conduta 
da mulher a qual nos referimos, já que ela também fez mover a máquina pública. Sua 
conduta é mais grave, na verdade, é crime contra a administração da justiça. Trata-se do 
crime de denunciação caluniosa, previsto, por sua vez, no art. 339 do Diploma citado. 
 
CRIME DE PLÁSTICO OU CRIME PLÁSTICO 
 
- Pelo que consta, a expressão foi cunhada originariamente pelo Dr. Maximiliano 
Roberto Ernesto Führer, jurista e Promotor de Justiça do Estado de São Paulo, no seu 
livro História do Direito Penal - Crime Natural e Crime de Plástico. 
- A jurista acima faz uma diferenciação entre os denominados crimes naturais, que 
são aquelas condutas que sempre foram consideradas como crimes independentemente 
do momento histórico ou do ordenamento jurídico observado e os crimes de plástico, 
correspondentes às condutas que só são consideradas como relevantes para fins de 
tipificação penal em um delimitado momento histórico e a luz das peculiaridades de 
determinadas sociedades. 
- Assim sendo, condutas como homicídio, lesão corporal, furto ou roubo, são 
considerados crimes naturais por estarem tipificados na regra dos ordenamentos jurídicos 
das diversas nações e se postergarem como delitos ao longo do tempo. 
Em outras palavras: homicídio, por exemplo, de regra sempre foi considerado como 
crime, desde os primórdios do Direito Penal, seja no Brasil ou fora dele, sendo 
considerado um crime natural. 
- Já os delitos de plástico seriam aqueles que são criados para se adequarem a um 
momento histórico e a luz das particularidades de uma determinada sociedade, 
funcionando como uma espécie de resposta à legislativa aos anseios específicos por tutela 
penal. 
Traduzindo: são condutas que normalmente não era objeto de tipificação do ordenamento 
jurídico, mas que passam a ser consideradas como crimes como forma de promover a 
tutela de uma situação específica ou de dar uma resposta para a coletividade. 
Exemplo: o crime de marketing de embosca, tipificado na Lei Geral da Copa do Mundo, 
que não está mais em vigor, foi criado apenas para atender as particularidades do 
momento histórico em que o Brasil sediava a Copa do Mundo de Futebol. 
Outro exemplo: a conduta de invasão de dispositivo informático alheio, tipificado ao teor 
do art. 154-A do CP, que passou a ser considerado crime após a repercussão social de 
fatos ocorridos com uma conhecida atriz de televisão. 
Estas expressões - crime natural e crime de plástico - sejam nomenclaturas que buscam 
se referir as ideias de tipos penais originários e tipos penais evolutivos, derivadas do 
positivismo jurídico. 
FLAGRANTE POSITIVO X FLAGRANTE NEGATIVO 
- Flagrante positivo é quando existe acervo probatório suficiente para autuar o agente. - 
Flagrante negativo é quando não existe acervo probatório suficiente para autuar o agente 
na conduta a este atribuída. 
 
PONTE DE OURO X PONTE DE PRATA 
- São previstos alguns institutos que tenham como objetivo precípuo evitar a 
consumação de um crime cuja execução já se iniciou. Entre todos, podemos destacar o 
arrependimento eficaz e a desistênciavoluntária, os quais, consoante os ensinamentos do 
penalista Von Liszt, consubstanciariam a chamada “ponte de ouro do direito penal”, 
ou seja, o caminho passível de ser percorrido por aquele que iniciou rumo ao ilícito penal 
para, corrigindo seu percurso, retornar à seara da licitude. 
- De acordo com o criminalista nascido em Viena, a ponte de ouro do direito penal 
seria composta dos institutos do arrependimento eficaz e desistência voluntária, ambos 
hoje trazidos no artigo 15 do CPB. Vejamos: 
Art. 15 – O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou impede 
que o resultado se produza, só responde pelos atos já praticados. 
Para Liszt, no momento em que o agente transpõe a linha divisória entre os atos 
preparatórios impunes e o começo da execução punível, incorre na penal cominada 
contra a tentativa. Semelhante fato não pode mais ser alterado, suprimido ou anulado 
retroativamente, Pode, porém, a lei, por considerações de política criminal, construir um 
ponte de ouro para a retirada do agente que já se tornara passível de pena. 
Apesar de intensa discussão acerca da natureza jurídica dos referidos institutos, havendo 
defensores da classificação como (1) causa pessoal de extinção da punibilidade (ex: 
Zaffaroni), (2) causa de exclusão da culpabilidade (ex: Claus Roxin), prevalece na 
doutrina e jurisprudência pátria a concepção de (3) causa de exclusão da tipicidade. 
Avançando em seus estudos, o mesmo Franz Von Liszt identificou como ponte de prata 
do direito penal outro importante instituto, qual seja o arrependimento posterior. 
Perceba que se trata de um caminho a ser adotado pelo agente criminoso, ofertado pela 
legislação visando também à redução de danos da conduta delituosa que, não obstante 
não evitar que o réu responda pelo crime perpetrado, autoriza uma minoração das 
circunstâncias, viabilizando que o processamento se dê como se tentativa fosse. Ele não 
será beneficiado com a exclusão da tipicidade (ponte de ouro), mas o será com a (causa 
de) redução da pena! Vejamos o que nos diz o atual artigo 16 do Código Penal Brasileiro: 
Art. 16 – Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o 
dano ou restituída à coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato 
voluntário do agente, a pena será reduzida de um a dois terços. 
Como regra, em interpretação ao dispositivo colacionado supra, a ponte de prata do 
direito penal surge, em crimes cometidos sem violência ou grave ameaça (1), desde que, 
antes do recebimento da denúncia (2), por ato voluntário (3) o agente tenha reparado o 
dano ou restituída à coisa (4). 
OBS: Basta imaginarmos um crime de furto em que o agente devolva o objeto subtraído 
antes do recebimento da denúncia. Ele será beneficiado pela ponte de ouro (art. 15 
CPB)? Não, pois o resultado já foi produzido. Mas sem dúvidas ele poderá se valer da 
ponte de prata, já que preenchidos todos os requisitos do instituto do arrependimento 
posterior! 
AUTO DE RECONHECIMENTO DE PESSOAS 
- O STF reconhece a obrigatoriedade na participação do acusado no auto de 
reconhecimento, que por lógica é diferente da não obrigatoriedade na participação do auto 
de reconstituição, tendo em vista que a pessoa não pratica nenhuma ação, apenas 
TOLERA. 
TRÁFICO NO INTERIOR DE TRANSPORTE PÚBLICO 
- Para ocorrer à incidência da majorante do artigo 40, III, da Lei 11.343/06, ao agente não 
basta portar droga no interior de transporte público, ele tem que realizar a conduta 
“vender” no interior do transporte. Este é o ENTENDIMENTO do STJ. 
OBS: Se o examinador perguntar: “...segundo letra da lei...”, sempre deverá responder o 
que a Lei diz, e nesse caso, o fato de portar consigo em transporte público já é o suficiente 
para incidir a majorante. 
 
ATO INFRACIONAL X ECA X REPRESENTAÇÃO DA VÍTIMA 
 
- Mesmo que a vítima de ato infracional análogo a crime que exija representação, não 
deseje prosseguir com a representação junto ao DelPol, este lavrará procedimento tendo 
em vista que o ato infracional análogo a crime, não necessita de representação, diferente 
do crime portanto. No caso, o Estado tem o dever de corrigir o menor infrator. 
 
CRIME PROFISSIONAL e CRIME/DELITO DE CIRCULAÇÃO 
 
- Crime Profissional é qualquer delito praticado por aquele que exerce uma 
profissão, utilizando-se dela para a atividade ilícita. Assim, o aborto praticado por 
médicos ou parteiras, o furto qualificado com chave falsa ou rompimento de obstáculos 
por serralheiro, etc. 
- Delito de circulação é o “Praticado por intermédio do automóvel” (Damásio E. de 
Jesus). 
 
 
 
APLICABILIDADE DA LEI PENAL BENEFICA DURANTE A VACATIO 
LEGIS 
 
- Entendimento majoritário (STF), reza que uma lei que está no período de vacatio legis 
ainda não está vigor, portanto não se aplica, ainda que mais benéfica. 
 
ROUBO e POSTERIOR ESTELIONATO X STJ 
 
Exemplo: Agente rouba bolsa de transeunte e dentre os itens que existiam na bolsa, era o 
documento de identidade dela e um talonato de cheque. 
Aproveitando-se do acesso que possuía a assinatura da mesma, falsifica a sua assinatura 
no cheque e vai até estabelecimento bancário tentar saca-lo. Caixa percebe o nervosismo 
e chama policia. 
Preso em flagrante, DelPol lavrá os procedimentos necessários e encaminha para o juiz 
que remete ao MP. Este o denúncia pelo crime de roubo e tentativa de estelionato. A 
defesa alega que não poderia o MP denuncia-lo no crime de tentativa de estelionato tendo 
em vista que se trataria de “pos factum”, portanto mero exaurimento do crime. - Para o 
STJ não tem que se falar em “pos factum” impunível, tendo em vista que são bens 
jurídicos distintos, vitimas distintas e designíos autônomos. 
Assim, deve o mesmo responder por roubo e tentativa de estelionato em concurso material 
de crimes. 
Julgado STJ: HC 309939, 5º turma, 28/05/2015 
 
LESÃO CORPORAL GRAVISSIMA (deformidade permanente) X CIRURGIA 
REPARADORA 
 
- Art. 129, § 2º, CP - Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem: 
§ 2º Se resulta: 
IV - deformidade permanente. 
- O termo “gravíssima” é originaria da doutrina, não constando dessa forma no CP. 
Exemplo: Denúncia proposta pelo MP, mesmo se no curso da ação a vítima realizar 
cirurgia reparadora, que elimine ou diminui a deformidade, para a doutrina retira a 
qualificadora, considerando que a lesão não existe mais. 
- Para o STJ, mesmo que realizada a cirurgia reparadora, eliminando ou diminuindo a 
deformidade, haverá a incidência da qualificadora, tendo em vista que deformidade 
ocorre no momento da lesão, materializando o crime e sua qualificadora. 
Julgado STJ: HC 306677 RJ, 19/04/2015 
ARTIGO 310 CTB (entregar veículo a quem não possui habilitação) X STJ 
- Para a 6º turma do STJ, entende que o simples fato de entregar a pessoa não 
habilitada (artigo 310, CTB), é crime de perigo abstrato. 
- Responde quem entrega, mas se quem conduz não age em desconformidade, este 
não responde por crime. Já se quem conduz age causando perigo, responderá pelo artigo 
309, CTB. 
OBS: Quem entrega o veículo precisa ter conhecimento de que este que conduz não tem 
habilitação ou não tem capacidade psicomotora ou ainda não está alcoolizado. 
Julgado STJ: REsp 1468099 MG, 19/03/2015 
CRIME DE HERMENEUTICA 
 
- No ano de 1896 o então governador do RS, que era taxado como “presidente” editou lei 
estadual que tratava de questões penais (mais precisamente sobre tribunal do júri). - Juiz 
singular, entretanto, entendendo que não deveria aplicar a lei editada pelo governador 
do RS por ser inconstitucional, acabou por não aplicar no caso concreto. Situação levou 
o governadora levar o caso para o PGR que ofertou denúncia contra o juiz. Ocorreu a 
condenação do magistrado, mas o douto Rui Barbosa recorreu ao STF. - As decisões 
sempre refletirão um entendimento pautado na convicção pessoal e na interpretação das 
leis. O crime de hermenêutica, combatido por Rui Barbosa, que lançou a seguinte 
vetusta advertência: "Para fazer do magistrado uma impotência equivalente, criaram a 
novidade da doutrina, que inventou para o Juiz os crimes de hermenêutica, 
responsabilizando-o penalmente pelas rebeldias da sua consciência ao padrão 
oficial no entendimento dos textos. Esta hipérbole do absurdo não tem linhagem 
conhecida: nasceu entre nós por geração espontânea. E, se passar, fará da toga a mais 
humilde das profissões servis, estabelecendo, para o aplicador judicial das leis, uma 
subalternidade constantemente ameaçada pelos oráculos da ortodoxia cortes" (Obras 
Completas de Rui Barbosa, Vol. XXIII, Tomo III, p. 228). 
- Ou seja, é a invenção de tentar criminalizar o juiz por julgar com base em seus 
convencimentos ao interpretar a lei que irá aplicar no caso concreto. - Neste julgamento 
o Brasil iniciou o controle difuso de constitucionalidade. 
- O juiz neste caso concreto deixou de aplicar a lei no caso concreto por 
inconstitucionalidade. 
O QUE É CRIME DE COLARINHO AZUL? 
Um crime de colarinho azul refere-se a uma pessoa de uma classe inferior que comete um 
crime. 
 
O QUE SIGNIFICA A “SÍNDROME DE ALICE” NO DIREITO PENAL? 
 
- O que significa a “síndrome de Alice” no Direito Penal? 
Em sua obra “Crime e Castigo – Reflexões Politicamente Incorretas” (ed. Millenium), 
Ricardo Dip denomina de “Síndrome de Alice” as tentativas de transformar o Direito 
Penal num “mundo de fantasias”, isto é, num “direito penal de fantasia”. A “síndrome de 
Alice” consiste justamente em imaginar que o Direito Penal conseguirá resolver o 
problema da violência e da criminalidade. 
- Na verdade, os complexos fenômenos da violência e da criminalidade somente podem 
ser enfrentados por meio de um amplo processo de inclusão social. Como o Direito 
Penal não resolve problemas sociais termina não servindo para diminuir a violência, 
apesar das expectativas em sentido contrário. 
- E são essas expectativas fantasiosas que Ricardo Dip denomina de “Síndrome de Alice”! 
 
CRIME DE RUA 
 
- São delitos que a sociedade pode visualizar/testemunha sendo cometidos na rua. 
- Crimes que ocorrem com habitualidade. 
Exemplo: Furto, Roubo, agressão (lesões corporais). 
 
 
CIFRAS ROSAS 
 
- São crimes cometidos por homofobia. 
 
O QUE É DENOMINADO CRIME SEM AÇÃO? 
 
- Também chamado de crime de mera suspeita / crime sem ação / e crime de mera posição. 
Ou seja, crime por simplesmente suspeita. 
- Crime de perigo abstrato. 
- O autor é punido pela mera suspeita despertada. Em nosso ordenamento jurídico, só há 
uma forma que se assemelha a esse crime, que é a contravenção penal prevista no art. 
25 da LCP (posse de instrumentos usualmente empregados para a prática de crime 
contra o patrimônio, por quem já tenha sido condenado por esse delito). 
- O STF julgando o Recurso Extraordinário 583523, entendeu que o artigo é 
INCONSTITUCIONAL, justamente por não ser possível utilizar antecedentes como 
forma de criminalizar uma situação em que não ocorreu ação. 
- Embora seja inconstitucional o artigo 25, a vadiagem e mendicância ainda se encontram 
em vigor, mas caíram em desuso por conta da mudança da realidade econômica e social 
do País. 
 
TRAMITAÇÃO DE INQUÉRITO POLICIAL X STF 
 
- Inquérito policial é um procedimento administrativo com uma roupagem inquisitorial. 
Via de regra ele não comporta contraditório e ampla defesa. 
- Inquérito policial não é PROCESSO JUDICIAL e sim PROCEDIMENTO 
ADMINISTRATIVO. 
- A exceção, Lei 6815 (lei de investigação de expulsão de estrangeiro), durante o 
inquérito policial terá garantido o direito de contraditório e ampla defesa. 
- Ao fim, o delegado apresenta relatório que em regra não pode conter juízo de valor, 
salvo na Lei 11.343/06, em que o delegado deverá motivar a classificação do delito. - 
Prazo normal para conclusão do IP, artigo 10 CPP, 10 dias (preso em flagrante ou 
preventiva) e 30 dias (solto). 
- Envio do IP tendo como destinatário final o juiz de direito. 
- LOMP / RJ determinava o envio do IP da autoridade policial diretamente para os 
membros do MP. Assim ocorreu o julgamento da ADI 2886 (julgado em 03/04/2014, 
informativo 741), em quando apreciado pelo STF, este entendeu que ofender o artigo 
24, §1º CR. 
 
PERDÃO JUDICIAL NO HOMICIDIO CULPOSO E LESÃO CORPORAL 
CULPOSA 
 
- Perdão Judicial tem natureza jurídica de extinção de punibilidade (art. 107, IX, CP). - 
Perdão judicial, está previsto no art. 121, § 5º, CP, tratado como ato unilateral e é 
diferente do perdão judicial da ação penal privada, em que este é um ato bilateral. 
Ex: Pai que esqueceu filho em carro e este veio a falecer por asfixia. 
- MAJORITARIAMENTE o termo “... poderá...” deve ser entendido como “... deverá...” 
para o juiz, obedecendo obviamente os requisitos. 
- A doutrina e jurisprudência entendem que em caso de homicídio culposo na condução 
de veículo automotor, responderá pelo art. 302, CTB, mesmo no código de trânsito não 
prevendo o perdão judicial, por analogia “in bonam partem”, se aplicaria atendidos os 
requisitos. 
Para o STJ é necessário vinculo afetivo. 
Agravo REsp 14551 DF, de 06/06/2014 
- No caso do agente que ingere bebida alcóolica e se envolve em acidente, vindo a 
acompanhante a falecer, responder por homicídio doloso por dolo eventual segundo 
STF, mesmo no CTB prevendo o crime de homicídio culposo qualificado por ingestão 
de substância que altera os sentidos. 
- No caso de lesão corporal, por exemplo, de um acidente, tendo dois passageiros, o 
perdão judicial é possível se o agente provocador tiver uma lesão muito grave, poderá 
ser aplicada. 
 
ARQUIVAMENTO IMPLICITO E INDIRETO DO INQUERITO POLICIAL 
 
- Arquivamento implícito é o fenômeno através do qual o titular da ação penal pública 
(Ministério Público), deixa de incluir na denúncia algum fato investigado ou algum dos 
indiciados, sem justificação ou expressa manifestação deste procedimento, sendo que 
esse arquivamento irá se consumar quando o juiz não se pronunciar com relação aos 
fatos omitidos na peça de acusação. O arquivamento implícito tem duplo aspecto. 
Subjetivo, quando a omissão refere-se a um ou mais indiciados, e objetivo, quando 
concernente a fatos investigados não considerados na decisão. 
- Já o arquivamento indireto surge quando o membro do Ministério Público se vê sem 
atribuição para oficiar em um determinado feito e o magistrado, por sua vez, se diz com 
competência para apreciar a matéria. O arquivamento indireto nada mais é do que uma 
tentativa por parte do membro do Ministério Público de arquivar a questão em uma 
determinada esfera. 
- Pode o Juiz enviar os autos para o PGE / PGR utilizando do artigo 28 do CPP. 
OBS: Ambas as possibilidades não estão previstas no sistema processual brasileiro. 
TEORIA DA REITERAÇÃO NÃO CUMULATIVA DE CONDUTAS DE 
GÊNERO DISTINTO 
- O principio da insignificância nasce com KLAUS ROXIN. 
- A 6º turma do STJ, entende que as condições pessoais negativas do Autor (reincidência, 
antecedentes e outros), ou seja, a reiteração criminosa impede a aplicação do principio 
da insignificância para crime de descaminho. 
- a 5º Turma do STJ tem posicionamento contrário ao da 6º turma, dessa forma 
entendendo ser possível. 
- Assim, o STF entende que a via ordinária (primeiro grau), por estar mais próximaao 
fato, deverá avaliar a aplicação ou não do principio. Mas o STF estabeleceu parâmetros 
que devem ser observados. 
- No HC 844120 SP, o STF estabeleceu os requisitos mínimos: 
REQUISITOS OBJETIVOS: 
• Mínima ofensividade da conduta; 
• Nenhuma periculosidade da ação; 
• Reduzido grau do comportamento; 
• Inexpressividade do valor do bem jurídico. 
- A doutrina ainda fala de requisitos subjetivos, por exemplo, o valor que o bem representa 
para vítima. 
- Em 2014, julgamento de agente com vários delitos de natureza diversos, ocorreu junto 
ao STF (HC 114723, 26 de agosto de 2014). 
 Reiteração cumulativa: 
 É quando vários atos são realizados por mais inexpressiva quando fracionados, no final, 
somando-se deixa de ser insignificante. 
 Reiteração não cumulativa de condutas do mesmo gênero: 
 É quando vários atos são realizados em momentos diversos, mas no mesmo gênero. 
OBS: LFG entende ser possível somente se não for verificado no caso concreto o “modus 
vivendi” do agente. 
 Reiteração não cumulativa de condutas de gênero distinto: 
 São vários atos realizados em momentos distintos, de gêneros diferentes. O STF 
entendeu ser possível a aplicação do principio da insignificância. 
TEORIA DA COCULPABILIDADE AS AVESSAS OU INVERSA 
- De acordo com Eugenio Raul Zaffaroni, coculpabilidade é a corresponsabilidade do 
Estado no cometimento de determinados delitos, praticados por cidadãos que possuem 
menor âmbito de autodeterminação diante das circunstâncias do caso concreto, 
principalmente no que se refere a condições sociais e econômicas do agente, o que enseja 
menor reprovação social. 
- Nesse sentido, ainda que cometessem o mesmo crime, a pena de uma pessoa de alto 
nível social e econômico, portadora de ensino superior, seria maior do que a sanção 
imposta a uma pessoa de baixo nível cultural e econômico. Zaffaroni defende que neste 
último caso o Estado seria corresponsável pelo delito, pois não ofereceu condições de 
aprimoramento cultural e econômico ao agente. 
- Duas correntes diferem no que seria a concepção da coculpabilidade: 
A primeira perspectiva de que trata a teoria da coculpabilidade às avessas se 
traduz no abrandamento à sanção de delitos praticados por pessoa com alto poder 
econômico e social, como no caso dos crimes de colarinho branco (crimes contra a ordem 
econômica e tributária). Exemplo prático disto no Brasil é a extinção da punibilidade pelo 
pagamento da dívida nos crimes contra a ordem tributária. 
A segunda vertente se revela na tipificação de condutas que só podem ser 
praticadas por pessoas marginalizadas. Exemplos disto são os artigos 59 (vadiagem) e 60 
(mendicância – revogado pela lei 11.983/2009), da Lei de Contravenções Penais. 
Dispõe o artigo 59: Entregar-se alguém habitualmente à ociosidade, sendo válido para o 
trabalho, sem ter renda que lhe assegure meios bastantes de subsistência, ou prover à 
própria subsistência mediante ocupação ilícita: Pena - prisão simples, de quinze dias a 
três meses. Percebam que se trata de um crime discriminatório, direcionado justamente 
às pessoas que a coculpabilidade busca resguardar. 
- O STJ / STF não admite a coculpabilidade, muito menos a coculpabilidade invertida. 
- Não existe a previsão explicita, mas existe a previsão implícita para o Zaffaroni. 
 
O QUE É CONCAUSA? 
- Concausa nada mais é do que o concurso de fatores (preexistentes, concomitantes ou 
supervenientes) que, paralelamente ao comportamento do agente, são capazes de 
modificar o curso natural do resultado. Ou seja, são fatores externos à vontade do 
agente, mas que se unem a sua conduta. Assim, têm-se duas causas: a do agente e esses 
fatores que com a dele convergem. Desta feita, em relação a esses fatores, pode-se 
afirmar que existem duas modalidades de causas: as dependentes e as independentes. 
 
FINANCIAMENTO ART. 36 X TRÁFICO ART. 33 X STJ 
 
- O agente que responde pelo art. 36, da Lei 11.343/06, terá uma reprimenda maior. 
- É possível a associação para a prática do financiamento que incorre no artigo 35, da lei 
11.343/06. 
- É possível o agente financiar e vender ao mesmo tempo, e o STJ já decidiu que 
não responde pelo art. 33 e 36 da Lei 11.343/06, e sim tipificando o art. 33 do aumento 
de pena do art. 40 da lei 11.343/06. 
Julgado STJ 6º, turma, REsp 1290296 Paraná, 17/11/2013, Informativo 534 
- A doutrina diz que não há possibilidade de jogar na associação a pessoa que 
financia e o traficante. 
- Não é possível falar em concurso de crime entre eles, e sim enquadra-los no art. 
33 C/C aumento de pena do art. 40 da Lei 11.343/06. 
 
VUNERABILIDADE NOS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL NA 
VISÃO DO STJ 
- Art. 217-A, CP: Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 
14 (catorze) anos. 
- A manifestação do menor de 18 (dezoito) anos, é irrelevante para o direito. 
- Em regra a ação é pública condicionada à representação. 
- Se a vítima é menor de 18 (dezoito) anos ou vulnerável, será pública incondicionada. 
 Vulnerabilidade RELATIVA ou ABSOLUTA? 
 A vulnerabilidade ao qual se refere o artigo 225, CP, é a absoluta / completa / permanente 
na visão do STJ. 
Julgado em HC 276510 RJ 
 Para o STJ a vulnerabilidade transitória será ação penal pública 
condicionada à representação, aguardando, portanto a vítima retornar a consciência para 
manifestar sua vontade. 
- Documento hábil para comprovar a idade de uma pessoa será a certidão de nascimento, 
mas o STJ entende que na ausência deste, não será impeditivo para verificar a idade de 
uma pessoa se de outros meios o juiz puder realizar a verificação, por outras provas. 
Ex: depoimentos, fotos, histórico escolar e outros. 
Julgado Agravo Regimental em REsp 12700 Acre 
- O STJ lançando mão do principio da proteção integral e do principio da proteção 
deficiente do Estado, fazendo alusão ao artigo 227 da CR (dever de proteção familiar), 
bem como o comando de criminalização, a vulnerabilidade absoluta independente se o 
meio social em que vive a menor de 14 anos aceita tal conduta/pratica ou não, muito 
menos seus familiares uma relação MENOR X MAIOR. 
Julgado STJ em REsp 1480881 Piaui – Vulnerabilidade absoluta. 
 
 
 
 
 
ALTERAÇÃO REALIZADA PELA LEI 13.257/2016 CPP 
- Altera o CPP nos artigos: 
Os arts. 6o, 185, 304 e 318 do Decreto-Lei no 3.689, de 3 de outubro de 1941 
(Código de Processo Penal), passam a vigorar com as seguintes alterações: 
Art. 6o. 
X - colher informações sobre a existência de filhos, respectivas idades e se possuem 
alguma deficiência e o nome e o contato de eventual responsável pelos cuidados dos 
filhos, indicado pela pessoa presa. 
Art. 185. 
§ 10. Do interrogatório deverá constar a informação sobre a existência de filhos, 
respectivas idades e se possuem alguma deficiência e o nome e o contato de eventual 
responsável pelos cuidados dos filhos, indicado pela pessoa presa. 
Art. 304. 
§ 4o Da lavratura do auto de prisão em flagrante deverá constar a informação sobre 
a existência de filhos, respectivas idades e se possuem alguma deficiência e o nome e o 
contato de eventual responsável pelos cuidados dos filhos, indicado pela pessoa presa. 
Art. 318. 
IV - gestante; 
V - mulher com filho de até 12 (doze) anos de idade incompletos; 
VI - homem, caso seja o único responsável pelos cuidados do filho de até 12 
(doze) anos de idade incompletos. 
 
 
ART. 33 + 35 X 33, § 4º DA LEI 11.343/06 
 
- Associação para o tráfico não é considerado tráfico, portanto não é crime equiparado a 
crime hediondo. 
- Associação é crime permanente. 
- Art.33, da lei 11.343/06 possui verbos incriminadores / criminalizantes. 
- Art. 33, § 4º, da lei 11.343/06, trata do tráfico privilegiado, não sendo possível a 
concessão do indulto. 
- Pode o agente ser condenado incurso nos artigos 33 e 35 da lei 11.343/06. 
- O STJ analisando caso concreto decidiu pela NÃO aplicabilidade do indulto no tráfico 
privilegiado, pois o privilégio não afasta a tipicidade. 
Súmula 512, STJ. 
- O STJ também decidiu que NÃO pode ser aplicada a causa de diminuição de pena 
(tráfico privilegiado), artigo 33, §4º, da lei 11.343/06, na hipótese do réu ser condenado 
por tráfico e associação na mesma ação penal. 
Julgado REsp 1199671, 26 de fevereiro de 2013 
 
O QUE É DENOMINADO DIREITO OU SISTEMA PENAL SUBTERRÂNEO 
 
- Para que o agente cumpra sua pena, ela é submetida ao sistema penal / legal / 
formal. - Segundo o professor Zaffaroni, o sistema penal subterrâneo é exercido pelas 
agências de criminalização que pode ser agência primaria (ex: politica – poder legislativo; 
poder executivo eventualmente – criam leis), bem como agência secundária (ex: 
judiciário, policia, penitenciária – aplicadores da lei). 
- O sistema penal subterrâneo não possui agência, institucionaliza a pena de morte, 
desaparecimentos, torturas, sequestros, exploração do jogo, da prostituição, entre outros 
delitos. 
- É o sistema utilizado por milicianos, por exemplo, em que ele mesmo apura, julga, 
condena e aplica a pena. 
- O agente público, neste caso usando a figura de um delegado de policia, pratica 
tortura ou qualquer ato à margem da lei e de maneira violenta e arbitrária contra um autor 
de um delito, contando com a participação ativa ou passiva, em maior ou menor grau, dos 
demais operadores que compõem o sistema penal. Ocorrendo assim a acusação, processo 
e condenação tudo ocorrendo, por exemplo, dentro de uma delegacia de policia, 
vilipendiando o sistema legal e a legislação. 
- Portanto, para o professor Zaffaroni, o direito penal subterrâneo é aquele em que 
é praticada infração penal por agente do Estado (por exemplo, na apuração de um delito) 
não seguindo os ditames legais. Também denominado direito penal às escuras, não 
seguindo o garantismo penal. 
 
PRINCIPIO DA MATERIALIZAÇÃO DO FATO NO DIREITO PENAL 
- O princípio da materialização do fato significa que o Estado só pode incriminar 
penalmente condutas humanas voluntárias que se exteriorizem por meio de concretas 
ações ou omissões, isto é, de fatos. Esses fatos devem consistir em condutas suscetíveis 
de percepção sensorial. 
- Do princípio da materialização ou exteriorização do fato se depreendem, 
basicamente, duas consequências: 
a) em primeiro lugar, que ninguém pode ser castigado por seus pensamentos, 
desejos ou meras cogitações; 
b) em segundo lugar, que a forma de ser do sujeito, seu estilo de vida, suas 
convicções pessoais, sua ideologia ou sua própria personalidade não pode servir de 
fundamento para a responsabilidade criminal ou mesmo para sua agravação. 
O QUE É POPULISMO PENAL / DIREITO PENAL MIDIATICO 
 
Em que consiste o populismo penal? 
- O populismo penal é um discurso e, ao mesmo tempo, uma prática punitiva (um método, 
um procedimento ou um movimento de política criminal), paralelo (com características 
próprias) e, ao mesmo tempo, complementar de tantos outros discursos punitivistas 
(movimento da lei e ordem, tolerância zero, direito penal do inimigo etc.), e, 
concomitantemente, uma doença das democracias contemporâneas (busca-se o apoio ou 
o consenso popular para suas erráticas e antidemocráticas teses), inventado pelo 
ultraliberalismo norte-americano e inglês (anos 70), que é neoliberal na economia 
(combate ao EBES), neointervencionista no plano internacional e neoconservador no 
campo penal, e usado como estratégia (dentre tantas outras) de combate ao estado de 
mal-estar econômico, quase universal (instabilidade laboral, desemprego, redução 
salarial, desigualdade, pobreza etc.), gerado pelo neoliberalismo econômico (Estado 
mínimo, Estado penal) ou agravado por ele naquelas partes do planeta marcadas pelas 
densas heranças escravagistas, aristocratas e oligárquicas locais, como é o caso do 
Brasil, [discurso punitivista] que se exprime por meio de um novo direito penal 
autoritário, hiperpunitivista e neoconservador (novo frente aos regimes de Stalin, Hitler, 
aos fascismos, ditaduras etc.), [discurso] que foi espalhado para o mundo, a partir dos 
anos 70, pelo ultraliberalismo norte-americano e inglês, que criou ou incrementou a 
doença (estado de mal-estar econômico), fabricando, ao mesmo tempo, o “remédio” do 
populismo penal, que procura se legitimar (busca de consenso ou apoio popular), nas 
democracias contemporâneas (no Brasil o populismo penal nasceu junto com a 
redemocratização – 1985), por meio do medo e da insegurança (ou seja: do pânico 
moral), que é explorado, dramatizado e difundido pela criminologia midiática, para o 
endurecimento constante da lei penal (revigoramento persistente do poder punitivo), 
mesmo onde os índices de criminalidade estejam caindo sob a promessa de que, com 
isso, vai resolver o problema social enfocado em cada momento, em razão do efeito 
dissuasório da pena e da condenação (confia-se em utopias reacionárias, como a do 
tolerância zero). 
- O populismo penal constitui a base prática e discursiva da política pública mais 
irresponsável dos governos democráticos, porque confia em algo que não funciona nada 
bem (justiça repressiva), para a solução de um gravíssimo problema social, que é a 
insegurança pública (comparação com a dengue). 
- Ele pressupõe: 
a) um determinado tipo de democracia, que se caracteriza pela busca de apoio popular ao 
endurecimento penal, bem como pelo uso (a instrumentalização) do direito penal (do 
poder punitivo) como “arma política e eleitoreira”. 
- E se caracteriza: 
a) pela degeneração do funcionalismo penal de Durkheim e de Luhmann, levada a 
cabo no campo penal por G. Jakobs (com seu direito penal do inimigo); 
b) pela transformação da demanda populista por mais castigo em vingança (que é 
uma festa – Nietzsche), que se vê favorecida por uma técnica (mnemotécnica) também 
explicada por Nietzsche; 
c) pela difusão do medo e da insegurança pela criminologia midiática, que assume o 
papel, a partir da exploração e espetacularização do medo e da insegurança, de (a) 
empreendedora moral do castigo ou mesmo (b) de uma mídia; 
d) pela transformação da segurança social (dos direitos sociais) e individual 
(segurança do cidadão frente ao Estado) em segurança pública, que no fundo é a 
segurança do Estado e do modelo sócio-econômico que o comanda, que não se confunde 
com o conceito de segurança nacional das ditaduras; 
e) pela absoluta ineficácia preventiva das suas medidas (nenhum tipo de crime 
diminuiu de 1985 para cá, visto que o populismo penal acredita no efeito dissuasório da 
pena e da condenação). 
- O processo (o discurso) do populismo penal: 
(a) se alimenta e se incrementa diuturnamente com a “sensação de impotência” do 
cidadão (amedrontado, inseguro, desnorteado) que, ao demandar vingança, transforma 
sua impotência em prepotência; 
(b) ganha visibilidade concreta com a atuação populista dos agentes executivos do 
poder punitivo (policiais e agentes penitenciários), que dão vida ao novo direito penal 
autoritário; 
(c) e se torna patológico, escatológico e nazista quando conta com o apoio dos juízes 
(que deveriam funcionar como semáforo vermelho de contenção dos abusos do Estado de 
Polícia). 
- O produto final gerado pelo populismo penal (o direito penal autoritário e prepotente 
produzido por ele) é atécnico, irracional, desproporcional(excessivo), desarrazoado, 
demagógico, antigarantista, hiperpunitivo, neoconservador, reacionário, simbólico (em 
termos de prevenção de crime), propagandístico, desigual, discriminatório, 
fundamentalista, racista, nada empírico, muito intuitivo, falso, tendencioso, 
manipulador, paranoico, enganoso, ineficiente e vingativo. 
- O populismo penal é um engodo da democracia (porque é totalmente ineficiente em 
termos preventivos). 
- Ele promete resultados mágicos, como fim da insegurança, fim do medo, fim da 
delinquência, ou seja, uma ilusória cura para um problema social muito grave (que é a 
insegurança e o medo), assim como utopias reacionárias (tolerância zero, que leva a crer 
na criminalidade zero - Ferrajoli), por meio de uma infinidade de discursos sedutores, 
como lei e ordem, tolerância zero, inocuização, emergencialismo, guerra contra as 
drogas, guerra contra o crime organizado, guerra contra o terrorismo, three strikes and 
you are out, direito preventivo da sociedade de riscos, direito penal do inimigo, polícia 
operativa (do extermínio) etc. 
- Partindo de uma crença mágica, de que funciona o efeito dissuasório da pena e da 
condenação (metáfora do homem das cavernas). 
- Dentre tantos outros, são efeitos práticos do populismo penal: 
a) a produção de uma inflação legislativa desorganizada e irracional (quase 100 leis 
penais de 80 para cá); 
b) a desconfiguração (deformação) do direito penal liberal típico do Estado de Direito 
(perigo abstrato presumido, dolo eventual no lugar dos crimes culposos, 
responsabilidade coletiva etc.); 
c) a criação ou imposição de penas completamente desproporcionais (CP, art. 180, § 1º) 
(fundamentalismo punitivo); 
d) a exacerbação da rejeição social do preso e do egresso (que se transforma em zumbi); 
e) o incremento da criminalidade em razão da ineficácia preventiva de novos crimes (ou 
seja: não redução dos crimes), ao contrário, em alguns momentos, há inclusive a 
produção de mais crimes (o populismo penal apresenta também efeitos criminógenos) 
(metáfora do elefante e dos ratos); 
f) a não solução do problema social enfocado, em razão da inapetência do Estado e da 
sociedade (que deixam de buscar as soluções necessárias, factíveis, inteligentes e 
razoáveis para o seu devido equacionamento). 
g) o encarceramento massivo (e inusitado), sobretudo dos pobres (daí o caráter classista 
e racista do populismo penal conservador clássico – Ferrajoli), que nos últimos anos, 
no entanto, começaram a ter também a companhia de alguns poderosos (por força do 
efeito deslizante da mídia e do populismo disruptivos), cumprindo todos os culpados, 
no entanto, o papel de “bodes expiatórios”, cujas sanções seletivas tranquilizam 
momentaneamente o sentimento de vingança e de impotência do cidadão. 
 
DESNECESSIDADE DE MANDADO JUDICIAL PARA ENTRADA EM 
RESIDÊNCIA PARA PRISÃO EM FLAGRANTE X PRISÃO EM FLAGRANTE 
 
- Mandado de prisão pode ser cumprida a noite, o que não pode é entrar na casa para 
cumprir, salvo os casos previstos no Art. 5º, XI, CR. Exemplo: Autor que se encontra 
em barzinho ou em frente a sua residência. 
- 1ª corrente (majoritária), entende ser possível entrar na residência e prender o autor do 
fato que se evadiu, em flagrante. 
CR, 5º, XI, não faz diferença entre flagrante próprio e impróprio. 
- 2ª corrente, apostando no constitucionalismo moderno entende que a CR deve ser 
interpretado de maneira teleológica, buscando a intenção do legislador, e no caso em 
tela o legislador se referiu ao flagrante clássico (aquele que está praticando ação ou 
acabou de praticar). Art. 150, III, CR, embasa ainda mais esse posicionamento de 
somente se falar do flagrante próprio. 
- Art. 290, § 1º, CPP, explica o que seria “perseguição policial”. A perseguição comporta 
alguns pequenos intervalos. 
- O termo “logo após” é interpretado como IMEDIATISMO. 
- Não possui um lapso temporal de perseguição, se a perseguição é continua, não importa 
o tempo. 
- Flagrante presumido/assimilado/ficto está previsto no IV, 302, CPP, aquele encontrado 
com instrumentos, papeis e outros que presuma ter praticado o ato criminoso. O 
encontro desses objetos não pode ser casual, tem que haver conhecimento prévio por 
parte da policia acerca da situação. 
Julgado STF, HC 102646/Paraná. 
STF em 2010 entendeu que dispensava mandado judicial qualquer que fosse a natureza 
para que ocorra a entrada domiciliar em caso de prisão em flagrante. Acompanhando 
assim a corrente majoritária. 
Julgado STF, HC 91189 
 
A TEORIA DA "RATIO COGNOSCENDI" E A DÚVIDA DO JUIZ SOBRE AS 
EXCLUDENTES DE ILICITUDE 
 
- Sobre a relação (ou o grau de relação) entre o fato típico e a ilicitude formaram-se várias 
correntes doutrinárias, com repercussões práticas no âmbito processual, especialmente, 
na questão do ônus da prova e do princípio do in dubio pro reo. Dentre as teorias referidas 
podemos destacar: 
a) Teoria da autonomia ou absoluta independência pela qual a tipicidade não tem 
qualquer relação com a ilicitude, de tal sorte que ocorrido o fato típico, não se pode 
afirmar que ele é presumidamente ilícito, ainda que seja uma presunção relativa (isso 
ocorreu no tempo do causalismo e, sobretudo, na construção de Beling, em 1906); 
b) Teoria da indiciariedade ou da "ratio cognoscendi" pela qual se há fato típico, 
presume-se, relativamente, que ele é ilícito; o fato típico é o indício da ilicitude 
(Mayer, 1915), que deve ser afastada mediante prova em contrário, a cargo (leia-se 
ônus) da defesa. Ao contrário da primeira corrente, não há aqui uma absoluta 
independência entre esses dois substratos do crime, mas uma relativa 
interdependência; 
c) Teoria da absoluta dependência ou "ratio essendi": cria o conceito de tipo total do 
injusto, levando a ilicitude para o campo da tipicidade. Em outras palavras, a ilicitude é 
a essência da tipicidade, numa absoluta relação de dependência entre esses elementos do 
delito. Não havendo ilicitude, não há fato típico (Mezger, 1930); 
d) Teoria dos elementos negativos do tipo: tem o mesmo resultado prático da teoria 
anterior, embora com ela não se confunda (como, aliás, faz parcela da doutrina), porque 
construída sob-bases diferentes. Por essa teoria, o tipo penal é composto de elementos 
positivos ou expresso (que são as clássicas elementares do tipo penal) mais elementos 
negativos ou implícitos do tipo (causas excludentes de ilicitude). Para que o fato seja 
típico os elementos negativos - excludentes de ilicitude - não podem existir. Aqui também 
há uma absoluta relação de dependência entre fato típico e ilícito, um pressupondo a 
existência do outro (Merkel etc.). 
- Pois bem. No Brasil, em que pesem entendimentos em contrário, a doutrina e a 
jurisprudência majoritárias ainda se inclinam pela segunda das teorias apontadas, qual 
seja, a teoria da indiciariedade ou da "ratio cognoscendi" (que foi ratificada, 
posteriormente por Welzel). Em termos práticos, significa afirmar que ocorrido o fato 
típico, ele é presumidamente ilícito (presunção relativa). Por essa teoria não é ônus da 
acusação provar a inexistência de causa excludente de ilicitude, mas tão somente que o 
fato é típico. Cumpre à defesa provar a existência da descriminante e, portanto, a licitude 
do fato típico e, consequentemente, a inexistência de crime. 
- O raciocínio doutrinário até aqui referido parece correto e adequado à teoria da 
indiciariedade. Mas no campo processual, essa teoria da "ratio cognoscendi" deve ser 
analisada à luz do princípio do estado de inocência e de seu corolário principal, o princípio 
"in dubio pro reo”. Isso significa dizer que para ser absolvido o acusado não precisa 
provara existência da excludente de ilicitude, mas tão somente demonstrar a 
probabilidade da ocorrência da causa justificante. 
- Na precisa lição do saudoso Borges da Rosa, a acusação tem o ônus de apresentar 
provas de certeza, mas a defesa tem o ônus de apresentar apenas provas de probabilidade, 
de verossimilhança, de credibilidade, que causem dúvida (dúvida razoável) ao juiz, 
justamente porque tem a seu favor o axioma do "in dubio pro reo", intimamente ligado à 
dignidade da pessoa humana, a impedir condenações de pessoas inocentes. No dizer de 
Vicente Greco Filho, o ônus da defesa é um ônus diminuído, mitigado. O ônus da defesa 
tem "tamanho" menor do que o ônus da acusação. - Com efeito, ao criar dúvida no juiz 
sobre a existência ou não da descriminante, a defesa já cumpriu integralmente seu ônus 
probatório, é dizer, já afastou a certeza necessária sobre a ilicitude do comportamento 
típico que deve haver para que se possa condenar. Dito de outra forma, se o juiz, com as 
provas apresentadas na instrução pela defesa, estiver ao final da demanda em dúvida sobre 
a existência ou não da descriminante, isso significa que a defesa cumpriu seu ônus de 
provar a excludente, mediante um juízo de probabilidade, suficiente para afastar a 
presunção da ilicitude do fato típico imposta pela teoria da ratio cognoscendi. 
- A propósito, o saudoso Mirabete, ao analisar a questão do ônus da prova, 
acertadamente coloca que "com a adesão do Brasil à Convenção Americana sobre 
Direitos Humanos (Pacto de São José da Costa Rica), conforme Decreto n. 678, de 611-
92, vige no país a regra de que 'toda pessoa acusada de um delito tem direito a que se 
presuma sua inocência enquanto não se comprove legalmente sua culpa (art. 8º, 2, da 
Convenção). Dessa forma, atribuída à acusação o dever de provar a culpa do réu, impõe-
se sua absolvição mesmo na hipótese de restar dúvida quanto à procedência das 
alegações da defesa " (destaques nossos). 
- Realmente, se a defesa conseguir demonstrar a probabilidade de ter ocorrido uma 
situação justificante do fato típico a ensejar dúvida inafastável no julgador, estará mantido 
o estado de inocência estabelecido constitucionalmente (art. 5º, LVII da CF) e no Pacto 
mencionado, devendo o juiz absolver o acusado. A presunção de ilicitude do fato típico 
determinada pela teoria da "ratio cognoscendi" estará afastada e a constitucional 
presunção de inocência mantida, equação da qual deverá redundar à improcedência da 
demanda penal. 
- Esse entendimento se reforça ainda mais com as recentes alterações do Código de 
Processo Penal. O art. 386, V, do CPP dispunha que o juiz deveria absolver o réu quando 
existisse circunstância excludente do crime. O atual art. 386, VI do CPP (inciso alterado 
pela Lei 11.690 /2008) dispõe agora que o juiz deve absolver o acusado quando “existirem 
circunstâncias que excluam o crime ou isentem o réu de pena, ou mesmo se houver 
fundada dúvida sobre suas existências”. Parece-nos absolutamente claro que se a defesa 
criar para o juiz a dúvida sobre a existência ou não da excludente de ilicitude terá 
cumprido integralmente seu ônus probatório, devendo o juiz absolver o réu por expressa 
determinação do art. 386, inciso VI, parte final, do CPP. Aliás, o raciocínio é válido para 
qualquer situação: seja porque o réu fez alguma prova que gerou a dúvida, seja porque a 
acusação não afastou de forma inequívoca a dúvida sobre a existência da excludente. Em 
qualquer hipótese de dúvida, cabe ao juiz absolver. 
- É certo que para a absolvição sumária do acusado, o novo artigo 397, I, do CPP 
(com redação determinada pela Lei 11.719 /08) exige a "existência manifesta de causa 
excludente da ilicitude do fato"; mas para a absolvição após regular instrução, basta, 
conforme referido, "fundada dúvida sobre a existência" da causa justificante. Essa 
sistemática adotada pelas reformas do Código de Processo Penal, a propósito, é 
plenamente justificável. A absolvição sumária enseja um juízo precário de mérito que 
equivale a uma quase rejeição da inicial acusatória, sem qualquer aprofundamento na 
instrução processual, sem sequer a produção de provas pela acusação. Somente, portanto, 
uma evidência sobre a existência da excludente trazida pela defesa nessa fase inicial do 
processo pode autorizar, prematuramente, a absolvição do acusado. 
- Diferentemente se passa ao final da instrução probatória. Se após o esgotamento 
de todas as fases possíveis do procedimento remanescer a dúvida no magistrado sobre a 
existência ou não de excludente de ilicitude, isso equivale à falta de provas para condenar, 
devendo ser aplicado o princípio "in dubio pro reo "(estampado, expressamente, também 
no art. 386, VI , parte final, do CPP , especificamente quanto às justificantes e dirimentes). 
- Não é correto, portanto, afirmar, como se tem dito, que se o juiz estiver em dúvida 
se houve ou não, v.g, situação de legítima defesa, deve condenar o acusado, pois a defesa 
tinha o ônus de provar a existência da excludente e não a provou. E se não cumpriu seu 
ônus não pode se prevalecer do princípio "in dubio pro reo". 
- Se a defesa provar a existência da excludente de ilicitude é óbvio que a absolvição 
se impõe; mas se demonstrar a probabilidade da excludente de ilicitude ter ocorrido, 
ensejando dúvida no julgador, isso já basta para a improcedência da ação penal. Essa nos 
parece à equação acertada entre a teoria penal da ratio cognoscendi e a questão do ônus 
probatório quanto às excludentes de ilicitude e a mais adequada ao constitucional 
princípio do estado de inocência e de seu consectário lógico, o princípio "in dubio pro 
reo". 
- Tudo quanto acaba de ser dito vale integralmente para a decisão dos jurados (no 
Tribunal do Júri). Em caso de dúvida, impõe-se a absolvição do réu. 
SÍNDROME DE LONDRES 
- Na síndrome de Londres os reféns passam a discutir, discordar do comportamento 
dos sequestradores gerando uma antipatia que, muitas vezes, lhes poderá ser fatal. 
- A denominação Síndrome de Londres surgiu após o evento ocorrido na 
Embaixada Iraniana, localizada na cidade de Londres, onde seis terroristas árabes 
iranianos tomaram como reféns 16 diplomatas e funcionários iranianos, 3 cidadãos 
britânicos e 1 libanês, durante o período de 30 de abril a 5 de maio de 1980. 
- No grupo de reféns, havia um funcionário iraniano chamado Abbas Lavasani, que 
discutia, com frequência, com os terroristas dizendo que jamais se dedicaria ao Aiatolá e 
que seu compromisso era com a justiça da revolução islâmica. O clima entre Lavasani e 
os terroristas era o pior possível até que, em determinado momento do sequestro, quando 
decidiram que um dos reféns deveria ser morto para que acreditassem nas suas ameaças, 
os sequestradores escolheram Lavasini e o executaram. 
 
ALTERAÇÃO REALIZADA PELA LEI 13.228/2015 CP 
 
Art. 1o Esta Lei modifica o art. 171 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 
- Código Penal, com o propósito de estabelecer causa de aumento de pena na hipótese 
de estelionato cometido contra idoso. 
Art. 2o O art. 171 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal, 
passa a vigorar acrescido do seguinte § 4o: 
Art. 171. 
Estelionato contra idoso 
§ 4o Aplica-se a pena em dobro se o crime for cometido contra idoso. 
 
TEORIA DA CEGUEIRA DELIBERADA 
- “Teoria da Cegueira Deliberada”, também conhecida como “Willful Blindness 
Doctrine” (Doutrina da cegueira intencional), “Ostrich Instructions” (Instruções de 
avestruz), “Conscious Avoidance Doctrine” (Doutrina do ato de ignorância consciente), 
entre outros nomes. 
- Trata-se de teoria desenvolvida pela Suprema Corte dos Estados Unidos, que a tem

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