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= k é uma curva c no plano- xy. A curva C pode ser escrita em termo de componentes x =h(t) e y = m(t), em que t é um parâmetro, como o tempo em problemas de mecânica, mas que, em geral, pode ser um ângulo ou outra grandeza conveniente. Seja → r (t) = x^x + y^ y = h(t)^ x + m(t)^ y o vetor posição do ponto P(x,y) vem C (veja a figura 24, acima), e suponhamos que o ponto Po(xo,yo), em que f(x,y) tem um extremo, corresponda a t = to, isto é, → r (to) = xo^ x + yo^ y = h(to)^ x + m(to)^ y. Definindo F de uma variável t por F(t) =f(h(t),m(t)), vemos que, quando t varia, obtemos valores f(x,y) correspondem a (x,y) em C, isto é, f está sujeita ao vínculo g(x,y) = k; dessa forma, esta- mos considerando apenas os valores de f(x,y) que estão sobre pontos da curva C. Como f(xo,yo) é um extremo de f, segue-se que F(to) = f(h(to),m(to)) é um extremo deF(t). Assim, F’(to) = 0. Se encaramos F como uma função com- posta, então, pela regra da cadeia, Fazendo t = to, temos: Isso mostra que o vetor ∇→f(xo,yo) é perpen- dicular ao vetor → r’(to) tangente a C. Entretanto ∇→g(xo,yo) também é perpendicular a → r’(to) porque C é uma curva de nível para g. Como ∇→f(xo,yo) e ∇ → g(xo,yo) são perpendicula- res ao mesmo vetor, são paralelos entre si, isto é, ∇→f(xo,yo) = λ∇ → g(xo,yo) para algum λ. O número λ é chamado multiplicador de Lagran- ge. Voltemos, agora, ao problema da caixa com que abrimos esta discussão: sejam x, y e z o comprimento, a largura e a altura, respectiva- mente, da caixa em metros. Exemplo 1 Achar a caixa sem tampa de maior volume com superfície total de 12m2. Solução: Buscamos maximizar o volume V= xyz sujeito à restrição g(x,y,z) = 2xz+2yz+xy =12. 32 UEA – Licenciatura em Matemática Utilizando os multiplicadores de Lagrange, pro- curamos os valores de x, y, z e tais que ∇→V = λ∇→g e g(x,y,z) = 12. Partindo dessas condi- ções, geramos as equações: e 2xz+2yz+xy = 12, ou seja: (1) yz = (2z+y) (2) xz = (2z+x) (3) xy = (2x+2y) (4) 2xz+2yz+xy =12 Para resolver esse sistema de equações, va- mos lançar mão de alguns truques: observe que se multiplicarmos (2) por x, (3) por y e (4) por z, os lados esquerdos dessas equações ficam iguais. Assim temos que: (5) xyz = (2xz+xy) (6) xyz = (2yz+xy) (7) xyz = (2xz+2yz) Vê-se que 0 porque = 0 implicaria em ter yz = xz = xy = 0 em (1), (2) e (3), contradizendo a equação (4). De (5) e (6) temos: 2xz+xy = 2yz+xy que nos dá x = y. De (6) e (7) temos: 2yz+xy = 2xz+2yz, que dá 2xz = xy e portan- to y = 2z. Se substituirmos x = y =2z em (4), teremos: 4z2+4z2+4z2 = 12 sabendo que x, y, e z são todos positivos, temos que z =1, x = 2 e y = 2. Exemplo 2 Determine os valores extremos da função f(x,y) = x2 + 2y2 no círculo x2 + y2 = 1. Solução: Devemos achar os valores extremos de f (x,y) sujeita à restrição g(x,y) = x2 + y2 = 1. Utilizando os multiplicadores de Lagrange, re- solvemos as equações ∇→f = λ∇→g, g(x,y) = 1, que podem ser escritas como: , , e x2+y2 = 1 Elas resultam em: (8) 2x = 2x (9) 4y = 2y (10) x2+y2 = 1 A equação (8) dá-nos x = 0 ou =1. Se x = 0, então a equação (10) y = ±1. Se = 1, então a equação (9) dá-nos y = 0; assim, a equação (10) fornece x = ±1. Portanto os valores extremos de f(x,y) ocorrem nos pontos (0,1), (0,-1),(1,0), e (-1,0). Calculando f(x,y) nesses quatro pontos, temos: f (0,1) = 2 f(0,–1) = –2 f(1,0) = 1 f(–1,0) = 1 Portanto o valor máximo de f(x,y) no círculo x2+y2 = 1 é f(0,±1) = 2, o valor mínimo é f(±1,0) = 1. 1. Utilize os multiplicadores de Lagrange para determinar os valores máximo e mínimo da função sujeita à restrição dada: a) f(x,y) = x2-y2 ; x2+y2 =1 b) f(x,y,z) = xyz; x+y+z =100 c) f(x,y) = x2y ; x2+ 2y2 = 6 d) f(x,y,z) = x+y+z ; x2+ y2+z2 = 25 e) f(x,y,z) = x2+ y2+z2; x-y+z =1 f) f(x,y,z) = 2x+ 6y+10z; x2+ y2+z2 = 35 2. Deve-se construir uma caixa retangular fechada de 2m3 de volume. Se o custo por metro qua- drado do material para os lados, o fundo e a tampa é R$ 200, R$ 400,00 e R$ 300,00, 33 Cálculo II – Derivada direcional respectivamente, ache as dimensões que mini- mizam o custo. 3. Deve-se construir um depósito com tampa, em forma de cilindro circular reto e com área de superfície fixa. Mostre que o volume é máximo quando h = 2R. 4. Utilize multiplicadores de Lagrange para provar que o retângulo com área máxima, com perí- metro constante p, é um quadrado. 5. Determine as dimensões de uma caixa retan- gular de volume máximo tal que a soma de suas doze arestas seja um constante c. 6. Determine as dimensões da uma caixa retan- gular de maior volume se sua superfície total é dada como 64m2. UNIDADE III Integrais de linha 37 Cálculo II – Integrais de linha INTRODUÇÃO A integral de linha é uma generalização natural da integral definida , em que o intervalo [a, b] é substituído por uma curva, e a função integranda é um campo escalar ou um campo vetorial definido e limitado nessa curva. As integrais de linha são de uma importância fundamental em inúmeras aplicações, nomea- damente, em ligação com energia potencial, fluxo do calor, circulação de fluidos, etc. No que se segue, começaremos por apresen- tar os conceitos de curva e de comprimento de uma curva; em seguida, daremos a definição de integral de linha. Depois de enunciarmos as propriedades fundamentais da integral de linha, veremos a sua aplicação ao cálculo do trabal- ho realizado por uma força. TEMA 01 CAMINHOS E CURVAS Seja g uma função vectorial que toma valores em IRn e cujo domínio é um intervalo I ⊂ IR. À medida que a variável independente t percorre I, os correspondentes valores da função g(t) per- correm um conjunto de pontos de IRn, que con- stitui o contradomínio da função. Se a função tomar valores em IR2 ou em IR3, é possível visu- alizar, geometricamente, esse contradomínio. Exemplo 1 Seja g : IR → IR2 a função definida por: g(t) = (1 – 2t,1 +t) = (1, 1) + t(–2, 1) O contradomínio de g é a reta que passa pelo ponto (1, 1) e tem a direção do vetor (–2, 1). Se a função g é contínua em I, o contradomínio de g chama-se uma curva, mais concreta- mente, a curva descrita por g. Exemplo 2 A função f : IR → IR3 definida por: f (t) = (2t – 2 sent, 2 – 2 cos t, t) é contínua em IR. Temos apresenta a hélice descrita por f , isto é, o seu contradomínio. 38 UEA – Licenciatura em Matemática Exemplo 3 O traço da curva é o segmento de reta de extremidade inicial (–1,0,2) e final (7,6,4). Exemplo 4 O arco de parábola y = x2, x∈[0,2] pode ser representado, parametricamente, por , ou seja, é o traço da curva γ : [0,2] → IR2, dada por γ(t) = (t,t2). Exemplo 5 A curva Tem por traço a cúbica Observe que, elimidando-se o parâmetro t, obtemos , logo (x,y) pertence ao traço de γ se, e só se, . Definição 1 Chama-se caminho em IRn qualquer função contínua definida num intervalo (limitado ou não) de números reais I e com valores em IRn. O contradomínio de um caminho chama-se cur- va ou arco. Se g : I → IRn é um caminho, diz–se que C = g (I) é a curva representada por g, e que g é uma representação paramétrica da curva C; como os pontos da curva são da forma g (t), com t ∈ I, a variável t é, habitualmente, designa- da por parâmetro da representação paramétri- ca considerada. Se g é um caminho definido num intervalo fechado e limitado I = [a, b], os pontos g (a) e g (b) chamam-se extremos do caminho g, respectivamente, o ponto inicial e o ponto final do caminho g. As propriedades da função g podem ser uti- lizadas para investigar as propriedades geo- métricas do seu gráfico. Em particular, a deri- vada g’ = (g’1,g’2,g’2,...g’n) está relacionada com o conceito de tangência, tal como no caso