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1 DIREITO PREVIDENCIÁRIO Atualização: 1º semestre 2013 PRIMEIRA PARTE: REGIME GERAL DE PREVIDÊNCIA SOCIAL NOÇÕES ELEMENTARES SOBRE SEGURIDADE SOCIAL Seguridade Social – artigo 194, CF – é um conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinado a assegurar o direito relativo à saúde, à previdência e à assistência social. A Constituição Federal de 1988 reuniu as três atividades da seguridade social: saúde, previdência social e assistência social, ganhando autonomia em relação ao Direito do Trabalho, sendo tratada no Capitulo “Da Ordem Social”. Portanto, a Seguridade Social compreende as ações nas áreas da saúde, da assistência social e da previdência social. Essas ações são de responsabilidade dos Poderes Públicos (União, Estados, Distrito Federal de Municípios), que devem inserir recursos em suas leis orçamentárias para garantir o desenvolvimento dessas ações, bem como da sociedade. Para se obter as ações da seguridade social nas áreas da saúde e da assistência social não é necessário contribuir para um sistema securitário. A Constituição Federal estabelece que a saúde é direito de todos e dever do Estado (artigo 196, CF) e que a assistência social será prestada a quem dela necessitar (artigo 203, CF). Porém, para se obter as prestações da previdência social (benefícios e serviços) a contribuição é obrigatória. Organização da Seguridade Social: Nos termos do § único do artigo 194 da CF, compete ao Poder Público, nos termos da lei, a organização da Seguridade Social. A norma que regula as ações e serviços de saúde, estabelecendo condições para a sua promoção, proteção e recuperação é a Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990. A Lei nº 8.742, de 07 de dezembro de 1993 – Lei Orgânica da Assistência Social disciplina a assistência social, como direito do cidadão e dever do Estado, sendo Política de Seguridade Social não contributiva, que provê os mínimos sociais, realizada através de um conjunto integrado de ações de iniciativa pública e da sociedade, para garantir o atendimento às necessidades básicas. 2 Na área da Previdência Social temos a Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991 que dispõe sobre a organização da Seguridade Social, estabelecendo o Plano de Custeio, e a Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991 que dispõe sobre os Planos de Benefícios da Previdência Social. Essas duas leis previdenciárias foram regulamentadas respectivamente pelos Decretos nºs 356 e 357, de 07 de dezembro de 1991. O atual regulamento da Previdência Social é o Decreto nº 3.048, de 06 de maio de 1999. PRINCÍPIOS DA SEGURIDADE SOCIAL – Nos termos do parágrafo único do artigo 194 da CF, temos que a Seguridade Social será organizada pelo Poder Público, baseando-se nos seguintes objetivos. Trata-se, na realidade, de princípios que regem a Seguridade Social, a saber: • universalidade da cobertura e do atendimento – significa que todos devem estar cobertos pela proteção social e que esta deve abranger todos os riscos sociais (infortúnios que causam incapacidade). • uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais – a Constituição Federal igualou as populações urbanas e rurais para fins de obtenção da proteção social. • seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços – a seletividade implica que as prestações sejam fornecidas apenas a quem realmente necessitar, desde que se encontrem nas situações que a lei definiu, como por exemplo, o benefício de auxílio doença só será concedido em situação de incapacidade temporária. No que se refere à distributividade, o Poder Público se vale da Seguridade Social para distribuir renda entre a população, o que significa dizer que alguns beneficiários recebem todos os benefícios, outros não. • irredutibilidade do valor dos benefícios – busca assegurar reajustamento, preservando, em caráter permanente, o seu valor real, igual poder de compra do benefício originalmente recebido, não podendo sofrer redução. • equidade na forma de participação no custeio – leva em conta a capacidade de cada contribuinte, devendo-se cobrar mais contribuição de quem tem maior capacidade de pagamento para que se possa beneficiar os que não possuem as mesmas condições. 3 • diversidade da base de financiamento – o objetivo é diminuir o risco financeiro do sistema protetivo. Quanto maior o número de fontes de recursos, menor será o risco de a seguridade social sofrer, inesperadamente, grande perda financeira. • caráter democrático e descentralizado da administração, mediante gestão quadripartite, com participação dos trabalhadores, dos empregadores, dos aposentados e do Governo nos órgãos colegiados – a administração da seguridade social permite a participação não só do Poder Público, mas também da sociedade, por isso que democrático e descentralizado, especialmente os trabalhadores, os empresários e os aposentados. • Pré-existência do custeio – nos termos do parágrafo 5º do artigo 195 da Constituição Federal, nenhum benefício ou serviço da seguridade social poderá ser criado, majorado ou estendido sem a correspondente fonte de custeio total. Esse princípio representa a chamada regra da contrapartida, uma vez que também não é permitida a criação de uma fonte de custeio se não for para utilização em benefício ou serviço da Seguridade Social. A LEGISLAÇÃO PREVIDENCIÁRIA – É o conjunto de leis e atos administrativos que disciplinam a organização e o funcionamento do sistema securitário. O conteúdo da legislação previdenciária envolve os dispositivos constitucionais, as leis, os regulamentos, os decretos, as portarias, as instruções normativas, as resoluções, as circulares etc. Fontes – São os modos de expressão do direito. As fontes principais ou formais do Direito Previdenciário são a Constituição Federal, as Leis (Ordinárias, Complementares e Delegadas), as Medidas Provisórias, as Súmulas do STF que forem aprovadas após a vigência da EC 45. As fontes secundárias são os atos normativos emanados do Poder Executivo (decretos, regulamentos, instruções normativas etc.) que se destinam a completar o texto da lei, não podendo inovar ou modificar o texto da norma que complementam.Os costumes, a jurisprudência, a doutrina e os princípios gerais de direito não são considerados fontes formais do Direito Previdenciário, mas sim critérios de integração da ordem jurídica, adotados pelo juízo quando da existência de lacunas no direito. A jurisprudência porque não se configura como norma obrigatória. A doutrina porque os juízes não estão obrigados a 4 observar a doutrina nas suas decisões, até porque muitas vezes a doutrina não é pacífica, tendo posicionamentos opostos. Autonomia – Para a corrente mais moderna, o Direito Previdenciário coloca-se como ramo do Direito Social, haja vista o avanço da proteção social abrangendo também os segmentos da saúde e da assistência social. Para alguns, o Direito Previdenciário surgiu a partir da segmentação do Direito Administrativo, uma vez que o vínculo jurídico se dá obrigatoriamente com o Estado. Há um posicionamento minoritário de que o Direito Previdenciário faz parte do Direito do Trabalho, posição essa rechaçada pela maioria em razão de que as normas trabalhistas, e em especial a CLT, só seriam criadas muito tempo depois das normas previdenciárias. Conclui-se, dessa forma, que o Direito Previdenciário é reconhecidamente um ramo autônomo do Direitoem relação às outras áreas da ciência jurídica, uma vez que possui objeto próprio de estudo, princípios e conceitos específicos (tais como salário de contribuição e salário de benefício) diferentes dos que informam os outros ramos do direito. Aplicação das normas previdenciárias – Aplicar a lei significa enquadrar determinado evento (situação concreta) na norma abstrata (situação genérica prevista em lei). Embora sendo a regra do direito, a subsunção não atende por completo todas as questões, daí a grande importância da hermenêutica jurídica. Vigência – é o período que vai do momento em que a norma entra em vigor até o momento em que é revogada. Publicada a lei, é preciso identificar em que momento ela passa a ter vigência e até quando vigorará. Hierarquia – é a ordem de graduação entre as normas jurídicas, de forma que a superior é o fundamento de validade da inferior. Se as normas estiverem no mesmo patamar hierárquico, aplicam-se as regras: 1. norma específica prevalece sobre a geral; 2. in dúbio pro misero - deve ser utilizada a lei mais benéfica à parte mais fraca. Interpretação – tem por objetivo extrair o verdadeiro significado do regramento jurídico. Os métodos mais comumente utilizados são a Gramatical, Sistemática, Histórica e Teleológica. Integração – é a busca de outra norma para adaptação ao caso concreto quando houver lacuna da lei. Neste caso, poderão ser utilizadas a analogia, costumes, princípios gerais de direito, jurisprudência e equidade. 5 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA SEGURIDADE SOCIAL NO MUNDO E NO BRASIL. SEGURO SOCIAL. Histórico Mundial: A Seguridade Social surgiu como um regime de proteção aos trabalhadores, oferecendo-lhes melhores condições de vida. O primeiro ordenamento legal foi editado na Alemanha pelo chanceler Otto Von Bismarck, em 1883, instituindo-se o seguro-doença e estendendo-se posteriormente para outros benefícios. A participação do trabalhador era compulsória em conjunto com os empregadores e o governo. A primeira Constituição a incluir o tema previdenciário foi a Carta Mexicana de 1917. Evolução histórica brasileira: Foi com a organização privada que se iniciou o seguro social brasileiro, sendo que o Estado foi se apropriando do sistema aos poucos, por meio de políticas intervencionistas. O marco inicial da previdência social brasileira foi a Lei Eloy Chaves, por meio do Decreto-Legislativo nº 4.682, de 24 de janeiro de 1923. A partir daí foram criadas as Caixas de Aposentadoria e Pensões – CAP’s, para os empregados das empresas ferroviárias, mediante contribuição dos empregadores, dos trabalhadores e do Estado, assegurando aposentadoria aos empregados e pensão aos seus dependentes. As CAP’s eram organizadas por empresas, ou seja, cada empresa possuía a sua Caixa. Existiam também as Santas Casas de Misericórdia que atuavam na seguridade social no ramo da assistência social. Ainda com caráter mutualista existiam os Montepios, tais como o Mongeral – Montepio Geral dos Servidores do Estado, primeira entidade de previdência privada no país, cuja finalidade era complementar a renda dos servidores quando deixassem de trabalhar. No início da era Vargas (1930-1945) surgem os IAP´s – Instituto de Aposentadoria e Pensões, organizados por categoria profissional, agrupando-se as CAP’s e dando mais solidez ao sistema previdenciário, uma vez que contavam com um número de segurados superior às destas e empresas pequenas sem condições mínimas para a criação de uma Caixa de Aposentadoria para seus empregados ficavam desprotegidas. 6 A partir de 02.01.1967 todos os IAP’s foram unificados no INPS – Instituto Nacional do Seguro Social por meio do Decreto-Lei nº 72, de 21.11.1966, consolidando-se o sistema previdenciário brasileiro. Para reorganizar a previdência social foi instituído o SINPAS – Sistema Nacional de Previdência e Assistência Social, por meio da Lei 6.439/77, que se tornou o responsável pela integração das áreas de assistência social, de previdência social, assistência médica e gestão das entidades ligadas ao Ministério da Previdência e Assistência Social. O SINPAS compreendia: • IAPAS – Instituto de Administração Financeira da Previdência e Assistência Social, autarquia que administrava os recursos financeiros, responsável pela arrecadação, fiscalização e cobrança de contribuições e demais recursos. • INPS – Instituto Nacional de Previdência Social, autarquia responsável pela administração das prestações (benefícios e serviços). • INAMPS – Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência e Assistência Social, autarquia responsável pela prestação da saúde, da assistência médica. • LBA – Legião Brasileira de Assistência, fundação pública responsável pela assistência social aos carentes. • FUNABEM – Fundação Nacional do Bem Estar do Menor – fundação pública responsável pela promoção de política social em relação ao menor. • CEME – Central de Medicamentos, órgão ministerial responsável pela distribuição de medicamentos por preços acessíveis ou a título gratuito. • DATAPREV – Empresa de Processamento de Dados da Previdência Social, empresa pública que gerencia o sistema tecnológico de informática. O SINPAS foi extinto em 1990. A Lei 8.029/90 criou o INSS – Instituto Nacional do Seguro Social, com a junção do IAPAS e do INPS, autarquia responsável pelo seguro social, passando a administrar os recursos financeiros e as prestações da previdência social. O INAMPS foi extinto em 1993 e suas atividades integradas ao SUS – Sistema Único de Saúde. A LBA e a FUNABEM foram extintas em 1993 e a CEME em 1997. A Medida Provisória nº 222, de 04. 10.2004, convertida na Lei nº 11.098, de 13.01.2005, cria a Secretaria da Receita Previdenciária, atribuindo ao Ministério da Previdência Social competências relativas à arrecadação, fiscalização, lançamento e normatização de receitas previdenciárias. 7 A Lei 11.457, de 16.03.2007 cria a Secretaria da Receita Federal do Brasil, unificando a Secretaria da Receita Federal e Secretaria da Receita Previdenciária, com o objetivo de centralizar num só órgão a receita tributária federal. Além das competências atribuídas pela legislação vigente à Secretaria da Receita Federal, cabe à Secretaria da Receita Federal do Brasil planejar, executar, acompanhar e avaliar as atividades relativas a tributação, fiscalização, arrecadação, cobrança e recolhimento das contribuições sociais das empresas, incidentes sobre a remuneração paga ou creditada aos segurados a seu serviço, dos empregadores domésticos e dos trabalhadores, incidentes sobre o seu salário de contribuição e ainda as contribuições instituídas a título de substituição. O produto da arrecadação dessas contribuições especificadas e acréscimos legais incidentes serão destinados, em caráter exclusivo, ao pagamento de benefícios do Regime Geral de Previdência Social e creditados diretamente ao Fundo do Regime Geral de Previdência Social. A Secretaria da Receita Federal do Brasil prestará contas anualmente ao Conselho Nacional de Previdência Social dos resultados da arrecadação das contribuições sociais destinadas ao financiamento do Regime Geral de Previdência Social e das compensações a elas referentes. Cabe ao INSS, além das demais competências estabelecidas na legislação que lhe é aplicável emitir certidão relativa a tempo de contribuição, gerir o Fundo do Regime Geral de Previdência Social e calcular o montante das contribuições referidas emitindo o correspondente documento de arrecadação, com vistas no atendimento conclusivopara concessão ou revisão de benefício requerido. REGIMES DE PREVIDÊNCIA SOCIAL: REGIME GERAL DE PREVIDÊNCIA SOCIAL, REGIME PRÓPRIO DE PREVIDÊNCIA SOCIAL E REGIME FACULTATIVO COMPLEMENTAR DE PREVIDÊNCIA SOCIAL. Regimes de Previdência Social – é todo aquele que ofereça aos segurados os benefícios de aposentadoria e pensão por morte. No Brasil existem três tipos de regimes previdenciários: 8 1. Regimes Próprios de Previdência Social – RPPS - fazem parte os servidores públicos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios que preferiram organizar o seu pessoal segundo um estatuto próprio, com contribuições e benefícios específicos, sempre regidos por lei. A base de contribuição dos servidores públicos ainda não tem limite máximo. 2. Regime Geral de Previdência Social – RGPS - é regime de previdência social de organização estatal, contributivo e compulsório, administrado pelo Instituto Nacional do Seguro Social – INSS e pela Secretaria da Receita Federal do Brasil – SRFB. É o regime obrigatório para todos aqueles que exercem atividades remuneradas por ele descritas. 3. Regimes de Previdência Complementar – é facultativo e de natureza privada. É organizado de forma autônoma em relação ao RGPS e baseia-se na constituição de reservas que garantam o benefício contratado. Os Regimes Próprios e o Regime Geral de Previdência Social são administrados pelo Poder Público. O regime de previdência complementar é de natureza privada. O Regime Geral de Previdência Social se estrutura na Lei nº 8.212, de 24.07.1991, que dispõe sobre o Custeio da Seguridade Social, e Lei nº 8.213, de 24.07.1991, ambas regulamentadas pelo Decreto 3.048, de 06.05.1999. A PREVIDÊNCIA SOCIAL DO RGPS Finalidade da Previdência Social – objetiva a cobertura dos riscos sociais, garantindo meios indispensáveis de manutenção em razão de incapacidade laboral, de idade avançada, de tempo de serviço, de encargos familiares, de prisão ou morte daqueles de quem dependiam economicamente e do desemprego involuntário. Beneficiários da Previdência Social – é todo aquele que pode ser contemplado com um benefício previdenciário. São os segurados e os dependentes. • Segurados - são pessoas físicas que contribuem para o RGPS. Os segurados se dividem em dois grupos: 9 1. obrigatórios – são todos aqueles que exercem atividade remunerada. Nos termos do artigo 11 da Lei 8.213/91 e artigo 9º do Decreto 3.048/99, distribuem-se em: a. empregado – aquele que presta serviço de natureza urbana ou rural a empresa, em caráter não eventual, sob sua subordinação e mediante remuneração, inclusive como diretor empregado; e outros... b. empregado doméstico – aquele que presta serviço de natureza contínua, mediante remuneração, a pessoa ou família, no âmbito residencial desta, em atividade sem fins lucrativos; existem três diferenças entre o empregado e o empregado doméstico: - quanto ao empregador – o empregado presta serviço à empresa ou à pessoa física equiparada à empresa; o empregado doméstico presta serviço à pessoa ou família. - quanto ao local de trabalho – a atividade do empregado é exercida em âmbito empresarial (indústria, comércio) e a do empregado doméstico em âmbito residencial. - quanto aos fins – a atividade do empregado pode ou não gerar lucro para o empregador, mas a atividade do empregado doméstico é sempre sem fins lucrativos. c. contribuinte individual – aquele que desenvolve atividade por conta própria de natureza eventual; e outros... d. trabalhador avulso – aquele que, sindicalizado ou não, presta serviço de natureza urbana ou rural, a diversas empresas, sem vínculo empregatício, com a intermediação obrigatória do órgão gestor de mão- de-obra; e. segurado especial - a pessoa física residente no imóvel rural ou em aglomerado urbano ou rural próximo a ele que, individualmente ou em regime de economia familiar, ainda que com o auxílio eventual de terceiros, na condição de: a) produtor, seja proprietário, usufrutuário, possuidor, assentado, parceiro ou meeiro outorgados, comodatário ou arrendatário rurais, que explore atividade: 1. agropecuária em área de até 4 (quatro) módulos fiscais 2. de seringueiro ou extrativista vegetal 10 que exerça suas atividades nos termos do inciso XII do caput do art. 2o da Lei no 9.985, de 18 de julho de 2000, e faça dessas atividades o principal meio de vida; b) pescador artesanal ou a este assemelhado que faça da pesca profissão habitual ou principal meio de vida; e c) cônjuge ou companheiro, bem como filho maior de 16 (dezesseis) anos de idade ou a este equiparado, do segurado de que tratam as alíneas a e b deste inciso, que, comprovadamente, trabalhem com o grupo familiar respectivo. Para serem considerados segurados especiais, o cônjuge ou companheiro e os filhos maiores de 16 (dezesseis) anos ou os a estes equiparados deverão ter participação ativa nas atividades rurais do grupo familiar. 2. facultativos – são todos aqueles que não se enquadram como segurados obrigatórios, como por exemplo, a dona-de-casa, o estudante, o desempregado etc, desde que tenham a idade mínima de 16 anos. Em nenhuma hipótese será permitida a filiação como segurado facultativo daquele que já estiver protegido por um sistema securitário obrigatório (RGPS ou RPPS). Artigo 13 da Lei 8.213/91 e artigo 11 do Decreto 3.048/99. Servidor público vinculado a RPPS – é excluído do RGPS em razão de já existir um sistema securitário de proteção. Porém, caso venha a exercer, concomitante, uma ou mais atividades abrangidas pelo RGPS, tornar-se-á segurado obrigatório em relação a essas atividades. É vedada a filiação ao RGPS, na qualidade de segurado facultativo, de pessoa participante de regime próprio de previdência (§ 5º do art. 201, CF). O Regulamento da Previdência Social – RPS, Decreto nº 3.048/99, permite uma exceção a essa regra na hipótese de afastamento sem vencimento e desde que não permitida, nesta condição, contribuição ao respectivo regime próprio (§ 2º do art. 11 do RPS). Artigo 12 da Lei 8.213/91 e artigo 9º do RPS. • Dependentes – são aqueles que dependem economicamente do segurado, na forma da lei. Não cabe ao segurado a livre indicação de seus dependentes. Artigo 16 da Lei 8.213/91 e artigo 16 do Decreto 3.048/99. Os dependentes agrupam-se em três classes: 1ª classe - cônjuge e ex-cônjuge com pensão alimentícia, filhos e equiparados de qualquer condição, menor de 21 anos, não emancipado ou maior de 21anos inválido. 11 2ª classe - pais. 3ª classe - irmãos de qualquer condição, menor de 21 anos, não emancipado ou maior de 21 anos inválido. É preciso atentar para três regras básicas: 1. havendo dependentes na primeira classe, os dependentes das demais classes ficam automaticamente excluídos. 2. os dependentes de uma mesma classe concorrem entre si em igualdade de condições. O benefício é rateado em cotas iguais e havendo perda da qualidade de dependente, a cota é revertida em favor dos demais. 3. a dependência econômica das pessoas da primeira classe é presumida e a das demais classes deve ser comprovada. Prestações da Previdência Social – o RGPS compreende as prestações divididas em benefícios e serviços. Os benefícios são personalíssimos, portanto, seus titulares são os segurados ou os dependentes. São prestações pagas em pecúnia. Os serviços são prestados indistintamente aos segurados e aos dependentes e são prestações sem valor econômico. Artigo 18 daLei 8.213/91 e artigo 25 do Decreto 3.048/99. Quanto ao segurado, os benefícios podem ser: 1. auxílio doença; 2. auxílio acidente; 3. aposentadoria por invalidez; 4. aposentadoria por idade; 5. aposentadoria por tempo de contribuição; 6. aposentadoria especial; 7. salário família; 8. salário maternidade. Quanto ao dependente, os benefícios podem ser: 1. pensão por morte; 2. auxílio reclusão. Os serviços são: 1. reabilitação profissional; 2. perícia médica; 3. serviço social. 12 Filiação é o vínculo que se estabelece entre as pessoas que contribuem para a previdência social e esta, do qual decorrem direitos e obrigações. Para o segurado obrigatório a filiação é automática, pois decorre do exercício da atividade remunerada. Para o segurado facultativo, a filiação só ocorrerá após a inscrição formalizada com o pagamento da primeira contribuição. Lembre-se que a filiação do segurado facultativo é um ato volitivo, ao contrário do segurado obrigatório que tem sua filiação determinada por lei, em razão de sua atividade remunerada. Inscrição é o ato pelo qual o segurado é cadastrado no RGPS, desde que tenha a idade mínima de 16 anos. Portanto, para o segurado obrigatório pode haver filiação sem que haja a inscrição, como por exemplo, um advogado que exerce a atividade há três anos sem nunca ter contribuído. Esse advogado é um contribuinte individual devedor que deverá fazer sua inscrição e recolher o período retroativo. Para o segurado facultativo, a filiação jamais virá antes da inscrição, pois sem esta não é possível o recolhimento, não podendo as contribuições retroagir a períodos anteriores a sua inscrição. Se o segurado exercer, concomitantemente, mais de uma atividade remunerada sujeita ao RGPS, será obrigatoriamente inscrito em relação a cada uma delas. Se em uma das atividades estiver recolhendo sua contribuição social pelo teto máximo permitido, em relação às demais atividades estará dispensado do recolhimento. Assim por exemplo, um segurado que exerce a atividade de advogado (contribuinte individual) e concomitantemente de professor (empregado da universidade), que na empresa já esteja recolhendo no limite máximo, não terá que recolher como contribuinte individual porque estará dispensado. Se, na condição de aposentado do RGPS, voltar a exercer atividade abrangida por este regime é segurado obrigatório em relação a essa atividade, ficando sujeito às contribuições. Manutenção e Perda da Qualidade de Segurado – Manter a qualidade de segurado significa manter o vínculo com o RGPS, uma vez que se trata de um sistema essencialmente contributivo. Entretanto, o RGPS permite que o segurado passe algum tempo sem efetuar recolhimentos, mantendo, assim mesmo, a condição de segurado. Esse período em que ele não contribui, mas mantém o vínculo previdenciário é denominado “período de graça”, no qual poderá obter benefícios previdenciários, 13 exceto salário família e auxílio acidente para segurados empregados (artigos 97 e 104, § 7º do Decreto 3.048/99). Durante o “período de graça” não há que se falar em tempo para aposentadoria, uma vez que não estão sendo vertidas as contribuições para o RGPS. O período da manutenção da qualidade de segurado está especificado da seguinte forma: • sem limite de prazo – para quem estiver em gozo de benefício. • Até 3 meses após a cessação do serviço militar. • Até 6 meses após a cessação das contribuições do segurado facultativo. • Até 12 meses após: o a cessação do benefício por incapacidade; o a cessação das contribuições do segurado obrigatório; o a cessação da segregação compulsória; o o livramento do segurado detido ou recluso. A cessação das contribuições do segurado obrigatório ocorre não só porque este deixou de exercer atividade remunerada, mas também quando estiver suspenso ou licenciado sem remuneração. Para o segurado que já tiver efetuado mais de 120 contribuições, sem interrupção que acarrete a perda da qualidade de segurado, o prazo de 12 meses após a cessação do benefício por incapacidade e da cessação das contribuições será prorrogado para até 24 meses. Se ocorrer situação de desemprego, devidamente comprovado no órgão próprio do Ministério do Trabalho e Emprego, o prazo será acrescido de mais 12 meses. Vale dizer que o prazo aqui tratado pode alcançar até 36 meses. A segregação compulsória abrange quem tenha sofrido doença epidemiológica para a qual a vigilância sanitária obriga o isolamento com o intuito de evitar a difusão da contaminação. É utilizado apenas em relação a casos em que a enfermidade não enseje a concessão de auxílio doença. No caso de livramento do segurado, inclui-se também a situação de fuga. 14 A perda da qualidade de segurado ocorre no dia seguinte ao do vencimento da contribuição do contribuinte individual relativa ao mês imediatamente posterior ao término dos prazos fixados. Vamos a um exemplo prático: segurado foi demitido da empresa após 15 anos de trabalho. Sabe-se que seu período de graça é de 24 meses (tem mais de 120 contribuições). No 24º mês ele comprova no MTE sua situação de desempregado, estendendo sua qualidade de segurado por mais 12 meses. Supondo que sua demissão tenha ocorrido em 30 de junho de 2007, a perda da qualidade de segurado ocorrerá no dia 16 de agosto de 2010, se o dia 15 de agosto de 2010 for dia útil. Explicando: até a competência junho é de graça; a competência julho deverá ser recolhida e seu prazo será até 15 de agosto, caso seja dia útil. Não ocorrendo o recolhimento nesse dia, no dia seguinte, 16 de agosto de 2010, haverá a perda da qualidade de segurado e o desligamento do segurado com o RGPS. No momento em que o segurado vier a recolher novamente uma contribuição social, já terá recuperado sua qualidade de segurado. A perda da qualidade de segurado importa na caducidade dos direitos inerentes a essa qualidade. Entretanto, a perda da qualidade de segurado não prejudica o direito à aposentadoria para cuja concessão tenham sido preenchidos todos os requisitos, segundo a legislação em vigor à época em que estes requisitos foram atendidos. Da mesma forma, não será concedida pensão por morte aos dependentes do segurado que falecer após a perda desta qualidade, salvo se preenchidos os requisitos para obtenção de aposentadoria. A partir de Lei 10.666, de 08.05.2003, a perda da qualidade de segurado não está sendo considerada para efeito de concessão das aposentadorias por tempo de contribuição, especial e por idade. Entretanto, no caso de aposentadoria por idade, é necessário que o segurado conte, na data do requerimento do benefício, com, no mínimo, o número de contribuições mensais exigido para efeito de carência. Carência – é o número mínimo de contribuições mensais indispensáveis para que o beneficiário faça jus ao benefício. O período de carência é contado da data de filiação ao RGPS quando se tratar de segurado empregado e trabalhador avulso e da data do efetivo recolhimento da primeira contribuição sem atraso para o segurado empregado doméstico, contribuinte individual e facultativo. 15 Exige-se carência de: • 12 contribuições mensais para auxílio doença e aposentadoria por invalidez • 180 contribuições mensais para aposentadoria por idade, tempo de contribuição e especial • 10 contribuições mensais para salário-maternidade da segurada contribuinte individual e facultativa A carência do segurado especial é sempre contada em meses de atividade rural anteriores aorequerimento do benefício, ainda que de forma descontínua, igual ao número de meses correspondente à carência do benefício requerido. Não se exige carência: • pensão por morte e auxílio reclusão, por se tratar de benefícios de dependentes; • salário família; • salário maternidade, para as seguradas empregada, empregada doméstica e trabalhadora avulsa; • auxílio acidente de qualquer natureza ou causa, entendendo-se como tal aquele de origem traumática e por exposição a agentes exógenos (físicos, químicos e biológicos), que acarrete lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte, a perda, ou a redução permanente ou temporária da capacidade laborativa; • auxílio doença e aposentadoria por invalidez nos casos de acidente de qualquer natureza ou causa, bem como nos casos de segurado que, após filiar- se ao Regime Geral de Previdência Social, for acometido de alguma das doenças ou afecções especificadas em lista elaborada pelos Ministérios da Saúde e da Previdência e Assistência Social a cada três anos, de acordo com os critérios de estigma, deformação, mutilação, deficiência ou outro fator que lhe confira especificidade e gravidade que mereçam tratamento particularizado; • reabilitação profissional. A carência não se confunde com o tempo de contribuição. Se o segurado obrigatório exerce atividade há três anos sem nunca ter recolhido contribuição social, deverá efetuar os recolhimentos em atraso porque é devedor, mas essas contribuições serão computadas apenas como tempo de contribuição, uma vez que a carência é contada a partir do primeiro recolhimento sem atraso. 16 No caso de auxílio doença, de aposentadoria por invalidez e salário maternidade, havendo perda da qualidade de segurado, as contribuições anteriores a esta perda somente contarão para efeito de carência, depois de o segurado contar, a partir da nova filiação, com quatro contribuições mensais (um terço da carência exigida). Essa exigência não se aplica aos benefícios de aposentadoria por idade, por tempo de contribuição e especial. Para efeito de carência, considera-se presumido o recolhimento das contribuições do segurado empregado, do trabalhador avulso e as descontadas do contribuinte individual que presta serviço a empresa. As contribuições vertidas para regime próprio de previdência social serão consideradas para todos os efeitos, inclusive para os de carência, para os segurados que se desvinculem deste regime, filiando-se ao RGPS. A carência das aposentadorias por idade, tempo de contribuição e especial para os segurados inscritos na previdência social urbana até 24 de julho de 1991, bem como para os trabalhadores e empregadores rurais amparados pela previdência social rural, obedecerá à tabela do artigo 142 da Lei 8.213/91 e artigo 182 do Decreto 3.048/99, levando-se em conta o ano em que o segurado implementou todas as condições necessárias à obtenção do benefício. No ano de 2009 são exigidas 168 contribuições. Salário de benefício - é o valor básico utilizado para cálculo da renda mensal dos benefícios de prestação continuada, inclusive os regidos por normas especiais, exceto o salário família, a pensão por morte, o salário-maternidade e o auxílio reclusão. Vale dizer, o salário de benefício é a base de cálculo das aposentadorias, do auxílio doença e do auxílio acidente. A partir desta base é que será calculado o efetivo valor da renda mensal do beneficio previdenciário, por meio de aplicação de percentuais, a depender do benefício. Até a aprovação da Lei 9.876/99, o valor do benefício era baseado nos últimos 36 salários de contribuição do segurado. Essa forma de cálculo colocava em risco a continuidade do sistema de proteção social em razão da falta de razoabilidade financeira, uma vez que os segurados costumavam aumentar as suas contribuições nesse período para alcançar benefícios elevados. 17 A partir da Lei 9.876/99, o salário de benefício consiste na média aritmética simples dos maiores salários de contribuição correspondentes a oitenta por cento de todo o período contributivo. Todos os salários de contribuição utilizados no cálculo do salário de benefício serão corrigidos, mês a mês, de acordo com a variação integral do INPC, referente ao período decorrido a partir da primeira competência do salário de contribuição que compõe o período básico de cálculo até o mês anterior ao do início do benefício, de modo a preservar o seu valor real. Em se tratando de aposentadoria por tempo de contribuição e aposentadoria por idade, o salário de benefício consiste na média aritmética simples dos maiores salários de contribuição correspondentes a oitenta por cento de todo o período contributivo, multiplicada pelo fator previdenciário. O fator previdenciário será calculado considerando-se a idade, a expectativa de sobrevida e o tempo de contribuição do segurado ao se aposentar. A idade e o tempo de contribuição encontram-se no numerador da fórmula de cálculo do salário de benefício, ou seja, quanto maiores a idade e o tempo de contribuição, maior será o salário de benefício, elevando o valor do benefício. Em contrapartida, a expectativa de sobrevida, baseada em tabela do IBGE, está no denominador da fórmula, logo, quanto maior a expectativa de sobrevida, menor será o benefício. Fica garantido ao segurado com direito à aposentadoria por idade a opção pela não aplicação do fator previdenciário, devendo o INSS, quando da concessão do benefício, proceder ao cálculo da renda mensal inicial com e sem o fator previdenciário. Para o segurado filiado à previdência social até 28 de novembro de 1999, inclusive o oriundo de regime próprio de previdência social, que vier a cumprir as condições exigidas para a concessão dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social, no cálculo do salário de benefício será considerada a média aritmética simples dos maiores salários de contribuição, correspondentes a, no mínimo, oitenta por cento de todo o período contributivo decorrido desde a competência julho de 1994. O salário de benefício do segurado que contribui em razão de atividades concomitantes será calculado com base na soma dos salários de contribuição das atividades exercidas até a data do requerimento ou do óbito ou no período básico de cálculo. Se o segurado satisfizer, em relação a cada atividade, as condições para 18 obtenção do benefício requerido, o salário de benefício será calculado com base na soma dos respectivos salários de contribuição. Não se verificando essa hipótese, o salário de benefício corresponderá à soma das seguintes parcelas: 1. o salário de benefício calculado com base nos salários de contribuição das atividades em relação às quais são atendidas as condições do benefício requerido; e 2. um percentual da média do salário de contribuição de cada uma das demais atividades, equivalente à relação entre o número de meses completos de contribuição e os do período da carência do benefício requerido. Quando se tratar de benefício por tempo de contribuição, o percentual de que trata o item 2 será o resultante da relação entre os anos completos de atividade e o número de anos de contribuição considerado para a concessão do benefício. O valor do salário de benefício não será inferior ao de um salário mínimo, nem superior ao limite máximo do salário de contribuição na data de início do benefício. Renda Mensal do Benefício – é calculada aplicando-se um percentual ao salário de benefício. Assim:• auxílio doença: 91% do salário de benefício • aposentadoria por invalidez: 100% do salário de benefício • aposentadoria por tempo de contribuição: 100% do salário de benefício • aposentadoria especial: 100% do salário de benefício • aposentadoria por idade: 70% do salário de benefício, mais um por cento deste por grupo de doze contribuições mensais, até o máximo de trinta por cento • auxílio acidente: 50% do salário de benefício que deu origem ao auxílio doença • pensão por morte: 100% do valor da aposentadoria que o segurado recebia ou daquela a que teria direito se estivesse aposentado por invalidez na data de seu falecimento A renda mensal do benefício de prestação continuada que substituir o salário de contribuição ou o rendimento do trabalho do segurado não terá valor inferior ao do salário mínimo nem superior ao limite máximo do salário de contribuição, exceto no caso da aposentadoria por invalidez do segurado que necessitar da assistência permanente de outra pessoa em que o valor será acrescido de 25%. A renda mensal dos benefícios por totalização, concedidos com base em acordos internacionais de previdência social, pode ter valor inferior ao do salário mínimo. Isso o 19 recorre quando o segurado recebe parte do seu benefício pelo regime brasileiro (RGPS) e outra parte por regime estrangeiro. BENEFÍCIOS EM ESPÉCIE 1. Auxílio Doença - artigos 59 ao 64 da Lei 8.213/91 e artigos 71 ao 80 do Decreto 3.048/99 - Será devido ao segurado que, após cumprida, quando for o caso, a carência exigida (12 contribuições mensais), ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividade habitual por mais de quinze dias consecutivos. Trata-se de uma incapacidade temporária, verificada mediante exame médico pericial a cargo do INSS. Não será devido auxílio doença ao segurado que se filiar ao Regime Geral de Previdência Social já portador de doença ou lesão invocada como causa para a concessão do benefício, salvo quando a incapacidade sobrevier por motivo de progressão ou agravamento dessa doença ou lesão. A data do início do benefício será: - para segurado empregado: a contar do décimo sexto dia do afastamento da atividade, se requerido no prazo de 30 dias ou a contar da data de entrada do requerimento, se requerido após 30 dias do afastamento da atividade; - para os demais segurados: a contar da data do início da incapacidade, se requerido no prazo de 30 dias ou a contar da data de entrada do requerimento, se requerido após 30 dias do afastamento da atividade. O segurado empregado em gozo de auxílio doença é considerado pela empresa como licenciado. Durante os primeiros quinze dias consecutivos de afastamento da atividade por motivo de doença, incumbe à empresa pagar ao segurado empregado o seu salário. O auxílio doença do segurado que exercer mais de uma atividade abrangida pela previdência social será devido mesmo no caso de incapacidade apenas para o exercício de uma delas. Se nas várias atividades o segurado exercer a mesma profissão, será exigido de imediato o afastamento de todas. Se o segurado empregado, por motivo de doença, afastar-se do trabalho durante quinze dias, retornando à atividade no décimo sexto dia, e se dela voltar a se afastar dentro de sessenta dias desse retorno, em decorrência da mesma doença, fará jus ao auxílio doença a partir da data do novo afastamento. Se o segurado requerer novo benefício decorrente da mesma doença no prazo de 60 dias contados da cessação do benefício anterior, a empresa fica desobrigada do 20 pagamento relativo aos quinze primeiros dias de afastamento, prorrogando-se o benefício anterior e descontando-se os dias trabalhados, se for o caso. Tratando-se de outra doença, será um novo benefício. O segurado em gozo de auxílio doença está obrigado, independentemente de sua idade e sob pena de suspensão do benefício, a submeter-se a exame médico a cargo da previdência social, processo de reabilitação profissional por ela prescrito e custeado e tratamento dispensado gratuitamente, exceto o cirúrgico e a transfusão de sangue, que são facultativos. O auxílio doença cessa pela recuperação da capacidade para o trabalho, pela transformação em aposentadoria por invalidez ou auxílio-acidente de qualquer natureza, e pela transformação em aposentadoria por idade, desde que haja carência e que seja requerida pelo próprio segurado. 2. Aposentadoria por Invalidez - artigos 42 ao 47 da Lei 8.213/91 e artigos 43 ao 80 do Decreto 3.048/99 - Será devida ao segurado que, após cumprida, quando for o caso, a carência exigida (12 contribuições mensais) e estando ou não em gozo de auxílio doença, for considerado incapaz para o trabalho e insuscetível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer nessa condição. Trata-se de uma incapacidade permanente, verificada mediante exame médico-pericial a cargo do INSS. Não será devido quando o segurado que se filiar ao Regime Geral de Previdência Social já portador de doença ou lesão invocada como causa para a concessão do benefício, salvo quando a incapacidade sobrevier por motivo de progressão ou agravamento dessa doença ou lesão. A data do início do benefício será: - para segurado empregado: a contar do décimo sexto dia do afastamento da atividade, se requerido no prazo de 30 dias ou a contar da data de entrada do requerimento, se requerido após 30 dias do afastamento da atividade ou ainda a contar do dia imediato ao da cessação do auxílio doença; - para os demais segurados: a contar da data do início da incapacidade, se requerido no prazo de 30 dias ou a contar da data de entrada do requerimento, se requerido após 30 dias do afastamento da atividade, ou ainda a contar do dia imediato ao da cessação do auxílio doença. Durante os primeiros quinze dias de afastamento consecutivos da atividade por motivo de invalidez, caberá à empresa pagar ao segurado empregado o salário. A concessão de aposentadoria por invalidez, inclusive mediante transformação de auxílio doença, está condicionada ao afastamento de todas as atividades. Quando o 21 segurado que exercer mais de uma atividade se incapacitar definitivamente para uma delas, deverá o auxílio doença ser mantido indefinidamente, não cabendo sua transformação em aposentadoria por invalidez, enquanto essa incapacidade não se estender às demais atividades. O segurado aposentado por invalidez está obrigado, a qualquer tempo, e independentemente de sua idade, a submeter-se a exame médico a cargo da previdência social, processo de reabilitação profissional por ela prescrito e custeado e tratamento dispensado gratuitamente, exceto o cirúrgico e a transfusão de sangue, que são facultativos, sob pena de suspensão do benefício. O aposentado por invalidez fica obrigado a submeter-se a exames médico periciais, a realizarem-se bienalmente, sob pena de sustação do pagamento do benefício. Cessa o benefício: a) quando o segurado retornar voluntariamente à atividade; b) quando o segurado se julgar apto a retornar à atividade, devendo solicitar a realização de nova avaliação médico-pericial, que concluindo pela recuperação da capacidade laborativa, cancelará o benefício. O segurado que retornar à atividade poderá requerer, a qualquer tempo, novo benefício, tendo este processamento normal. 3. Auxílio Acidente – artigo 86 da Lei 8.213/91e artigo 104 do Decreto 3.048/99 - É benefício de natureza indenizatória, concedido ao segurado empregado, trabalhador avulso e especial quando, após a consolidação das lesões decorrentes de acidente de qualquer natureza, resultar seqüela definitiva que implique redução da capacidade para o trabalho que habitualmente exercia ou impossibilidade de desempenho da atividade que exercia a época do acidente, porém permita o desempenho de outra, nos casos indicados pela perícia médica do INSS. Será devido a contar do dia seguinte ao da cessação do auxílio doença até a véspera de início de qualquer aposentadoria ou até a data do óbito do segurado. O recebimento de salário ou concessão de outro benefício não prejudicará a continuidade do recebimento do auxílio acidente. Entretanto, é vedada a sua acumulação com qualquer aposentadoria, com outro auxílio-acidente e com auxílio doença em razão da mesma causa. Não cabe a concessão de auxílio acidente quando o segurado estiver desempregado, podendo ser concedido o auxílio doença previdenciário, desde que atendidas as condições inerentes à espécie. 4. Aposentadoria por Idade – artigos 48 ao 51 da Lei 8.213/91 e artigos 51 a 55 do Decreto 3.048/99 - A perda da qualidade de segurado não será considerada para a 22 concessão da aposentadoria por idade, desde que o segurado conte com, no mínimo, o número de contribuições mensais exigido para efeito de carência na data do requerimento do benefício. Será devida ao segurado que completar sessenta e cinco anos de idade, se homem, ou sessenta, se mulher, reduzidos esses limites para sessenta e cinqüenta e cinco anos de idade para os trabalhadores rurais, bem como para os segurados garimpeiros que trabalhem, comprovadamente, em regime de economia familiar. A carência para os segurados filiados após 24.07.91 é de 180 contribuições mensais e para os filiados anteriormente a essa data, aplica-se a tabela do artigo 182 do RPS. A data do início do benefício será: - para segurado empregado e empregado doméstico: a contar da data do desligamento do emprego, se requerida em 90 dias; a contar da data de entrada do requerimento, se requerido após 90 dias do desligamento ou quando não houver desligamento; - para os demais segurados: a contar da data de entrada do requerimento. A aposentadoria por idade pode ser requerida pela empresa, desde que o segurado tenha cumprido a carência, quando este completar setenta anos de idade, se do sexo masculino, ou sessenta e cinco, se do sexo feminino, sendo compulsória, caso em que será garantida ao empregado a indenização prevista na legislação trabalhista, considerada como data da rescisão do contrato de trabalho a imediatamente anterior à do início da aposentadoria. A aposentadoria por idade poderá ser decorrente da transformação de aposentadoria por invalidez ou auxílio doença, desde que requerida pelo segurado, observado o cumprimento da carência exigida na data de início do benefício a ser transformado. 5. Aposentadoria por Tempo de Contribuição - artigos 52 ao 56 da Lei 8.213/91 e artigos 51 a 55 do Decreto 3.048/99 - A perda da qualidade de segurado não será considerada para a concessão do benefício. Será devida ao segurado após trinta e cinco anos de contribuição, se homem, ou trinta anos. No caso do professor que comprove, exclusivamente, tempo de efetivo exercício em função de magistério na educação infantil, no ensino fundamental ou no ensino médio, será devida nos termos do § 8º do art. 201 da Constituição. Considera-se função de magistério a atividade docente do professor exercida exclusivamente em sala de aula. A data do início do benefício será: 23 - para segurado empregado e empregado doméstico: a contar da data do desligamento do emprego, se requerida em 90 dias; a contar da data de entrada do requerimento, se requerido após 90 dias do desligamento ou quando não houver desligamento; - para os demais segurados: a contar da data de entrada do requerimento. Considera-se tempo de contribuição o tempo, contado de data a data, desde o início até a data do requerimento ou do desligamento de atividade abrangida pela previdência social, descontados os períodos legalmente estabelecidos como de suspensão de contrato de trabalho, de interrupção de exercício e de desligamento da atividade. Cabe ao contribuinte individual comprovar a interrupção ou o encerramento da atividade pela qual vinha contribuindo, sob pena de ser considerado em débito no período sem contribuição. A prova de tempo de serviço, considerado tempo de contribuição é feita mediante documentos que comprovem o exercício de atividade nos períodos a ser contados, devendo esses documentos ser contemporâneos dos fatos a comprovar e mencionar as datas de início e término e, quando se tratar de trabalhador avulso, a duração do trabalho e a condição em que foi prestado. Não será admitida prova exclusivamente testemunhal para efeito de comprovação de tempo de serviço ou de contribuição, salvo na ocorrência de motivo de força maior ou caso fortuito. Se o documento apresentado pelo segurado não atender ao estabelecido neste artigo, a prova exigida pode ser complementada por outros documentos que levem à convicção do fato a comprovar, inclusive mediante justificação administrativa. O segurado filiado ao Regime Geral de Previdência Social até 16 de dezembro de 1998, cumprida a carência exigida, terá direito a aposentadoria, com valores proporcionais ao tempo de contribuição, quando, cumulativamente: I - contar cinqüenta e três anos ou mais de idade, se homem, e quarenta e oito anos ou mais de idade, se mulher; e II - contar tempo de contribuição igual, no mínimo, à soma de: a) trinta anos, se homem, e vinte e cinco anos, se mulher; e b) um período adicional de contribuição equivalente a, no mínimo, quarenta por cento do tempo que, em 16 de dezembro de 1998, faltava para atingir o limite de tempo mínimo. 24 6. Aposentadoria Especial - artigos 57 ao 58 da Lei 8.213/91 e artigos 51 a 55 do Decreto 3.048/99 - A perda da qualidade de segurado não será considerada para a concessão do benefício. Será devida ao segurado empregado, trabalhador avulso e contribuinte individual, este somente quando cooperado filiado a cooperativa de trabalho ou de produção, que tenha trabalhado durante quinze, vinte ou vinte e cinco anos, conforme o caso, sujeito a condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física. A concessão da aposentadoria especial dependerá de comprovação pelo segurado do tempo de trabalho permanente, não ocasional nem intermitente, exercido em condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física, durante o período mínimo exigido. É possível a conversão de tempo de atividade sob condições especiais em tempo de atividade comum, mas ao contrário não é permitido. Para o segurado que houver exercido sucessivamente duas ou mais atividades sujeitas a condições especiais prejudiciais à saúde ou à integridade física, sem completar em qualquer delas o prazo mínimo exigido para a aposentadoria especial, os respectivos períodos serão somados após conversão. A comprovação da efetiva exposição do segurado aos agentes nocivos será feita mediante formulário denominado perfil profissiográfico previdenciário emitido pela empresa ou seu preposto, com base em laudo técnico de condições ambientais do trabalho expedido por médico do trabalho ou engenheiro de segurança do trabalho. A empresa que não mantiver laudo técnicoatualizado com referência aos agentes nocivos existentes no ambiente de trabalho de seus trabalhadores ou que emitir documento de comprovação de efetiva exposição em desacordo com o respectivo laudo estará sujeita à aplicação de auto de infração. O perfil profissiográfico previdenciário, abrangendo as atividades desenvolvidas pelo trabalhador, será fornecido a este, quando da rescisão do contrato de trabalho ou do desligamento do cooperado, em cópia autêntica, sob pena de multa. A data do início do benefício será: - para segurado empregado: a contar da data do desligamento do emprego, se requerida em 90 dias; a contar da data de entrada do requerimento, se requerido após 90 dias do desligamento ou quando não houver desligamento; - para os demais segurados: a contar da data de entrada do requerimento. O segurado que retornar ao exercício de atividade ou operações que o sujeitem aos agentes nocivos, ou nele permanecer, na mesma ou em outra empresa, qualquer que 25 seja a forma de prestação do serviço, ou categoria de segurado, terá seu benefício cessado a partir da data do retorno à atividade. 7. Salário Família – artigos 65 ao 70 da Lei 8.213/91 e artigos 51 a 55 do Decreto 3.048/99 - Será devido, mensalmente, apenas ao segurado empregado e ao trabalhador avulso, na proporção do respectivo número de filhos ou equiparados de qualquer condição, até quatorze anos de idade ou inválido, tenham salário de contribuição inferior ou igual a R$ 971,33 (novecentos e setenta e um reais e trinta e três centavos). Quando o pai e a mãe são segurados empregados ou trabalhadores avulsos, ambos têm direito ao salário-família. Valor da cota, por dependente, partir de 1º de janeiro de 2012, é de: • R$ 33,14 (trinta e três reais e quatorze centavos) para o segurado com remuneração mensal não superior a R$ 646,24 (seiscentos e quarenta e seis reais e vinte e quatro centavos); • R$ 23,35 (vinte e três reais e trinta e cinco centavos) para o segurado com remuneração mensal superior a R$ 646,24 (seiscentos e quarenta e seis reais e vinte e quatro centavos) e igual ou inferior a R$ 971,33 (novecentos e setenta e um reais e trinta e três centavos). O salário família será pago: 1. pela empresa - ao empregado, com o respectivo salário, devendo deduzir as cotas quando do recolhimento das contribuições sobre a folha de salário. 2. pelo sindicato ou órgão gestor de mão-de-obra, mediante convênio – ao trabalhador avulso. 3. pelo INSS - ao empregado e trabalhador avulso aposentados por idade, por invalidez ou em gozo de auxílio doença, juntamente com o benefício. As cotas do salário família, pagas pela empresa, deverão ser deduzidas quando do recolhimento das contribuições sobre a folha de salário. A empresa deverá conservar, durante dez anos, os comprovantes dos pagamentos e as cópias das certidões correspondentes, para exame pela fiscalização do Instituto Nacional do Seguro Social. O pagamento do salário família será devido a partir da data da apresentação da certidão de nascimento do filho ou da documentação relativa ao equiparado, estando condicionado à apresentação anual de atestado de vacinação obrigatória, até seis anos de idade, e de comprovação semestral de freqüência à escola do filho ou 26 equiparado, a partir dos sete anos de idade, sob pena de suspensão do benefício. Não é devido salário-família no período entre a suspensão do benefício motivada pela falta de comprovação da frequência escolar e o seu reativamento, salvo se provada a frequência escolar regular no período. Tendo havido divórcio, separação judicial ou de fato dos pais, ou em caso de abandono legalmente caracterizado ou perda do poder familiar, o salário família passará a ser pago diretamente àquele a cujo cargo ficar o sustento do menor, ou a outra pessoa, se houver determinação judicial nesse sentido. O salário-família cessa automaticamente por morte do filho ou equiparado, a contar do mês seguinte ao do óbito; quando o filho ou equiparado completar quatorze anos de idade, salvo se inválido, a contar do mês seguinte ao da data do aniversário; pela recuperação da capacidade do filho ou equiparado inválido, a contar do mês seguinte ao da cessação da incapacidade; ou pelo desemprego do segurado. As cotas do salário família não serão incorporadas, para qualquer efeito, ao salário ou ao benefício. 8. Salário Maternidade - artigos 71 ao 73 da Lei 8.213/91 e artigos 51 a 55 do Decreto 3.048/99 - É devido à segurada da previdência social, durante cento e vinte dias, com início vinte e oito dias antes e término noventa e um dias depois do parto, podendo ser prorrogado, em casos excepcionais, de mais duas semanas, mediante atestado médico específico. Em caso de parto antecipado ou não, a segurada tem direito aos cento e vinte dias e em caso de aborto não criminoso, comprovado mediante atestado médico, a segurada terá direito ao salário-maternidade correspondente a duas semanas. É devido à segurada da Previdência Social que adotar ou obtiver guarda judicial para fins de adoção de criança, independentemente de a mãe biológica ter recebido o mesmo benefício quando do nascimento da criança, cujo prazo varia de acordo com a idade da criança: até um ano completo, por cento e vinte dias; a partir de um ano até quatro anos completos, por sessenta dias; ou a partir de quatro anos até completar oito anos, por trinta dias. Renda Mensal: 27 - para a segurada empregada consiste numa renda mensal igual à sua remuneração integral e será pago pela empresa; - para a segurada empregada doméstica será o valor correspondente ao do seu último salário de contribuição; - para a trabalhadora avulsa consiste numa renda mensal igual à sua remuneração integral equivalente a um mês de trabalho; - para a segurada especial será um salário mínimo. - para as seguradas contribuinte individual, facultativa e a desempregada que mantém a qualidade de segurada, em um doze avos da soma dos doze últimos salários de contribuição, apurados em período não superior a quinze meses. Nos meses de início e término do salário maternidade da segurada empregada, o salário maternidade será proporcional aos dias de afastamento do trabalho. No caso de empregos concomitantes, a segurada fará jus ao salário maternidade relativo a cada emprego. O salário maternidade não pode ser acumulado com benefício por incapacidade. Quando ocorrer incapacidade em concomitância com o período de pagamento do salário maternidade, o benefício por incapacidade, conforme o caso, deverá ser suspenso enquanto perdurar o referido pagamento, ou terá sua data de início adiada para o primeiro dia seguinte ao término do período de cento e vinte dias. A segurada aposentada que retornar à atividade fará jus ao pagamento do salário- maternidade. 9. Pensão por Morte – artigos 74 ao 79 da Lei 8.213/91 e artigos 51 a 55 do Decreto 3.048/99 - Será devida ao conjunto dos dependentes do segurado que falecer, aposentado ou não, a contar da data: - do óbito, quando o dependente requerer até trinta dias depois deste; - da data do requerimento, quando requerida após esse prazo; - da decisão judicial, no caso de morte presumida. Cessa o benefício: - pela morte do pensionista; - para o pensionista menor de idade, ao completar vinte e um anos, salvo se for inválido, ou pela emancipação, ainda que inválido, exceto, neste caso, se a emancipação for decorrente de colação de grau científico em curso de ensinosuperior; 28 - para o pensionista inválido, pela cessação da invalidez, verificada em exame médico pericial a cargo da previdência social. - pela adoção, para o filho adotado que receba pensão por morte dos pais biológicos. - pelo reaparecimento do segurado, ficando os dependentes desobrigados da reposição dos valores recebidos, salvo má-fé. 10. Auxílio Reclusão – artigo 80 da Lei 8.213/91 e artigos 51 a 55 do Decreto 3.048/99. Aplicam-se ao auxílio reclusão as mesmas regras da pensão, no que couber. Será devido aos dependentes do segurado recolhido à prisão que não receber remuneração da empresa nem estiver em gozo de auxílio doença, aposentadoria ou abono de permanência em serviço, desde que o seu último salário de contribuição seja inferior ou igual a R$ 971,33 (novecentos e setenta e um reais e trinta e três centavos). É devido auxílio reclusão aos dependentes do segurado quando não houver salário de contribuição na data do seu efetivo recolhimento à prisão, desde que mantida a qualidade de segurado e será pago apenas durante o período em que o segurado estiver recolhido à prisão sob regime fechado ou semiaberto. É vedada a concessão do auxílio reclusão após a soltura do segurado. A data de início do benefício será fixada na data do efetivo recolhimento do segurado à prisão, quando o dependente maior de dezesseis anos de idade requerer até trinta dias depois desta, ou na data do requerimento, se posterior, observado, no que couber, ou quando o dependente menor até dezesseis anos de idade, requerer até trinta dias após completar essa idade ou ainda da data do requerimento, quando requerida após esses prazos. O beneficiário deverá apresentar trimestralmente atestado de que o segurado continua detido ou recluso, firmado pela autoridade competente. No caso de fuga, o benefício será suspenso e, se houver recaptura do segurado, será restabelecido a contar da data em que esta ocorrer, desde que esteja ainda mantida a qualidade de segurado. Falecendo o segurado detido ou recluso, o auxílio reclusão que estiver sendo pago será automaticamente convertido em pensão por morte. 29 Acumulação de benefícios - artigo 124 da Lei 8.213/91 e artigos 51 a 55 do Decreto 3.048/99 - Salvo no caso de direito adquirido, não é permitido o recebimento conjunto dos seguintes benefícios da previdência social, inclusive quando decorrentes de acidente do trabalho: 1. aposentadoria com auxílio doença; 2. mais de uma aposentadoria; 3. aposentadoria com abono de permanência em serviço; 4. salário maternidade com auxílio doença; 5. mais de um auxílio acidente; 6. mais de uma pensão deixada por cônjuge; 7. mais de uma pensão deixada por companheiro ou companheira; 8. mais de uma pensão deixada por cônjuge e companheiro ou companheira; e 9. auxílio acidente com qualquer aposentadoria. 30 SEGUNDA PARTE: CUSTEIO DA SEGURIDADE SOCIAL RECEITAS DA SEGURIDADE SOCIAL – artigos 16 ao 28 da Lei 8.212/91 e artigos 196 ao 213 do Decreto 3.048/99. A seguridade social é financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e de contribuições sociais. Receitas da União - A contribuição da União é constituída de recursos adicionais do Orçamento Fiscal, fixados obrigatoriamente na Lei Orçamentária anual. A União é responsável pela cobertura de eventuais insuficiências financeiras da seguridade social, quando decorrentes do pagamento de benefícios de prestação continuada da previdência social, na forma da Lei Orçamentária anual. Receitas de outras fontes – Constituem outras receitas da seguridade social: 1. as multas, a atualização monetária e os juros moratórios; 2. a remuneração recebida pela prestação de serviços de arrecadação, fiscalização e cobrança prestados a terceiros; 3. as receitas provenientes de prestação de outros serviços e de fornecimento ou arrendamento de bens; 4. as demais receitas patrimoniais, industriais e financeiras; 5. as doações, legados, subvenções e outras receitas eventuais; 6. cinqüenta por cento da receita obtida na forma do parágrafo único do art. 243 da Constituição Federal, repassados pelo Instituto Nacional do Seguro Social (atualmente SRFB) aos órgãos responsáveis pelas ações de proteção à saúde e a ser aplicada no tratamento e recuperação de viciados em entorpecentes e drogas afins; 7. quarenta por cento do resultado dos leilões dos bens apreendidos pela Secretaria da Receita Federal; 8. outras receitas previstas em legislação específica; e 9. As companhias seguradoras que mantém seguro obrigatório de danos pessoais causados por veículos automotores de vias terrestres, de que trata a Lei n. 6.194, de 19 de dezembro de 1974, deverão repassar à seguridade social cinqüenta por cento do valor total do prêmio recolhido, destinados ao Sistema Único de Saúde, para custeio da assistência médico-hospitalar dos segurados vitimados em acidentes de trânsito. 31 Receitas das Contribuições Sociais – dividem-se em: I - Empregado, Trabalhador Avulso e Empregado Doméstico: Salário de contribuição Alíquota em % até 1.247,70 8,00 de 1.247,71 até 2.079,50 9,00 de 2.079,15 até 4.159,00 11,00 Nota: esses valores foram estabelecidos na Portaria Interministerial nº 11 do MPS/MF, e 08.01.2013, com vigência a partir de 01.01.2013. Salário de Contribuição para empregado e trabalhador avulso é a remuneração auferida em uma ou mais empresas, assim entendida a totalidade dos rendimentos pagos, devidos ou creditados a qualquer título, durante o mês, destinados a retribuir o trabalho, qualquer que seja a sua forma, inclusive as gorjetas, os ganhos habituais sob a forma de utilidades e os adiantamentos decorrentes de reajuste salarial, quer pelos serviços efetivamente prestados, quer pelo tempo à disposição do empregador ou tomador de serviços, nos termos da lei ou do contrato ou, ainda, de convenção ou acordo coletivo de trabalho ou sentença normativa;. Para empregado doméstico é a remuneração registrada na Carteira de Trabalho e Previdência Social e/ou na Carteira Profissional. Limites: o mínimo é piso salarial legal ou normativo da categoria ou, inexistindo este, ao salário mínimo, tomado no seu valor mensal, diário ou horário, conforme o ajustado e o tempo de trabalho efetivo durante o mês. O máximo é o estabelecido em portaria do Ministério da Previdência Social. Parcelas que integram o salário de contribuição: 1. A gratificação natalina - décimo terceiro salário - integra o salário de contribuição, exceto para o cálculo do salário de benefício, sendo devida a contribuição quando do pagamento ou crédito da última parcela ou na rescisão do contrato de trabalho. 2. O salário-maternidade. 3. O valor das diárias para viagens, quando excedente a cinquenta por cento da remuneração mensal do empregado, integra o salário de contribuição pelo seu valor total. 32 II – Contribuinte Individual e Facultativo: A alíquota de contribuição dos segurados contribuinte individual e facultativo é de vinte por cento aplicada sobre o respectivo salário de contribuição, cujo limite mínimo é o salário mínimo e máximo é o estabelecido em Portaria Ministerial. A partir da competência em que o segurado fizer a opção pela exclusão do direito ao benefício de aposentadoria por tempo de contribuição, é de onze por cento, sobre o valor correspondente ao limite mínimo mensal do salário de contribuição, a alíquota de contribuição: • do segurado contribuinte individual, que trabalhe por contaprópria, sem relação de trabalho com empresa ou equiparado; • do segurado facultativo; e • especificamente quanto às contribuições relativas à sua participação na sociedade, do sócio de sociedade empresária que tenha tido receita bruta anual, no ano calendário anterior, de até R$ 36.000,00 (trinta e seis mil reais). Salário de contribuição do segurado facultativo é o valor por ele declarado e do contribuinte individual é a remuneração auferida em uma ou mais empresas ou pelo exercício de sua atividade por conta própria, durante o mês. III – Empregador Doméstico: é de doze por cento do salário de contribuição do empregado doméstico a seu serviço. IV – Empresa – sobre a folha de salários: Empresa urbana: - vinte por cento sobre o total das remunerações pagas, devidas ou creditadas, a qualquer título, no decorrer do mês, aos segurados empregado e trabalhador avulso; - vinte por cento sobre o total das remunerações ou retribuições pagas ou creditadas no decorrer do mês ao segurado contribuinte individual; 33 - quinze por cento sobre o valor bruto da nota fiscal ou fatura de prestação de serviços, relativamente a serviços que lhes são prestados por cooperados por intermédio de cooperativas de trabalho; - um por cento para a empresa em cuja atividade preponderante o risco de acidente do trabalho seja considerado leve; dois por cento para a empresa em cuja atividade preponderante o risco de acidente do trabalho seja considerado médio; ou três por cento para a empresa em cuja atividade preponderante o risco de acidente do trabalho seja considerado grave, incidentes sobre o total da remuneração paga, devida ou creditada a qualquer título, no decorrer do mês, ao segurado empregado e trabalhador avulso. - se a atividade exercida pelo segurado a serviço da empresa ensejar a concessão de aposentadoria especial após quinze, vinte ou vinte e cinco anos de contribuição, a s alíquotas serão acrescidas de doze, nove ou seis pontos percentuais, respectivamente, incidente exclusivamente sobre a remuneração do segurado sujeito às condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física. Empresa rural: - dois vírgula cinco por cento sobre o total da receita bruta proveniente da comercialização da produção rural, quando se tratar de pessoa jurídica que tenha como fim apenas a atividade de produção rural. - zero vírgula um por cento incidente sobre a receita bruta proveniente da comercialização de sua produção, quando se tratar de produtor rural pessoa jurídica. V – Produtor rural pessoa física e segurado especial: - dois por cento para a seguridade social; e - zero vírgula um por cento para o financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho. 34 VI – Associação desportiva que mantém equipe de futebol profissional: é de cinco por cento da receita bruta decorrente dos espetáculos desportivos de que participe em todo território nacional, em qualquer modalidade desportiva, inclusive jogos internacionais, e de qualquer forma de patrocínio, licenciamento de uso de marcas e símbolos, publicidade, propaganda e transmissão de espetáculos desportivos. Isenção de Contribuições artigos 206 ao 210 do Decreto 3.048/99 – a pessoa jurídica de direito privado beneficente de assistência social fica isenta das contribuições referentes ao aporte patronal desde que atenda, cumulativamente, aos seguintes requisitos: - seja reconhecida como de utilidade pública federal; - seja reconhecida como de utilidade pública pelo respectivo Estado, Distrito Federal ou Município onde se encontre a sua sede; - seja portadora do Registro e do Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social fornecidos pelo Conselho Nacional de Assistência Social, renovado a cada três anos; - promova, gratuitamente e em caráter exclusivo, a assistência social beneficente a pessoas carentes, em especial a crianças, adolescentes, idosos e portadores de deficiência; - aplique integralmente o eventual resultado operacional na manutenção e desenvolvimento de seus objetivos institucionais, apresentando, anualmente, relatório circunstanciado de suas atividades ao Instituto Nacional do Seguro Social (atualmente SRFB); e - não percebam seus diretores, conselheiros, sócios, instituidores, benfeitores, ou equivalentes, remuneração, vantagens ou benefícios, por qualquer forma ou título, em razão das competências, funções ou atividades que lhes são atribuídas pelo respectivo estatuto social. - esteja em situação regular em relação às contribuições sociais. Entende-se por assistência social beneficente a prestação gratuita de benefícios e serviços a quem destes necessitar. Considera-se pessoa carente a que comprove não possuir meios de prover a própria manutenção, nem tê-la provida por sua família, bem como ser destinatária da Política Nacional de Assistência Social, aprovada pelo Conselho Nacional de Assistência Social. 35 A isenção das contribuições é extensiva a todas as entidades mantidas, suas dependências, estabelecimentos e obras de construção civil da pessoa jurídica de direito privado beneficente, quando por ela executadas e destinadas a uso próprio. A isenção concedida a uma pessoa jurídica não é extensiva e nem abrange outra pessoa jurídica, ainda que esta seja mantida por aquela, ou por ela controlada. Será cancelada a isenção da pessoa jurídica de direito privado beneficente que não atender aos requisitos, a partir da data em que se a fiscalização verificar que a pessoa jurídica deixou de cumprir os requisitos previstos na legislação, emitindo Informação Fiscal na qual relatará os fatos que determinaram a perda da isenção. A pessoa jurídica de direito privado beneficente será cientificada do inteiro teor da Informação Fiscal, sugestões e conclusões emitidas pelo Instituto Nacional do Seguro Social e terá o prazo de quinze dias para apresentação de defesa e produção de provas. Apresentada a defesa ou decorrido o prazo sem manifestação da parte interessada, a autoridade competente decidirá acerca do cancelamento da isenção, emitindo Ato Cancelatório, se for o caso. Cancelada a isenção, a pessoa jurídica de direito privado beneficente terá o prazo de trinta dias contados da ciência da decisão, para interpor recurso com efeito suspensivo ao Conselho de Contribuintes. A pessoa jurídica de direito privado sem fins lucrativos, que exerce atividade educacional ou que atenda ao Sistema Único de Saúde, mas não pratique de forma exclusiva e gratuita atendimento a pessoas carentes, gozará da isenção das contribuições, na proporção do valor das vagas cedidas, integral e gratuitamente, a carentes ou do valor do atendimento à saúde de caráter assistencial, desde que satisfaçam os requisitos constantes dos incisos I, II, III, V e VI do caput do art. 206 do RPS. A pessoa jurídica de direito privado beneficiada com a isenção é obrigada a apresentar, anualmente, até 30 de abril, relatório circunstanciado de suas atividades no exercício anterior. Prazo de Vencimento – artigos 216, 239 do Decreto 3.048/99 - o prazo para cumprimento da obrigação principal é: - até dois dias úteis: associação desportiva que mantém equipe de futebol profissional quando da realização dos espetáculos desportivos. 36 - Até o dia 15 do mês seguinte: o Contribuinte individual o Segurado
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