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Análise Macroeconômica I Tópico 3 A moeda tem um papel fundamental na sociedade e seu estudo é imprescindível para entender-se vários fenômenos que acontecem nas economias modernas. A teoria monetária aborda o impacto da moeda na economia. Será abordado a criação de moeda pelo Banco Central e pelos Bancos Comerciais,bem como os instrumentos utilizados por esse e que afetam a quantidade de moeda em circulação. Não existe uma definição precisa de moeda, mas podemos afirmar que moeda é algo aceito pela coletividade e que desempe- nha as seguintes funções: Funções da MOEDA * Meio ou Instrumento de Troca: Num sistema econômico baseado na especialização e divisão do trabalho, a moeda é o instrumento que facilita as trocas de mercadorias. * Unidade de Conta (ou unidade de medida): Serve para expressar o valor de troca de mercado- rias diferentes, na forma de preço do bem. * Reserva de Valor:A moeda serve para transferir poder aquisitivo do presente para o futuro. Esta representa um direito que seu possuidor tem sobre outras mercadorias. * Padrão de Pagamentos Diferidos: A moeda serve para transferir direitos e obrigações monetá- rias para o futuro. Agregados Monetários INTRODUÇÃO À ECONOMIA MONETÁRIA Agregado monetário é o conceito de moeda que inclui as quase-moeda: São eles: M1: Moeda em poder do público mais depósitos à vista M2: M1 + depósitos especiais remunerados + depósitos de poupança + títulos emitidos por instituições depositárias. M3: M2 + quotas de fundo de renda fixa + operações compromissadas com títulos federais. M4: M3 + títulos públicos de alta liquidez. Análise Macroeconômica I Tópico 3 AGREGADOS MONETÁRIOS DO BRASIL – 31 JANEIRO DE 2002 ATIVO R$ MILHÕES % de M4 % do PIB M0 = Papel Moeda em poder do Público 27.285 3,6% 2,2% + Depósitos à Vista 47.387 6,2% 3,8% = M1 74.672 9,8% 6,0% + Depósitos de Poupança 120.036 15,8% 9,7% + Títulos Privados 119.810 15,8% 9,6% = M2 314.518 41,5% 25,3% + Quotas de Fundo de Renda Fixa 295.977 39,0% 23,8% + Operações com Títulos Federais 15.352 2,0% 1,2% = M3 625.847 82,5% 50,4% + Títulos Federais (SELIC) 129.868 17,1% 10,5% + Títulos Estaduais e Municipais 2.608 0,3% 0,2% = M4 758.323 100,0% 61,0% A tabela ao lado referem-se aos agregados monetários do Brasil em 31/ 01 / 2002. Observe como a moeda em poder do público é uma pe- quena parte dos agregados monetários totais. Os meios de pagamentos ( M1) também são uma pequena parte dos agregados monetários. O agregado monetário básico, do qual decorrem os demais, é chamado de Base Monetária (High Powered Money). Este agregado inclui o papel-moeda emitido pelo governo em poder do público (PMPP) e o volume de reservas mantidos pelos bancos comerciais (R). Assim, B = PMPP + R. A base monetária pode ser entendida como o dinheiro com poder de multiplicação. Ela correspon- de a toda a moeda física disponível (papel moeda e moeda metálica), exceto a que ficou retida no Caixa das Autoridades Monetárias. É esta variável que o Banco Central irá tentar controlar , por meio do controle do nível de emissão e pelo controle sobre o nível de reservas bancárias mantidos pelos bancos. Análise Macroeconômica I Tópico 3 Para entendermos o processo de criação da moeda, definida como meios de pagamen- tos, ou seja, o estoque de moeda disponível que pode ser utilizado nas transações. Os meios de pagamentos consistem na totalidade de haveres monetários possuídos pelo setor não bancário e que podem ser utilizados para a liquidação de qualquer dívida em moeda nacional. Seu saldo é dado pelo valor de moeda em poder do público (PMPP) mais o saldo dos depósitos à vista (DV). Assim: M = PMPP + DV * Moeda em Poder do Público (PMPP): Todo o valor de papel-moeda que o público retém para realizar transações. * Depósitos à Vista (DV): Todo o valor de moeda-escritural disponível através de saldos em conta corrente aos quais se tem acesso através de emissão de um cheque. * Oferta Monetária: ou oferta de moeda é definida como a quantidade de moeda disponível na economia. Para isso, deve-se entender o que significa criação e destruição de moeda. Em economia, diz-se que há destruição de moeda quando o saldo dos meios de pagamentos (M1) diminuem, reduzindo a oferta de moeda disponível, e há criação de moeda quando (M1) aumenta, correspondendo a um aumento da oferta de moeda disponível. Esse processo de criação e destruição de moeda é feito pelo Banco Central e Bancos Comerciais. OFERTA DE MOEDA Bancos Comerciais são instituições autorizadas pelo Banco Central, através de uma carta patente, a receber depósitos e efetuar empréstimos ao setor privado. Banco Central é a instituição designada a supervisionar o sistema bancário e regular a quantidade de moeda da economia.Seu objetivo é a manutenção da liquidez do sistema econômico em níveis compatíveis com o crescimento do produto e estabilidade da moeda. Análise Macroeconômica I Tópico 3 Banco Central: As principais funções do Banco Central são: A ) Banco Emissor: Detém o monopólio da emissão de moeda. B ) Banco dos bancos: Lugar onde os bancos comerciais depositam e transferem seus fundos de um banco para o outro. O BC também é o emprestador de última instância para bancos com problemas de liquidez para saldar seus compromissos (chamado redesconto bancário). C ) Banco do Governo: Financia o tesouro nacional com a colocação de títulos públicos, adminis- tra a dívida pública interna e externa, administra as reservas internacionais do país e executa operações ligadas a organismos financeiros internacionais. D ) Supervisor do Sistema Financeiro Nacional : Supervisiona o bom andamento do SFN e o adapta às necessidades e transformações da economia do país, baixando normas, fiscalizando as instituições financeiras e decretando intervenção ou liquidação de instituições com problemas. E ) Executor da Política Monetária: Regula a expansão dos meios de pagamento, elaborando o orçamento monetário e utilizando os instrumentos de política monetária para controlar a liquidez do sistema. OFERTA DE MOEDA PELO BANCO CENTRAL Os Instrumentos de Política Monetária são: i ) Controle de emissões: Como o BC tem o monopólio de emissão de moeda e deve colocar em circulação o volume de moeda necessária ao bom desempenho da economia. ii ) Reservas Compulsórias: A taxa de reservas compulsórias tem alta eficácia para controlar o processo de multiplicação da moeda escritural e, desta forma, a expansão dos meios de pagamentos. Se o governo quiser aumentar os meios de pagamentos reduz a taxa de compulsório, caso queira reduzir os meios de pagamentos aumenta a taxa de compulsório. Análise Macroeconômica I Tópico 3 iv ) Política de Redesconto: O Banco Central é o emprestador de última instância a bancos com problemas de liquidez. Quando o BC aumenta a taxa de redesconto (que representa custo para os bancos comerciais) desestimula os bancos comerciais a efetuarem empréstimos para o setor privado, mantendo mais moeda como reserva para eventuais dificuldades.Caso o BC reduza a taxa de redesconto, o contrário é verdadeiro. v ) Operações de Open Market (ou Mercado Aberto): São destinadas a regular no dia-a-dia a liquidez geral da economia. Estas operações consistem em compra e venda de títulos públicos no mercado de capitais. Quando o governo vende títulos, ele retira moeda do sistema e quando este recompra ele injeta moeda no sistema. OFERTA DE MOEDA PELOS BANCOS COMERCIAIS Os bancos comerciais podem alterar a oferta de moeda através do multiplicador bancário. Embora asinstituições financeiras bancárias não possam emitir moeda,os depósitos à vista em seu poder caracteri- zam-se pelo seu auto-poder de expansão, criando a denominada moeda escritural. Um depósito à vista representa um direito que o depositante possui sobre determinada quantia. Quando um banco recebe um depósito, ele promete pagar a quantia solicitada quando o depositante quiser. Normalmente, essa solicitação é feita por cheques e observa-se que a todo instante existem saques e depósi- tos, de tal forma que somente uma pequena parcela do total dos depósitos são necessária para atender a necessidade de caixa dos bancos, ou seja, pagar os cheques que são descontados. Dessa forma, os bancos co- merciais podem fazer uma “promessa de pagar” em um valor múltiplo do total de depósitos iniciais e usar os fundos obtidos para efetuar empréstimos. iii) Controle de moeda e crédito: O BC afeta o sistema financeiro via regulamentação e controle do crédito por meio da política de juros, controle de prazos, regras para financiamentos aos consumidores. Análise Macroeconômica I Tópico 3 Para explicar o processo de expansão da moeda, vamos imaginar um depósito inicial no Banco do Brasil. O BB reterá r% e emprestará 1 – r%. O público recebendo ( 1 – r ), guardará c% como moeda ma- nual e depositará ( 1 – c )% de ( 1 – r ) no Banrisul. Este reterá r% de (1 – c) ( 1 – r). Ou seja, . O público reterá c% desse montante e depositará ( 1 – c )% de , ou seja, . O pro- cesso continua até que a expansão monetária tenda a cessar na enésima etapa. Ao final, tem-se uma progres- são geométrica de razão (1 – c) (1 – r). Chamando m de multiplicador monetária, chega-se à fórmula da PG: 22 )1()1( rc )1()1( 2 cr )1()1( 2 cr )1)(1(1 1 rc m Observa-se que o multiplicador monetário varia inversamente em relação à taxa de reservas ou à taxa de retenção do público. Quanto mais os bancos forem obrigados a reter em caixa (maior r), menos eles poderão emprestar ao público e menor a expansão monetária. Da mesma forma, quanto maior a taxa de reten- ção do público (maior c), menos será depositado nos bancos e assim eles contarão com menos depósitos para repassar a outros clientes. Para demonstrar o mecanismo de expansão da moeda escritural (oferta de moeda pelos banco co- merciais), vamos supor que o público retenha uma parcela c% e depositem 1 – c% do total de seus ativos mo- netários e os bancos retenham uma parcela r% como reservas e emprestem 1 – r% destes depósitos. r é cha- mada de taxa de reservas ou encaixes bancários e c é a taxa de retenção do público. Estas taxas são obtidas em relação aos depósitos à vista. Análise Macroeconômica I Tópico 3 DEMANDA POR MOEDA A demanda por moeda é a relação entre a quantidade de moeda exigida e a taxa de juros, uma vez inalteradas todas as outras influências na quantidade de moeda que as pessoas desejam manter. Os agentes demandam moeda por três motivos básicos, quais sejam: motivo transação; motivo precaução e motivo especulação A função demanda de moeda por motivo transação e precaução é: Lr+p = kPy, onde k é o percen- tual da renda que as pessoas retém de moeda para transações, P é o índice de preços e y é o produto real. A equação da demanda por moeda para especulação é Le = f (r), sendo que a relação entre Le e r é negativa. A demanda real de moeda pode ser descrita como: grky P L ,onde g é a sensibilidade da demanda por moeda em relação à taxa de juros. Assim a demanda real por moeda tem relação positiva com a renda e negativa com a taxa de juros. P L P M EQUILÍBRIO MONETÁRIO ..: O equilíbrio do mercado monetário é obtido igualando-se a oferta real de moeda à demanda real por moeda. Desse equilíbrio resulta a taxa de juros. Análise Macroeconômica I Tópico 3 DETERMINAÇÃO DA TAXA DE JUROS Taxa de juros é o preço do dinheiro no tempo e é determinado através das forças de oferta e de- manda por moeda pelos agentes no mercado monetário. T ax a d e Ju ro s (P er ce n tu al a o A n o ) 3 6 9 12 15 18 21 100 200 300 400 500 600 700 800 OM DM Moeda Real ( em milhões de Reais) Oferta Excessiva de Moeda Demanda Excessiva de Moeda EQUILÍBRIO DO MERCADO DE MOEDA O equilíbrio do mercado monetário ocorre quando a taxa de juros é ajustada para fazer a quantidade de moeda real demandada igual à quantidade de moeda real ofertada. No exemplo, 12% ao ano. A taxa superiores à essa, a quantidade de moeda real demandada é inferior à oferecida e as pessoas irão comprar títulos, reduzindo a demanda por moeda e também a taxa de juros. Quando a taxa de juros se encontra abaixo da taxa de equilíbrio, as pessoas venderão títulos, aumentando a demanda por moeda, fazendo a taxa de juros subir. TAXA REAL DE JUROS Taxa real de juros é o retorno em termos de poder de compra de uma aplicação, ou seja, corres- ponde à diferença entre a taxa nominal de juros e a variação no poder aquisitivo da moeda ao longo do pe- ríodo, isto é, a taxa de inflação.Assim: onde r é a taxa de juros real; i é a taxa de juros nominal e π é a taxa de inflação. 1 1 1 i r Análise Macroeconômica I Tópico 3 TEORIA CLÁSSICA (Teoria Quantitativa da Moeda) A equação quantitativa da moeda fornece uma relação entre quantidade de moeda e o valor das transações realizadas e liquidadas em moeda, de acordo com a seguinte expressão: MV = PY, onde: M é a quantidade de moeda; V é a velocidade-renda da moeda; P é o nível geral de preços e Y é o produto real. Rearranjando a equação, temos: Y VP M 1 kY P M ,fazendo temos k V 1 onde k é uma constante que reflete o inverso da velocidade renda da moeda, e chamada de coefi- ciente marshalliano ou coeficiente de Cambridge. Ele pode ser interpretado como a retenção média de moeda pelas pessoas em relação à renda nacional Por exemplo, em dezembro de 2000 o PIB brasileiro foi de R$ 1.050.750 milhões e os meios de pagamento R$ 90.605 milhões. Assim: V = R$ 1.050.750/ R$ 90.605 = 11,59, ou seja, a moeda “girou” 11,59 vezes criando renda durante 2000. Assim k = 1 / 11,59 = 0,0863 A N E X O S
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