Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Universidade Federal de Itajuba´ Geometria Anal´ıtica e A´lgebra Linear - 2o sem. 2010 Profa Ana Cla´udia da Silva Moreira - ICE Identificac¸a˜o de Coˆnicas Uma coˆnica em R2 e´ um conjunto de pontos do plano que satisfazem, em algum sistema de coordenadas, a equac¸a˜o Ax2 +Bxy + Cy2 +Dx+ Ey + F = 0 (1) onde os coeficientes sa˜o reais com A, B, C na˜o todos nulos. A fim de identificarmos a coˆnica representada pela equac¸a˜o (1), gostar´ıamos de eliminar o termo misto, pois deste modo seria simples completar quadrados, fatorar ou fazer uma simples translac¸a˜o para obtermos a equac¸a˜o na forma canoˆnica, facilmente identifica´vel. Para isso, precisamos encontrar um sistema de coordenadas no qual B = 0, isto e´, procuramos uma base ortonormal do R2 na qual a equac¸a˜o (1) se escreva como A′x′2 + C ′y′2 +D′x′ + E ′y′ + F ′ = 0 (2) Lembramos que uma base {w1, ..., wn} do Rn e´ dita ortonormal se (i) seus vetores sa˜o dois a dois ortogonais, isto e´, o produto interno entre eles e´ nulo; (ii) seus vetores teˆm norma igual a um. Inicialmente, consideremos apenas os termos de 2o grau em (1), como uma func¸a˜o Q : R2 → R definida por Q(x, y) = Ax2 +Bxy + Cy2 (3) Embora na˜o seja objeto de nosso estudo nesta disciplina, vale informar que Q e´ uma forma quadra´tica em R2 associada a` uma forma bilinear sime´trica cuja matriz na base canoˆnica e´ dada por KC = ( A B/2 B/2 C ) . Note que, podemos escrever (3) como Q(x, y) = ( x y )( A B/2 B/2 C )( x y ) 1 ou seja, Q(x, y) = X tKX Agora observemos que, se encontrarmos uma base β que leve a equac¸a˜o (1) a` forma (2), teremos Q(x′, y′) = A′x′2 + C ′y′2 e Q(x′, y′) = ( x′ y′ )( A′ 0 0 C ′ )( x′ y′ ) ja´ que B = 0 em (2). De modo que, a matriz associada a` forma bilinear sime´trica nesta base e´ uma matriz diagonal Kβ = ( A′ 0 0 C ′ ) Logo, conclu´ımos que existe uma base β do R2 tal que a equac¸a˜o (1) se escreve na forma (2) se e somente se, existe uma base β do R2 na qual a matriz K e´ diagonal. Como KC e´ sime´trica, a teoria de A´lgebra Linear nos garante a existeˆncia de uma tal base ortonormal do R2. Assim, basta diagonalizarmos a matriz K e descobrirmos qual base e´ responsa´vel por essa diagonalizac¸a˜o. Feito isto, sabemos da A´lgebra Linear que a matriz diagonalizada tera´ os autovalores de K na diagonal principal e portanto Kβ = ( A′ 0 0 C ′ ) = ( λ1 0 0 λ2 ) ⇒ A′ = λ1 e C ′ = λ2 Assim, na base β, a equac¸a˜o (3) se escreve como Q(x, y) = λ1x 2 + λ2y 2 e a equac¸a˜o (1) fica na forma (2) com A′ e C ′ dados pelos autovalores λ1x ′2 + λ2y′2 +D′x′ + E ′y′ + F ′ = 0 (4) Agora, podemos completar quadrados e fatorar termos em (4) obtendo uma nova mu- danc¸a de coordenadas da forma { x′′ = x′ − α y′′ = y′ − γ que e´ uma translac¸a˜o. 2 Finalmente, obteremos a equac¸a˜o (1) reduzida a` forma canoˆnica a qual sabemos identi- ficar. Exemplo: Fac¸a as mudanc¸as de coordenadas necessa´rias e transforme a equac¸a˜o da coˆnica abaixo na forma canoˆnica. 5x2 − 4xy + 8y2 + 20√ 5 x− 80√ 5 y + 4 = 0 Soluc¸a˜o: Consideremos Q(x, y) = 5x2 − 4xy + 8y2 ou seja, Q(x, y) = ( x y )( 5 −2 −2 8 )( x y ) Logo, a matriz K na base canoˆnica e´ KC = ( 5 −2 −2 8 ) O processo de diagonalizac¸a˜o de K comec¸a com a procura pelos autovalores de K, que sa˜o as ra´ızes do polinoˆmio caracter´ıstico de K: p(λ) = det(K − λI) = det ( 5− λ −2 −2 8− λ ) = (5− λ)(8− λ)− 4 = λ2 − 13λ+ 36 As ra´ızes de p(λ) sa˜o λ1 = 4 e λ2 = 9, autovalores de K. Assim, Q(x′, y′) = 4x′2 + 9y′2 (5) Agora, vamos calcular os vetores que fazem esta mudanc¸a de coordenadas. Esses vetores sa˜o os autovetores de K associados aos autovalores encontrados e devem formar uma base ortonormal do R2. Os autovetores sa˜o obtidos da soluc¸a˜o dos sistemas lineares homogeˆneos (K − λiI)X = O, com i = 1, 2. Autovetor associado ao autovalor λ1 = 4: (K − λ1I)X = 0 ( 1 −2 −2 4 )( x y ) = ( 0 0 ) 3 Escalonando a matriz obtemos x = 2y e y = t que resulta na reta de soluc¸o˜es: r1 : ( x y ) = t ( 2 1 ) Onde v1 = (2, 1) e´ um autovetor de K, mas ‖v1‖ = √ 5. Como queremos uma base ortonormal, devemos unitarizar o vetor encontrado, tomando u1 = v1 ‖v1‖ = ( 2√ 5 , 1√ 5 ) Autovetor associado ao autovalor λ2 = 9: (K − λ1I)X = 0 ( −4 −2 −2 −1 )( x y ) = ( 0 0 ) Escalonando a matriz obtemos x = −1 2 y e y = t que resulta na reta de soluc¸o˜es: r2 : ( x y ) = t −12 1 Onde v2 = (−1 2 , 1) e´ um autovetor de K, mas ‖v2‖ = √ 5 2 . Como queremos uma base ortonormal, devemos unitarizar o vetor encontrado, tomando u2 = v2 ‖v2‖ = ( − 1√ 5 , 2√ 5 ) Portanto, a base β procurada e´ a base ortonormal de autovetores β = (( 2√ 5 , 1√ 5 ) , ( − 1√ 5 , 2√ 5 )) e a matriz que faz a mudanc¸a da base canoˆnica para a base β e´ Mc,β = 2√ 5 − 1√ 5 1√ 5 2√ 5 Agora devemos escrever as antigas coordenadas x, y em func¸a˜o das novas coordenadas x′, y′: ( x y ) = 2√ 5 − 1√ 5 1√ 5 2√ 5 ( x′ y′ ) 4 isto e´, x = 2√ 5 x′ − 1√ 5 y′ y = 1√ 5 x′ + 2√ 5 y′ Substituindo as expresso˜es encontradas acima para x e y na equac¸a˜o (1), temos 4x′2 + 9y′2 + 20√ 5 ( 2√ 5 x′ − 1√ 5 y′ ) − 80√ 5 ( 1√ 5 x′ + 2√ 5 y′ ) + 4 = 0 que resulta na equac¸a˜o da coˆnica no sistema {O′, u1, u2}. 4x′2 + 9y′2 − 8x′ − 36y′ + 4 = 0 Observe que basta substituirmos as expresso˜es encontradas para x e y na parte linear da equac¸a˜o (1), ja´ que, pela equac¸a˜o (5) ja´ sabemos o resultado da parte quadra´tica da equac¸a˜o (1) quando submetida a esta mudanc¸a de coordenadas. Agora, completando os quadrados na u´ltima expressa˜o obtida, temos 4(x′2 − 2x′ + 1) + 9(y′2 − 4y′ + 4) + 4− 4− 36 = 0 que e´ equivalente a 4(x′ − 1)2 + 9(y′ − 2)2 − 36 = 0 Fazendo a seguinte translac¸a˜o { x′′ = x′ − 1 y′′ = y′ − 2 obtemos, finalmente, a equac¸a˜o da coˆnica na forma canoˆnica, no sistema {O′′, u′1, u′2}. 4x′′2 + 9y′′2 = 36 x′′2 9 + y′′2 4 = 1 a qual facilmente identificamos como uma elipse. Note que no novo sistema de coordenadas x′′, y′′, podemos obter facilmente in- formac¸o˜es sobre esta elipse: trata-se de uma elipse horizontal, de excentricidade e = √ 5 3 , cujo eixo-maior mede 6 e o eixo-menor mede 4. As coordenadas dos focos sa˜o f ′′1 = ( √ 5, 0) e f ′′2 = (− √ 5, 0), o centro esta´ na origem O” e os ve´rtices tem coordenadas a1 = (3, 0), a2 = (−3, 0), b1 = (0, 2), b2 = (0,−2). Mas, atenc¸a˜o, estas na˜o sa˜o as informac¸o˜es da coˆnica original. Se quisermos saber quais as coordenadas dos focos, ve´rtices, centro, qual e´ a excentricidade ou outras informac¸o˜es da 5 elipse cuja equac¸a˜o (1) foi dada, devemos encontrar as coordenadas no sistema original, x, y. Por exemplo, quais seriam as coordenadas do foco f ′′1 = ( √ 5, 0) no sistema original? Temos x′′ = √ 5 e y′′ = 0. Usando a translac¸a˜o, obtemos{ √ 5 = x′ − 1 0 = y′ − 2 ⇒ x′ = √ 5 + 1 e y′ = 2 Agora, usando a primeira mudanc¸a de coordenadas que obtivemos, para o sistema dos au- tovetores unita´rios, temos x = 2√ 5 √ 5− 1√ 5 2 y = 1√ 5 √ 5 + 2√ 5 2 que nos leva a x = 2− 2√ 5 y = 1 + 4√ 5 donde f1 = ( 2− 2√ 5 , 1 + 4√ 5 ) e´ um dos focos da elipse original, dada pela equac¸a˜o (1). Vejam mais exemplos no livro-texto. 6 Identificac¸a˜o de Qua´dricas Sabemos que uma qua´drica no R3 e´ uma superf´ıcie formada pelos pontos de R3 cujas coordenadassatisfazem, em algum sistema, a equac¸a˜o Ax2 +By2 + Cz2 +Dxy + Exz + Fyz +Gx+Hy + Iz + J = 0 (1) onde os coeficientes sa˜o reais com A, B, C na˜o todos nulos. Para identificarmos a qua´drica a ide´ia e´ encontrarmos um novo sistema de coordenadas, no qual a equac¸a˜o (1) tenha a forma A′x′2 +B′y′2 + C ′z′2 +G′x′ +H ′y′ + I ′z′ + J = 0 (2) isto e´, gostar´ıamos de eliminar os termos mistos de 2o grau na equac¸a˜o (1). Feito isto, podemos completar quadrados e fatorar, obtendo uma nova mudanc¸a de co- ordenadas (translac¸a˜o), de modo que que a equac¸a˜o (1) fique na forma canoˆnica. O procedimento utilizado para este fim e´ o mesmo utilizado para as coˆnicas, agora em 3 dimenso˜es. Considere a equac¸a˜o (1) no sistema de coordenadas canoˆnico {O, e1, e2, e3} (ou {O, i, j, k}), enta˜o siga os seguintes passos: Passo 1: Considerar apenas os termos de 2o grau da equac¸a˜o (1): Q(x, y, z), forma quadra´tica. Passo 2: Escrever a forma matricial de Q(x, y, z). Passo 3: Diagonalizar a matriz da forma quadra´tica, K3×3 (sime´trica): 3.1. Encontrar o polinoˆmio caracter´ıstico de K, dado por p(λ) = det(K−λI). 3.2. Calcular os autovalores, λ1, λ2 e λ3, que sa˜o as ra´ızes do polinoˆmio caracter´ıstico. 3.3. Calcular os autovetores, v1, v2, v3, resolvendo os sistemas lineares homogeˆneos: (M − λiI)X = O, com i = 1, 2, 3. 3.4. Os autovetores do item anterior devem formar uma base ortonormal do R3, portanto voceˆ deve unitariza´-los obtendo u1 = v1 ‖v1‖ , u2 = v2 ‖v2‖ , u3 = v3 ‖v3‖ . Passo 4: Obter a matriz mudanc¸a de base, M (ortogonal), cujas colunas sa˜o os autove- tores u1, u2, u3. Passo 5: Encontrar a relac¸a˜o entre as coordenadas x, y, z do sistema {O, e1, e2, e3} e as novas coordenadas x′, y′, z′ do novo sistema {O′, u1, u2, u3}. 7 Passo 6: Escrever a equac¸a˜o da qua´drica no novo sistema usando as relac¸o˜es encontrada no passo anterior1. Passo 7: Completar quadrados e fatorar. Passo 8: Utilizar a translac¸a˜o necessa´ria, obtendo novas coordenadas x′′, y′′, z′′ em func¸a˜o das antigas x′, y′, z′. Passo 9: Escrever a equac¸a˜o da coˆnica, na forma canoˆnica, no novo sistema {O′′, u′1, u′2, u′3}. Exemplo: Identifique a qua´drica abaixo e encontre sua equac¸a˜o na forma canoˆnica fazendo as mudanc¸as de coordenadas necessa´rias: 7x2 + 17y2 + 7z2 − 4xy + 6xz − 4yz − 6x− 12y − 6z + 1 = 0 Soluc¸a˜o: Consideremos agora, apenas os termos de grau 2 na equac¸a˜o dada Q(x, y, z) = 7x2 + 17y2 + 7z2 − 4xy + 6xz − 4yz Podemos escrever Q como Q(x, y, z) = ( x y z ) A D/2 E/2 D/2 B F/2 E/2 F/2 C x y z Q(x, y, z) = ( x y z ) 7 −2 3 −2 17 −2 3 −2 7 x y z Q e´ uma forma quadra´tica em R3 associada a uma forma bilinear sime´trica cuja matriz na base canoˆnica C e´ dada por KC = 7 −2 3 −2 17 −2 3 −2 7 A teoria de A´lgebra Linear nos garante que existe uma base ortonormal β = {u1, u2, u3}, de autovetores de K na qual K e´ diagonal. 1Atenc¸a˜o: lembre-se que no novo sistema os coeficientes dos termos mistos sa˜o nulos e os coeficientes de x2, y2, z2 sa˜o os autovalores λ1, λ2 e λ3, respectivamente. Portanto, basta utilizar as relac¸o˜es obtidas no Passo 5 para transformar os coeficientes da parte linear da equac¸a˜o (1). 8 Assim, para cada vetor v com coordenadas x′, y′, z′ na base β, [v]β = (x ′, y′, z′)β teremos Q(x′, y′, z′) = ( x′ y′ z′ ) λ1 0 0 0 λ2 0 0 0 λ3 x′ y′ z′ ou seja, Q(x′, y′, z′) = λ1x′2 + λ2y′2 + λ3z′3 e a matriz K na base β e´ Kβ = λ1 0 0 0 λ2 0 0 0 λ3 Observe que, como Kβ e´ diagonal, a base β e´ a base que procuramos para zerar os coeficientes dos termos mistos de 2o grau. Portanto, vamos diagonalizar K e determinar a base ortonormal que faz essa trans- formac¸a˜o. O polinoˆmio caracter´ıstico de K e´ p(λ) = det(K − λI) = ∣∣∣∣∣∣∣∣ 7− λ −2 3 −2 17− λ −2 3 −2 7− λ ∣∣∣∣∣∣∣∣ = −λ 3 + 31λ2 − 270λ+ 648 p(λ) = (λ− 4)(−λ2 + 27λ− 162) Autovalores: λ1 = 4, λ2 = 9, λ3 = 18. Logo, a parte quadra´tica da equac¸a˜o (1), no novo sistema, fica Q(x′, y′, z′) = 4x′2 + 9y′2 + 18z′3 (3) Agora, vamos determinar os vetores que formam a base para o novo sistema. Autovetor associado ao autovalor λ1 = 4: 3 −2 3 −2 13 −2 3 −2 3 x y z = 0 0 0 . 9 Escalonando a matriz, obtemos x = −z e y = 0, isto e´, a soluc¸a˜o deste sistema homogeˆnio e´ a reta r1 : x y z = t 1 0 −1 Note que o autovetor v1 = (1, 0,−1) tem norma ‖v1‖ = √ 2, como queremos um autovetor unita´rio, tomemos u1 = ( 1√ 2 , 0,− 1√ 2 ) . Autovetor associado ao autovalor λ2 = 9: −2 −2 3 −2 −8 −2 3 −2 2 x y z = 0 0 0 . Escalonando a matriz, obtemos x = z e 2y = z, isto e´, a soluc¸a˜o deste sistema homogeˆnio e´ a reta r2 : x y z = t 2 1 2 O autovetor v2 = (2, 1, 2) tem norma ‖v2‖ = 3, assim, tomemos u2 = ( 2 3 , 1 3 , 2 3 ) . Autovetor associado ao autovalor λ3 = 18: −11 −2 3 −2 −1 −2 3 −2 −11 x y z = 0 0 0 . Escalonando a matriz, obtemos x = z e y = −4z, isto e´, a soluc¸a˜o deste sistema ho- mogeˆnio e´ a reta r3 : x y z = t 1 −4 1 O autovetor v3 = (1,−4, 1) tem norma ‖v3‖ = 18, assim, tomemos u3 = ( 1√ 18 , −4√ 18 , 1√ 18 ) . Assim a base ortonormal e´ β = {( 1√ 2 , 0,− 1√ 2 ) , ( 2 3 , 1 3 , 2 3 ) , ( 1√ 18 , −4√ 18 , 1√ 18 )} 10 e a matriz (ortogonal) que faz a mudanc¸a da base canoˆnica C para a base β e´ KC,β = 1√ 2 2 3 1√ 18 0 1 3 −4√ 18 − 1√ 2 2 3 1√ 18 . Fazendo X = KC,βX ′, obtemos a relac¸a˜o entre as coordenadas x, y, z do sistema {O, e1, e2, e3} e as novas coordenadas x′, y′, z′ do novo sistema {O′, u1, u2, u3}: x y z = 1√ 2 2 3 1√ 18 0 1 3 −4√ 18 − 1√ 2 2 3 1√ 18 x′ y′ z′ isto e´, x = 1√ 2 x′ + 2 3 y′ + 1√ 18 z′ y = 1 3 y′ − 4√ 18 z′ z = − 1√ 2 x′ + 2 3 y′ + 1√ 18 z′ Substituindo x, y e z na equac¸a˜o (1) pelos valores dados acima, temos 4x′2+9y′2+18z′2−6 ( 1√ 2 x′ + 2 3 y′ + 1√ 18 z′ ) −12 ( 1 3 y′ − 4√ 18 z′ ) −6 ( − 1√ 2 x′ + 2 3 y′ + 1√ 18 z′ ) +1 = 0 donde obtemos 4x′2 + 9y′2 + 18z′2 − 4y′ + 36√ 18 z′ + 1 = 0 Na˜o precisamos nos dar ao trabalho de substituir a parte quadra´tica, pois ja´ sabemos qual sera´ o resultado (vide (3)). Agora podemos completar quadrados 4x′2 + 9 ( y′2 − 4 9 y′ + 4 9 ) + 18 ( z′2 + 2√ 18 + 1√ 18 ) + 1− 4− 1 = 0 4x′2 + 9 ( y′ − 2 3 )2 + 18 ( z′ + 1 3 √ 2 )2 = 4 Enta˜o, fazendo a translac¸a˜o x′′ = x′ y′′ = y′ − 2 3 z′′ = z′ + 1 3 √ 2 11 finalmente obtemos 4x′′2 + 9y′′2 +′ 8z′′2 = 4 que e´ a equac¸a˜o de um elipso´ide, dada em relac¸a˜o ao sistema ortogonal de coordenadas {O′′, u′1, u′2, u′3}. Note que [O′′]β = ( 0,−2 3 , 1√ 18 ) β , isto e´, as coordenadas deO′′ no sistema ortogonal {O′, u1, u2, u3} sa˜o dadas por ( 0,−2 3 , 1√ 18 ) , enquanto que [O′′]C = ( − 7 18 ,− 8 18 ,− 7 18 ) C , isto e´, as coordenadas deO′′ no sistema ortogonal {O, e1, e2, e3} sa˜o dadas por ( − 7 18 ,− 8 18 ,− 7 18 ) . Observe que a base de autovetores que estamos utilizando deveser sempre ortonormal. Veja mais exemplos de como garantir isso no livro-texto. 12 Material Extra: Teoremas de Classificac¸a˜o Temos ainda os seguintes teoremas que classificam o conjunto soluc¸a˜o de todas as equac¸o˜es de 2o grau em duas varia´veis (para coˆnicas) e o conjunto soluc¸a˜o de todas as equac¸o˜es de 2o grau em treˆs varia´veis (para qua´dricas), respectivamente. Teorema: Seja C o conjunto dos pontos do espac¸o que satisfazem a equac¸a˜o Ax2 +Bxy + Cy2 +Dx+ Ey + F = 0 (1) onde os coeficientes sa˜o reais com A, B, C na˜o todos nulos. Sejam λ1, λ2, λ3 as ra´ızes do polinoˆmio p(λ) = det ( A− λ B/2 B/2 C − λ ) enta˜o a.) O produto λ1λ2 = AC − B 2 4 b.) Se λ1λ2 > 0 enta˜o C e´ uma elipse, um ponto ou o conjunto vazio. c.) Se λ1λ2 < 0 enta˜o C e´ uma hipe´rbole ou um par de retas concorrentes. d.) Se λ1 λ2 = 0 enta˜o C e´ uma para´bola, um par de retas paralelas, uma reta ou o conjunto vazio. Teorema: Seja S o conjunto dos pontos do espac¸o que satisfazem a equac¸a˜o Ax2 +By2 + Cz2 +Dxy + Eyz + Fxz +Gx+Hy + Iz + J = 0 onde os coeficientes sa˜o reais com A, B, C na˜o todos nulos. Sejam λ1, λ2, λ3 as ra´ızes do polinoˆmio p(λ) = det A− λ D/2 E/2 D/2 B − λ F/2 E/2 F/2 C − λ enta˜o a.) Se λ1, λ2, λ3 tiverem o mesmo sinal, enta˜o S e´ um elipso´ide, um ponto ou o conjunto vazio. b.) Se λ1, λ2, λ3 forem na˜o nulos e na˜o tiverem mesmo sinal, enta˜o S e´ um hiperbolo´ide de uma folha, de duas folhas ou um cone el´ıptico. c.) Se apenas um entre λ1, λ2, λ3 for nulo, enta˜o S e´ um parabolo´ide el´ıptico, hiperbo´lico, um cilindro el´ıptico, hiperbo´lico, dois planos concorrentes, uma reta ou o conjunto vazio. 13 d.) Se exatamente dois entre λ1, λ2, λ3 forem nulos, enta˜o S e´ um cilindro parabo´lico, um par de planos paralelos ou um plano. Atenc¸a˜o: Note que os teoremas na˜o determinam exatamente qual coˆnica ou qua´drica a equac¸a˜o geral representa. Ale´m disso, o uso nos teoremas na˜o nos leva a obtenc¸a˜o da equac¸a˜o na forma canoˆnica e portanto, na˜o nos da´ informc¸o˜es sobre a coˆnica ou qua´drica em questa˜o. De modo que, o conhecimento dos teoremas e´ apenas auxiliar. E´ imprescind´ıvel sabermos desenvolver o processo para obtenc¸a˜o da equac¸a˜o geral na forma canoˆnica descrito anteriormente. Refereˆncias [1] Coelho, Flavio Ulhoa & Lourenc¸o, Mary Lilian. Um Curso de A´lgebra Linear. Sa˜o Paulo: EdUSP, 2005. [2] Santos, Reginaldo J. Matrizes, Vetores e Geometria Anal´ıtica. Belo Horizonte: Imprensa Universita´ria da UFMG, 2010. 14
Compartilhar