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T E M A S L I V R E S F R E E T H E M E S 481 1 Faculdade de Nutrição Emilia de Jesus Ferreiro, Universidade Federal Fluminense. Rua Mario Santos Braga 30 Campus do Valonguinho, Centro. 24020-140 Niteroi RJ. patriciah@uol.com.br Regulamentação da propaganda de alimentos infantis como estratégia para a promoção da saúde Regulation of publicity for children’s food as a strategy for promotion of health Resumo As práticas alimentares da população brasileira vêm se alterando nas últimas décadas e a publicidade é um dos fatores que contribuem para esta situação. O objetivo deste trabalho foi avaliar o conteúdo das propagandas de alimentos veiculadas na televisão e dirigidas a crianças, sob a ótica da regulação. As propagandas foram gra- vadas em fitas VHS de duas grandes emissoras de televisão, no período de férias escolares. Foram utilizadas técnicas de análise de conteúdo e defi- nidas oito categorias de análise a partir do refe- rencial teórico sobre as práticas alimentares e seus determinantes. Para subsidiar a análise utilizou- se a proposta de Regulamento Técnico da Anvisa. Foram contabilizadas 1018 propagandas, das quais foram selecionadas as 132 (12,9%) que anuncia- vam alimentos dirigidos para as crianças, sendo identificados somente 12 produtos diferentes. De acordo com o Regulamento proposto, todas as pro- pagandas analisadas infringiam pelo menos três artigos, entre os quais se destaca o 4º, Incisos III e VIb. É nítida a urgência do setor público de regu- lar o conteúdo das propagandas de alimentos in- fantis, cujo consumo pode ser prejudicial à saúde devido à influência que exercem na decisão pela compra, tanto por parte das próprias crianças, quanto dos pais. Palavras-chave Propaganda de alimentos, Tele- visão, Público infantil Abstract The eating habits of the Brazilian pop- ulation have been changing in recent decades and publicity is one of the factors contributing to this situation. The objective of this study was to eval- uate the content of food publicity broadcast on television and addressed to children, from the stand- point of regulation. The publicity broadcast on the two major television stations during the school holidays was recorded on VHS tapes. Content anal- ysis techniques were used and eight categories of analysis were defined based on the theoretical benchmark of the eating habits and their deter- mining factors. The proposal for a Technical Reg- ulation of Anvisa was used to conduct this analy- sis. 1018 advertisements were recorded, of which 132 (12.9%) that advertised foods targeted at chil- dren were selected, but only 12 different products were identified. According to the proposed regula- tion, all the material analyzed violated no less than three articles, among which the 4th, Sections III and VIb stand out. The pressing need for govern- ment regulation of the content of food advertise- ments for children, the consumption of which can be harmful to health, is clearly apparent because of its influence on the decision to purchase, both by the children themselves, and their parents. Key words Food publicity, Television, Children Patrícia Henriques 1 Enilce Oliveira Sally 1 Luciene Burlandy 1 Renata Mondino Beiler 1 482 H en ri q u es P e t a l. Introdução As práticas alimentares da população brasileira vêm se alterando nas últimas décadas, em virtu- de principalmente das transformações no cotidi- ano de vida e de trabalho decorrentes de múlti- plos fatores que marcam a contemporaneidade, tais como: a urbanização; as mudanças na rela- ção entre tempo e espaço, a industrialização cres- cente, a multiplicidade de atribuições da mulher, que ainda exerce papel central no cuidado com a saúde e a alimentação da família, o marketing, dentre outros. Estes fatores contribuem para re- forçar o consumo de alimentos industrializados, a realização de refeições fora do domicílio (em cantinas, restaurantes, fast food), bem como a busca pela praticidade e economia de tempo. Se, por um lado, as práticas alimentares se adéquam ao ritmo acelerado do cotidiano, por outro, a indústria de alimentos capitaliza esta problemá- tica oferecendo “soluções” para reduzir o tempo de preparo através dos alimentos pré-cozidos, congelados, enlatados, etc.1-4. As crianças têm sido expostas cada vez mais cedo a esse tipo de alimentação seja pelo aumen- to da jornada de trabalho dos pais, ou pela falta de opções saudáveis nas escolas ou ainda pelo bombardeio de propagandas de produtos ali- mentícios que influenciam negativamente suas escolhas alimentares. Neste sentido, Rubim5 afir- ma que os meios de comunicação cada vez mais estruturam a sociedade em função do crescente papel que desempenham no modo pelo qual as pessoas percebem a realidade, a exemplo do nú- mero de horas que ocupam no cotidiano, e da abrangência das culturas midiáticas como cir- cuito cultural que organiza e difunde socialmen- te comportamentos, percepções, sentimentos, ideários e valores. Considerada o “quarto poder”, a mídia assu- me funções de difusora e de operadora de senti- dos e de reafirmação de valores da sociedade glo- balizada6. Estudos têm destacado a associação essencial das mídias com o desenvolvimento ca- pitalista e sua difusão na consolidação da socie- dade de consumo. Segundo Sodré e Moraes7, a forma de poder típica da mídia hoje, é a forma persuasiva, do convencimento, e da sedução. A televisão, dentre todas as mídias veicula- doras de publicidade, é a mais significativa8. Seu grande poder impactante sobre o consumidor no nível coletivo decorre do uso de três elemen- tos básicos na transmissão de mensagens: o som, a imagem e o movimento, captando a atenção do espectador com mais facilidade e adesão9. É a mídia mais popular, presente em 98% das resi- dências brasileiras e preferida por 88% das cri- anças que passaram a ocupar, desde as décadas de 70 e 80, o lugar de espectadoras/consumido- ras do mercado publicitário10. As crianças interagem com a televisão, mui- tas vezes, como se fosse seu semelhante. Através desse meio de comunicação, entretanto, elas po- dem adquirir uma concepção inadequada do que seja um alimento saudável11. Estudos indicam que as crianças brasileiras estão gastando mais tempo em frente à televisão do que praticando atividade física12,13. Além de ser uma atividade na qual não se tem dispêndio de energia, alguns pesquisadores sugerem que a programação assistida influencia na formação de hábitos alimentares, contribuindo para o au- mento da incidência de sobrepeso e obesidade nesta faixa etária14,15. Para Engesveen16, as crianças representam uma oportunidade bem explorada pelos profis- sionais de comunicação e marketing para alcan- çar toda a família, devido ao seu considerável “poder de importunação”. Na sociedade de con- sumo, passaram a ser consideradas como clien- tes em função da crescente influência sobre as decisões de compra da família. Atualmente, a propaganda de alimentos tem sido foco de discussões entre especialistas da área de saúde, uma vez que existem fortes evidências de que a mídia televisiva influencia as preferênci- as alimentares da sociedade. Acredita-se que tais propagandas vêm contribuindo para um “am- biente obesogênico”, valorizando os alimentos altamente calóricos e pouco nutritivos, dificul- tando escolhas mais saudáveis17. Desta forma, a regulamentação da propagan- da de certos produtos que, se consumidos em excesso, podem ser prejudiciais à saúde, poderia encorajar melhores escolhas na alimentação, pos- sibilitando um melhor controle das pessoas so- bre comportamentos inadequados à sua saúde17. Neste sentido, o governo brasileiro formu- lou uma proposta de Regulamento Técnico que normatiza os termos das atividades publicitárias destinadas ao público infantil18ratificada pela Resolução nº 408/2008 do Conselho Nacional de Saúde, que também estabelece diretrizes para a promoção da alimentação saudável com impac- to na reversão da epidemia de obesidade e pre- venção das doenças crônicas não transmissíveis19. Este Regulamento Técnico trata da oferta, propaganda, publicidade, informações e outras práticas correlatas, cujo objeto seja a divulgação ou a promoção de alimentos com quantidade 483 C iên cia & Saú d e C o letiva, 17(2):481-490, 2012 elevada de açúcar, gordura trans, sódio e de be- bidas de baixo teor nutricional. Em seus termos, propaganda e publicidade possuem o mesmo sig- nificado, abrangendo um conjunto de técnicas e atividades de informação e persuasão, com fins ideológicos ou comerciais, utilizadas com o ob- jetivo de divulgar conhecimento e/ou visando exercer influência sobre o público, por meio de ações que visem promover e/ou induzir a pres- crição, a aquisição, a utilização e o consumo de alimentos18. Assim, considerando o aumento do sobrepeso e da obesidade20 e a possível influência que a televisão possui em suas escolhas alimen- tares, este trabalho teve como objetivo analisar as propagandas de alimentos dirigidas às crian- ças, veiculadas em dois canais de televisão, carac- terizando seus argumentos e a conformidade com a legislação que está sendo proposta. Métodos O estudo foi realizado no mês de julho de 2008, por meio de gravações da programação de duas principais emissoras de televisão de canal aberto no país tratadas como A e B. A escolha pelo mês de julho ocorreu por ser este um período de féri- as escolares. Foi estabelecido um período de oito dias de estudo para cada emissora. A coleta do material anunciado foi realizada em fitas de vídeo VHS em dois períodos do dia (das 9h às 12h e das 16h às 18h) entre as segun- das e sextas feiras e no sábado, somente no perí- odo da manhã (das 8h às 12h), de modo a abran- ger toda a programação infantil, incluindo os anúncios comerciais durante os intervalos dos programas. As propagandas foram quantificadas e des- critas, por dia de gravação, e transcritas na ínte- gra para identificação do conteúdo. O conceito de propaganda adotado baseou-se em Fontene- lle21, qual seja o anúncio comercial pago dissemi- nado através de um veículo de comunicação de massa. Foram utilizadas técnicas de análise de con- teúdo que possibilitam um tratamento qualitati- vo e quantitativo de diversos tipos de materiais linguísticos, incluindo produtos da mídia22-24. Foram definidas oito categorias de análise a par- tir do referencial teórico sobre as práticas alimen- tares e seus determinantes, reiteradas com base no material empírico (propagandas e legislação). Este referencial fundamenta tanto os termos da legislação estudada, quanto as estratégias de ma- rketing utilizadas pela indústria de alimentos no conjunto de propagandas analisado. A partir des- tas categorias, as mensagens de comunicação das propagandas foram classificadas segundo seme- lhanças e diferenciações e agrupadas em função de princípios comuns, a saber: o produto é essen- cial para saúde; o produto substitui alimentos naturais; o produto é benéfico para saúde; o pro- duto pode substituir uma refeição; persuasão da criança sobre os pais; uso de personagens, perso- nalidades, desenhos e figuras; estímulo ao consu- mo excessivo; e, aquisição de brindes. Para análise das propagandas selecionou-se os cinco artigos do regulamento proposto na Consulta Pública nº71/0618, mais relacionados com a temática do estudo: Artigo 4º: Relaciona-se aos alimentos com quantidade elevada de açúcar, de gorduras, de sódio e de bebidas com baixo teor nutricional. Inciso III - alertas sobre o consumo excessivo dos nutrientes por meio de mensagem Inciso IV - quando o alimento possuir quan- tidade elevada de dois ou mais nutrientes alertar conjuntamente Inciso V - veiculação de mensagens para con- junto de produtos com natureza diferente, quan- do pelo menos um alimento se enquadrar na clas- sificação em questão. Inciso VIb - especifica formatação e exibição da mensagem em relação a legibilidade, visibili- dade, audibilidade. Artigo 5º Inciso II - vedado sugerir que o alimento ga- ranta saúde. Inciso VII - vedado sugerir que substitua ali- mentos naturais. Inciso VIII - vedado encorajar o consumo de alimentos com quantidade elevadas de açúcar, gorduras e sódio e bebidas com baixo teor nutri- cional. Inciso IX - vedado sugerir que este tipo de alimento é saudável. Inciso X - vedado sugerir que o alimento possa substituir refeição. Inciso XIII - encorajar crianças a persuadir os pais e outros a adquirir ou consumir estes alimentos. Artigo 6º - vedado utilizar figuras, desenhos, personalidades e personagens admirados pelas crianças. Artigo 7º - define o horário de veiculação das propagandas. Artigo 9º - vedada divulgação de brindes, prê- mios, bonificações e apresentações especiais. Por questões éticas os nomes dos produtos e das marcas comerciais foram substituídos no 484 H en ri q u es P e t a l. texto, pelo nome do alimento e aqueles que apre- sentaram mais de uma marca comercial foram descritos com números sobrescritos. Para classificar os produtos quanto à quan- tidade de sal, açúcar e gorduras foi realizada uma análise da rotulagem nutricional tendo como parâmetros as definições que constam na pro- posta do Regulamento Técnico. Resultados O registro de 16 dias de programação represen- tou um total de 1018 propagandas, das quais foram selecionadas as 132 (12,9%) que anuncia- vam produtos alimentícios dirigidos para o pú- blico infantil. Desta quantidade, foram identifi- cados somente 12 produtos anunciados, dos quais cinco foram transmitidos pela emissora A, quatro pela B e três foram anunciados em am- bas emissoras. Esse pequeno número reflete a exposição maciça dos produtos, independente- mente do horário ou do dia da semana. O Qua- dro 1 apresenta os produtos anunciados por emissora de TV, os argumentos utilizados e as não conformidades aos artigos e seus respecti- vos incisos do Regulamento Técnico. Na Tabela 1 pode-se observar a distribuição de artigos e incisos que não estariam sendo cum- pridos, caso o regulamento estivesse em vigor. Levando em consideração o artigo 4º da Con- sulta Pública, verifica-se que quase todas as pro- pagandas (91,6%) estariam em desacordo com ambos os incisos III e VI.b, os quais estão direta- mente interrelacionados. O inciso III se refere à mensagem de alerta sobre os perigos do consu- mo excessivo de açúcar, gordura saturada, gor- dura trans e sódio, que deveria aparecer após a propaganda dos produtos ricos em tais nutrien- tes nocivos à saúde. Já o VI.b, refere-se às regras de apresentação da mensagem de alerta, que no caso da televisão, esta deveria ser exibida de for- ma a permitir a perfeita legibilidade, visibilidade, além de ser perfeitamente audível. Além destes, 58,3% das propagandas infrin- giram o inciso IV por não alertarem conjunta- mente que o produto excede os limites previstos em relação a dois ou mais nutrientes sob os quais incide a regulamentação. Por outro lado, somen- te 25% não atenderam ao inciso V, que se refere à apresentação da mensagem de alerta vinculada à propaganda de um conjunto de produtos de na- tureza diferente, quando pelo menos um deles apresentar qualquer um daqueles nutrientes em excesso. Com relação ao artigo 5º do regulamento proposto, 25% das propagandas estariam em desacordo com o inciso II por informar ou suge- rir que o consumo do produto garantia boa con- dição de saúde, utilizando expressões que o ca- racterizava como fundamental para o adequado crescimento e desenvolvimento da criança. Da mesma forma, 25% não obedeceram ao inciso VII ao informar ou sugerir que o produto pos- suía nutriente ou fibrasalimentares, adiciona- dos intencionalmente, podendo substituir as fon- tes alimentares naturais. Além disso, 50% das propagandas estimulavam o consumo excessivo do produto comercializado, estando, portanto, em desacordo com o inciso VIII. Metade das propagandas não obedeceu ao inciso IX, por sugerir que o produto era saudável ou benéfico à saúde, porque associara seu con- sumo a outros alimentos considerados saudá- veis ou à prática de atividades esportivas como estratégia para chamar a atenção do telespecta- dor. Em relação ao inciso X, 41% das propagan- das estavam em desacordo, uma vez que sugeri- am que o alimento poderia substituir uma refei- ção. Em contrapartida, apenas 16,6% infringi- ram ao inciso XIII, ao encorajar direta ou indire- tamente as crianças a persuadirem seus pais para adquirir ou consumir o produto. Verificou-se que 69,2% das propagandas es- tariam em desacordo com o artigo 6º, que veda a utilização de figuras, desenhos, personalidades e personagens que sejam cativos ao público infan- til, associados à propaganda de produtos com elevados teores de açúcar, gordura saturada, gor- dura trans ou sódio, e bebidas de baixo teor nu- tricional. Além disso, todas as propagandas in- fringiram o artigo 7º que restringe o horário per- mitido para divulgação desses produtos. Por fim, quase metade das propagandas (46,1%) oferecia brindes associados à aquisição dos produtos comercializados, infringindo o ar- tigo 9º. Vale destacar, entretanto, que apesar do brinde associado, verificou-se positivamente que em uma das propagandas analisadas apareciam legumes e verduras, além da típica mistura do arroz com feijão, oferecendo assim uma opção mais saudável para uma refeição infantil realiza- da fora de casa. Discussão A infância e a adolescência são fases marcadas pelo processo de formação dos valores mais im- portantes da vida, inclusive em relação à perso- 485 C iên cia & Saú d e C o letiva, 17(2):481-490, 2012 Emissoras de TV A B A e B Não conformidades Art. 5° II Art. 5° VII Art. 5° IX Art. 5° XIII Art. 6° Art. 5° VIII Art. 5° X Art. 6° Art. 9° Art. 5° VII Art. 5° IX Art. 5° X Art. 5° II Art. 5° VII Art. 5° IX Art. 5° XIII Art. 9° Art. 5° VIII Art. 5° IX Art. 5° X Art. 6° Art. 9° Art. 5° VIII Art. 5° VIII Art. 6° Art. 9° Art. 5° VIII Art. 5° X Art. 6° Art. 9° Art. 6° Art. 5° IX Art. 6° Art. 6° Art. 5° II Art. 5° VIII Art. 5° IX Art. 5° X Art. 6° Art. 9° Quadro 1. Produtos alimentícios anunciados por emissora de TV, segundo os argumentos utilizados e as não conformidades com o Regulamento Técnico proposto. Produto Leite acidificado Fast food¹ Cereal matinal¹ Chocolate Fast food² Salgadinho tipo snack¹ Salgadinho tipo snack² Fast food³ Chiclete Creme de avelã e cacau Biscoito recheado Cereal matinal² Argumentos O produto é essencial para saúde O produto substitui alimentos naturais O produto é benéfico para saúde Persuasão da criança sobre os pais Uso de personagens Estímulo ao consumo excessivo O produto pode substituir uma refeição Uso de personagens Aquisição de brindes O produto substitui alimentos naturais O produto é benéfico para saúde O produto pode substituir uma refeição O produto é essencial para saúde O produto substitui alimentos naturais O produto é benéfico para saúde Persuasão da criança sobre os pais Aquisição de brindes Estímulo ao consumo excessivo O produto é benéfico para saúde O produto pode substituir uma refeição Uso de figuras Aquisição de brindes Estímulo ao consumo excessivo Estímulo ao consumo excessivo Uso de figuras Aquisição de brindes Estímulo ao consumo excessivo O produto pode substituir uma refeição Uso de figuras Aquisição de brindes Uso de personagem O produto é benéfico para saúde Uso de personagem Uso de personagem O produto é essencial para saúde Estímulo ao consumo excessivo O produto é benéfico para saúde Substituição de refeição Uso de Personagem Aquisição de brinde 1, 2, 3: Marcas comerciais diferentes 486 H en ri q u es P e t a l. nalidade e à alimentação. Esta ocupa um lugar central na estruturação das relações sociais, seja em família ou nos diferentes grupos e espaços onde as crianças e adolescentes convivem. Ela é um veículo de expressão de afeto e também de valores nas relações entre pais e filhos, podendo ser por vezes uma forma de compensação emoci- onal, um mecanismo de recompensa por méri- tos, de manipulação, de chantagem e também de formação de identidade social, de compartilhar gostos e de familiaridade. Por esse motivo, a nu- trição nesta época da vida é essencial para garan- tir um processo adequado de crescimento e de- senvolvimento. Hábitos alimentares adquiridos nessa etapa geralmente são levados para a fase adulta, condicionando o estado nutricional e po- dendo contribuir para o desenvolvimento de do- enças relacionadas às práticas alimentares. Por- tanto, a forma como os valores sobre a alimenta- ção são disseminados na sociedade, consideran- do a importância crescente que a cultura midiáti- ca vem assumindo neste processo, deve ser trata- da como uma questão de caráter público. No presente estudo pôde-se observar que, durante a programação infantil, os produtos ali- mentícios voltados para este público foram di- vulgados na televisão de forma repetida e inten- sa, sendo a maioria deles com alta densidade ener- gética, como é o caso dos cereais matinais, por conter excesso de açúcar, e dos salgadinhos tipo snacks e fast foods pelo elevado teor de gorduras, além do sódio. Considerando a composição nu- tricional informada na rotulagem, verificou-se que uma única porção continha a quantidade total daqueles nutrientes que uma criança pode- ria consumir ao longo de um dia25. Portanto, uma mensagem de alerta sobre o perigo do consumo excessivo desses alimentos deveria aparecer jun- to às propagandas, conforme prevê o inciso III do artigo 4º, o qual não foi cumprido por quase todas elas (91,6%), ou seja, impediu que o con- sumidor conhecesse e avaliasse o risco ao decidir sobre o consumo. Contrariando também o regulamento pro- posto, metade das propagandas estimulava o consumo excessivo dos alimentos anunciados. Destaca-se que três deles (creme de avelã e cacau, biscoito recheado e cereal matinal) foram anun- ciados nas emissoras A e B. A presença predominante de propagandas de alimentos através da televisão, dentre os comerci- ais anunciados, foi observada no Brasil tanto por Almeida et al.11 quanto por Halpern26. Alguns estudos vêm sendo conduzidos com o objetivo de verificar a frequência de propaganda de alimen- tos, o tempo gasto em frente à TV e o consumo de alimentos por crianças e adolescentes. Um es- tudo realizado com escolares espanhóis identifi- cou consumo excessivo de açúcar, guloseimas e refrescos associado ao elevado número de horas em frente à televisão27. Uma pesquisa realizada com adolescentes norte-americanos verificou que a exposição maciça à propaganda pela televisão influenciou negativamente suas escolhas alimen- tares em longo prazo28. Pimenta e Palma29 cons- tataram que a média de tempo semanal dedicada pelas crianças a assistir televisão foi quase 2,5 ve- zes maior do que a média de tempo gasto prati- cando atividade física. Santos30 verificou que o tempo em frente à TV foi superior a três horas diárias, segundo informação da maioria dos res- ponsáveis pelas crianças pesquisadas. A preferência infantil por guloseimas é am- plamente reconhecida e sofre influência tanto ambiental, quanto genética31. No entanto, tais preferências estão cada vez mais divergentes das recomendações nutricionais. Fiates et al.31 verifi-caram que os alimentos do grupo de açucarados foram o segundo item mais comprado pelas crianças que recebiam mesadas. Neste contexto, o atual quadro epidemioló- gico, marcado pelo aumento de excesso de peso, obesidade e doenças crônicas não transmissíveis, tem gerado discussões por todo o mundo, inclu- sive no Brasil, acerca do papel da televisão e do marketing no crescimento dessas enfermidades32. Embora ainda não haja provas contundentes de Artigos e Incisos Artigo 4º Inciso III Inciso IV Inciso V Inciso VIb Artigo 5º Inciso II Inciso VII Inciso VIII Inciso IX Inciso X Inciso XIII Artigo 6º Artigo 7º Artigo 9º N 11 11 7 3 11 10 3 3 6 6 5 2 9 12 6 % 91,6 91,6 58,3 25,0 91,6 83,3 25,0 25,0 50,0 50,0 41,0 16,7 75,0 100 50,0 Tabela 1. Distribuição dos artigos e incisos não cumpridos das 12 propagandas, conforme o Regulamento Técnico proposto. 487 C iên cia & Saú d e C o letiva, 17(2):481-490, 2012 que o marketing de alimentos prejudiciais à saú- de, por si só, possa contribuir para a obesidade e para as doenças não transmissíveis, não há qual- quer dúvida de que ele afeta as escolhas das pes- soas e, assim, os perfis de consumo16. Frente à polêmica sobre crianças e adoles- centes serem alvos de anúncios publicitários, al- guns países da Europa já proibiram propagan- das voltadas para este público33. Essa iniciativa se deve ao fato de que as crianças não possuem sen- so crítico para compreender totalmente o con- teúdo das propagandas, tendo em vista as estra- tégias utilizadas pelos profissionais de marketing. Frequentemente elas confundem programa de televisão com a mensagem publicitária, fato que se agrava ainda mais quando são utilizados per- sonagens nos produtos comercializados34. A programação infantil se tornou pratica- mente um sinônimo de comércio, tendo em vista o reconhecimento dos profissionais de marke- ting acerca do poder e da capacidade do público infantil de influenciar nas decisões de compra de suas famílias33. De acordo com Story e French35, o primeiro pedido por qualquer produto se dá por volta dos 2 anos de idade. Nesta fase, a criança associa as embalagens comercializadas às assistidas em propagandas da televisão15. Santos30 identificou que a faixa com maior incidência de solicitações do que é veiculado nas propagandas é a que com- preende crianças entre 3 e 6 anos. Neste estudo, algumas estratégias de marke- ting foram identificadas na veiculação dos pro- dutos anunciados, dentre elas, a utilização de música, de brindes e de personagens, mascote das marcas divulgadas, cuja função é humanizar a marca e apelar pela afetividade da criança des- pertando seu carisma pelo produto. Destaca-se que o intervalo comercial apresenta volume so- noro mais alto que o restante da programação como forma de chamar a atenção do espectador. Levando em consideração a alta capacidade de aprendizagem do público infantil, a música é uma ótima estratégia para que a criança memorize a letra e faça associação da melodia com o produ- to, facilitando o pedido pelo mesmo. Do mesmo modo, a oferta de brindes possui grande poten- cial de persuasão, uma vez que a criança se sente recebendo alguma bonificação, um prêmio, ao consumir tal produto. Além disto, na maioria das vezes, os brindes são colecionáveis, estimu- lando um consumo maior e o desejo de inclusão das crianças num perfil socialmente comparti- lhado, ou seja, se os colegas e amigos possuem aquele produto, as crianças tendem a persuadir ainda mais os pais para adquiri-los. Soma-se a isto o fato de que, em geral, a população desco- nhece e os estabelecimentos de comercialização não divulgam a obrigatoriedade da venda não casada dos brindes que são comercializados ou distribuídos a um preço mais baixo, conjugados à compra de produtos alimentícios. A alusão à saúde foi identificada como mais um apelo utilizado nas propagandas. Cada vez mais, informações acerca do valor nutritivo dos alimentos vêm sendo ressaltadas nas propagan- das como forma de atrair a atenção do consu- midor. Neste contexto, é importante destacar que a percepção do público sobre essas estratégias de marketing pode estar comprometida pela não identificação imediata dos mecanismos que são utilizados para persuadir a compra do produto. Além disto, deve-se considerar a sutileza de algu- mas destas estratégias que induzem e criam uma demanda de consumo que nem mesmo existia para o próprio consumidor, levando-o, enfim, a escolher o produto em função da imagem veicu- lada e não necessariamente de suas necessidades objetivas. Assim, quanto menor for a clareza sobre as motivações que induzem à vontade de consumir, maiores são as chances de o indivíduo reagir in- conscientemente, impulsionado pelos efeitos das imagens e das ideias vinculadas ao produto36. As propagandas não só associam o consu- mo de seu produto diretamente a uma série de imagens agradáveis, tornando a mensagem ale- gre, bonita ou engraçada, mas o correlacionam à criação de memórias afetivas positivas, que fun- cionam como estímulos inconscientes, levando as pessoas a decidirem pelo consumo, sendo essa, uma das razões pelas quais as propagandas são bem sucedidas37. A exposição à propaganda deflagra no indi- víduo um processo no qual o produto anuncia- do passa a ter dupla existência: como uma mer- cadoria, passível de ser substituída por outra qualquer e, como um bem provido de significa- dos e subjetividade, sobretudo, pelo seu valor simbólico, desconectado da sua relação com o concreto, capaz de transformar a pessoa que o consome36. No caso da alimentação, uma área da vida humana que integra o processo de cons- trução das relações em sociedade, as estratégias de marketing incidem sobre os valores e as práti- cas sociais vigentes tentando conduzir ao consu- mo de produtos específicos. Desta forma, mecanismos de proteção devem ser garantidos pelo Estado para que coíbam as es- tratégias que atuam sobre os aspectos subjetivos 488 H en ri q u es P e t a l. das práticas sociais e de valores sociais que inclu- sive afetam as relações sociais, como a própria relação das crianças com os pais. Nesse sentido, é importante que a criança seja protegida, ao lon- go da sua vida, desse ambiente de estímulos vol- tados para o consumo, de modo a não interferir negativamente, na fase adulta, na sua capacidade crítica e em sua autonomia nas decisões. Ademais, considerando que o Brasil estabe- leceu através da Lei Orgânica de Segurança Ali- mentar o princípio do Direito Humano à alimen- tação adequada faz-se necessário que ações no sentido de proteção e promoção à saúde sejam garantidas, principalmente por parte do Estado, que tem a obrigação de respeitar, proteger e fazer cumprir este direito38. Os instrumentos de governo que promovem uma regulação pública de práticas sociais são considerados medidas de proteção, pois estabe- lecem limites em torno dos riscos em saúde ad- vindos da ação de terceiros; no caso em questão a própria indústria e seus instrumentos de ma- rketing. A ação pública não deve se restringir a limitar a publicidade dos alimentos não saudá- veis, mas opções alimentares saudáveis precisam ser simultaneamente incentivadas, apoiadas e protegidas39. Em relação à regulamentação técnica em pauta, os limites estabelecidos para as propagan- das incidem sobre a forma como a indústria ex- plora em seu favor os fatores que condicionam as práticas alimentares no cotidiano das crianças e das mães. Ou seja, no caso das crianças, a in- dústria realça o sabor dos alimentos processa- dos através do alto teor de açúcares e gorduras, considerando o atrativo do paladar doce e gor- duroso. Além disto, promove a associação com personagens que fazem partede seu imaginário social criando uma relação de confiança e afetivi- dade com o produto, dois elementos que são es- senciais na infância. No caso das mães, explora a praticidade aliada também à confiança de que aquele produto supre as necessidades alimenta- res da criança, quando o mesmo é enriquecido com vitaminas e minerais. Assim, se por um lado, a dinâmica cotidiana de vida favorece a deman- da por produtos práticos e de rápido preparo e consumo, por outro há também uma preocu- pação social com a saúde diante dos múltiplos riscos das práticas alimentares contemporâneas associadas às doenças crônicas não transmissí- veis, seja pelo baixo consumo de frutas, legumes e verduras e consequentemente de micronutri- entes, ou pelo consumo excessivo de açúcar, só- dio e gorduras. A indústria, por sua vez, capita- neia todos estes elementos apresentando saídas que aparentemente “respondem” a estas deman- das e consequentemente estimulam a venda de seus produtos. Neste caso, o Regulamento Técnico propos- to proíbe nos incisos do artigo 5o que as mensa- gens veiculadas nas propagandas sugiram que alimentos com conteúdo elevado de açúcar, gor- dura e sódio possam garantir saúde ou serem substitutivos de alimentos naturais ou mesmo estarem associados a estes alimentos. Além disso, o Regulamento proíbe uma série de práticas publicitárias que podem incidir sobre fatores subjetivos que afetam a alimentação como os aspectos psico-sociais, a autoestima, os víncu- los sociais, as concepções em torno do próprio corpo e da imagem pessoal e também as relações sociais, especialmente no âmbito familiar. Uma vez que a alimentação constituiu tam- bém uma forma de cuidado dos pais e dos edu- cadores em relação à criança, quando a propa- ganda explora esta dimensão de forma deturpa- da os riscos residem não só nos aspectos de saú- de, considerando a composição nutricional dos produtos, mas de forma ainda mais ampla e pe- rigosa, nos valores em torno da identidade pes- soal e das relações sociais mais caras à criança, quais sejam com os pais e com os educadores. Adicionalmente, quando a propaganda asso- cia produtos com profissionais que dão legitimi- dade àquele consumo, especialmente profissio- nais de saúde, ela está potencializando a relação de confiança das crianças para com os adultos que cuidam dela e dos adultos em relação aos profissionais que detêm conhecimento sobre o tema. Se considerarmos o Código de Defesa do Consumidor, que estabelece normas de proteção e defesa do consumidor e define propaganda en- ganosa e abusiva como aquela que se vale da de- ficiência de julgamento e experiência da criança e do adolescente, todas as propagandas de produ- tos deste estudo podem ser consideradas abusi- vas40, já que infringem pelo menos três artigos do Regulamento Técnico proposto. Considerações finais Diante dos resultados apresentados que eviden- ciam os riscos a que as crianças estão expostas, e do potencial de expansão que as indústrias bra- sileiras apresentam 39, cabe à sociedade em geral, aos educadores e profissionais de saúde reitera- rem a demanda pela propaganda ética e pela pro- 489 C iên cia & Saú d e C o letiva, 17(2):481-490, 2012 moção de uma alimentação saudável através da mídia televisiva. A responsabilidade compartilhada entre so- ciedade, setor produtivo e setor público é um desafio e o caminho para a construção de modos de vida pautados também nos princípios da pro- Colaboradores P Henriques foi responsável pela concepção do estudo, interpretou os dados e trabalhou na re- dação do artigo; EO Sally interpretou os dados e trabalhou na redação do artigo. L Burlandy tra- balhou na redação do artigo e na revisão crítica do conteúdo da versão final. RM Beiler coletou e tabulou os dados. Referências Garcia RWD. Práticas e comportamento alimentar no meio urbano: um estudo no centro da cidade de São Paulo. Cad Saude Publica 1997; 13(3):455-467. Garcia RWD. Reflexos da globalização na cultura alimentar: considerações sobre mudanças na ali- mentação urbana. Rev Nutr 2003; 16(4):483-492. Bleil SI. O padrão alimentar ocidental: considera- ções sobre a mudança de hábitos no Brasil. Rev Cadernos de Debate 1998; 6:1-25. Collaço JHL. 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