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PDCV Resumo para NP1

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Prévia do material em texto

Autoras: Profa. Mônica Cintrão Franca Ribeiro
 Profa. Reginandréa Gomes Vicente
 Profa. Eliane Silva Gabas 
Colaboradores: Profa. Silmara Maria Machado 
Prof. Nonato Assis de Miranda
Psicologia do 
Desenvolvimento: 
Ciclo Vital
Professoras conteudistas: Mônica Cintrão Franca Ribeiro / Reginandréa Gomes 
Vicente / Eliane Silva Gabas
Mônica Cintrão França Ribeiro
Graduada em psicologia pela Universidade Paulista (UNIP, 1984). Pós-graduada em psicopedagogia (1992) pela mesma 
universidade. Doutora e mestra em psicologia pelo Programa de Psicologia Escolar e do Desenvolvimento Humano do Instituto 
de Psicologia da Universidade de São Paulo (IPUSP), 1997 e 2003 (com bolsa Capes). Docente dos cursos de pós-graduação em 
Psicopedagogia, Alfabetização e Letramento (UNIP, INPG, Unifai). Professora titular e líder de disciplinas nos cursos de Psicologia e 
Pedagogia para o ensino presencial e ensino a distância (EaD) na UNIP. Supervisora de estágio no curso de psicologia na disciplina 
Estratégias de Intervenção Psicológica na UNIP, universidade na qual também desenvolve projetos de pesquisa docente e orienta 
pesquisas discentes. Líder do grupo de pesquisa Psicologia e Saúde (UNIP/CNPq). Possui experiência na área de psicologia, com 
ênfase em psicologia escolar e saúde, atuando principalmente nos seguintes temas: psicologia escolar, desenvolvimento humano, 
formação de professores, grafismo infantil e construtivismo.
Reginandréa Gomes Vicente
Psicóloga e mestra em psicologia clínica pela PUC-SP. Professora adjunta da Universidade Paulista (UNIP), líder da disciplina 
Psicologia do Desenvolvimento: Ciclo Vital (2003 a 2009), supervisora no Centro de Psicologia Aplicada (CPA-UNIP); especialista 
em mediação familiar e em situações de violência com formação pelo Instituto Diálogos-Bilden-Entidad/Argentina. Mediadora 
e supervisora do Projeto Íntegra – Gênero e Família. Membro do grupo de pesquisa Relacionamentos Interpessoais e Familiares 
na Contemporaneidade (UNIP), do grupo IPE (Intervenções Psicológicas em Emergência) e do RIMI (Rede Internacional de 
Mediação Interdisciplinar), como associada e docente. Em 2006/2007, consultora do PNUD – Programa das Nações Unidas para o 
Desenvolvimento. Psicóloga clínica.
Eliane Silva Gabas 
Graduada em psicologia, especialista em psicopedagogia e em administração de recursos humanos. Mestra em educação 
pela Unesp Marília e doutoranda em comunicação pela Unesp Bauru. Atualmente é professora adjunta na Universidade Paulista 
(UNIP) e na Instituição de Ensino Superior de Bauru (IESB). Possui experiência na área de psicologia e educação, com ênfase em 
desenvolvimento social e da personalidade, atuando principalmente nos seguintes temas: desenvolvimento humano, psicologia 
escolar, educação, saúde pública. Com experiência também na área de psicologia organizacional com ênfase em gestão de 
pessoas.
© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou 
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem 
permissão escrita da Universidade Paulista.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
R484 Ribeiro, Mônica Cintrão França
Psicologia do desenvolvimento: ciclo vital. / Mônica Cintrão 
França Ribeiro, Reginandréa Gomes Vicente, Eliane Silva Gabas. - São 
Paulo: Editora Sol. 
 156 p., il.
Notas: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e 
Pesquisas da UNIP, Série Didática, ano XVII, n. 2-048/11, ISSN 1517-9230
1.Psicologia 2. Desenvolvimento 3. Formação I.Título
CDU 159.9
Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor
Prof. Fábio Romeu de Carvalho
Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças
Profa. Melânia Dalla Torre
Vice-Reitora de Unidades Universitárias
Prof. Dr. Yugo Okida
Vice-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa
Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez
Vice-Reitora de Graduação
Unip Interativa – EaD
Profa. Elisabete Brihy 
Prof. Marcelo Souza
Profa. Melissa Larrabure
Material Didático – EaD
Comissão editorial: 
 Dra. Angélica L. Carlini (UNIP)
 Dr. Cid Santos Gesteira (UFBA)
 Dra. Divane Alves da Silva (UNIP)
 Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR)
 Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT)
 Dra. Valéria de Carvalho (UNIP)
Apoio:
 Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD
 Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos
Projeto gráfico:
 Prof. Alexandre Ponzetto
Revisão:
 Leandro Freitas
 Tatiane Souza
Sumário
Psicologia do Desenvolvimento: Ciclo Vital
APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................7
INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................................................8
Unidade I
1 INFLUÊNCIAS DO PERÍODO PRÉ E PERINATAL NO DESENVOLVIMENTO ....................................11
1.1 Estágios do desenvolvimento pré-natal ......................................................................................11
1.2 Influência materna no desenvolvimento pré-natal ............................................................... 13
1.3 Influência paterna no desenvolvimento pré-natal ................................................................ 19
1.4 Aspectos psicológicos do período pré-natal ............................................................................. 19
1.5 Nascimento e desenvolvimento do recém-nascido ............................................................... 21
2 A CRIANÇA DE 0 A 2 ANOS ......................................................................................................................... 28
2.1 Desenvolvimento físico-motor da criança de 0 a 2 anos .................................................... 28
2.2 Desenvolvimento cognitivo da criança de 0 a 2 anos .......................................................... 37
2.3 Desenvolvimento perceptivo da criança de 0 a 2 anos ........................................................ 42
2.4 Desenvolvimento da linguagem da criança de 0 a 2 anos ................................................. 42
2.5 Desenvolvimento psicossocial da criança de 0 a 2 anos ..................................................... 43
Unidade II
3 A CRIANÇA DE 2 A 6 ANOS ......................................................................................................................... 53
3.1 Desenvolvimento físico-motor da criança de 2 a 6 anos .................................................... 53
3.2 Desenvolvimento cognitivo da criança de 2 a 6 anos .......................................................... 57
3.3 Desenvolvimento da linguagem da criança de 2 a 6 anos ................................................. 61
3.4 Desenvolvimento psicossocial da criança de 2 a 6 anos ..................................................... 61
4 A CRIANÇA DE 7 A 11 ANOS ....................................................................................................................... 69
4.1 Desenvolvimento físico-motor da criança de 7 a 11 anos .................................................. 69
4.2 Desenvolvimento cognitivo da criança de 7 a 11 anos ........................................................ 72
4.3 Desenvolvimento psicossocial da criança de 7 a 11 anos ................................................... 74
Unidade III
5 O DESENVOLVIMENTO NA ADOLESCÊNCIA .......................................................................................... 83
5.1 Desenvolvimento físico do adolescente de 12 a 18 anos .................................................... 83
5.2 Desenvolvimento cognitivo do adolescente de 12 a 18 anos ........................................... 86
5.3 Desenvolvimento psicossocial do adolescente de 12 a 18 anos .......................................88
6 O DESENVOLVIMENTO DO ADULTO JOVEM (DE 20 A 40 ANOS) .................................................. 94
6.1 Desenvolvimento físico do adulto jovem ................................................................................... 94
6.2 Desenvolvimento cognitivo do adulto jovem ........................................................................... 96
6.3 Desenvolvimento psicossocial do adulto jovem ...................................................................... 97
Unidade IV
7 O DESENVOLVIMENTO NA MEIA IDADE ............................................................................................... 110
7.1 Desenvolvimento físico na meia-idade (de 40 a 65 anos) ................................................ 110
7.2 Desenvolvimento cognitivo na meia-idade (de 40 a 65 anos) ........................................ 113
7.3 Desenvolvimento psicossocial na meia-idade (de 40 a 65 anos) ................................... 114
7.4 A sexualidade na fase adulto-intermediária ........................................................................... 116
8 ENVELHECIMENTO E MORTE ..................................................................................................................... 118
8.1 Desenvolvimento na velhice .......................................................................................................... 118
8.2 Desenvolvimento físico na velhice ..............................................................................................120
8.3 Desenvolvimento cognitivo na velhice .....................................................................................122
8.4 Desenvolvimento psicossocial na velhice .................................................................................123
8.5 Morte e desenvolvimento humano ............................................................................................126
8.6 O processo do luto .............................................................................................................................128
8.7 O luto infantil ......................................................................................................................................131
8.8 A morte na concepção dos adultos ............................................................................................132
8.9 A morte em vida ................................................................................................................................133
7
APRESENTAÇÃO
Caros alunos,
Antes de iniciarmos nossos estudos, vamos apresentar algumas orientações gerais sobre o caminho 
que iremos percorrer juntos. Apresentaremos a disciplina Psicologia do Desenvolvimento: Ciclo Vital e, 
em seguida, o material que elaboramos para auxiliá-lo em seus estudos.
A psicologia do desenvolvimento é um ramo da psicologia que se preocupa em responder 
como e por que as capacidades dos indivíduos vão se diferenciando ao longo da vida. Busca um 
entendimento sistemático da sequência de mudanças biológicas, cognitivas, psicossociais e seus 
desdobramentos ao longo do ciclo vital. Assim, a psicologia do desenvolvimento é subjacente a 
qualquer prática que busca subsídios psicológicos para a compreensão do ser humano. Além disso, 
do ponto de vista pragmático, esta matéria é recorrentemente alvo de arguição em concursos e 
processos seletivos. 
Da mesma forma, é importante ressaltar que o estudo sistemático desta disciplina pode ser útil 
para compreensão de outras áreas que, como a psicologia do desenvolvimento, descrevam fenômenos 
aos quais todos os seres humanos estão submetidos. Nesse sentido, ao estudar o desenvolvimento 
humano, o aluno se depara com explicações para fatos vivenciados em sua própria história, dificultando 
o distanciamento necessário para a compreensão da teoria. Dessa impossibilidade de distanciamento e 
“familiaridade” com os fatos, muitas vezes, pode decorrer uma compreensão equivocada. Portanto, para 
este estudo é importante manter uma postura investigativa, atenta e dialógica. 
Dessa forma, esta disciplina tem por objetivo estudar os principais processos de desenvolvimento humano 
do período pré-natal até a morte, ou seja, possibilitar ao futuro profissional a compreensão dos fenômenos e 
processos psicológicos básicos envolvidos no desenvolvimento humano, enfatizando sua continuidade durante 
o ciclo evolutivo e os inter-relacionamentos nas esferas física, cognitiva e psicossocial.
Esperamos que você, ao final do curso, seja capaz de identificar e explicar os processos de mudanças 
sociais, cognitivas, emocionais, físicas, perceptuais, de linguagem e moral ocorridos na infância, 
adolescência, vida adulta e velhice, bem como de reconhecer as possibilidades de aplicação de todo esse 
conhecimento em sua prática profissional.
Convidamos você a partilhar desse desafio: pensar, ao longo do curso, de que maneira a disciplina 
Psicologia do Desenvolvimento: Ciclo Vital poderá contribuir para a construção de estratégias que 
possibilitem intervenções que beneficiem o desenvolvimento dos sujeitos que serão atendidos por você. 
Sendo assim, coube a nós o desafio de pensar em como desenvolver de forma interessante e instigante 
esta disciplina para alunos em formação que irão passar por experiências profissionais, nas quais 
seguramente se depararão, direta ou indiretamente, com as questões do desenvolvimento humano.
Por isso, para auxiliá-lo nesse processo de construção de conhecimento, elaboramos este material 
com textos distribuídos em quatro unidades, sendo que em cada uma delas há tópicos organizados de 
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forma a favorecer o desenvolvimento do conteúdo e a ajudá-lo a se localizar nas aulas e nas leituras 
que realizará. Ao longo dos textos, você encontrará alguns destaques como: Saiba mais, Lembrete, 
Observação, com dicas e informações que complementarão seus estudos. Você encontrará também 
algumas situações-problema para reflexão; há ainda, ao final de cada unidade, um resumo dos assuntos 
tratados. Além disso, procuramos ilustrar com imagens, pois acreditamos que auxiliam na aprendizagem 
e compreensão dos conteúdos estudados. 
Por fim, para realizar o estudo proposto, você deve organizar o seu tempo para ler 
atentamente os textos, resolver as situações-problema que são propostas e buscar informações 
complementares.
Parabéns por toda trajetória já alcançada até aqui e bom estudo! 
INTRODUÇÃO
Exemplo de aplicação
Antes de iniciar o estudo, sugerimos que selecione uma foto de quando você tinha 
aproximadamente dez anos de idade e uma recente. Observe-as e tente fazer uma reflexão 
listando no que você mudou e o que foi mantido. Como você entende essas mudanças e 
continuidades? Pense agora em suas experiências pessoais e profissionais. Você consegue 
identificar as mudanças ao longo do desenvolvimento dos indivíduos com os quais se 
relacionou? Como as entende?
Suzana é solteira, tem 33 anos e já está formada em sociologia. Sua idade é um detalhe 
cronológico que pode levar algumas pessoas a pensarem se ela vai se casar e se estabelecer. 
Mas, para a psicologia do desenvolvimento, é mais interessante compreender seu passado 
do que pensar em seu futuro. Como a maioria das pessoas, Suzana tem uma família que 
cuida dela desde que nasceu, passou por escolas e professores, teve uma vida social em 
sua comunidade. Enfim, é relevante conhecer e compreender seus primeiros anos de vida, 
sua infância, a adolescência e seu ingresso na fase adulta. Com isso estamos em busca de 
respostas para as seguintes questões:
• Quais foram os padrões de desenvolvimento que nortearam o ciclo vital de Suzana?
• Quais os principais fatores que influenciaram o seu desenvolvimento?
O que é psicologia do desenvolvimento?
A psicologia do desenvolvimento é um ramo da psicologia que se preocupa em responder 
como e por que as capacidades dos indivíduos vão se diferenciando ao longoda vida. Focaliza seus 
estudos nas mudanças e nas consistências (continuidades), na universalidade e na individualidade. 
Busca um entendimento sistemático da sequência de mudanças físicas, cognitivas, psicossociais e seus 
desdobramentos ao longo do ciclo vital. 
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Partindo do exposto, podemos afirmar de forma sucinta que o estudo científico do desenvolvimento 
humano “é a área de conhecimento da psicologia que busca compreender como e por que as 
pessoas se modificam, e como e por que elas permanecem as mesmas nos vários momentos de sua 
vida, à medida que envelhecem” (BERGER, 2001, p. 3).
O que é ciclo vital?
Estudar o ciclo vital significa admitir que o desenvolvimento humano ocorre durante a vida inteira 
e cada período é influenciado pelo que aconteceu antes e irá afetar o que virá depois. Sugere também 
que cada fase tem sua importância, características e valores especiais. 
Nesta disciplina, o desenvolvimento humano está dividido em fases, as quais se encontram 
especificadas ao longo deste material. Cabe destacar que tais fases são recorrentes nas bibliografias 
dessa área do conhecimento e entende-se que cada um dos períodos tem acontecimentos e tarefas 
desenvolvimentais características, embora seja importante lembrar que se trata de uma divisão didática e 
que, por vezes, a análise do desenvolvimento de um determinado indivíduo não corresponde exatamente 
à descrição do período.
Além dessa organização pela cronologia, serão destacados em cada unidade de estudo, os vários aspectos 
do desenvolvimento, a saber, físico-motor, cognitivo e psicossocial. No entanto, é importante que fique claro 
que o desenvolvimento de cada um desses aspectos afeta os demais, ou seja, estão imbricados. 
Cabe ressaltar também que, embora o desenvolvimento seja inerente à própria condição humana, 
a delimitação dessa área para estudo é inter-relacionada com fatores sociais e históricos. 
Até o século XVII, as crianças não eram vistas como qualitativamente diferentes dos adultos, eram 
consideradas “adultos em miniaturas”, menores, mais fracas e menos inteligentes (ARIÈS, 1978); a 
adolescência não era compreendida até o início do século XX como um estágio do desenvolvimento 
com características próprias, diferentes dos outros períodos. A figura a seguir apresenta um quadro com 
a pintura de crianças e adolescentes com vestimentas de adultos, confirmando a ausência da noção de 
desenvolvimento mencionada.
Figura 1 – The Bavia Children
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Portanto, uma série de fatores sociais, econômicos, culturais possibilita a construção de uma 
determinada forma de se descrever e compreender a realidade. Assim, deve-se sempre lembrar que uma 
ciência não é um dogma, por isso precisa ser lida criticamente.
A psicologia de um modo geral e, aqui no caso, a psicologia do desenvolvimento congregam 
uma série de teorias e diferentes compreensões sobre os fenômenos desenvolvimentais, muitas 
vezes, contraditórios entre si e sem um consenso, isso ocorre porque a psicologia está em 
desenvolvimento. 
A proposta da disciplina não é discutir ou explanar as diferentes teorias em suas complexidades, 
mas sim caracterizar as principais fases do desenvolvimento ao longo do ciclo vital, articulando-as 
com o contexto sócio-histórico e cultural em que se inserem. Muitas teorias serão apresentadas com 
brevidade, outras serão privilegiadas em detrimento das demais. Cumpre destacar que esse recorte tem 
a finalidade de viabilizar o estudo inicial da disciplina, mas não esgota o assunto, tampouco representa 
a única versão possível. 
Por fim, Psicologia do Desenvolvimento: Ciclo Vital é uma disciplina que frequentemente suscita 
nos alunos duas reações contraditórias: encantamento ou desencantamento. A primeira justifica-se 
na medida em que se apresenta o estudo dos processos pelos quais os seres humanos se desenvolvem 
ao longo do tempo, ou seja, descreve fenômenos desenvolvimentais que são muito familiares e pelos 
quais em algum momento o leitor se sentirá representado: expõe uma compreensão científica da vida 
cotidiana. Por exemplo, no período da adolescência, quem não se fez a seguinte pergunta: Quem sou 
eu? Ou, ainda, nessa mesma fase, quem não apresentou um comportamento de “confrontação ou 
questionamento” em relação aos pais ou a uma figura de autoridade?
A psicologia do desenvolvimento busca compreender qual é a origem desse padrão de 
desenvolvimento, o porquê dessas questões aparecerem nesse período da vida. A aplicabilidade 
da teoria incide sobre seres reais, como você, seus colegas, familiares e outros, e exatamente daí 
decorre a segunda reação.
O desencantamento associa-se à dificuldade em estabelecer a diferença entre o pensamento e o 
conhecimento, que é fruto do senso comum e o conhecimento científico. Por ser uma disciplina que se 
aproxima muito das vivências pessoais, muitas vezes, tem-se a impressão de que é muito fácil, não é 
preciso estudar, basta partir do que já se sabe etc. Essas ideias são completamente equivocadas, muitos 
alunos ficam muito frustrados quando percebem que achavam que sabiam muito e constatam que seu 
conhecimento não tem uma fundamentação teórica e, portanto, é insuficiente para quem se propõe a 
estudar psicologia do desenvolvimento. 
É preciso se familiarizar com a linguagem científica e com a terminologia técnica, as dúvidas 
relativas a significados precisam ser sanadas com a consulta a dicionários ou vocabulários específicos, 
do contrário a leitura torna-se inviável. Outra dificuldade reside em compreender a múltipla influência 
e interdependência do processo desenvolvimental em seu contexto. 
Assim, a reflexão e a dúvida investigativa devem permear o seu estudo.
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PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO: CICLO VITAL
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Unidade I
Nesta primeira Unidade, vamos estudar o início do ciclo vital, desde a concepção, gestação e o 
momento do nascimento com o parto até o desenvolvimento vital da criança nos dois primeiros anos 
de vida.
1 INFLUÊNCIAS DO PERÍODO PRÉ E PERINATAL NO DESENVOLVIMENTO
A fecundação ocorre no momento em que um espermatozoide de um homem penetra em um óvulo 
de uma mulher para formar um único ovo ou zigoto e, então, inicia-se o processo de reprodução celular. 
As mudanças que ocorrem da fertilização ao nascimento constituem o desenvolvimento pré-natal. 
O desenvolvimento pré-natal leva em média 38 semanas e é dividido em três estágios: o período 
germinativo ou zigótico, período embrionário e período fetal.
1.1 Estágios do desenvolvimento pré-natal
Quadro 1
Períodos do desenvolvimento pré-natal
Período germinativo ou zigótico Concepção até a segunda semana
Período embrionário Terceira à oitava semana
Período fetal Oitava semana até o nascimento
O estágio ou período germinativo ou zigótico
Ocorre da fecundação até aproximadamente a segunda semana. A fertilização ocorre nas trompas 
uterinas. 
Figura 2 – Fecundação
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Unidade I
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Após a fecundação, o zigoto cresce rapidamente por meio da divisão celular. O zigoto divide-se em 
duas células, em seguida estas se convertem em quatro, depois em oito e assim sucessivamente. Às 
vezes o zigoto se separa em dois blocos, que originam dois gêmeos idênticos. Os gêmeos fraternos são 
criados quando dois óvulos são liberados e cada um é fertilizado por um espermatozoide diferente. Ao 
mesmo tempo em que se divide e cresce, o zigoto descepela trompa rumo ao útero. 
Antes de completar uma semana, o zigoto chega ao útero. Ele penetra na parede uterina e estabelece 
conexões com os vasos sanguíneos da mãe, esse processo é chamado de implantação. 
Como resultado da reprodução celular, forma-se uma esfera oca (blastocisto), cujas células internas 
logo darão origem ao embrião, enquanto as externas formarão as estruturas que sustentam, nutrem e 
protegem o bebê. 
 Lembrete
Você seria capaz de explicar por que é o espermatozoide que determina 
o sexo de um bebê?
O estágio ou período embrionário 
Ocorre da terceira à oitava semana aproximadamente. Esse estágio começa quando a implantação 
está completa; nesse momento, o zigoto passa a ser chamado de embrião. No estágio embrionário, as 
várias estruturas de sustentação são formadas e todos os principais sistemas de órgãos são definidos 
pelo menos de forma rudimentar. 
A capa externa do blastocisto transforma-se em uma membrana protetora que, com os tecidos 
uterinos, formará a placenta, cuja função é permitir a passagem de substâncias nutritivas, agir como 
órgão de excreção, produzir a oxigenação fetal e, além disso, agir como uma glândula de secreção 
interna produtora de hormônios. O cordão umbilical, que se forma nesse período, faz a comunicação 
entre o embrião e a placenta. Forma-se também o saco amniótico, que envolve e protege o embrião 
(GRIFFA; MORENO, 2001).
O crescimento do embrião segue dois princípios que persistem ao longo do desenvolvimento físico 
após o nascimento: vai da cabeça para baixo, que se denomina céfalo-caudal, e do tronco para as 
extremidades, próximo-distal. Nesse período, desenvolvem-se órgãos e os principais sistemas corporais: 
respiratório, alimentar, nervoso. 
Esse é considerado um período crítico, quer dizer, é um período de alta vulnerabilidade às influências 
do ambiente pré-natal. Quase todos os defeitos congênitos de desenvolvimento ocorrem durante o 
primeiro trimestre de gravidez. Segundo Papalia, Olds e Feldman (2006), três em cada quatro abortos 
espontâneos ocorrem no primeiro trimestre.
Período crítico é um período de tempo durante o desenvolvimento em que o organismo é 
especialmente responsivo a um evento específico. A mesma estimulação em outros momentos do 
desenvolvimento tem pouco ou nenhum efeito.
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PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO: CICLO VITAL
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Período sensível é semelhante ao período crítico, só que mais amplo. É um período 
ideal para que ocorram alguns desenvolvimentos, porque os eventos ambientais são mais 
eficazes para estimular seu desenvolvimento naquele período.
O estágio ou período fetal 
Ocorre por volta da oitava semana da gestação até o nascimento. Os órgãos formados no período 
anterior agora se diferenciam e se desenvolvem em termos anatômicos e funcionais, pode-se dizer que 
nessa fase há “os toques de acabamento”, ou seja, é um momento de crescimento e refinamento de 
todos os sistemas. Há o aparecimento das primeiras células ósseas e um crescimento muito rápido, de 
tal forma que se torna possível perceber os movimentos fetais. 
De acordo com a descrição anterior, pode-se perceber que o desenvolvimento pré-natal apresenta 
certa regularidade e previsibilidade, uma vez que as mudanças aparentemente seguem uma ordem 
fixa com intervalos fixos de tempo. No entanto, cumpre ressaltar que essa sequência não é imune às 
modificações ou influências externas. Fatores gerais de risco podem ter efeitos sobre o desenvolvimento 
pré-natal, tais como: a nutrição, a idade, o estresse e a atividade física da mãe.
1.2 Influência materna no desenvolvimento pré-natal
Vejamos esses fatores gerais de risco que podem ter efeitos sobre o desenvolvimento pré-natal:
A nutrição da mãe
A mãe é a única fonte de nutrição da criança em desenvolvimento, por isso uma dieta balanceada 
é fundamental. Quando uma mulher grávida não tem uma nutrição adequada, é provável que o bebê 
nasça prematuramente e abaixo do peso. A nutrição inadequada durante os últimos meses gestacionais 
pode afetar, sobretudo, o sistema nervoso, porque esse é um momento de crescimento muito rápido do 
cérebro.
Figura 3 – Mulher grávida com alimentação saudável
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A idade da mãe
 Tradicionalmente, a maternidade tardia (mães mais velhas, acima de 35 anos) ou muito cedo (mães 
adolescentes) tem sido apontada pela literatura (BEE, 1996; PAPALIA; OLDS; FELDMAN, 2006; KAIL, 
2004) como um fator de risco para o desenvolvimento pré-natal. Entretanto, já é consenso que os riscos 
são grandemente reduzidos se a mãe goza de boa saúde e recebe cuidado pré-natal adequado.
Os riscos associados às mães mais velhas incluem a possibilidade de apresentar pressão arterial alta, 
sangramentos, maior probabilidade de aborto, parto prematuro, crescimento fetal retardado, natimortos 
e anomalias cromossômicas como a síndrome de Down. Em relação aos últimos riscos mencionados, há 
comprovadamente uma maior prevalência (BEE, 1996; PAPALIA; OLDS; FELDMAN, 2006; KAIL, 2004).
Já as mães adolescentes associavam-se ao risco de terem bebês prematuros e/ou com baixo peso ao 
nascimento; entretanto, há controvérsias nas pesquisas (BEE, 1996; KAIL, 2004).
Estresse psicológico da mãe
Embora as evidências ainda sejam insuficientes (por questões éticas, só há estudos correlacionais 
– seria antiético submeter uma mulher grávida às condições de extremo estresse para a realização de 
um estudo), vários estudos têm encontrado uma associação entre estresse psicológico – prolongado e 
extremo – e complicações da gravidez. Os achados mais frequentes revelam que o estresse durante a 
gravidez está associado a parto prematuro e a baixo peso ao nascer (HEDEGAARD; HENRIKSEN; SABROES 
apud COLE; COLE 2003; COOPER et al. apud KAIL, 2004; PAARLBERG et al. apud KAIL, 2004).
Figura 4 – Saúde na gravidez
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Atividade física
A atividade física é recomendada para a grávida desde que os exercícios sejam moderados e regulares. 
Evidentemente, devem-se considerar a condição física da mulher e também o condicionamento físico 
anterior à gestação. O trabalho, desde que dentro das condições de salubridade, não representa um risco 
especial no período gestacional (BEE, 1996; PAPALIA; OLDS; FELDMAN, 2006).
Fatores teratogênicos: doenças, drogas e riscos ambientais.
Fatores teratogênicos são agentes ambientais que podem causar desvios no desenvolvimento e que 
podem conduzir a anormalidades, defeitos congênitos ou morte. Os efeitos dos fatores teratogênicos, sob 
o desenvolvimento pré-natal, dependem do período crítico, da intensidade da exposição, da interação 
com outros fatores, hereditariedade e vulnerabilidade. 
O período de maior risco para os fatores teratogênicos são as doze primeiras semanas gestacionais, 
porque nessa fase a maioria dos sistemas orgânicos se desenvolve rapidamente; assim, a ação de um 
fator teratogênico provavelmente produz uma deformidade estrutural maior naquela parte específica 
do corpo. 
Os fatores teratogênicos dividem-se em três categorias: doenças, drogase riscos ambientais.
Doenças
Algumas doenças contraídas pela mãe, em um determinado momento gestacional, podem 
afetar o desenvolvimento pré-natal principalmente por meio de três mecanismos: algumas doenças, 
principalmente os vírus, podem atacar a placenta; outras têm moléculas suficientemente pequenas 
que atravessam os filtros placentários; e, ainda, há outras em que a ação sobre o bebê ocorre durante o 
nascimento, na passagem pelo canal vaginal. 
Entre as doenças de maior risco para o desenvolvimento pré-natal podem-se destacar: a rubéola, 
a AIDS (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida), o CMV (citomegalovírus), o herpes genital e a 
sífilis. Dependendo do timing da interferência, a doença poderá ou não trazer consequências para 
o desenvolvimento do embrião ou feto. Por exemplo, se uma mãe contrair rubéola no primeiro 
trimestre gestacional, provavelmente (50% de probabilidade) a criança apresentará retardo 
mental, danos nos olhos, ouvidos ou coração. O mesmo, provavelmente (8% de probabilidade), 
não acontecerá se ela estiver no terceiro trimestre, uma vez que essas estruturas já estão formadas 
(GERRIG; ZIMBARDO, 2005). 
A AIDS e as doenças associadas ao vírus HIV têm como consequência potencial: infecções 
frequentes, problemas neurológicos e morte. O citomegalovírus tem como consequências surdez, 
cegueira, cabeça anormalmente pequena e retardo mental. O herpes genital pode ocasionar 
encefalite, baço dilatado, coagulação inadequada do sangue. E a sífilis pode causar danos ao 
sistema nervoso central, nos dentes e ossos (BEE, 1996; PAPALIA; OLDS; FELDMAN, 2006; KAIL, 
2004; GERRIG; ZIMBARDO, 2005).
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 Lembrete
Durante a gestação pode ocorrer aborto espontâneo, que consiste na 
expulsão natural do embrião ou feto, que não consegue sobreviver fora do 
útero. Isso acontece, por volta do primeiro trimestre, em função de uma 
gestação anormal por defeitos graves nos embriões.
Drogas
O uso por parte da gestante de drogas lícitas e/ou ilícitas podem trazer prejuízos para o desenvolvimento 
pré-natal. Entre as lícitas, destaca-se o uso de medicamentos, álcool, nicotina, cafeína. Como já foi 
dito, os riscos estarão associados ao período crítico ou sensível, à quantidade e à frequência do uso da 
substância e da interação com outros fatores.
Nenhuma medicação deve ser prescrita para a mulher gestante, a menos que seja essencial e orientada 
pelo médico. Os efeitos do uso desse tipo de droga, muitas vezes, são sutis e visíveis apenas muitos 
anos após o nascimento na forma de dificuldade de aprendizagem ou problemas de comportamento 
(PAPALIA; OLDS; FELDMAN, 2006).
 Observação
A ingestão de álcool deve ser evitada durante o período gestacional, 
o uso abusivo pode desencadear no bebê a Síndrome Fetal Alcoólica 
(SFA), cujas características são: deficiências cognitivas, danos no coração, 
crescimento retardado, rostos deformados.
As consequências do uso de nicotina são um crescimento retardado, possíveis danos cognitivos, 
baixo peso ao nascimento (inferior a dois quilos e meio), baixo rendimento escolar e baixo nível de 
atenção, hiperatividade. Segundo Papalia, Olds e Feldman (2006), existe a correlação entre a exposição 
pré-natal à nicotina e a síndrome da morte súbita na infância.
O uso de cafeína está associado à quase o dobro do risco de aborto, de acordo com Papalia, Olds e 
Feldman (2006). 
Entre as drogas ilícitas, podem-se citar: a maconha, a cocaína e a heroína. Quanto ao uso da maconha, 
não foi definitivamente comprovado que o uso durante a gravidez cause deficiências neonatais, mas 
está associado a baixo peso ao nascimento (LEE; WOODS, 1998 apud COLE; COLE, 2003).
De acordo com a literatura (BEE, 1996; PAPALIA; OLDS; FELDMAN, 2006; COLE; COLE, 2003; KAIL, 
2004; GERRIG; ZIMBARDO, 2005), a cocaína e a heroína podem causar danos em praticamente 
qualquer momento durante a gravidez. Em relação à primeira, há um maior risco de aborto, 
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prematuridade, baixo peso ao nascimento, problemas neurológicos, crescimento retardado, 
irritabilidade nos recém-nascidos, ser menos responsivos a alertas emocional e cognitivamente. 
Já com relação ao uso da segunda, os bebês nascem dependentes da droga e podem manifestar 
síndrome de abstinência. Esse bebê tem maior probabilidade de óbito após o nascimento ou de 
nascer prematuro, com baixo peso, vulnerável a doenças respiratórias, apresentar problemas de 
ajustamento social e aprendizado. 
Evidentemente, é importante lembrar que os fatores teratogênicos não agem isoladamente, mas 
sim em um contexto, que pode contar com outros tantos fatores de risco interagindo. Por exemplo, a 
gestante que é usuária de cocaína, também pode ser alcoolista, tabagista, estar em uma situação de 
estresse etc. 
 
Riscos ambientais
Os riscos ambientais estão associados à exposição a substâncias tóxicas, como chumbo, mercúrio, 
radiação e poluição de um modo geral. Esses agentes podem ser danosos ao desenvolvimento pré-
natal trazendo como consequências, por exemplo, mutações genéticas. Na década de 1970, a cidade 
de Cubatão (polo industrial), identificada como a cidade mais poluída do mundo, tinha um índice 
altíssimo de crianças nascidas com defeitos congênitos, inclusive acefalia, devido aos agentes poluentes 
(HISTÓRIAS E LENDAS DE CUBATÃO..., 2011). 
Figura 5 – Mulher grávida
De acordo com o que foi discutido até aqui sobre os efeitos dos fatores teratogênicos, pode-se 
afirmar: a suscetibilidade do organismo depende do momento de desenvolvimento (período crítico ou 
sensível); cada agente teratogênico atua de maneira específica e, por isso, causa um padrão particular 
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de desenvolvimento anormal (por exemplo, os compostos de mercúrio causam paralisia cerebral e não 
outro tipo de anormalidade); os organismos individuais variam na sua suscetibilidade aos teratogênicos 
(vulnerabilidade genética); a suscetibilidade aos agentes depende da interação com outros fatores (a idade 
da mãe, nutrição, condição uterina entre outros afetam a ação dos teratogênicos sobre o embrião ou feto); 
quanto maior a concentração de um agente teratogênico, maior o risco (o uso de álcool é um exemplo); os 
teratogênicos que afetam adversamente o organismo em desenvolvimento podem afetar pouco ou nada a 
mãe (a rubéola, por exemplo, têm efeitos temporários na mãe e pode trazer sequelas graves para o bebê).
Exemplo de aplicação
Propomos agora para você o seguinte caso para que faça uma análise:
Em 2008 o jornal A Folha de São Paulo publicou a seguinte reportagem: 
A exposição ao laquê durante a gravidez pode aumentar o risco de má-
formação no sistema genital-urinário dos bebês, afirma estudo do 
Imperial College, de Londres, publicado pela revista Environmental Health 
Perspectives. Os autores do estudo afirmam que as mulheres que são 
expostas aos compostos químicos presentes no laquê correm maior risco de 
ter filhos com hipospádia, uma anomalia congênita que evita que o pênis 
se desenvolva corretamente. As crianças que sofrem destamá-formação 
costumam apresentar o meato urinário (orifício da uretra) em algum lugar 
da parte inferior da glande, no tronco ou na área de união entre o escroto e o 
pênis. Os pesquisadores esclarecem que o perigo não está no uso doméstico 
do laquê, mas no caso das mulheres grávidas que estão expostas a maiores 
doses por razões de trabalho, como no caso das cabeleireiras e funcionárias 
de centros de beleza. O estudo examinou o caso de 471 mulheres que tinham 
tido filhos com hipospádia e de um número similar de mulheres com bebês 
sem má-formação e chegou à conclusão de que a exposição ao produto 
nas mulheres do primeiro grupo tinha dobrado os casos em relação ao do 
segundo (FSP, 2008).
Fabrício tem hipospádia, uma anomalia congênita que evita que o pênis se desenvolva 
corretamente. Sua mãe está muitíssimo preocupada, principalmente porque é cabeleireira há quinze 
anos e ouviu falar que a exposição ao laquê pode contribuir muito para esse tipo de anomalia. 
Como você analisa essa situação?
 
A influência de um fator teratogênico na gestação produziu uma alteração na morfologia ou 
fisiologia normal do feto. No entanto, embora seja uma situação profissional específica em que as 
pessoas estão mais diretamente expostas a agentes químicos, é prematuro explicá-la por meio de uma 
única circunstância. 
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1.3 Influência paterna no desenvolvimento pré-natal
Segundo Papalia, Olds e Feldman (2006), diferentemente do que se acreditava até então, o pai pode 
transmitir defeitos ambientalmente produzidos. 
O homem exposto ao chumbo, maconha, fumaça de cigarro, grandes quantidades de álcool, radiação, 
hormônio sintético dietilestilbestrol e certos pesticidas pode produzir espermatozoides anormais; assim 
como os pais que possuem uma dieta pobre em vitamina C têm uma maior probabilidade de terem filhos 
com defeitos congênitos e vulneráveis a desenvolver certos tipos de câncer. Filhos de pais fumantes 
podem apresentar baixo peso ao nascimento e têm duas vezes mais chances de contrair câncer quando 
adultos. O uso de cocaína pode predispor a defeitos congênitos.
Além de haver correlação entre a idade avançada do pai (acima de 40 anos) e a manifestação de 
doenças raras como a síndrome de Marfim (deformidade da cabeça e membros), nanismo e malformação 
óssea, entende-se que tais anomalias ocorrem porque as células masculinas, mais do que as femininas, 
sofrem mutações, e estas aumentam com a idade paterna avançada.
Exemplo de aplicação
Selma casou-se com Germano, e há quinze anos esperam pela vinda de um filho. Após inúmeras 
tentativas de engravidar, Selma finalmente conseguiu, e, após sete meses de gestação, ela concebeu 
um menino que, além de nascer pré-termo, apresenta a síndrome de Marfim. Considerando o caso de 
Germano e Selma apresentados anteriormente, faça uma ampla pesquisa nos meios eletrônicos, livros 
e revistas especializadas sobre os fatores de influência paterna, ou seja, o pai transmitindo defeitos 
ambientalmente produzidos.
1.4 Aspectos psicológicos do período pré-natal
Resiliência é um conceito originário da física que significa a propriedade pela qual a energia 
armazenada em um corpo deformado é devolvida quando cessa a tensão causadora de uma formação 
elástica, é a resistência ao choque (é o fenômeno que garante que as pontes não se quebrem com o uso, 
por exemplo).
Na psicologia, define-se resiliência como a capacidade de pessoas, grupos ou comunidades 
minimizarem ou superarem os efeitos nocivos das situações difíceis e das adversidades. No decorrer do 
ciclo vital, da concepção à morte, torna-se claro que as pessoas sempre podem se recuperar de situações 
adversas. Um ambiente favorável pode ajudar uma criança a superar efeitos de privações ou traumas 
precoces. 
Algumas ocorrências no desenvolvimento pré-natal podem produzir incapacidades ou deformidades 
permanentes, mas muitos transtornos associados a problemas pré-natais podem ser superados se a 
criança é criada em um ambiente apoiador e estimulador; assim como boa parte dos riscos pré-natais 
pode ser minorada com cuidados pré-natais adequados.
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 Observação
Agora que você já leu um pouco sobre o conceito de resiliência, como 
percebe a sua capacidade de resiliência? Pense em suas experiências com 
outras pessoas. Você percebe a resiliência dos indivíduos com os quais 
trabalha?
O período gestacional é um período de transformações biopsicossociais; o corpo se transforma 
rapidamente, há uma mudança na identidade, nos papéis e no status social. Assim, é um período de 
intensos sentimentos e emoções, muitas vezes contraditórios e geradores de ansiedade. 
Mesmo em uma gravidez desejada e esperada, a mãe frequentemente tem sentimentos 
ambivalentes de aceitação e rejeição da criança, expressos em preocupações com a saúde do 
bebê (fantasias de anomalias no bebê), no medo do desenvolvimento dessa nova situação e 
também do parto, além de ansiedade pela responsabilidade de cuidar do bebê. Nessa fase, são 
comuns o retraimento emocional ou a regressão a um papel de maior dependência na família. Há 
a revivência da relação com a própria mãe e o desejo de ser a mãe perfeita, reparando o histórico 
relacional.
É necessário um ajuste na relação com o cônjuge (quando a gestação ocorre dentro de um casamento 
ou relação estável), pois será preciso incluir mais um na relação e desenvolver o papel parental sem 
prejuízo do conjugal. Muitos conflitos conjugais decorrem dessa dificuldade. Aliás, os índices de episódios 
de violência conjugal envolvendo mulheres grávidas são alarmantes. Ajustes também são necessários na 
família extensa para aceitar o novo membro, há o realinhamento na estrutura familiar e a negociações 
frente às novas funções, como a de tios, avós etc.
À medida que a gravidez avança, a presença corporal e psicológica do bebê se faz cada vez mais 
presente, “os primeiros movimentos fetais são um marco” que denotam inclusive a existência de um 
ser separado, “a barriga torna-se autônoma, mexe independentemente da vontade da mãe”. Inclusive, 
as pessoas começam a se relacionar com a barriga; exemplo disso, são cenas nas quais as pessoas que 
não são íntimas da mãe, sem nenhum constrangimento, acariciam a sua barriga. Segundo Brazelton e 
Cramer (1992) é o período do apego primordial no qual a mãe identifica-se com o feto. No terceiro 
trimestre gestacional, o ser está cada vez mais separado e real. A mãe e a família, de um modo geral, vão 
rotulando o bebê, personificando-o e tornando-o familiar.
Por outro lado, o pai também passa por um processo semelhante ao da mãe, só que com a 
desvantagem de ter menos espaço para a expressão de seus sentimentos. A mãe grávida, no geral, tem 
toda a atenção e todos os privilégios, e o pai normalmente se depara com cobranças relativas a uma 
expectativa social e não pode falar de seus temores e ambivalências. Ao contrário, é esperado que ele 
dê todo apoio e suporte à grávida. Frente a essa torrente de emoções, alguns homens desenvolvem 
a síndrome de Couvade, manifestando sintomas da gravidez e do parto, como desejos, mal-estares 
gastrointestinais, ganho de peso (e barriga), entre outros. 
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Assim como a mãe, o pai revive as experiências da infância e o desejo de ser o pai perfeito; depara-se 
com a sensação de ser completo e onipotente dirimindo quaisquer dúvidas em relação à sua potência/
fertilidade. Aparece a ideia de continuidade da linhagem familiar. No entanto, também são comuns 
sentimentos de exclusão, no qual o bebê é visto como um rival e, nesse caso, algumas relações conjugais 
são abaladas, podem surgir relações extraconjugais, o uso abusivo de álcool ou mesmo a diminuição da 
libido ou a impotência sexual.
1.5 Nascimento e desenvolvimento do recém-nascido
Finalmente, o nascimento ocorre no momento em que o feto é expulso ou extraído do útero. O 
nascimento é marcado pelo momento em que o feto é retirado do útero materno, tornando-se um 
bebê. Esse momento de expulsão denomina-se parto, que pode ocorrer de várias formas: parto normal, 
fórceps, induzido, cesariana, cócoras etc.
 Observação
A China vive um problema sério: meninos demais! Se você só 
pudesse ter um filho, iria preferir um menino ou uma menina? E se todos 
pensassem da mesma maneira, quais poderiam ser as consequências?
O processo do parto pode ser facilitado ou dificultado por fatores anatômicos, fisiológicos 
e psicológicos. A forma de realização do parto influencia a saúde física e mental do neonato. A 
possibilidade de complicações no parto ou lesões no bebê pode aumentar dependendo de diversas 
circunstâncias, como anoxia perinatal (falta temporária de oxigênio), assepsia inadequada do 
local do parto, assistência médica inadequada. As drogas dadas à mãe para reduzir a dor podem 
ter efeitos negativos sobre o bebê, tais como: afetar a responsividade e os padrões alimentares 
do mesmo.
 Lembrete
Um parto pré-termo ou nascimento prematuro ocorre quando o 
recém-nascido nasce com menos de 37 semanas de idade gestacional. A 
possibilidade de sobrevivência dos prematuros é 25% mais alta no caso de 
meninas.
Como problemas e complicações no parto, cabem destacar a prematuridade (bebês nascidos antes 
da 37ª semana), o baixo peso ao nascer (bebês que pesam abaixo de 2500 gramas) e a anoxia (falta de 
oxigênio). Todos esses problemas podem trazer sequelas desenvolvimentais, no entanto, não se pode 
ignorar a capacidade de resiliência dos indivíduos, como já discutido.
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Figura 6 – Momento do nascimento ou parto
O nascimento representa uma grande revolução psicológica para os pais. É preciso criar um novo 
vínculo com o bebê e adquirir a capacidade de colocar-se no lugar dele a fim de conseguir interpretar 
as suas necessidades. Os pais precisam reorganizar-se internamente, rever sua autoimagem, sua posição 
e ligações familiares.
O Teste do Pezinho (ou Teste de Guthrie) é um diagnóstico precoce realizado nos primeiros 
dias de vida do bebê com o objetivo de diagnosticar doenças congênitas relacionadas a 
infecções e distúrbios metabólicos, entre eles, oligofrenia difenilpiruvínica, hipotireoidismo 
e fenilcetonúria. O exame consiste em colher por meio de uma picada na sola do pé do 
recém-nascido, em um filtro de papel, amostras de sangue, que são enviadas para exames 
laboratoriais.
Exemplo de aplicação
A seguir propomos uma situação-problema para que você possa refletir sobre os assuntos tratados 
até aqui. Leia atentamente:
A gravidez de Sofia, 43 anos, foi péssima: “Sentia dor em tudo quanto 
era canto, desânimo, depressão, ansiedade”. Quando soube que estava 
grávida, Sofia chorou. Depois resolveu fazer um aborto. Leo, 40 anos, o 
pai da criança, induziu-a a desistir por razões religiosas. Sofia relata que 
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enjoou os nove meses e teve outros sintomas, como palpitações, maior 
sensibilidade a tudo e “fazia muito xixi”. Mas afirma que o pior foi a 
série de sustos que levou: o primeiro foi quando soube que poderia 
ter “incompatibilidade de Rh”, o segundo, quando contraiu rubéola, 
no sexto mês de gestação. Ela afirma ainda que durante a gravidez “ 
fumava e parei... ginástica não consegui continuar, sentia desânimo. 
Engordei trinta quilos, mas no começo, apesar do enjoo, não deixei de 
comer nada, comia mais doces e chocolates... continuei a beber e fumar 
maconha, eventualmente nos finais de semana” (excerto de entrevista 
fictício, elaborado com fins pedagógicos).
A partir dessa situação-problema, responda as seguintes questões:
• Em sua opinião, o filho de Sofia manifestará anemia falciforme, uma doença sanguínea, às vezes 
fatal, gerada por fatores teratogênicos?
• O ganho de peso de Sofia foi o adequado? Quais são os riscos de uma gravidez aos 43 anos? 
Justifique sua resposta, fundamentando o seu ponto de vista com argumentos.
É claro que você respondeu que o filho de Sofia não manifestará a anemia falciforme, uma 
vez que essa é uma doença por defeito congênito (portanto não é teratogênico), que tem como 
característica eritrócitos deformados e frágeis, que podem obstruir os vasos sanguíneos, privando 
o organismo de oxigênio. Os sintomas incluem dor intensa, paralisação do crescimento, infecções 
frequentes, ulcerações nas pernas, cálculos biliares, suscetibilidade a pneumonia e a derrame 
cerebral. O filho de Sofia não manifestará anemia falciforme, pois se trata de uma doença 
sanguínea às vezes fatal, gerada por fatores congênitos. Na situação anteriormente citada, há o 
relato de fatores teratogênicos que não são as causas da anemia falciforme.
Sofia engordou acima do peso esperado na gestação, e isso pode ser problema tanto para ela 
como para o bebê. O esperado seria um ganho de peso entre 11 e 15 quilos, engordando menos 
no início da gravidez e mais no final. É importante que a gestante coma alimentos que supram 
as necessidades nutricionais, sendo esta uma das influências perinatais mais importantes. Nessa 
faixa etária, há um maior risco de aborto, hipertensão arterial, sangramento, morte durante a 
gravidez ou durante o parto; há maior probabilidade de anomalias cromossômicas e maior índice 
de mortalidade infantil. No entanto, hoje a gravidez nessa faixa etária é cada vez mais comum 
e é importante o acompanhamento médico no pré-natal. Muito bem! Você acertou ambas as 
questões.
Com relação ao desenvolvimento do recém-nascido, apesar de entre os mamíferos o bebê humano 
ser o mais imaturo e incapaz de sobreviver sem os cuidados do adulto, ainda assim, é possível afirmar que 
é um bebê competente quanto à sua capacidade de perceber o mundo, de imitação e de comunicação. 
Eles são pré-programados para a sobrevivência, bem-preparados para responder aos adultos e influenciar 
seus ambientes sociais.
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 Lembrete
O médico pediatra que cuida do recém-nascido é o neonatologista, esse 
cuidado se dá até o bebê completar 28 dias, porque depois disso o recém-
nascido passa a ser denominado lactente.
O recém-nascido possui uma série de habilidades, a saber:
• reflexos;• habilidades sensoriais;
• desenvolvimento físico-motor;
• desenvolvimento cognitivo;
• habilidades sociais.
Os reflexos
Os bebês nascem com uma série de reflexos, que podem ser definidos como respostas físicas 
automáticas desencadeadas involuntariamente por um estímulo específico.
Destacam-se os reflexos adaptativos – reflexo de sugar e engolir, retraimento diante de um estímulo 
doloroso, abertura e fechamento da pupila do olho com as variações de luz, entre outros – e os reflexos 
primitivos, controlados pelas partes mais primitivas do cérebro, a medula e o mesencéfalo, dos quais 
se podem citar:
• o reflexo de moro ou do susto (quando há um barulho alto ou o bebê é assustado, por exemplo, 
por meio da simulação de deixá-lo cair, ele estica os braços e arqueia as costas e depois junta os 
braços com se estivesse agarrando algo); 
• o reflexo de Babinski (quando a planta do pé do bebê é tocada, os dedos dos pés se abrem e 
depois se curvam); 
• o reflexo de agarrar (quando um dedo ou algum outro objeto é pressionado contra a palma da 
mão do bebê, seus dedos se fecham em torno dele); 
• o reflexo do passo (quando o bebê é segurado em posição ereta, realiza movimentos rítmicos 
com as pernas);
• entre outros.
Outros reflexos humanos iniciais são: 
• reflexo tônico-cervical (deita-se o bebê de costas, e ele vira a cabeça, o braço e a perna para o 
mesmo lado e flexiona os membros opostos); 
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• reflexo de Babkin (acariciando as duas palmas das mãos do bebê ao mesmo tempo, ele abre a 
boca, fecha os olhos e inclina a cabeça para frente); 
• reflexo da sucção (toca-se a bochecha ou o lábio superior do bebê, ele vira a cabeça, abre a boca 
e inicia movimentos de sucção); 
• reflexo da marcha (se segura o bebê por baixo dos braços com pés nus tocando a superfície 
plana, e ele faz movimentos semelhantes aos do caminhar); 
• reflexo da natação (o bebê é colocado na água com o rosto voltado para baixo, e ele faz 
movimentos de natação coordenados).
Os reflexos primitivos desaparecem no curso desenvolvimental à medida que são substituídos pelas 
funções cerebrais mais complexas. A presença dos reflexos no nascimento e o posterior desaparecimento 
são sinais básicos de desenvolvimento neurológico normal.
 
Habilidades sensoriais
No que diz respeito às habilidades sensoriais, o recém-nascido dispõe de todas as capacidades 
sensoriais básicas no nascimento, embora haja diferença nos níveis de desenvolvimento entre cada uma 
das habilidades (audição, visão, paladar, olfato e tato).
Quadro 1
Capacidades sensoriais básicas do recém-nascido 
no nascimento
Audição
Visão
Paladar
Olfato
Tato
Audição
Os bebês são capazes de ouvir mesmo antes do nascimento. Os recém-nascidos preferem ouvir a voz 
de sua mãe às de outras mulheres (DE CASPER; FIFER, 1980 apud COLE; COLE, 2003). 
Os bebês conseguem distinguir o som da voz humana de outros tipos de sons e parecem preferi-
lo (WERKER; TEE, 1999 apud COLE; COLE, 2003). Desde o nascimento, os bebês reagem aos sons e 
podem localizar pelo menos a sua direção aproximada, mas a sua acuidade auditiva melhorará até a 
adolescência (WERNER; BOSS, 1993 apud COLE; COLE, 2003).
Visão
Os elementos anatômicos básicos do sistema visual estão presentes no nascimento, mas não 
ainda plenamente desenvolvidos. As lentes do olho e as células da retina apresentam-se imaturas e 
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os movimentos dos olhos são descoordenados; assim, a visão do bebê é indistinta, costuma-se dizer 
que ele é míope (MARTIN, 1998 apud COLE; COLE, 2003). Apesar de sua acuidade visual não ser boa, 
os bebês enxergam e discriminam várias cores (BEE, 1996). É interessante notar que os bebês podem 
focar muito bem a uma distância entre 20 e 25 centímetros (MARTIN, 1998 apud COLE; COLE, 2003), 
aproximadamente a distância entre os olhos deste e o rosto de quem o amamenta. 
Figura 7 – Mãe e bebê
Paladar
Os recém-nascidos têm o sentido do paladar bem desenvolvido ao nascimento. Respondem 
diferentemente aos quatro sabores básicos: doce, azedo, amargo e salgado; eles preferem os gostos 
doces (CROOK, 1987 in COLE; COLE, 2003).
Olfato
Os neonatos têm também o sentido do olfato bem desenvolvido. Segundo pesquisas (CERNOCH; 
PORTER, 1985 apud BEE, 1996), os bebês de uma semana de idade podem perceber a diferença entre 
o cheiro da mãe e de outras mulheres, embora esse dado seja confirmado apenas entre os bebês 
amamentados no seio da mãe. 
Tato
Os recém-nascidos mostram que sentem toques e são sensíveis às mudanças na temperatura 
movimentando-se, como, por exemplo, afastando a parte tocada ou tornando-se mais ativo se há 
repentina queda na temperatura (FIELD, 1990 apud COLE; COLE, 2003).
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O desenvolvimento físico-motor do recém-nascido
Quanto ao desenvolvimento físico-motor do recém-nascido, é importante salientar que recém-
nascido não dispõe de muitas habilidades motoras, seu desenvolvimento atenderá ao princípio céfalo-
caudal e próximo-distal. Sendo assim, quando nasce, ele não consegue segurar a cabeça ou coordenar 
o olhar. Um bebê a termo pesa cerca de 3000/3500 gramas e tem cerca de cinquenta centímetros. O 
corpo é desproporcional, pois a cabeça representa um quarto da altura total. O desenvolvimento motor 
diz respeito ao desenvolvimento do movimento, descreve as mudanças na capacidade do indivíduo 
de realizar atividades físicas, como sentar, andar, correr, saltar etc. Essas habilidades surgirão muito 
gradualmente ao longo do desenvolvimento.
Figura 8 – Bebê recém-nascido
O desenvolvimento cognitivo do recém-nascido
O desenvolvimento cognitivo diz respeito à forma como os indivíduos conhecem, como adquirem 
conhecimento. 
A capacidade dos bebês de aprenderem a partir da experiência está presente desde os primeiros 
dias de vida. Basta se observar as primeiras mamadas em relação às subsequentes, em poucos 
dias os reflexos de sucção e deglutição – que a princípio são descoordenados e, no geral, tornam 
a situação de amamentação caótica – transformam-se em comportamentos qualitativamente 
diferentes, que se desenvolvem por meio da reorganização dos vários reflexos e, assim, o bebê 
ajusta-se à mãe. 
Algumas evidências indicam que os bebês pequenos podem exibir alguns tipos de imitação, tais como 
a protrusão da língua, a extensão do lábio e a abertura da boca (MOURA, 2004), mas parece improvável 
que a imitação seja um importante mecanismo da aprendizagem nos primeiros meses de vida. 
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Será discutido a seguir, no subtítulo, o desenvolvimento cognitivo da criança de 0 a 2 
anos, a maneira pela qual os fatores biológicos e ambientais contribuem para a mudança 
desenvolvimental inicial.Habilidades sociais
Os bebês recém-nascidos são extremamente hábeis em atrair e manter a atenção dos adultos. Eles 
nascem com capacidades que os predispõem à troca com seus cuidadores. Essas capacidades fazem 
parte de programas abertos, geneticamente determinados, mas sensíveis ao ambiente, que o preparam 
para adquirir informações por intermédio de trocas sociais precoces (MOURA, 2004).
A capacidade de atrair a atenção dos adultos é ligada inclusive à sua própria aparência atraente e 
agradável, que desencadeiam respostas de cuidado parental. O choro também é altamente eficiente. 
Quem é imune a um rostinho de bebê ou ao seu choro? 
 Saiba mais
Leia o texto Evidências sobre características de bebês recém-nascidos: 
um convite a reflexões teóricas e analise a perspectiva do desenvolvimento 
humano na atualidade (MOURA; RIBAS apud MOURA, 2004).
2 A CRIANÇA DE 0 A 2 ANOS
Algumas particularidades dos recém-nascidos foram discutidas no capítulo anterior, agora serão 
abordadas as características básicas do desenvolvimento da criança de zero a dois anos, destacando-se 
os processos centrais dessa fase do ciclo vital.
2.1 Desenvolvimento físico-motor da criança de 0 a 2 anos
Geralmente, mais do que os homens, as mulheres costumam mudar os cabelos, o modo de se vestir, 
ganham ou perdem peso. No entanto, apesar de tais mudanças, é possível reconhecê-las após um 
período sem vê-las. Entretanto, se cuidássemos 24 horas por dia de um bebê durante o primeiro mês 
e só voltássemos a reencontrá-lo um ano depois, provavelmente não o reconheceríamos. Isso porque 
as mudanças que ocorrem nos primeiros anos são drásticas, ou seja, as forças do crescimento e do 
desenvolvimento, nesse período, são muito poderosas.
O desenvolvimento é composto de uma série de fatores inter-relacionados com os demais aspectos 
desenvolvimentais: físicos, cognitivos e psicossociais. Considerando as habilidades de percepção, pode-
se afirmar que se desenvolvem rapidamente nos primeiros dois anos de vida, permitindo à criança 
aprender e explorar o ambiente.
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Os bebês diferem na velocidade ou eficiência dos processos perceptivos, como, por exemplo, na 
habituação a estímulos repetidos. Essas variações estão correlacionadas a medidas posteriores de 
inteligência e da linguagem. 
Quanto às habilidades motoras, pode-se afirmar que são desenvolvidas em uma sequência, geralmente 
consideradas como geneticamente programada, evoluindo das simples para as complexas, de acordo 
com o princípio céfalo-caudal e próximo-distal. No entanto, pesquisas recentes indicam que se trata de 
um processo contínuo, dinâmico e multifatorial de interação entre o bebê e o ambiente. 
Resumidamente, o desenvolvimento motor ocorre da seguinte forma:
• de reflexos simples para os mais deliberados (complexos);
• da cabeça para os artelhos e do interior para o exterior;
• contínua, dinâmica e multifatorial (interação bebê e o meio). 
O marco inicial do desenvolvimento motor é:
1º erguer a cabeça (por volta dos 4 meses);
2º engatinhar pelo chão (9/10 meses);
3º caminhar (12 meses).
Ainda no que diz respeito às novas habilidades motoras, percebe-se que elas interferem, ou seja, 
acabam por determinar a forma pela qual a criança conhece e se relaciona com o mundo. Uma criança 
que engatinha ou anda, explora ativamente o seu ambiente, tentando conhecê-lo em detalhes, tenta 
pegar tudo o que está em seu campo visual, as tomadas são um alvo, os objetos sob uma mesa de centro 
de sala também, inclusive aqueles que são relíquias de família, tudo isso trará implicações, provocando 
alterações no relacionamento dos cuidadores com as crianças, como, por exemplo, as crianças passam a 
ouvir uma série de “nãos”. Esse exemplo cotidiano nos ajuda a dimensionar como os diferentes aspectos 
desenvolvimentais são inter-relacionados de forma imbricada.
Nos primeiros 24 meses de vida, os avanços físico-motores são impressionantes. Imagine um bebê 
recém-nascido que não consegue nem mesmo suportar a própria cabeça e a criança de dois anos 
que é capaz de correr. Pense em quantas habilidades intermediárias são necessárias para esse salto 
desenvolvimental. 
O desenvolvimento físico é marcado por um processo maturacional que vai gradativamente fazendo 
com que a criança adquira novas possibilidades. Quando o sistema nervoso central, os músculos e os 
ossos estão suficientemente maduros e o ambiente oferece oportunidades adequadas, os bebês não 
param de surpreender os adultos com as novas habilidades.
As habilidades motoras são desenvolvidas em uma sequência, a qual geralmente é considerada como 
geneticamente programada. As habilidades evoluem das simples para as complexas e de acordo com 
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o princípio céfalo-caudal e próximo-distal, como já mencionado anteriormente. No entanto, pesquisas 
recentes (THELEN, 1995 apud PAPALIA; OLDS; FELDMAN, 2006) indicam que se trata de um processo 
contínuo, dinâmico e multifatorial de interação entre o bebê e o ambiente. 
“A maturação sozinha não pode explicar adequadamente tais observações [...], o bebê e ambiente 
formam um sistema interligado, e o desenvolvimento tem causas interativas” (THELEN, 1995 apud 
PAPALIA; OLDS; FELDMAN, 2006, p. 117).
Nas situações cotidianas, a interação ambiental pode ser facilmente evidenciada por meio de um 
“bate-papo” com mulheres, hoje, na faixa dos 60-70 anos. Elas certamente vão relatar que os bebês de 
hoje são muito mais espertos do que os de seu tempo e contarão que antes os bebês nasciam e ficavam 
na penumbra por pelo menos sete dias, demoravam a abrir os olhos; havia o costume de enfaixar todo 
o corpo dos bebês e, assim, eles demoravam mais para desenvolver os movimentos etc. Assim, pode-se 
afirmar que fatores ambientais, inclusive padrões culturais, podem afetar o ritmo de desenvolvimento 
motor. 
O desenvolvimento pode ser visto “enquanto uma série de adaptações imediatas às condições 
presentes, bem como enquanto um processo cumulativo no qual estágios sucessivos estão calcados 
sobre estágios anteriores” (KAPLAN; DOVE, 1987 in PAPALIA; OLDS, FELDMAN 2006).
A seguir, serão descritas as principais conquistas motoras (GESELL, 2000) ao longo dos dois primeiros 
anos de vida:
Figura 9 – Bebê em posição prona, deitado de bruços
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1 mês
• Se removido o suporte da cabeça, esta penderá para um dos lados (ao sentar o bebê, a cabeça 
cairá para trás).
• Quando em posição supina – deitado de costas –, o bebê dobrará os braços sobre o tórax.
• Quando em posição prona – deitado de bruços –, ele elevará o tronco e virará a cabeça para 
“libertar” o nariz.
• Quando em posição supina – deitado de costas –, se mostramos um objeto atraente, ele o seguirá 
até a linha média.
• Quando a palma da mão for tocada, o bebê a fechará e segurará o objeto.
2 meses
• Quando seguro verticalmente, o bebê sustentará a cabeça momentaneamente.
• Quando em posição prona, o bebê levantará a cabeça de uma superfície plana ea sustentará por segundos 
(quando é puxado para a posição sentada, a cabeça pende bastante, mas não completamente).
• Os olhos seguirão um objeto que se move horizontalmente, pelo menos até a linha média, com o 
foco melhorado.
• Olha fixamente rostos próximos a ele.
• Segura momentaneamente um chocalho, quando este for colocado em sua mão.
• Presença da ação reflexa quando o agarra.
3 meses
• Em posição sentada, o bebê ficará com a cabeça ereta, sem oscilar, por cinco segundos suas costas 
permanecem uniformemente arredondadas.
• Em posição prona, aparece um movimento de alternação de pernas e braços, bastante elementar, 
quando é puxado para a posição sentada, a cabeça pende um pouco.
• Em posição prona, levanta o tórax 5 cm da superfície.
• Os olhos seguem continuamente uma argola pendurada em um barbante, à medida que esta se 
movimenta em círculos (180 graus de deslocamento).
• Quando se coloca um objeto na mão do bebê, ele o segurará à frente dos olhos, tentará mordê-lo 
ou baterá nele, normalmente utilizando ambas as mãos.
4 meses
• A cabeça se mantém firme quando a criança é segura na posição ereta.
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• Quando na posição supina, virará para o lado. Os braços fazem movimentos de natação.
• A posição sentada é a preferida (com apoio). A curvatura das costas limita-se à região lombar. 
• A criança começa a alcançar os objetos que vê (coordenação ocular-motora) e a levá-los à boca.
• Olha e brinca com os dedos, uma mão segura a outra.
5 meses
• Quando seguro em pé, consegue erguer momentaneamente um dos pés.
• Apoiando-se nos dedos de alguém, quando deitado, é capaz de se puxar para a posição sentada, 
já não pende.
• Quando em posição prona, ao levantar a cabeça, o maior peso está nos antebraços.
• Quando balançamos um objeto à sua frente, ele o puxa em sua direção.
• Consegue segurar um cubo, precariamente.
6 meses
• Quando em posição prona, toda a parte superior do abdômen fica acima superfície (o bebê apoia-
se nas mãos com os braços estendidos).
• Ele tem controle da cabeça em todas as posições, deitando de costas, levanta a cabeça 
espontaneamente.
• Quando em pé, seu peso maior repousa nos pés.
• Quando em posição prona, empurra-se mais com as mãos do que com os pés, movimentando-se 
para trás.
• Mantém a mão estendida em direção a um objeto, durante diversos segundos, tentando agarrá-lo 
e, se está ao seu alcance, agarra-o com facilidade.
• É capaz de agarrar um cordão, com pressão palmar, passa objetos de uma mão para a outra.
• Senta-se no chão com as mãos para frente para se apoiar.
• Vira-se da posição de bruços para a de costas.
7 meses
• Quando em posição prona, consegue levantar o tórax usando somente uma das mãos.
• Quando seguro de pé, pula com prazer.
• É capaz de ficar sentado no chão por alguns momentos sem se apoiar.
• Balança-se sobre as mãos e os joelhos (engatinhar 1).
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• É capaz de tirar um objeto de dentro do outro (um cubo de dentro de uma caneca, por exemplo).
• O bebê pega objetos com o polegar e os dedos em completa posição, sem o uso da palma das 
mãos.
• Come bolacha sozinho.
8 meses
• Movimenta-se para frente e para trás, sobre as mãos e os joelhos, os quais trabalham juntos 
(engatinhar 2).
• É capaz de sentar-se sozinho, sem apoio.
• Ele é capaz de segurar uma bolinha com os dedos permanecendo apoiado na mesa.
• Se um objeto é colocado sobre a mesa, ela o pega e bate-o.
Figura 10 – Bebê sentado
9 meses
• Levanta-se da posição prona para a sentada e vice-versa.
• Na posição sentada, desliza pelo chão.
• Quando sentado, o bebê se inclina para frente, consegue recuperar o equilíbrio.
• As mãos e os joelhos estabelecem movimentos alternativos (engatinhar 3).
• A criança é capaz de tocar um sino, imitando alguém.
• Apoiado na grade, sustenta todo seu peso.
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Figura 11 – Bebê engatinhando
10 meses
• Puxa-se para ficar em pé e mover-se nessa posição, segurando na mobília ou na mão de alguém.
• Fica em pé sem apoio, vários segundos.
• Engatinha bem e consegue passar sobre obstáculos baixos.
• Rola uma bola, quando sentado.
• Soltará os objetos bruscamente, os dedos abrem-se para soltar.
• Quando um cubo é dado para o bebê e depois outro, ele normalmente bate um contra o outro, 
quando um terceiro é colocado à sua frente, ele tenta pagá-lo.
• Quando uma bolinha é oferecida ao bebê, ele aproxima o indicador do objeto fazendo oposição 
polegar-indicador em uma preensão em pinça.
11 meses
• Quando de pé, com apoio, consegue levantar um dos pés.
• Eleva-se à posição de pé (com apoio).
• Consegue colocar um objeto pequeno dentro de um maior (primeira evidência de que já pode 
soltar).
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• Pula agarrado a grades.
• Permanece de pé, sem apoio.
• Engatinha (plantígrado) com apenas pés e mãos no chão (urso).
12 meses
• Quando sentado, é capaz de se virar.
• Anda segurando por uma das mãos.
• Tenta fazer construções colocando os cubos um sobre o outro.
• Em seguida a uma demonstração, consegue fazer algum tipo de marca de lápis sobre um papel.
• Pinça fina.
14 meses
• É capaz de andar sozinho três metros de forma normal, com alteração equidistante dos pés.
• Quando anda, é capaz de parar, recuperar o equilíbrio e começar a andar novamente.
• A única forma que a criança consegue para sair da posição de pé para a sentada é deixando-se “cair”.
• É capaz de segurar, tirar e recolocar encaixes simples no tabuleiro (dando-se o tabuleiro com as 
formas dentro).
16 meses
• Anda bem, com alteração equidistante dos pés, cai raramente. 
• É capaz de subir escadas, de gatinhas.
• Abaixa-se e volta à posição em pé depois de curvar-se. 
• Depois de um exemplo, é capaz de colocar um cubo sobre outro (torre 2).
• Depois de uma demonstração, o bebê rabiscará um papel com um lápis com a mão fechada.
• Pode alimentar-se sozinho, beber em um copo.
18 meses
• É capaz de arremessar um objeto independentemente do estilo e da direção.
• O andar é harmônico, embora parar quando corre ainda seja difícil.
• Corre desajeitadamente (parece incapaz de dobrar os joelhos).
• Puxa brinquedos de rodas.
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Unidade I
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• Não é capaz de chutar uma bola, dá um passo em direção a ela, entretanto, na hora de chutar, erra 
o alvo.
• Faz torre de três cubos.
• Rabisca espontaneamente (garatujas),

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