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Delegado Civil CARREIRAS JURÍDICAS Damásio Educacional MATERIAL DE APOIO Disciplina: Direito Penal Geral Professor: André Estefam Aulas: 09 e 10| Data: 06/03/17 ANOTAÇÃO DE AULA SUMÁRIO FATO TÍPICO 2. Tipicidade 2.1. Caráter indiciário 2.2. Adequação típica 2.3. Tipicidade Conglobante (Zaffaroni) 3. Resultado naturalístico 3.1. Introdução 3.2. Resultado naturalístico x Resultado jurídico ou normativo 3.3. Classificação dos crimes segundo o resultado naturalístico 4. Nexo causal 4.1. Causas independentes e causas dependentes 5. Dolo 5.1. Elementos 5.2. Abrangência do dolo 6. Culpa 6.1. Espécies de culpa FATO TÍPICO 2. Tipicidade Trata-se da relação de subsunção entre o fato concreto e o tipo penal somada a lesão ou perigo ao bem jurídico. Formal material Subsunção (fato – tipo) lesão ou perigo ao bem jurídico. 2.1. Caráter indiciário A tipicidade é um indicio da ilicitude. Se o indivíduo realiza um comportamento descrito na lei penal, não há dúvida que em princípio que o comportamento realizado pelo agente é típico. Quando que a conduta típica é amparada pelo direito? Quando amparada por uma excludente de ilicitude. 2.2. Adequação típica • Imediata/ direta: quando o fato se encaixa diretamente no tipo penal. • Mediata/ indireta: o enquadramento legal exige a conjugação do tipo penal com uma norma de extensão. Página 2 de 8 Para que façamos o enquadramento teremos que combinar o tipo penal com uma norma de extensão, por exemplo: Art. 13, parágrafo 2° do CP Art. 14, inciso II do CP Art. 29, caput do CP Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Superveniência de causa independente(Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) § 2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem:(Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Art. 14 - Diz-se o crime: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Tentativa (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984). II - tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Pena de tentativa(Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984). Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984). 2.3. Tipicidade Conglobante (Zaffaroni) O ordenamento jurídico é um todo unitário, dividido em ramos (direito penal, direito civil e etc) para fins didáticos. O interprete/aplicador do direito deve adotar uma visão conglobada do ordenamento jurídico. Tipicidade penal = tipicidade legal (norma penal) + tipicidade conglobante (norma extrapenal) Tipicidade conglobante: Ocorrerá examinando-se normas extrapenais que regulam a conduta. Haverá tipicidade conglobante quando a conduta não for autorizada ou incentivada por normas extrapenais. Atipicidade conglobante: O Fato revestido de tipicidade legal (se encaixa no tipo penal), porém como se trata de uma atividade profissional exercida (violência desportiva e intervenção médica) essa conduta é atípica. Página 3 de 8 Exemplo: Violência desportiva e intervenção médico cirúrgica. • Quando há autorizações em norma extrapenal ocorre o ERD (exercício regular de direito) que é uma excludente de ilicitude (art. 23, III do CP). Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984). III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito.(Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984). 3. Resultado Naturalístico 3.1. Introdução A palavra resultado na linguagem do direito penal é um termo equívoco, tendo em vista que: 1° resultado: O resultado consiste na modificação no mundo exterior provocada pela conduta. 2° resultado: O resultado pode indicar lesão ou perigo ao bem jurídico. 3.2. Resultado naturalístico x jurídico ou normativo O resultado naturalístico é sensorialmente perceptível. O resultado jurídico é uma abstração, eu não enxergo, eu compreendo um resultado jurídico ou normativo. 3.3. Classificação dos crimes segundo o resultado naturalístico a) materiais ou de resultado: são aqueles cujo o tipo descreve conduta e resultado, exigindo ambos para fins de consumação. Ex: homicídio, roubo, etc. STJ 582 (momento consumativo do roubo) Consuma-se o crime de roubo com a inversão da posse do bem mediante emprego de violência ou grave ameaça, ainda que por breve tempo e em seguida à perseguição imediata ao agente e recuperação da coisa roubada, sendo prescindível a posse mansa e pacífica ou desvigiada. b) formais ou de consumação antecipada: o tipo também descreve conduta e resultado, mas se contenta com aquela para fins de consumação. Ex: extorsão, Súmula 96 do STJ, esta confirma que a extorsão é um crime formal. Página 4 de 8 Súmula 96 STJ O crime de extorsão consuma-se independentemente da obtenção da vantagem indevida. c) de mera conduta ou simples atividade: o tipo se limita a descrever uma conduta, sem qualquer alusão a resultado. Ex: porte de arma. 4. Nexo Causal – art. 13, caput do CP O nexo causal está previsto no art. 13, caput do CP, vejamos: Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Critério legal de imputação (R – C). Imputação Conduta Resultado Entre a conduta e o resultado temos o Nexo causal (Teoria da Equivalência dos antecedentes/”conditio sine qua non”). Teoria da equivalência dos antecedentes: todo antecedente que influenciar na produção do resultado será considerado sua causa. Juízo de eliminação hipotética: quando estamos em dúvida a cerca da relação e causalidade, basta eliminarmos completamente o antecedente em questão. Excesso: 1) Passado: Regresso ao infinito ou “Regressus ad infinitum”. A ferramenta mais utilizada é através da teoria da ausência do dolo/culpa. 2) Futuro: Causas supervenientes relativamente independentes. O Código Penal exclui a imputação. (Art. 13, parágrafo 1° do CP). Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Página 5 de 8 Superveniência de causa independente(Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) § 1º - A superveniência de causa relativamente independente exclui a imputação quando, por si só, produziu o resultado; os fatos anteriores, entretanto, imputam-se a quem os praticou. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984). 4.1. Causas independentes x Causas dependentes Causas independentes: é aquela que gera um desdobramento incomum/inesperado. Causas dependentes: é aquele fator que está dentre do desenrolar natural dos fatos (dentro da linha de desdobramento causal natural ou esperada). Erro médico e infecção hospitalar são situações que estão dentro da linha de desdobramento causal esperada. Causas independentes:estas se dividem em absolutamente independentes e relativamente independentes. Causas independentes Absolutamente CAI: São fatores que não guardam qualquer relação com a conduta e por si só produzem o resultado. Preexistentes : exemplo matar pessoa morta. Concomitantes: dispara um tiro mas no mesmo momento cai um piano na cabeça da vítima. Supervenientes: mulher envenena comida, mas uma calha cai na cabeça do marido antes da ingestação da comida envenenada. Relativamente CRI: são causas que somadas a conduta conduz a produção do resultado. (é uma soma de fatores se é eliminado um fator o resultado irá se alterar). Preexistentes: Exemplo: Duas pessoas estão discutindo uma delas fere a outra com um canivete e a vítima fica sangrando horas e horas e em razão disso, veio a óbito, porque era hemofílica. Aqui o agente só irá responder se sabia ou se era previsível o resultado. O agente só responde se a CRI era conhecida ou previsível. Concomitantes: Página 6 de 8 O agente só responde se a CRI era conhecida ou previsível. Supervenientes: O CP exclui a imputação (art. 13, parágrafo 1° do CP). 5. Dolo Art. 18, I do CP Art. 18 - Diz-se o crime: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Crime doloso(Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) I - doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo;(Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) O crime se considera doloso quando o agente quis (dolo direto) o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo (dolo eventual). 5.1. Elementos O dolo possui um elemento cognitivo (consciência) e um elemento volitivo (vontade). “Causalismo” – a doutrina afirmava que além de consciência e vontade o dolo continha um terceiro elemento que é a consciência da ilicitude. Chama-se dolo normativo ou hibrido. “Finalismo”: No entanto, o finalismo entendeu que a consciência e vontade faz parte da culpabilidade. Aqui o dolo é chamado de natural ou neutro. 5.2. Abrangência do dolo Quando o indivíduo almeja produzir um resultado o dolo do indivíduo alcança quais aspectos: • Resultado pretendido • Meios escolhidos • Consequências secundárias inerentes aos meios escolhidos que é chamado de dolo de 2° grau. Ex: o agente pretende matar uma pessoa, no entanto, esta vítima possui irmão gêmeo. A morte do irmão 1° o qual é o desafeto (dolo de 1/ grau) a morte do 2° irmão (que não era o desafeto) dolo de 2° grau. Ex: Durante o trajeto do carro de um desafeto que um terrorista quer matar e ele instala uma bomba, mas esse desafeto tem um motorista. Diante disso, ao acionar a bomba a morte do motorista do veículo (que não é o desafeto) é dolo de 2° grau. Página 7 de 8 6. Culpa Negligencia, imprudência e imperícia. A aferição da culpa se dá por dois elementos: quebra do dever de cuidado objetivo e a previsibilidade objetiva do resultado. Quebra do dever de cuidado objetivo: trata-se da violação do dever de cautela imposto a todas as pessoas imposto no convívio social. Sua verificação se baseará no nível de cautela exigido é aquele imposto a uma pessoa de mediana prudência e discernimento. Previsibilidade objetiva do resultado: Trata-se da possibilidade de antever o resultado. O legislador descreve o crime culpo no art. 18, II do CP (imprudência, negligencia ou imperícia). Art. 18 - Diz-se o crime: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Crime culposo(Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) II - culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 6.1. Espécies de culpa Culpa própria: Culpa imprópria: Consciente: Inconsciente: Este tema será ministrado na próxima aula. Página 8 de 8
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