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02. REGIME JURÍDICO DA ADMINISTRAÇÃO

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30 de janeiro de 2009
REGIME JURÍDICO ADMINISTRATIVO
CONCEITO
	É o CONJUNTO HARMÔNICO de PRINCÍPIOS e REGRAS que compõe a disciplina do direito administrativo.
	Não há delimitação de quantos princípios compõe este conjunto. A doutrina não se decide sobre a origem de cada um deles, a decorrência, a quantidade, etc. Cada uma apresenta o que entende em sendo os princípios norteadores do sistema.
	Aqui serão analisados os mais pedidos nos concursos (toda questão aberta merece uma referência aos princípios administrativos na opinião da professora Fernanda Marinela) e também os mais aceitos na doutrina.
CRITÉRIO DE PONDERAÇÃO DOS INTERESSES
	Qual é o princípio que deve prevalecer? Qual o mais importante? Qual deverá vir primeiro? Quem responde as indagações é este critério de ponderação dos interesses. 
Na questão de mais de um princípio ser aplicável a um caso concreto, um não excluirá o outro, mas um será mais ponderado do que o outro. Existem graus de aplicação de um determinado princípio.
Decisão do STJ: 12 servidores foram nomeados para um cargo em que eles apenas ingressariam se houvesse concurso público. 20 anos depois, o STJ julga a questão, ponderando entre o princípio da legalidade (necessidade do concurso) ou da segurança jurídica (decisões estabilizadas) e princípio da boa-fé (presente na conduta destes servidores e dos terceiros que aceitaram estas decisões dadas).
O STJ vê a aplicação e ponderação dos princípios neste caso. A decisão foi dada pela predominância do princípio da segurança jurídica, afastando o princípio da legalidade rigorosa. Foram mantidos os servidores em seus cargos.
	Desta forma, alguns princípios serão restringidos, mitigados em razão e melhor aplicação de outros princípios. É preciso que se faça deste modo a escolha, pelo critério de ponderação dos interesses.
	
PRINCÍPIO DA SUPREMACIA DO INTERESSE PÚBLICO E DA INDISPONIBILIDADE DESTE INTERESSE
	Celso Antonio Bandeira de Mello entende que estes princípios, da supremacia e da indisponibilidade do interesse público, são as pedras de toque do estudo do direito administrativo.
	
04 de março de 2009
Marçal Justen Filho diz que o princípio da supremacia deve se extinguir nos próximos anos. Isso porque entende o autor e uma corrente minoritária da doutrina que o Poder Público se utilizaria deste princípio para cometer abusos e ilegalidades, com a desculpa no fundamento da supremacia do interesse público. 
Esta teoria de Marçal Justen Filho, a TEORIA DA DESCONSTRUÇÃO DO PRINCÍPIO DA SUPREMACIA, não é a posição que prevalece.
	Apagando-se este princípio da supremacia seria possível que as ilegalidades fossem desaparecidas? Não, apenas haveria desvio do problema com o princípio apagado. A doutrina majoritária diz que os abusos e ilegalidades persistiram do mesmo modo. É preciso que haja efetivo cumprimento deste princípio.
PRINCÍPIO DA SUPREMACIA DO INTERESSE PÚBLICO
	Princípio da supremacia do interesse público é a superioridade do interesse público em face do interesse particular. Jamais é a sobreposição do interesse do administrador, mas sim do interesse público. Também não se trata do atendimento interesse do Estado enquanto máquina administrativa.
	Professor Celso Antonio Bandeira de Mello dedica um capítulo todo ao estudo do conceito de “interesse público”. Sintetizando, o INTERESSE PÚBLICO é o SOMATÓRIO dos INTERESSES INDIVIDUAIS representando o interesse majoritário da sociedade. 
	Também são estudadas as espécies de interesse público, subdividindo-o em:
	Havendo o conflito entre os interesses primário e secundário, sempre PREVALECERÁ O INTERESSE PÚBLICO PRIMÁRIO. O ideal seria que os interesses, primário e secundário, coincidissem. 
Nos exemplos dados acima, prevalece então que o tributo deverá ser pago da forma prevista na lei, mesmo que o Estado necessite de uma rápida arrecadação.
	O princípio da supremacia do interesse público não possui dispositivo específico. No entanto, ele está implicitamente presente em vários institutos e outros artigos legais ou da Constituição.
	Exemplo: o Poder Público pode desapropriar, pode requisitar que o imóvel particular seja utilizado para abrigar sem tetos que sofreram perda de seus bens com uma enchente. Em nome da supremacia do interesse público, ele pode agir deste modo. 
	Outro exemplo: o Poder Público pode se utilizar do poder de polícia para fechar determinado estabelecimento que não respeita as leis que regulam a utilização de som, perturbando os vizinhos. Ele exerce este poder fundamentado na supremacia do interesse público.
PRINCÍPIO DA INDISPONIBILIDADE DO INTERESSE PÚBLICO
	O Poder Público, verificando que existe o interesse público, em nome da supremacia poderá proceder de qualquer forma, menos dispondo deste interesse.
	O exercício da função pública é agir em nome e no interesse do povo. O administrador exerce função pública em nome e interesse de toda a sociedade. Se o interesse então é de outrem, o administrador nunca poderá dispor do interesse público.
 	Este princípio não está também expresso nem na Constituição e nem em qualquer lei, mas está implícito em todo o ordenamento e nos institutos de direito administrativo.
	Exemplo: o administrador que contrata diretamente, mediante dispensa de licitação, quando não era o caso para tal disponibilidade. Abre mão do instrumento que assegura o interesse público, qual seja, a feitura da licitação. Do mesmo modo quando o administrador coloca uma pessoa em cargo em comissão ou temporário para burlar o concurso público, quando este era obrigatório para o referido cargo.
PRINCÍPIOS MÍNIMOS DO DIREITO ADMINISTRATIVO
	Aqui serão analisados os princípios mais importantes e que são mais requisitados em concurso.
Art. 37, CF - A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência (princípios mínimos da administração pública) e, também, ao seguinte: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) (…)
PRINCÍPIO DA LEGALIDADE
O princípio da legalidade é previsto em diversos artigos na Constituição, tais como, o art. 5º (direitos e garantias fundamentais), art. 37 (regras gerais para a administração pública), art. 84 (atribuições do Presidente da República), art. 150 (sistema tributário constitucional).
	No tocante à legalidade, para o particular tudo poderá ser feito desde que não contrarie a lei. O particular deverá obedecer ao CRITÉRIO DE NÃO CONTRADIÇÃO À LEI.
	Mas, para o administrador a situação é diferente junto ao princípio da legalidade. Ele somente poderá fazer o que está previsto, expresso ou autorizado em lei. Para o administrador, para o direito público, há o CRITÉRIO DE SUBORDINAÇÃO À LEI.
	O critério de subordinação à lei não enseja o engessamento da atividade do administrador. A lei traz a previsão também da discricionariedade. A lei traz a liberdade do administrador junto a discricionariedade.
	STF diz que o princípio da legalidade deve ser interpretado em sentido amplo. Deve haver aplicação da lei e da Constituição, especialmente no tocante aos princípios que na Carta Maior estão dispostos. 
Se o ato administrativo viola a isonomia, o contraditório, a ampla defesa, ou qualquer outro princípio, deverá haver controle de legalidade em sentido amplo. Esse assunto será retomado quando do estudo da revisão dos atos administrativos.
O que significa princípio da RESERVA DE LEI? Este princípio aparece quando o constituinte separa uma matéria e dá para ela uma espécie normativa. O princípio da reserva de lei não se confunde com o princípio da legalidade.
O que é ESTADO DE DIREITO? É o Estado que é organizado por leis e a elas deve obediência. O princípio da legalidade é indispensável para a constituição de um Estado de Direito. Fica ele na base de todo o ordenamento.
PRINCÍPIO DA IMPESSOALIDADE
Dois institutos que representam o princípio da impessoalidadena Constituição Federal: LICITAÇÃO e CONCURSO PÚBLICO. O administrador escolherá a melhor proposta ou o melhor candidato para a administração, não importando quem é a pessoa beneficiada ou se haverá vontade do administrador.
Princípio da impessoalidade é a AUSÊNCIA DE INTERESSE PESSSOAL na CONDUTA DO ADMINISTRADOR. É a ausência da subjetividade.
Os atos administrativos devem ser impessoais, não são atos da pessoa do agente, são na verdade atos da pessoa jurídica. O agente apenas é o condutor para a realização do ato. Ele age impessoalmente.
	Para Celso Antonio Bandeira de Mello o princípio da impessoalidade expõe que devem ser tratados os administrados sem favoritismos ou perseguições e também sem discriminações benéficas ou detrimentosas.
	(MP/MG) O princípio da impessoalidade está ligado ao princípio da isonomia, enquanto o princípio da moralidade está ligado à lealdade e à boa-fé. VERDADEIRO o enunciado.
Observação: NEPOTISMO. Trata a súmula vinculante nº13 sobre o nepotismo na administração pública. Também presente a disposição nas Resoluções do CNJ nº07 e nº09; CNMP as resoluções nº04 e nº07.
 
A proibição para o nepotismo hoje representa a aplicação de qual princípio constitucional? É aplicação do princípio da isonomia, impessoalidade, eficiência e isonomia. Supremo já decidiu que estão estes princípios aplicados no combate ao nepotismo. 
Foi proibido inclusive o nepotismo cruzado, quando uma autoridade dá função para os parentes de outra autoridade, e esta segunda dá função para os parentes da primeira.
O início do combate ao nepotismo se deu com a resolução do CNJ, retirando os parentes dos Tribunais do judiciário. Com a insatisfação quanto à medida e questionando a competência do Conselho, a matéria foi levada ao Supremo através da ADC nº12. 
INFORMATIVO Nº 416 - ADC e Vedação ao Nepotismo 
O Tribunal, por maioria, concedeu pedido de liminar formulado em ação declaratória de constitucionalidade proposta pela Associação dos Magistrados do Brasil - AMB, para, com efeito vinculante e erga omnes, suspender, até o exame de mérito da ação, o julgamento dos processos que tenham por objeto questionar a constitucionalidade da Resolução 7/2005, do Conselho Nacional de Justiça; impedir que juízes e tribunais venham a proferir decisões que impeçam ou afastem a aplicabilidade da mesma resolução; e suspender, com eficácia ex tunc, os efeitos das decisões já proferidas, no sentido de afastar ou impedir a sobredita aplicação. Inicialmente, não se conheceu da ação quanto ao art. 3º da aludida resolução, tendo em vista a alteração de redação introduzida pela Resolução 9/2005. ADC 12 MC/DF, rel. Min. Carlos Britto, 16.2.2006. (ADC-12)
 Em seguida, asseverou-se que o Conselho Nacional de Justiça - CNJ, como órgão central de controle da atuação administrativa e financeira do Poder Judiciário, detém competência para dispor, primariamente, sobre as matérias de que trata o inciso II do § 4º do art. 103-B da CF, já que “a competência para zelar pela observância do art. 37 da CF e de baixar os atos de sanação de condutas eventualmente contrárias à legalidade é poder que traz consigo a dimensão da normatividade em abstrato.”. Ressaltou-se que a Resolução 7/2005 está em sintonia com os princípios constantes do art. 37, em especial os da impessoalidade, da eficiência e da igualdade, não havendo que se falar em ofensa à liberdade de nomeação e exoneração dos cargos em comissão e funções de confiança, visto que as restrições por ela impostas são as mesmas previstas na CF, as quais, extraídas dos citados princípios, vedam a prática do nepotismo. Afirmou-se, também, não estar a resolução examinada a violar nem o princípio da separação dos Poderes, nem o princípio federativo, porquanto o CNJ, não usurpou o campo de atuação do Poder Legislativo, limitando-se a exercer as competências que lhe foram constitucionalmente reservadas. Vencido o Min. Marco Aurélio, que indeferia a liminar, ao fundamento de que o CNJ, por não possuir poder normativo, extrapolou as competências constitucionais que lhe foram outorgadas ao editar a resolução impugnada. ADC 12 MC/DF, rel. Min. Carlos Britto, 16.2.2006. (ADC-12)
O Supremo então decide que o CNJ possui competência e pode através de ato normativo (a edição de uma resolução) criar a regra sobre o banimento do nepotismo, pois tal iniciativa é Constitucional por resultar na aplicação de quatro princípios constitucionais: IMPESSOALIDADE, MORALIDADE, EFICIÊNCIA E ISONOMIA.
SÚMULA VINCULANTE Nº 13, STF
A NOMEAÇÃO DE CÔNJUGE, COMPANHEIRO OU PARENTE EM LINHA RETA, COLATERAL OU POR AFINIDADE, ATÉ O TERCEIRO GRAU, INCLUSIVE, DA AUTORIDADE NOMEANTE OU DE SERVIDOR DA MESMA PESSOA JURÍDICA INVESTIDO EM CARGO DE DIREÇÃO, CHEFIA OU ASSESSORAMENTO, PARA O EXERCÍCIO DE CARGO EM COMISSÃO OU DE CONFIANÇA OU, AINDA, DE FUNÇÃO GRATIFICADA NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DIRETA E INDIRETA EM QUALQUER DOS PODERES DA UNIÃO, DOS ESTADOS, DO DISTRITO FEDERAL E DOS MUNICÍPIOS, COMPREENDIDO O AJUSTE MEDIANTE DESIGNAÇÕES RECÍPROCAS (nepotismo cruzado), VIOLA A CONSTITUIÇÃO FEDERAL.
 
	Professora Fernanda Marinela critica a súmula nº13 porque a fiscalização de acordo com os moldes dela é inviável, impossível. Entende que é letra morta. Não há como cruzar todos os dados, de todas as pessoas jurídicas. Há inviabilidade prática.
	Também diz que a súmula não resultou de inúmeros debates, foi decidida com um único julgamento e possui redação intrincada, com conceitos muito misturados e deste modo, de pouca aplicação prática. 
	Princípio da Impessoalidade X Princípio da Finalidade: o princípio da impessoalidade é manifestação da ausência da subjetividade. O princípio da finalidade é conceituado por duas correntes:
1ª corrente
Corrente TRADICIONAL de HELY LOPES MEIRELLES, diz que o princípio da finalidade coincide com o princípio da impessoalidade, também chamado de princípio da imparcialidade. Diz que antes da CF/1988 era referido como princípio da finalidade/imparcialidade que ganhou novo nome com o advento da Constituição, como princípio da impessoalidade. O administrador não pode buscar interesses pessoais em seus atos. 
2ª corrente
Corrente da DOUTRINA MODERNA de CELSO ANTONIO BANDEIRA DE MELLO entende que não são sinônimos os princípios da finalidade e da impessoalidade. Impessoalidade é a ausência de discriminações, ausência de subjetividade. E o princípio da finalidade culmina na conduta do administrador em buscar a finalidade, o escopo, o espírito e a vontade maior da lei. Finalidade, para Celso Antonio, está embutido no princípio da legalidade e não da impessoalidade.
	        
Art. 2o, lei 9784/1999 - A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade, finalidade (princípio autônomo, esta lei adota a segunda corrente, da doutrina moderna, não coincide ao princípio da impessoalidade), motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência. (...)
Atenção: Jurisprudência só diz que se caracteriza a improbidade administrativa se constar em anuncio a promoção social do administrador. Se houver apenas menção ao nome do administrador, com as informações sobre a obra, não haverá improbidade administrativa.
PRINCÍPIO DA MORALIDADE
Princípio da moralidade tem como base a ideia de “honestidade”. Também está ligado à ideia de “lealdade” e também da “boa-fé” do administrador. O administrador agindo com moralidade, age com correção de atitudes.
	É importante perceber que todos os princípios estão interligados. Se for um bom administrador, agindo sempre buscando a boa administração, os requisitos de aplicabilidade dos princípios da moralidade e da eficiência estarão satisfeitos.
	O conceito do princípio da moralidade ainda é muito vago, não possui certeiramente um consenso doutrinário nem jurisprudencial. Por isso há dificuldade em aplicá-lo. 
Para a jurisprudência, a verificação da simples violação à moralidade fica difícil de ser verificada. Por essa maneiravem sempre atrelada a outros princípios nas decisões jurisprudenciais. 
Professora Fernanda Marinella entende ser uma pena esta falha conceitual, pois assim há diminuição em sua aplicação, mesmo em se tratando de um princípio tão essencial à atividade administrativa.
 
PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE
O princípio da publicidade significa dar conhecimento dos atos, da atividade administrativa ao titular do direito (povo), que é o dono do interesse público que dá fundamentação à atividade da administração.
A partir do momento em que se distribui a ciência dos atos, haverá o início da produção de seus efeitos. 
Exemplo: a publicação é condição de eficácia para o início da produção dos efeitos dos contratos administrativos.
Art. 61, lei 8666/1993
(…)
Parágrafo único.  A publicação resumida do instrumento de contrato ou de seus aditamentos na imprensa oficial, que é condição indispensável para sua eficácia, será providenciada pela Administração até o quinto dia útil do mês seguinte ao de sua assinatura, para ocorrer no prazo de vinte dias daquela data, qualquer que seja o seu valor, ainda que sem ônus, ressalvado o disposto no art. 26 desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
 
	A publicidade também surte efeito quanto ao início da contagem de prazos. Como também é mecanismo de controle, de fiscalização destes atos administrativos.
	Em suma, decorrendo do princípio da publicidade alguns efeitos serão alcançados:
	A licitação na modalidade convite não tem publicidade. FALSO. Porque publicidade é diferente de publicação. Na licitação na modalidade convite não se precisa de publicação do instrumento convocatório, não se publica em diário oficial. Mas, há publicidade porque há envio de convites, há celebração do certame em sala pública, há fixação de edital na repartição da licitação nesta modalidade, etc.
	Como regra, o ADMINISTRADOR TEM O DEVER DE PUBLICAR OS ATOS. Caso descumpra esta obrigação de publicidade de seus atos, incorrerá em improbidade administrativa.
        
Art. 11, lei 8429/1992- Constitui ato de improbidade administrativa que atenta contra os princípios da administração pública qualquer ação ou omissão que viole os deveres de honestidade, imparcialidade, legalidade, e lealdade às instituições, e notadamente:
(...)
IV - negar publicidade aos atos oficiais; (...)
	E se o administrado procurar a publicidade de determinado ato e lhe foi negada? Se as informações forem sobre sua pessoa (necessidade de saber a informação ou retificá-la), deverá haver interposição de habeas data; no entanto, se forem informações relativas a outra pessoa, deverá ser impetrado o mandado de segurança.
Art. 5º, CF
(...)
XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado (uma das exceções ao princípio da publicidade, listadas logo abaixo); (Regulamento)
XXXIV - são a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas:
a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder;
b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa de direitos e esclarecimento de situações de interesse pessoal (a obtenção de certidões também é decorrência do princípio da publicidade);
	Existem exceções ao princípio da publicidade? O tema é controverso na doutrina, mas aqui será abordada a posição majoritária. São as seguintes exceções:
Será restringida a publicidade quando for necessário o sigilo para assegurar a segurança da sociedade e do Estado (art. 5º, XXXIII, CF, recortado acima);
Quando houver comprometimento do direito à intimidade (art. 5º, X, CF).
Art. 5º, CF
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;
Quando a lei entender que será necessária a restrição da publicidade em razão do interesse social (art. 5º, LX, CF).
Art. 5º, CF
LX - a lei (deixa em aberto para a lei eventualmente fazer a restrição) só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem;
Alguns doutrinadores questionam esta última exceção. Entendem eles que é compreensível o segredo de justiça (em razão da preservação da intimidade/interesse social) dentro dos processos do poder judiciário. Mas e em processo administrativo?
Professora Fernanda Marinella diz que em processos éticos há tramitação em sigilo (exemplo: processo no conselho regional de medicina para averiguar a culpa do médico na morte de um paciente). 
Da mesma forma em processos administrativos disciplinares, se for importante para a condução no processo, para a produção de provas essencialmente, haverá tramitação em sigilo.
        
Art. 150, lei 8112/1990 -  A Comissão (que apurará o PAD) exercerá suas atividades com independência e imparcialidade, assegurado o sigilo necessário à elucidação do fato ou exigido pelo interesse da administração. 
Parágrafo único.  As reuniões e as audiências das comissões terão caráter reservado.
 
Mas, em ambos os exemplos dados acima, a decisão final dos processos deverá ser publicada.
Observação: há Projeto de Lei para que se modifique a lei de improbidade, fazendo constar a conduta do administrador que se utiliza de terceiros, no caso o povo, para fazer promoção pessoal. Exemplo de um estado no Brasil em que ele se utilizou de outdoors, dizendo que o povo o estava agradecendo pelas obras realizadas. 
Incorrerá esta prática em ofensa ao princípio da impessoalidade e não precipuamente ao princípio da publicidade. Isso porque a finalidade da publicidade foi alcançada, deu-se ciência para todos que obras foram realizadas, mas com a degradante promoção social do administrador.
PRINCÍPIO DA EFICIÊNCIA
O princípio da eficiência ganhou roupagem dentro do art. 37, CF como princípio expresso a partir da emenda 19/1998. 
Mas, muito antes desta emenda constitucional, havia obrigação da administração em ser eficiente, especialmente na lei 8987/1995, no art. 6º:
Art. 6º, lei 8987/1995 - Toda concessão ou permissão pressupõe a prestação de serviço adequado ao pleno atendimento dos usuários, conforme estabelecido nesta Lei, nas normas pertinentes e no respectivo contrato.
        
§ 1o Serviço adequado é o que satisfaz as condições de regularidade, continuidade, eficiência, segurança, atualidade, generalidade, cortesia na sua prestação e modicidade das tarifas. (...)
	Quando a eficiência foi introduzida no caput do art. 37, CF vários desdobramentos ocorreram junto ao regime jurídico da administração:
Estabilidade do Servidor
A estabilidade será de melhor forma estudada na aula sobre “agentes públicos”. Mas, aqui será feita uma breve introdução. 
Para que o servidor seja considerado como “estável” e venha a adquirir a estabilidade deverá primeiramente passar em um concurso e ser nomeado para o cargo efetivo.
O servidor deve preencher três anos de exercício e passar também pela avaliação de desempenho. Esta avaliação não existia até a EC 19/1998. Tem de ser aprovado nesta avaliação, se mostrando eficiente. Ultrapassada esta fase, se tornará estável.
Somente perderá esta estabilidade por algumas hipóteses taxadas em lei, e uma delas, é caso não passe nas avaliações periódicas realizadas após adquirida sua estabilidade. A avaliação periódica é mais um desdobramento do princípio da eficiência.
Antes da emenda 19, a avaliação periódica existia, mas não possuía a força de retirar do servidor sua estabilidade caso não fosse por ela aprovado (segundo a lei, na verdade ele perde o cargo e não a estabilidade).
Art. 41, CF - São estáveis após três anos de efetivo exercício os servidores nomeados para cargo de provimento efetivo em virtude de concurso público. (Redação dada pela EmendaConstitucional nº 19, de 1998)
§ 1º O servidor público estável só perderá o cargo: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
I - em virtude de sentença judicial transitada em julgado; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
II - mediante processo administrativo em que lhe seja assegurada ampla defesa; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
III - mediante procedimento de avaliação periódica de desempenho, na forma de lei complementar, assegurada ampla defesa. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
05 de março de 2009
Racionalização da Máquina Administrativa
Para ser eficiente a Administração Pública, será necessário que se dê racionalização à máquina administrativa. A emenda constitucional 19/1998 também se preocupou com o quanto se gasta com o quadro de funcionários inseridos nos entes da administração pública.
Art. 169, CF - A despesa com pessoal ativo e inativo da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios não poderá exceder os limites estabelecidos em lei complementar (lei de responsabilidade fiscal – LC 101/2000 – limites previstos no art. 19). (...)
Art. 19, LC 101/2000 - Para os fins do disposto no caput do art. 169 da Constituição, a despesa total com pessoal, em cada período de apuração e em cada ente da Federação, não poderá exceder os percentuais da receita corrente líquida, a seguir discriminados:
        
I - União: 50% (cinqüenta por cento);
        
II - Estados: 60% (sessenta por cento);
        
III - Municípios: 60% (sessenta por cento).
        
§ 1o Na verificação do atendimento dos limites definidos neste artigo, não serão computadas as despesas:
        
I - de indenização por demissão de servidores ou empregados;
II - relativas a incentivos à demissão voluntária;
III - derivadas da aplicação do disposto no inciso II do § 6o do art. 57 da Constituição (convocação extraordinária do Congresso Nacional em caso de urgência ou interesse público relevante);
IV - decorrentes de decisão judicial e da competência de período anterior ao da apuração a que se refere o § 2o do art. 18;
V - com pessoal, do Distrito Federal e dos Estados do Amapá e Roraima, custeadas com recursos transferidos pela União na forma dos incisos XIII e XIV do art. 21 da Constituição (assistência financeira dos Estados e de suas instituições) e do art. 31 da Emenda Constitucional no 19;
VI - com inativos, ainda que por intermédio de fundo específico, custeadas por recursos provenientes:
        
a) da arrecadação de contribuições dos segurados;
b) da compensação financeira de que trata o § 9o do art. 201 da Constituição;
c) das demais receitas diretamente arrecadadas por fundo vinculado a tal finalidade, inclusive o produto da alienação de bens, direitos e ativos, bem como seu superávit financeiro.
        
§ 2o Observado o disposto no inciso IV do § 1o, as despesas com pessoal decorrentes de sentenças judiciais serão incluídas no limite do respectivo Poder ou órgão referido no art. 20.
Art. 169, CF
(...)
§ 1º A concessão de qualquer vantagem ou aumento de remuneração, a criação de cargos, empregos e funções ou alteração de estrutura de carreiras, bem como a admissão ou contratação de pessoal, a qualquer título, pelos órgãos e entidades da administração direta ou indireta, inclusive fundações instituídas e mantidas pelo poder público, só poderão ser feitas: (Renumerado do parágrafo único, pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
I - se houver prévia dotação orçamentária suficiente para atender às projeções de despesa de pessoal e aos acréscimos dela decorrentes; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
II - se houver autorização específica na lei de diretrizes orçamentárias, ressalvadas as empresas públicas e as sociedades de economia mista. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
§ 2º Decorrido o prazo estabelecido na lei complementar referida neste artigo para a adaptação aos parâmetros ali previstos, serão imediatamente suspensos todos os repasses de verbas federais ou estaduais aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios que não observarem os referidos limites. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
	A emenda, neste mesmo artigo 169, CF estabelece como serão cortados os cargos, para seja alcançado o limite estabelecido na lei de responsabilidade fiscal, a lei complementar 101/2000:
Art. 169, CF
(...)
§ 3º Para o cumprimento dos limites estabelecidos com base neste artigo, durante o prazo fixado na lei complementar referida no caput, a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios adotarão as seguintes providências:  (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
I - redução em pelo menos vinte por cento das despesas com cargos em comissão e funções de confiança;  (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
II - exoneração dos servidores não estáveis. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
	Não há limite estabelecido pela Constituição – serão exonerados os servidores não estáveis de acordo com a necessidade. A ideia é de que a administração exonere os funcionários que são dispensáveis, que tem função dispensável.
	Em última hipótese, os servidores estáveis serão atingidos, caso a administração não alcance o percentual que deva ser gasto com folha de pagamento. Só passarão os cortes para os estáveis depois que forem cortados os servidores em comissão e os não estáveis:
§ 4º Se as medidas adotadas com base no parágrafo anterior não forem suficientes para assegurar o cumprimento da determinação da lei complementar referida neste artigo, o servidor estável poderá perder o cargo, desde que ato normativo motivado de cada um dos Poderes especifique a atividade funcional, o órgão ou unidade administrativa objeto da redução de pessoal. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
	Demissão é pena, é dispensa por falta grave, decorrente de apuração de processo administrativo disciplinar. Desta forma o servidor estável, nos moldes do §4º, somente será dispensado através do instituto da EXONERAÇÃO.
	E depois da exoneração, somente o servidor estável tem o direito de receber indenização:
§ 5º O servidor que perder o cargo (somente o servidor estável) na forma do parágrafo anterior fará jus a indenização correspondente a um mês de remuneração por ano de serviço. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
	Caso o administrador exonere o servidor estável, o seu cargo obrigatoriamente será extinto. Não poderá o administrador colocar outro servidor em seu lugar. O cargo extinto somente poderá ser recriado, com funções idênticas ou assemelhadas, em quatro anos depois (necessariamente em outro mandato). 
É uma forma de vedar a possibilidade de o administrador utilizar este instrumento como forma de vingança contra o servidor estável.
§ 6º O cargo objeto da redução prevista nos parágrafos anteriores será considerado extinto, vedada a criação de cargo, emprego ou função com atribuições iguais ou assemelhadas pelo prazo de quatro anos. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
§ 7º Lei federal disporá sobre as normas gerais a serem obedecidas na efetivação do disposto no § 4º. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
	 O princípio da eficiência tem muita preocupação com os MEIOS e os FINS. É preciso que se gaste o menor valor possível, obtendo o melhor resultado possível.
Princípio da Eficiência
	A doutrina entende que este princípio é uma UTOPIA, que ainda não se implementou na administração, que não foi aplicado ainda o princípio da eficiência de forma efetiva.
PRINCÍPIO DA ISONOMIA
Isonomia é dar tratamento aos iguais de forma igual e aos desiguais de forma desigual, na medida de suas desigualdades. Apesar de ser um conceito muito bom, ele também é muito abrangente. Definir seu conteúdo não é tarefa fácil.
Para melhor entendimento do princípio da isonomia deve ser identificado seu FATOR DE DISCRIMINAÇÃO e posteriormentese há a COMPATIBILIDADE COM O OBJETIVO DA NORMA, sempre mediante o caso concreto.
Exemplo: Município faz concurso para o cargo de salva-vidas. E diz concurso que o deficiente, que utilize cadeira de rodas, não poderá prestá-lo. Fator de discriminação: exclusão do deficiente que utiliza cadeira de rodas do concurso de salva-vidas. Compatibilidade com o objetivo da norma: está preenchido, pois não desempenharia as funções compatíveis com o cargo de salva-vidas.
Diferentemente ocorreria se houvesse exclusão deste mesmo deficiente no caso de concurso para o cargo de servidor administrativo da instituição da polícia civil. Aí sim haveria ofensa ao princípio da isonomia, já que sua característica não é incompatível com o cargo que será exercido.
Limite de idade em concurso público é constitucional. VERDADEIRO. Supremo já disse que entende que é Constitucional a limitação, desde: 
Seja prevista na lei da carreira; 
Haja compatibilidade da discriminação com as atribuições do cargo. 
E não só sobre a idade poderá haver limitação. Também para o peso e altura dos candidatos poderá haver exigência neste sentido e até mesmo a sobre o tempo de “atividade jurídica” que ele possui.
As exigências de “atividade jurídica” não estão dentro das leis do Ministério Público e da Magistratura, mas entende-se que basta que a disposição sobre a discriminação esteja prevista em disposições dentro da Constituição Federal.
Exame psicotécnico viola o princípio da isonomia? Celso Antonio diz que até mesmo pode ser que o psicólogo seja mais maluco que o candidato. A jurisprudência e doutrina não vêem o exame psicotécnico com bons olhos. Para que seja aceito tem de estar previsto na lei da carreira e com critérios do exame sempre dispostos de forma objetiva.
PRINCÍPIOS DO CONTRADITÓRIO E DA AMPLA DEFESA
Art. 5º, CF
LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;
	Na via judicial estes princípios já estão cristalizados. Mas, a grande problemática reside na esfera administrativa. Aos processos administrativos foram assegurados os princípios do contraditório e da ampla defesa somente com a CF/1988.
	Estes princípios vêm ganhando cada vez mais força dentro no processo administrativo, nos recentes entendimentos do Supremo. O STF vem anulando processos administrativos que não observaram os princípios do contraditório e da ampla defesa causando prejuízos aos servidores e em consequência, fazendo que eles retornem aos seus antigos cargos.
	Quando um ato puder causar prejuízo para o servidor, ele deverá ser chamado a se manifestar, sempre se assegurando respeito ao contraditório e à ampla defesa.
	CONTRADITÓRIO é o conhecimento do processo, a ciência de sua existência para que a parte seja chamada a dele participar. Forma-se com ele a bilateralidade da relação jurídica. Trazendo a parte para o processo, abre-se para a parte a oportunidade de ampla defesa.	
	A AMPLA DEFESA fica cumprida ou satisfeita se há abertura para que a parte a apresente. É a oportunidade para que a parte se defenda de qualquer fato contra ela oposto.
	Alguns autores, como a professora Odete Medauar, fazem a ressalva de que não basta que o prazo seja aberto. É necessário que certas exigências da ampla defesa sejam asseguradas, para que ela aconteça efetivamente:
 
	Qual é a posição da jurisprudência sobre as cópias do processo administrativo? Há direito de reprodução? STJ diz que o direito de cópias não é garantido, mas há a oportunidade de obtenção das cópias do processo. Não se faz carga do processo administrativo, ele não sai da administração. Então, deve o poder público viabilizar as cópias, e o custo delas ficará por conta do servidor. Não é a administração que arca com os custos da reprodução do processo.
	A presença do advogado é essencial no processo administrativo? A jurisprudência do STJ já caminhava há alguns anos reconhecendo que apesar de a presença do advogado ser uma opção, uma faculdade da parte, a garantia de seu auxílio ajudaria muito na legalidade e no contraditório do processo administrativo.
	O STJ então edita a súmula 343, de acordo com sua jurisprudência consolidada, entendendo pela necessidade do advogado atuar junto ao processo administrativo:
Súmula 343, STJ - É obrigatória a presença de advogado em todas as fases do processo administrativo disciplinar.
	A partir desta súmula, o processo administrativo em que não houve a participação do advogado e que demitiu o servidor, teria a anulação deste processo. O servidor seria reintegrado a partir da anulação deste processo que não observou tal obrigatoriedade.
	Governo Federal começa a refazer as contas, pelas reintegrações e indenizações que deveriam ser pagas a todos esses servidores demitidos por processo em que não houve participação do advogado.
	O assunto questionado chega ao STF, e como resultado de interesse econômico do Governo Federal, há a edição da súmula vinculante nº05, lamentavelmente:
SÚMULA VINCULANTE Nº 5
A FALTA DE DEFESA TÉCNICA POR ADVOGADO NO PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR NÃO OFENDE A CONSTITUIÇÃO.
	Professora entende que esta súmula foi um regresso, encobrindo o posicionamento do STJ que se mostrava muito mais compatível com a realidade do processo de nosso novo século. Com a decisão do STF há retrocesso e compatibilidade com a norma prevista na lei 8112/1990, que entendia pela facultatividade da participação do advogado no processo administrativo.
	A súmula 343, STJ não foi cancelada, mas ninguém mais julgará contra a ideia da súmula vinculante nº 05.
	Processo administrativo tributário e o depósito prévio: a exigência do depósito prévio para ter o direito à interposição de qualquer recurso é considerada INCONSTITUCIONAL. O recurso deverá ser viabilizado para a parte, assegurado pelo devido processo legal. É pacífico este entendimento. Para o processo administrativo tributário ou para qualquer outro processo administrativo, não será necessário o depósito prévio.
ANÁLISE DA SÚMULA VINCULANTE Nº03
SÚMULA VINCULANTE Nº 3
NOS PROCESSOS PERANTE O TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO ASSEGURAM-SE O CONTRADITÓRIO E A AMPLA DEFESA QUANDO DA DECISÃO PUDER RESULTAR ANULAÇÃO OU REVOGAÇÃO DE ATO ADMINISTRATIVO QUE BENEFICIE O INTERESSADO, EXCETUADA (excetuada porque o direito ainda não se formou, não há a possibilidade de prejuízo sobre um direito, porque ele ainda nem existe) A APRECIAÇÃO DA LEGALIDADE DO ATO DE CONCESSÃO INICIAL DE APOSENTADORIA, REFORMA E PENSÃO.
	O STF possui claro entendimento no sentido de que, se determinado processo/ato atingir a órbita de direito de alguém, deverá sempre ser assegurado o direito ao contraditório e a ampla defesa. Este entendimento se mostra bem colocado através da primeira parte da súmula vinculante. 
	Há participação pelo contraditório e da ampla defesa porque o interessado já possui o direito (um contrato com a administração, por exemplo), e ele poderá ser prejudicado com a anulação ou revogação deste ato que embasa o seu direito. Por esta razão ele deverá participar e se defender de qualquer coisa que possa vir a lhe prejudicar.
	Mas, na segunda parte da súmula, o caso é diverso. Em se tratando de concessão de aposentadoria, há a necessidade de um ato complexo. A administração se manifesta sobre a concessão da aposentadoria, que depois consulta o tribunal de contas e só depois deste momento da autorização do tribunal, o direito passará a existir.
	E a parte final desta súmula fala disso: não há oportunidade de manifestação do servidor antes da concessão inicial do direito à aposentadoria. Há vínculo do servidor somente com a administração e não com o tribunal de contas. 
O contraditório dele poderá ser feito dentro da administração. Não será chamada a parte para a formação do ato (concessão da aposentadoria) porque ainda não existe seu direito formado por este ato complexo e nenhuma relação com ele junto ao Tribunal de Contas.
PRINCÍPIO DARAZOABILIDADE E DA PROPORCIONALIDADE
O servidor que age de forma sensata e coerente, na verdade age de forma razoável, de acordo com o princípio da razoabilidade.
Agindo com equilíbrio, o servidor também age com proporcionalidade. A doutrina moderna coloca o princípio da proporcionalidade dentro do princípio da razoabilidade, como sendo um desdobramento dele. 
O equilíbrio se manifestará entre os benefícios decorrentes do ato administrativo analisado juntamente com os prejuízos que dele emanam. 
Haverá proporcionalidade entre os atos praticados pela administração ou pelos particulares e as consequentes medidas tomadas pela administração que serão decorrentes desta escolha.
Tanto o princípio da razoabilidade quanto o princípio da proporcionalidade estão implícitos dentro da lei Constitucional. Mas, são princípios expressos da lei ordinária, que trata dos processos administrativos:
        
Art. 2o, lei 9784/1999 - A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência.
	Os atos administrativos poderão ser revistos pelo poder Judiciário? Qualquer ato administrativo poderá ser revisto pelo poder Judiciário, no que tange ao controle de LEGALIDADE deste ato. Como já visto anteriormente, este controle de legalidade será feito em sentido amplo, utilizando o controle quanto à lei ou quanto à Constituição (e perante seus princípios).
	E pode o poder Judiciário controlar o mérito do ato administrativo? Mérito significa discricionariedade, a liberdade do administrador. O mérito o judiciário não pode rever, regra geral. O Juízo de valor do administrador não será revisto pelo poder Judiciário. 
Caso isso fosse admitido, haveria troca da decisão do administrador pela decisão do Juiz, infringindo assim o princípio da separação dos poderes.
	Exemplos: certo Município necessita de um hospital e de uma escola. Mas, possui dinheiro apenas para construir um deles. O administrador escolheu investir em hospital, por escolha política. O poder Judiciário não poderá analisar o mérito desta decisão. Há razoabilidade e proporcionalidade nesta escolha.
	Mas, no mesmo exemplo, ainda que o Município esteja precisando de uma escola e de um hospital, decide o administrador fazer uma praça. A escolha da praça violou o princípio da proporcionalidade e da razoabilidade. Os interesses não estão equilibrados. 
Desta forma, o poder Judiciário poderá rever esta liberdade do administrador. Será feito o controle de legalidade em sentido amplo, atendendo ao preceito constitucional do princípio da proporcionalidade e da razoabilidade. 
O Poder Judiciário não faz controle de mérito. Mas, com o controle de legalidade em sentido amplo, acaba o ato do judiciário atingindo a discricionariedade do administrador.
	Os princípios da proporcionalidade e da razoabilidade são limitadores da atividade discricionária do administrador. Por isso têm se dado muita importância para estes dois princípios.
	ADPF 45 não resolveu o caso concreto, mas o Supremo faz o reconhecimento do controle de política pública pelo poder Judiciário (necessária a leitura da íntegra do julgamento). Encontram-se também dois princípios, da reserva do possível e do mínimo existencial, que serão de melhor forma tratados em aulas sobre a responsabilidade da administração.
PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE DO SERVIÇO PÚBLICO
O serviço público tem de ser prestado de forma contínua, ininterruptamente. Professor Celso Antonio diz que o princípio da continuidade nada mais é que decorrência da obrigatoriedade de prestação do serviço público que possui o Estado. O serviço público não será interrompido, em regra.
Quando o serviço público poderá ser interrompido? Especialmente o corte do serviço essencial é visto com ressalva. Existem divergências, mas o entendimento é de que a interrupção do serviço público será possível, com fundamento no art. 6º, lei 8987/1995:
Art. 6o, lei 8987/1995 -Toda concessão ou permissão pressupõe a prestação de serviço adequado ao pleno atendimento dos usuários, (princípio da continuidade, como regra) conforme estabelecido nesta Lei, nas normas pertinentes e no respectivo contrato.
        
§ 1o Serviço adequado é o que satisfaz as condições de regularidade, continuidade, eficiência, segurança, atualidade, generalidade, cortesia na sua prestação e modicidade das tarifas.
        
§ 2o A atualidade compreende a modernidade das técnicas, do equipamento e das instalações e a sua conservação, bem como a melhoria e expansão do serviço.
        
§ 3o Não se caracteriza como descontinuidade do serviço a sua interrupção (serviço essencial também será admitido) em situação de emergência ou após prévio aviso, quando:
        
I - motivada por razões de ordem técnica ou de segurança das instalações; e,
        
II - por inadimplemento do usuário, considerado o interesse da coletividade.
	Prevalece que mediante o inadimplemento, mesmo sendo serviço essencial, ele será interrompido. Atenção ao art. 22 e 42, CDC – estão superados, porque se entende na jurisprudência que seja cortado o serviço essencial, baseado no art. 6º, 8987/1995.
	O raciocínio da Jurisprudência é de que, se houvesse a obrigatoriedade de prestação da empresa mesmo para o usuário inadimplente, a empresa quebraria, pois muitos se aproveitariam da situação de não pagamento e prestação do serviço. E ficariam sem a prestação de serviço aqueles que pagaram. Também não há tratamento isonômico para aquele que paga a tarifa e aquele que não paga nada pelo serviço.
	E se o usuário inadimplente for o próprio Estado? A jurisprudência traça ressalvas: logradouros públicos e hospitais não poderão ter o serviço essencial cortado. Mas, caso o Estado seja inadimplente, outros lugares que são mantidos por ele terão os serviços cortados.
	E poder haver a interrupção do serviço pelo exercício do direito de greve do servidor público? Um longo panorama deverá ser traçado mediante este questionamento.
	O servidor público possui direito de greve, assegurado pelo seguinte artigo da CF:
Art. 37, CF
VII - o direito de greve será exercido nos termos e nos limites definidos em lei específica; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) – até a edição da emenda 19 a Constituição exigia a edição de uma lei complementar para a regulamentação do direito de greve. Hoje basta a lei ordinária.
	Trata-se de uma lei de EFICÁCIA LIMITADA, segundo a posição que prevalece. Por isso foi discutida em inúmeros mandados de injunção. 
Mas, a lei até agora não veio, contudo os servidores públicos continuaram fazendo greve. Então, nesta conjuntura, a greve é considerada ilegal. Como o servidor faz greve, não possui animus de abandono do cargo. Aí, não pratica infração grave, então a greve não enseja a pena de demissão. O serviço ficava parado e não há solução para tal desarmonia no sistema.
Então, o Supremo decidia a situação através de Mandados de Injunção. E comunicava ao Congresso Nacional que a lei de regulamentação da greve dos funcionários públicos precisava ser feita. Mas o aviso não era atendido.
Mediante tantas omissões do Congresso, o Supremo, em decisão do mandado de injunção nº 708 (e mais discussões no MI 670 e no MI 712) dá efeito concretista a ele. Deu efeitos constitutivos sobre a decisão (e não deu apenas efeito declaratório para os parlamentares), dizendo que o servidor tem direito de greve, seguindo a lei de greve do trabalhador comum (lei nº 7783/1989).
O Mandado de injunção nº 708 foi reconhecido e a decisão foi dada intra partes. Então, há insurgência pelos servidores do AGU e novamente questionamento do Supremo.
Atenção: a norma, para a posição majoritária da doutrina, continua sendo uma norma de eficácia limitada. Não passou a ser uma norma de eficácia contida após a decisão do Supremo. Mas, existem alguns constitucionalistas (minoria da doutrina) que entendem que a norma de eficácialimitada passou a ser eficácia contida. 
Esta transformação não é aceita pela maioria porque o fato de ser plena, contida ou limitada decorre de uma vontade do constituinte. Não é o legislador ordinário ou até mesmo o entendimento do STF que vai modificar este status das normas em termos de eficácia constitucional.
No CESPE a questão era colocada como verdadeira que uma norma constitucional não passará de norma de eficácia limitada para norma de eficácia contida segundo o entendimento do STF ou de um legislador infraconstitucional. Vale o estabelecimento do constituinte. 
Direito da continuidade dos serviços e o princípio da exceptio non adimpleti contractus. Este princípio da exceção do contrato não cumprido é aplicado junto aos contratos nos quais figuram como parte a Administração Pública. Se em até 90 dias a Administração Pública não pagar com suas obrigações, a empresa poderá suspender o serviço contratado com ela. 
A regra da exceptio não é aplicada de imediato em nome do princípio da continuidade e da essencialidade que representa os serviços da Administração, mas é mitigada, pois será aplicada aos contratos administrativos a partir dos 90 dias.
Art. 78, 8666/1993 -  Constituem motivo para rescisão do contrato:
(…)
XV - o atraso superior a 90 (noventa) dias dos pagamentos devidos pela Administração decorrentes de obras, serviços ou fornecimento, ou parcelas destes, já recebidos ou executados (exceptio non adimpleti contractus mitigado), salvo em caso de calamidade pública, grave perturbação da ordem interna ou guerra, assegurado ao contratado o direito de optar pela suspensão do cumprimento de suas obrigações até que seja normalizada a situação; (...)
 
	A posição da doutrina tradicional é de que não haveria a possibilidade de aplicação do princípio da exceptio dentro dos contratos administrativos. Mas, esta é uma posição ultrapassada, prevalece pela aplicação da exceptio segundo a maioria da doutrina.
PRINCÍPIO DA AUTOTUTELA
O princípio diz que a administração poderá fazer a revisão de seus próprios atos. Poderá revê-los segundo os seguintes instrumentos:
Súmula 346, STF - A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA PODE DECLARAR A NULIDADE DOS SEUS PRÓPRIOS ATOS. 
Súmula 473, STF - A ADMINISTRAÇÃO PODE ANULAR SEUS PRÓPRIOS ATOS, QUANDO EIVADOS DE VÍCIOS QUE OS TORNAM ILEGAIS, PORQUE DELES NÃO SE ORIGINAM DIREITOS; OU REVOGÁ-LOS, POR MOTIVO DE CONVENIÊNCIA OU OPORTUNIDADE, RESPEITADOS OS DIREITOS ADQUIRIDOS, E RESSALVADA, EM TODOS OS CASOS, A APRECIAÇÃO JUDICIAL. 
	Professora Di Pietro diz que esta autotutela que possui a administração é a exigência do dever de zelo, de cuidado da administração. Este entendimento vem do próprio nome do princípio.
PRINCÍPIO DA ESPECIALIDADE
A pessoa jurídica da administração direta, para criar qualquer das pessoas jurídicas da administração indireta, deverá editar uma lei. A lei criará efetivamente ou autorizará a criação da pessoa jurídica.
Esta lei indicará a FINALIDADE ESPECÍFICA que terá cada uma destas pessoas jurídicas. Esta vinculação da pessoa jurídica à finalidade específica para a qual foi criada é a essência da aplicação do princípio da especialidade. 
PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DE LEGITIMIDADE
Este princípio da presunção de legitimidade está ligado a dois desdobramentos:
 
	A presunção de legitimidade é RELATIVA (iuris tantum). Normalmente quem alega é o administrado; e o ônus da prova caberá a quem alega a informação.
	Qual é a consequência prática da presunção de legitimidade? Praticado um ato administrativo, ele mediante a presunção, será aplicado desde já. Há APLICAÇÃO IMEDIATA DO ATO ADMINISTRATIVO como decorrência deste princípio da presunção da legitimidade.

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