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1 - IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA

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26 de julho de 2010
IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA 
CONCEITO
Improbidade Administrativa é o termo técnico para falar de corrupção administrativa, que se faz com a prática de ilegalidade e o desvirtuamento da função pública. Ex: enriquecimento sem causa ou ilícito; exercício nocivo da função pública; tráfico de influências; favorecimento das minorias;
Observação: probo denota a idéia ou qualidade de quem é honesto, de atitudes corretas, age de acordo com a ética;
Art. 1° Os atos de improbidade praticados por qualquer agente público, servidor ou não, contra a administração direta, indireta ou fundacional de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios, de Território, de empresa incorporada ao patrimônio público ou de entidade para cuja criação ou custeio o erário haja concorrido ou concorra com mais de cinqüenta por cento do patrimônio ou da receita anual, serão punidos na forma desta lei.
Parágrafo único. Estão também sujeitos às penalidades desta lei os atos de improbidade praticados contra o patrimônio de entidade que receba subvenção, benefício ou incentivo, fiscal ou creditício, de órgão público bem como daquelas para cuja criação ou custeio o erário haja concorrido ou concorra com menos de cinqüenta por cento do patrimônio ou da receita anual, limitando-se, nestes casos, a sanção patrimonial à repercussão do ilícito sobre a contribuição dos cofres públicos.
FONTES CONSTITUCIONAIS: 
Art. 14, §9º da CF (improbidade no período eleitoral através de compras de votos);
§ 9º Lei complementar estabelecerá outros casos de inelegibilidade e os prazos de sua cessação, a fim de proteger a probidade administrativa, a moralidade para exercício de mandato considerada vida pregressa do candidato, e a normalidade e legitimidade das eleições contra a influência do poder econômico ou o abuso do exercício de função, cargo ou emprego na administração direta ou indireta. (Redação dada pela Emenda Constitucional de Revisão nº 4, de 1994)
Art. 15 da CF (vedada a cassação dos direitos políticos, mas é possível sua suspensão por ato de improbidade);
Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou suspensão só se dará nos casos de:
V - improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § 4º.
Art. 85 da CF (improbidade como crime de responsabilidade do Presidente da República);
Art. 85. São crimes de responsabilidade os atos do Presidente da República que atentem contra a Constituição Federal e, especialmente, contra:
V - a probidade na administração;
Art. 37, §4º da CF (dizem sobre as medidas de improbidade administrativa que são: a suspensão dos direitos políticos, ressarcimento do erário, perda de função e indisponibilidade de bens); esse artigo foi disciplinado pela lei 8429/92 – Lei de Improbidade Administrativa ou do “Colarinho Branco”. 
Art. 37, § 4º - Os atos de improbidade administrativa importarão a suspensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível.
LEI 8.429/92 E SUA INCONSTITUCIONALIDADE FORMAL
Quando da tramitação da L.I.A. no Congresso Nacional quando foi realizada a discussão e votação na Casa Revisora do Poder Legislativo, o SF procedeu à emenda do projeto de lei, retornando à casa iniciadora.
Esta, por sua vez, realizou “subemenda” não determinando o retorno a casa revisora, sendo seu texto sancionado, promulgado e publicado.
Solução: O STF julgando a ADI 2182, que questionava a constitucionalidade formal da LIA, decidiu a ausência de inconstitucionalidade formal, sendo ela válida e eficaz. 
A grande questão é que na segunda casa o projeto foi alterado por emenda e quando voltou para primeira casa para votação foi aprovado coisa diversa do que foi aprovado no primeiro momento ou o que a segunda casa emendou, decidindo por um terceiro texto. O procedimento, dessa forma deveria seguir para segunda casa novamente, o que não ocorreu no caso em tela. O STF a respeito disse que esse terceiro texto não era exatamente o texto aprovado pela casa revisora, mas estava incluso dentro do que foi aprovado dentro da segunda casa.
Atenção: cuidado com a lei 12.120/09 que trouxe alteração para lei de improbidade;
COMPETÊNCIA LEGISLATIVA
Não há norma expressa na CF que confere a algum ente político a competência para legislar sobre Improbidade Administrativa. Em razão disso, a doutrina e jurisprudência entendem (quase que de forma absoluta) a competência seria da União, conforme art. 22. I.
Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:
I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho;
NATUREZA JURÍDICA 
O Ato de improbidade administrativa é um ilícito de natureza civil de acordo com o STF (ADI 2797 - discutiu a competência para julgar ato de improbidade). Ademais, nada impede que a mesma conduta também esteja descrita como infração penal do CP, como infração funcional no estatuto dos servidores sendo julgado pelo PAD.
No caso de ato de improbidade, a ação que julga tal ato é denominada de “ação de improbidade”, sendo que a maioria entende que é uma “ação civil pública” com características especiais.
A mesma conduta pode ser considerada infração às normas Civis, Administrativas e Penais, sendo cabível processamento e punição nas três instâncias distintas, podendo ter decisões diferentes em cada uma das instâncias (princípio da independência das instâncias).
Exceção ao princípio da independência das instâncias: se for absolvido no penal por negativa de autoria ou materialidade do crime (inexistência de fato), far-se-á vinculação nos demais, mas somente nestes dois casos, já que absolvição por falta de provas não influencia os demais (ver art. 935 do CC, art. 126 da Lei 8112 e art. 66 do CPP).
CC, Art. 935. A responsabilidade civil é independente da criminal, não se podendo questionar mais sobre a existência do fato, ou sobre quem seja o seu autor, quando estas questões se acharem decididas no juízo criminal.
Lei 8.112, Art. 126.  A responsabilidade administrativa do servidor será afastada no caso de absolvição criminal que negue a existência do fato ou sua autoria. 
CPP, Art. 66.  Não obstante a sentença absolutória no juízo criminal, a ação civil poderá ser proposta quando não tiver sido, categoricamente, reconhecida a inexistência material do fato.
Ex: se o elemento subjetivo no CP exigia forma dolosa e o agente agiu apenas por culpa, ele não cumpriu o tipo e será absolvido no CP, mas continuará nas demais instâncias, não gerando comunicação.
Observação: se no Processo Penal ficar reconhecido uma excludente penal, esse reconhecimento faz coisa julgada para o processo civil. Isso não quer dizer que haverá absolvição no processo civil em função disso, entretanto, não haverá mais discussão a respeito da existência dessa excludente, uma vez que faz coisa julgada no processo civil a definição dessa excludente no processo penal.
ELEMENTOS DO ATO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA
O ato de improbidade terá como sujeito ativo aquele que pratica a improbidade e quem sofre a lesão será o sujeito passivo (ex: município). 
Todavia, tendo em vista o alargamento dos legitimados à ação de improbidade, pode o sujeito passivo do ato ingressar com a respectiva ação, invertendo-se a relação jurídica, passando aquele que sofreu o ato a ser sujeito ativo da ação de improbidade e aquele que praticou o ato será o sujeito passivo da ação de improbidade;
SUJEITO PASSIVO 
Disciplinado pelo art. 1º da lei 8429; 
Art. 1° Os atos de improbidade praticados por qualquer agente público, servidor ou não, contra a administração direta, indireta ou fundacional de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios, de Território, de empresa incorporada ao patrimônio público ou de entidade para cuja criação ou custeio o erário haja concorrido ou concorra com maisde cinqüenta por cento do patrimônio ou da receita anual, serão punidos na forma desta lei.
        Parágrafo único. Estão também sujeitos às penalidades desta lei os atos de improbidade praticados contra o patrimônio de entidade que receba subvenção, benefício ou incentivo, fiscal ou creditício, de órgão público bem como daquelas para cuja criação ou custeio o erário haja concorrido ou concorra com menos de cinqüenta por cento do patrimônio ou da receita anual, limitando-se, nestes casos, a sanção patrimonial à repercussão do ilícito sobre a contribuição dos cofres públicos.
	Caput
	Parágrafo único
	Pessoas jurídicas da administração direta: entes políticos (União, Estados, Municípios e DF.
	
	Pessoas jurídicas da administração indireta (autarquias, fundações públicas, empresas públicas e sociedades de economia mista).
	
	territórios (apesar de não existirem hoje, podem ser criados).
	
	empresas incorporadas pelo poder público.
	
	pessoa jurídica de direito privado (entidade) quando o Estado participou na sua criação ou no seu custeio com patrimônio ou receita anual com mais de 50%;
Obs: aqui, a ação de improbidade discute sobre toda verba desviada, ou seja, repercute sobre tudo.
	pessoas jurídicas de direito privado para cuja criação ou custeio o erário tenha concorrido com menos de 50%;
pessoa jurídica de direito privado que recebam subvenção, benefícios ou incentivos, sejam eles fiscais ou creditícios.
Obs: aqui a sanção patrimonial será limitada à repercussão nos cofres públicos (só discute o desvio decorrente do dinheiro público); o restante pode ser discutido em outra ação que não seja a de improbidade.
Importante: Sindicatos (pessoas jurídicas de direito privado), por receberem contribuição sindical que é espécie tributária, será passiva de sofrer ato de improbidade, seja pelo “caput”, seja pelo parágrafo único;
Conselhos de Classe (autarquias em regime especial) também podem sofrer ato de improbidade; inclusive a OAB, mesmo sendo “sui generis” também poderá sofrer atos de improbidade, uma vez que a mesma ainda continua tendo privilégios de autarquias.
Partidos Políticos por receberem dinheiro do fundo partidário (recursos do governo) também são sujeitos passivos; 
Sistema S, OSCIPs, entidades de apoio, serviço social autônomo (entes de cooperação, integrantes do Terceiro Setor) também podem sofrer atos de improbidade.
As ENTIDADES BENEFICENTES estão sujeitas a lei de improbidade.
SUJEITO ATIVO
Considera-se sujeito ativo aquele que é agente público (art. 2º), ou seja, é todo aquele que exerce função pública de forma temporária ou permanente, com ou sem remuneração.
Art. 2° Reputa-se agente público, para os efeitos desta lei, todo aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, nomeação, designação, contratação ou qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função nas entidades mencionadas no artigo anterior.
Observação: também é sujeito ativo aqueles que estão no art. 3º da lei, que são os terceiros que induzem, concorram ou se beneficiem com a prática do ato.
Art. 3° As disposições desta lei são aplicáveis, no que couber, àquele que, mesmo não sendo agente público, induza ou concorra para a prática do ato de improbidade ou dele se beneficie sob qualquer forma direta ou indireta.
No tocante aos Agentes Políticos há uma discussão quanto a possibilidade de sua responsabilização por crime de responsabilidade (sanção de natureza política). 
A posição inicial era firme em afirmar que nada impede que o agente político poderia ser processado por improbidade e por crime de responsabilidade.
Em um segundo momento, constatou-se a idéia de punir o agente político por crime de responsabilidade e prática de ato de improbidade administrativa seria bis in idem, uma vez que apesar do ato de improbidade ter natureza civil, em sua punição tem medidas de natureza política como no caso de suspensão de direitos políticos; 
Outra discussão de grande relevância revela-se na competência para processar e punir esse agente político. 
Logo após a publicação da lei, independentemente de quem era o sujeito ativo, consolidou-se o entendimento de que a primeira instância era competente para julgar e processar o agente político por ato de improbidade. Posteriormente, com a edição da lei 10.628 (que alterou o CPP), estendeu-se à improbidade administrativa o instituto do foro por prerrogativa, sendo competente o mesmo juízo competente para julgar o crime comum. 
O STF, instado a pronunciar acerca das inovações legislativas, declarou a inconstitucionalidade da referida lei (Lei 10.628) nas ADIs 2860 e 2797. Segundo a Corte Excelsa, não há falar em foro por prerrogativa em ações civis, como o é a ação de improbidade administrativa, devendo os processos retornarem à primeira instância.
Assim, hoje, o juízo competente para processar e julgar ações de improbidade administrativa é o Juízo de 1º grau, ainda que o réu seja detentor de foro por prerrogativa de função.
Veja-se a ordem cronológica da Jurisprudência
Observação: O STF entende que a competência para julgar o ato de improbidade administrativa é conferida aos órgãos de 1º Grau de Jurisdição, salvo em relação aos ministros do próprio STF, cujo julgamento compete à Corte Suprema, diante da possibilidade de perda de cargo político.
Assim, diante esse posição, o STJ estendeu ao Governador de SC o foro por prerrogativa, uma vez que era potencial a perda do cargo político, cuja retirada não deveria ser possível por um juiz de 1º grau, tendo em vista a representatividade do cargo.
Observação: STJ tem posição consolidada com relação ao Presidente da República, sendo que o art. 85, V da CF diz que o presidente estaria fora da lei 8429, já que está expresso que o presidente responde por crime de responsabilidade caso pratique improbidade administrativa do Presidente da República. 
Pessoa Jurídica pratica ato de improbidade administrativa na hipótese do art. 3º, ou seja, quando beneficiária do ato de improbidade.
Herdeiro poderá sim ser processado por crime de improbidade nas sanções patrimoniais e somente até o limite do patrimônio transferido, ou seja, da herança;
Observação: o que fez o agente público é que define o ato de improbidade; sua ação é que define qual tipo de improbidade será;
 
P: Ato de Improbidade: ele precisa ser um ato administrativo ou não? 
R: Falso. Ele pode ser, mas não precisa ser, por exemplo, a isenção de um tributo fora das hipóteses legais.
17 de agosto de 2010
ESPÉCIES DE ATO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA
 
Os atos de improbidade administrativa são divididos em 3 grupos distintos:
Atos de I.A. que importam em enriquecimento ilícito
Atos de I.A. que causa dano ao erário
Atos de I.A. que ofendem a princípio da administração pública
ATOS DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA QUE IMPORTAM ENRIQUECIMENTO ILÍCITO
É o ato de improbidade administrativa mais grave da lei 8.429.
        
Art. 9° Constitui ato de improbidade administrativa importando enriquecimento ilícito auferir qualquer tipo de vantagem patrimonial indevida em razão do exercício de cargo, mandato, função, emprego ou atividade nas entidades mencionadas no art. 1° desta lei, e notadamente:
I - receber, para si ou para outrem, dinheiro, bem móvel ou imóvel, ou qualquer outra vantagem econômica, direta ou indireta, a título de comissão, percentagem, gratificação ou presente de quem tenha interesse, direto ou indireto, que possa ser atingido ou amparado por ação ou omissão decorrente das atribuições do agente público;
II - perceber vantagem econômica, direta ou indireta, para facilitar a aquisição, permuta ou locação de bem móvel ou imóvel, ou a contratação de serviços pelas entidades referidas no art. 1° por preço superior ao valor de mercado;
III - perceber vantagem econômica, direta ou indireta, para facilitar a alienação, permuta ou locação de bem público ou o fornecimento de serviço por ente estatal por preço inferior ao valor de mercado;IV - utilizar, em obra ou serviço particular, veículos, máquinas, equipamentos ou material de qualquer natureza, de propriedade ou à disposição de qualquer das entidades mencionadas no art. 1° desta lei, bem como o trabalho de servidores públicos, empregados ou terceiros contratados por essas entidades;
V - receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta ou indireta, para tolerar a exploração ou a prática de jogos de azar, de lenocínio, de narcotráfico, de contrabando, de usura ou de qualquer outra atividade ilícita, ou aceitar promessa de tal vantagem;
VI - receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta ou indireta, para fazer declaração falsa sobre medição ou avaliação em obras públicas ou qualquer outro serviço, ou sobre quantidade, peso, medida, qualidade ou característica de mercadorias ou bens fornecidos a qualquer das entidades mencionadas no art. 1º desta lei;
VII - adquirir, para si ou para outrem, no exercício de mandato, cargo, emprego ou função pública, bens de qualquer natureza cujo valor seja desproporcional à evolução do patrimônio ou à renda do agente público;
VIII - aceitar emprego, comissão ou exercer atividade de consultoria ou assessoramento para pessoa física ou jurídica que tenha interesse suscetível de ser atingido ou amparado por ação ou omissão decorrente das atribuições do agente público, durante a atividade;
IX - perceber vantagem econômica para intermediar a liberação ou aplicação de verba pública de qualquer natureza;
X - receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta ou indiretamente, para omitir ato de ofício, providência ou declaração a que esteja obrigado;
XI - incorporar, por qualquer forma, ao seu patrimônio bens, rendas, verbas ou valores integrantes do acervo patrimonial das entidades mencionadas no art. 1° desta lei;
XII - usar, em proveito próprio, bens, rendas, verbas ou valores integrantes do acervo patrimonial das entidades mencionadas no art. 1° desta lei.
 Não há uma regra quanto ao valor mínimo do “presente” dado ao administrador, deve ser analisada a conduta do servidor, de modo a amoldar também o elemento subjetivo da conduta (no caso do art. 9º: DOLO).
Para caracterizar I.A do que acarrete enriquecimento ilícito é necessário a verificação do DOLO.
Observação: “EVOLUÇÃO PATRIMONIAL INCOMPATÍVEL” trata-se do exemplo clássico do servidor público que assume determinada função pública e, rápida e injustificadamente, adquiri patrimônio incompatível com sua remuneração mensal. Este fenômeno caracteriza I.A. na modalidade enriquecimento ilícito.
Alguns membros do MP (não é posição majoritária, mas vem ganhando espaço) entendem que esse fato gera a caracterização objetiva do enriquecimento ilícito, ocasionando a inversão do ônus da prova, cabendo ao servidor demonstrar a origem dos bens (ex: herança, doação etc)
A lei 8.112 determina como obrigação ao servidor público, declarar sua evolução patrimonial anualmente, facilitando a demonstração do fenômeno citado.
DOS ATOS DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA QUE CAUSAM PREJUÍZO AO ERÁRIO
É o ato de improbidade administrativa de gravidade intermediária.
        Art. 10. Constitui ato de improbidade administrativa que causa lesão ao erário qualquer ação ou omissão, dolosa ou culposa, que enseje perda patrimonial, desvio, apropriação, malbaratamento ou dilapidação dos bens ou haveres das entidades referidas no art. 1º desta lei, e notadamente:
I - facilitar ou concorrer por qualquer forma para a incorporação ao patrimônio particular, de pessoa física ou jurídica, de bens, rendas, verbas ou valores integrantes do acervo patrimonial das entidades mencionadas no art. 1º desta lei;
II - permitir ou concorrer para que pessoa física ou jurídica privada utilize bens, rendas, verbas ou valores integrantes do acervo patrimonial das entidades mencionadas no art. 1º desta lei, sem a observância das formalidades legais ou regulamentares aplicáveis à espécie;
III - doar à pessoa física ou jurídica bem como ao ente despersonalizado, ainda que de fins educativos ou assistências, bens, rendas, verbas ou valores do patrimônio de qualquer das entidades mencionadas no art. 1º desta lei, sem observância das formalidades legais e regulamentares aplicáveis à espécie;(a doação é disciplinada pelo art. 17 da lei 8.666 que dispõe sobre os limites da doação)
IV - permitir ou facilitar a alienação, permuta ou locação de bem integrante do patrimônio de qualquer das entidades referidas no art. 1º desta lei, ou ainda a prestação de serviço por parte delas, por preço inferior ao de mercado;
V - permitir ou facilitar a aquisição, permuta ou locação de bem ou serviço por preço superior ao de mercado;
VI - realizar operação financeira sem observância das normas legais e regulamentares ou aceitar garantia insuficiente ou inidônea;
VII - conceder benefício administrativo ou fiscal sem a observância das formalidades legais ou regulamentares aplicáveis à espécie;
VIII - frustrar a licitude de processo licitatório ou dispensá-lo indevidamente;
IX - ordenar ou permitir a realização de despesas não autorizadas em lei ou regulamento;
X - agir negligentemente na arrecadação de tributo ou renda, bem como no que diz respeito à conservação do patrimônio público;
XI - liberar verba pública sem a estrita observância das normas pertinentes ou influir de qualquer forma para a sua aplicação irregular;
XII - permitir, facilitar ou concorrer para que terceiro se enriqueça ilicitamente;
XIII - permitir que se utilize, em obra ou serviço particular, veículos, máquinas, equipamentos ou material de qualquer natureza, de propriedade ou à disposição de qualquer das entidades mencionadas no art. 1° desta lei, bem como o trabalho de servidor público, empregados ou terceiros contratados por essas entidades.
XIV – celebrar contrato ou outro instrumento que tenha por objeto a prestação de serviços públicos por meio da gestão associada sem observar as formalidades previstas na lei; (Incluído pela Lei nº 11.107, de 2005)
XV – celebrar contrato de rateio de consórcio público sem suficiente e prévia dotação orçamentária, ou sem observar as formalidades previstas na lei. (Incluído pela Lei nº 11.107, de 2005)
Deve ser ressaltado que a definição da modalidade de improbidade administrativa baseia-se na conduta do agente. Se a conduta do agente acarretar o enriquecimento ilícito, configura-se a tipificação do art. 9º, ao passo que a conduta que gera prejuízo aos cofres públicos, tipifica o art. 10.
Por “dano ao patrimônio público” deve-se ser consideração a acepção mais ampla da palavra PATRIMONIO, englobando não somente “cofre público” como sinônimo de “dinheiro”.
O termo patrimônio publico deve ser entendido em sua acepção ampla, não abarcando somente o sentido econômico, mas também PATRIMONIO CULTURAL, HISTÓRICO, ARTISTICO e MORAL (este último é discutível).
“Promoção Pessoal” (art. 37, §1º): a caracterização de promoção pessoal caracteriza improbidade administrativa, podendo ser na modalidade dano ao erário caso o servidor valha-se de equipamentos e dinheiro público. Em hipótese diversa, se o servidor utiliza bens e valores exclusivamente particulares, resta caracteriza o art. 11 (ato que atenta contra princípios da Administração Pública).
Na ocorrência de ato em que o fato se subsume em mais de um dispositivo, deve-se utilizar a modalidade mais gravosa de improbidade administrativa.
DOS ATOS DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA QUE ATENTAM CONTRA OS PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa que atenta contra os princípios da administração pública qualquer ação ou omissão que viole os deveres de honestidade, imparcialidade, legalidade, e lealdade às instituições, e notadamente:
I - praticar ato visando fim proibido em lei ou regulamento ou diverso daquele previsto, na regra de competência;
II - retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício;
III - revelar fato ou circunstância de que tem ciência em razão das atribuições e que deva permanecer em segredo;IV - negar publicidade aos atos oficiais;
V - frustrar a licitude de concurso público;
VI - deixar de prestar contas quando esteja obrigado a fazê-lo;
VII - revelar ou permitir que chegue ao conhecimento de terceiro, antes da respectiva divulgação oficial, teor de medida política ou econômica capaz de afetar o preço de mercadoria, bem ou serviço.
O servidor público quando do exercício da função possui sigilo funcional, sendo vedada a divulgação de informações privilegiadas que o agente possui em razão do cargo. Comumente quando há fraude o sigilo funcional, há também o enriquecimento ilícito, caracterizando ato da modalidade do art. 9.
Entretanto, caso não tenha como ser demonstrado o enriquecimento ilícito ou dano ao erário, caracterizar-se-á ato da modalidade do art. 11.
P: Serventias notariais podem cometer atos de improbidade administrativa?
R: O CNJ (há 1 mês – junho de 2010) determinou que os tribunais de justiça realizassem concurso público para serventias no prazo de 6 meses. Ocorre que, segundo os boatos, o CNJ não tem instrumentos de punição caso os Tribunais não realizem o concurso dentro do prazo.
O CNJ determinou a estatização das serventias vagas ou precariamente em funcionamento, pertencendo a serventia ao respectivo TJ. Em função disso, torna-se aplicável o teto do funcionalismo público às serventias notarias.
Isso acarretará muitos MS no STF, sendo necessário o acompanhamento das jurisprudências.
P: Se o ato não estiver na lista do art. 9, mas gerar enriquecimento ilícito poderá ser punido? O rol é exemplificativo ou taxativo? R: O rol é exemplificativo.
P: se uma mesma conduta gera violação a princípio, dano ao erário, e enriquecimento ilícito, qual artigo aplicar? R: Aplica-se o artigo com sanção mais grave.
P: Administrador com contas aprovadas pelo Tribunal de Contas poderá ser processado por improbidade? R: Sim, o ato de improbidade independe do controle/decisão do TC, pois esse controla os atos por amostragem, não analisando minuciosamente as contas do administrador.
P: Administrador decide construir sua casa com as máquinas da prefeitura, utilizava elas nos dias de folga e pagando todas as despesas, não havendo dano efetivo. Houve ato de improbidade? R: Sim, pois o ato de improbidade independe de dano efetivo (art. 21).
  Art. 21. A aplicação das sanções previstas nesta lei independe:
        I - da efetiva ocorrência de dano ao patrimônio público;
        I - da efetiva ocorrência de dano ao patrimônio público, salvo quanto à pena de ressarcimento; (Redação dada pela Lei nº 12.120, de 2009).
        II - da aprovação ou rejeição das contas pelo órgão de controle interno ou pelo Tribunal ou Conselho de Contas.
Atenção: a lei 12.120 adicionou uma exceção ao inciso I, sendo então necessária a verificação do dano para obrigar o agente a realizar o ressarcimento.
P: e os pequenos presentes? R: Isso dependerá da razoabilidade, geralmente os pequenos presentes não são considerados como atos de improbidade.
ELEMENTO SUBJETIVO DO ATO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA
Em análise aos artigos 9 a 11 da lei 8.429, verifica-se que somente o art. 10 é expresso em admitir DOLO e CULPA para punição do ato de improbidade administrativa.
Dessa forma, a jurisprudência e a doutrina afirmam que, em razão da omissão do legislador, as modalidades de ato administrativa do art. 9 e 11 são punidas somente quando evidenciado o elemento subjetivo DOLO.
P: Qual o elemento subjetivo para os atos de improbidade? Dolo ou culpa? R: No caso da art. 10 a lei é expressa, podendo ser dolo ou culpa. Nos art. 9 e 11 o elemento deve ser o dolo, segundo a doutrina. 
Cuidado! O art. 11 recebe críticas, pois a violação a princípios da Administração pública muitas vezes ocorre de forma culposa, assim essa conduta não será punível. Assim, o MP conclui que o art. 11 não serve para quase nada.
SANÇÕES DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA
Disciplinada pelo art. 12 da lei 8.429/92.
   Art. 12.  Independentemente das sanções penais, civis e administrativas previstas na legislação específica, está o responsável pelo ato de improbidade sujeito às seguintes cominações, que podem ser aplicadas isolada ou cumulativamente, de acordo com a gravidade do fato: (Redação dada pela Lei nº 12.120, de 2009).
        I - na hipótese do art. 9°, perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio, ressarcimento integral do dano, quando houver, perda da função pública, suspensão dos direitos políticos de oito a dez anos, pagamento de multa civil de até três vezes o valor do acréscimo patrimonial e proibição de contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de dez anos;
        II - na hipótese do art. 10, ressarcimento integral do dano, perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio, se concorrer esta circunstância, perda da função pública, suspensão dos direitos políticos de cinco a oito anos, pagamento de multa civil de até duas vezes o valor do dano e proibição de contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de cinco anos;
        III - na hipótese do art. 11, ressarcimento integral do dano, se houver, perda da função pública, suspensão dos direitos políticos de três a cinco anos, pagamento de multa civil de até cem vezes o valor da remuneração percebida pelo agente e proibição de contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de três anos.
        Parágrafo único. Na fixação das penas previstas nesta lei o juiz levará em conta a extensão do dano causado, assim como o proveito patrimonial obtido pelo agente.
No momento da aferição do ato, pode o juiz aplicar ISOLADA ou CUMULATIVAMENTE as penalidades.
Art. 12.  Independentemente das sanções penais, civis e administrativas previstas na legislação específica, está o responsável pelo ato de improbidade sujeito às seguintes cominações, que podem ser aplicadas isolada ou cumulativamente, de acordo com a gravidade do fato: (Redação dada pela Lei nº 12.120, de 2009).
“Pena em bloco”: para o MP, caso reconhecida determinada modalidade de improbidade administrativa, deveriam ser aplicadas todas as penas constantes do respectivo inciso do art. 21. O juiz não pode misturar as penas, mas deverá aplicar todas do respectivo inciso.
	Sanções aos atos de improbidade
	Ato que importem enriquecimento ilícito (art. 9)
	Atos que importem em dano ao erário (art. 10)
	Atos que importem violação de princípios da Administração pública (art. 11)
	A) Perda de bens e valores acrescidos indevidamente.
	A) Perda de bens e valores acrescidos indevidamente.
Obs: Como é a conduta do agente que determina qual a modalidade do A.I., terceiros podem ter se enriquecidos ilicitamente, a despeito do ato ser de dano ao erário.
	Não há
	B) Perda da função pública
Obs: a perda de função depende de sentença transitada em julgada.
	B) Perda da função pública
Obs: a perda de função depende de sentença transitada em julgada.
	B) Perda da função pública
Obs: a perda de função depende de sentença transitada em julgada.
	C) Ressarcimento integral do dano, quando houver.
	C) Ressarcimento integral do dano, quando houver.
	C) Ressarcimento integral do dano, quando houver.
	D) Suspensão de direitos políticos – 8 a 10 anos.
Obs: a suspensão de direitos políticos depende de sentença transitada em julgado.
	D) Suspensão de direitos políticos – 5 a 8 anos.
Obs: a suspensão de direitos políticos depende de sentença transitada em julgado.
	D) Suspensão de direitos políticos – 3 a 5 anos.
Obs: a suspensão de direitos políticos depende de sentença transitadaem julgado.
	E) Multa civil – até 3x o valor do acrescido
	E) Multa civil – até 2x o valor do acrescido
	E) Multa civil – até 100x o valor da remuneração do agente.
	F) Proibição de contratar com o Poder Público e de receber benefício/incentivos fiscais – 10 anos
Obs: a proibição é de 10 anos, e não até 10 anos, impossibilitando que o juiz determine prazo inferior.
	F) Proibição de contratar com o Poder Público e de receber benefício/incentivos fiscais – 5 anos
Obs: a proibição é de 5 anos, e não até 5 anos, impossibilitando que o juiz determine prazo inferior.
	F) Proibição de contratar com o Poder Público e de receber benefício/incentivos fiscais – 3 anos
Obs: a proibição é de 3 anos, e não até 3 anos, impossibilitando que o juiz determine prazo inferior.
P: Servidor Público praticou ato de improbidade administrativa e estava sendo processado administrativamente (PAD). Poderá ser aplicada pena de perda de função?
R: A pena de perda de função decorrente da prática de ato de improbidade administrativa deve ser aplicada pelo juiz em ação de improbidade administrativa (decisão judicial). A perda de função em decorrência do PAD deve ser prevista no estatuto próprio do servidor, que elencará as condutas vedadas e as sanções respectivas.
Em outras palavras, a decisão do PAD não pode aplicar as penalidades da Lei 8429, tendo em vista serem sanções a serem aplicadas judicialmente. Não se deve confundir a instância civil (ação de improbidade administrativa) com a instância administrativa (PAD), sendo possível a concomitância das tramitações.
AÇÃO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA
LEGITIMIDADE DE PARTE
É majoritário o entendimento de que a natureza da AIA é de Ação Civil Pública especial. Entretanto, os legitimados ativos para ingressar com a AIA não constam da Lei da Ação Civil Públicas, mas da lei 8.429 (art. 1).
Assim, é parte legítima para ingressar com AIA as pessoas elencadas no art. 1, consideradas sujeito passivo do ato de improbidade administrativa.
Atenção: Quando o servidor ímprobo ainda se encontra em exercício (Prefeito que pratica improbidade administrativa), logicamente, ele não ingressara com a AIA, cabendo ao MP essa função.
Atenção: Quando MP ingressa com a ação, a pessoa jurídica lesada deve ser chamada a participar, podendo ocorrer algumas situações:
Permanecer silente: quando o administrador ímprobo for o representante legal da pessoa jurídica lesada (ex: prefeito)
Auxiliar o MP: quando o administrador ímprobo já foi sucedido.
Quando a pessoa jurídica lesada ingressa com a AIA, deve haver a intimação do MP para atuar como “custus legis”.
COMPETÊNCIA PARA JULGAMENTO
A competência para processar e julgar a AIA é do primeiro grau de jurisdição, apesar do julgamento da corte especial do STJ no fim de 2009, em relação ao governador de SC.
TRANSAÇÃO NA AIA
Por expressa disposição legal é vedada qualquer transação em AIA.
Art. 17. A ação principal, que terá o rito ordinário, será proposta pelo Ministério Público ou pela pessoa jurídica interessada, dentro de trinta dias da efetivação da medida cautelar.
§ 1º É vedada a transação, acordo ou conciliação nas ações de que trata o caput.
DESTINAÇÃO DOS VALORES ARRECADADOS
A destinação dos valores da AIA é diverso da Ação Civil Pública. Segundo a LACP, deve ser constituído um fundo.
Na AIA, o valor arrecadado em decorrência das ações de ressarcimento, é devolvido à pessoa jurídica lesada.
PRESCRIÇÃO NA AÇÃO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA
Da Prescrição
Art. 23. As ações destinadas a levar a efeitos as sanções previstas nesta lei podem ser propostas:
I - até cinco anos após o término do exercício de mandato, de cargo em comissão ou de função de confiança;
II - dentro do prazo prescricional previsto em lei específica para faltas disciplinares puníveis com demissão a bem do serviço público, nos casos de exercício de cargo efetivo ou emprego.
O prazo de prescrição para pretensão de ressarcimento ao erário é imprescritível, conforme art. 37, §5, CF.
Art. 37, § 5º - A lei estabelecerá os prazos de prescrição para ilícitos praticados por qualquer agente, servidor ou não, que causem prejuízos ao erário, ressalvadas as respectivas ações de ressarcimento.
	
CAUTELAR EM AÇÃO DE IMPROBIDADE ADMINISTIVA
A lei 8429 traz medidas cautelares para a improbidade, dentre elas o afastamento. São possíveis as cautelares de: 
Afastamento do servidor, esse será sem prejuízo da remuneração e deverá ser imprescindível a instrução processual enquanto necessário no processo. 
Indisponibilidade de bens. 
Investigação das contas bancárias, bloqueio de contas inclusive internacionais. A investigação de contas bancárias pode ser tanto no Brasil como no exterior. 
Seqüestro de bens, se necessário. Muitos autores falam que o correto seria medida de arresto.
ANÁLISE DA LEGISLAÇÃO
CAPÍTULO V
Do Procedimento Administrativo e do Processo Judicial
        
Art. 14. Qualquer pessoa poderá representar à autoridade administrativa competente para que seja instaurada investigação destinada a apurar a prática de ato de improbidade.
§ 1º A representação, que será escrita ou reduzida a termo e assinada, conterá a qualificação do representante, as informações sobre o fato e sua autoria e a indicação das provas de que tenha conhecimento.
§ 2º A autoridade administrativa rejeitará a representação, em despacho fundamentado, se esta não contiver as formalidades estabelecidas no § 1º deste artigo. A rejeição não impede a representação ao Ministério Público, nos termos do art. 22 desta lei.
§ 3º Atendidos os requisitos da representação, a autoridade determinará a imediata apuração dos fatos que, em se tratando de servidores federais, será processada na forma prevista nos arts. 148 a 182 da Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990 e, em se tratando de servidor militar, de acordo com os respectivos regulamentos disciplinares.
Art. 15. A comissão processante dará conhecimento ao Ministério Público e ao Tribunal ou Conselho de Contas da existência de procedimento administrativo para apurar a prática de ato de improbidade.
Parágrafo único. O Ministério Público ou Tribunal ou Conselho de Contas poderá, a requerimento, designar representante para acompanhar o procedimento administrativo.
Art. 16. Havendo fundados indícios de responsabilidade, a comissão representará ao Ministério Público ou à procuradoria do órgão para que requeira ao juízo competente a decretação do seqüestro dos bens do agente ou terceiro que tenha enriquecido ilicitamente ou causado dano ao patrimônio público.
§ 1º O pedido de seqüestro será processado de acordo com o disposto nos arts. 822 e 825 do Código de Processo Civil.(AÇÃO CAUTELAR DE SEQUESTRO)
§ 2° Quando for o caso, o pedido incluirá a investigação, o exame e o bloqueio de bens, contas bancárias e aplicações financeiras mantidas pelo indiciado no exterior, nos termos da lei e dos tratados internacionais.
Art. 17. A ação principal, que terá o rito ordinário, será proposta pelo Ministério Público ou pela pessoa jurídica interessada, dentro de trinta dias da efetivação da medida cautelar.
§ 1º É vedada a transação, acordo ou conciliação nas ações de que trata o caput.
§ 2º A Fazenda Pública, quando for o caso, promoverá as ações necessárias à complementação do ressarcimento do patrimônio público.
§ 3o  No caso de a ação principal ter sido proposta pelo Ministério Público, aplica-se, no que couber, o disposto no § 3o do art. 6o da Lei no 4.717, de 29 de junho de 1965. (Redação dada pela Lei nº 9.366, de 1996)
§ 4º O Ministério Público, se não intervir no processo como parte, atuará obrigatoriamente, como fiscal da lei, sob pena de nulidade.
§ 5o  A propositura da ação prevenirá a jurisdição do juízo para todas as ações posteriormente intentadas que possuam a mesma causa de pedir ou o mesmo objeto. (Incluído pela Medida provisória nº 2.180-35, de 2001)
§ 6o  A ação será instruída com documentos ou justificação que contenham indícios suficientes da existência do ato de improbidadeou com razões fundamentadas da impossibilidade de apresentação de qualquer dessas provas, observada a legislação vigente, inclusive as disposições inscritas nos arts. 16 a 18 do Código de Processo Civil. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.225-45, de 2001)
§ 7o  Estando a inicial em devida forma, o juiz mandará autuá-la e ordenará a notificação do requerido, para oferecer manifestação por escrito, que poderá ser instruída com documentos e justificações, dentro do prazo de quinze dias. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.225-45, de 2001)
§ 8o  Recebida a manifestação, o juiz, no prazo de trinta dias, em decisão fundamentada, rejeitará a ação, se convencido da inexistência do ato de improbidade, da improcedência da ação ou da inadequação da via eleita. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.225-45, de 2001)
§ 9o  Recebida a petição inicial, será o réu citado para apresentar contestação. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.225-45, de 2001)
§ 10.  Da decisão que receber a petição inicial, caberá agravo de instrumento. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.225-45, de 2001)
§ 11.  Em qualquer fase do processo, reconhecida a inadequação da ação de improbidade, o juiz extinguirá o processo sem julgamento do mérito. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.225-45, de 2001)
§ 12.  Aplica-se aos depoimentos ou inquirições realizadas nos processos regidos por esta Lei o disposto no art. 221, caput e § 1o, do Código de Processo Penal. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.225-45, de 2001)
Art. 18. A sentença que julgar procedente ação civil de reparação de dano ou decretar a perda dos bens havidos ilicitamente determinará o pagamento ou a reversão dos bens, conforme o caso, em favor da pessoa jurídica prejudicada pelo ilícito.

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