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3 - INTERVENÇÃO DO ESTADO NA PROPRIEDADE

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14 de setembro de 2010
INTERVENÇÃO DO ESTADO NA PROPRIEDADE
DISPOSIÇÕES GERAIS
A regra é que o Estado não irá intervir na propriedade do particular, sendo em caráter excepcional e fundamentado.
DIREITO DE PROPRIEDADE: É um direito real que garante ao titular a possibilidade de uso, gozo, usufruir, disposição e de rever o bem de quem é que esteja. Este direito é exercido de forma absoluta, exclusivo e perpétuo.
Caráter absoluto: liberdade em utilizar o bem, sendo que a intervenção pode restringir esta liberdade.
Caráter exclusivo: uso exclusivo sobre o bem, podendo o Estado intervir, como por exemplo passar fios de energia elétrica, saneamento básico.
Caráter Perpétuo: A coisa é do proprietário enquanto mantiver a vontade do agente. Mas o Estado também pode retirar de forma compulsória o bem do particular.
Será verificado que os institutos da intervenção do Estado na propriedade privada ataca essas 3 características do direito de propriedade.
O direito de propriedade é consagrado em 2 dispositivos da CF:
Art. 5º, XXII - é garantido o direito de propriedade;
Art. 5º, XXIII - a propriedade atenderá a sua função social;
PODER DE POLÍCIA: Limitar, frenar e regulamentar a liberdade e propriedade dos indivíduos em nome do interesse público. 
Para alguns autores, como Celso Antônio e Maria Silvia, o PODER DE POLÍCIA serve como fundamento para intervenção na propriedade (exceto desapropriação – no poder de polícia o Estado somente restringe e limita o exercício de um direito, mas não retira o direito, de forma que a desapropriação não insere como situação do exercício do poder de polícia). O Poder de Polícia pode instituir, em sentido amplo, uma obrigação de fazer, não fazer ou tolerar sobre a propriedade. 
Na doutrina tradicional, comandada por HELY LOPES entende que PODER DE POLÍCIA serve apenas como fundamento da intervenção na propriedade no tocante a limitação administrativa.
DOMÍNIO PÚBLICO (segundo Rafael Maffini)
O DOMÍNIO PÚBLICO divide-se em domínio patrimonial do Estado, que compreende os bens públicos, e domínio eminente (intervenção estatal na propriedade alheia).
Observação.: a expressão “domínio eminente” surgiu do que se denomina fundamento histórico das intervenções estatais na propriedade alheia. O argumento é de que toda e qualquer propriedade que hoje não é do Estado, um dia foi (argumento que não se sustenta mais).
FUNDAMENTO, SITUAÇÕES DA INTERVENÇÃO NA PROPRIEDADE
1º FUNDAMENTO: SUPREMACIA DO INTERESSE PÚBLICO 
2º FUNDAMENTO: PRÁTICA DE UMA ILEGALIDADE. 
A intervenção pode vir como uma pena e sanção. 
Ex: plantação de droga em propriedade: confisco da propriedade. 
Ex: violação a função social da propriedade urbana ou rural: desapropriação em títulos da dívida pública.
Na maioria das hipóteses de intervenção do Estado na Propriedade o Poder Público não transfere a propriedade privada para si, apenas limitando o exercício deste direito (atua nas 3 características do direito de propriedade), sem retirá-lo.
A desapropriação, modalidade em que o particular é excluído de seu direito de propriedade, é exceção do sistema.
Observa-se que, das modalidades de intervenção, a desapropriação tem um procedimento mais amplo e dificultoso (com mais ônus). Em razão disso, em diversas oportunidades, o Poder Público, por “comodidade”, realizou outra espécie de intervenção, buscando a retirada de fato do particular de sua propriedade. Assim, considerando que se trata de fato de uma Desapropriação, mas sem os tramites legais, a doutrina denomina de DESAPROPRIAÇÃO INDIRETA.
Para Rafael Maffini, os fundamentos da intervenção do Estado na propriedade pode ser dividido em:
Imediato: Soberania estatal, prerrogativas previstas na ordem jurídica.
Mediato: Resulta da confluência de dois Princípios, quais sejam: interesse público e função social da propriedade.
Intervenção do Estado na propriedade
Propriedade
ESPÉCIES DE INTERVENÇÃO NA PROPRIEDADE
INTERVENÇÃO RESTRITIVA/LIMITATIVA
Situações em que há restrição da propriedade, mas não há perda dela:
LIMITAÇÃO ADMINISTRATIVA
Dica: T R O L SSERVIDÃO ADMINISTRATIVA
REQUISIÇÃO
OCUPAÇÃO TEMPORÁRIA
TOMBAMENTO
INTERVENÇÃO EXTINTIVA
Situação em que o proprietário perde sua propriedade. Única hipótese de INTERVENÇÃO EXTINTIVA É A DESAPROPRIAÇÃO.
Caso o poder público camulflar uma desapropriação, denominando de outra figura interventiva restritiva como o tombamento (fingimento), ocorrendo na realidade uma limitação total do direito de propriedade, trata-se de uma DESAPROPRIAÇÃO INDIRETA.
DESAPROPRIAÇÃO
LIMITAÇÃO ADMINISTRATIVA
A limitação administrativa tem por fundamento o exercício de Poder de Polícia, em busca do bem estar social.
Ex: Limitação de andares dos prédios, em edifícios localizados próximos à orla marítima.
Carcaterísticas:
Representa a definição de normas gerais/abstratas (não interessa o dono do imóvel, atingindo a norma proprietários indeterminados). 
Atinge proprietários indeterminados.
A limitação administrativa atinge o Caráter Absoluto da propriedade (a liberdade de uso do bem)
Não há direito de indenização. Minoria doutrinária que é possível direito de indenização quando houver redução significativa do valor do bem imóvel.
CF, Art. 5º, XXV - no caso de iminente perigo público, a autoridade competente poderá usar de propriedade particular, assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver dano; (Para a maioria, a CF, neste inciso, dispõe sobre a servidão administrativa e não requisição administrativa).
Para a limitação administrativa a justificativa será a supremacia do interesse público.
Poder Judiciário, em regra, não pode controlar limitação administrativa, tendo em vista tratar-se de uma conveniência e oportunidade da Administração Pública. Entretanto no que tange a legalidade (lei + princípios constitucionais), é possível a atuação do Judiciário.
Para Marinela, a limitação administrativa é semelhante às limitações civis atinentes ao direito de vizinhança. A diferença reside no interesse tutelado nessas normas, sendo que a limitação administrativa tutela o interesse público, ao passo que o direito de vizinhança busca a tutela de interesses particulares.
Atenção: A lista presente no livro de Maria Sylvia tida como limitação administrativa é criticada por outros doutrinadores, que consideram alguns exemplos trazidos pela autora como hipótese de servidão administrativa.
SERVIDÃO ADMINISTRATIVA
Conceito: Consiste em ônus real de uso imposto pela Administração à propriedade particular para assegurar a realização e conservação de obras e serviços públicos ou de utilidade pública.
A Servidão Administrativa, regulamentada pelo artigo 40, DL 3365/41 (Lei Geral das Desapropriações), é forma de intervenção na propriedade que serve para prestação de serviço público, possui natureza de direito real, aplicando-se as características dos direitos reais a servidão administrativa. Este direito real atinge a coisa alheia. 
DL 3365, Art. 40.  O expropriante poderá constituir servidões, mediante indenização na forma desta lei.
Caso venha o poder público a adquirir o bem, deixando o bem de ser coisa alheia, desaparecerá a servidão.
Considerando que a servidão tem natureza real, conseqüentemente terá caráter perpétuo (ex: cabos de alta tensão que passam sobre a propriedade privada ao longo da estrada subsistiram ainda que alienada a propriedade particular, em nada interferindo na servidão administrativa). Mas essa perpetuidade não é absoluta, ou seja, é perpétuo enquanto existir o interesse público.
Têm como razão, fundamento supremacia do interesse público, com finalidade especialmente ligada à prestação de serviços públicos. Ex: instalação de postos de energia pública, passagem de tubulação de saneamento básico, orelhão etc.
A servidão administrativa será indenizável no limite do prejuízo que causar. Caso não advenha qualquer prejuízo econômico da servidão administrativa, não há falar-se em indenização. No caso de ser necessáriaindenização por ter havido prejuízo em virtude da servidão administrativa, o valor da indenização terá por base parte do valor da propriedade, vez que diante de servidão administrativa não há inutilização de toda propriedade.
Observação: O processamento da desapropriação é aproveitável na servidão administrativa.
No direito civil, o instituto da servidão civil é intimamente ligada a relação de dominação, ou seja, quando, entre dois imóveis, um imóvel dominante utiliza o imóvel serviente. No caso do Direito Administrativo, especificamente na servidão administrativa não há um bem dominante pelo outro, mas sim um serviço público em face do bem, sendo que o dominante é o serviço. 
Ex: Em direito civil o exemplo clássico é o imóvel encravado, sem possibilidade de saída, podendo valer-se da propriedade alheia para realizar a passagem forçada. Verifica-se que a servidão civil há uma relação de dominação de um bem sobre outro bem.
Titularidade da servidão administrativa: Hoje, pode ser titular também os delegados (concessão/permissão de serviço público a particular) em razão de lei específica ou contrato.
Características:
Representa normas concretas, buscando uma finalidade específica (prestar determinado serviço público);
Atinge proprietários determinados;
Atinge o caráter exclusivo da propriedade, tendo em vista que o Estado estará utilizando o bem juntamente com o particular;
Pode atingir bens privados bem como bens públicos (independentemente do ente federativo titular do bem).
A não utilização do bem não extingue a servidão. O decurso do tempo não gera a extinção da servidão.
Por ser direito real é necessário o registro do CRI, salvo se constituído por lei.
Formas de Constituição da Servidão Administrativa:
CONSTITUIÇÃO POR LEI: É possível que uma servidão seja constituída em razão de lei. No caso de ser constituída por lei, segundo a doutrina majoritária, não é necessário o registro.
Para a doutrina, o registro é necessário a conferir publicidade ao direito real, resguardando direitos de terceiro de boa-fé, sendo que como a lei já denota tal publicidade, de forma até mais ampla que o registro, conclui-se que a servidão constituída legalmente dispensa o registro. Assim, observa-se que a lei autoriza e constitui automática e simultaneamente a servidão administrativa.
CONSTITUIÇÃO POR ACORDO ENTRE AS PARTES: Neste caso é imprescindível o registro.
DETERMINAÇÃO JUDICIAL: É necessário também o registro.
No caso de alienação do imóvel, deve-se dar preferência ao ente que é titular da servidão. Caso ocorra a alienação a terceiro, a servidão irá acompanhar o bem independente do titular.
Direito de Indenização:
A servidão por si só não gera o direito de indenizar. Caso não haja nenhum prejuízo, não há dever de indenizar. Ocorrendo dano efetivo, terá o direito de indenização. 
Caso haja a retirada do direito de propriedade, há na verdade desapropriação (modalidade indireta).
P: Servidão para instalação de torres de alta tensão gera direito de indenização?
R: Segundo a jurisprudência, considerando que as torres de alta tensão impedem a utilização do direito de propriedade ao redor da instalação, resta configurada a desapropriação indireta, sendo devido o direito de indenização.
SERVIDÃO ADMINISTRATIVA X LIMITAÇÃO ADMINISTRATIVA
REQUISIÇÃO ADMINISTRATIVA
Previsão Legal: Art. 5º, XXV, CF
Art.5º,XXV - no caso de iminente perigo público, a autoridade competente poderá usar de propriedade particular, assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver dano;
A Requisição Administrativa pode ocorrer tanto em tempo de Guerra, quanto em tempo de Paz.
Tempo máximo da requisição: a regra é de que a intervenção deve permanecer enquanto manter o perigo, sendo a requisição temporária. Cessada o perigo, deve haver a devolução do bem.
Características:
A doutrina entende que a requisição atinge o caráter exclusivo da propriedade.
A requisição per si só não gera direito de indenização, devendo haver dano para que haja o direito de indenização. 
Caso haja indenização, esta será ULTERIOR e SE HOUVER DANO EFETIVO.
Observação: Administrador requisitou camisas de uma fábrica e frangos para os desabrigados. 
Quando se tratar de bem móvel e fungível, podendo haver a devolução na mesma quantidade e qualidade, o fenômeno é requisição. Mas se tratar de bens móveis e infungíveis, não podendo ser devolvida em qualidade e quantidade, deve haver a desapropriação.
LIMITAÇÃO ADMINISTRATIVA x SERVIDÃO ADMINISTRATIVA x REQUISIÇÃO
OCUPAÇÃO TEMPORÁRIA
A ocupação temporária serve à utilização temporária.
As hipóteses mais comuns de ocupação temporária são:
Imóvel não edificado vizinho a obra pública com fim de guardar materiais (art.36, decreto.lei 3365/41).
Pesquisa de minério e arqueológica.
DL 3365, Art. 36.  É permitida a ocupação temporária, que será indenizada, afinal, por ação própria, de terrenos não edificados, vizinhos às obras e necessários à sua realização.
        
O expropriante prestará caução, quando exigida.
É possível a indenização, desde que comprovado o dano efetivo.
DIVERGÊNCIA DOUTRINÁRIA: Para Maria Sylvia, quando um contrato administrativo não for adimplido integralmente (previsão na lei 8.987 e lei 8.666), pode o ESTADO rescindir o contrato e retomar o serviço, podendo utilizar e ocupar os bens da contratada de forma temporária para realização do serviço (Princípio da continuidade do serviço). Para Maria Sylvia se trata de exímio exemplo de ocupação temporária, mas a maioria da doutrina não adota esse entendimento, sob o argumento de que a retomada do serviço tem natureza contratual.
Características da Ocupação temporária:
Atinge o caráter exclusivo da propriedade;
É uma hipótese de inversão temporária na propriedade;
Provado dano efetivo, haverá indenização;
TOMBAMENTO 
Trata-se de uma intervenção na propriedade que visa registrar, manter e conservar a identidade de um povo.
A previsão do tombamento encontra-se no artigo 216, parágrafo 1º, CF, sendo que sua regulamentação se dá pelo DL 25/37.
Art. 216. Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem:
I - as formas de expressão;
II - os modos de criar, fazer e viver;
III - as criações científicas, artísticas e tecnológicas;
IV - as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às manifestações artístico-culturais;
V - os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico.
§ 1º - O Poder Público, com a colaboração da comunidade, promoverá e protegerá o patrimônio cultural brasileiro, por meio de inventários, registros, vigilância, tombamento e desapropriação, e de outras formas de acautelamento e preservação.
Tombamento é um processo administrativo que leva à imposição de obrigações de conservação, devidamente inscritas na matrícula do imóvel ou de outro registro competente, por razões históricas, culturais, artísticas etc.
O tombamento, em regra, impõe obrigações de não fazer (a conservação do bem se dá através de um não fazer). Quando o tombamento manifestar-se por intermédio de obrigação de não fazer, não há falar-se em indenização, a menos que haja projeto de construção já registrado (ou seja, terá que ser demolido).
No entanto, o ato de tombamento poderá estabelecer obrigações de conservação consistentes em obrigação de fazer (o ato de tombamento determina que o proprietário pinte a fachada de tempo em tempo, por exemplo). Nesse caso (excepcional) o ônus econômico deve ser suportado pelo Poder Público.
É possível que o Estado confira vantagens ao bem tombado (isenção de IPTU, por exemplo).
Finalidade do tombamento: resguardar o patrimônio paisagístico, histórico, cultural, arqueológicas, artístico.
O Tombamento é uma restrição parcialdo imóvel, em que o titular poderá ainda utilizar o imóvel. Caso o Estado imponha restrições que impeçam o exercício da propriedade, trata-se na verdade de uma desapropriação indireta (tombamento falso).
Alguns autores (doutrina minoritária) entendem que a ordem aplicada a desapropriação de bens públicos seriam aplicáveis ao tombamento (UNIÃOESTADOS/ESTADOSMUNICÍPIOS). Contudo, prevalece na doutrina que o tombamento sobre bens públicos pode ocorrer por qualquer entidade política, desde que haja interesse (MUNICÍPIOUNIÃO), não precisando de respeitar essa ordem.
DL 3365, Art. 2o  Mediante declaração de utilidade pública, todos os bens poderão ser desapropriados pela União, pelos Estados, Municípios, Distrito Federal e Territórios.
§ 2o  Os bens do domínio dos Estados, Municípios, Distrito Federal e Territórios poderão ser desapropriados pela União, e os dos Municípios pelos Estados, mas, em qualquer caso, ao ato deverá preceder autorização legislativa.
Características do Tombamento:
O tombamento pode ocorrer face a bem privado ou público;
Atinge o caráter absoluto da propriedade;
A limitação da propriedade é perpétua, ou seja, enquanto o bem existir;
O tombamento pode ter como objeto bens móveis e imóveis;
O tombamento, por si só, não gera indenização (atenção: se houver uma obrigação de fazer, então poderá haver o respectivo ressarcimento).
Competência Legislativa do Tombamento:
Segundo art. art.24, inciso VII da CF, a competência para legislar sobre o tombamento é concorrente.
Competência Material do Tombamento:
Trata-se de Competência comum em que todas as pessoa políticas tem competência (art. 23, CF). Se o interesse é:
Local: Municipal
Regional: Estadual
Nacional: União
Obrigações inerentes ao Tombamento:
Conservação do bem: Proibindo-se a danificação do imóvel, de modo que, para a reforma e conserto do bem, é necessária a prévia comunicação e autorização do poder público.
Observação: o instituto que cuida do patrimônio tombado no âmbito federal é o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN , a ele deve ser dirigido o requerimento de autorização para reforma. 
Observação: A falta de renda pelo titular não desobriga de conservação, devendo comunicar o poder público sobre isso.
É possível a alienação. Contudo a alienação onerosa gera direito de preferência ao ente que tombou. No caso de se tratar de bem público, é inalienável. 
Não pode ser exportado. Cabendo até a possibilidade de seqüestro do bem. Contudo, para participação de um evento ou exposição, o bem pode ser retirado do país por um curto espaço de tempo.
Não pode instalar placas, cartazes que prejudiquem sua visibilidade.
Deve suportar a fiscalização.
Formas de Tombamento:
De acordo com a forma de constituição:
Tombamento Voluntário: A o pedido do titular do bem, como também houve a anuência do titular durante o procedimento de tombamento.
Tombamento de Ofício ou Obrigatório: Mesmo que haja a recusa do titular, haverá o tombamento (queira ou não se fudeu).
De acordo com a eficácia:
Tombamento Provisório: Durante o transcurso do processo de tombamento. 
Tombamento Definitivo: Após decisão final.
De acordo com os destinatários:
Tombamento Geral: pode atingir um bairro, cidade.
Tombamento Individual: Atinge determinado bem.
Procedimento Administrativo: regulado pelo D.L 25/37
Concluído o procedimento, é registrado no livro do tombo, havendo um livro pra cada área.
16 de setembro de 2010
DESAPROPRIAÇÃO
Na desapropriação haverá um sacrifício do direito de propriedade,
Trata-se de forma originária de aquisição da propriedade, assim, independe da concordância ou anuência do atual proprietário.
Esse instituto atinge o caráter perpétuo da propriedade.
 COMPETÊNCIA LEGISLATIVA: Art.22, II Compete a União legislar
COMPETÊNCIA MATERIAL (EXECUTAR/PROMOVER): Dec.lei 3365/41 (art.3º e 4º). A administração direta pode executar todo o procedimento da desapropriação, desde a fase declaratória a executória.
DELEGADOS SERVIÇO PÚBLICO: Apesar de falar em delegado de serviço público, hoje engloba a outorga de serviço público (administração indireta e particulares prestadores de serviço público - concessionária, permissionária) bem como a própria Administração Direta. A fase declaratória será realizada pela administração direta, podendo a administração indireta e particulares realizar a fase executiva da desapropriação.
Art. 3o, Os concessionários de serviços públicos e os estabelecimentos de carater público ou que exerçam funções delegadas de poder público poderão promover desapropriações mediante autorização expressa, constante de lei ou contrato.
Há época da criação do DL 3365 de 1941, o instituto da delegação não possuía a mesma concepção hoje entendida, devendo ser interpretada como descentralização (por outorga ou por serviço), abrangendo tanto a Administração Indireta, quanto os particulares prestadores de serviço público.
OBJETO
Podem ser objetos de desapropriação quaisquer bens com valores econômicos:
Bens móveis e imóveis
Bens corpóreos e incorpóreos (ex: cotas ou ações de pessoas jurídicas; direito de crédito etc)
Bens públicos e privados
Espaço aéreo
Sub-Solo
Observação: Quando se tratar de bem público, há uma ordem para que haja a desapropriação (art. 2º, dec.lei.). Essa ordem é denominada de HIERARQUIA FEDERATIVA.
§ 2o  Os bens do domínio dos Estados, Municípios, Distrito Federal e Territórios poderão ser desapropriados pela União, e os dos Municípios pelos Estados, mas, em qualquer caso, ao ato deverá preceder autorização legislativa.
Desse modo, os municípios não podem desapropriar bens dos Estados e estes da União, sob pena de vício de objeto (atenção: não é vício de competência)
P: Como fica a desapropriação de bens de autarquias?
R: O decreto-lei não tratou expressamente dos bens das autarquias, prevalecendo na doutrina que essa mesma seqüência deve ser observada quanto à Administração Indireta. Essa corrente majoritária se funda no fato de que a administração indireta é descentralização da Administração Direta, portanto, um seguimento desta.
Para Marçal Justen Filho entende que esta hierarquia é inconstitucional, pois a CF não estabelece qualquer hierarquia entre os entes políticos, mas apenas uma divisão de competências. Esse entendimento, entretanto, não é o que prevalece na Jurisprudência.
Segundo o DL não pode ser objeto de desapropriação:
Direito a imagem, 
Alimentos, 
Direitos autorais,
Direito a vida e 
Direitos da personalidade.
Outros direitos não expressos (liberdade, cidadania etc).
MODALIDADES DE DESAPROPRIAÇÃO
As modalidades de desapropriação serão definidas segundo a forma de indenização.
DESAPROPRIAÇÃO COMUM/ORDINÁRIA/GERAL 
 Nessa modalidade de desapropriação, permitida a todos os entes, a indenização é prévia, justa e em dinheiro, abrangendo todos os bens de apreciação econômica.
Fundamento Legal: art. 5, XXIV, CF
XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social, mediante justa e prévia indenização em dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta Constituição;
Necessidade/utilidade pública: Art.5º, D.L 3365
Para a doutrina, a necessidade não é sinônimo de utilidade. Necessidade é relacionado a urgência, utilidade não há o caráter urgente.
Assim, apesar de a lei fornecer uma só lista, deve-se verificar o caso concreto para determinar a urgência da medida, de modo que se verificado será necessidade público, caso contrário será utilidade pública.
DL 3365, Art. 5o  Consideram-se casos de utilidade pública:
a) a segurança nacional;
b) a defesa do Estado;
c) o socorro público em caso de calamidade;
d) a salubridade pública;
e) a criação e melhoramento de centros de população, seu abastecimento regular de meios de subsistência;
f) o aproveitamento industrial das minas e das jazidas minerais, das águas e da energia hidráulica;
g) a assistência pública, as obras de higiene e decoração,casas de saude, clínicas, estações de clima e fontes medicinais;
h) a exploração ou a conservação dos serviços públicos;
i) a abertura, conservação e melhoramento de vias ou logradouros públicos; a execução de planos de urbanização; o parcelamento do solo, com ou sem edificação, para sua melhor utilização econômica, higiênica ou estética; a construção ou ampliação de distritos industriais; (Redação dada pela Lei nº 9.785, de 1999)
j) o funcionamento dos meios de transporte coletivo;
k) a preservação e conservação dos monumentos históricos e artísticos, isolados ou integrados em conjuntos urbanos ou rurais, bem como as medidas necessárias a manter-lhes e realçar-lhes os aspectos mais valiosos ou característicos e, ainda, a proteção de paisagens e locais particularmente dotados pela natureza; 
l) a preservação e a conservação adequada de arquivos, documentos e outros bens moveis de valor histórico ou artístico; 
m) a construção de edifícios públicos, monumentos comemorativos e cemitérios;
n) a criação de estádios, aeródromos ou campos de pouso para aeronaves;
o) a reedição ou divulgação de obra ou invento de natureza científica, artística ou literária;
p) os demais casos previstos por leis especiais.
Interesse social: Art.2º da lei 4.132/62. 
Art. 2º Considera-se de interesse social:
I - o aproveitamento de todo bem improdutivo ou explorado sem correspondência com as necessidades de habitação, trabalho e consumo dos centros de população a que deve ou possa suprir por seu destino econômico;
II - a instalação ou a intensificação das culturas nas áreas em cuja exploração não se obedeça a plano de zoneamento agrícola, VETADO;
III - o estabelecimento e a manutenção de colônias ou cooperativas de povoamento e trabalho agrícola:
IV - a manutenção de posseiros em terrenos urbanos onde, com a tolerância expressa ou tácita do proprietário, tenham construído sua habilitação, formando núcleos residenciais de mais de 10 (dez) famílias;
V - a construção de casa populares;
VI - as terras e águas suscetíveis de valorização extraordinária, pela conclusão de obras e serviços públicos, notadamente de saneamento, portos, transporte, eletrificação armazenamento de água e irrigação, no caso em que não sejam ditas áreas socialmente aproveitadas;
VII - a proteção do solo e a preservação de cursos e mananciais de água e de reservas florestais.
VIII - a utilização de áreas, locais ou bens que, por suas características, sejam apropriados ao desenvolvimento de atividades turísticas. (Incluído pela Lei nº 6.513, de 20.12.77)
Diminuição das desigualdades, proteção do meio ambiente. Pode acontecer aqui a desapropriação para reforma agrária, mas com indenização prévia justa em dinheiro. Esses bens objeto de desapropriação por interesse social traz uma peculiaridade, podem ser alienado depois. Ex: instalação de zonas industriais, ambientais.
Ex: desapropriação por zona é desapropriação segundo interesse social, em que após a construção de certa obra pública, o poder público desapropria em torno da obra para que revenda esses bens já valorizados.
Art. 4o  A desapropriação poderá abranger a área contígua necessária ao desenvolvimento da obra a que se destina, e as zonas que se valorizarem extraordinariamente, em consequência da realização do serviço. Em qualquer caso, a declaração de utilidade pública deverá compreendê-las, mencionando-se quais as indispensaveis à continuação da obra e as que se destinam à revenda.
Dentro da modalidade de desapropriação ordinária ou comum, pode-se encontrar 3 subdivisões em razão da destinação dos bens desapropriados:
Desapropriação por zona ou extensiva
Nessa hipótese o Estado realiza a desapropriação da área para a realização de uma obra, bem como toda a aérea em torna desta obra suscetível de valorização, para depois realizar a venda destes imóveis aos antigos proprietários, aproveitando-se da valorização.
O fundamento dessa subdivisão é a recomposição daquilo que foi investido na obra pública, é o mesmo fundamento da contribuição de melhoria.
Desapropriação para industrialização ou urbanização
Nessa hipótese o Estado, para fins de construir parques industriais ou urbanizar determinada área (organizar a cidade), desapropria determinada área e vende àqueles que pretendem construir indústrias.
Desapropriação Florística ou para fins ambientas
É a realizada para criar APA (Áreas de Preservação Ambiental). Muitas vezes é possível a criação de uma APA com possibilidade de utilização da área para moradia, por exemplo, nesses casos a intervenção do Estado na propriedade dar-se-á através de LIMITAÇÃO ADMINISTRATIVA, não sendo necessária a desapropriação.
Certas APA não permitem qualquer utilização, assim, nesses casos é imprescindível a desapropriação, chamada de florística.
DESAPROPRIAÇÃO SANCIONATÓRIA/EXTRAODRINÁRIA
Ela vem em razão do descumprimento e desrespeito a função social da propriedade. Logo, verifica-se que essa desapropriação tem natureza de sanção/pena, sendo a indenização uma porcaria (realizada através de títulos da dívida pública).
Previsão Legal: Art.5º, XXII e XXIII da CF
XXII - é garantido o direito de propriedade;
XXIII - a propriedade atenderá a sua função social;
Função social da propriedade: definido pela lei 8629/93 (Dispõe sobre a regulamentação dos dispositivos constitucionais relativos à reforma agrária, previstos no Capítulo III, Título VII, da Constituição Federal).
Observação: Ainda que cumprida e respeitada a função social da propriedade, pode a União realizar a desapropriação para reforma agrária, mas nesse caso a desapropriação é ordinária, devendo a indenização ser prévia, justa e em dinheiro.
2.1) DESAPROPRIAÇÃO-SANÇÃO PARA REFORMA AGRÁRIA 
Fundamento Constitucional: Art. 184 e 191 da CF
Previsão Legal: Lei 8629/93 e LC 76/93
Atinge somente bens imóveis rurais (utilização da propriedade com mão de obra em condições análogas a escrava, latifúndio improdutivo, desrespeito das normas ambientais).
Indenização feita em título da dívida agrária (TDA), devendo ser resgatáveis no prazo máximo de 20 anos. Somente a terra nua é paga em título. O que houver em benfeitorias (sede, currais, cercas) deve ser indenizado em dinheiro.
VEDAÇÃO: A desapropriação sanção não pode alcançar a pequena/média propriedade, como único imóvel e a propriedade produtiva.
Art. 185. São insuscetíveis de desapropriação para fins de reforma agrária:
I - a pequena e média propriedade rural, assim definida em lei, desde que seu proprietário não possua outra;
II - a propriedade produtiva.
Art. 184. Compete à União desapropriar por interesse social, para fins de reforma agrária, o imóvel rural que não esteja cumprindo sua função social, mediante prévia e justa indenização em títulos da dívida agrária, com cláusula de preservação do valor real, resgatáveis no prazo de até vinte anos, a partir do segundo ano de sua emissão, e cuja utilização será definida em lei.
§ 1º - As benfeitorias úteis e necessárias serão indenizadas em dinheiro.
§ 2º - O decreto que declarar o imóvel como de interesse social, para fins de reforma agrária, autoriza a União a propor a ação de desapropriação.
§ 3º - Cabe à lei complementar estabelecer procedimento contraditório especial, de rito sumário, para o processo judicial de desapropriação.
§ 4º - O orçamento fixará anualmente o volume total de títulos da dívida agrária, assim como o montante de recursos para atender ao programa de reforma agrária no exercício.
§ 5º - São isentas de impostos federais, estaduais e municipais as operações de transferência de imóveis desapropriados para fins de reforma agrária.
Art. 186. A função social é cumprida quando a propriedade rural atende, simultaneamente, segundo critérios e graus de exigência estabelecidos em lei, aos seguintes requisitos:
I - aproveitamento racional e adequado;
II - utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente;
III - observância das disposições que regulam as relações de trabalho;IV - exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores.
Art. 191. Aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou urbano, possua como seu, por cinco anos ininterruptos, sem oposição, área de terra, em zona rural, não superior a cinqüenta hectares, tornando-a produtiva por seu trabalho ou de sua família, tendo nela sua moradia, adquirir-lhe-á a propriedade.
2.2) DESAPROPRIAÇÃO-SANÇÃO POR DESOBEDIÊNCIA DO PLANO DIRETOR
Previsão Legal do Plano Diretor: Lei 10.257/01 (Estatuto da Cidade).
Previsão Constitucional: Art.182, §4º da CF
A competência para realizar esta desapropriação é restrita aos municípios e Distrito Federal.
Objeto: Imóvel urbano (o descumprimento do plano diretor – lei que disciplina o funcionamento da cidade – gera violação da função social da propriedade).
A indenização será feita em TDP (título da dívida pública), sendo resgatáveis em até 10 anos.
PROCEDIMENTO: Descumprido o Plano diretor do município, a administração irá impor medidas de forma gradual e sucessiva. Primeiro, irá determinar que o titular realize a edificação ou parcelamento do imóvel dentro de 1 ano. Transcorrido o prazo, a administração passa a realizar a cobrança de um IPTU progressivo, aumentando a alíquota em até 15% em 5 anos. Caso ele não cumpra, caberá por fim a desapropriação-sancionatória.
Art. 182, § 4º - É facultado ao Poder Público municipal, mediante lei específica para área incluída no plano diretor, exigir, nos termos da lei federal, do proprietário do solo urbano não edificado, subutilizado ou não utilizado, que promova seu adequado aproveitamento,      sob pena, sucessivamente, de:
I - parcelamento ou edificação compulsórios;
II - imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana progressivo no tempo;
III - desapropriação com pagamento mediante títulos da dívida pública de emissão previamente aprovada pelo Senado Federal, com prazo de resgate de até dez anos, em parcelas anuais, iguais e sucessivas, assegurados o valor real da indenização e os juros legais.
2.3) DESAPROPRIAÇÃO-SANÇÃO POR TRÁFICO ILÍCITO DE DROGAS
Essa modalidade também conhecida como Desapropriação CONFISCATÓRIA ou EXPROPRIATÓRIA.
Previsão Constitucional: art. 243, CF
Previsão legal: Lei 8.257 de 1991
Nessa hipótese não há justa indenização;
Os demais bens que foram utilizados para o tráfico serão também expropriados, que serão revertidos a favor da fiscalização/repressão bem como a instituições de tratamento de usuários de drogas.
 Art. 243. As glebas de qualquer região do País onde forem localizadas culturas ilegais de plantas psicotrópicas serão imediatamente expropriadas e especificamente destinadas ao assentamento de colonos, para o cultivo de produtos alimentícios e medicamentosos, sem qualquer indenização ao proprietário e sem prejuízo de outras sanções previstas em lei.
Parágrafo único. Todo e qualquer bem de valor econômico apreendido em decorrência do tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins será confiscado e reverterá em benefício de instituições e pessoal especializados no tratamento e recuperação de viciados e no aparelhamento e custeio de atividades de fiscalização, controle, prevenção e repressão do crime de tráfico dessas substâncias.
DESAPROPRIAÇÃO INDIRETA
A desapropriação indireta é uma situação em que o Poder Público, sem conduzir o regular processo expropriatório, apossa-se ou esgota o conteúdo econômico de um bem alheio.
Desde o momento do fato gerador da desapropriação indireta até o advento da prescrição existirá, em favor do proprietário, pretensão indenizatória.
A grande maioria da doutrina não aborda a questão da pretensão possessória. Alguns doutrinadores, entretanto, defendem que, enquanto for possível a reversão, ou seja, até o momento da consumação da desapropriação indireta*, paralelamente à pretensão indenizatória garantir-se-á a pretensão possessória.
Observação: *Momento da consumação da desapropriação indireta consiste no momento a partir do qual se torna irreversível o apossamento. 
Todavia, após esse momento, aplica-se, por analogia, o artigo 35, DL 3365/41, restando tão somente a pretensão indenizatória.
DL 3365, Art. 35.  Os bens expropriados, uma vez incorporados à Fazenda Pública, não podem ser objeto de reivindicação, ainda que fundada em nulidade do processo de desapropriação. Qualquer ação, julgada procedente, resolver-se-á em perdas e danos.
A depender da situação de restrição da propriedade é cabível uma determinada medida processual:
Para ameaça ao direito de propriedade realizada pelo Estado é possível ação de interdito proibitório.
Para turbação realizada pelo Estado é cabível a ação de manutenção da posse.
Para esbulho realizado pelo Estado é cabível ação reintegração de posse.
Por fim, em havendo esbulho à propriedade com AFETAÇÃO (destinação pública ao bem) estar-se-á diante uma desapropriação indireta, cabendo ao particular apenas pleitear indenização, não podendo o particular se opor à administração pública para reintegrar sua posse. Será cabível Ação de Desapropriação Indireta.
Segundo art. 35 do DL 3365 de 1941, se ao bem já foi conferida destinação pública (incorporados à finalidade pública), não é cabível a reintegração de posse.
Requisitos para existência de desapropriação indireta:
Apossamento pelo Estado sem o devido processo administrativo.
Estado já realizou a afetação do bem.
Situação faticamente irreversível.
No que atine à desapropriação indireta, ainda é importante mencionar que esta pode originar-se tanto de condutas estatais ilícitas quanto lícitas (STJ - REsp 141192, 52905, 123080).
Se a questão do esgotamento do conteúdo econômico da propriedade chegar ao STJ, este aplicará a Súmula 07, não recebendo o recurso especial por se tratar de questão fática. O STJ apenas analisa a questão quando já se parte do pressuposto de que houve o esgotamento do conteúdo econômico da propriedade, perquirindo-se apenas se a intervenção restritiva transformar-se-á em desapropriação indireta. 
Quando a intervenção restritiva estabelecer limitações que acabem por esgotar o conteúdo econômico da propriedade, converte-se tal intervenção restritiva em desapropriação indireta.
Proferida a sentença na ação de desapropriação indireta, o valor nela definido será pago através do sistema de precatórios.
Há, no tocante a desapropriação indireta, grande discussão quanto à COMPETÊNCIA (surge em razão da discussão acerca da natureza jurídica da ação, se real ou pessoal) e a PRESCRIÇÃO da ação de desapropriação indireta.
PRAZO PRESCRICIONAL PARA AJUIZAMENTO 
Prevalece hoje o prazo de 20 anos para o ajuizamento de desapropriação (Súmula 119 STJ e julgamento da ADIN 2.260).
Histórico do prazo prescricional: O art.10 do DL 3365/41 define prazo de 5 anos. Este prazo de 5 anos foi inserido por meio da Medida Provisória 2027. Esta MP foi impugnada pela ADI 2260 e, em sede de cautelar, o STF entendeu que o prazo é de 20 anos ao invés de 5 anos, por se tratar de direito real. Após o julgamento da cautelar, sobreveio a MP 2183 alterando o DL 3365/41, tornando a ADI 2260 sem objeto, extinguindo-a sem julgamento do mérito. Daí a problemática.
De acordo com a Súmula 119, STJ, a prescrição se dá em 20 anos. A literalidade dessa Súmula teve por base uma série de precedentes existentes quando de sua edição (REsp 8488 e 30674). Esse prazo tem por base o prazo exigido para a usucapião extraordinária antes da vigência do CC/02, qual seja: 20 anos (prazo alterado pelo artigo 1238, CC). 
STJ Súmula nº 119 - 08/11/1994 - DJ 16.11.1994
Ação de Desapropriação Indireta - Prescrição
    A ação de desapropriação indireta prescreve em vinte anos.
Tendo em vista que o prazo da usucapião extraordinária foi alterado, de acordo com o Professor Rafael Mafini, o prazo prescricional deveria ser adaptado, de modo a resultar em 15 anos.
Atualmente, o STJ e STF entendem conforme a decisão cautelar na ADI 2260, entendendo ter a ação natureza real, aplicando-se o art. 95 CPC.Art. 95. Nas ações fundadas em direito real sobre imóveis é competente o foro da situação da coisa. Pode o autor, entretanto, optar pelo foro do domicílio ou de eleição, não recaindo o litígio sobre direito de propriedade, vizinhança, servidão, posse, divisão e demarcação de terras e nunciação de obra nova.
PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO DA DESAPROPRIAÇÃO
É possível a resolução total da desapropriação na via administrativa, somente necessitando da via judicial em duas situações:
Quando o proprietário for desconhecido.
Quando não há consenso quanto ao valor.
O procedimento administrativo da desapropriação é realizado em 2 fases: Fase Declaratória e Fase Executiva.
FASE DECLARATÓRIA
O ato inicial da desapropriação é o ato de declaração do fundamento. Este ato pode ser:
Decreto expropriatório (artigo 6º)
DL 3365, Art. 6o  A declaração de utilidade pública far-se-á por decreto do Presidente da República, Governador, Interventor ou Prefeito.
Efeito do decreto expropriatório: por meio dele não há transferência de domínio, apenas declara-se e, assim, autoriza a Administração a ingressar no bem para os fins previstos no artigo 7º. 
Emitido o decreto expropriatório, há prazo decadencial a ser respeitado pela Administração (5 anos para utilidade e necessidade pública e 2 anos para interesse social - Artigos 10, DL 3365/41; 3º, Lei 4132/62 e 3º, LC 73/93). Findo este prazo, o decreto expropriatório caducará, não mais podendo surtir efeitos.
Decorrido o prazo de 5 anos, após a declaração de necessidade ou utilidade pública, a administração somente poderá declarar novamente a expropriação do bem após 1 ano (CARÊNCIA).
Decorrido o prazo de 2 anos, da declaração de existência de Interesse Social, não se pode mais declarar a desapropriação novamente.
No tocante às BENFEITORIAS, Após a declaração, as benfeitorias necessárias realizadas serão indenizadas. Já as benfeitorias úteis serão indenizadas se previamente autorizadas. 
Conteúdo do ato expropriatório:
Finalidade: destinação do bem
Fundamento legal
Identificação do bem
Sujeito passivo: Caso o proprietário seja desconhecido a desapropriação deverá ocorrer na via judicial.
Identificar recursos orçamentários
Após a declaração da desapropriação, a administração pode entrar no bem somente após a prévia indenização.
Lei expropriatória (artigo 8º)
DL 3365, Art. 8o  O Poder Legislativo poderá tomar a iniciativa da desapropriação, cumprindo, neste caso, ao Executivo, praticar os atos necessários à sua efetivação.
Trata-se de lei de efeitos concretos.
Portaria
Observação.: Desapropriação por zona (artigo 4º, DL 3365).
DL 3365, Art. 4o  A desapropriação poderá abranger a área contígua necessária ao desenvolvimento da obra a que se destina, e as zonas que se valorizarem extraordinariamente, em consequência da realização do serviço. Em qualquer caso, a declaração de utilidade pública deverá compreendê-las, mencionando-se quais as indispensaveis à continuação da obra e as que se destinam à revenda.
05 de outubro de 2010
Após a declaração da desapropriação, a administração pode entrar no bem somente após a prévia indenização.
PRAZO DE CADUCIDADE: Após a declaração passa a contar um prazo em que o proprietário deve aguardar a indenização e tomada do bem pela administração. Este prazo de caducidade é definido segundo a motivação: Transcorrido o prazo de caducidade, a declaração fica sem efeito. 
Esse prazo se dá entre a fase declaratória e a fase executiva, onde o Poder Público indeniza o proprietário e toma posse do bem.
No tocante às benfeitorias, serão indenizadas as necessárias e as úteis, estas últimas, somente as que forem previamente autorizadas.
CF, Art. 184. Compete à União desapropriar por interesse social, para fins de reforma agrária, o imóvel rural que não esteja cumprindo sua função social, mediante prévia e justa indenização em títulos da dívida agrária, com cláusula de preservação do valor real, resgatáveis no prazo de até vinte anos, a partir do segundo ano de sua emissão, e cuja utilização será definida em lei.
§ 1º - As benfeitorias úteis (todas) e necessárias (somente as que forem previamente autorizadas) serão indenizadas em dinheiro.
§ 2º - O decreto que declarar o imóvel como de interesse social, para fins de reforma agrária, autoriza a União a propor a ação de desapropriação.
§ 3º - Cabe à lei complementar estabelecer procedimento contraditório especial, de rito sumário, para o processo judicial de desapropriação.
§ 4º - O orçamento fixará anualmente o volume total de títulos da dívida agrária, assim como o montante de recursos para atender ao programa de reforma agrária no exercício.
§ 5º - São isentas de impostos federais, estaduais e municipais as operações de transferência de imóveis desapropriados para fins de reforma agrária.
FASE EXECUTIVA
A fase executiva se dá com a indenização do antigo proprietário e entrada no bem.
EXECUÇÃO ADMINISTRATIVA:
A Administração ou quem lhe faz às vezes executa o decreto expropriatório, consumando-se a desapropriação. Caso não seja aceito o valor oferecido pela Administração, esta ingressará com ação de desapropriação.
Se existir consenso entre a administração e o particular quanto ao valor, haverá a desapropriação amigável em que a desapropriação resolve na esfera administrativa. 
AÇÃO DE DESAPROPRIAÇÃO:
Não havendo o consenso quanto ao valor, deve a administração ajuizar ação de desapropriação (VIA JUDICIAL – procedimento especial). O objeto litigioso na ação de desapropriação é a diferença entre o valor da oferta e o fixado na sentença.
Na indenização deve constar: 
valor de mercado do bem
danos emergentes e lucros cessantes
juros compensatórios + moratórios
correção monetária
Custas processuais + honorários (diferença que foi conquistado pelo valor fixado) – quando se tratar de via judicial.
Os honorários advocatícios terão por base de cálculo o valor da diferença (artigo 27, parágrafo 1º; Súmulas 141, STJ e 617, STF). Sobre o valor da diferença aplicar-se-á o percentual de 0,5 a 5%. Os honorários não poderão ultrapassar 151 mil reais (essa limitação está suspensa por ADI).
STF Súmula nº 617 - 17/10/1984 
Base de Cálculo - Honorários de Advogado - Desapropriação - Diferença entre a Oferta e a Indenização - Correção Monetária
    A base de cálculo dos honorários de advogado em desapropriação é a diferença entre a oferta e a indenização, corrigidas ambas monetariamente.
STJ Súmula nº 141 - 06/06/1995 - DJ 09.06.1995
Honorários de Advogado - Desapropriação Direta - Cálculo - Correção Monetária
    Os honorários de advogado em desapropriação direta são calculados sobre a diferença entre a indenização e a oferta, corrigidas monetariamente.
Art. 27.  O juiz indicará na sentença os fatos que motivaram o seu convencimento e deverá atender, especialmente, à estimação dos bens para efeitos fiscais; ao preço de aquisição e interesse que deles aufere o proprietário; à sua situação, estado de conservação e segurança; ao valor venal dos da mesma espécie, nos últimos cinco anos, e à valorização ou depreciação de área remanescente, pertencente ao réu. 
Parágrafo único.  Se a propriedade estiver sujeita ao imposto predial, o "quantum" da indenização não será inferior a 10, nem superior a 20 vezes o valor locativo, deduzida previamente a importância do imposto, e tendo por base esse mesmo imposto, lançado no ano anterior ao decreto de desapropriação. (Revogado pela Lei nº 2.786, de 1956)
§ 1º A sentença que fixar o valor da indenização quando êste fôr superior ao preço oferecido, condenará o desapropriante a pagar honorários de advogado, sôbre o valor da diferença. (Incluído pela Lei nº 2.786, de 1956)  
§ 1o  A sentença que fixar o valor da indenização quando este for superior ao preço oferecido condenará o desapropriante a pagar honorários do advogado, que serão fixados entre meio e cinco por cento do valor da diferença, observado o disposto no § 4o do art. 20 do Código de Processo Civil, não podendo os honoráriosultrapassar R$ 151.000,00 (cento e cinqüenta e um mil reais). (Redação dada Medida Provisória nº 2.183-56, de 2001) (Vide ADIN nº 2.332-2)
A diferença conquistada na sentença pelo antigo desapropriado, por sua natureza de débito judicial contra a Fazenda Pública, é paga através do sistema de precatórios.
Artigo 15, caput e parágrafo 1º: ao receber a inicial o juiz determina perícia para fixar o valor do bem (antecipação da prova pericial).
Observação: Na ação de desapropriação, o autor desde o início já pede a prova pericial, nomeando assistente técnico e os respectivos quesitos. Isso tudo em função de que o juiz é ente desconhecido no processo, facilitando a cognição do processo, através da antecipação da prova pericial.
Se o Poder Público fizer depósito de valor nos termos do artigo 15, parágrafo 1º, a imissão provisória na posse poderá ser-lhe conferida (imissão provisória na posse).
Para a emissão provisória na posse exige-se 2 requisitos:
Urgência
Depósito do valor da indenização incontroverso (valor que a Administração Pública entendia como correto)
DL 3365, Art. 15. Se o expropriante alegar urgência e depositar quantia arbitrada de conformidade com o art. 685 do Código de Processo Civil, o juiz mandará imití-lo provisoriamente na posse dos bens;
Então, nos termos do artigo 33, parágrafo 2º, o expropriado poderá levantar até 80% do valor do depósito (entendimento jurisprudencial pacífico).
DL 3365, Art. 33.  O depósito do preço fixado por sentença, à disposição do juiz da causa, é considerado pagamento prévio da indenização.
Parágrafo único. O depósito far-se-á no Banco do Brasil ou, onde este não tiver agência, em estabelecimento bancário acreditado, a critério do juiz.
§ 1º O depósito far-se-á no Banco do Brasil ou, onde este não tiver agência, em estabelecimento bancário acreditado, a critério do juiz. (Renumerado do Parágrafo Único pela Lei nº 2.786, de 1956)
§ 2º O desapropriado, ainda que discorde do preço oferecido, do arbitrado ou do fixado pela sentença, poderá levantar até 80% (oitenta por cento) do depósito feito para o fim previsto neste e no art. 15, observado o processo estabelecido no art. 34. (Incluído pela Lei nº 2.786, de 1956)
A ação de desapropriação é uma ação tematicamente limitada, mas de cognição aprofundada de procedimento especial. São temas que podem ser discutidos (artigos 9º e 20, DL):
Validade do processo judicial de desapropriação;
Questões que se relacionam direta ou indiretamente com o valor da indenização devida.
STF Súmula nº 655 - 24/09/2003 - DJ de 9/10/2003, p. 3; DJ de 10/10/2003, p. 3; DJ de 13/10/2003, p. 3.
Exceção - Créditos de Natureza Alimentícia - Dispensa de Precatório
    A exceção prevista no art. 100, caput, da Constituição, em favor dos créditos de natureza alimentícia, não dispensa a expedição de precatório, limitando-se a isentá-los da observância da ordem cronológica dos precatórios decorrentes de condenações de outra natureza.
PONTOS IMPORTANTES NA AÇÃO DE DESAPROPRIAÇÃO
ÍNDICE DE CORREÇÃO MONETÁRIA
STJ Súmula nº 67 - 15/12/1992 - DJ 04.02.1993
Desapropriação - Atualização Monetária - Decurso de Prazo - Cálculo e Pagamento da Indenização
    Na desapropriação, cabe a atualização monetária, ainda que por mais de uma vez, independente do decurso de prazo superior a um ano entre o cálculo e o efetivo pagamento da indenização.
STF Súmula nº 561 - 15/12/1976 - DJ de 3/1/1977, p. 2; DJ de 4/1/1977, p. 34; DJ de 5/1/1977, p. 58.
Desapropriação - Correção Monetária - Pagamento da Indenização - Atualização do Cálculo
    Em  desapropriação, é devida a correção monetária até a data do efetivo pagamento da indenização, devendo proceder-se à atualização do cálculo, ainda que por mais de uma vez.
JUROS COMPENSATÓRIOS 
Os juros compensatórios servem para compensar o prejuízo suportado pelo desapropriado em razão de seu desapossamento.
Na ação de desapropriação, há uma medida cautelar chamada de imissão provisória na posse que garante ao pode público entrar no bem antes da indenização. Esta imissão somente é possível no caso de urgência, sendo necessário o depósito do valor (fixado pela administração). O juiz pode autorizar que o proprietário levante até 80% do valor depositado. Os juros compensatórios servem para compensar o período de entrada antecipada do Estado na posse. Hoje esse valor destes juros vai até 12% ao ano (a lei fala em 6%, mas o STF reconheceu que pode ser até 12%).
Esses juros compensatórios de até 12% ao ano incidem sobre o valor que foi concedido pela sentença descontado o valor levantado pela parte na fase de imissão na posse.
STF Súmula nº 618 - 17/10/1984 - DJ de 29/10/1984, p. 18115; DJ de 30/10/1984, p. 18203; DJ de 31/10/1984, p. 18287.
Desapropriação Direta ou Indireta - Taxa dos Juros Compensatórios
    Na desapropriação, direta ou indireta, a taxa dos juros compensatórios é de 12% (doze por cento) ao ano.
Essa súmula fixava, há muito tempo, o patamar limite dos juros compensatórios em 12%. Entretanto, a MP 1577, alterando a redação do art. 15 e 15-A do DL 3365, reduziu esse patamar a 6%.
Art. 15-A No caso de imissão prévia na posse, na desapropriação por necessidade ou utilidade pública e interesse social, inclusive para fins de reforma agrária, havendo divergência entre o preço ofertado em juízo e o valor do bem, fixado na sentença, expressos em termos reais, incidirão juros compensatórios de até seis por cento ao ano sobre o valor da diferença eventualmente apurada, a contar da imissão na posse, vedado o cálculo de juros compostos. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.183-56, de 2001)
O STF, na ADI 2332, entendeu a inconstitucionalidade dos juros de até 6%, restabelecendo a súmula 618, voltando a aplicabilidade dos juros de até 12%. Nessa mesma ADI, o STF deu interpretação conforme revelando que tais juros não incidem sobre o valor da diferença eventualmente apurada em sentença, mas da diferença entre o valor da sentença e o antecipadamente levantado pelo desapropriado (ex: A Administração Pública, quando da imissão provisória da posse, deposita R$ 500 mil, podendo o desapropriado levantar R$ 400 mil. Caso a sentença condene o Poder Público a pagar R$ 2 milhões, os juros compensatórios incidem sobre R$, 1,6 milhões).
Ora, como os juros compensatórios são destinados a cobrir eventuais prejuízos do desapropriado (negócios prejudicados, trabalhos desfeitos etc), sua base de cálculo não pode abranger os valores levantados quando da imissão provisória na posse, uma vez que permite ao desapropriado a movimentação financeira do valor (não há um bloqueio dessa parcela de seu patrimônio).
O STJ, através da súmula 408, conclui o tema:
STJ Súmula nº 408 - 28/10/2009 - DJe 24/11/2009
Ações de Desapropriação - Juros Compensatórios - Fixação do Percentual
    Nas ações de desapropriação, os juros compensatórios incidentes após a Medida Provisória n. 1.577, de 11/06/1997, devem ser fixados em 6% ao ano até 13/09/2001 e, a partir de então, em 12% ao ano, na forma da Súmula n. 618 do Supremo Tribunal Federal.
Na desapropriação direta o proprietário deixa de utilizar o bem na inicial (momento em que o Poder Público é imitido na posse). Assim, os juros compensatórios contam-se da imissão na posse.
Na desapropriação indireta o proprietário deixa de utilizar o bem no momento do apossamento. Assim, os juros compensatórios contam-se a partir da ocupação do bem.
Nesse sentido, Súmulas 69, 113 e 114, STJ.
STJ Súmula nº 113 - 25/10/1994 - DJ 03.11.1994
Juros Compensatórios - Desapropriação Direta - Imissão na Posse - Correção Monetária
    Os juros compensatórios, na desapropriação direta, incidem a partir da imissão na posse, calculados sobre o valor da indenização, corrigido monetariamente.
STJ Súmula nº 114 - 25/10/1994 - DJ 03.11.1994
Juros Compensatórios - Desapropriação Indireta - Ocupação - Correção Monetária
    Os juros compensatórios, na desapropriação indireta, incidem a partir da ocupação, calculados sobre o valor da indenização, corrigidosmonetariamente.
O valor fixado na sentença será pago pelo regime de precatórios, sendo que após a sentença passa a incidir juros moratórios.
JUROS MORATÓRIOS
Art. 15-B Nas ações a que se refere o art. 15-A, os juros moratórios destinam-se a recompor a perda decorrente do atraso no efetivo pagamento da indenização fixada na decisão final de mérito, e somente serão devidos à razão de até seis por cento ao ano, a partir de 1o de janeiro do exercício seguinte àquele em que o pagamento deveria ser feito, nos termos do art. 100 da Constituição. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.183-56, de 2001)
A taxa de juros moratórios é de até 6% ao ano. Essa questão foi objeto de discussão, mas este percentual foi mantido pelo STF.
Não mais se aplica a Súmula 70 do STJ, mas sim o disposto no artigo 15-B: os juros passam a ser devidos a partir do 1º dia do exercício financeiro seguinte. Esses juros remuneram o atraso de pagamento, pelo que não servem para remunerar quando este atraso não existe.
STJ Súmula nº 70 - 15/12/1992 - DJ 04.02.1993
Juros Moratórios - Desapropriação - Trânsito em Julgado da Sentença
    Os juros moratórios, na desapropriação direta ou indireta, contam-se desde o trânsito em julgado da sentença. (Superada)
Ex: Precatório apresentado até 1º de julho de 2010, o pagamento poderá ser realizado durante todo o ano de 2011. Logo os juros moratórios incidem somente a partir de 1º de janeiro de 2012.
Ex: Precatório apresentado dia 2 de julho de 2010, o pagamento poderá ser realizado durante todo o ano de 2012. Logo os juros moratórios incidem a partir de 1º de janeiro 2013.
STF Súmula nº 416 - 01/06/1964 - DJ de 6/7/1964, p. 2182; DJ de 7/7/1964, p. 2198; DJ de 8/7/1964, p. 2238.
Demora no Pagamento do Preço da Desapropriação - Cabimento - Indenização Complementar Além dos Juros
    Pela demora no pagamento do preço da desapropriação não cabe indenização complementar além dos juros
DIREITO DE EXTENSÃO – ART. 37, DO DL 3365
DL 3365, Art. 37.  Aquele cujo bem for prejudicado extraordinariamente em sua destinação econômica pela desapropriação de áreas contíguas terá direito a reclamar perdas e danos do expropriante.
	Imagine a seguinte situação: eu tenho três terrenos no Centro de SP. Cada um deles, individualmente considerado, vale 10 mil reais. Os três juntos, por serem contíguos, valem 50 mil reais, porque eu potencializo obra de maior porte e assim por diante. Imagine que a Administração desaproprie dois deles. Eu pergunto: além da perda da propriedade eu vou ter um prejuízo a mais em razão da desapropriação. Além de perder dois terrenos, cada um valendo 10 mil reais, eu perco mais do que isso. Aí eu vou ter o direito de estender a indenização para abarcar esse prejuízo extraordinário. Isso é possível de ser discutido na ação de desapropriação porque, indiretamente, tem a ver com valor.
TREDESTINAÇÃO:
O desvio de finalidade em matéria de desapropriação tem nome: tredestinação.
Para os atos administrativos em geral, a Administração tem que observar a finalidade concreta e a finalidade abstrata. Tem que observar o interesse público, mas não é qualquer interesse público, mas aquele interesse público para o qual o ato foi praticado. 
Em matéria de desapropriação, o desvio de finalidade é analisado tão-somente na perspectiva abstrata
O isso significa? Só há desvio de finalidade quando se comprova que a Administração praticou a desapropriação para satisfação de interesses diversos do interesse público. Só há desvio de finalidade quando a Administração pratica de desapropriação visando a fins diversos do interesse público, não importando a perspectiva concreta do interesse público. O REsp 968414 diz isso claramente. Em Português claro: se desapropriou para construir uma escola, mas ficou claro que o prefeito queria sacanear os seus adversários, há desvio de finalidade. Mas se desapropriou para construir uma escola e acaba construindo um hospital, foi mantido o interesse público, mesmo diverso, não há desvio de finalidade nesse caso. Isso é chamado de tredestinação lícita. 
PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO. DESAPROPRIAÇÃO POR UTILIDADE
PÚBLICA. AÇÃO DE RETROCESSÃO. DESTINAÇÃO DIVERSA DO IMÓVEL.
PRESERVAÇÃO DA FINALIDADE PÚBLICA. TREDESTINAÇÃO LÍCITA.
1. Não há falar em retrocessão se ao bem expropriado for dada destinação que atende ao interesse público, ainda que diversa da inicialmente prevista no decreto expropriatório.
2. A Primeira Turma desta Corte, no julgamento do REsp 710.065/SP (Rel. Min. José Delgado, DJ de 6.6.2005), firmou a orientação de que a afetação da área poligonal da extinta "Vila Parisi" e áreas contíguas (localizadas no Município de Cubatão/SP) — cuja destinação inicial era a implantação de um parque ecológico —, para a instalação de um pólo industrial metal-mecânico, um terminal intermodal de cargas rodoviário, um centro de pesquisas ambientais, um posto de abastecimento de combustíveis, um centro comercial com 32 módulos de 32 metros cada, um estacionamento, e um restaurante/lanchonete, atingiu, de qualquer modo, a finalidade pública inerente às desapropriações.
3. Recurso especial desprovido.
Assim, a tredestinação é a alteração da destinação do bem público para outro fim, distinto do motivo da desapropriação
RETROCESSÃO
Situação em que o poder público não realiza qualquer destinação pública ao bem desapropriado. Doutrina discute acerca da natureza desse instituto:
DIREITO REAL: permite o direito à devolução do bem (entendimento majoritário e do STJ e STF)
DIREITO PESSOAL: a obrigação se resolve em perdas e danos
Doutrina majoritária, STJ e as últimas decisões do STF entendem que a retrocessão é o direito real de reaver o bem (não é direito pessoal de suplementar a indenização).
STF Súmula nº 111 - 13/12/1963 - Súmula da Jurisprudência Predominante do Supremo Tribunal Federal - Anexo ao Regimento Interno. Edição: Imprensa Nacional, 1964, p. 70.
Legitimidade - Incidência - Imposto de Transmissão "Inter Vivos" - Restituição ao Antigo Proprietário - Finalidade da Desapropriação de Imóvel
    É legítima a incidência do imposto de transmissão "inter vivos" sobre a restituição, ao antigo proprietário, de imóvel que deixou de servir a finalidade da sua desapropriação.
Quando a Administração toma para ela o bem expropriado, não incide ITBI. A Administração não paga imposto de transmissão inter vivos para pegar o bem para ela. Mas se porventura não foi dada a finalidade pretendida ao bem de interesse público e o bem for reavido pelo particular, então há incidência do ITBI.
DESAPROPRIAÇÃO PARA FINS DE REFORMA AGRÁRIA
	Nesse tópico serão analisados 2 pontos importantes em debate entre o STF e o STJ.
A Lei 8.629 de 1993 dispõe sobre a regulamentação dos dispositivos constitucionais relativos à reforma agrária, previstos no Capítulo III, Título VII, da Constituição Federal. 
	Segundo a referida lei, antes mesmo de se editar o decreto de desapropriação, há um momento prévio que começa com a notificação da vistoria. Tendo o proprietário sido notificado da desapropriação não precisa estar presente para a vistoria. Tem que ter a vistoria para se aferir a produtividade, somente depois dele se seguirá o decreto expropriatório.
	Só que tem uma situação que está no art. 2º, §§ 6º, 7º e 8º dessa lei.
Art. 2º A propriedade rural que não cumprir a função social prevista no art. 9º é passível de desapropriação, nos termos desta lei, respeitados os dispositivos constitucionais.
§ 6º  O imóvel rural de domínio público ou particular objeto de esbulho possessório ou invasão motivada por conflito agrário ou fundiário de caráter coletivo não será vistoriado, avaliado ou desapropriado nos dois anos seguintes à sua desocupação, ou no dobro desse prazo, em caso de reincidência; e deverá ser apurada a responsabilidade civil e administrativa de quem concorra com qualquer ato omissivo ou comissivo que propicie o descumprimento dessas vedações. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.183-56, de 2001)
§ 7º  Será excluído doPrograma de Reforma Agrária do Governo Federal quem, já estando beneficiado com lote em Projeto de Assentamento, ou sendo pretendente desse benefício na condição de inscrito em processo de cadastramento e seleção de candidatos ao acesso à terra, for efetivamente identificado como participante direto ou indireto em conflito fundiário que se caracterize por invasão ou esbulho de imóvel rural de domínio público ou privado em fase de processo administrativo de vistoria ou avaliação para fins de reforma agrária, ou que esteja sendo objeto de processo judicial de desapropriação em vias de imissão de posse ao ente expropriante; e bem assim quem for efetivamente identificado como participante de invasão de prédio público, de atos de ameaça, seqüestro ou manutenção de servidores públicos e outros cidadãos em cárcere privado, ou de quaisquer outros atos de violência real ou pessoal praticados em tais situações. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.183-56, de 2001)
§ 8º  A entidade, a organização, a pessoa jurídica, o movimento ou a sociedade de fato que, de qualquer forma, direta ou indiretamente, auxiliar, colaborar, incentivar, incitar, induzir ou participar de invasão de imóveis rurais ou de bens públicos, ou em conflito agrário ou fundiário de caráter coletivo, não receberá, a qualquer título, recursos públicos. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.183-56, de 2001)
	Há um tempo atrás foi noticiado que uma área de FHC teria sido invadida pelo MST. Logo depois foi editada uma MP que deu nova redação ao art. 2º e parágrafos.
	Em bom Português: não pode haver invasão. Se houver invasão, estaria automaticamente suspensa a vistoria. Houve a invasão, isso implicaria na imediata suspensão por dois anos da reforma agrária, a exclusão de quem invadiu a proibição do repasse de verbas orçamentárias para o movimento. Nesse sentido, Súmula 354, do STJ:
STJ Súmula nº 354 - DJe 08/09/2008 – A invasão do imóvel é causa de suspensão do processo expropriatório para fins de reforma agrária.
	O que diz a regra legal comentada? Invadiu o imóvel, automaticamente, suspende a vistoria, avaliação, por dois anos. Se houver reincidência, a suspensão se dará por quatro anos. O STJ, até porque é um tribunal de interpretação infraconstitucional editou essa súmula sobre o texto da lei. 
A despeito do entendimento do STJ, há milhares de acórdãos do STF refletindo a sua posição de antipatia à norma. O STF sempre antipatizou com essa regra, embora não tenha dito isso em decisão. Em obiter dictum chegou até a dizer que é inconstitucional porque não se pode punir movimento social. Assim, o STF tem dito o seguinte: não é qualquer invasão que propicia a suspensão. A invasão só causará a suspensão da vistoria, avaliação e desapropriação, quando a invasão for apta a refletir negativamente na aferição de produtividade. A invasão só vai ser causa suspensiva da reforma agrária quando for apta a refletir na aferição da produtividade. A lógica do STF é que não é constitucional punir movimento social, mas também não é constitucional fazer com que aquela pessoa que tenha produtividade, mas perdeu a produtividade temporariamente por conta da invasão perca a propriedade. A lógica é mais ou menos essa. Se a invasão foi depois da vistoria: isso é muito comum. Faz a vistoria, descobre que é improdutiva, o MST invade, que é para forçar a desapropriação. Nesse caso, o processo não deverá ser suspenso porque a invasão foi depois da vistoria.

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