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6 - CONVÊNIOS E CONSÓRCIOS

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11 de novembro de 2011
CONVÊNIOS E CONSÓRCIOS
Com o aumento da exigência dos administrados aumenta também a responsabilidade da Administração Pública na prestação de serviços públicos, que precisa valer-se de técnicas mais modernas e utilizar-se de profissionais mais qualificados, o que justifica o surgimento desses institutos denominados convênios e consórcios.
Esses institutos representam uma reunião de esforços quando a prestação de determinado serviço interessa a mais de um ente público. A reunião de esforços busca, por meio da cooperação, da gestão associada, a consecução de um interesse comum.
	Consórcios Administrativos
	Convênios
	Consórcios Públicos
Lei 11107/05
	HLM: consistem em ajustes entre entidades estatais, autárquicas e paraestatais, desde que as entidades sejam da mesma espécie.
Ex.: 2 Estados; 2 Municípios.
	Também denominado Convênio de Cooperação.
HLM: consistem em ajuste realizado entre entidades estatais, autárquicas e paraestatais, sendo possível que as entidades envolvidas sejam de espécies diferentes.
	Os consórcios públicos têm personalidade jurídica.
Encontram regulamentação na Lei 11107/05 e no artigo 241, CF.
José dos Santos Carvalho Filho entende que não há que se diferenciar consórcios administrativos de convênios, pois os efeitos de ambos os institutos são diferentes.
CONVÊNIOS
PREVISÃO LEGAL DOS CONVÊNIOS
Têm previsão constitucional desde 1967, nos artigos 13, parágrafo 3º e 14, parágrafo 4º.
Na Constituição de 1969 estavam previstos no artigo 13, parágrafo 3º.
Na CF/88 os convênios estão disciplinados expressamente nos artigos 71, VI e 199, parágrafo 1º e, implicitamente, nos artigos 23, parágrafo único e 241 (ao invés da palavra convênio, utiliza-se do termo cooperação).
Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido com o auxílio do Tribunal de Contas da União, ao qual compete:
VI - fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos repassados pela União mediante convênio, acordo, ajuste ou outros instrumentos congêneres, a Estado, ao Distrito Federal ou a Município;
Art. 199. A assistência à saúde é livre à iniciativa privada.
§ 1º - As instituições privadas poderão participar de forma complementar do sistema único de saúde, segundo diretrizes deste, mediante contrato de direito público ou convênio, tendo preferência as entidades filantrópicas e as sem fins lucrativos.
O artigo 23, parágrafo único, CF, ao reservar determinado assunto à lei complementar, atribui a esta caráter geral. Trata-se de norma de princípio programático, sendo, portanto, demasiadamente genérica.
Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios:
Parágrafo único. Leis complementares fixarão normas para a cooperação entre a União e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, tendo em vista o equilíbrio do desenvolvimento e do bem-estar em âmbito nacional. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006)
O artigo 241, CF, por sua vez, especifica o que será disciplinado por lei (ordinária).
Art. 241. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios disciplinarão por meio de lei os consórcios públicos e os convênios de cooperação entre os entes federados, autorizando a gestão associada de serviços públicos, bem como a transferência total ou parcial de encargos, serviços, pessoal e bens essenciais à continuidade dos serviços transferidos. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
Observação.: Alguns doutrinadores incluem entre os artigos que disciplinam os convênios e consórcios, o artigo 37, parágrafo 8º, CF, que cuida do contrato de gestão para celebração de atividades administrativas.
José dos Santos Carvalho Filho entende que os contratos de gestão assemelham-se aos convênios, pois trazem a idéia de parceria.
Art. 37 § 8º A autonomia gerencial, orçamentária e financeira dos órgãos e entidades da administração direta e indireta poderá ser ampliada mediante contrato (previsão constitucional do “contrato de gestão”), a ser firmado entre seus administradores e o poder público, que tenha por objeto a fixação de metas de desempenho para o órgão ou entidade, cabendo à lei dispor sobre: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
O artigo 10, parágrafo 1º, “b”, LC 200/67 cuida da organização da Administração Pública Federal e da descentralização de suas atividades.
O artigo 116, Lei 8666/93 e 104, Constituição do Estado de São Paulo também trata dos convênios.
Lei 8.666/93, Art. 116.  Aplicam-se as disposições desta Lei, no que couber, aos convênios, acordos, ajustes e outros instrumentos congêneres celebrados por órgãos e entidades da Administração. 
§ 1o  A celebração de convênio, acordo ou ajuste pelos órgãos ou entidades da Administração Pública depende de prévia aprovação de competente plano de trabalho proposto pela organização interessada, o qual deverá conter, no mínimo, as seguintes informações: 
I - identificação do objeto a ser executado; 
II - metas a serem atingidas; 
III - etapas ou fases de execução; 
IV - plano de aplicação dos recursos financeiros; 
V - cronograma de desembolso; 
VI - previsão de início e fim da execução do objeto, bem assim da conclusão das etapas ou fases programadas;
VII - se o ajuste compreender obra ou serviço de engenharia, comprovação de que os recursos próprios para complementar a execução do objeto estão devidamente assegurados, salvo se o custo total do empreendimento recair sobre a entidade ou órgão descentralizador. 
§ 2o  Assinado o convênio, a entidade ou órgão repassador dará ciência do mesmo à Assembléia Legislativa ou à Câmara Municipal respectiva.
§ 3o  As parcelas do convênio serão liberadas em estrita conformidade com o plano de aplicação aprovado, exceto nos casos a seguir, em que as mesmas ficarão retidas até o saneamento das impropriedades ocorrentes: 
I - quando não tiver havido comprovação da boa e regular aplicação da parcela anteriormente recebida, na forma da legislação aplicável, inclusive mediante procedimentos de fiscalização local, realizados periodicamente pela entidade ou órgão descentralizador dos recursos ou pelo órgão competente do sistema de controle interno da Administração Pública; 
II - quando verificado desvio de finalidade na aplicação dos recursos, atrasos não justificados no cumprimento das etapas ou fases programadas, práticas atentatórias aos princípios fundamentais de Administração Pública nas contratações e demais atos praticados na execução do convênio, ou o inadimplemento do executor com relação a outras cláusulas conveniais básicas; 
III - quando o executor deixar de adotar as medidas saneadoras apontadas pelo partícipe repassador dos recursos ou por integrantes do respectivo sistema de controle interno. 
§ 4o  Os saldos de convênio, enquanto não utilizados, serão obrigatoriamente aplicados em cadernetas de poupança de instituição financeira oficial se a previsão de seu uso for igual ou superior a um mês, ou em fundo de aplicação financeira de curto prazo ou operação de mercado aberto lastreada em títulos da dívida pública, quando a utilização dos mesmos verificar-se em prazos menores que um mês. 
§ 5o  As receitas financeiras auferidas na forma do parágrafo anterior serão obrigatoriamente computadas a crédito do convênio e aplicadas, exclusivamente, no objeto de sua finalidade, devendo constar de demonstrativo específico que integrará as prestações de contas do ajuste.
§ 6o  Quando da conclusão, denúncia, rescisão ou extinção do convênio, acordo ou ajuste, os saldos financeiros remanescentes, inclusive os provenientes das receitas obtidas das aplicações financeiras realizadas, serão devolvidos à entidade ou órgão repassador dos recursos, no prazo improrrogável de 30 (trinta) dias do evento, sob pena da imediata instauração de tomada de contas especial do responsável, providenciada pela autoridade competente do órgão ou entidade titular dos recursos. 
SITUAÇÕES DE CONFIGURAÇÃO DOS CONVÊNIOS
Ajuste entre pessoas administrativas;O objetivo deste ajuste é alcançar interesse público.
Exemplos de pessoas administrativas: SEM estadual e EP municipal; União e autarquia; Município e Estado.
Ajuste entre pessoa administrativa e entidades particulares;
Não importa se a entidade particular é física ou jurídica.
Ex.: Município celebra ajuste com João.
CABM critica esta relação pelo fato de que entende que apenas será possível firmar convênios com entidades particulares caso estas não possuam fins lucrativos. Caso houvesse finalidade lucrativa, a entidade não objetivaria o interesse público, pois estes interesses são contrapostos.
Ajuste celebrado entre órgão pertencente a uma pessoa administrativa e entidade particular ou pessoa administrativa diversa daquela à qual pertence o órgão;
Os órgãos caracterizam-se pelo fato de não possuírem personalidade jurídica.
Ex.: convenio firmado entre secretaria da educação e entidade privada.
Convênio interorgânico.
Realizado entre órgãos públicos pertencentes à mesma pessoa administrativa.
Ex.: convênio realizado entre a SSP do Estado A e a Assembléia Legislativa deste mesmo Estado, objetivando alcançar interesse comum.
Observação: Existem autores que entendem que o convênio não pode ser celebrado por órgãos. Esses doutrinadores entendem ser nulo o convênio celebrado por órgãos do convenente. Nesse sentido, Diógenes Gasparini.
Observação 2: Não haverá convênio celebrado entre particulares.
 
CARACTERÍSTICAS DOS CONVÊNIOS
Cooperação mútua entre os partícipes:
A cooperação se dá visando interesses comuns.
Metas internas da Administração:
Serão executadas metas internas da Administração, por meio da junção de esforços.
Partícipe pode denunciar o convênio:
P: É possível a denúncia do convênio?
R: Sim, o partícipe pode denunciar o convênio, o que significa retirar-se do convênio quando quiser, sem que seja gerada qualquer conseqüência para ele (Princípio do Informalismo).
P: O que acontece se o convenente for restringido de denunciar o acordo?
R: Não é possível a inserção de cláusulas no convênio que não permitam o exercício do direito de denúncia. Eventual cláusula nesse sentido será tida como não escrita.
Fundamento: artigo 116, Lei 8666/93, parágrafo 6º: possibilidade de denunciar o convênio, mas haverá manutenção de algumas responsabilidades.
Lei 8.666, Art. 116, § 6o  Quando da conclusão, denúncia, rescisão ou extinção do convênio, acordo ou ajuste, os saldos financeiros remanescentes, inclusive os provenientes das receitas obtidas das aplicações financeiras realizadas, serão devolvidos à entidade ou órgão repassador dos recursos, no prazo improrrogável de 30 (trinta) dias do evento, sob pena da imediata instauração de tomada de contas especial do responsável, providenciada pela autoridade competente do órgão ou entidade titular dos recursos. 
Possibilidade de inclusão de novos partícipes no ajuste:
Essa inclusão, contudo, depende de previsão no termo de convênio. Se não houver nenhuma disposição nesse sentido no termo de convênio deve ser entendida como proibida a participação de eventuais interessados.
Esses novos partícipes devem ter o mesmo interesse dos demais, que já se encontram no acordo.
No convênio se busca o atendimento do interesse público:
O interesse público pode ser representado por obra, serviço, etc.
Quando o convênio é celebrado com uma entidade particular, acaba por atender ao interesse particular, mas há de prevalecer o interesse público.
A formalização do convênio se dá por meio de termo de convênio:
O termo de convênio também é conhecido como convênio ou termos de cooperação.
Desnecessidade de autorização administrativa para celebrar convênio:
Por muito tempo entendeu-se ser necessária autorização legislativa para celebrar convênio, porém, o STF já controlou esta questão em várias ações diretas (ADI 342; ADI 1166) e chegou à conclusão de que não é necessária autorização legislativa para celebração destes ajustes. 
Fundamento do STF: Princípio da Independência e Harmonia entre os Poderes.
EMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. ART. 60, XXVI, DA LEI ORGÂNICA DO DISTRITO FEDERAL. ALEGADA INCOMPATIBILIDADE COM OS ARTS. 18, E 25 A 28, TODOS DA CARTA DA REPÚBLICA. Dispositivo que, ao submeter à Câmara Legislativa distrital a autorização ou aprovação de convênios, acordos ou contratos de que resultem encargos não previstos na lei orçamentária, contraria a separação de poderes, inscrita no art. 2.º da Constituição Federal. Precedentes. Ação julgada procedente.
(ADI 1166, Relator(a):  Min. ILMAR GALVÃO, Tribunal Pleno, julgado em 05/09/2002, DJ 25-10-2002 PP-00024 EMENT VOL-02088-01 PP-00111) 
Observação 1: será necessária autorização legislativa quando o convênio depender de repasse de verba orçamentária que não esteja prevista na Lei Orçamentária.
Entretanto, Diógenes Gasparini entende, com fundamento no artigo 116, parágrafo 2º, Lei 8666/93, que não é necessária nem autorização nem aprovação legislativa.
Para celebrar convênio não é necessária licitação prévia:
Este é o entendimento da doutrina, pois a idéia dos convênios é atingir um fim comum, não se relacionando com competitividade.
Nesse sentido, STF: Informativo 387.
Convênio e Dispensa de Licitação
O Tribunal absolveu deputado federal e outros denunciados pela suposta prática de crimes contra a Administração Pública (art. 89 da Lei 8.666/93, art. 1º, II e XIII do DL 201/67 c/c arts. 29, 69 e 71 do CP), consistentes na celebração de contratos - sob a denominação de convênios - entre a Companhia de Desenvolvimento de Curitiba - CIC e a FUNDACEN - Fundação Instituto Tecnológico e Industrial do Município de Araucária, sem o devido processo licitatório, e sem observar as formalidades pertinentes à dispensa, e por meio dos quais teria havido contratação indevida de pessoas, em ofensa ao inciso II do art. 37 da CF. Inicialmente, rejeitou-se, por maioria, a questão de ordem suscitada pelo Min. Marco Aurélio quanto à inviabilidade do inquérito, em razão de a apuração dos fatos se ter dado a partir de uma carta anônima. Entendeu-se que, no caso, havia outros elementos concretos a dar suporte à investigação, os quais prescindiriam da existência da carta apócrifa. Afastou-se, também, a alegação de que a denúncia seria nula por se fundar em elementos ilegaLmente colhidos pelo Ministério Público. Considerou-se que o parquet não realizara, diretamente, as investigações, eis que encaminhara à autoridade policial a denúncia anônima recebida, requerendo, na oportunidade, a abertura do inquérito penal. Asseverou-se, também, estar-se diante de inquérito civil, por se cuidar, na espécie, de dano ao erário. No mérito, concluiu-se pela atipicidade da conduta, já que configurada hipótese de convênio, sendo dispensável a licitação, uma vez que as contratantes possuem objetivos institucionais comuns, e o ajuste firmado, que trata de mútua colaboração, está de acordo com as características das partes, com a finalidade de cunho social almejada, não havendo contraposição de interesses, nem preço estipulado. Salientou-se, ainda, o fato de o ajuste ter sido celebrado com instituição a que se refere o art. 24, XIII, da Lei 8.666/93, visto que a FUNDACEN é brasileira, não tem fins lucrativos e se destina à pesquisa, ao ensino e ao desenvolvimento científico e tecnológico (Lei 8.666/93, art. 24: "É dispensável a licitação:... XIII - na contratação de instituição brasileira incumbida regimental ou estatutariamente da pesquisa, do ensino ou do desenvolvimento institucional, ou de instituição dedicada à recuperação social do preso, desde que a contratada detenha inquestionável reputação ético-profissional e não tenha fins lucrativos;"). Ressaltou-se, por fim, ter sido referida instituição declarada de utilidade pública federal pelo Ministério da Justiça.
Inq 1957/PR, rel. Min. Carlos Velloso, 11.5.2005. (Inq-1957)
Observação.: CABM defende que, se o convênio for celebrado com entidade privada, deveria ser realizada licitação, a fim de garantir o Princípio daIgualdade ou Isonomia, mesmo que esta entidade não seja dotada de fins lucrativos.
Cooperação mútua:
Palavra-chave quando se trata de convênio.
P: O ajuste celebrado entre os convenentes forma uma pessoa com personalidade jurídica própria (novo ente)?
Corrente 1: Diogo de Figueiredo Moreira Neto entende que há a formação de um novo ente.
Corrente 2: HLM, Diógenes Gasparini, José dos Santos Carvalho Filho, Maria Sylvia di Pietro acreditam que não há formação de uma nova pessoa jurídica. A fim de comprovar isto, o fato de, em caso de prejuízo, cada partícipe responder de acordo com sua participação, não havendo falar-se em responsabilidade do ente que surge com o convênio.
 Não há, em regra, prazo de duração:
Na prática, porém, já ocorreram convênios com prazo.
Plano de trabalho:
Prevê as regras aplicáveis na realização destes convênios.
Artigo 116, parágrafo 1º, Lei 8666/93.
O plano de trabalho serve para controle da Administração, seja controle interno ou externo, realizado pelo Tribunal de Contas.
Contrato Administrativo X Convênio
	Contrato administrativo
	Convênio
	Vínculo jurídico.
	Vínculo jurídico.
	Interesses opostos.
	Interesses comuns.
	Lucro.
	Cooperação.
	Vínculo mais rígido.
	Vínculo menos rígido.
 
CONSÓRCIOS ADMINISTRATIVOS
Tudo que foi estudado com relação aos convênios vale para os consórcios administrativos. Os consórcios administrativos, porém, possuem algumas peculiaridades.
	Convênios
	Antigos consórcios administrativos
	Partícipes de qualquer espécie, ainda que diferentes.
	Os partícipes são da mesma espécie.
Ex.: consórcio entre 2 Estados.
	Não exige estrutura administrativa própria.
	Exige uma estrutura administrativa, composta por Conselho Fiscal, Conselho Consultivo, Autoridade Executiva.
CONSÓRCIOS PÚBLICOS - LEI 11107/05.
Quando se trata de consórcios públicos deve se lembrar dos seguintes termos:
Gestão associada; 
Cooperação.
Os consórcios públicos apenas podem ser celebrados entre entes políticos.
Consórcios Públicos X Convênios e Antigos Consórcios 
Todos possuem um fim comum.
Nos consórcios públicos, porém, há a formação de uma pessoa jurídica, enquanto nos convênios e nos antigos consórcios não há formação de pessoa jurídica.
Lei 11.107, Art. 1o Esta Lei dispõe sobre normas gerais para a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios contratarem consórcios públicos para a realização de objetivos de interesse comum e dá outras providências.
§ 1o O consórcio público constituirá associação pública ou pessoa jurídica de direito privado.
Art. 41. São pessoas jurídicas de direito público interno:
IV - as autarquias, inclusive as associações públicas; (Redação dada pela Lei nº 11.107, de 2005)
Os entes políticos que se reúnem para a celebração do consórcio público devem realizar o denominado PROTOCOLO DE INTENÇÕES (artigos 3º e 4º, Lei 11107/05).
Lei 11.107, Art. 3o O consórcio público será constituído por contrato cuja celebração dependerá da prévia subscrição de protocolo de intenções.
O protocolo de intenções traz as regras atinentes à pessoa jurídica que se forma com o consórcio público: prazo, finalidade, sede, consorciados, administradores do consórcio (Assembléia Geral).
Celebrado o protocolo de intenções entre as partes, passa-se a uma segunda etapa, qual seja: ratificação, por lei, do protocolo (ato de governo, pois há conjugação de vontade dos entes consorciados, que compõem a Administração e do Poder Legislativo).
EXCEÇÃO (caso em que não será necessária a ratificação): parágrafo 4º do artigo 5º da Lei 11107/05: quando houver lei anterior que permita que o ente celebre o consórcio público.
Lei 11.107, Art. 5o O contrato de consórcio público será celebrado com a ratificação, mediante lei, do protocolo de intenções.
        § 1o O contrato de consórcio público, caso assim preveja cláusula, pode ser celebrado por apenas 1 (uma) parcela dos entes da Federação que subscreveram o protocolo de intenções.
        § 2o A ratificação pode ser realizada com reserva que, aceita pelos demais entes subscritores, implicará consorciamento parcial ou condicional.
        § 3o A ratificação realizada após 2 (dois) anos da subscrição do protocolo de intenções dependerá de homologação da assembléia geral do consórcio público.
        § 4o É dispensado da ratificação prevista no caput deste artigo o ente da Federação que, antes de subscrever o protocolo de intenções, disciplinar por lei a sua participação no consórcio público.
NATUREZA JURÍDICA DOS CONSÓRCIOS PÚBLICOS
Para José dos Santos Carvalho Filho, o consórcio público é negócio jurídico plurilateral de Direito Público. Trata-se de negócio jurídico porque diz respeito a manifestação de vontade entre os interessados para atingir objetivo comum. É Plurilateral porque existem vários pactuantes e, por fim, normalmente são regras de Direito Público que norteiam o ajuste denominado consórcio público.
A Lei 11107/05, entretanto, nos artigos 1º, caput e 3º utiliza-se da expressão “contratação de consórcio público”. José dos Santos Carvalho Filho defende que se trata de impropriedade técnica.
Ao definir consórcio público, CABM utiliza-se da expressão contratos.
PERSONALIDADE JURÍDICA DOS CONSÓRCIOS PÚBLICOS
A personalidade jurídica dos consórcios públicos pode ser de Direito Público ou de Direito Privado (artigo 6º, I e II, Lei 11107/05).
Art. 6o O consórcio público adquirirá personalidade jurídica:
I – de direito público, no caso de constituir associação pública, mediante a vigência das leis de ratificação do protocolo de intenções;
II – de direito privado, mediante o atendimento dos requisitos da legislação civil.
§ 1o O consórcio público com personalidade jurídica de direito público integra a administração indireta de todos os entes da Federação consorciados.
§ 2o No caso de se revestir de personalidade jurídica de direito privado, o consórcio público observará as normas de direito público no que concerne à realização de licitação, celebração de contratos, prestação de contas e admissão de pessoal, que será regido pela Consolidação das Leis do Trabalho - CLT.
Se a personalidade jurídica for de Direito Público, constituir-se-á uma associação pública, que integrará a Administração Pública Indireta (artigo 6º, parágrafo 1º, Lei 11107/05).
Entretanto, se a personalidade for de Direito Privado, a Lei não define se o consórcio integrará ou não a Administração Pública Indireta. Surgem, então, diversas correntes:
Para José dos Santos Carvalho Filho, Diógenes Gasparini e Maria Sylvia, se o consórcio público for de personalidade de Direito Privado, integrará a Administração Indireta, tratando-se apenas de descentralização administrativa.
Corrente majoritária.
Para CABM, os consórcios com personalidade jurídica de Direito Privado também integram a Administração Indireta, visto que são empresas públicas.
Odete Medauar e Gustavo Justino de Oliveira entendem que quando os consórcios públicos não integrarão a Administração Indireta quando se tratarem de pessoas jurídicas de Direito Privado.
Sempre que o consórcio tiver personalidade jurídica de Direito Privado, as regras que sobre ele versam serão de regime híbrido: quanto a alguns assuntos incidirão normas de Direito Público, ao passo que, com relação a outros, continuam a viger as de Direito Privado (artigo 6º, parágrafo 2º, Lei 11107/05).
CONSIDERAÇÕES SOBRE OS CONSÓRCIOS PÚBLICOS
Formação de pessoa jurídica:
Tendo em vista que o consórcio possui personalidade jurídica, este pode celebrar contratos, convênios, consórcios.
Os consórcios recebem subvenção, auxílios, contribuições sociais e econômicas (artigo 2º, parágrafo 1º, I).
Possibilidade de promover desapropriações e instituir servidões.
Vale lembrar que a competência para emitir decreto expropriatório é apenas do chefe do Poder Executivo.
Possibilidade de emitir papéis de cobrança.
 Possibilidade de fazer concessão, permissão e autorização (artigo 2º, parágrafo 3º) de serviço público.Artigo 175, CF: trata apenas de concessão e permissão, não abrangendo a autorização.
Art. 175. Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, sempre através de licitação, a prestação de serviços públicos.
 
CABM entende que a autorização é vedada, pois trata-se de ato unilateral com finalidade particular e, demais disso, não consta da CF/88. Trata-se, portanto, de uma impropriedade técnica do artigo 2º, parágrafo 3º da Lei 11.107/05.
Lei 11.107, Art. 2o Os objetivos dos consórcios públicos serão determinados pelos entes da Federação que se consorciarem, observados os limites constitucionais.
§ 1o Para o cumprimento de seus objetivos, o consórcio público poderá:
I – firmar convênios, contratos, acordos de qualquer natureza, receber auxílios, contribuições e subvenções sociais ou econômicas de outras entidades e órgãos do governo;
II – nos termos do contrato de consórcio de direito público, promover desapropriações e instituir servidões nos termos de declaração de utilidade ou necessidade pública, ou interesse social, realizada pelo Poder Público; e
III – ser contratado pela administração direta ou indireta dos entes da Federação consorciados, dispensada a licitação.
§ 2o Os consórcios públicos poderão emitir documentos de cobrança e exercer atividades de arrecadação de tarifas e outros preços públicos pela prestação de serviços ou pelo uso ou outorga de uso de bens públicos por eles administrados ou, mediante autorização específica, pelo ente da Federação consorciado.
§ 3o Os consórcios públicos poderão outorgar concessão, permissão ou autorização de obras ou serviços públicos mediante autorização prevista no contrato de consórcio público, que deverá indicar de forma específica o objeto da concessão, permissão ou autorização e as condições a que deverá atender, observada a legislação de normas gerais em vigor.
Necessidade de fiscalização dos consórcios públicos pelo Tribunal de Contas (artigo 9º, parágrafo único).
Lei 11107/05 realizou duas modificações na Lei de Improbidade Administrativa (incisos XIV e XV do artigo 10) para acrescentar atos relacionados aos consórcios públicos como atos de improbidade, por causar dano ao Erário.
Maria Sylvia entende que a Lei não pode considerar essas duas hipóteses como improbidade administrativa, pois estes atos não causam efetivamente dano ao Erário. A crítica baseia-se na necessidade de dano efetivo e na desnecessidade de se prever esta hipótese de improbidade administrativa envolvendo consórcio.
Seção II
Dos Atos de Improbidade Administrativa que Causam Prejuízo ao Erário
Art. 10. Constitui ato de improbidade administrativa que causa lesão ao erário qualquer ação ou omissão, dolosa ou culposa, que enseje perda patrimonial, desvio, apropriação, malbaratamento ou dilapidação dos bens ou haveres das entidades referidas no art. 1º desta lei, e notadamente:
XIV – celebrar contrato ou outro instrumento que tenha por objeto a prestação de serviços públicos por meio da gestão associada sem observar as formalidades previstas na lei; (Incluído pela Lei nº 11.107, de 2005)
XV – celebrar contrato de rateio de consórcio público sem suficiente e prévia dotação orçamentária, ou sem observar as formalidades previstas na lei. (Incluído pela Lei nº 11.107, de 2005)
Licitação nos consórcios públicos:
O artigo 23, Lei 8666/93 fixa os valores para as contratações. A Lei determina que, se o consórcio público tiver até 3 entes, cada modalidade terá o dobro do valor para ela fixado. Em havendo mais de 3 entes, o valor será triplicado.
Lei 8.666/93 Art. 23.  As modalidades de licitação a que se referem os incisos I a III do artigo anterior serão determinadas em função dos seguintes limites, tendo em vista o valor estimado da contratação: 
I - para obras e serviços de engenharia: 
a) convite - até R$ 150.000,00 (cento e cinqüenta mil reais); 
b) tomada de preços - até R$ 1.500.000,00 (um milhão e quinhentos mil reais);  
c) concorrência: acima de R$ 1.500.000,00 (um milhão e quinhentos mil reais); 
II - para compras e serviços não referidos no inciso anterior: 
a) convite - até R$ 80.000,00 (oitenta mil reais);  
b) tomada de preços - até R$ 650.000,00 (seiscentos e cinqüenta mil reais);  
c) concorrência - acima de R$ 650.000,00 (seiscentos e cinqüenta mil reais).  
§ 8o No caso de consórcios públicos, aplicar-se-á o dobro dos valores mencionados no caput deste artigo quando formado por até 3 (três) entes da Federação, e o triplo, quando formado por maior número. (Incluído pela Lei nº 11.107, de 2005)
Dispensa de licitação (artigo 24, parágrafo único, Lei 8666/93). O percentual de 10% de dispensa é elevado para 20% no caso de consórcios públicos. Já CABM entende que não é necessária licitação nos consórcios públicos.
Lei 8.666/93 Art. 24.  É dispensável a licitação: 
Parágrafo único. Os percentuais referidos nos incisos I e II do caput deste artigo serão 20% (vinte por cento) para compras, obras e serviços contratados por consórcios públicos, sociedade de economia mista, empresa pública e por autarquia ou fundação qualificadas, na forma da lei, como Agências Executivas. (Redação dada pela Lei nº 11.107, de 2005)
Com a Lei 11107/05 surgiram as figuras dos denominados contrato de programa (artigo 13, parágrafo 2º) e do contrato de rateio (artigo 8º).
Lei 11.107/05, Art. 13. Deverão ser constituídas e reguladas por contrato de programa, como condição de sua validade, as obrigações que um ente da Federação constituir para com outro ente da Federação ou para com consórcio público no âmbito de gestão associada em que haja a prestação de serviços públicos ou a transferência total ou parcial de encargos, serviços, pessoal ou de bens necessários à continuidade dos serviços transferidos.
        § 2o No caso de a gestão associada originar a transferência total ou parcial de encargos, serviços, pessoal e bens essenciais à continuidade dos serviços transferidos, o contrato de programa, sob pena de nulidade, deverá conter cláusulas que estabeleçam:
Lei 11.107/05, Art. 8o Os entes consorciados somente entregarão recursos ao consórcio público mediante contrato de rateio.
§ 1o O contrato de rateio será formalizado em cada exercício financeiro e seu prazo de vigência não será superior ao das dotações que o suportam, com exceção dos contratos que tenham por objeto exclusivamente projetos consistentes em programas e ações contemplados em plano plurianual ou a gestão associada de serviços públicos custeados por tarifas ou outros preços públicos.
§ 2o É vedada a aplicação dos recursos entregues por meio de contrato de rateio para o atendimento de despesas genéricas, inclusive transferências ou operações de crédito.
§ 3o Os entes consorciados, isolados ou em conjunto, bem como o consórcio público, são partes legítimas para exigir o cumprimento das obrigações previstas no contrato de rateio.
§ 4o Com o objetivo de permitir o atendimento dos dispositivos da Lei Complementar no 101, de 4 de maio de 2000, o consórcio público deve fornecer as informações necessárias para que sejam consolidadas, nas contas dos entes consorciados, todas as despesas realizadas com os recursos entregues em virtude de contrato de rateio, de forma que possam ser contabilizadas nas contas de cada ente da Federação na conformidade dos elementos econômicos e das atividades ou projetos atendidos.
§ 5o Poderá ser excluído do consórcio público, após prévia suspensão, o ente consorciado que não consignar, em sua lei orçamentária ou em créditos adicionais, as dotações suficientes para suportar as despesas assumidas por meio de contrato de rateio.

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