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Capítulo 1 - Terminologia básica dos movimentos

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Prévia do material em texto

Hamill, Joseph, 1946- - Bases biomecânicas do movimento humano. São 
Paulo: Editora Manole, 1999. Capítulo 1, p. 2-35. 
 
Notas prévias: 
Produzido pelos Serviços de Biblioteca, Informação Documental e Museologia 
da Universidade de Aveiro. 
Organização da paginação: topo da página, entre parêntesis retos. 
 
[2] 
 
Capítulo 1 Terminologia Básica dos Movimentos 
I. Introdução 
II. Áreas Centrais de Estudo 
A. Biomecânica versus Cinesiologia 
B. Anatomia versus Anatomia Funcional 
C. Movimento Linear versus Angular 
D. Cinemática versus Cinética 
E. Estática versus Dinâmica 
III. Termos Anatómicos que Descrevem os Movimentos 
A. Nomes dos Segmentos 
1. cabeça, pescoço, tronco 
2. braço, antebraço, mão 
3. coxa, perna, pé 
B. Termos Anatómicos 
1. posição inicial fundamental versus anatómica 
2. medial versus lateral 
3. proximal versus distal 
4. superior versus inferior 
5. anterior versus posterior 
6. ventral versus dorsal 
7. ipsolateral versus contralateral 
C. Descrição dos Movimentos 
1. movimentos básicos 
a) flexão, extensão 
b) abdução, adução 
c) rotação medial, lateral 
2. termos especializados para descrever movimentos 
a) flexão lateral direita/esquerda 
b) abdução, adução horizontal 
c) supinação, pronação 
d) flexão radial, ulnar 
e) flexão plantar, dorsiflexão 
f) inversão, eversão 
g) circundução 
IV. Sistemas de Referência 
A. Relativo versus Absoluto 
B. Planos/Eixos 
1. grau de liberdade 
V. Exemplos de Características do Movimento Articular 
A. Exemplos de Movimentos Articulares Simples 
1. movimento passivo versus ativo 
2. posição versus movimento articular 
3. exemplo do movimento do antebraço 
4. exemplo do movimento do braço 
B. Exemplos de Movimentos Articulares Múltiplos 
1. levantamento de peso - exemplo do agachamento 
2. exemplo de propulsão na cadeira de rodas 
3. exemplo de salto carpado 
4. exemplo de lançamento no beisebol 
VI. Resumo do Capítulo 
 
[3] 
 
Objetivos do Estudante 
1. Definir mecânica, biomecânica e cinesiologia e diferenciar seus usos na 
análise do movimento humano. 
2. Definir e dar exemplos de movimento linear e angular. 
3. Definir cinemática e cinética. 
4. Explicar a diferença entre um sistema de referência relativo e absoluto. 
5. Definir plano sagital, frontal e transverso e sua correspondência com os 
eixos frontal, sagital e longitudinal. Dar exemplos de movimentos humanos que 
ocorrem em cada plano. 
6. Explicar "grau de liberdade" e dar exemplos de graus de liberdade 
associados com várias articulações do corpo. 
7. Descrever a localização de segmentos ou pontos de referência usando 
termos anatómicos corretos como medial, lateral, proximal e distal. 
8. Identificar segmentos por seu nome correto, definir todos os termos que 
descrevem o movimento dos segmentos e dar exemplos específicos no corpo. 
9. Descrever os movimentos segmentares que ocorrem em uma atividade 
multiarticular ou prática esportiva. 
Introdução 
 Para iniciar ou rever o estudo de cinesiologia e biomecânica usando este 
livro-texto é necessário ter mente aberta. Lembre-se que o movimento humano 
é o tema e o enfoque do estudo tanto da biomecânica como da cinesiologia. 
Uma compreensão minuciosa dos vários aspectos do movimento humano 
facilitará o ensino, trará êxito ao técnico esportivo, propiciará uma terapia mais 
bem observada, uma prescrição de exercícios mais consciente e, talvez, novas 
idéias para pesquisar. O movimento é usado para interagir com o ambiente, 
seja simplesmente para dar uma volta no parque, fortalecer os músculos em 
uma mesa de musculação, competir em salto em altura nos jogos estudantis ou 
para alongar ou reabilitar uma articulação que foi lesada. O movimento, ou 
mobilidade, envolve uma mudança de local, posição ou postura com relação a 
algum ponto do ambiente. 
 Este livro-texto enfoca o desenvolvimento de conhecimento na área de 
movimento humano para sentir-se confortável na observação do movimento 
humano e solucionar problemas relacionados a ele. Existem muitas 
abordagens diferentes para estudar o movimento, como observar o movimento 
usando somente o olho humano, ou colhendo dados sobre parâmetros de 
movimento usando equipamento de laboratório. Observadores diferentes de 
certas atividades têm também questões diferentes: um técnico pode estar 
interessado no resultado final de um saque no jogo de ténis, enquanto um 
terapeuta pode estar interessado em identificar onde, durante o saque, o atleta 
está sobrecarregando o cotovelo medialmente e provocando aquela tendinite. 
Algumas aplicações de biomecânica e cinesiologia somente exigirão uma visão 
superficial do movimento, como na inspeção visual da posição do antebraço 
numa tacada de bilhar. Outras aplicações, como ao avaliar as forças aplicadas 
pela mão no basquete durante o arremesso, irão requerer algum conhecimento 
avançado e uso de equipamentos e técnicas sofisticados. 
 Um equipamento elaborado não é necessário para aplicar a matéria deste 
livro, mas será necessário para compreender e interpretar exemplos numéricos 
coletados usando esses instrumentos sofisticados. Haverá exemplos 
qualitativos neste texto em que as características do movimento serão 
descritas. Uma análise qualitativa é uma avaliação não numérica do movimento 
baseada na observação direta. Esses exemplos podem ser aplicados 
diretamente em uma situação particular de movimento usando observação 
visual ou vídeo. 
 Neste livro apresentaremos também informações quantitativas. Uma 
análise quantitativa é uma avaliação numérica do movimento baseada em 
dados coletados durante o desempenho. 
 
[4] 
 
Por exemplo, podem ser apresentadas características do movimento para 
descrever as forças, ou os componentes temporais e espaciais da atividade. A 
aplicação desse material na prática diária, como no ensino de uma habilidade 
esportiva, é mais difícil, já que é mais abstrato e geralmente não pode ser 
observado visualmente. Contudo, a informação quantitativa é muito importante 
porque dá embasamento ao que é observado visualmente em uma análise 
qualitativa. Serve também para direcionar a técnica de instrução já que uma 
análise quantitativa identifica a fonte de um movimento. Por exemplo, um 
mortal com apoio para frente pode ser avaliado qualitativamente pela 
observação visual enfocando aspectos do tipo se as pernas estão unidas e 
retas, se a coluna está arqueada, se a aterrissagem é sólida e se o movimento 
é rápido ou lento. Mas é por meio da análise quantitativa que a fonte de 
movimento, a magnitude do torque gerado sobre o solo e o centro de gravidade 
podem ser identificados. O torque não pode ser observado qualitativamente, 
mas saber que ele é a fonte de movimento ajudará a analisar qualitativamente 
os efeitos do torque, o sucesso do mortal com apoio para frente. 
 Este capítulo irá introduzir a terminologia que será usada numerosas 
vezes ao longo do livro. O capítulo começará definindo e introduzindo as várias 
áreas de estudo para análise do movimento. Essa será a exposição inicial das 
áreas que serão apresentadas com muito maior profundidade mais à frente. 
Em seguida, este capítulo estabelecerá um vocabulário de trabalho para 
descrição dos movimentos apresentando sistemas de referência, termos 
descritivos anatómicos, nomes dos segmentos e nomes para todos os 
movimentos importantes do corpo. No final do capítulo, você será capaz de 
descrever um movimento ou habilidade usando terminologia e referências 
anatómicas corretas. Serão apresentados numerosos exemplos para ajudá-lo. 
 Por exemplo, uma atividade locomotora comum como o andar pode ser 
estudada usando diferentes abordagens. Na prescrição de exercícios pode ser 
importante saber quando e quais músculos são usados ao andar. Pode 
também ser importante compreender as mudanças no uso dos músculos que 
ocorrem quando um indivíduo caminha subindo ou descendo uma rampaou 
caminha com pesos nos tornozelos. Para ensinar educação física, pode ser 
importante compreender a sequência de movimentos articulares que 
compreendem o padrão do andar de modo que este possa ser enfatizado para 
os estudantes com comprometimentos no desenvolvimento. Também, a 
simples atividade de andar poderá ser incluída no currículo, e, então, uma 
compreensão minuciosa das sequências articulares será útil. Além disso, 
compreender os conceitos básicos de força e sua relação com a caminhada dá 
embasamento sobre os benefícios de usar essa atividade em vez da corrida, 
como atividade física, já que andar reduz pela metade as forças que podem 
causar lesão. Um fisioterapeuta poderá enfocar um aspecto completamente 
diferente do andar, concentrando-se na articulação lesada. Por exemplo, a 
articulação do quadril poderá estar criando um padrão anormal da caminhada, 
fazendo o indivíduo "mancar". Sabendo disso, o enfoque poderá ser mudado 
para o desenvolvimento de força e flexibilidade ao redor da articulação do 
quadril de modo que o indivíduo possa recuperar um padrão normal da 
caminhada. Por fim, um pesquisador pode interessar-se em medir o andar para 
avaliar as forças sobre os pés, forças nas articulações, forças musculares 
envolvidas nos padrões de movimento da caminhada, e medir as velocidades 
do corpo e dos membros. Essas medidas de pesquisa podem servir propósitos 
como a elaboração de um novo calçado para caminhadas, avaliação de um 
membro artificial ou descrição da eficiência de vários padrões da caminhada. 
Este livro-texto irá explorar as ferramentas que podem ser usadas para 
conduzir e compreender todas essas avaliações de movimento. 
Áreas Centrais de Estudo 
Biomecânica versus Cinesiologia 
 Entre as pessoas que estudam o movimento humano, com frequência não 
há acordo sobre o uso dos termos "cinesiologia" e "biomecânica". A palavra 
"cinesiologia" pode ser usada de duas maneiras. Primeiro, cinesiologia é o 
estudo científico do movimento humano, e pode ser um termo genérico usado 
para descrever qualquer forma de avaliação anatómica, fisiológica, psicológica 
ou mecânica do movimento humano. Um segundo uso do termo é descrever o 
conteúdo de uma matéria em que o movimento humano é avaliado pelo exame 
de sua fonte e características. Consequentemente, "cinesiologia" tem sido 
usada por várias disciplinas para descrever muitas áreas com conteúdos 
diferentes. Alguns departamentos de educação física têm ido além, dando o 
nome de cinesiologia ao próprio departamento. A matéria cinesiologia pode 
consistir, primariamente, de anatomia funcional em uma universidade e ser 
estritamente biomecânica em outra. 
 Historicamente, o curso de cinesiologia tem sido parte do currículo das 
faculdades desde que tem existido programas de educação física. A matéria 
originalmente enfocava o sistema músculo-esquelético, eficiência dos 
movimentos de um ponto de vista anatómico, e ações articulares e musculares 
durante movimentos simples e complexos. Uma atividade típica dos estudantes 
no curso de cinesiologia era identificar fases separadas em uma atividade, 
descrever os movimentos segmentares que ocorriam em cada fase, e então 
identificar os principais músculos que contribuíam em cada movimento 
articular. Assim, quando alguém fazia uma análise cinesiológica do movimento 
de levantar de uma cadeira, os movimentos identificados eram extensão de 
quadril, extensão de joelho e flexão plantar por meio dos grupos musculares 
dos isquiotibiais, quadríceps femoral e tríceps sural, respectivamente. 
 
[5] 
 
A maioria das análises cinesiológicas é considerada qualitativa porque envolve 
a observação de um movimento, a quebra em partes das habilidades e a 
identificação das contribuições musculares para os movimentos. 
 O conteúdo do estudo da cinesiologia é geralmente incorporado em 
muitos cursos de biomecânica, e é usado como precursor para a introdução do 
conteúdo biomecânico mais quantitativo. Neste livro, a biomecânica será usada 
como termo auxiliar para descrever o conteúdo já coberto nos cursos de 
cinesiologia, assim como o conteúdo desenvolvido como resultado do 
crescimento da área de biomecânica (FIGURA 1-1). 
 Nas décadas de 1960 e 1970 a biomecânica estava sendo desenvolvida 
como uma área de estudo dentro dos currículos de graduação e pós-graduação 
nos Estados Unidos. O conteúdo da biomecânica era extraído de uma área da 
física, a mecânica, estudo do movimento e efeito das forças sobre um objeto. A 
mecânica é usada por engenheiros para elaborar e construir estruturas, como 
pontes, ou máquinas, como aviões, já que fornece as ferramentas para analisar 
a força das estruturas e os modos de prever e medir o movimento de uma 
máquina. Foi uma transição natural usar as ferramentas da mecânica e aplicá-
las nos organismos vivos. Assim desenvolveu-se a biomecânica, o estudo da 
aplicação da mecânica aos sistemas biológicos. 
 A biomecânica avalia o movimento de um organismo vivo e o efeito da 
força - seja empurrando ou tracionando - sobre esse organismo. A abordagem 
biomecânica para análise dos movimentos pode ser qualitativa, com o 
movimento observado e descrito, ou quantitativa, significando que está sendo 
feita alguma medida do movimento. O uso do termo "biomecânica" neste livro 
irá incorporar componentes qualitativos assim como uma abordagem 
quantitativa mais específica em que as características de movimento de um 
humano ou um objeto serão descritas usando parâmetros do tipo velocidade e 
direção, a quantidade de movimento que é criada pela aplicação das forças 
dentro e fora do corpo, e as posições e ações corporais ideais para 
movimentos eficientes e efetivos em humanos ou objetos. Para avaliar 
biomecanicamente o movimento de levantar-se de uma cadeira, por exemplo, 
pode-se tentar medir e identificar as forças articulares que agem no quadril, 
joelho e tornozelo, assim como a força entre o pé e o solo, tudo isso 
interagindo para produzir o movimento de levantar-se da cadeira. Os 
componentes de uma análise de movimento biomecânica e cinesiológica estão 
apresentados na FIGURA 1-1. Vamos examinar alguns desses componentes 
individualmente. No final do capítulo há um glossário dos termos usados na 
análise dos movimentos. 
Anatomia versus Anatomia Funcional 
 Anatomia, ciência da estrutura do corpo, é a base da pirâmide a partir da 
qual se desenvolve o conhecimento sobre o movimento humano. É muito útil 
desenvolver uma forte compreensão da anatomia regional geral de modo que 
em uma região específica, como o ombro, possam ser identificados os ossos, a 
localização dos músculos, sua inervação, seu suprimento sanguíneo e outras 
estruturas significantes, como os ligamentos. O conhecimento da anatomia 
pode ser de grande utilidade quando, por exemplo, tenta-se avaliar uma lesão. 
 
Nota do revisor: a seguir apresenta-se a FIGURA 1-1 cuja legenda é: Tipos de 
análises do movimento. O movimento pode ser analisado avaliando as 
contribuições anatômicas para o movimento (anatomia funcional), descrevendo 
as características de movimento (cinemática) ou determinando a causa do 
movimento (cinética). 
 
 
[6] 
 
Digamos que o paciente sente dor na parte interna do cotovelo. Usando um 
conhecimento de anatomia, o epicôndilo medial do úmero poderá ser 
identificado como a estrutura óssea proeminente no cotovelo medial. Deve-se 
também saber que os músculos que flexionam a mão e os dedos em direção 
ao antebraço inserem-se nesse epicôndilo. Assim, a familiaridade com a 
anatomia pode levar ao diagnóstico de epicondilite medial, possivelmente 
causada por uso excessivo dos músculos flexores da mão. 
 Anatomia funcional é o estudo dos componentes do corpo necessários 
para obter ou desempenhar um movimento ou função humana. Usando a 
anatomia funcional para analisar um levantamento de haltere lateralmente com 
o braço, os músculos deltóide,trapézio, levantador da escápula, rombóide e 
supra-espinhoso são identificados como participantes da rotação para cima e 
elevação da cintura escapular assim como da abdução do braço. O 
conhecimento da anatomia funcional é útil em uma variedade de situações para 
criar um programa de exercícios ou treino com pesos, avaliar o potencial de 
lesão em um movimento ou atividade esportiva, ou quando são estabelecidas 
técnicas de treinamento e atividades para atletas. A primeira coisa a considerar 
sob uma perspectiva da anatomia funcional não é a localização do músculo, 
mas o movimento produzido pelo músculo ou grupo muscular. 
Movimento Linear versus Angular 
 Ao observar o movimento humano ou um objeto sendo movido por um ser 
humano, dois tipos diferentes de movimento estão presentes. Primeiro seu 
movimento linear, geralmente chamado movimento de translação, que é o 
movimento ao longo de uma via curva ou reta. Exemplos que mostram 
somente o movimento linear na atividade são o exame da velocidade de um 
corredor velocista, a trajetória de uma bola de beisebol, o movimento da barra 
em um supino ou o movimento do pé durante um "chute sem pulo" no futebol 
americano. O enfoque dessas atividades é a direção, trajetória e velocidade do 
movimento do corpo ou objeto. A FIGURA 1-2 ilustra dois pontos focais 
diferentes para uma análise de movimento linear. 
 O centro da massa do corpo, segmento ou objeto é geralmente o ponto 
monitorado em uma análise linear (veja FIGURA 1-2). O centro da massa é o 
ponto sobre o qual a massa do objeto fica equilibrada, e representa o ponto 
onde o efeito total da gravidade age sobre o objeto. Contudo, qualquer ponto 
pode ser selecionado e avaliado em relação às características de movimentos 
lineares. Na análise de habilidade, por exemplo, é geralmente muito útil 
monitorar o movimento a partir do topo da cabeça para obter uma indicação de 
certos movimentos do tronco. Um exame da cabeça durante a corrida é um 
bom exemplo. A cabeça move-se para cima e para baixo? De um lado para 
outro? Se isso ocorre, é uma indicação que a massa central do corpo está 
movendo-se também nessas direções. A trajetória da mão ou raquete é muito 
importante em esportes de lançamento ou raquete, sendo útil monitorar 
visualmente o movimento linear da mão ou raquete por meio da execução da 
habilidade. 
 
Nota de revisor: a seguir apresenta-se a FIGURA 1-2 cuja legenda é: Exemplos 
de movimento linear. Examinar o movimento do centro de gravidade ou a 
trajetória de um objeto projetado são exemplos de como a análise do 
movimento linear é aplicada. 
 
 
[7] 
 
Em atividades do tipo corrida de velocidade, o movimento linear do corpo como 
um todo é o componente mais importante para analisar já que o objetivo da 
corrida de velocidade é mover o corpo rapidamente de um ponto para outro. 
 O segundo tipo de movimento é o movimento angular, que ocorre ao redor 
de algum ponto em que diferentes regiões do mesmo segmento corporal ou 
objeto não se movem pela mesma distância. Como está ilustrado na FIGURA 
1-3, balançar em uma barra é um movimento angular porque todo o corpo roda 
ao redor do ponto de contato com a barra. Para fazer uma volta completa, os 
pés percorrem uma distância muito maior que os braços, pois estão mais 
distantes do ponto central. É típico em biomecânica examinar as características 
de movimento linear de uma atividade e, então, fazer uma observação mais 
atenta dos movimentos angulares que criam e contribuem com o movimento 
linear. 
 Todos os movimentos lineares dos seres humanos, ou objetos movidos 
por eles, ocorrem como conseqüência de contribuições angulares. As únicas 
exceções para essa regra são os movimentos como os que ocorrem no esqui 
aéreo ou na queda livre, onde o corpo é mantido em uma posição para deixar a 
gravidade criar o movimento linearmente descendente, ou casos em que uma 
tração ou empurrão externo movem o corpo ou objeto. É importante identificar 
os movimentos angulares e a seqüência de movimentos angulares que 
constituem uma habilidade ou movimento humano, pois os movimentos 
angulares determinarão o sucesso ou falha do movimento linear. 
 
Nota de revisor: a seguir apresenta-se a FIGURA 1-3 cuja legenda é: Exemplos 
de movimento angular. O movimento angular do corpo, de um objeto ou 
segmento pode ocorrer ao redor de um eixo que passa por uma articulação (A), 
pelo centro de gravidade (B) ou sobre um eixo externo (C). 
 
 
[8] 
 
 Os movimentos angulares ocorrem ao redor de uma linha imaginária 
chamada eixo de rotação. O movimento angular de um segmento, como o do 
braço, ocorre sobre um eixo que atravessa a articulação. Assim, abaixar o 
corpo fazendo um agachamento total acarreta movimento angular da coxa ao 
redor da articulação do quadril, movimento angular da perna ao redor da 
articulação do joelho e movimento angular do pé ao redor da articulação do 
tornozelo. O movimento angular pode também ocorrer ao redor de um eixo que 
passa pelo centro da massa. Exemplos desse tipo de movimento angular são o 
"salto mortal" e o giro vertical da patinação artística. Finalmente, o movimento 
angular pode ocorrer ao redor de um eixo externo fixo, como balançar em uma 
barra, rodar sobre o pé durante uma corrida ou caminhada, ou balançar na 
ponta da vara no salto com vara. 
 Para dominar a análise do movimento humano, é importante a 
identificação das contribuições do movimento angular para o movimento linear 
do corpo ou objeto. Isso fica aparente em uma atividade simples como chutar 
uma bola o mais distante possível. A intenção do chute é fazer sólido contato 
entre a trajetória do pé, deslocado em alta velocidade linear e movido na 
direção correta, e uma bola de modo a mandar a bola na direção linear 
desejada. O movimento linear de interesse é o caminho real e o movimento da 
bola após deixar o solo. Para criar altas velocidades na direção certa, os 
movimentos angulares na perna com a qual se está chutando são seqüenciais 
e extraem velocidade uns dos outros, de modo que a velocidade do pé é 
determinada pela soma das velocidades individuais dos segmentos que se 
conectam. A perna que chuta move-se em uma fase preparatória e volta para 
trás por movimentos angulares da coxa, perna e pé. A perna é jogada para trás 
sob a coxa muito rapidamente à medida que a coxa começa a mover-se para 
frente para iniciar o chute. Na fase de potência do chute, a coxa move-se 
vigorosamente para frente, e rapidamente estende a perna e o pé para frente 
em velocidades angulares muito rápidas. Quando é feito o contato com a bola, 
o pé está se movendo muito rápido, porque as velocidades da coxa e da perna 
transferiram-se para o pé. Pela observação cuidadosa do movimento humano, 
a relação entre movimento angular e linear, mostrada neste exemplo do chute, 
serve como base para as técnicas usadas para corrigir ou facilitar um padrão 
de movimento ou habilidade. 
Cinemática versus Cinética 
 A análise biomecânica pode ser conduzida a partir de duas perspectivas. 
A primeira, cinemática, relaciona-se com as características do movimento, e 
examina o movimento a partir de uma perspectiva espacial e temporal sem 
referência com as forças que causam o movimento. Uma análise cinemática 
envolve a descrição do movimento para determinar qual a rapidez com que um 
objeto está se movendo, qual a altura e a distância que ele atinge. Assim, 
posição, velocidade e aceleração são componentes de interesse na análise 
cinemática. Exemplos de análise cinemática linear são o exame das 
características de projeção de um saltador em altura e o estudo do 
desempenho de nadadores de elite. Exemplos de análise cinemática angular 
são a observação da seqüência de movimentos articulares do tenista fazendo o 
saque, e o exame das velocidades e acelerações segmentares em um salto 
vertical. A FIGURA 1-4 apresenta um exemplo angular e linearda cinemática 
no balanceio do golfe. Examinando o movimento angular ou linear 
cinematicamente, podemos identificar segmentos de um movimento que 
precisam de melhoria, podemos obter idéias e aprimoramento de técnica 
observando atletas de elite, podemos dividir uma habilidade em partes 
identificáveis e aumentar nossa compreensão do movimento humano. 
 Quando se empurra uma mesa, pode-se ou não conseguir movê-la, 
dependendo da direção e força do empurrão. Um empurrão ou tração entre 
dois objetos que pode ou não resultar em movimento é denominado força. A 
cinética é a área de estudo que examina as forças que agem sobre um 
sistema, como o corpo humano ou qualquer objeto. A área de análise cinética 
do movimento tenta definir as forças que provocam um movimento. A análise 
cinética do movimento é mais difícil que a análise cinemática, tanto para 
compreensão quanto para a avaliação, já que as forças não podem ser vistas 
(FIGURA 1 -5). Apenas os efeitos das forças podem ser observados! 
 Observe alguém levantando uma barra de 100 quilogramas em um 
agachamento. Quanta força foi aplicada? Como a força não pode ser vista, não 
existe um meio de avaliar a força com precisão a menos que essa possa ser 
medida usando instrumentos de registro. Uma estimativa provável da força 
seria no mínimo 100 quilogramas, já que esse é o peso na barra. A estimativa 
poderá estar bastante abaixo do caso real se não se considerar o peso do 
corpo que foi erguido e a velocidade da barra. As forças produzidas são muito 
importantes já que são as responsáveis pela criação de todos os nossos 
movimentos e pela manutenção de posições e posturas quando não há 
movimento. A análise dessas forças representa o maior desafio técnico nesse 
campo já que requer equipamentos e conhecimentos. Assim, para o analista de 
movimentos novato, os conceitos relacionados com maximizar ou minimizar a 
produção de forças no corpo serão mais importantes que a avaliação das 
forças propriamente ditas. 
 Uma análise cinética pode proporcionar ao professor, fisioterapeuta, 
técnico ou pesquisador informações importantes sobre como o movimento é 
produzido ou como uma posição é mantida. Essa informação pode direcionar o 
condicionamento e treinamento para um esporte ou movimento. 
 
[9] 
 
Nota de revisor: a seguir apresenta-se a FIGURA 1-4 cuja legenda é: Exemplos 
de análise cinemática do movimento. Uma análise cinemática é aquela que 
enfoca a quantidade e o tipo de movimento, a direção do movimento e a 
velocidade ou mudança de velocidade do corpo ou de um objeto. O exemplo 
acima, tirado do golfe, é apresentado a partir de duas dessas perspectivas: os 
componentes angulares do balanceio do golfe (no alto) e a direção linear e 
velocidade do taco e da bola (abaixo). 
 
 
Nota de revisor: a seguir apresenta-se a FIGURA 1-5 cuja legenda é: Exemplos 
de análise cinética do movimento. Uma análise cinética é aquela que enfoca a 
causa do movimento. O exemplo acima, tirado do levantamento de peso, 
mostra como essa atividade pode ser analisada observando-se as forças 
verticais sobre o solo, que produzem o levantamento (linear), e os torques 
produzidos nas três articulações dos membros inferiores, que geram a força 
muscular necessária para o levantamento do peso (reproduzido de Lander, 
1984). 
 
 
[10] 
 
Por exemplo, as análises cinéticas feitas por pesquisadores têm identificado 
posições fracas e fortes em vários movimentos articulares. Assim, nós 
sabemos que iniciar um exercício de "rosca-direta" com pesos, estando com os 
pesos pendurados e o antebraço estendido, é iniciar na posição mais fraca. Se 
o mesmo exercício for iniciado com o cotovelo levemente flexionado, mais peso 
poderá ser erguido. A área da cinética também identifica as partes importantes 
de uma habilidade em termos de produção de movimento. Por exemplo, qual a 
melhor técnica para maximizar um salto vertical? Medindo as forças produzidas 
contra o solo que são usadas para fazer a impulsão para cima, os 
pesquisadores encontraram que o salto vertical incorporando uma rápida 
queda, parada e impulsão para cima produz mais forças efetivas no solo que 
um salto concluído lenta e profundamente. 
 Por fim, a área da cinética tem um papel crucial na identificação de 
aspectos de uma habilidade ou movimento que tornam o atleta propenso à 
lesão. Por que 43% dos participantes e 76% dos instrutores de aeróbica de alto 
impacto sofrem lesão? A resposta foi claramente identificada pela análise 
cinética que encontrou que as forças em exercícios aeróbicos de alto impacto 
típicos eram da magnitude de 4-5 vezes o peso corporal. Para um indivíduo 
que pesa 667,5 newtons (68 quilogramas), a exposição repetida a forças na 
faixa de 2670-3337,5 newtons (272-340 quilogramas) contribui em parte para 
lesão do sistema músculo-esquelético. 
 Para compreender completamente todos os aspectos de um movimento, 
deve ser feito o exame dos componentes cinemáticos e cinéticos. É também 
importante estudar as relações entre a cinemática e a cinética já que qualquer 
aceleração de um membro, objeto ou corpo humano é resultado de uma força 
aplicada em algum ponto, em um momento particular, com uma magnitude 
determinada e com uma duração particular. Apesar de haver alguma utilidade 
em descrever meramente as características cinemáticas do movimento, uma 
compreensão minuciosa de um movimento ou habilidade também necessita 
que se explore as fontes cinéticas. 
Estática versus Dinâmica 
 Examine a postura usada para sentar à mesa e trabalhar no computador. 
Existem forças presentes? Sim, mesmo que não haja movimento, existem 
forças entre as costas e a cadeira, o pé e o solo, assim como forças 
musculares agindo no pescoço para contrapor a gravidade para que a cabeça 
seja mantida para cima ao olhar para a tela. As forças estão presentes sem 
movimento e estão sendo produzidas continuamente para manter posições e 
posturas que não envolvem movimento. Princípios da área da estática são 
usados para avaliar a postura sentada. Estática é o exame dos sistemas que 
não estão se movendo ou que estão se movendo em velocidade constante a 
ponto de considerá-los em equilíbrio. Equilíbrio é o estado em que não há 
aceleração porque as forças que fazem a pessoa ou objeto iniciar, acelerar ou 
diminuir o movimento estão neutralizadas por forças opostas que as cancelam. 
 A estática é também muito útil para determinar sobrecargas sobre 
estruturas anatômicas do corpo, identificar a magnitude das forças musculares 
e identificar a magnitude de força que poderia resultar na perda de equilíbrio e 
criar movimento no sistema. Quanto de força do deltóide poderia ser 
necessário para manter o braço levantado ao lado do corpo? Por que é mais 
fácil manter o braço ao lado do corpo se você abaixar ou levantar o braço de 
modo que ele não fique perpendicular ao corpo? Qual é o efeito de uma 
curvatura aumentada, ou uma hiperlordose, sobre as forças que agem nas 
vértebras lombares? Essas questões são do tipo que alguém poderia 
responder usando uma análise estática. Como o caso estático não envolve 
mudança na cinemática do sistema, uma análise estática é geralmente feita 
usando técnicas cinéticas para identificar as forças e o local das aplicações de 
força responsáveis por manter uma postura, posição ou velocidade constante 
de um objeto. Contudo, a análise cinemática pode ser aplicada na estática para 
comprovar se há equilíbrio na ausência de aceleração. 
 Para sair da frente do computador e levantar-se da cadeira, as forças 
precisam ser produzidas no membro inferior e sobre o solo para produzir o 
movimento de levantamento. Dinâmica é a área da mecânica usada para 
avaliar esse movimento já que ela examina os sistemas em movimento 
acelerado usando tanto a abordagem cinemática quanto cinética para análise 
do movimento. Uma análise dinâmica de uma atividade como correrpoderia 
incorporar uma análise cinemática em que o movimento linear corporal total e o 
movimento angular dos segmentos poderiam ser descritos e relacionados com 
a análise cinética, que descreveria as forças aplicadas ao solo e nas 
articulações de modo a produzir as ações de corrida. Como este livro-texto 
tratará com numerosos exemplos envolvendo movimento de seres humanos ou 
objetos movidos por humanos, a área da dinâmica será abordada com detalhes 
mais à frente em capítulos específicos sobre cinemática linear e angular e 
sobre cinética. 
Termos Anatômicos que Descrevem os Movimentos 
Nomes dos Segmentos 
 Para flexionar o braço, o levantamento é feito no cotovelo com pesos na 
mão ou todo o braço é levantado em frente de você? A interpretação dada ao 
segmento chamado "braço" irá determinar o tipo de movimento realizado. É 
importante identificar corretamente os nomes dos segmentos e usá-los de 
forma coerente quando se analisa os movimentos. 
 
[11] 
 
A interpretação correta de flexionar o braço pode ser levantar todo o braço, já 
que braço refere-se ao úmero, não ao rádio e à ulna. Uma revisão dos nomes 
dos segmentos é indispensável no preparo para o uso mais extensivo deles no 
estudo da biomecânica. 
 Cabeça, pescoço e tronco são segmentos que compõem a parte principal 
do corpo e a porção axial do esqueleto. Esta porção do corpo é grande, 
constituindo mais de 50% do peso de uma pessoa, e geralmente move-se 
muito mais lentamente que as outras partes do corpo. Devido ao grande 
tamanho e baixa velocidade, o tronco é um bom segmento para observar 
visualmente quando se está aprendendo a analisar o movimento ou quando se 
quer seguir a atividade corporal total. 
 Os membros superior e inferior são denominados porção apendicular do 
esqueleto. Falando em termos gerais, quando alguém se move para longe do 
tronco, os segmentos tornam-se menores, mais rápidos, e ficam mais difíceis 
de serem observados devido ao tamanho e velocidade. No membro superior, o 
úmero é denominado braço, o rádio e a ulna constituem o antebraço, e os 
carpos, metacarpos e falanges são denominados mão. Assim, no exemplo 
acima, o movimento de flexão do braço seria um movimento de levantar o 
membro superior anteriormente, enquanto a flexão do antebraço descreveria 
um movimento na articulação do cotovelo. Os movimentos do braço serão 
tipicamente descritos como se ocorressem na articulação do ombro, os 
movimentos do antebraço serão descritos em relação à atividade na articulação 
do cotovelo ou radioulnar, e os movimentos da mão serão descritos com 
relação à atividade articular do punho. Veja na FIGURA 1-6 uma representação 
gráfica dos segmentos 
 No membro inferior, o segmento chamado coxa descreve o fêmur, perna 
descreve o segmento da tíbia e fíbula, e pé descreve os tarsos, metatarsos e 
falanges. Adicionalmente, o movimento da coxa será tipicamente descrito como 
ocorrendo na articulação do quadril, o movimento da perna descrito por suas 
ações na articulação do joelho, e os movimentos do pé são determinados pela 
atividade articular do tornozelo. 
Termos Anatômicos 
 A descrição da posição de um segmento ou movimento articular é 
tipicamente expressa com relação a uma posição inicial designada. A posição 
anatômica é uma referência padronizada usada por muitos anos por 
anatomistas, biomecânicos e médicos. Nessa posição, o corpo fica ere-to com 
a cabeça para frente, braços ao lado do tronco e palmas das mãos para frente, 
e pernas unidas com os pés apontando para frente. Alguns biomecânicos 
preferem o uso da posição fundamental que é similar à posição anatômica 
exceto pelos braços, que ficam mais relaxados ao lado do corpo com as 
palmas viradas para o tronco. Seja qual for a posição inicial usada, todas as 
descrições de movimento são feitas com relação à essa posição inicial. As 
duas posições estão ilustradas na FIGURA 1-6. 
 
Nota de revisor: a seguir apresenta-se a FIGURA 1-6 cuja legenda é: Posição 
inicial anatômica versus fundamental. As posições anatômica e fundamental 
servem como ponto de referência para a descrição dos movimentos articulares. 
 
 A posição inicial é também chamada de posição zero, ou origem, para 
descrição da maioria dos movimentos articulares. Por exemplo, em pé ocorre 
movimento zero na articulação do quadril. Se a coxa é levantada ou rodada 
para dentro ou para fora, a quantidade de movimento é descrita com relação à 
posição inicial fundamental ou anatômica. A maioria das posições zero 
parecem ser bastante óbvias, pois existe, geralmente, uma linha reta entre os 
dois segmentos de modo que nenhum ângulo relativo é formado entre eles. Um 
ângulo relativo é o ângulo formado entre os dois segmentos. A posição zero no 
tronco ocorre quando ele está na vertical e alinhado com o membro inferior. A 
posição zero no joelho é encontrada na postura em pé, sem formar ângulo 
entre a coxa e a perna. Uma posição zero não tão óbvia é a da articulação do 
tornozelo, assumida no apoio com o pé em ângulo reto com a perna. 
 A descrição do movimento ou localização anatômica pode ser melhor 
apresentada usando terminologia universalmente aceita e compreendida. Os 
termos sobre os movimentos devem se tornar parte de um vocabulário de 
trabalho, independente do nível de aplicação de cinesiologia requerido. O 
desenvolvimento de um conhecimento sólido das características de movimento 
de várias fases do movimento humano ou uma habilidade esportiva pode 
melhorar a efetividade do ensino da habilidade, ajudar na correção de falhas no 
desempenho, identificar movimentos e segmentos importantes para ênfase no 
condicionamento, e identificar aspectos da habilidade que podem estar 
associados com lesão. 
 
[12] 
 
O técnico ou professor experiente podem determinar os movimentos mais 
relevantes em uma habilidade, e usarão um vocabulário de termos específicos 
para instruir estudantes ou atletas. Uma padronização dos termos é bastante 
útil nessa situação. 
 O termo medial refere-se a uma posição relativamente mais próxima da 
linha média do corpo ou objeto, ou um movimento em direção à linha média. 
Na posição anatômica, o dedo mínimo da mão e o hálux podem ser 
considerados como estando no lado mediai do membro, já que ficam no lado 
do membro que está mais próximo à linha média do corpo. Também apontar os 
artelhos para dentro é considerado um movimento medial porque esses dedos 
se movem em direção à linha média. O termo lateral descreve uma posição 
relativamente afastada da linha média ou um movimento para o lado oposto à 
linha média. O polegar e o quinto artelho ficam na parte lateral da mão e pé, 
respectivamente, já que se encontram afastados da linha média. Do mesmo 
modo, se os artelhos apontam para fora, esse movimento é considerado um 
movimento lateral, já que há afastamento da linha média. Os pontos de 
referência são também comumente designados como medial ou lateral de 
acordo com a posição em relação à linha média, como côndilos, epicôndilos e 
maléolos mediais e laterais. 
 As porções proximal e distal são usadas para descrever a posição relativa 
referente a um ponto determinado, com proximal representando uma posição 
mais próxima do ponto de referência, e distal sendo uma posição mais afastada 
da referência. A articulação do cotovelo fica proximal e a articulação do punho 
fica distal em relação à articulação do ombro. A articulação do tornozelo fica 
proximal e a articulação do joelho fica distal em relação ao ponto de contato do 
calcanhar com o solo. Tanto o termo proximal quanto distal precisa ser 
expresso em relação a algum ponto. 
 Um segmento ou ponto de referência anatômico pode estar localizado na 
parte superior do corpo, ficando sobre um ponto de referência particular ou 
mais próximo ao topo da cabeça, ou pode ser localizado inferiormente, estando 
mais baixo que um segmento ou ponto de referência. Conseqüentemente,a 
cabeça fica superior ao tronco, o tronco fica superior à coxa, e assim por 
diante. O trocânter maior fica localizado na parte superior do fêmur, enquanto o 
epicôndilo medial do úmero fica localizado na extremidade inferior do úmero. 
 A localização de um objeto ou um movimento com relação à parte da 
frente ou de trás é denominada anterior e posterior, respectivamente. Assim, o 
quadríceps fica localizado na parte anterior da coxa, enquanto os isquio-tibiais 
ficam localizados na parte posterior da coxa. Anterior é também sinônimo do 
termo ventral quando descreve uma localização no corpo humano, enquanto 
posterior refere-se à superfície ou posição dorsal do corpo humano. 
 Para descrever atividade ou localização de um segmento ou referência 
posicionado no mesmo lado que um ponto de referência particular, usa-se o 
termo ipsolateral. Ações, posições ou pontos de referência no lado oposto 
podem ser denominados com o termo contralateral. Assim, quando uma 
pessoa levanta sua perna direita para frente, ocorre atividade muscular 
extensora no músculo iliopsoas da mesma perna, a perna ipsolateral, e ocorre 
também atividade extensora no glúteo médio da perna contralateral para 
manter o equilíbrio e suporte. Na caminhada, enquanto o membro inferior 
ipsolateral desloca-se para frente, o outro membro, o contralateral, está 
empurrando o solo para impulsionar a pessoa para frente. 
Descrição dos Movimentos 
 Movimentos Básicos Existem seis movimentos básicos que ocorrem em 
combinações variáveis nas articulações do corpo. Os dois primeiros 
movimentos, flexão e extensão, são encontrados em quase todas as 
articulações sinoviais, ou completamente móveis, do corpo, incluindo os 
artelhos, tornozelo, joelho, quadril, tronco, ombro, cotovelo, punho e dedos. A 
flexão é o movimento de curvar-se em que o ângulo relativo entre dois 
segmentos adjacentes diminui. Extensão é o movimento de endireitamento em 
que o ângulo relativo entre dois segmentos adjacentes aumenta à medida que 
a articulação retorna para a posição zero, anatômica. Na FIGURA 1-7 existem 
vários exemplos de flexão e extensão. Uma pessoa pode também fazer 
hiperflexão se o movimento de flexão for além dos 180 graus ou além da 
metade de um círculo. Isso pode somente acontecer quando o braço move-se 
para frente e para cima em flexão de 180 graus até ficar ao lado da cabeça, e, 
então, faz uma hiperflexão quando continua a mover-se além da cabeça em 
direção às costas. A hiperextensão pode ocorrer em muitas articulações 
diferentes à medida que o movimento de extensão continua além da posição 
zero original. É comum ver movimentos de hiperextensão no tronco, braço, 
coxa e mão. 
 No movimento de tocar os dedos do pé com as mãos, ocorre flexão nas 
articulações vertebrais, nos ombros e quadris. O retorno à posição ereta 
envolve movimentos opostos de extensão vertebral, extensão de quadril e 
extensão de ombro. A fase de potência de um "jump" no basquetebol é 
produzida pela cadência homogênea dos movimentos dos membros inferiores 
de extensão do quadril, extensão de joelho e extensão de tornozelo 
coordenados com os movimentos de flexão de ombro, extensão de cotovelo e 
flexão de punho no membro que está fazendo o arremesso. Este exemplo 
ilustra a importância dos movimentos de extensão dos membros inferiores na 
produção de potência. 
 
[13] 
 
Nota de revisor: a seguir apresenta-se a FIGURA 1-7 cuja legenda é: 
Movimentos de flexão e extensão. Os movimentos de flexão e extensão 
ocorrem em muitas articulações do corpo incluindo: as vertebrais, as do ombro, 
as do cotovelo, as do punho, as metacarpofalângicas, as interfalângicas, as do 
quadril, as do joelho e as metatarsofalângicas. 
 
As extensões dos membros inferiores geralmente servem para produzir 
impulsão para cima, trabalhando contra a tração da gravidade. É oposta na 
articulação do ombro em que os movimentos de flexão são usados 
primariamente para desenvolver impulsão para cima contra a gravidade de 
modo a levantar o membro. 
 O segundo par de movimentos, abdução e adução, não são tão comuns 
quanto a flexão e extensão, e ocorrem somente nas articulações 
metatarsofalângicas. do quadril, do ombro, do punho e metacarpofalângicas. 
Vários desses movimentos estão representados na FIGURA 1-8. Abdução é o 
movimento para longe da linha média do corpo ou do segmento. Um exemplo é 
levantar o braço ou perna para o lado ou separar os dedos da mão ou pé. A 
hiptrabdução pode ocorrer na articulação do ombro quando o braço move-se 
além de 180 graus lateralmente ultrapassando a cabeça. Adução é o 
movimento de retorno do segmento para a linha média do corpo ou do 
segmento. Conseqüentemente, trazer os braços de volta para o lado do tronco, 
unir as pernas ou unir os dedos e artelhos são exemplos de adução. A 
hiperadução ocorre freqüentemente no braço e coxa quando a adução continua 
além da posição zero, de modo que o membro cruza o corpo. Esses 
movimentos de um lado para outro são usados comumente para manter o 
equilíbrio e estabilidade em habilidades esportivas que utilizam membros 
inferior e superior. O controle ou impedimento de movimentos de abdução e 
adução da coxa são especialmente cruciais para a manutenção da estabilidade 
pélvica e dos membros durante a caminhada e a corrida. 
 Os dois últimos movimentos básicos são as rotações, ilustradas na 
FIGURA 1-9. As rotações podem ser tanto mediais, também chamadas de 
internas, quanto laterais, também chamadas de externas. As rotações são 
denominadas para a direita e para a esquerda somente para cabeça e tronco. 
Quando se parte da posição fundamental inicial, a rotação medial ou interna 
refere-se ao movimento de um segmento ao redor do eixo vertical que passa 
pelo segmento de modo que a superfície anterior do segmento move-se em 
direção à linha média do corpo enquanto a superfície posterior move-se para 
longe da linha média. 
 
[14] 
 
Nota de revisor: a seguir apresenta-se a FIGURA 1-8 cuja legenda é: 
Movimentos de abdução e adução. Os movimentos de abdução e adução 
ocorrem nas articulações esternoclavicular, do ombro, do punho, 
metacarpofalângicas, do quadril, intertársicas e metatarsofalângicas. 
 
 
[15] 
 
Nota de revisor: a seguir apresenta-se a FIGURA 1-9 cuja legenda é: 
Movimentos de rotação. A rotação ocorre nas articulações vertebrais, do 
ombro, do quadril e do joelho. 
 
Rotação lateral ou externa é o movimento oposto; a superfície anterior move-se 
para longe da linha média, e a superfície posterior do segmento move-se em 
direção à linha média. Como a linha média atravessa os segmentos do tronco e 
da cabeça, as rotações nesses segmentos são descritas para a esquerda ou 
direita a partir da perspectiva de quem as realiza. A rotação para a direita é o 
movimento da parte anterior do tronco de modo que ele fique para a direita, 
enquanto a parte posterior fica para a esquerda, e a rotação esquerda é o 
movimento oposto, em que a parte anterior do tronco volta-se para a esquerda 
e a posterior para a direita. As rotações ocorrem nas articulações das 
vértebras, ombro, quadril e joelho. As rotações são muito importantes para os 
esportes que mexem com o tronco, braço ou coxa. Para o arremesso, o braço 
que faz o arremesso gira lateralmente na fase preparatória e gira medialmente 
nas fases de potência e na de seguimento. O tronco complementa a ação do 
braço com rotação direita na fase preparatória (arremesso com a mão direita) e 
rotação esquerda na fase de potência e de seguimento. Do mesmo modo, a 
coxa direita gira lateralmente na fase preparatória e gira medialmente até que 
saia do solo na fase de potência. 
 
[16] 
 
 Termos Especializados para Descrever Movimentos 
 Existem nomes especializados que se referem a vários movimentos 
segmentares (FIGURA 1-10). Apesar de a maioria desses movimentos 
segmentares estar tecnicamente entre os seis movimentosbásicos descritos 
acima, o nome especializado do movimento é o termo comumente usado pelos 
profissionais. Flexão lateral direita e esquerda é um nome de movimento que 
se aplica somente ao movimento da cabeça ou tronco. Quando o tronco ou a 
cabeça inclinam-se para o lado, o movimento é denominado flexão lateral. Se o 
lado direito do tronco ou cabeça move-se de modo que aponte para baixo, o 
movimento é chamado flexão lateral direita, e vice-versa. 
 A cintura escapular tem nomes de movimentos especializados que podem 
ser descritos observando-se os movimentos da escápula. O levantamento da 
escápula, quando se sobe os ombros, é denominado elevação, enquanto o 
movimento oposto é denominado depressão. Se as duas escápulas se movem 
afastando-se uma da outra, como ocorre quando os ombros são rodados, o 
movimento é denominado protração ou abdução. O movimento de retorno das 
escápulas uma em direção à outra com os ombros para trás é chamado 
retração ou adução. Finalmente, as escápulas podem fazer um movimento de 
balanceio de modo que a base da escápula move-se afastando-se do tronco e 
a ponta superior move-se aproximando-se do tronco. Esse movimento é 
chamado rotação para cima, e o movimento de retorno, quando a escápula 
volta à posição de repouso, é denominado rotação para baixo. 
 No braço e na coxa, a combinação de flexão e adução é denominada 
adução horizontal, e uma combinação de extensão e abdução é denominada 
abdução horizontal. A adução horizontal, às vezes chamada de flexão 
horizontal, é o movimento do braço ou coxa pelo corpo em direção à linha 
média, usando um movimento horizontal ao solo. Abdução horizontal, ou 
extensão horizontal, é o movimento do braço ou coxa afastando-se da linha 
média do corpo na direção horizontal. 
 
Nota de rodapé: a seguir apresenta-se uma imagem que corresponde à 
FIGURA 1-10 e cuja legenda é: Exemplos de movimentos especializados. 
Alguns movimentos articulares são designados por nomes de movimentos 
especializados, embora possam, tecnicamente, ser um dos seis movimentos 
básicos. 
 
 
[17] 
 
Esses movimentos estão presentes em uma grande variedade de habilidades 
esportivas. A ação do braço no lançamento de disco é um bom exemplo do uso 
da abdução horizontal na fase preparatória e da adução horizontal do braço na 
fase de potência e de seguimento. Muitas jogadas do futebol utilizam adução 
horizontal da coxa para trazer a perna para cima e cruzar o corpo para um 
chute ou passe. 
 No antebraço, os movimentos de pronação e supinação ocorrem na 
medida em que a ponta distal do rádio roda por cima e para trás da ulna na 
articulação radioulnar. A supinação é o movimento do antebraço no qual a 
palma roda até ficar voltada para frente, à partir da posição fundamental inicial. 
A pronação é o movimento no qual a palma vira-se para trás. Os movimentos 
articulares de supinação e pronação são também chamados de rotação externa 
e interna, respectivamente. À medida que o antebraço move-se de uma 
posição supinada para pronada, ele passa pela posição semipronada em que a 
palma vira-se para a linha média do corpo com os polegares para frente. As 
ações de pronação e supinação do antebraço são usadas com movimentos de 
rotação do braço para aumentar a amplitude de movimento, acrescentar giro. 
aumentar a potência e mudar a direção durante as fases de aplicação de força 
em esportes com raquete, voleibol e lançamentos. 
 Na articulação do punho, o movimento da mão em direção ao polegar é 
chamado de flexão radial, enquanto o movimento oposto da mão em direção ao 
dedo mínimo é chamado de flexão ulnar. Esses nomes de movimentos 
especializados são fáceis de lembrar, pois não dependem da posição do 
antebraço ou braço, como para interpretar a abdução e adução. e podem ser 
facilmente interpretados quando é conhecida a localização do rádio (lado do 
polegar) e da ulna (lado do dedo mínimo). A flexão ulnar e radial são 
movimentos importantes em esportes com raquete para controle e 
estabilização da raquete. Também no voleibol, o movimento de flexão ulnar é 
um componente de valor no passe de antebraço na medida em que ajuda a 
manter a posição estendida do braço e aumenta e área de contato do 
antebraço. 
 No pé, os movimentos de flexão plantar e dorsiflexão são nomes 
especializados para extensão e flexão do pé, respectivamente. A flexão plantar 
é o movimento em que a base do pé move-se para baixo e o ângulo formado 
entre o pé e a perna aumenta. Esse movimento pode ser criado levantando o 
calcanhar de modo que o peso é transferido para cima dos artelhos, ou 
colocando o pé aplanado sobre o solo em frente e movendo a perna para trás 
de modo que o peso corporal fique atrás do pé. A dorsiflexão é o movimento do 
pé para cima em direção à perna que diminui o ângulo relativo entre a perna e 
o pé. Esse movimento pode ser criado colocando o peso sobre os calcanhares 
e levantando os artelhos, ou mantendo o pé aplanado sobre o chão e 
abaixando o peso centrado sobre o pé. Qualquer ângulo pé-perna maior que 90 
graus é denominado de posição plantar flexionada, enquanto qualquer ângulo 
pé-perna menor que 90 graus é denominado dorsiflexão. 
 O pé tem outro grupo de movimentos especializados chamado inversão e 
eversão que ocorrem nas articulações intertársicas e metatársicas. A inversão 
do pé ocorre quando a borda medial do pé levanta de modo que a sola do pé 
vira-se para dentro em direção ao outro pé. Eversão é o movimento oposto do 
pé quando a parte lateral do pé levanta de modo que a sola do pé virá para 
fora, para o lado oposto do outro pé. 
 Geralmente existe confusão quanto ao uso dos termos inversão e eversão 
e o uso popularizado de pronação e supinação como termos que descrevem 
movimentos do pé. Os movimentos de inversão e eversão não são os mesmos 
que pronação e supinação: de fato. eles são somente uma parte dos 
movimentos de pronação e supinação. A pronação do pé é, na verdade, uma 
combinação de movimentos que consistem em dorsiflexão na articulação do 
tornozelo, eversão nos társicos e abdução do antepé. A supinação é criada 
pela flexão plantar, inversão dos társicos e adução do antepé. É importante 
observar que pronação e supinação são movimentos dinâmicos do pé e do 
tornozelo quando o pé está sobre o solo durante uma corrida ou o andar. Esses 
dois movimentos são determinados pela estrutura e folga do pé, pelo peso 
corporal e pelas superfícies de apoio e calçados. 
 O último movimento especializado, a circundução, é um movimento que 
pode ser criado por qualquer articulação ou segmento que tenha o potencial de 
mover-se em duas direções, de modo que o segmento possa ser movido de 
modo cônico na medida em que a ponta do segmento faz um trajeto circular. 
Um exemplo de circundução seria colocar o braço à frente e escrever um "O" 
imaginário no ar. A circundução não é simplesmente uma rotação, mas uma 
combinação de quatro movimentos criados em combinação seqüencial. O 
movimento do braço para criar o "O" imaginário é, na verdade, uma 
combinação da ação de flexão, adução, extensão e abdução do braço. Os 
movimentos de circundução são também possíveis no pé, coxa, tronco, cabeça 
e mão. Os movimentos de todos os segmentos principais estão revistos na 
TABELA 1-1. 
Sistemas de Referência 
Relativo versus Absoluto 
 Para observar e descrever qualquer tipo de movimento com precisão, é 
preciso estabelecer primeiramente um sistema de referência. O uso de 
movimentos articulares em relação à posição inicial fundamental ou anatômica 
é um exemplo de um sistema de referência simples, já usado neste capítulo 
para descrever o movimento dos segmentos. Para melhorar a precisão de uma 
análise de movimento, um movimento pode ser avaliado a partir de diferentes 
pontos ou posições iniciais. 
 
[18] 
 
Nota de revisor: a seguir apresenta-se uma tabela constituída por 4 colunas e 
14 linhas que correspondeà TABELA 1-1 e cuja legenda é: Revisão dos 
Movimentos. 
Segmento Articulação Gl Movimentos 
Cabeça Intervertebral 3 Flexão, extensão, 
hiperextensão, flexão lateral 
D/E, rotação D/E, 
circundução 
Atlantoaxial (3 
articulações) 
1 cada Rotação D/E 
Tronco Intervertebral 3 Flexão, extensão, 
hiperextensão, rotação D/E, 
flexão lateral D/E, 
circundução 
Braço Ombro 3 Flexão, extensão, 
hiperextensão, abdução, 
adução, hiperabdução, 
hiperadução, abdução 
horizontal, adução horizontal, 
rotação mediai/lateral, 
circundução 
Braço/Cintura Esternoclavicular 3 Elevação, depressão 
Escapular Acromioclavicular 3 abdução, adução (protração, 
retração), rotação para 
cima/para baixo 
Antebraço Cotovelo 1 Flexão, extensão, 
hiperextensão 
Radioulnar 1 Pronação, supinação 
Mão Punho 2 Flexão, extensão, 
hiperextensão, flexão radial, 
flexão ulnar, circundução 
Dedos Metacarpofalângica 2 Flexão, extensão, 
hiperextensão, abdução, 
adução, circundução 
Interfalângica 1 Flexão, extensão, 
hiperextensão 
Polegar Carpometacárpica 2 Flexão, extensão, abdução, 
adução, oposição, 
circundução 
Metacarpofalângica 1 Flexão, extensão 
Interfalângica 1 [sem informação] 
Coxa Quadril 3 Flexão, extensão, 
hiperextensão, abdução, 
adução, hiperadução, adução 
horizontal, abdução 
horizontal, rotação 
mediai/lateral, circundução 
Perna Joelho 2 Flexão, extensão, 
hiperextensão, rotação 
mediai/lateral 
Pé Tornozelo 1 Flexão plantar, dorsiflexão 
Intertársica 3 Inversão, eversão 
Artelhos Metatarsofalângica 2 Flexão, extensão, abdução, 
adução, circundução 
Interfalângica 1 Flexão, extensão 
 Um sistema de referência é necessário para especificar a posição do 
corpo, de um segmento ou um objeto para descrever um movimento ou 
identificar se ocorreu qualquer movimento. A estrutura ou sistema de referência 
é estabelecida arbitrariamente, e pode estar localizada dentro ou fora do corpo. 
A estrutura de referência é colocada em um lugar determinado e geralmente 
consiste de duas a três linhas imaginárias chamadas eixos que se 
interseccionam em ângulos retos em um ponto comum denominado origem. 
Qualquer posição pode ser descrita identificando a distância entre o objeto e 
cada um dos três eixos. É muito importante identificar a estrutura de referência 
usada na descrição do movimento. 
 Um exemplo de sistema de referência colocado fora do corpo é a linha de 
saída em uma corrida de 100 metros. O centro de uma articulação anatômica 
como o ombro pode ser usado como sistema de referência dentro do corpo. O 
braço pode ser descrito como movendo-se por um ângulo de 90 graus quando 
é abduzido até que fique em ângulo reto com o tronco. Contudo, se o solo é 
usado como estrutura de referência, o mesmo movimento de abdução do braço 
pode ser descrito em relação ao solo. como um movimento até a altura de 1,6 
metro do solo. 
 Quando o movimento angular é descrito, as posições articulares. 
velocidades e acelerações podem ser descritas usando uma estrutura de 
referência absoluta ou relativa. Uma estrutura de referência absoluta é aquela 
em que os três eixos interseccionam-se no centro da articulação e o movimento 
do segmento é descrito em relação àquela articulação. O posicionamento 
absoluto de um braço abduzido perpendicular ao tronco é 0 ou 360 graus 
descrito com relação aos eixos que atravessam a articulação do ombro. Uma 
estrutura de referência relativa é aquela em que o movimento de um segmento 
é descrito com relação ao segmento adjacente. Veja na FIGURA 1-11 um 
exemplo de sistema de referência absoluto e relativo aplicado ao membro 
inferior. No mesmo exemplo do braço em abdução perpendicular ao tronco, o 
posicionamento relativo do braço em relação ao tronco é 90 graus. A estrutura 
de referência deve ser claramente identificada de modo que os resultados 
possam ser interpretados coerentemente, e como diferentes sistemas de 
referência são usados por pesquisadores diferentes, o sistema de referência e 
o ponto de referência precisam ser identificados antes de comparar e 
contrastar resultados entre estudos. Por exemplo, alguns pesquisadores 
denominam um antebraço completamente estendido como posição de 180 
graus, e outros denominam essa posição de zero graus. 
 
[19] 
 
Nota de revisor: a seguir apresenta-se uma imagem que corresponde à 
FIGURA 1-11 e cuja legenda é: Estrutura de referência absoluta versus 
relativa. É importante designar a estrutura de referência que você está usando 
na descrição do movimento. Uma estrutura de referência absoluta mede o 
ângulo segmentar em relação à articulação distal. Uma estrutura de referência 
relativa mede o ângulo formado pelos dois segmentos. 
 
Após 30 graus de flexão na articulação do cotovelo, a posição final será 150 
graus ou 30 graus, respectivamente, de acordo com os dois sistemas descritos 
acima. Pode haver bastante confusão quando se tenta interpretar um artigo 
usando um sistema de referência diferente daquele do autor. 
Planos/Eixos 
 O método universalmente usado para descrever os movimentos humanos 
em três dimensões baseia-se em um sistema de planos e eixos. Três planos 
imaginários são posicionados pelo corpo em ângulos retos de modo que façam 
intersecção no centro de massa do corpo. O movimento é dito como ocorrendo 
em um plano específico se estiver ao longo desse plano ou paralelo a ele. O 
movimento em um plano sempre ocorre sobre um eixo que corre perpendicular 
ao plano. Veja a ilustração apresentada na FIGURA 1-12. Espete um alfinete 
em um pedaço de papelão e gire o papelão ao redor do alfinete. O movimento 
do papelão ocorre no plano, e o alfinete representa o eixo de rotação. O 
papelão pode girar ao redor do alfinete seguro horizontalmente, verticalmente 
ou lateralmente, representando o movimento do papelão nos três planos 
existentes. Esse exemplo pode ser aplicado para descrever linhas imaginárias 
passando pela articulação do quadril nas mesmas três direções do alfinete, 
representando flexão da coxa sobre uma linha imaginária que corre de um lado 
para outro, abdução sobre uma linha imaginária que corre de frente para trás, 
rotação sobre uma linha imaginária que corre de cima para baixo. 
 
Nota de revisor: a seguir apresenta-se uma imagem que corresponde à 
imagem FIGURA 1-12 e cuja legenda é: Plano e eixo. O movimento ocorre em 
um plano sobre um eixo que corre perpendicular ao plano. 
 
Esses planos permitem que possamos descrever completamente um 
movimento e contrastar um movimento de braço diretamente à frente do corpo 
com um movimento de braço diretamente ao lado do corpo. Os planos e eixos 
colocados sobre o corpo humano para as descrições de movimento estão 
apresentados na FIGURA 1-13. 
 O plano sagital bissecciona o corpo nas metades direita e esquerda. Os 
movimentos no plano sagital ocorrem sobre um eixo frontal ou "z" que vai de 
um lado para outro. Esses movimentos podem ocorrer sobre um eixo que 
atravessa uma articulação, pelo centro do corpo no centro de massa, ou por 
um ponto de contato externo, como uma barra fixa. A FIGURA 1-14 exemplifica 
esses movimentos. A maior parte das análises em duas dimensões da 
biomecânica são feitas com movimentos no plano sagital. Exemplos de 
movimentos no plano sagital ao redor de uma articulação podem ser dados 
fazendo movimentos de flexão e extensão, como elevar o braço à frente, 
inclinar o tronco para frente e para trás, levantar e abaixar uma perna à frente, 
e levantar-se sobre os artelhos. Os movimentos no plano sagital envolvendo 
todo o corpo rodando ao redor do centro de massa incluem "saltos mortais" 
sem apoio, "saltos mortais" com apoio e a posição carpada no salto 
ornamental. Os movimentos do corpo no plano sagital sobre um suporte 
externo incluem plantar o pé e girar o corpo sobre o pé, e girar sobre as mãos 
apoiadas ao saltar um obstáculo. Paraobter a vista mais acurada de qualquer 
movimento em um plano, é preferível uma posição perpendicular ao plano de 
movimento que permita visualizar o eixo de rotação. Assim, todas as atividades 
oferecidas como exemplos de movimentos no plano sagital são melhor 
visualizadas estando lateralmente ao corpo para permitir enfoque no eixo 
frontal de rotação. 
 
[20] 
 
Nota de revisor: a seguir apresenta-se uma imagem que corresponde à 
FIGURA 1-13 e cuja legenda é: Planos e eixos no corpo humano. Os três 
planos cardinais que se originam no centro de gravidade são o plano sagital, 
que divide o corpo em direita e esquerda, o plano frontal, que divide o corpo em 
frente e trás, e o plano transverso, que divide o corpo em parte superior e 
inferior. O movimento ocorre no plano ou paralelo a ele sobre um eixo 
mediolateral (plano sagital), um eixo ântero-posterior (plano frontal) ou eixo 
longitudinal (plano transverso). 
 
 O plano frontal ou coronário bissecciona o corpo nas metades da frente e 
de trás. O eixo sobre o qual ocorrem os movimentos no plano frontal é o eixo 
sagital ou "x" que corre anterior e posterior ao plano. Como os movimentos no 
plano sagital, os movimentos no plano frontal podem ocorrer sobre uma 
articulação, sobre o centro de massa do corpo, ou sobre um ponto de contato 
externo (FIGURA 1-15). Movimentos articulares característicos no plano frontal 
incluem abdução/adução de coxa. flexão lateral de cabeça e tronco, e inversão 
e eversão do pé. Os movimentos no plano frontal de todo o corpo sobre o 
centro de massa não são tão comuns quanto os movimentos nos outros 
planos, mas podemos exemplificá-los com os movimentos aéreos. O 
movimento no plano frontal sobre um ponto externo de contato pode ser visto 
com freqüência na dança e balé, especialmente quando os dançarinos movem-
se lateralmente a partir de um ponto pivô, ou na ginástica em que o corpo gira 
lateralmente sobre a mão, como na "roda". Para visualizar os movimentos no 
plano frontal, enfocando a articulação ou o ponto sobre o qual todo o corpo 
está girando, a melhor posição é na frente ou atrás do corpo. 
 O plano transverso ou horizontal bissecciona o corpo em partes superior e 
inferior. Os movimentos que ocorrem nesse plano são primariamente rotações 
sobre um eixo longitudinal, vertical ou "y". Exemplos de movimentos que 
ocorrem no plano transverso sobre os eixos verticais das articulações são as 
rotações nas articulações vertebrais, do ombro e do quadril. A pronação e 
supinação do antebraço nas articulações radioulnares são também um 
movimento no plano transverso. O eixo para todos esses movimentos é uma 
linha imaginária que corre verticalmente descendo pelas articulações 
vertebrais, do ombro, radioulnar ou do quadril. Um exemplo de plano de 
movimento transverso sobre o centro de massa do corpo seria girar 
verticalmente ao redor do corpo no ar (FIGURA 1-16). Esse é um movimento 
muito comum na ginástica, dança e patinação no gelo. Existem também 
inúmeros exemplos na dança, patinação ou ginástica em que o atleta faz 
movimentos no plano transverso sobre um eixo externo que passa por um 
ponto pivô entre o pé e o solo. Todos os movimentos de giro que fazem o corpo 
girar sobre o solo ou sobre o gelo são exemplos. Apesar de os movimentos no 
plano transverso serem aspectos muito vitais da maioria das habilidades 
esportivas de sucesso, esses movimentos são difíceis de acompanhar 
visualmente já que o melhor posicionamento para vê-los é por cima ou por 
baixo do movimento para ficar perpendicular ao plano de movimento. 
Conseqüentemente, os movimentos de rotação são avaliados seguindo o 
movimento linear de algum ponto sobre o corpo caso não seja possível o 
posicionamento vertical. 
 A maioria dos movimentos humanos ocorre em dois ou mais planos nas 
várias articulações. Na corrida, por exemplo, o membro inferior parece mover-
se predominantemente no plano sagital à medida que o membro inferior 
balança para frente e para trás no ciclo. Quando se examina com cuidado os 
membros e articulações, encontra-se movimentos em todos os planos. Na 
articulação do quadril, por exemplo, a coxa faz flexão e extensão no plano 
sagital. abduz e aduz no plano frontal, e gira interna e externamente no plano 
transverso. Se os movimentos humanos fossem confinados a um único plano 
de movimento, pareceríamos robôs quando desempenhássemos nossas 
habilidades ou movimentos articulares. Examine o movimento em três 
dimensões de um lançamento sobre o ombro apresentado na FIGURA 1-17. 
Observe o posicionamento para visualizar o movimento em cada um dos três 
planos. 
 
[21] 
 
Nota de revisor: a seguir apresenta-se uma imagem que corresponde à 
FIGURA 1-14 e cuja legenda é: Movimentos no plano sagital. Os movimentos 
no plano sagital são tipicamente flexões e extensões, ou algum exercício de 
mortal para frente ou para trás. Os movimentos podem ocorrer sobre um eixo 
articular, sobre o centro de gravidade ou sobre um eixo externo. 
 
 O movimento em um plano pode também ser descrito como um grau de 
liberdade (gl) único. Essa terminologia é usada geralmente para descrever o 
tipo e quantidade de movimento permitidos estruturalmente pelas articulações 
anatômicas. Um gl 1 para uma articulação indica que a articulação permite que 
o segmento se mova por um plano de movimento. Uma articulação com gl 1 é 
também denominada uniaxial, já que há um eixo, perpendicular ao plano de 
movimento, sobre o qual ocorre o movimento. Uma articulação com gl 1, o 
cotovelo, somente permite flexão e extensão no plano sagital. 
 Convencionalmente, a maioria das articulações é considerada como tendo 
grau 1, 2 ou 3 de liberdade oferecendo movimento potencialmente uniaxial, 
biaxial ou triaxial, respectivamente. O ombro é um exemplo de articulação com 
gl 3 porque permite que o braço se movimente no plano frontal pela abdução e 
adução, no plano sagital pela flexão e extensão, e no plano transverso pela 
rotação. 
 Articulações com gl 3 no corpo incluem as articulações vertebrais, as do 
ombro e as do quadril; articulações com gl 2 incluem joelho, 
metacarpofalângicas. punho e carpometacárpicas do polegar; articulações com 
gl 1 incluem atlantoaxial, interfalângicas, cotovelo, radioulnar e tornozelo. O gl 3 
nem sempre implica maior mobilidade, mas indica que a articulação permite 
movimento nos três planos. O ombro é muito mais móvel que o quadril, embora 
ambos sejam articulações triaxiais e capazes de realizar os mesmos 
movimentos. Os movimentos de tronco, embora classificados como tendo gl 3, 
são bastante restritos quando se avalia o movimento no nível de uma única 
vértebra. Por exemplo, as áreas lombar e cervical das vértebras permitem que 
o tronco flexione e estenda, mas esse plano de movimento é limitado na porção 
torácica média das vértebras. Do mesmo modo, as ações de rotação do tronco 
ocorrem primariamente nas regiões torácica e cervical já que a região lombar 
apresenta potencial limitado no plano horizontal. Somente a combinação de 
todos os segmentos vertebrais permite o movimento com gl 3 produzido na 
coluna. 
 
[22] 
 
Nota de revisor: a seguir apresenta-se uma imagem que corresponde à 
FIGURA 1-15 e cuja legenda é: Movimentos no plano frontal. Os movimentos 
segmentares no plano frontal sobre eixos articulares ântero-posteriores são 
abdução e adução, ou algum movimento especializado no sentido lateral. Os 
movimentos no plano frontal sobre o centro de gravidade ou sobre um ponto 
externo envolvem movimentos laterais do corpo, que são mais difíceis que os 
movimentos ântero-posteriores. 
 
 Existem também movimentos adicionais de deslizamento que ocorrem 
pelas superfícies articulares e podem ser interpretados como acrescentando 
mais graus de liberdade àqueles definidos na literatura. Por exemplo, a 
articulação do joelho é considerada com tendo gl 2 devido aos movimentos de 
flexão/extensãono plano sagital e rotações no plano transverso. Contudo, a 
articulação do joelho também apresenta translação linear e sabe-se bem que 
existe movimento na articulação no plano frontal quando as superfícies 
articulares deslizam uma sobre a outra para criar movimentos de translação de 
um lado para outro. Apesar desses movimentos terem sido medidos e serem 
razoavelmente significantes, eles não têm sido reconhecidos como um grau de 
liberdade adicional para a articulação. Os graus de liberdade para a maioria 
das articulações do corpo estão incluídos no gráfico de revisão dos 
movimentos apresentado na TABELA 1-1. 
 Uma cadeia cinemática deriva da combinação de graus de liberdade nas 
várias articulações para produzir uma habilidade ou movimento. A cadeia é a 
soma dos graus de liberdade em articulações adjacentes e identifica os graus 
totais de liberdade disponíveis ou necessários para o desempenho de um 
movimento. Por exemplo, chutar uma bola envolveria um sistema de elos com 
gl 11 em relação ao tronco, já que gl 3 poderia ser usado para o quadril, gl 2 
para o joelho, gl 1 para o tornozelo, gl 3 nos társicos e gl 2 nos artelhos. 
 
[23] 
 
Nota de revisor: a seguir apresenta-se uma imagem que corresponde à 
FIGURA 1-16 e cuja legenda é: Movimentos no plano transverso. Os 
movimentos no plano transverso são geralmente rotações que ocorrem sobre 
um eixo longitudinal que passa através de uma articulação, do centro de 
gravidade ou de um ponto de contato externo. 
 
Exemplos de Características do Movimento Articular 
Exemplos de Movimentos Articulares Simples 
 O conhecimento das características de movimento de uma articulação 
específica é valioso na implementação de um programa de alongamento, 
fortalecimento ou reabilitação. O método mais seguro de alongar ou fortalecer a 
musculatura de um segmento é mover o membro pela amplitude de movimento 
do segmento em um plano de movimento usando somente gl 1 na articulação. 
Enquanto os movimentos planares simples não são transferidos diretamente 
para padrões complicados em uma habilidade esportiva que utiliza tipicamente 
padrões diagonais por dois ou três planos, o movimento uniaxial é a 
abordagem comumente usada para condicionamento e reabilitação. Isso ocorre 
porque o movimento por um plano permite melhor isolamento dos grupos 
musculares que estão arranjados em compartimentos funcionais nas 
articulações da frente, de trás e dos lados. É também mais seguro, já que o 
movimento por mais de um plano pode criar sobrecarga na articulação e 
musculatura adjacente. 
 Apresentamos aqui dois segmentos e suas características de movimento. 
Uma apresentação mais detalhada de todos os segmentos pode ser 
encontrada nos capítulos sobre componentes músculo-esqueléticos dos 
segmentos e articulações do corpo. As características de mobilidade ativa de 
cada articulação serão examinadas. A amplitude de movimento produzida 
ativamente indica a mobilidade articular associada a uma contração muscular 
voluntária. Outra técnica comum, a amplitude de movimento passiva, é medida 
movendo o membro por uma amplitude de movimento com força externa 
proveniente do fisioterapeuta, em vez de um esforço muscular do participante. 
Esta técnica analisa o potencial de movimento na articulação. Outra discussão 
importante é a diferença entre posição segmentar e movimento. Por exemplo, 
quando se inclina para frente dobrando a cintura e mantém-se a posição, tanto 
esse movimento como a posição final quanto a própria posição são 
denominados flexão de tronco. O retorno à posição inicial, porém parando 
antes de atingir a posição ereta, seria ainda uma posição de flexão de tronco, 
mas o movimento para chegar a essa posição seria a extensão do tronco. As 
posições são apresentadas em análises estáticas para determinar, por 
exemplo, as forças sobre as articulações, enquanto os movimentos são usados 
nas análises dinâmicas para interpretar componentes cinéticos e cinemáticos 
do movimento. 
 
[24] 
 
Nota de revisor: a seguir apresenta-se uma imagem que corresponde à 
FIGURA 1-17 e cuja legenda é: Movimentos nos três planos. A maioria dos 
movimentos humanos emprega movimentos nos três planos. A fase de 
liberação no lançamento alto mostrado acima ilustra movimentos que ocorrem 
nos três planos. Observe que os movimentos no plano sagital são visualizados 
pelo lado, os movimentos no plano frontal são visualizados por trás, e os 
movimentos no plano transverso são visualizados por cima. 
No PLANO SAGITAL são representados os movimentos de flexão e extensão; 
no PLANO FRONTAL são representados os movimentos de abdução, adução 
e flexão lateral do tronco; no PLANO TRANSVERSO é representado o 
movimento de rotação. 
 
 O primeiro exemplo de segmento que apresentaremos é o antebraço. um 
segmento que fica confinado ao movimento em dois planos com respeito à 
posição anatômica. Apresentaremos uma descrição cinemática dos 
movimentos do antebraço usando a informação sobre a estrutura de referência 
da posição anatômica, o movimento angular relativo a essa posição, 
terminologia do movimento articular, e os três planos de movimento. Os 
movimentos de flexão e extensão no plano sagital que ocorrem na articulação 
do cotovelo têm gl 1 (FIGURA 1-18). 
 
[25] 
 
Nota de revisor: a seguir apresenta-se uma imagem que corresponde à 
FIGURA 1-18 e cuja legenda é: Movimento articular simples: o antebraço. A 
flexão e extensão do antebraço ocorre no plano sagital sobre um eixo 
mediolateral que atravessa a articulação do cotovelo. A pronação e supinação 
do antebraço ocorre no plano transverso sobre um eixo longitudinal que passa 
pelas articulações radioulnares. 
 
O antebraço pode ser flexionado cerca de 140 a 160 graus antes que seja 
impedido por resistência considerável dos tecidos moles. O segmento estende-
se voltando para a posição anatômica e. para alguns indivíduos, pode ir além 
da posição anatômica em hiperextensão (5 a 10 graus) se as características 
estruturais posteriores da articulação permitirem. O antebraço pode também 
mover-se no plano transverso por movimentos de pronação e supinação que 
são produzidos nas articulações radioulnar superior e inferior (gl 1). O 
antebraço pode ser pronado ou supinado de modo que a mão gire em 180 
graus a partir da posição anatômica. Os movimentos do antebraço são 
componentes importantes para muitas habilidades esportivas envolvendo o 
membro superior. No padrão típico de lançamento sobre o ombro, o antebraço 
flexiona e faz pronação na fase preparatória e estende-se, às vezes, com ainda 
mais pronação nas fases de potência e de seguimento. O movimento de 
extensão do antebraço é um componente significante da fase de aplicação de 
força de muitas atividades esportivas. O movimento de pronação do antebraço 
é importante tanto na aplicação de força quanto na aquisição da direção ou 
colocação correta da mão ou raquete. 
 Enquanto os movimentos do antebraço são contidos dentro de dois planos 
primários, o sagital e o transverso, o antebraço pode ser orientado 
tridimensional mente no espaço pelo braço de modo que o segmento 
propriamente dito possa mover-se por qualquer um dos três planos ou 
diagonalmente pelos dois planos com referência ao corpo como um todo. Esse 
é um bom exemplo de cadeia cinemática, ilustrando a contribuição da 
articulação tridimensional do ombro com os movimentos do antebraço. É 
melhor identificar primeiro os planos e graus de liberdade do antebraço com 
respeito à posição anatômica antes de tentar descrever as características do 
antebraço quando está posicionado no espaço pelo braço. 
 As características de movimento do segmento mais móvel do corpo, o 
braço, são complexas. O braço move-se na articulação do ombro em três 
planos de ação diferentes (gl 3). A partir da posição fundamental, o braço 
eleva-se para frente em flexão no plano sagital subindo até completar

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