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Ribeiro, Eduardo Silva, Eduardo Talamini, Fabio Nusdeo, Felipe Moraes, Fernando Marcondes, Francisco Jose Cahali, Geraldo Fonseca, Joaquim Paiva Muniz, Flávia Bittar, Judith Martins-Costa, Leandro Rennó, Leonardo Ribeiro, Luiz Francisco Avolio, Debora Visconte, Ricardo Ramalho Almeida, Paulo Macedo Garcia Neto, Paulo Magalhães Nasser, Paulo Osternack Amaral, Pedro Batista Martins, Renato Stephan Grion, Rodolfo Amadeo, Rodrigo de Oliveira Franco, Selma Ferreira Lemes, Min. Sidnei Beneti (STJ), Teresa Arruda Alvim, Thiago Marinho Nunes, Thiago Rodovalho, Thiago Sombra e Zulmar Duarte. CLIQUE AQUI PARA CONHECER OS PROFESSORES O investimento é de R$797,00 em até 10 vezes sem juros no cartão de crédito. Podemos emitir boleto bancário do valor à vista também, caso prefira. Fique por dentro de todas as novidades envolvendo a área do direito que mais cresce no Brasil, preparando-se agora para um futuro promissor e de muito sucesso! INSCREVA-SE AGORA NO CURSO! 2 SUMÁRIO 1. O QUE É A ARBITRAGEM? 2. ARBITRAGEM x MEDIAÇÃO x CONCILIAÇÃO 3. CRISE DO PROCESSO CIVIL? 4. ATRATIVOS E VANTAGENS DA ARBITRAGEM 5. MERCADO DE TRABALHO NA ARBITRAGEM 6. QUEM PODE SER ÁRBITRO? 7. ARBITRAGEM vs. CUSTO 8. ARBITRAGEM EXPEDITA REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 3 1. O QUE É A ARBITRAGEM? A arbitragem é um método de solução extrajudicial de conflitos. Assim, podemos conceituar a arbitragem como sendo o processo através do qual a controvérsia existente entre as partes é decidida por terceiro ou terceiros (árbitros) imparciais, e não pelo Poder Judiciário (juízes). Esses terceiros imparciais são indicados pelas próprias partes ou indicados na forma por elas desejada (por uma instituição, por exemplo). A arbitragem é, assim, um exercício da própria liberdade das partes, que podem escolher como desejam que a controvérsia seja decidida, se de forma judicial (juízes) ou de forma privada (árbitros). E, optando pela arbitragem, ainda exercem sua liberdade escolhendo como se dará esse processo, se de forma institucional (administrado por uma Câmara Arbitral) ou ad hoc (administrado pelos próprios árbitros em conjunto com as partes e eventuais secretários), e se a controvérsia será decidida por árbitro único ou por tribunal arbitral (três ou mais árbitros, desde que em número ímpar). Os únicos requisitos impostos pela lei é que as partes sejam capazes civilmente (capacidade de contratar) e que o objeto da controvérsia seja arbitrável, ou seja, que se trate de direito patrimonial disponível (LArb art. 1.º). Um passo absolutamente essencial para o desenvolvimento da arbitragem no Brasil foi o advento da Lei 9.307/1996 (Lei de Arbitragem - LArb), fruto de excelente projeto elaborado por CARLOS ALBERTO CARMONA, PEDRO ANTONIO BATISTA MARTINS e SELMA MARIA FERREIRA LEMES, refletindo a Lei Modelo da UNCITRAL sobre Arbitragem Comercial Internacional de 1986, e revista em 2006. 4 Nesse contexto, passados vinte anos de vigência da atual Lei de Arbitragem, e, especialmente nos últimos quinze anos, posteriormente à celebrada decisão do SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL reconhecendo sua constitucionalidade (STF, Pleno, AgReg na Sentença Estrangeira n. 5.206-7 – Reino da Espanha, rel. Min. Sepúlveda Pertence, m.v., j. 12.12.2001, DJ 30.4.2004), o Brasil passou a vivenciar muito intensamente a arbitragem, transpondo rapidamente da infância arbitral para sua maturidade. Não que arbitragem fosse inexistente no país antes de 1996, mas era muitíssimo diminuta e praticamente restrita a arbitragens internacionais, ainda que houvesse, aqui ou acolá, arbitragens domésticas e arbitragens envolvendo Poder Público, o que se devia, principalmente, às falhas legislativas em sua disciplina, impedindo o desenvolvimento de uma cultura arbitral, ante a falta de obrigatoriedade do compromisso assumido e a necessidade de homologação judicial da sentença arbitral. Essas falhas foram corrigidas na atual Lei de Arbitragem brasileira, passando a convenção de arbitragem, assinada entre as partes, a ser obrigatória, e a não ser mais necessária homologação judicial da sentença arbitral, salvo se estrangeira, a exemplo do que também ocorre com as sentenças judiciais. Nesse cenário, segundo recentes estatísticas colhidas por SELMA LEMES junto às cinco principais câmaras arbitrais brasileiras, o Brasil passou de 21 procedimentos arbitrais em 2005 para 222 em 2015, o que significa, em valores envolvidos nesses procedimentos, de R$ 247 milhões em 2005 para cerca de R$ 10,7 bilhões em 2015 (Cfr. em: http://www.valor.com.br/legislacao/4583827/arbitragens- envolveram-r-38-bilhoes-em-seis-anos). De igual sorte, nas estatísticas da Corte Internacional de Arbitragem (CCI), o Brasil tem 5 voltar ao sumário sido ranqueado entre os quatro maiores usuários, sendo o país líder na América Latina em número de arbitragens. Assim, o Brasil vem sendo reconhecido, inclusive internacionalmente, como um ambiente seguro e propício para o desenvolvimento da arbitragem, o que se deve também ao papel desempenhado pelo Poder Judiciário, especialmente pelo SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA, em prestigiar a arbitragem. Inclusive, o Brasil foi premiado pela Global Arbitration Review – GAR como o vencedor do GAR´s 50 como a “Jurisdiction that made great progress improving its arbitration regime in 2013”. Nesse contexto, a utilização da arbitragem vem experimentando forte crescimento no país, como o demonstram as recentes estatísticas de algumas das principais Câmaras Arbitrais brasileiras. Em verdade, em alguns setores da economia, a arbitragem chega a ser necessária, como para as empresas que desejam atuar no Novo Mercado da Bolsa de Valores ou para as que desejam atuar na comercialização de energia elétrica, sendo que, nos negócios internacionais, a utilização da arbitragem também tem sido a regra. 6 2. ARBITRAGEM x MEDIAÇÃO x CONCILIAÇÃO Muita confusão tem havido entre o que seja arbitragem e o que seja mediação. Contudo, ainda que ambos sejam métodos alternativos ou extrajudiciais de solução de conflitos, consubstanciam-se, entretanto, em institutos jurídicos que não se confundem. Assim, tem-se que a mediação é um método «consensual» de solução de conflitos. Isto porque, o mediador atua como um mero facilitador entre as partes, sem poder decisório, apenas as auxiliando a retomar o diálogo e a tentar construir um acordo. É nesse sentido, inclusive, a definição que nos é dada pelo legislador na Lei de Mediação (L. 13.140/2015), em seu art. 1.º par. ún.: “Considera-se mediação a atividade técnica exercida por terceiro imparcial sem poder decisório, que, escolhido ou aceito pelas partes, as auxilia e estimula a identificar ou desenvolver soluções consensuais para a controvérsia” (= método autocompositivo). Nesse sentido, o art. 165, caput, do NCPC, dispõe que, baseados em normas editadas pelo Conselho Nacional de Justiça – CNJ, os tribunais criarão centros judiciários de solução consensual de conflitos, responsáveis, por sua vez, pela realização de sessões e audiências de conciliação e mediação, bem como pelo desenvolvimento de programas destinados a auxiliar, orientar e estimular a autocomposição. A arbitragem (L. 9.307/1996), por sua vez, é um método heterocompositivo de conflitos. Isto porque, o árbitro (ou árbitros), tal como o juiz, tem «poder decisório», que lhe é atribuído pelas partes na convenção de arbitragem. Assim, o árbitro decide o conflito, proferindo efetivamente uma sentença (sentença arbitral), 7 reconhecida pela própria Lei de Arbitragem (art. 31) e pelo NCPC como espécie de título executivo judicial (art. 515, VII). A decisão do árbitro se impõe às partes, tal como se passa com a sentença judicial. Trata-se de autêntico exercício de jurisdição privada (distinto da jurisdição estatal), que deve observar o devido processo legal (contraditório, igualdade das partes, imparcialidade do árbitro, livre convencimento motivado), e que não se confunde com a autocomposição entre as partes – facilitada por um mediador ou conciliador. O conciliador, “que atuará preferencialmente nos casos em que não houver vínculo anterior entre as partes, poderá sugerir soluções para o litígio, sendo vedada a utilização de qualquer tipo de constrangimento ou intimidação para que as partes conciliem” (NCPC, art. 165, § 2º). Certo é que, em algumas ocasiões, o próprio juiz funcionará como conciliador das partes, devendo sempre estimular a autocomposição (arts. 139, inciso V e 359), situações nas quais atuará primeiro como facilitador e depois como magistrado a proferir sentença homologatória (art. 487, inciso III, “b”). Nas palavras de Francisco José CAHALI: “O conciliador intervém com o propósito de mostrar às partes as vantagens de uma composição, esclarecendo sobre os riscos de a demanda ser judicializada. Deve, porém, criar ambiente propício para serem superadas as animosidades. Como terceiro imparcial, sua tarefa é incentivar as partes e a propor soluções que lhes sejam favoráveis. Mas o conciliador deve ir além para se chegar ao acordo: deve fazer propostas equilibradas e viáveis, exercendo, no limite do razoável, 8 voltar ao sumário influência no convencimento dos interessados. Aliás, a criatividade deve ser um dos principais atributos do conciliador; dele espera-se talento na condução das tratativas e na oferta de diversas opções de composição equilibrada, para as partes escolherem, dentre aquelas propostas, a mais atraente à solução do conflito. Destaque-se, portanto, que o conciliador efetivamente faz propostas de composição, objetivando a aceitação pelas partes e a celebração do acordo. A apresentação de propostas e a finalidade de obter o acordo são, pois, duas características fundamentais da conciliação”. (Curso de arbitragem, São Paulo: RT, 2015, p. 46). 9 3. CRISE DO PROCESSO CIVIL? As principais vantagens (da arbitragem) são tempo, sigilo, especialidade do julgador, e flexibilidade. O fator tempo torna-se especialmente mais relevante quando cotejado com os números da Justiça Estatal: • Em 2015, o Poder Judiciário precisou lidar com um universo de 102 milhões de processos (o estoque aumentou em 1,9 milhão de processos – 3% em relação ao ano anterior), sendo que cerca de 80% das demandas pendentes é reflexo direto da Justiça Estadual. • Dentro da Justiça Estadual, da distribuição até a baixa do processo, leva-se, em média, 3 anos e 2 meses, considerando o universo dos processos baixados em 2015. Mas o tempo do acervo é o dobro. Levando em conta todos os casos pendentes de solução em 31/12/2015, verifica-se que estes processos estão pendentes, em média, há 6 anos e 10 meses. • Quase 15 mil magistrados em primeiro grau, que julgam, em média, 1.742 processos por ano. • Isso corresponde a quase 5 processos julgados por dia (considerando-se 365 dias trabalhados ininterruptamente) ou cerca de 2 processos a cada três horas (para uma jornada de 9 horas). Em outras palavras, por ano, o juiz dedicará, em média, menos de 2 horas para o processo. • Situação nos Tribunais Superiores: em 2015, 8.209 processos foram julgados em média por ministro (cerca de 22 10 voltar ao sumário processos/dia ou menos de meia hora por processo, para uma jornada de 9 horas). • Pior situação: STJ – em 2015, 10.873 processos foram julgados em média por ministro (cerca de 29 processos/dia ou menos de 20 minutos por processo, para uma jornada de 9 horas). • TJSP (o maior tribunal do país): em 2014, 1.879 processos foram julgados em média por Desembargador (cerca de 5 processos/dia ou 1 processo a cada duas horas, para uma jornada de 9 horas) [Fonte: CNJ – Indicadores de Produtividade dos Magistrados e Servidores no Poder Judiciário: Justiça em números 2016, ano- base 2015]. É a denominada “crise do processo civil”, que acaba por exacerbar a cultura do litígio que atualmente impera no país. 11 4. ATRATIVOS E VANTAGENS DA ARBITRAGEM O crescente interesse pela arbitragem no Brasil está diretamente associado aos seus quatro principais atrativos, quais sejam: especialidade do julgador, celeridade, flexibilidade procedimental e confidencialidade. Abordaremos brevemente esses atrativos. Na Justiça Estatal, por razões inerentes à sua estrutura organizacional, o magistrado acaba por ser, naturalmente, um generalista. Isso não é um demérito, ao contrário, é necessário, ante a pulverizada gama de conflitos que chegam cotidianamente ao nosso Judiciário. Contudo, para certos conflitos mais específicos ou mais complexos, essa qualidade generalista pode não ser positiva. Esse é um dos fatores que levam empresas a buscar, na arbitragem, um meio de solução da controvérsia. Nela, há ampla liberdade da escolha de quem poderá ser o árbitro e, com isso, as partes podem eleger alguém que tenha familiaridade com a matéria e em quem depositam confiança (especialidade do julgador). Com isso, sentem-se mais confortáveis com o próprio procedimento. Assim, num conflito societário, por exemplo, podem escolher, como julgador, determinado profissional que se dedica ao estudo desse tema, conferindo, pois, maior expertise ao julgamento, o que lhes traz mais segurança. Mais do que isso, e aqui reside outra vantagem, se o próprio árbitro porventura não se sente confortável com a arbitragem para a qual foi indicado, ele pode recusá-la, inclusive se não dispuser de tempo hábil para se dedicar ao caso. De outro lado, ao magistrado 12 não é dado recusar as ações que lhe chegam (salvo nas hipóteses de impedimento ou suspeição). Outro grande atrativo da arbitragem é, sem dúvida, sua celeridade. No Judiciário, o cidadão sabe apenas quando entra em juízo, mas dificilmente conseguirá precisar quando sairá. Facilmente, um processo judicial supera a casa dos dez, quinze anos de duração, o que gera muito custo e intranquilidade às partes. A arbitragem, por sua vez, é célere. A própria Lei de Arbitragem fixa-lhe prazo de seis meses para terminar, ainda que não seja incomum sua prorrogação. Mas, mesmo com a prorrogação, a média das principais Câmaras Arbitrais é de pouco mais de um ano de duração, com realização de provas e audiências. Isso sem se falar nas chamadas arbitragens expeditas, mais céleres ainda. Sendo a arbitragem resolvida em sentença final, não cabe recurso para impugná-la, cabe apenas Pedido de Esclarecimento (assemelhado aos embargos de declaração, no Código de Processo Civil). Assim, uma vez proferida a sentença arbitral, pode-se tão somente tentar-lhe a anulação por vício procedimental, mas não de mérito. E o Poder Judiciário tem prestigiado muito o desenvolvimento da arbitragem no país (em decisões que têm sido elogiadas inclusive no exterior), de modo que os índices de sentenças arbitrais anuladas são muito baixos. A flexibilidade do procedimento arbitral também é um atrativo. Em vez do engessamento do Código de Processo Civil, as partes, em conjunto com os árbitros, podem moldar o procedimento para um formato que lhes seja mais adequado, de acordo com o 13 conflito, desde que preservados os princípios da igualdade e do contraditório. Assim, podem ajustar como serão apresentadas as manifestações, prazos, quais provas serão produzidas e em que ordem, enfim, disciplinar como querem que o procedimento se desenvolva. Note-se que o Novo Código de Processo Civil (Lei n. 13.105 de 2015), influenciado pelo êxito da arbitragem, tem procurado flexibilizar, em certa maneira, o próprio processo judicial, o que é um grande avanço. Por fim, tem-se na confidencialidade mais um atrativo. Embora a Lei de Arbitragem não imponha a confidencialidade, em regra, as arbitragens são sigilosas, quer porque as partes assim expressamente o escolheram, quer porque a Câmara Arbitral a prevê em seu regulamento. E isso tem atraído tanto empresas quanto pessoas físicas, que não desejam ver seu conflito exposto ao grande público, especialmente quando questões negociais sensíveis estão em jogo. Na Justiça Estatal, naturalmente, ocorre o contrário, a regra é publicidade. Concluindo a análise sobre os seus atrativos, pode-se dizer que é justamente em razão deles que a arbitragem tem se desenvolvido e crescido no país, sendo considerada, atualmente, não apenas um meio alternativo (ADR – Alternative Dispute Resolution), mas, sim, efetivamente um meio adequado à solução de conflitos (modernamente, ADR – Adequate Dispute Resolution), razão pela qual, no Brasil, ao lado de outros métodos (como a conciliação e a mediação), o próprio Novo Código de Processo Civil, inclusive, a estimula. 14 Por conta disso, ao longo dos últimos anos, a arbitragem vem crescendo exponencialmente, no Brasil (com um crescimento médio anual de 20%) e no mundo (a Espanha, por exemplo, registrou um aumento médio de 15% nas arbitragens). Sendo que, nesse cenário, recentes pesquisas realizadas junto às grandes empresas têm revelado, ainda, a maior (e crescente) preferência para utilização da arbitragem como meio adequado para resolução de certos tipos de controvérsias empresariais (conflitos societários e obras complexas de construção civil, por exemplo). No mesmo sentido, nos negócios internacionais, a utilização da arbitragem também tem sido a regra, a ponto de recente pesquisa ter mostrado que 52% das multinacionais preferem recorrer à arbitragem em vez da justiça estatal. Esse crescente interesse pela arbitragem, no Brasil e no mundo, está diretamente associado aos seus já mencionados atrativos (especialidade do julgador, celeridade, flexibilidade e confidencialidade). 15 voltar ao sumário 16 5. MERCADO DE TRABALHO NA ARBITRAGEM Há algum tempo, o Ministro Luis Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal, fez uma ponderação impactante. Disse ele: “O advogado do futuro não é aquele que propõe uma boa demanda, mas aquele que a evita. As medidas extrajudiciais de resolução de conflitos estão se tornando uma realidade a cada dia e vão impactar nas funções do advogado, que passará de defensor a negociador” (Ministro Luis Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal, em palestra no dia 11/8/2016, Dia do Advogado, no 7º Congresso Brasileiro de Sociedades de Advogados, promovido pelo Sindicato das Sociedades de Advogados dos estados de São Paulo e Rio de Janeiro – Sinsa – na capital paulista). Essa frase mostra a importância que os meios alternativos de solução de conflitos (as ADRs – Alternative Dispute Resolution, ou, modernamente, Adequate Dispute Resolution) têm ganhado na vida do advogado, o que tem levado a advocacia a reinventar-se no Brasil. Isto porque, a função do advogado é também, e especialmente, «resolutiva», é dizer, o cliente o procura porque tem um problema, e sua função é encontrar a melhor forma de resolver esse problema, o que foi fortemente impactado pelas recentes mudanças normativas. Assim, com a Lei de Arbitragem (L 9.307/1996, reformada em 2015), com a Resolução 125/2010 do CNJ (que promoveu a conciliação), com o NCPC (L 13.105 de 2015) e com o Marco Legal da Lei de Mediação (L 13.140 de 2015), que estimulam, ainda, a negociação como método de resolução de conflitos, podemos, finalmente, afirmar que houve a consagração, no país, do denominado Tribunal Multiportas (Multi-door Courthouse System). 17 voltar ao sumário E nesse ambiente de NCPC, Reforma da LArb e Marco Legal da Mediação, e em uma realidade de «sociedade em crise», com mais de 1 milhão de advogados (Total de advogados no Brasil chega a 1 milhão, segundo a OAB, disponível em http://www.conjur.com.br/2016-nov-18/total-advogados-brasil- chega-milhao-segundo-oab) e de 100 milhões de processos, as funções do advogado restam transformadas. Assim restam enaltecidas as funções Preventiva e Resolutiva do advogado, quer prevenindo conflitos (p.ex., com assessoramente, treinamento, consultivo etc.), quer resolvendo-os da melhor forma possível, i.e., analisando as três variáveis básicas: tempo, custo e expertise das decisões ou qualidade dos resultados. Para tanto, o advogado do futuro será aquele que saberá transitar pelas principais formas de resolução de conflitos: Negociação, Conciliação, Mediação, Arbitragem e Judiciário. Assim, num mercado cada vez mais concorrido, o advogado que souber manejar apenas uma das portas disponíveis na realidade proporcionada pelo Tribunal Multiportas restará incompleto, podendo ofertar menos serviços do que o seu cliente precisa, daí a importância cada vez maior de estudar outros métodos de resolução de conflitos. 18 voltar ao sumário 6. QUEM PODE SER ÁRBITRO? Tema que, por vezes, tem suscitado muitas dúvidas é o de quem pode ser árbitro. A lei de arbitragem (L 9.307/1996) contém disciplina a esse respeito, em seu artigo 13: “Pode ser árbitro qualquer pessoa capaz e que tenha a confiança das partes”. Não há, portanto, na lei, maiores exigências, senão a de que o árbitro seja independente e imparcial (arts. 13 § 6º, 14 § 1º e 21 § 2º). Deste modo, como se denota, a lei não exige qualquer formação especial, nem mesmo jurídica, ainda que, na prática, a maioria dos árbitros provenha de carreira jurídica. Contudo, o árbitro há, como regra, de ser escolhido, indicado pelas partes, e estas, por evidente, escolhem alguém que, em sua visão, reúna os predicados que entendam relevantes para a boa dirimição da controvérsia, i.e., predicados de competência, independência, imparcialidade, dedicação e disponibilidade. Demais disso, árbitro não é profissão. Não se «é» árbitro, e, sim, se «está» árbitro [o árbitro é o juiz de fato e de direito (art. 18) apenas e tão somente para aquele caso concreto para o qual foi nomeado]. Isto porque, trata-se de uma jurisdição por tempo determinado, que se esgota quando findo o procedimento arbitral (LArb, art. 29), e somente se voltará a “estar” árbitro caso volte a ser indicado por alguém. Justamente por isso, não há “sindicato de árbitro” ou “carteira de árbitro”, nem curso que possa prometer “torná-lo árbitro”. 19 7. ARBITRAGEM vs. CUSTO Um dos pontos que costumam ser identificados como uma desvantagem da arbitragem, ao menos no Brasil, é seu «custo». Em recente pesquisa sobre Arbitragem no Brasil – Pesquisa CBAr-Ipsos, cerca de 60% dos entrevistados disseram que a arbitragem pode ter desvantagem em relação ao processo judicial, e, destes, 60% apontou justamente o custo como sendo essa principal desvantagem (V. André de Albuquerque Cavalcanti Abbud. Relatório sobre Arbitragem no Brasil – Pesquisa CBAr-Ipsos, São Paulo: CBAr- Ipsos, 2013, p. 14, pesquisa disponível em http://www.cbar.org.br/PDF/Pesquisa_CBAr-Ipsos-final.pdf). De fato, o custo pode ser elemento dificultoso ou mesmo impeditivo a certas empresas a litigarem na arbitragem. Contudo, os custos, em verdade, mesmo na arbitragem, são muito variados, mudando sensivelmente de Câmaras Arbitrais de grande porte para de médio porte, p. ex., além de existência de Câmaras on-line, pontos muitas vezes esquecidos pelas próprias partes quando dessa tomada de decisão. Além disso, a arbitragem pode ser institucional (com a prestação do serviço de uma Câmara) ou ad hoc; pode, ainda, ser com Tribunal Arbitral (três árbitros) ou com Árbitro Único, o que igualmente impacta a questão dos custos. Há, outrossim, a possibilidade de valer-se da modalidade de «arbitragem expedita», uma modalidade de arbitragem mais célere e simplificada, que pode reduzir as despesas com o procedimento. Por fim, não se pode olvidar da possibilidade de escalonamento da convenção de arbitragem, prevendo mais de uma forma de resolução 20 voltar ao sumário (med-arb ou arb-med, v.g.) ou mesmo escalonando conforme o vulto econômico do conflito. Em suma, todas essas alternativas impactam decisivamente a questão dos custos da arbitragem, podendo torná-la mais acessível, de modo a democratizar seu acesso. Assim, para além das naturais cautelas financeiras necessárias para a tomada de decisão pela arbitragem ou não, é preciso refletir também, por ocasião da celebração da convenção de arbitragem, qual a forma mais adequada para o tipo ou porte do (potencial) conflito. 21 voltar ao sumário 8. ARBITRAGEM EXPEDITA No último texto, tratamos um pouco da questão do custo da arbitragem, tema que sempre preocupa seus usuários. Pois bem, nesse texto, faremos breves considerações justamente sobre uma das formas de se reduzir o custo da arbitragem, qual seja, a chamada “arbitragem expedita”, modalidade oferecida por diversas Câmaras Arbitrais no Brasil e no exterior. A arbitragem expedita consiste num procedimento arbitral «simplificado», decidido por árbitro único, em vez de Tribunal Arbitral (três ou mais árbitros). E para além da decisão por árbitro único, simplifica-se o próprio procedimento, com a redução de prazos (por vezes até de manifestações, dês que respeitando o devido processo legal, LArb art. 21 § 2.º), bem como com uma produção probatória igualmente simplificada, através da juntada de documentos e da oitiva de eventuais testemunhas, substituindo-se, por exemplo, a prova pericial por juntada de pareceres técnicos. Com isso, torna-se o procedimento mais célere e simples, reduzindo-se-lhes os custos (i.e., com as taxas cobradas pelas Câmaras e os honorários do árbitro único em patamares menores ao de um procedimento arbitral tradicional). Trata-se de modalidade de procedimento arbitral indicada a litígios menos complexos ou a casos que, embora complexos, digam respeito unicamente a questões de direito, sem demandar grande dilação probatória. 22 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BAPTISTA, Luiz Olavo. Arbitragem comercial e internacional, São Paulo: Lex Magister, 2011. BASSO, Maristela. Curso de direito internacional privado, 2.ª ed., São Paulo: Atlas, 2011. BATISTA MARTINS, Pedro A. Arbitragem no direito societário, São Paulo: Quartier Latin, 2012. __________. Aspectos jurídicos da arbitragem comercial no Brasil, Rio de Janeiro: Lumen Juris, 1990. CAHALI, Francisco José. Curso de arbitragem, 5.ª ed., São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015. __________. 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Cavalcanti Abbud, André Luis Monteiro, André Vasconcelos Roque, Arnoldo Wald, Bruno Guandalini, Cândido Rangel Dinamarco, Carlos Alberto Carmona, Carlos Eduardo Stefen Elias, Carlos Forbes, Cesar Guimarães Pereira, Daniel Jacob Nogueira, Diogo Albaneze G. Ribeiro, Eduardo Silva, Eduardo Talamini, Fabio Nusdeo, Felipe Moraes, Fernando Marcondes, Francisco Jose Cahali, Geraldo Fonseca, Joaquim Paiva Muniz, Flávia Bittar, Judith Martins-Costa, Leandro Rennó, Leonardo Ribeiro, Luiz Francisco Avolio, Debora Visconte, Ricardo Ramalho Almeida, Paulo Macedo Garcia Neto, Paulo Magalhães Nasser, Paulo Osternack Amaral, Pedro Batista Martins, Renato Stephan Grion, Rodolfo Amadeo, Rodrigo de Oliveira Franco, Selma Ferreira Lemes, Min. Sidnei Beneti (STJ), Teresa Arruda Alvim, Thiago Marinho Nunes, Thiago Rodovalho, Thiago Sombra e Zulmar Duarte. CLIQUE AQUI PARA CONHECER OS PROFESSORES O investimento é de R$797,00 em até 10 vezes sem juros no cartão de crédito. 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