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Tratamento de Resíduos Industriais Profa. Fabiana V. Fonseca fabiana@eq.ufrj.br Uso de Água e Geração de Efluentes na Indústria Fonte: Teixeira, L. A. C. – Tratamento de Efluentes Industriais – PUC-‐Rio Conama 430 Sólidos Características Físicas Temperatura Características Químicas Orgânicos Inorgânicos 10-6 103 100 10-3 m Características Biológicas Características Microrganismos Algas Suspensão Sólidos Coloidais Dissolvidos 10-6 103 100 10-3 µm Suspensos Coloidais Dissolvidos Características Físicas Todos os contaminantes da água, com exceção dos gases dissolvidos, contribuem para a carga de sólidos. 9 Características Físicas p Sólidos presentes na água (Fonte: von Sperling, 1996). 10 Sólidos p Sólidos Características Físicas PARÂMETROS DE QUALIDADE DA ÁGUA Cor Sólidos Dissolvidos Classifica-se como cor verdadeira, devido somente às substâncias dissolvidas , e cor aparente, aquela associada à cor e turbidez, ou seja, determinada sem separação do material em suspensão. Os principais constituintes responsáveis pela cor são os sólidos dissolvidos de origem natural ou antropogênica, sendo considerados de origem natural, a decomposição da matéria orgânica e a presença de ferro e manganês, e de origem antropogênica, resíduos industriais e esgoto domésticos. q Unidade: uH (Unidade Hazen - padrão de platina-cobalto) ou uC unidade de cor Características Físicas 13 Características Físicas p Turbidez n representa o grau de interferência com a passagem da luz através da água, conferindo uma aparência turva à mesma. n Causada por sólidos em suspensão n Pode reduzir a penetração da luz, prejudicando a fotossíntese, em corpos d'água. n Unidade: uT (Unidade de Turbidez - unidade de Jackson ou nefelométrica) 7 - SD < 500mg/L doce; - 500mg/L ≤ SD≤ 30.000mg/L salobra; - SD> 30.000mg/L salina A seguir serão abordados os diversos parâmetros físicos, químicos e biológicos de qualidade de água. Cabe ressaltar que os parâmetros abordados neste item podem ser de utilização geral, tanto para caracterizar águas de abastecimento, águas residuárias, águas de processo, mananciais e corpos receptores (Fonte: von Sperling, 1996). 3.2. Parâmetros Físicos 3.2.1. Cor • Conceito: Responsável pela coloração na água. • Forma do constituinte responsável: Sólidos dissolvidos • Origem natural: - decomposição da matéria orgânica (principalmente vegetais - ácidos húmicos e fúlvicos); - ferro e manganês. • Origem: antropogênica: - Resíduos industriais (ex: tinturarias, tecelagem produção de papel); - Esgotos domésticos. • Importância: - origem natural: não representa risco direto à saúde, mas consumidores podem questionar a sua confiabilidade. Além disso, a cloração da água contendo a matéria orgânica dissolvida responsável pela cor pode gerar produtos potencialmente cancerígenos (trihalometanos - ex: clorofórmio); - origem industrial: pode ou não apresentar toxicidade. • Unidade: uH (Unidade Hazen - padrão de platina-cobalto) • Interpretação dos resultados: - Deve-se distinguir entre cor aparente e cor verdadeira. No valor da cor aparente pode estar incluída uma parcela devida à turbidez da água. Quando esta é removida por centrifugação obtém-se a cor verdadeira. - A cor é sensível ao pH. A sua remoção é mais fácil a pH mais baixo. Ao contrário, quanto maior o pH mais intensa é a cor. 3.2.2. Turbidez • Conceito: A turbidez representa o grau de interferência com a passagem da luz através da água, conferindo uma aparência turva à mesma. • Forma do constituinte responsável: Sólidos em suspensão. • Origem natural: - Partículas de rocha, argila e silte. - Algas e outros microrganismos • Origem antropogênica: - Despejos domésticos; - Despejos industriais; p Temperatura § Manutenção da vida aquática; Características Físicas § Aumento das reações químicas e biológicas podendo acarretar a elevação da toxicidade de alguns elementos e compostos químicos p Condutividade Elétrica n Indica a capacidade da água de conduzir uma corrente elétrica., em função da presença de substâncias dissolvidas que se dissociam em ânions e cátions. n Soluções da maioria das substâncias inorgânicas são boas condutoras. De modo oposto, moléculas de substâncias orgânicas, que não se dissociam em s o l u ç õ e s a q u o s a s , c o n d u z e m pobremente a corrente. n A condutividade é aproximadamente proporcional a quantidade de sais dissolvidos na água. n Comumente expressa em µS/cm (microSiemens) Características Físicas q Matéria Orgânica Carbonácea Principal fonte poluidora - Consumo de O2 Quanto a forma e tamanho: em suspensão (particulada) ou dissolvida (solúvel) Biodegradabilidade - Inerte ou Biodegradável Medição Métodos Indiretos - DBO e DQO Métodos Diretos - COT Mede o C liberado como CO2 PARÂMETROS DE QUALIDADE DA ÁGUA Características Químicas Características Químicas p DBO (mg/L) p Quantidade de oxigênio requerida por microrganismos aeróbios para a oxidação de compostos orgânicos presentes na fase líquida. p Avaliação quantitativa da concentração de material orgânico presente na fase líquida (rios, lagos, reservatórios, esgotos sanitários e efluentes industriais). p Avaliação indireta da quantidade de material orgânico biodegradável presente na fase líquida. Características Químicas p Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO) – reação de degradação biológica Compostos orgânicos Oxigênio consumido Produtos Finais energiafinaisprodutosoutrosNHOHCOOCOHNS ++++→+ __3222 p Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO) energiafinaisprodutosoutrosNHOHCOOCOHNS ++++→+ __3222 dias C on su m o de O xi gê ni o (m g O 2 / L) 5 dias 20 dias DBO consumida DBO padrão DBO última ou carbonácea Características Químicas p Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO) dias C on su m o de O xi gê ni o (m g O 2 / L) DBO consumida DBO remanescente DBO última ou carbonácea • Sem introdução de oxigênio • Temperatura controlada • Presença de microrganismos • Nutrientes (N,P,K, etc...) • Período de incubação fixo (5 dias) • pH adequado Características Químicas Características Químicas p DQO (mg/L) p Quantidade equivalente de oxigênio requerida por processo de oxidação química para a degradação de compostos orgânicos presentes na fase líquida p Avaliação quantitativa da concentração de material orgânico presente na fase líquida (rios, lagos, reservatórios, esgotos sanitários e efluentes industriais). p Avaliação indireta da quantidade de material orgânico presente na fase líquida. p Avaliação da eficiência de sistemas de tratamento de esgotos sanitários e efluentes industriais p Demanda Química de Oxigênio (DQO) – reação de oxidação química 32422 38 2)8( 2 72 ++++⎟ ⎠ ⎞ ⎜ ⎝ ⎛ −++→+++−+ CrcNHOHcdanCOHcdOdCrcNbOaHnCCompostos orgânicos Produtos Finais Agente oxidante 2363 2 cband −−+= Características Químicas Demanda Química de Oxigênio (DQO) Fontes de Poluição e Consequências Características Químicas p Nitrogênio (mg/L) n Formas p nitrogênio molecular (N2) p nitrogênio orgânico (dissolvido e em suspensão) p amônia/ amônio (NH3/NH4+) § pH<8 : praticamente toda a amônia está na forma de NH4+; § pH=9,3 : aproximadamente 50% NH3 e 50% NH4+; § pH>11: praticamente toda a amônia está na forma de NH3. p nitrito (NO2-) p nitrato (NO3-). p Nitrogênio Total Kjeldahl: NTK= amônia + nitrogênio orgânico p Nitrogênio Total: NT = NTK + NO2- + NO3- p controle de poluição das águas – Eutrofização p Consumo de OD Micropoluentes Orgânicos São resistentes a degradação biológica Produtos agrícolas e químicos Disruptores endócrinos PARÂMETROS DE QUALIDADE DA ÁGUA Micropoluentes Inorgânicos Metais pesados (As, Cr, Cd, Pb, etc..) Características Químicas Toxicidade p Análises físico-químicas podem quantificar e qualificar substâncias presentes nos efluentes, mas nada dizem sobre seus efeitos biológicos, que podem ser diferentes quando presentes em misturas; p Ensaios de toxicidade = determinação do potencial tóxico de um agente químico ou de uma mistura complexa, nos quais os efeitos destes poluentes são mensurados através da resposta de organismos vivos; p Os efeitos tóxicos causados nos organismos-teste podem ser observados através de parâmetros como: morte, falta de locomoção, diminuição da emissão de luz, diminuição da capacidade reprodutiva, etc. Fontes de Poluição e Consequências p Toxicidade aguda: n é a quantidade do comp. tóxico ou da mistura de substs. que provoca inibição em 50% dos organismos testados. Pode ser representada por várias siglas, como a DL50 (dose letal), CENO (concentração de efeito não observado), CL50 (concentração letal) e a CE50 (concentração efetiva). Os efeitos agudos são observados em até 96 horas. p Toxicidade crônica: n são informações a respeito da toxicidade cumulativa de um agente tóxico. Os efeitos são subletais e permitem a sobrevida do organismo, afetando suas funções biológicas. Os orgs. são expostos durante pelo menos a metade de um estágio de vida. Resultam na determinação da Máxima Concentração Admissível do Tóxico (MCAT) e na determinação da CENO crônica. Toxicidade Toxicidade: Bioindicadores mais usados bactérias algas crustáceos bivalves peixes plantas aquáticas Testes de toxicidade realizados no Brasil Teste Organismo-teste Resposta Microtox Toxicidade aguda CE50 Photobacterium phosphoreum Bactéria marinha, anaeróbia facultativa, Gram negativa Redução da bioluminescência após 15 min Toxicidade aguda CE50 Daphnia similis Microcrustáceo de água doce Imobilização de indivíduos jovens (de 6 a 24 h de idade) após 24 ou 48 h CENO Artemia salina Microcrustáceo de água salgada Morte após exposição dos organismos (com 24 h de vida após eclosão dos ovos) por um período de 24 h CL50 Brachydanio rerio Peixe de água doce, conhecido como paulistinha ou peixe zebra Morte de indivíduos jovens após 48 ou 96 h parâmetro unidade entrada saída padrão referência pH 7,9 7,3 entre 5,0 e 9,0 NT-202.R-10/FEEMA Temperatura °C 37 32 Inferior a 40ºC NT-202.R-10/FEEMA Turbidez FTU 425 34 Virtualmente ausente NT-202.R-10/FEEMA DQO mgO2/L 840 48 ≤ 200 mg/L DZ-205.R-5/FEEMA DBO5 mgO2/L 211 6 DBO≥100kg/d – efic. ≥ 90% DBO<100kg/d – efic. 70% DZ-205.R-5/FEEMA* Óleos e graxas mg/L 35 9 até 20 mg/L NT-202.R-10/FEEMA Material sedimentável mL/L 7,5 < 1,0 Até 1,0 ml/l NT-202.R-10/FEEMA Cromo total mg/L 0,13 <0,05 0,5 mg Cromo/L NT-202.R-10/FEEMA Zinco total mg/L <0,05 <0,05 1,0 mg Zinco/L NT-202.R-10/FEEMA Exemplo de Laudo de Análises - Indústria têxtil Eficiência de remoção de DBO = 211 - 6 x 100 = 97,2% 211 Eficiência de remoção de DQO = 840 - 48 x 100 = 94,3% 840 § pH elevado § presença de cal e sulfetos § presença de cromo potencialmente tóxico § grande quantidade de matéria orgânica (elevada DBO e DQO) § elevado teor de sólidos suspensos (pêlos, fibras, sujeira, ..) § Coloração leitosa (cal), verde-castanho ou azul (curtição) e cores variadas (tingimento) § dureza das águas de lavagem § elevada salinidade (sólidos dissolvidos totais) Poluentes hídricos gerados na Indústria de couro Exemplo de Laudo de Análises - Indústria de couro Local sob fiscalização = Indústria de Couro Pontos de coleta = entrada e saída da ETE Data da coleta = 29/10/2004 Parâmetro Unid. Entrada Saída Padrão Referência pH 6,9 8,2 entre 5,0 e 9,0 NT-202.R-10/FEEMA DQO mg O2/L 1213 1567 Ind. Couro < 400 mg/L DZ-205.R-5/FEEMA Material sedimentável mL/L 14,0 < 1,0 até 1,0 mL/L NT-202.R-10/FEEMA Cromo mg/L 1,92 0,60 0,5 mg/L NT-202.R-10/FEEMA Indústrias Alimentícias - Laticínios Características Média Faixa DBO5 (mg/L) 2300 40 – 48.000 DQO (mg/L) 4500 80 – 95.000 DBO5/ DQO 0,53 0,11 – 0,90 pH 7,2 4,5 – 9,4 Óleos e graxas (mg/L) 300 70 - 700 Sólidos Totais (mg/L) 2450 135 – 85.000 Sólidos em Suspensão (mg/L) 816 24 – 4.500 Sólidos Voláteis (mg/L) 1093 6 – 5.360 Nitrogênio Total (mg/L) 56 15 – 180 Fósforo (mg/L) 33 12 – 132 Cloreto (mg/L) 200 48 – 559 Volume de efluente (L/kg leite) 2,5 0,09 – 7,2 Fabricação de produtos farmacêuticos § Maior problema nos despejos: substâncias biologicamente ativas que podem provocar alterações no meio ambiente (hormônios esteróides, antibióticos) § Outros poluentes que podem estar presentes: metais, compostos orgânicos associados a metálicos solúveis, etc § Alguns despejos podem conter também derivados clorados e fenólicos sintéticos (utilizados como desinfetantes de máquinas ou em produtos) Exemplo de Laudo de Análises - Indústria química Local sob fiscalização = Produtos de Beleza Ltda. Pontos de coleta = entrada e saída da ETE Data da coleta = 02/12/2004 Parâmetro Unidade Entrada Saída Padrão Referência pH 7,1 6,6 entre 5,0 e 9,0 NT-202.R-10/FEEMA DQO mg O2/L 8250 309 Ind. química < 250 mg/L DZ-205.R-5/FEEMA DBO5 mg O2/L 4285 109 (*) DZ-205.R-5/FEEMA Óleos & Graxas mg/L -- 12 até 20 mg/L NT-202.R-10/FEEMA Detergentes mg/L -- < 0,25 2,0 mg/L NT-202.R-10/FEEMA Ferro mg Fe/L -- 2,36 15,0 mg/L NT-202.R-10/FEEMA (*) DBO ≥ 100 kg/d, deve-se atingir remoção de DBO de no mínimo 90%. O nível mínimo de eficiência a ser exigido (70% ou 90%) dependerá da carga orgânica total lançada pela atividade poluidora e do tipo de tratamento empregado. Indústrias Petroquímicas e refinarias p Matéria-prima: petróleo e derivados p Efluentes contêm: n hidrocarbonetos n sulfetos, mercaptanas, tiofenóis, ácidos naftênicos n fenóis n cianetos n amônia n cloretos (produção do óleo) Parâmetros monitorados – Efluentes da indústria de petróleo § pH § Temperatura § Sólidos Suspensos (RNFT) § Sais dissolvidos (cloretos, sulfetos) § Óleos e graxas § Matéria orgânica: DBO, DQO § Nitrogênio amoniacal § Fenóis § Cianetos
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