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Fundação Centro de Ciências e Educação a Distância do Estado do Rio de Janeiro Centro de Educação Superior a Distância do Estado do Rio de Janeiro Universidade Federal Fluminense Curso de Licenciatura em Letras- UFF / CEDERJ Disciplina: Literatura Portuguesa I Coordenadora: Profª Maria Lúcia Wiltshire de Oliveira Tutora a Distância: Adriana Gonçalves Avaliação PRESENCIAL 1 – 2016 / 2 Aluno(a): ___________________________________________________________________ Polo: ______________________ Matrícula _____________________ Nota: _________ Instruções: Escreva à tinta (azul ou preta) e com a maior legibilidade possível. Não escreva em tópicos. Escreva as respostas em texto coerente e coeso, em registro linguístico compatível com o trabalho acadêmico formal. Utilize o mínimo de 5 (cinco) e o máximo de 15 (quinze) linhas para cada resposta. Devolva a folha de perguntas junto com as respostas. Pontuação: 3 (três) questões – cada uma vale 30 pontos; Objetividade, clareza, coerência, coesão e correção do texto – vale 10 pontos Boa prova! QUESTÃO 1 Segundo a pesquisadora Ofélia P. Monteiro, “a história de Carlos e Joaninha e de sua impossível união é um caso, inscrito no tempo português das lutas liberais, mas também na intemporalidade do drama humano de sempre”. A partir desta afirmação relativa à novela que faz parte do romance Viagens na minha terra, de Almeida Garrett, explique a importância da obra quanto à modernidade da sua escrita e ao questionamento do território e do deslocamento. Resposta possível Garrett retratou uma época, com suas possibilidades e impossibilidades no plano político e social. Por outro lado, mostrou a fragilidade da condição humana entre os seus desejos, seus pretensos ideais e a frustração diante do que não se consegue efetivamente realizar.Por exemplo, o fracasso da relação entre os primos está ligado às lutas liberais que os separou, mas também ao caráter dúbio de Carlos. A estrutura narrativa dupla, com o plano da viagem a Santarém no presente e plano da novela sentimental, denota o caráter de modernidade no romance, justificando a sua importância no panorama da literatura portuguesa pela crítica que tece aos governos da nação.Daí o deslocamento que o texto faz em direção ao território degradado e não ao mar aberto. QUESTÃO 2 Explique a relação que se esboça no romance A Ilustre Casa de Ramires de Eça de Queirós entre a família Ramires e a história de Portugal no Capítulo I da obra, quando o narrador menciona a ocupação do território português pelos antepassados do protagonista. Você pode usar a observação crítica a seguir, que menciona a única torre que sobreviveu na propriedade de Gonçalo Mendes Ramires: (…) sobrevivente às outras mais altivas (…) isolada no pomar (…) onde retiniram armas e circularam os homens do Terço dos Ramires – ela ligava as idades e mantinha como que, nas suas pedras eternas, a unidade da longa linhagem.(PADILHA, 1989, p. 93) Resposta possível Trata-se de observar no Capítulo I como o narrador relaciona antigos Ramires a acontecimentos históricos de Portugal, da fundação do reino até a época do romance. É importante notar a curva simultânea de decadência dos Ramires e da nação, podendo-se citar um exemplo deste processo. Também o título da novela de Gonçalo – A Torre de D. Ramires - faz menção à Torre como um símbolo de permanência da família que resiste ao tempo. QUESTÃO 3 Use exemplos das estrofes citadas a seguir do poema “Num bairro moderno”, para comentar a seguinte crítica sobre a poesia de Cesário Verde: É uma poesia do trabalho útil [...]. E uma linguagem nova, de seiva burguesa e popular, rica de termos concretos, bastante dúctil e atrevida, para sugerir a mistura de sensações e as rápidas interferências do físico e do anímico, uma linguagem impressionista e fantasista, e, ao mesmo tempo, nervosa, sacudida, coloquial. (COELHO, 1961, pp. 184-185). Dez horas da manhã; os transparentes Matizam uma casa apalaçada; Pelos jardins estancam-se os nascentes, E fere a vista, com brancuras quentes, A larga rua macadamizada. [...] Como é saudável ter o seu conchego, E a sua vida fácil! Eu descia, Sem muita pressa, para o meu emprego, Aonde agora quase sempre chego Com as tonturas duma apoplexia. Subitamente,- que visão de artista!- Se eu transformasse os simples vegetais, À luz do sol, o intenso colorista, Num ser humano que se mova e exista Cheio de belas proporções carnais?! [...] Há colos, ombros, bocas , um semblante Nas posições de certos frutos. E entre as hortaliças, túmido, fragrante, Como dalguém que tudo aquilo jante, Surge um melão, que me lembrou um ventre. (VERDE, 1987, 17-18) Resposta possível A afirmativa de Eduardo Coelho mostra-se pertinente, visto que é inegável a presença do caráter sinestésico (mistura de sentidos) na poesia de Cesário, proveniente do contato do poeta com elementos da vida das ruas lisboetas, como provam os versos: “E fere a vista, com brancuras quentes,/ A larga rua macadamizada.” Nota-se ainda que o poeta faz não apenas um retrato do que vê, mas transforma em palavras, em sensações (visuais, olfativas, táteis) aquilo que vê, como nos versos: “Se eu transformasse os simples vegetais,/À luz do sol, o intenso colorista,/Num ser humano que se mova e exista /Cheio de belas proporções carnais?!” Referências: COELHO, Jacinto do Prado. Problemática da História literária. 2. Ed. ver. E ampliada, Lisboa:Ática, 1961. MONTEIRO, Ofélia Paiva. Algumas reflexões sobre a novelística de Garrett. In: Colóquio Letras, nº 30, Lisboa, 1976, p. 16. PADILHA, Laura Cavalcante. O espaço do desejo; uma leitura de A Ilustre Casa de Ramires de Eça de Queirós. Brasília: Editora Universidade de Brasília. Rio de Janeiro: EDUFF-Editora Universitária da UFF, 1989. VERDE, Cesário. Poesias Completas de Cesário Verde. Rio de Janeiro: Ediouro, 1987.
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