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aula 6 o moleiro menocchio

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O Moleiro Menocchio 
 
Domenico Scandella, conhecido como Menocchio, viveu na região 
italiana do Friuli, onde ocupava o ofício principal de moleiro. Diferente 
da maior parte da população pobre de seu tempo, sabia ler e escrever. 
Jamais saberíamos de sua existência se o moleiro não tivesse sido alvo 
da inquisição em dois processos, que, ao serem analisados pela história, 
nos contam diversos detalhes de sua vida pessoal e em comunidade, 
permitindo o resgate de uma pequena parcela do que era a vida do 
homem comum de sua época. 
O pensamento de Menocchio não é só fruto de seu tempo. É 
também fruto das intensas transformações de sua época. Duas delas são 
especialmente importantes para entende -lo: a reforma e a invenção da 
imprensa. 
A imprensa promoveu a expansão dos livros e, por consequência, 
da leitura. A media em que ler e conhecer deixavam de ser privilégios 
das classes abastadas, pessoas simples como o moleiro, que dominavam 
a leitura, podi am ter acesso ao livros. Entretanto, a leitura que ele fazia 
era extremamente particular. Cada livro era lido e interpretado de uma 
maneira própria, e o moleiro comparava o que lia, ao que vivia. As 
leituras foram fundamentais para formar suas opiniões e t ambém para 
leva -lo até a inquisição. 
Por saber ler e escrever, Menocchio tinha um certo prestigio em 
sua comunidade. Ainda assim, suas opiniões sobre alguns aspectos da 
Igreja católica, em uma época de atuação do tribunal inquisitorial, lhe 
valeram uma den uncia vinda de sua própria comunidade, como era 
comum. O moleiro criticava o sacramento do batismo, acreditava que o 
amor ao próximo era mais importante que o amor a Deus e não 
acreditava na morte de Cristo pela remissão dos pecados. Além disso, 
tinha sua própria visão sobre a criação do universo que ia de encontro 
aos dogmas católicos. 
 
 
Se Menocchio não vivesse em tempos de contra reforma, talvez 
suas ideias não causassem maior alvoroço do que uma critica de pessoas 
próximas. Mas a Igreja católica enfrentava a disseminação das reformas 
protestantes e as heresias se espalhavam por toda a Europa. No primeiro 
processo, Menocchio foi condenado a prisão, onde permaneceu alguns 
anos. Após renegar suas ideias, foi libertado, mas logo voltou a defende-
las. No segundo processo, não escapou da morte pelas mãos da 
inquisição. 
O importante neste caso é percebermos como as macro e micro 
transformações afetam o homem comum. Aquele sobre o qual nada 
sabíamos. Do processo inquisitorial podemos inferir qual sua situação 
econômica, como viviam seus filhos, quem eram seus amigos, como se 
comportava sua comunidade, de que o acusavam e como se defendia, 
que livros lera e como estes influenciaram no seu modo de pensar e 
formaram sua mentalidade. 
Na trajetória do moleiro, podemos perceber as rupturas e 
continuidades das quais falamos em outras aulas. A religiosidade 
medieval coexistindo com o renascimento cientifico, as relações entre o 
campo e a cidade, a importância dos diversos renascimentos e os 
movimentos reformistas. Menocchio é apenas um caso, mas ilustra a 
mentalidade de sua época. 
Vejamos agora outra forma de cultura popular na qual podemos 
verificar a mentalidade do homem moderno: o teatro. Nesse caso, 
vamos falar de um dos maiores dramaturgos da história: William 
Shakespeare. 
Temos acesso a obra de Shakespeare, hoje em dia, nas mais 
variadas maneiras: livros, montagens teatrais, filmes. Suas histórias 
percorreram séculos sem nunca perder o vigor e seus temas continuam 
incrivelmente atuais. Mas não estamos falando apenas daqueles temas 
que dizem respeito aos sentimentos universais da personalidade 
humana: ódio, inveja, ciúme, traição, amor. É claro que há muito desse 
aspecto em Shakespeare, mas o que veremos agora é um outro lado de 
 
 
sua obra, o aspecto politico que, por sua vez, é tão atual quanto o 
aspecto sensível. 
Shakespeare viveu a maior parte de sua vida durante o reinado 
de Elizabeth I, a rainha virgem. Este foi o período do absolutismo e da 
consolidação da igreja anglicana na Inglaterra. O teatro era feito, 
sobretudo, para as classes populares que tinham nessa forma de arte 
sua mais cotidiana forma de diversão. 
Na Idade Média, as encenações eram basicamente focadas em 
temas religiosos. Representava-se a vida dos santos, o martírio de 
Cristo, mas também havia as peças de amor e os contos de cavalaria. O 
teatro shakespeariano é um reflexo da transição do homem medieval 
para o moderno pois, enquanto assimila algumas características desse 
teatro medieval, incorpora outras como a critica e a ironia, além da 
observação do mundo que o cerca. 
Longe de ter uma linguagem rebuscada, o autor escrevia em 
inglês informal, o mesmo que era falado pela população. Dessa forma, 
criava-se uma identificação entre o povo e os personagens.

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