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Arlindo Ugulino Netto – MICROBIOLOGIA – MEDICINA P3 – 2008.2 1 FAMENE NETTO, Arlindo Ugulino. MICROBIOLOGIA MICRORGANISMOS PATOGÊNICOS DE IMPORTÂNCIA EM ALIMENTOS (Professora Socorro Vieira) So Vrios agentes causadores de doenas no homem que podem ser transmitidos pelos alimentos: produtos qumicos e agrotxicos (metais pesados, pesticidas etc.); toxinas naturais de plantas e de animais (alcalides, histaminas, etc.); vrus (hepatite, poliovrus etc.); parasitas (amebas, helmintos etc.); bact rias patognicas; e fungos toxignicos. V-se, ento, que nem todos os agentes causadores de intoxicaes alimentares so de origem racemosa, mas sim, de origem extremamente heterognea, incluindo plantas e produtos qumicos (como agrotxicos) que podem apresentar efeitos carcinognicos. Vegetais, inclusive, podem trazer elementos txicos ao organismo humano: vegetais ornamentais como o “comigo-ningu m-pode” e a “dama-da-noite” so plantas altamente txicas que podem levar a bito por asfixia em poucas horas; as prprias plantas medicinais (como a babosa e a goiabeira) devem ser utilizadas com cautela: a babosa, por exemplo, apresenta uma substancia denominada antraquinona que interfere diretamente na filtrao glomerular, j o ch da flor da goiabeira, utilizado como anti-diarr ico, deve ser produzido com no mais do que trs “olhos” de flores da planta em gua fervendo, caso contrrio, seu efeito txico pode levar um indivduo a bito. Vrus, parasitas (helmintos) e fungos toxignicos (como o Aspergillus flavus que cresce no milho e amendoim, responsvel pela secreo de toxinas com capacidade carcinognica heptica) podem ainda causar patologias ao ser humano. Neste captulo, daremos nfase s bact rias patognicas responsveis por intoxicao alimentar. As contaminaes alimentares ocorrem devido presena e ao de microrganismos que se proliferam em quantidades que se tornam prejudiciais sade do homem. Esses microrganismos esto em todas as partes, inclusive no nosso corpo (nariz, boca, mos etc.), no ar, nos utenslios de cozinha (talheres, pratos e vasilhas) e nos equipamentos cirrgicos e domiciliares (liquidificador, batedeiras etc.). Os sintomas das toxinfeces so: vmitos, diarr ias (curtas ou crnicas), dor abdominal, nusea, febre, coimbrs. ORIGEM DOS MICROORGANISMOS PATOGNICOS PRESENTES NOS ALIMENTOS Quanto a origem desses microrganismos, podemos destacar duas classificaes: • Endógenos: J esto presente dentro das estruturas dos alimentos. Podem provocar zoonoses transmitidas ou no ao homem. • Exógenos: Se incorporam ao alimento durante sua manipulao e processamento. Podem ser agentes patognicos ou dos alterantes (saprfitos). As causas que fazem com que um alimento se torne imprprio para o consumo, geralmente so: temperatura de conservao inadequada, falta de higiene em seu preparo e/ou conservao, sujeira no ambiente de preparo, utilizao de alimentos de origem duvidosa, principalmente perecveis. Os alimentos que proporcionam mais condies para a proliferao de microrganismos nocivos so chamados de perecveis, como: carnes (bovinas, sunas, aves,peixes e frutos do mar); leites e derivados (iogurte, queijos e requeijo); e ovos. CARACTERIZAÇÃO DAS DOENÇAS DE ORIGEM ALIMENTAR Os microrganismos que causam doenas de origem alimentar so chamados de enteropatogênicos (como enterobact rias), e vo acessar principalmente o trato digestrio, ao passo que a patologia produzida em nvel do trato intestinal. A bact ria, nesse local, estabelece sua colnia e passa a produzir toxinas (enterotoxinas), estas, por sua vez, capazes de gerar a patologia por si s. No entanto, essas bact rias podem no se isolarem apenas no TGI, podendo alcanar a corrente sangunea e se instalar em tecidos preferenciais. Tendo em vista a importncia e prevalncia dessas doenas de origem alimentar, criou-se uma definio para surto de doença de origem alimentar: ocorrncia de dois ou mais casos de doenas, apresentando os mesmos sintomas, associadas a um nico alimento. A identificao do surto se d por meio de um inqu rito epidemiolgico. O que dificulta esse inqu rito o custo relativamente alto das anlises bacteriolgicas. As doenas de origem alimentar apresentam uma sintomatologia extremamente variada, assim como um varivel perodo de incubao (de 2 at 24 horas de incubao: as intoxicaes alimentares produzidas por toxinas secretadas pelos Stafilococcus aureus, devido a sua grande afinidade pelo SNC, manifestam-se 2h aps a ingesto). Um dos fatores que determinam uma maior gravidade diante dos quadros de intoxicaes alimentares a idade: crianas com um sistema imune muito imaturo e idosos com sistema imune j debilitado so o grande grupo de risco para essas intoxicaes. Al m da idade, um outro fator importante o estado nutricional no qual se encontra o indivduo: pessoas desnutridas desenvolvem as doenas de uma forma mais intensa. Nesse grupo de fatores que Arlindo Ugulino Netto – MICROBIOLOGIA – MEDICINA P3 – 2008.2 2 influenciam a intensidade da infeco alimentar incluem-se tamb m a sensibilidade individual e da quantidade de alimento ingerida. MICRORGANISMOS INVASIVOS Alguns microrganismos que apresentam a capacidade de disseminar pela corrente sangunea e penetrar nos tecidos humanos, podem causar muito mais do que vmitos e diarr ias. As doenas de origem alimentar podem acometer, al m do trato gastrintestinal, por meio de toxinas sintetizadas por esses microrganismos, distrbios no sistema nervoso (como a toxina botulnica), corrente circulatria e fgado. MECANISMOS DE DEFESA Os mecanismos de defesa contra os antgenos relacionados s patologias de origem alimentar se d tanto por meio da imunidade inata (por terem uma natureza extracelular, os microrganismos ativam as c lulas responsveis por esta resposta: c lulas NK, sistema complemento, reao inflamatria, etc.) quanto da imunidade adquirida humoral e celular (mecanismo especfico contra os antgenos patognicos). Como mecanismo de defesa imunolgica inata (inespecfica) temos acidez estomacal (presena de enzimas digestivas), mucosa intestinal (muco protetor), motilidade intestinal (da a importncia da ingesto de alimentos com fibras, que estimulam essa motilidade) e a microbiota intestinal. Um mecanismo de defesa por meio do sistema porta se d pelo fato de que todo o sangue oriundo do intestino (inclusive, o mesmo sangue que coleta os nutrientes e as toxinas deste rgo) drenado para o fgado, onde existe uma malha de neutrfilos, macrfagos e eosinfilos que realizam a fagocitose. J por meio de mecanismos especficos de defesa (imunidade adiquirida), por meio de uma resposta humoral, h a produo de anticorpos responsveis por neutralizar as toxinas ou produtos celulares; apresentar efeito bactericida; aglutinar e opsonizar microrganismos para a realizao da fagocitose. Os linfcitos T CD8+, solicitados por macrfagos, realizam uma resposta citotxica destruindo, por meio de citocinas especficas (granzimas e perfurinas), o microrganismo invasor. J os linfcitos T CD4+ realizam a ativao dos macrfagos (por meio de IFN-γ), os quais, por si s, se encarregaro de destruir os antgenos previamente fagocitados. DOENAS MICROBIANAS DE ORIGEM ALIMENTAR As doenas microbianas de origem alimentar so dividas em duas categorias: intoxicações alimentares e infecções alimentares. Intoxicações alimentares: so resultado da ingesto de toxinas pr -formadas e presentes no alimento. As bact rias que produzem estas toxinas so: Clostridium botulinum (toxina botulnica: surtos em salsichas e palmitos, por exmplo), Staphylococcus aureus (produo de enterotoxinas), Bacillus cereus (apresentam afinidade pelo arroz), fungos produtores de micotoxinas. Infecções alimentares: ingesto de alimentos contendoc lulas ainda viveis de microrganismos patognicos. Esses microrganismos realizam a aderncia na mucosa intestinal e se colonizam. Eles bact rias podem penetrar nessas mucosas e alcanar a corrente sangunea, e algumas delas (apenas as produtoras de toxinas), tm a sua toxina disseminada na corrente sangunea. Bact rias no-produtoras de toxinas: Salmonella, Shigella, Escherichia coli, Yersinia enterocolitica. Bact rias produtoras de toxinas (toxignica): Vibrio cholerae, Escherichia coli enterotoxigênica, Campylobacter jejuni.
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