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Observações da aula de Sociologia Jurídica

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SOCIOLOGIA JURÍDICA
Sociologia Econômica
Críticas à teoria econômica 
Quanto a ação humana: homo economicus {homem com comportamento maximizador; que age através de pressupostos de hierarquia de preferências, a transitividade, em que o ser humano seria capaz de escolher claramente e age economicamente. Pressupõe sapiência das qualidades dos produtos antes de comprá-los, porém o mundo não é transparente! {crítica a teoria da escolha racional}
O indivíduo não é um átomo, ele está inserido numa conjuntura. Então não se pode compreender a realidade empírica do mercado a partir de uma perspectiva individualista e abstrata {crítica ao modelo abstrato de mercado}
Enraizamento/inserção do mercado
Tese histórica do Polanyi
Descolamento entre a sociedade e o mercado: quando terra, trabalho e moeda se tornaram moeda
Aplicação microssociológica da nova sociologia econômica para compreensão dos mercados: Inserção política, virtual, cultural e cognitivas dos mercados
. 
Análise histórica de Polanyi: a sociedade de mercados foi desenraizada 
Análise microssociológica da nova sociologia econômica: o mercado mesmo na sociedade de mercado está enraizado! 
Ideia de construção social dos mercados a partir da inserção cognitiva:
Exemplo dos morangos: para construir o mercado, o processo não é natural, sendo necessário embasamento teórico, pessoas trabalhando, direito garantindo o direito à venda... Estruturação social dos mercados, já que estes não se formam abstratamente a partir da liberdade econômica pura abstrata dos indivíduos
Pierre Bourdieu 
“O poder simbólico” - Estruturalismo: 
- Espaço social: multidimensional e relacional. Nele há diferentes campos (lugar onde a posição dos agentes está fixada). Locais em que se entravam a disputa entre os agentes. Podem ter diferentes tipos de capital valorizado dependendo do campo. Compreende o direito como um campo. A divisão do trabalho jurídico: o campo jurídico é marcado pela concorrência pelo monopólio de dizer o direito. 
- Capital: interesses dentro do campo. São divididos em capital econômico, cultural, social e simbólico (dá legitimidade, poder) 
- Habitus: internalização da estrutura social; características comuns que derivam do estilo semelhante de vida, modo de se vestir, falar e comportar. Elites que se reproduzem: os dominantes num campo tendem, não obrigatoriamente, a ser em outros também. Relacionado a prática, dá previsibilidade. As decisões jurídicas, por exemplo, tendem a não contradizer as elites econômicas. 
- A teoria dos campos diz respeito à pluralidade dos aspectos que constitui a realidade do mundo social, a pluralidade dos mundos, pluralidade das lógicas que correspondem aos diferentes mundos, aos diferentes campos como lugares onde se constroem sentidos comuns. 
- Conceito básico na obra de Bourdieu, o campo é o espaço de práticas específicas, relativamente autônomo, dotado de uma história própria; caracterizado por um espaço de possíveis, que tende a orientar a busca dos agentes, definindo um universo de problemas, de referências, de marcas intelectuais. 
- O campo é estruturado pelas relações objetivas entre as posições ocupadas pelos agentes e instituições, que determinam a forma de suas interações; o que configura um campo são as posições, as lutas concorrenciais e os interesses.
- Habitus - incorporação de uma determinada estrutura social pelos indivíduos, influindo em seu modo de sentir, pensar e agir, de tal forma que se inclinam a confirmá-la e reproduzi-la, mesmo que nem sempre de modo consciente. 
Exemplo do conceito acima: a dominação masculina, segundo o sociólogo, se mantém não só pela preservação de mecanismos sociais mas pela absorção involuntária, por parte das mulheres, de um discurso conciliador. 
- Ideia de classe: indivíduos com posições de capital semelhantes dentro de cada campo
- Capital simbólica: legitima a dominação. Dentro do Direito, para que o Direito tenha eficácia, precisa se apresentar como legítimo. Através de um discurso que se pauta na universalidade, racionalidade e neutralidade, para não se ver o que há de arbitrário nas decisões judiciais. 
- Linguagem técnica inacessível que dá autonomia ao campo jurídico 
Pessoas que não dominam a linguagem técnica - os profanos
Pessoas que dominam - os profissionais 
- Discurso formalista do Direito: Kelsen = O Direito é NORMA, perspectiva interna
- Discurso instrumentalista do Direito: leitura marxista de que o Direito pode ser um instrumento social, a partir de perspectivas externas
- Relações e embates entre acadêmicos e práticos pelo capital jurídico pelo direito de dizer o Direito.
Michel Foucault 
Análise entre saber e poder
- Arqueologia do saber: crítica as verdades platônicas, absolutas; 
Formações discursivas de verdades. 
- Genealogia do poder: como o poder é exercido.
Subjetivação da ética: vários saberes influenciam na existência dum sujeito
3 esferas de Foucault: saber, poder e ética { arqueologia, genealogia e hermenêutica}
Construções de discursos que fundamentam o saber
Matrizes normativas de comportamento
Novas formas de subjetivação 
Direito como lei: conforme soberania. Modelo jurídico-discursivo em que a lei delimita claramente o lícito-ilícito, em uma lógica de polaridade entre quem impõe a lei (soberano) sobre seus subordinados. A lei é um interdito, é uma proibição. Exemplifica-se pelo suplício. 
O suplício tem função jurídico-política, é na lei que está contida a “força físico política do soberano” e portanto aquele que fere a lei, também desrespeita o soberano {político} e na punição se faz “brilhar a verdade” {jurídico}. 
“O suplício se inseriu tão fortemente na prática judicial, porque é revelador e agente do poder”
Papel ambíguo do povo: serve, para o soberano, que deve estar presente para que se desenvolva um temor, está presente para exercer seu direito de constar o suplício e dele tomar parte.
Direito como norma: mudança na forma de punir {suplício > prisão}, mudança de sistema econômico para o capitalismo, já que o indivíduo é mais benéfico controlado, disciplinado, já que o direito como norma é o estabelecimento do que e como fazer. Paralelo entre prisão e trabalho fabril: rotina e disciplinamento dos comportamentos para criação dos corpos dóceis {biopoder}. Escolas, quartéis… 
O poder é obedecido sendo internalizado através dos dispositivos de saber-poder.
Direito como resistência: novo direito, anti-institucional. Formas de subjetivação que tentam resistir ao disciplinamento social. Solidariedade com os oprimidos. 
- 2 aspectos: desconfiança das formas de controle e ação de organização extra-institucional, como os Médicos Sem Fronteiras sem vínculos com o Estado e seus aparatos. 
Pluralismo jurídico 
Ius commune como direito interpretativo 
Monismo: somente a existência de um direito, o direito natural, universal
- Medieval: sociedade de sociedades, convivência de direitos particulares: regulamento de cidades, estatutos mercantis, costumes feudais. 
2 pilares do monismo na modernidade: jusnaturalismo e ideia de quem tem a religião tem a Lei 
Mudança com a centralização do poder político: não se admite divergências, assim como a soberania foi unificada o Direito já não pode possuir essa pluralidade de fontes, legitimado pelo conteúdo. O Direito passa a provir da vontade do soberano, legitimado pela forma. Passa-se a mitologia da lei. 
Pluralismo jurídico como resistência: luta por direitos. Exemplo, favela do Jacarézinho. Formas alternativas da solução dos conflitos entre moradores que não poderiam ser resolvidos pelo Estado que os criminalizariam. 
Problemas do pluralismo jurídico: não há uma definição {o que é Direito? vai saber!}, não se reconhece opressões e autores que partem de uma análise que se confundem na análise descritiva e normativa {parte-se do pressuposto que já existe o pluralismo?}
A resposta ao não reconhecimento das opressões dentro do Direito Alternativo: - Wolkmer: não se pode reconhecer a máfia, o tráfico… como parte do Pluralismo Jurídicojá que não há respeito à dignidade humana, não há auto-gestão e não há respeito às liberdades
Movimentos sociais
Relação ambígua com o Direito: devo recorrer a um mecanismo de opressão? Quando se judicializa as demandas desse movimento? O que faz a oportunidade legal de um movimento social? 
- Fatores contingentes, relacionados a receptividade dos tribunais {fator político, não estrutural do Direito} 
- Fatores legislativos: o movimento se vale do Judiciário quando está ciente da aversão do Legislativo às causas
Ideia da mobilização do Direito: o Direito é um instrumento social, uma técnica, uma linguagem que molda as esferas e embates políticos do dia-a dia. Mobilizar essa técnica além das instituições. Visão culturalista do Direito, que nasce das lutas sociais. Exemplo: Direito Achado na Rua. 
Desigualdades: 
- As decisões judiciais são influenciadas pelos papéis desempenhados idealmente entre homens e mulheres. Homens e mulheres não são sujeitos de direito, visto que na argumentação trazida ao tribunal, se trata da identidade: será que a mulher cumpriu seu papel de esposa, de mãe? O que pesa no julgamento não é a universalidade dos nossos direitos, e sim o quão conformados aos papéis sociais estamos. 
O direito, logo, muito funciona para legitimar desigualdades. 
3 fases do tratamento da violência doméstica pelo Direito no Brasil: criminalização, com a criação das delegacias na décado de 80 {porém os policiais não tratavam a violência doméstica com desdém, um assunto além do Direito Penal… em briga de marido e mulher, não se mete a colher}; os Juizados Especiais, medidas despenalizadoras, como o pagamento de cestas básicas (1995); e, por fim, a Lei Maria da Penha.
Feministas x juristas = compreensão do feminismo que a universalidade do Direito não é suficiente para suprir as demandas de gênero; visão dos juristas de que o sistema carcerário está falido, enquanto o feminismo tende a demandar criminalizações mais severas. 
Patrimonialismo - os intérpretes do Brasil
Patrimonialismo: classe estamental mantém seus privilégios colonizando o Estado
característica de um Estado em que não existe uma clara distinção entre o que é público e o que é privado. Assim, numa sociedade patrimonialista (como nos regimes absolutistas, mas não é exclusividade deles), o Estado é apropriado por uma categoria social que o utiliza como instrumento da manutenção de seus interesses. Esta lógica está muito presente na tradição da institucionalização do poder no Brasil;
b) Estamento: diferentemente do conceito de classes sociais (cujo foco principal é a perspectiva econômica) esta característica é típica de sociedades em que a economia não é totalmente dominada pelo mercado (como a feudal, por exemplo). Para Max Weber (clássico do pensamento sociológico que desenvolveu importantes reflexões sobre o fenômeno), estamento passa a significar uma rede personalista (relacionamentos interpessoais), formando uma teia que consolida um tipo específico de poder e que exerce influência (e até mesmo determina) um certo campo de atividade. E este poder é, quase sempre, exercido fora dos limites apropriados do poder hierárquico e impessoal conferido pela estrutura da lei: uma autoridade pública só pode ser exercida nos limites daquilo que a lei estabelece como seu campo de atuação.
“O que é o Brasil?” - Sérgio Buarque de Hollanda: O jeito que a elite lida com as instituições são inerentemente corruptas… 
Como se forma o brasileiro? A narrativa de como o brasileiro se vê 
> “Mitos” :
Miscigenação - singularidade, emotividade, sensualidade como pilares da identidade nacional
 Patrimonialismo, e não burocracia ( tipos ideais, Weber): a gestão política como assunto de interesse particular, com base na confiança pessoal, e não em capacidades abstratas, racionais ( como a ordenação impessoal, característica da burocracia); predomínio das vontades particulares.
> “Ao longo da história, o predomínio constante das vontades particulares que encontram seu ambiente propício nos círculos fechados e pouco acessíveis a uma ordenação impessoal” (pags. 175-176)
 O homem cordial tem o “complexo de bondade”, remete às virtudes tão elogiadas do brasileiro, como hospitalidade e generosidade. “Cordialidade” descrita por Holanda faz com que o brasileiro sinta, ao mesmo tempo, o desejo de estabelecer intimidade e o horror a qualquer convencionalismo ou formalismo social. Na prática, isto faz com que as relações familiares continuem a ser o modelo obrigatório de qualquer composição social entre nós. Por isso, em geral, os indivíduos não conseguem compreender a distinção fundamental entre as instâncias públicas e privadas, principalmente entre o Estado e a família. Logo, as raízes do caráter brasileiro se encontram no meio rural e patriarcal do período colonial. 
 É o oposto do protestante ascético, do homo economicus que se guia pela racionalidade, já que o homem cordial é emotivo. Aos amigos, a paz; aos inimigos, a violência. A violência patriarcalista dentro da esfera privada se reproduz dentro da esfera pública.
Estabelece-se uma lógica entre o patrimonialismo e o patriarcado. 
Faoro: apropriação da burocracia 
 Leitura histórica de Faoro: atenção pois enquanto Hollanda é pré-Getúlio (1936) e faz uma análise bem mais cultural, Faoro é pós-Getúlio (1958)
 Reprodução contínua da herança ibérica em que se faz o uso da coisa pública para bem próprio 
 O termo “estamento burocrático”, de inspiração weberiana, foi utilizado por Raymundo Faoro em sua interpretação sobre a sociedade brasileira e geralmente é associado a patrimonialismo, privilégios extra-econômicos e, por outro lado, ao desenvolvimento das estruturas institucionais e políticas centralizadas e não racionais, com destaque especial para uma constante adaptação aos mecanismos de continuidade e permanência nas estruturas políticas de uma sociedade.
Crítica do Jessé Souza: essas elites teóricas dos intérpretes do Brasil mascaram as desigualdades
 Culturalismo racista {crítica ao Hollanda} e economicismo rasteiro {ao Faoro} 
> “Mito”: a proposta da sociologia não é mitológica, sendo crítica dessa vertente. 
 Ideia-força: patrimonialismo
-descentralização, herança ibérica
 -desigualdades, justifica privilégios 
 Falta aos autores a visualização de uma instituição fundamental. O senso comum não forma a identidade brasileiro. 
 É preciso estudar as instituições que moldam nossos pensamento e ações. 
A instituição ESCRAVIDÃO difere o Brasil da sua herança ibérica, tão referida pelos intérpretes. Autor argumenta que a visão do brasileiro com vira-lata, pré-moderno, emotivo e corrupto decorre de uma leitura liberal, conservadora e equivocada de nosso passado. O brasileiro se inferioriza se comparando aos Estados Unidos, “o padrão de vida”. Para ele, é preciso reinterpretar a história do Brasil tomando a escravidão como o elemento definitivo que nos marca como sociedade até hoje.
 Tolice da elite brasileira: Souza argumenta que há um capital cultural {Bourdieu} transmitido hereditariamente. O capital cultural não é formado apenas por títulos escolares ou habilidades militares-esportivas, mas, antes de tudo, pelo aprendizado na socialização familiar desde o nascimento. Serve como uma violência simbólica para legitimar os próprios privilégios. Eis o mito da meritocracia. A tese central deste livro de Jessé Souza, A Tolice da Inteligência Brasileira é que tamanha “violência simbólica” só é possível pelo sequestro da “inteligência brasileira” para o serviço não da imensa maioria da população, mas sim do 1% mais rico. Isso que possibilita a justificação, por exemplo, de que os problemas brasileiros não vêm da extraordinária concentração de riqueza, mas sim da “corrupção do Estado”, levando a uma falsa oposição entre Estado demonizado e mercado virtuoso.
 - “Sociologia é um esporte de combate”

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