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Virologia Clinca Humana

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1 
1 
 
VIROLOGIA CLÍNICA HUMANA 
 
 
HERPESVÍRUS E DOENÇAS ASSOCIADAS 
 
OS VÍRUS: 
 Alfaherpesvírus (sub-família Alfaherpesvirinae). 
 Globulares, +/- 150 nm, 162 capsômeros, envelopados. 
 Crescimento em varias células de mamíferos, com ECP característico. 
Tipos 1 e 2 (apresentam diferenças antigênicas detectáveis por anticorpos monoclonais, 
soroneutralização diferencial, crescimento em cultivos celulares, animais de laboratório e em ovos 
embrionados). 
 
 MULTIPLICAÇÃO: 
Adsorção à superfície celular, a vários receptores, em diferentes tipos de células, 
particularmente aquelas da região de transição entre epiderme e mucosas. Adsorção ao fator de 
crescimento de fibroblastos (FGF), a receptores de heparina, moléculas do ICAM e receptores de 
Complemento (CR1) já foram documentadas, havendo certamente outros receptores. Após 
penetração na célula, o DNA é descoberto e vai núcleo, onde se dá a replicação. "Early" mRNA 
viral transcrito pela RNA-polimerase celular é traduzido em proteínas "early" (ou "α" ) no 
citoplasma. Duas destas, timidina quinase e DNA polimerase, são diferentes das enzimas 
celulares, constituindo-se em bom alvo para drogas antivirais. A DNA polimerase viral replica o 
DNA genômico. A síntese de proteínas iniciais para e começa a síntese de proteínas intermediárias 
(ou "β"), seguida da síntese de tardias ou "late" (ou "γ"). 
O envelope é adquirido por brotamento através da membrana nuclear. A liberação de 
novos vírions se dá via túbulos ou vacúolos com comunicação com o exterior da célula. 
 Em células infectadas latentemente encontram-se múltiplas cópias do DNA viral no 
citoplasma neuronal. No entanto, poucos genes são transcritos, e não ocorre tradução para 
proteínas. 
 
 
HERPES SIMPLES ("HERPES SIMPLEX") labial e genital) 
 
DEFINIÇÃO 
Enfermidade por alfaherpesvírus denominado Herpes simples, sendo o tipo 1 usualmente 
associado ao herpes labial, e o tipo 2 à forma genital. Caracteriza-se pelo desenvolvimento de 
lesões primárias localizadas , usualmente nos lábios ou genitália. Vírus podem infectar os 
hospedeiros em forma latente e podem apresentar episódios de recorrência (HSV-1 nos lábios: HSV-
2 na genitália), quando os sintomas voltam a manifestar-se. 
 
OS VÍRUS: 
 
Características dos vírus Herpes Simples tipos 1 e 2 (HSV-1 e HSV-2) 
---------------------------------------------------------------------------------------------------- 
Vírion esférico, envelopado, aproximadamente 150 nm de diâmetro. 
 
Genoma de DNA de dupla fita com 150 kpb, G-C 68% (HSV-1), 69% (HSV-2); 
- codifica cerca de 70 polipeptídeos, dos quais poucos tem atividade biológica conhecida. 
- DNA de HSV-1 e HSV-2 são muito semelhantes. Diferem nos perfís de restrição enzimática e 
no tamanho de algumas proteínas. 
 
Nucleocapsídeo icosaédrico: 162 capsômeros, envolto por uma proteína de 
preenchimento denominada tegumento. 
 
Envelope: formado por glicoproteínas, lipídios e poliaminas. Mais de dez glicoproteínas. 
 
 
 
2 
2 
 
Multiplicação: intranuclear, adquirindo envelope por brotamento através da membrana 
nuclear. Lise da célula por ruptura da mesma. Indução de "shut off" da síntese de proteínas 
da célula por quebra do RNA em poliribossmos. 
 
Crescimento in vitro: em vários cultivos celulares, oriundos de diferentes espécies. 
 
Sensibilidade a: - 20oC 
 Congelamento/descongelamento 
 Hipoclorito de sódio 
 Éter, clorofórmio, acetona 
 Formol a 3% 
 Ultravioleta 
 Sabões, detergentes 
 Extremos de pH 
Resistente a: -70oC 
 refrigeração (4 - 8 oC) 
 congelamento em N2 (-196oC) 
------------------------------------------------------------------------------ 
Fonte: Porterfield (1989) 
 
 
MULTIPLICAÇÃO VIRAL: 
O vírus inicia infecção por adsorção a receptores presentes em praticamente todas as 
células de mamíferos. O HSV utiliza várias glicoproteínas e diferentes caminhos para a adsorção. 
Utiliza os receptores descritos acima. O envelope viral funde-se à membrana plasmática, não 
ocorrendo viropexis. A fusão do envelope com membranas endocíticas resulta em infecção não 
produtiva. Dentro da célula, os capsídeos são transportados aos poros nucleares e entram no 
núcleo.O genoma é liberado no nucleoplasma. 
 A fusão simultaneamente libera duas proteínas no citoplasma. Uma delas, VHS, promove o 
"shut off" da síntese de proteínas celulares. A outra, α-TIF (fator alfa de iniciação de tradução), 
determina o início da tradução dos genes "early", ou primários. Cinco mRNA são transcritos, 
transportados ao citoplasma e traduzidos. As proteínas resultantes são transportadas ao núcleo. 
Novo ciclo de transcrição leva à síntese de proteínas "β". A cromatina é degradada e colocada junto 
à membrana nuclear; os nucléolos são desagregados. Genes "γ" ou tardios ("late"), sintetizam as 
proteínas finais, constituintes do vírion. O DNA viral é replicado por um mecanismo de círculo 
rolante, gerando novos genomas completos. O genoma é empacotado em novos capsídeos. Estes 
se ligam a sítios próximos a membrana onde foram inseridas proteínas do envelope, e são 
envelopadas. O envelopamento é aparentemente completado no citoplasma. Membranas da célula 
apresentam glicoproteínas virais. Vírions liberados aparentemente via Golgi para o exterior. 
 
CARACTERÍSTICAS CLÍNICO-PATOLÓGICAS: 
 
HERPES LABIAL(HSV-1; ocasionamente HSV-2): 
 
Infecções primárias ocorrem em indivíduos sem anticorpos anti-HSV. Reinfecção de uma 
pessoa com outra amostra de vírus do mesmo tipo é extremamente rara. A infecção inicia através 
de células das mucosas ou pele com abrasões. Infecção usualmente leve, sem sinais marcantes 
além das vesículas que podem ser imperceptíveis. Sinais clínicos são similares para infecção 
primária e/ou recorrência, fruto de lesões mediadas pelo vírus e resposta inflamatória. Usualmente 
nas células parabasais e células intermediárias do epitélio. Ocorre o abalonamento das células 
infectadas e a condensação da cromatina nuclear, seguindo-se a degeneração celular. Membranas 
plasmáticas se fundem e dão origem a células gigantes multinucleadas (sincícios). Células 
destruidas perdem líquido que se acumula entre epiderme e derme, fluido este com grande 
quantidade de vírus, debrís celulares, células inflamatórias e sincícios. Na derme, observa-se uma 
intensa reação inflamatória. O líquido vesicular se torna pustular com o acúmulo de células 
inflamatórias, que eventualmente formam escaras. Em mucosas, úlceras planas são mais comuns, 
pois a fricção de mucosas tende a romper rapidamente as vesículas. 
 
 
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Infiltração perivascular é uma alteração vascular proeminente. Muito freqüentemente 
observada em casos de encefalite ou herpes neonatal disseminado. 
Reinfecção com a mesma amostra de vírus pode ocorrer através do contato com lesões 
(p.ex. manuseio de lesões na boca e após manuseio da genitália), ou ainda auto-inoculação de 
líquido vesicular para "reforçar a imunidade". 
 Em infecções recorrentes, a resposta inflamatória é significativamente menor. O vírus 
não se encontra presente entre episódios de recorrência. Porém na fase prodrômica da reativação, o 
agente pode ser isolado de células ou porbiópsia de tecido aparentemente normal. 
 
 - Pode haver: gengivostomatite, vesículas no orofaringe, queratoconjuntivite grave. 
 
 - Síndromes neurológicas: meningo encefalite (rara): febre, cefalalgia, leucocitose, irritação das 
meninges, sonolência,confusão, estupor, coma, sintomas neurológicos focalizados, alta 
mortalidade, geralmente afetando os lobos temporais. Pode haver extensa necrose temporal. 
 
 - Lesões herpéticas em dedos de médicos e enfermeiras 
 - Infecções disseminadas (esofagite, pneumonias) em imunocomprometidos com disfunções de 
células T . 
 - Erupção variceliforme de Kaposi = superinfecção de eczema crônico. 
 
 HERPES GENITAL 
 Usualmente HSV-2 (em até 30% a 40% de novos casos de infecções genitais o HSV-1 pode 
estar envolvido). Indivíduos com anticorpos anti-HSV-1 podem infectar-se com HSV-2, e vice-versa. 
Infecções com HSV-1 na genitália são menos severas e menos freqüentes, usualmente não 
causando recorrência. Infecções primárias e recorrentes, com ou sem sinais, podem ocorrer. 
Infecções orais com HSV-2 podem ocorrer mas geralmente são acompanhadas de lesões genitais, 
uma vez que o HSV-2 é transmitido quase sempre via sexual. A infecção ocorre usualmente em 
adultos, devido à transmissão sexual. A Infecção primária geralmente é a mais grave. Persiste em 
média 3 semanas. São comuns manifestações de febre, disuria, adenopatia ingüinal, mal-estar, em 
mulheres mais do que em homens. Complicações mais comuns incluem meningite asséptica e 
lesões extra-genitais. 
 
Mulheres: Usualmente na vulva, bilaterais, invariavelmente envolvendo o colo uterino. 
Lesões muito dolorosas. Retenção urinária ocore em 10-15% das mulheres. Mulheres apresentam 
taxas de infecção mais altas do que homens. Chance de contágio após um contato com homem 
contaminado: 80%. 
 
 Recorrência => vulva, períneo, pernas, glúteos. Lesões mais leves. Disseminação do vírus dura 
menos (2-5 dias) e dissemina menos vírus (102 a 103 doses infectantes por 0,2 ml). 
Caracteristicamente o paciente percebe uma irritação prodrômica. 
Freqüencia de recorrência: 
Cerca de 1/3 dos pacientes apresenta: 8, 9 ou mais episódios de recorrência por ano; 
outro terço: 4 a 7 episódios de recorrência por ano; 
e o terço final: 2 a 3 episódios de recorrência por ano. 
 
 
 - Homem: glande ou prepúcio. Em homossexuais passivos: ânus e reto. 
- Homem e mulheres: outros sítios (dependendo de praticas sexuais) 
 - Meningite asséptica (mas não meningoencefalite) leve, autolimitante. 
 - Herpes neonatal - contato com lesões ao parto. Varia de assintomática a infecção disseminada, 
 encefalite e morte. 
 - Em mulheres mais pobres, anticorpos específicos anti-HSV-2 podem atingir 50-60% das mulheres 
(EUA). 10-20% em mulheres de nível socio-econômico mais elevado. 
 
LATÊNCIA: 
 
 
 
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O vírus persiste no indivíduo em estado aparentemente inativo por períodos variáveis, 
persistindo por toda a vida. Após a infecção primária, o vírus é transportado à raiz dorsal do nervo 
via nervos sensórios. 
 
 Não se sabe exatamente o que leva à reativação, a não ser que ela é conseqüencia de 
estímulos provocativos pobremente definidos, associados muitas vezes a uma baixa de imunidade 
local ou sistêmica. Estímulos físicos, térmicos, químicos, hormonais e iatrogênicos, incluindo 
cirurgias no nervo trigêmeo, podem ser capazes de desencadear a reativação. Se remover as lesões 
cirurgicamente, ainda assim o vírus pode vir a se manifestar nos sítios adjacentes. Não há evidência 
de que o vírus possa estabelecer latência em sítios extraneurais. 
 
 Infecções recorrentes podem ocorer na ausência de sinais clínicos. Excreção assintomática 
de vírus foi detectada em 1 % em crianças, e varia de 1% a 5% em adultos. Aproximadamente 1% 
de gestantes e pessoal de enfermagem excretam o vírus em qualquer dado momento, propiciando 
uma fonte de infecção para neonatos. Após transplantes renais ocorre em cerca de 1/3 dos 
pacientes. Em populações isoladas, a freqüencia de excreção assintomática do vírus pode ser ainda 
maior. 
 
 
EPIDEMIOLOGIA: 
DISTRIBUIÇÃO : 
 
A utilização de testes anti-glicoproteínas de superfície específicas de HSV-1 ou HSV-2 (gG1 
e gG2) permitiram uma redefinição da epidemiologia destas duas infecções. 
 Distribuição mundial. Estima-se que um terço das pessoas no mundo tenham infecções 
recorrentes, e portanto capacidade de infectar outros indivíduos durante episódios de recorrência. 
 HSV-1 => infecções geralmente antes dos 5 anos. Cerca de 10% a 30% somente com sintomas. 
 => 2% a 15% das pessoas com anticorpos anti-HSV-1 tem infecções na genitália. 
 => 70% a 90% dos adultos possuem anticorpos. 
 => a maioria das pessoas são assintomáticas 
 => associada a nível sócio-econômico. Mais pobres=> infecções mais cedo. 
 
HSV-2 = 
=> a maioria das pessoas desconhece estar ou haver sido infectado 
=> prevalência aparece com o início da atividade sexual (muito rara antes da adolescência) 
 => dependendo dos hábitos sexuais, anticorpos podem ser detectados em até mais de 80% 
=> prevalência maior (até 60%): associada à promiscuidade e nível sócio-econômico. 
=> até 99% de pessoas com HSV-2 tem lesões na genitália. 
 
Disseminação do HSV assintomática: 
 
=> após o episódio de infecção primária, homens e mulheres eliminam vírus 
intemitentemente pela genitália, sem sinais clínicos evidentes. Chama-se a isto reativação 
subclínica ou disseminação assintomática do vírus. 
 => provavelmente todos os portadores de infecção com HSV-2 disseminam o vírus 
periodicamente, sem lesões aparentes. 
 => o vírus pode ser disseminado a partir de áreas onde a infecção primária ou onde 
recorrências ocorrem, porém pode também ser disseminado em outros sítios (ex: lesão recorrente na 
nádega, mas vírus presente na vulva ou cérvix). 
 => transmissão a parceiros é muito provável durante disseminação assintomática do 
vírus. (em um estudo, 70% de infecções em casais sorologicamente discordantes foram 
causadas desta forma) 
 => assim, pessoas HSV-2 soropositivas que ignoram seu status são provavelmente os 
maiores disseminadores da infecção. 
 => disseminação assintomática é mais freqüente nos primeiros meses após a infecção 
primária, e tende a diminuir com o passar dos anos (mais comum no primeiro, depois no segundo e 
depois no terceiro ano pós infecção primária). 
 
 
 
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HERPES NEONATAL 
 
-30% de risco em infecções primárias; 3% com infecções recorrentes. 
- Anticorpos passivamente adquiridos da mãe parecem diminuir os riscos em bebês expostos. 
- Ruptura prolongada das membranas aumenta o risco de infecção, provavelmente por aumentar a 
chance de infecção ascendente via cérvix. 
 
ENCEFALITE HERPÉTICA POR HSV 
 
É uma forma grave. Nos EUA é a causa mais comum de encefalite esporádica fatal (40-50 casos/ano 
ou mais). 
Manifestações indicativas das áreas afetadas no cérebro. Primeiramente: sinais de encefalite focal 
associados a febre, alterações do estado de consciência, comportamento bizarro, mentalização 
desordenada e achados neurológicos localizados, geralmente associados a distúrbios localizados 
no lobo temporal. Não há lesões patognomônicas. Ocorre um progressivo deterioramento do nível 
de consciência do paciente, febre, líquor anormal e achados neurológicos focais. Casos não 
tratados podem dar margem a mortalidade de > 70%. Somente 2,5% dos pacientes não apresentam 
seqüelas. 
 
Patogenia: HSV isolado de lábios e de cérebro não são necessariamente os mesmos. Somente 65% 
dos isolados apresentam o mesmo perfil de RFLP (restrictio fragment length positioning). Quando o 
vírus se trata do mesmo isolado, invariavelmente é fruto de infecção primária (isto é, paciente era 
previamente negativo para anti-HSV). Aproximadamente 1/2 dos pacientes parece adquirir 
encefalite a partir de infecção primária, outra metade a partir de recorrência. 
 
 
TRANSMISSÃO: 
 
 Período de incubação: 2 a 12 dias. A transmissãose dá essencialmente por contato direto ou 
indireto com vesículas ou fluido vesicular contendo vírus infeccioso. Entretanto, lesões podem não 
ser evidentes. Pode haver disseminação do vírus sem haver lesão aparente. Uma percentagem 
variável de indivíduos dissemina o vírus sem lesão aparente. As lesões primárias podem ocasionar 
transmissão por até duas semanas 
 
HSV-1: 
É transmitido via saliva (beijos, perdigotos), contanto direto (indireto mais raro) com lesões 
 - Mãos (médicos, enfermeiras, dentistas) pode disseminar a infecção. 
 
HSV-2: 
É transmitido essencialmente via contato sexual ou parto de mãe com lesões ativas no canal de 
parto. 
 
Recorrência: pode haver eliminação de vírus sem sintomas. 
Recorrência é comum quando o vírus encontra-se em seu sítio usual. 90% dos casos de herpes 
genital recorrente são causados por HSV-2; 90% dos casos de Herpes labial recorrente são 
causador HSV-1. 
 Reativação é variável, não segue um padrão definido e varia de acordo com o estado do indivíduo, 
envolvendo desde fatores emocionais até exposição à luz, frio, menstruação, ansiedade, depressão, 
status imunológico. 
 
 DIAGNÓSTICO: 
 
Usualmente clínico. Isolamento viral confirmatório pode ser solicitado. 
 
 Isolamento 
 Material para exame: Fluído vesicular, swab de pele, saliva, liquido conjuntival, raspado de 
córnea, biópsia de encéfalo. ECP característico em 1 a 3 dias em células como BHK-21, RK-13 e 
outras. 
 
 
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 Diagnóstico rápido: Pode ser feito com um esfregaço com células da base das vesículas 
submetidas à imunofluorescência direta com conjugado específico. 
 
 Sorologia: Útil somente na primo-infecção. Testes sorológicos: ELISA, Soroneutralização (SN) 
 A tipagem do vírus é feita com anticorpos monoclonais diferenciais, usualmente em testes de 
ELISA. Ocasionalmente pode ser feita SN diferencial, onde o soro do paciente é colocado a reagir 
frente amostras dos dois tipos e determina-se qual aquele frente a qual ocorre maior reação de 
neutralização. 
 
 CONTROLE: 
 
 - Educação sanitária - evitar contato com lesões 
 - Evitar contaminação da pele, principalmente mãos. 
 - Lavar mãos e usar luvas 
 - Cesareana => em caso de infecções primárias ou recorrentes na mãe 
 - Uso do condom (camisinha) 
 
 VACINAS: 
 não existem. 
 
 TRATAMENTO: 
 Acyclovir (guanosina acíclica), penciclovir: diminuem a severidade e a duração das lesões. 
 - Efeito sobre recorrência: aplicação a longo prazo parece diminuir episódios de recorrência. 
 Entretanto, já existem amostras mutantes resistentes ao acyclovir. 
- Tratamento com acyclovir (400 mg po bid) reduziu em um experimento a disseminação de Herpes 
genital em 94%. 
 - Olhos => Idoxuridina, Trifluridina tópicos 
 - Resistentes => acido fosfonofórmico 
 
IMPORTANTE: 
 - Nenhuma droga evita totalmente recorrências. 
 - Nenhuma droga tem efeito sobre a latência. 
 
 Novo: 
 - dideoxi-Citidina: ainda em avaliação 
 
 
 
 
 
 VARICELA / HERPES ZOSTER 
 
 DEFINIÇÃO: 
 
A varicela ("chickenpox") é uma enfermidade causada pelo Herpesvírus humano tipo 3 
(HHV-3) ou vírus da varicela-zoster (VZV). A doença caracteriza-se por febre e mal-estar antes do 
surgimento ou acompanhada de erupções. O eritema é prurítico, apresentando uma evolução típica 
de pápula a vesícula, daí a pústula e a crosta. 
 
VIROLOGIA: 
 
Semelhante aos HSV-1 e 2. 
 
CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS: 
 
 
 
7 
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 Após um período de incubação de 14 a 20 dias, a doença tem evolução rápida. Altamente 
contagiosa, usualmente em crianças. Apresenta características lesões em diferentes estágios de 
desenvolvimento, podendo variar de leve eritema até crostas. 
 
DIAGNÓSTICO: 
 
Geralmente clínico em imunocompetentes. 
Achados de laboratório: 
- Células gigantes multinucleadas; 
- Leucopenia comum; 
- Exame por imunofluorescência direta; 
- Isolamento viral em cultivos celulares, em células VERO 
 
Em imunodeprimidos: 
Métodos virológicos: - detecção de antígenos virais por métodos imunoquímicos (ex. 
imunofluoresência) 
 - isolamento viral em cultivo (células humanas, Vero, BHK, RK13, 1ário de 
 rim de macaco) CPE em 2-7 dias (pode ir a 14 dias ou mais ) 
 - diagnóstico rápido de lesões cutâneas: células epiteliais de uma lesão 
recente no estágio vesicular seguida de imunofluorescência ou imunoperoxidase. 
 
 
 Zoster ("shingles", "cobreiro"): 
 
É causado pelo mesmo vírus (VZV). O vírus foi tipicamente adquirido muitos anos antes, 
quando o paciente teve varicela. Caracteriza-se por dor intensa aguda, neuropática (pode surgir 
antes da lesão). A lesão principal é causada a partir da reativação do vírus a partir de um gânglio 
nervoso. A lesão tipicamente aparece unilateralmente (mas nem sempre), ao longo do dermatomo 
de um ou mais nervos sensórios adjacentes. Precedida ou acompanhada de dor, hiperestesia, 
prurido. Aproximadamente 50% dos casos envolvem os dermatomos torácicos, em especial T5 a 
T12; nos nervos craniais em 14% a 20% dos pacientes. Lombo-sacral em 16%, partucularmnete L1 e 
L2. Ocasionalmente acompanhada por lesões cutâneas disseminadas no paciente imunologicamente 
normal. As erupções cutâneas tendem à cura rapidamente, porém novas lesões seguem se 
formando por 3 a 7 dias. Formação de crostas e cura se dá em cerca de 2 semanas mas pode se 
extender por 4-6 semanas. 
Em crianças, Zoster usualmente é mais leve, com lesões cutâneas e neurite aguda menos 
pronunciada. 
"Zoster sine herpete": O zoster pode ocorrer sem lesões herpéticas evidentes, com dor 
neuropática mas sem lesões cutâneas. 
Paralisia idiopática facial sem herpes zoster cutâneo evidente também tem sido atribuído à 
reativação do VZV. 
 
- 40% dos pacientes com zoster aprentam no liquor: 
- pleocitose com predominância de células mononucleares 
- proteínas elevadas . 
 
 COMPLICAÇÕES: 
 
- A mais comum: neuralgia pós-herpética: pode levar a dor severa e debilitante. 
- Hipersensibilidade da pele persistindo até vários meses ocorre em 5-10% dos pacientes 
- Meningoencefalite é rara. A maioria dos pacientes se recupera sem seqüelas. 
- conjuntivite, queratite dendrítica, uveíte anterior, iridociclite com glaucoma secundário, panoftalmite 
- cegueira muito raro. 
- Infecções secundárias 
- Zoster no 7o nervo cranial produz paralisia no mesmo lado das lesões cutâneas. Paralisia pode 
acompanhar reativação de outros nervos, como o terceiro, quarto e sexto nervos craniais. Paralisia 
do nervo ótico e facial, chamada síndrome de Ramsey-Hunt, é associado à reativação do VZV a 
partir do gânglio geniculado do sétimo nervo cranial e do oitavo nervo cranial. 
 
 
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- Zoster reativado do segundo ramo do quinto nervo cranial produz lesões orais particularmente no 
palato. 
- Lesões na língua: envolvimento do sétimo nervo, associadas a perda de paladar. 
- Paralisia parcial de uma extremidade pode ocorrer. 
- Disfunção neurogênica de bexiga ou íleo; 
- Mielite transversa levando a paralisia ascendente com déficit sensorial. 
 
Em imunocomprometidos: 
 
- disseminação em imunocomprometidos: em 10% a 40% dos pacientes. 
- pneumonia, hepatite, encefalite, coagulação intravascular disseminada. Embora causados pela 
reativação do VZV, apresentam lesões indistingüíveis de varicela. 
- Em pacientes com HIV: zoster disseminado é comum. Complicações incomuns são freqüentes: 
doençca cutânea crônica, retinite, infecções do sistema nervoso central sem doença cutânea 
associada ou que são progressivas após a cura desta. 
 
TRANSMISSÃO: 
Contato direto, gotículas, secreções. Considerar suscetíveis pessoas expostas 10-20 dias 
antes. 
- Transmissibilidade: - 1-2 dias antes das erupções;não mais que 5 dias após as primeiras 
vesículas. 
 
PREVENÇÃO: 
 
Vacinação: Vacina convencional com amostra atenuada de VZV. 
 Imunoglobulina-> somente em imunocomprometidos 
 
TRATAMENTO: 
 
 - Isolamento 
 - Antihistamínicos 
 - Antipruriginosos 
 - Acetaminofen (aspirina não) 
 - Infecções secundárias => antibióticos localmente ou sistêmicos. 
 
- Acyclovir em imunocomprometidos reduz a viremia e evita progressão da infecção para vísceras. 
 
- Acyclovir: VO em crianças imunologicamente normais infectadas, parece reduzir os sinais clínicos 
e sintomas se administrado nas primeiras 24 h após o surgimento das lesões cutâneas iniciais 
(Balfour et al 1990 J. Peds 116(4):633-639; Balfour et al 1992 120:627-633. Após, parece não ter 
efeito. 
 
- Adultos (nas primeiras 24 h após o surgimento das lesões cutâneas iniciais) com pneumonia 
por VZV requerem acyclovir intravenoso. 
 
ZOSTER 
Efeitos do acyclovir: 
 - Zoster oftálmico: importante pelo risco de queratite crônica e uveíte aguda. Acyclovir oral é 
importante nesta prevenção. 
- Neuralgia pós-herpética: 
 
 
 
MONONUCLEOSE INFECCIOSA (infecção pelo EBV) 
 
DEFINIÇÃO: 
Vírus Epstein -Barr (EBV) ou Herpesvírus humano tipo 4 (HHV-4) 
Família: Herpesviridae 
 
 
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Subfamília: Gamaherpesvirinae 
Gênero: Lymphocryptovirus 
 
A enfermidade (Mononucleose Infecciosa; Mononucleose Paul Bunel positiva; 
Mononucleose positiva para anticorpos heterófilos) é causada pelo vírus Epstein-Barr (EBV) ou 
herpesvírus humano tipo 4 (HHV-4), um gamaherpesvírus. É uma enfermidade rara apesar da ampla 
distribuição do vírus na comunidade. Caracteriza-se por febre, dor de garganta, mal-estar e 
linfadenopatia. Observam-se linfócitos "T" atipicos, maiores, mais escuros, com citoplasma 
vacuolizado e núcleo deformado e lobulado. 
 
VIROLOGIA: 
 
Como outros herpesvírus, infecta dois tipos de células: 1) células epiteliais, e 2) linfócitos B. 
Em ambos pode ocorrer infecção latente. Infecção lítica ocorre somente em células epiteliais. 
Associado ao Linfoma de Burkitt, um tumor de mandíbula muito freqüente na África,e outros tumores. 
Alta capacidade de transformar células B in vitro. 
- Dois tipos: EBV tipos 1 e 2 diferem somente em 5 genes que codificam os antígenos nucleares 
(EBNA) em células latentemente infectadas. 
- Tipo 1: na maioria das populações. Tipo 2: cerca de metade dos africanos com Linfoma de Burkitt 
estão infectados com tipo 2, mas ocorre também em países desenvolvidos. 
 - Ciclo igual ao HSV, porém a penetração nos linfócitos B se dá via receptor de C3. 
 
Dez genes se mantém ativos durante a latência: 
- Nove antígenos virais são detectados em células infectadas: 
 - 6 antígenos nucleares (EBNAs 1 a 6) 
 - proteínas de membrana latente (LMP1, LMP2a e LMP2b) 
Além disso, 2 pequenos RNAs, não poliadenilados, denominados "EBER 1" e "EBER 2" são 
detectados mas não são traduzidos. São os produtos mais abundantes em células latentemente 
infectadas. 
 
- As células álvo são linfócitos B ainda não sensibilizados por antígenos, portanto, não 
estimulados a diferenciar-se. Estes 10 genes mantém a infecção latente e induzem os linfócitos B a 
proliferar continuamente. Pelo menos 10% são capazes de se multiplicar seriadamente, originando 
linhas celulares linfoblastóides (LCLs). A maioria entra em divisão 48 a 72 horas após a infecção 
 
Afora a presença do genoma do EBV e seus produtos, os linfócitos B infectados se 
comportam similarmente a um linfócitos B sensibilizados por antígeno, mitógenos, IL-4 ou anti-
CD40. Eles secretam proteínas associadas à sensibilização, secretam imunoglobulinas e aderem a 
outros linfócitos B. Linfócitos infectados podem seguir se diferenciando e sofrer troca de classe 
("class switch") quando expostos a IL-4. 
 
 
LATÊNCIA: 
 
Ocorre em três diferentes formas (I, II e III). Latência tipo I e II: expressão de antígenos 
nucleares é restrita a EBNA 1. LMP1, 2a e 2b são expressas, porém em diferentes níveis em I e II. 
Latência tipo III: os seis EBNAs são expressos. EBNA1 é a unica proteína expressa em todos os 
estados de latência, e é necessária para a manutenção do EBV em forma epissomal (isto é, sem sua 
presença não há célula latentemente infectada). 
 
CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS: 
 
- Síndrome agudo 
- Febre, dor de garganta, mal-estar, linfadenopatia 
- Esplenomegalia 
- Ocasionalmente => eritema maculopapular (< 15%). A administração de ampicilina eleva a >90%. 
- Mononucleose atípica (10% - 30%) 
- Linfocitose > 50% (incluso os 10%) 
 
 
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- Anticorpos heterófilos (aglutinam eritrócitos de ovelha e outros ) positivos 
- Anomalias de funções hepáticas são freqüentes. 
- Mononucleose com linfócitos T atípicos, maiores, mais escuros, com citoplasma vacuolizado e 
maior; o núcleo apresenta-se deformado e lobulado. 
 
PATOGENIA: 
 
A maioria dos indivíduos adultos foram infectados com EBV e eliminam vírus pela saliva 
intermitentemente. Pessoas infectadas previamente tem linfócitos B latentemente infectados em seu 
sangue periférico e órgãos linfáticos. Cerca de 1 em 105 a 10 6 linfócitos estão infectados. 
 
- Infecção inicia no orofaringe, atingindo os linfócitos B. Os linfócitos T reagem contra 
células infectadas dando origem aos "linfócitos atipicos" da mononucleose infecciosa. O EBV 
estabelece latência nos linfócitos B. Poucas cópias do genoma viral são integradas no genoma 
celular; muitas cópias presentes no citoplasma. 
 
 
 
 DISTRIBUIÇÃO: 
 
A infecção tem distribuição universal, embora a doença clinicamente aparente seja rara. O 
vírus tem associação com alguns tumores (vide abaixo). 
 
TRANSMISSÃO: 
 
Principamente através da saliva. Freqüentemente através de beijos (daí o termo "doença do 
beijo"). Anticorpos encontrados em mais de 90% dos adultos. A infecção é usualmente 
assintomática, ocorrendo nos primeiros anos de vida. Em classes mais pobres a infecção ocorre 
mais cedo (pelo menos nos EUA). Infecções na adolescência tendem a causar sinais clínicos 
aparentes. 
 
 DIAGNÓSTICO: 
 
Sorologia: O Teste de Paul Bunnel= anticorpos heterófilos c/ hemácias de ovinos 
 Ac removido com hemácias bovinas, 
 " não " com " de cobaios. 
 - anticorpos heterófilos=> não reagem com nenhum componente do vírus. 
 provavel=> modifica algum constit. de membr. q. se torna antigênico. Também são encontrados em 
hepatite B e na Doença do soro. 
 - Falso VDRL + ocorre em 10% dos casos 
 - IgM especifica anti- antígeno do capsídeo viral (ACV). 
 - Titulo de IgG em elevacao (anti-ACV) 
 - Anti-EBNA (antígeno nuclear) surge 3-4 semanas p.i. e persiste por toda a vida. 
 
 
 ASSOCIAÇÃO COM CÂNCER: 
 - Participação não clara: 
 - Associado a cânceres de origem linfóide: 
 - Linfoma de Burkitt (um tumor de mandíbula) em crianças africanas. 
- outros linfomas de células B e o carcinoma nasofaríngeo (CNF, tumor derivado de 
 células epiteliais pouco diferenciadas). 
Na maioria dos países, o CNF ocorre em menos do que 1/100 000 pessoas. 
 Na China, o CNF chega a 15 a 30/100 000 pessoas: 1o mais comum em homens; 
 2o mais comum em mulheres.
 Nos casos de CNF, o EBV causa infecção predominantemente latente. 
 - proteína EBNA1 presente, mas outras EBNAs ausentes; 
 - carcinoma de timo nos EUA 
 - Linfoma de Hodgkins = EBV presente em cerca de 50% dos tumores 
 
 
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 CITOMEGALOVÍRUS (CMV): 
 
VIROLOGIA 
 
Vírus: Citomegalovírus (HHV- 5) 
Família: Herpesviridae 
Subfamília: Betaherpesvirinae 
 
 
=> Igual a outros herpes morfologicamente 
 =>diferente antigenicamente 
 => Um só sorotipo 
 => CMV de animais não infectam humanos 
 => Células gigantes => inclusão citomegálica 
 
CICLO REPLICATIVO: 
 Similar ao HSV. 
 
 DOENÇAS: 
 Rara em individuos normais 
 Doença de inclusão citomegálica (anomalias congênitas) => neonatos. 
 Imunocomprometidos => pneumonia 
 Mononucleose Infecciosa heterófilo-negativa (negativa para anticorpos heterófilos) 
 
 
TRANSMISSÃO E EPIDEMIOLOGIA 
 
 
- Distribuição mundial (Ac em > 80% adultos). Virtualmente todos os portadores assintomáticos 
disseminam o vírus periodicamente. 
 
- Dois tipos de infecção: congênita e pós-natal. 
 
Infecção pós natal: 
 
- Ocorre geralmente na infância, sem sintomas notáveis. Ocasionalmente pode ocorrer uma 
enfermidade indistingüivel da mononucleose infecciosa (MI) causada pelo EBV. Esta MI só é 
diferenciável por testes laboratoriais. A MI pelo CMV não leva à produção anticorpos heterófilos. 
Quando a infecção ocorre em adultos ou crianças mais velhas, a chance de ocorrência de IM é bem 
maior. 
 
- Pode ocorrer durante o parto. 
 
- Através do leite materno: é o período em que ocorre mais comumente a infecção, uma vez que a 
maioria das gestantes soropositivas reativam o vírus e o excretam também no leite. 
 
- Através da saliva de crianças. 
 
- Mais tarde => Transmissão sexual (sêmen, secreções cervicais) 
 
- Transfusões de sangue. É comum a transmissão de CMV via sangue e derivados. 
 
- Transplantes de órgãos. Invariavelmente pacientes de transplantes renais apresentam reativação e 
 disseminação de CMV. 
 
 
 
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Infecção congênita: 
 
- Através da placenta, o feto pode ser afetado em qualquer estágio da gestação. O risco de 
transmissão fetal é grande, podendo variar de 0,2 a 2%. Porém, o risco de lesões congênitas é, entre 
estes, de cerca de 5-15%. Crianças infectadas in utero se mantém disseminando o vírus por 
períodos ainda mais longos. Crianças em creches tendem a ter risco de cotaminação 20 vezes 
maiores do que crianças mantidas em casa. Mães que sofrem a infecção primária durante a 
gestação são as que apresentam maior risco de transmitirem a infecção ao feto e este apresentar 
anomalias congênitas. Mães infectadas previamente, com anticorpos previamente adquiridos, 
parecem capazes de limitar a infecção e impedir que o vírus cruze a barreira placentária, ou 
minimizar os efeitos da infecção no feto. 
 
 
 PATOGENIA: 
 
No feto: causa a Doença de Inclusão Citomegálica, caracterizada pela presença de células tipo 
"olho de coruja", gigantes, multinucleadas, c/ inclusões intranucleares proeminentes, em todos os 
órgãos. Pode levar a anomalias congênitas diversas, incluindo microcefalia, surdez e diferentes 
graus de deficiência mental. 
- Em crianças e adultos normais a infecção é usualmente assintomática. 
- Latência em leucócitos ou células epiteliais. 
- Infecção persistente nos rins por anos. 
- Efeito imunossupressivo por inibição de células T. 
- Supressão da imunidade celular parece ser o fator mais importante no desenvolvimento de 
doença sistêmica. 
 
 ACHADOS CLÍNICOS 
 
 Infecção intrauterina: 
- A partir de mães infectadas sem sintomas, onde o vírus é excretado na urina ou saliva. 
- Em 20% dos infectados in utero: microcefalia, convulsões, surdez, icterícia, púrpura. 
Hepatoesplenomegalia comum, embora tenda a resolver. Retardo mental (usual nos sobreviventes). 
Surdez é uma manifestação comum. O CMV é excretado na urina de crianças infectadas 
congenitamente por vários anos. As crianças podem apresentar hepatite, hepatomegalia e 
apresentar alterações nas provas de funções hepáticas. 
 
 Adultos: 
 MI heterófilo-negativa: febre, letargia, linfócitos anormais no sangue periférico. Usualmente 
sem faringite e sem linfadenopatia. Ocorre às vezes após transfusões com sangue fresco, uma vez 
que o vírus normalmente é inativado durante refrigeração. 
 
 Imunodeprimidos (CA, transplantados, infecc. HIV): Infecções por CMV são freqüentes, seja por 
reativação, seja por infecção adquirida do doador. Frequentemente sem sinais em pacientes de 
transplantes renais. Problema sério em transplantes de medula e coração. Nestes pacientes, 
pneumonia intersticial e retinite são as doenças mais comumente associadas ao CMV. 
 
DIAGNÓSTICO: 
 
- Material para diagnóstico: urina, lavados de garganta, sangue não coagulado. 
- O Isolamento de vírus leva 1-2 semanas, em células embrionárias de pulmão humano. 
- O teste DEAFF ("direct early antigen fluorescent foci") permite a identificação de multiplicação 
 viral em 24-48 horas de cultivo. 
- IFD/histologia Inclusões ("olho de coruja") em células gigantes na urina, glândulas salivares, 
 fígado ou pulmão. 
 - Aumento de títulos de anticorpos maior do que 4 vezes. Testar para IgM para confirmar infecção 
aguda. IgM baixa e IgG alta indicam infecção prévia. 
 
 
 
 
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 TRATAMENTO 
 
- Resistente a acyclovir (não induz timidina kinase nas células infectadas) 
- Gancyclovir => moderadamente eficaz em retinites e pneumonias em pacientes c/ HIV. 
- Foscarnet - usado em retinite em pacientes com HIV, é um análogo do pirofosfato que inibe a 
 DNA polimerase do CMV. 
 
 PREVENÇÃO 
- Não há vacina 
- Transfusões em neonatos assegurar-se de que seja a partir de indivíduos soronegativos. 
- Transplantes (se possível): 
 Órgãos de doadores negativos para anticorpos para receptores igualmente negativos. 
 
 
HERPESVÍRUS HUMANO TIPO 6 (HHV 6) 
 
 Vírus descoberto recentemente. Estabelece infecção latente em tecido linfóide. Infecção 
parece distribuida por todo o mundo. Altos índices de prevalência determinados por anticorpos em 
várias populações. 
 
DOENÇA: 
- Causa em crianças o exantema súbito ou roséola, uma enfermidade caracterizada por um eritema 
leve que ocorre freqüentemente em bebês. 
- Mononucleose com linfadenopatia cervical: em adultos com infecção primária. 
- Em imunodeprimidos: pode causar hepatites em transplantados, por reativação do vírus. Pode 
ainda algumas vezes causar febre e sinais de infecção generalizada. 
 
 
 HERPESVÍRUS HUMANO TIPO 7 (HHV 7) 
 
Aparentemente este vírus também tem ampla distribuição nas populações. Provavelmente adquirido 
durante a infância. Não há nenhuma associação deste vírus com doenças, até o presente. 
 
HERPESVÍRUS HUMANO TIPO 8 (HHV-8); 
"KAPOSI'S SARCOMA ASSOCIATED HERPESVIRUS" (KSHV) 
 
DEFINIÇÃO: 
O Herpesvírus humano tipo 8 (HHV-8) ou herpesvírus associado ao sarcoma de Kaposi 
(KSHV) tem sido encontrado em mais de 95% dos casos de Sarcoma de Kaposi, tumor 
freqüentemente associado à infecções pelo HIV. 
 
O VÍRUS (Chang & Moore, 1994): 
 É um gamaherpesvírus, com gênero ainda ainda não determinado, mas semelhante ao EBV e ao 
Herpesvírus saimiri (um vírus de primatas). 
Embora descoberto em 1994, provavelmente existe há muito tempo, embora infreqüente em 
ocorrência e distribuição geográfica. 
 
O genoma dos HHV-8 codifica: 
 - timidilato sintetase 
 - dehidrofolato redutase 
 - 4 novos genes de citocinas similares ou homólogas a: 
IL-6, 
proteínas de ligação de complemento, 
proteínas inibidoras de macrófagos (MIP-1 α e MIP-1 β), 
 proteína semelhante a creatina-quinase do cérebro ("BCK-like") 
 
- fatores reguladores de interferon 
- uma adesina semelhante à "neural cell adhesion molecule" ("NCAM-like") 
 
 
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O vírus e transformação celular maligna: 
- O "KSHV G-coupled receptor", um receptor de IL-8, tem propriedades potencialmente 
transformantes, pois estimula a proliferação celular. 
- proteínas semelhantes a ciclinas,as quais tem o potencial de induzir ou estimular a 
transformação celular maligna 
- Proteínas MIP-1 podem regular homestase e alterar a progressão da AIDS. 
 
 
O SARCOMA DE KAPOSI: (Moritz Kaposi, 1872) 
 
Apresenta-se em quatro formas: 
 
1) Em anciãos em países mediterrâneos; 
2) Endêmica, na África tropical, ocorrendo em crianças e adultos 
3)Iatrogênica, induzida por imunosupressão associada a medicamentos (ex. pacientes de 
transplantes) 
4) Ligada à AIDS 
 
1) Na forma prevalente nos países mediterrâneos (ou populações judaicas de origem Ashkenazi): 
 - tumor de pele raro, de evolução lenta; 
 - tipicamente afeta os membros inferiores; 
 - usualmente leve à morte por causas secundárias 
 
2) na forma Africana: 
 - ocorre na África equatorial; 
 - varia de leve (como na forma clássica) até uma enfermidade localizada e agressiva 
 
3) na forma iatrogênica: 
 - doença de evolução rápida 
 - disseminação agressiva 
 - tende a cessar com a parada da medicação 
 
4) na forma associada à AIDS: 
 - curso variável 
 - pode apresentar-se com evoluçãp rápida e disseminação na região cutânea; 
 - pode have r envolvimento de linfonodos e eventualmente de órgãos 
 
 em mulheres: - mais raro, porém mesmas manifestações e prognóstico 
 - geralmente lesões na genitália e pode afetar os seios. 
 - lesões histologicamente indistingüiveis 
 
ACHADOS CLÍNICOS: 
 
As lesões cutâneas: 
- elípticas; tendendo a seguir as linhas de tensão da pele; 
- pápulas de várias cores e tamanhos, 
- inicialmente vermelho-violáceas ou marrons; 
 - mais freqüentes (embora nem sempre) nas extremidade inferiores, genitália e rosto; 
 - freqüentemente as lesões iniciais são na boca 
 - podem tornar-se placas com ulcerações 
 Outros sinais 
- edema de linfonodos é comum. Pode ser desproporcional às lesões, provavelmente pela 
liberação de citocinas 
 - envolvimento de linfonodos em 1/3 dos casos de autópsia 
 - envolvimento do TGI e pulmão são comuns nos estágios terminais da doença: 
 - KS do TGI: facilmente identificável por endoscopia: nódulos hemorrágicos de 
 vários tamanhos, distribuídos em qualquer região do TGI. Sangue nas fezes 
 
 
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 comum. 
 - KS pulmonar: difícil de distinguir de doença infecciosa: dispnéia, febre e tosse. No 
raio X: Adensamentos nodulares no parênquima e/ou efusões pleurais; infiltrados perihilares 
bilaterais. Diagnóstico freqüentemente post-mortem. Se houver lesões endobrônquicas, o 
diagnóstico por broncoscopia pode ser estabelescido com facilidade. 
 
 
LESÕES: 
Subdivididas de acordo com a proporção de células fusiformes, quantidade de fibrose e 
proporção células com pleomorfismo nuclear. As células fusiformes são de origem monoclonal, 
provavelmente derivadas do endotélio vascular; presentes em grandes números em pacientes com 
KS ou homossexuais. 
 
 
EPIDEMIOLOGIA DO SARCOMA DE KAPOSI 
 
- Tumor raro antes da AIDS: 0,29 casos/100 000 em homens; 
 0,07 casos/100 000 em mulheres (Biggar et al, 1984) 
- 15% A 20% dos homossexuais nos EUA apresentam KS (MMWR, 1995) 
 
 
 
 
EPIDEMIOLOGIA DO SARCOMA DE KAPOSI ASSOCIADO À AIDS 
 
Em 1990: Risco de KS: 20 000 vezes maior em pacientes de AIDS do que a população geral; 300 
vezes maior do que em outras imunodeficiências. (Beral et al, 1990) 
O risco de Kaposi em homo e bissexuais: 106 000 vezes maior que a população em geral; 
(Biggar et al, 1994) 13 000 vezes maior que outros homens com AIDS.
 
- Mais prevalente entre homossexuais masculinos: 21%. 
- Em outros grupos de HIV -positivos: 1% - 6%. 
- Em mulheres é mais raro, embora se excluídos os homossexuais a proporção seja a mesma. 
 
 
 
REFERÊNCIAS 
 
Center for Disease Control and Prevention (1995) First 500,000 AIDS cases: United States, 1995. 
Morbidity and Mortality Weekly Report (MMWR) 44:849. 
 
_______________________________________________________________________________ 
 
 
 
 CARACTERÍSTICAS IMPORTANTES DE INFECÇÕES POR HERPESVÍRUS 
 EM HUMANOS (Lewinston & Jawetz, 1992) 
 
 VÍRUS Infecção primária Local de latência Infecção Via de 
 usual recorrente transmissão 
 HSV-1 Gengivo- Gangl. sensórios Herpes labial Secr.resp. 
 stomatite (1) craniais encefalite, saliva 
 queratite 
 HSV-2 Herpes genital Gangl. sacrais Herpes genital Sexual 
doença perinatal ou sensórios Perinatal 
 disseminada 
 VZV Varicela Gangl. sensórios Zoster Saliva 
 Torác. ou craniais Secr. 
 
 
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resp. 
 EBV Mononucl.Infec. Linfóc. "B" Nenhuma Saliva 
 Secr.resp. 
 CMV Infecção congenita Linfócitos Transmissor Intrautero 
 Mononucleose Monócitos assintomat. 
 Transfusoes 
 Sexual 
 Saliva 
 Urina 
 
 
 
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POXVÍRUS E DOENÇAS ASSOCIADAS 
 
VARÍOLA (SMALLPOX) 
 
DEFINIÇÃO: 
Enfermidade altamente contagiosa causada pelo vírus da varíola, um ortopoxvírus já extinto. 
Caracterizada por erupções vesiculares e subseqüentemente pustulosas na pele, com uma 
mortalidade de 20% a 30%. Oficialmente declarada erradicada pela OMS desde 1980. O último 
caso foi identificado na Somália, em 1977. 
 
 
 O VÍRUS: 
 
 - Vírions em forma de tijolo 
 - DNA dupla fita 
 - Núcleo em forma de disco 
 - Dupla membrana 
 - Envelope lipoprotéico (às vezes) 
 - Contem uma DNA-dependente RNA polimerase (sem acesso `a enzima celular) 
 - Multiplicação no citoplasma 
 - Um só sorotipo 
 
 CICLO REPLICATIVO (só no citoplasma): 
 
 - Penetração => desnudamento => RNA polimerase viral sintetiza mRNA primário=>traduzido em 
prot. não estruturais (na maior parte enzimas). DNA viral sofre multiplicação semi-conservativa. 
Após a síntese de DNA ocorre a síntese de proteínas ("tardias"), que são as proteínas 
estruturais, as quais formarão os novos vírions. O envelope é adquirido às expensas do 
brotamento `a membrana celular. 
 
 TRANSMISSÃO E EPIDEMIOLOGIA: 
 - DOENÇA ERRADICADA 
 - Aerossóis; contato direto ou indireto 
 - Último caso=> Somalia, 1977 
 - OMS declarou o mundo livre de varíola em 1980. 
_______________________________________________________________________________ 
 
MOLUSCO CONTAGIOSO 
 
DEFINIÇÃO 
 
Enfermidade causada por um ortopoxvírus, o vírus do molusco contagioso (MCV), 
caracterizada pela produção de lesões nodulares na epiderme, umbilicadas, com superfície lisa e de 
coração rosácea, com cerca de 2 a 5 mm de diâmetro. Freqüentemente as lesões apresentam um 
achatamento central e um centro com uma pequena lesão, lembrando o "topo de um vulcão". 
 
O VÍRUS: 
 
Há três subtipos do MCV: MCV I, II e III, sendo que o mais freqüente é o tipo I, depois o tipo II, 
e depois o tipo III. 
 
SINAIS CLÍNICOS: 
 - Tumores rosados na pele, semelhantes a verrugas, porém distintos daqueles causados por 
papilomavírus. Mais frequentes em axilas e tronco, ou na genitália, quando transmitidos 
sexualmente. 
 
PATOLOGIA: 
 
 
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 A lesão consiste de uma massa de epiderme hiperplástica e hipertrofiada, extendendo-se 
para a derme, porém sem romper a membrana basal, projetando-se acima da pele, formandoa 
tumoração visível. Há aumento de células em mitose na camada germinal, e as células tendem a 
apresentar grande aumento de volume e inclusões citoplasmáticas, caracterizadas por uma massa 
granular hialina, acidófila, denominada "corpo do molusco", o qual tende a comprimir o núcleo da 
célula para junto à membrana citoplasmática. O núcleo central da lesão apresenta células em 
degeneração e queratina, fruto da atividade de células não infectadas. 
 
IMUNIDADE: 
O vírus parece ser pouco imunogênico. As lesões podem persistir por 2 semanas a 2 anos, sem 
sinais de inflamação. 
- Se não tratados, somente 70% dos pacientes desenvolvem anticorpos. 
- Após o tratamento, a maioria dos pacientes desenvolvem anticorpos. 
- Em pacientes com AIDS pode levar a infecções generalizadas e recorrentes. 
- Anticorpos anti-MCV não apresentam reações cruzadas com outros poxvírus. 
 
TRANSMISSÃO: 
A enfermidade de distribui de acordo com dois ciclos epidemiologicamente distintos: 
 - Em crianças em idade pré-escolar ou no início de idade escolar; 
- Como doença sexualmente transmissível em indivíduos sexualmente ativos, onde sua 
identificação vem crescendo. Serve como indicativo de comportamento de alto risco, sendo 
considerada um marcador para outras DSTs de maior gravidade. 
- Disseminação por contato; 
- Geralmente esolvem espontaneamente em 4-6 semanas, porém podem em alguns indivíduos se 
extender por meses ou mesmo anos. 
- Infecção pode continuar em outros locais 
- O indivíduo pode sofrer recorrências, provavelmente através de reinfecções. 
- Tende a desaparecer c/ idade. 
 
TRATAMENTO: 
 
Usualmente não é necessário em crianças. As lesões tendem a regredir naturalmente após algumas 
semanas. 
 Tratamento com queratolíticos ou, eventualmente, cirúrgico. 
 
 
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PARVOVÍRUS B19 [ERITEMA INFECCIOSO; QUINTA DOENÇA (a quinta febre da infância)] 
 
O VÍRUS: 
 
- Descoberto em 1975 por Yvonne Cossart et al. 
- Parvovírus B19 (vide família Parvoviridae); é o único parvovírus que causa doença em humanos. 
- Genoma DNA fita simples, terminação palindrômica 
- Extremamente ubíqüo. 
- Possui dois ORFS. O primeiro codifica 1 proteína não estrutural (NS1) essencial para a 
replicação viral e responsável pela morte celular. O segundo ORF duas proteínas 
estruturais. 
- Multiplica-se em células precursoras de eritrócitos: cultivos de medula óssea, sangue periférico e 
algumas linhagens celulares derivadas de leucemias 
 
- muito resistente a temperatura (56oC por uma hora), dessecação 
- estável entre pH 3-9 
- sensível a: Hidroxilamina 
β-propiolactona 
 formalina 
 agentes oxidantes 
 
 
MULTIPLICAÇÃO: 
 
Células alvo: precursores eritróides em diferenciação e multiplicação na medula óssea e no 
fígado fetal. Os parvovírus são tão dependentes da multiplicação celular para sua multiplicação que 
não codificam proteínas capazes de estimular a síntese protéica. Conseqüentemente, somente 
multiplicam-se em células em divisão, por isso sua afinidade por células precursoras de eritrócitos, 
bem como por células fetais. Possuem em suas extremidades genômicas "palíndromos" (terminações 
formando como "grampos de cabelo"), que servem como primers para iniciar a síntese de proteínas 
e multiplicação do genoma viral. 
 
A adsorção se dá à região que contém o chamado "carbohidrato globosídeo" ou "antígeno 
eritrocitário "P", (tetrahexoseceramida). Este antígeno é expresso em hemácias e seus precursores, 
mas também em megacariócitos, células endoteliais, placenta e, no feto, no coração e fígado. 
Indivíduos que não expressam o antígeno P (fenótipo "p") são refratários à infecção pelo B19. 
 
O vírus penetra e o genoma é transportado ao núcleo. Durante a fase "S" de multiplicação 
celular o vírus se utiliza da maquinaria celular, reconhecidamente as DNA polimerases α e δ. Ocorre 
inicialmente a transcrição do RNA correspondente à proteína NS e, mais tarde, o RNA da proteína 
do capsídeo. A seguir, ocorre a tradução das proteínas. A proteínas NS1 age sobre o DNA celular e 
causa o "shut down" da célula. O capsídeo é auto-montado, ocorrendo a produção de novos vírions e 
lise celular. 
 
PATOLOGIA: 
 
O vírus causa efeito citopático caracterizado pela formação de pronormoblastos gigantes 
(células eritróides muito grandes, com diâmetro de 25-32 µm, inclusões nucleares ou múltiplos 
nucléolos e vaculização citoplásmica. Em aspirados de células de medula óssea, estas células são 
marcantes por seu tamanho desproporcional. 
 
DOENÇAS ASSOCIADAS: 
 
- A mais comum é a "quinta doença", ou eritema infeccioso, enfermidade da infância, denominada 
"quinta doença ", por ser a "quinta febre da infância" (as demais são: cachumba, sarampo, rubéola 
e varicela). Caracteriza-se por sinais clínicos leves, ocasionalmente febre e um eritema vermelho na 
 
 
20 
20 
face que confere às crianças uma aparência lembrando um "rosto tapeado", daí a denominação 
"slapped cheek disease" (doença do rosto "tapeado"). Este eritema é uma manifestação mediada por 
complexos imunes. 
 
- Em adultos, tem sido buscada uma relação entre a infecção pelo B-19 e várias formas de 
reumatismo (artralgias/artrites aguda ou crônica). Esta seria igualmente uma manifestação 
mediada por complexos imunes. Entretanto, ainda não há evidências concretas que confirmem essa 
associação. 
 
- Pode também causar infecções crônicas em imunocomprometidos. 
 
- Pode causar crises aplásticas transitórias em pacientes com anemia falciforme (sickle cell anemia). 
 
- Infecções durante a gestação podem levar a hidropsia fetal e levar a aborto ( em menos de 10% 
 dos casos de infecção comprovada). 
- Infecções intrauterinas podem causar infecções persistentes, onde o paciente não consegue 
montar 
 uma resposta imune e desenvolve uma anemia crônica. 
 
PATOGENIA 
 
Em infecções pós-natais, a infecção se dá provavelmente por via respiratória. Viremia surge 
5-6 dias após a infecção, persistindo até 8-9 dias, acompanhada de sintomas gripais. Viremia é 
acompanhada de supressão da medula óssea. O surgimento de anticorpos se dá em 10 a 14 dias 
após a infecção e acompanha os sinais da quinta doença (eritema e artralgias). Assim, as 
manifestações são causadas por deposição de complexos imunes, e o vírus não mais se encontra 
causando viremia. A administração de imunoglobulinas anti-B19 leva a sinais de eritema 
infeccioso. 
 
- Pacientes com crise aplástica transitória: tem sinais cedo no curso da infecção, apresentando 108 a 
10 14 cópias do genoma viral/ml no sangue. 
 
Crise aplástica transitória: 
 É a parada abrupta, transitória, da produção de hemácias, caracterizada por 
reticulocitopenia, ausência de precursores eritrocitários no na medula e anemia progressiva. 
Ocorre em indivíduos com algum distúrbio hemopoiético ou hemolítico. 
- Pode ser o primeiro sinal de esferocitose em pacientes com hemólise compensada. 
- Ocorre uma só vez em pacientes com vários tipos de enfermidades hemolíticas subclínicas 
 
Exemplos: 
- anemia falciforme, 
- defeitos congênitos de membrana de eritrócitos, 
- talassemias 
- anemias hemolíticas adquiridas nos adultos 
- em situações de stress eritróide, como hemorragias e deficiência de ferro 
mielofibrose 
após transplantes de medula 
 
Infecção fetal 
 
 Raramente associada a malformações. Entretanto, pode causar infecções persistentes, não 
imediatamente fatais, mas com aplasia eritrocitária ou outros distúrbios da hemopoiese. Nestes. o 
vírus encontra-se em baixíssimos níveis, somente detectável através de PCR diretamente na 
medula óssea. Ausência de anticorpos em função da imunotolerância pode ocorrer, apesar da 
presençado vírus. 
 
Infecções persistentes 
 
 
 
21 
21 
As infecções persistentes podem ser: 
 
1) congênitas: 
 
a) Infecções persistentes in utero, dando origem à "aplasia eritrocitária pura", levando a um quadro 
de anemia crônica. Tipicamente, a resposta imune é muito fraca ou inexistente e não são 
observados sinais associados à deposição de complexos imunes. O paciente requer transfusões 
continuadas; 
 
b) crianças com imunodeficiências congênitas (síndrome de Nezelof). 
 
2) adquiridas: 
 
a) crianças com leucemia linfoblástica ou outros cânceres em remissão durante ou após a 
quimioterapia, 
 
b) pacientes com AIDS; 
 
c) receptores de transplantes de órgãos sólidos. 
 
IMUNIDADE 
 
IgM aparece 10-12 dias após infecção. Persiste por vários meses. IgG provavelmente 
persiste pelo resto da vida do indivíduo. Níveis de IgG aumentam com reexposição. Níveis de IgG 
podem cair, mas crise aplástica passageira somente ocorre uma vez na vida do indivíduo, sugerindo 
imunidade duradoura. 
 
Indivíduos com infecção persistente pelo B19 apresentam déficits de células T e B e pouca 
ou nenhuma produção de anticorpos anti-B19. 
 
EPIDEMIOLOGIA 
 
- Cerca de 50% da população adulta tem anticorpos contra o B19. Em mais velhos chega a 90%. 
 
- A quinta doença é cíclica, tendendo a surgir em meses de primavera e verão, em intervalos de 
aproximadamente 3-4 anos. Pode ocorrer epidemias de quinta doença e surtos de crises aplásticas 
transitórias. 
 
- O vírus usualmente não se encontra no sangue de pessoas normais, mas pode ocasionalmente 
contaminar produtos como fatores de coagulação. O vírus é altamente resistente à temperatura e 
dessecação, sendo um problema para estas preparações. 
 
 
TRANSMISSÃO: 
 
- Acredita-se que se dê através de secreções respiratórias. 
 
 
DIAGNÓSTICO: 
 
O diagnóstico baseia-se usualmente na detecção de anticorpos em indivíduos normais 
(imunocompetentes). IgM específica anti-B-19 está sempre presente por ocasião do aparecimento 
do eritema e se mantém detectável por 2-3 meses. IgG não tem valia no diagnóstico de infecções 
agudas, a não ser que sejam coletados soros pareados (duas coletas, uma na fase aguda, outra 
cerca de 30 dias após). 
 
Testes: ELISA, imunoblot, imunofluorescência indireta. 
 
 
 
22 
22 
Em infecções persistentes, onde o indivíduo não monta uma resposta imune adequada, 
busca-se a detecção do DNA viral por hibridização ou a amplificação de segmentos genômicos por 
PCR. 
 
TRATAMENTO: 
 
Não há tratamento específico para quinta doença e crises aplásticas. Crises aplásticas 
transitórias podem ser tratadas prontamente com transfusão de sangue. 
As infecções persistentes são tratáveis com preparações de imunoglobulinas que contenham 
anticorpos neutralizantes anti-B-19. As preparações comerciais de imunoglobulinas são boa fonte, 
uma vez que a maioria da população já foi exposta ao vírus. 
 
VACINAS: 
 
Ainda não disponíveis, mas as perspectivas são otimistas. As vacinas provavelmente serão 
baseadas em proteínas recombinantes, devido às dificuldades de obtenção de antígeno viral em 
cultivos tradicionais. VP1 expresso em baculovírus foi capaz de induzir resposta de anticorpos 
neutralizantes em animais experimentalmente inoculados. A quantidade de anticorpos neutralizantes 
induzidos parece estar correlacionada à quantidade de VP1 presente na preparação. 
 
 
REFERÊNCIAS 
 
- Berns KI (1996) Parvoviridae: The viruses and their replication. In: Fields Virology. Third edition. 
Lippincott-Raven. Chapter 69 pp. 2173-2197 
- Brown KE et al (1993) Erythrocyte P antigen: cellular receptor for B19 parvovirus. 
- Cossart YE, et al (1975) Parvovirus-like particles in human sera. Lancet 1:72-73. 
- Osawa (1987) Productive infection of B19 parvovirus of human erythroid bone marrow cells in vitro. 
Blood 70:384-391 
- Young N (1996) Parvoviruses. In: Fields Virology. Third edition. Lippincott-Raven.Chapter 70 pp. 
2199-2220. 
 
 
web sites: http://www.wadsworth.org.databank/b19virus.htm 
 http://www.medscape.com/SCP/IIM/1997/v14.n08/m3079.moore/m3079.moore.html#Vir 
 
 
PAPILOMAVÍRUS E DOENÇAS ASSOCIADAS 
 
INTRODUÇÃO: 
 
 Os papilomavírus humanos (HPV) constituem um grupo que possui pelo menos 70 diferentes 
tipos de vírus. Cau 
sam usualmente verrugas (tumorações benignas) em várias partes do corpo. Alguns tipos de vírus 
estão associados à malignidade, entre os quais o mais comum é o HPV tipo 16, sendo este o tipo 
mais freqüentemente associado ao câncer de colo uterino (carcinoma de células escamosas do 
cérvix ou SCCC). 
 
OS VÍRUS: 
 
- Família Papovaviridae, gênero Papillomavirus. Existem mais de 70 subtipos distintos. 
 
- Vírus não envelopado (resistente a eter) 55 nm 
 
- Icosaédricos com 72 capsômeros 
 
- 1 molécula de DNA de 8 kbp. Três regiões genômicas: Early, Late, e uma região intermediária, 
 dita longa região de controle ("LCR"). 
 
 
23 
23 
 
- Em torno de 11 proteínas codificadas pelo vírus. 
 4 são histonas codificadas pelo hospedeiro H2a, H2b, H3 e H4 
 Todos ORFs em uma só fita do DNA 
 Possuem antígenos genero-específicos => podem ser detectados por anticorpos específicos 
 
- Multiplicam-se no núcleo e tem potencial oncogênico nos seus hospedeiros naturais (papiloma) 
 ou em outras espécies (polioma) 
 
 
 
MULTIPLICAÇÃO: 
 
 Os papilomavírus até o presente não foram propagados in vitro. Entretanto, in vivo, apresentam 
afinidade por células da pele e mucosas. Diferenciam-se dos poliomavírus por sua dependência do 
estado de diferenciação das células do hospedeiro para sua multiplicação, pela indução de tumores 
em seus hospedeiros naturais e pela manutenção do genoma viral em forma epissomal em poucas 
células transformadas. 
 
 A síntese de DNA e a expressão de genes tardios (isto é, produção de proteínas do 
capsídeo) só ocorre nas camadas superiores de queratinócitos diferenciados, nas células epiteliais 
escamosas do papiloma, no estrato espinhoso e na camada granular da epiderme. Não ocorre 
síntese na camada basal abaixo, embora o genoma viral esteja presente nesta última. - Acredita-se 
que a expressão desse genoma leve à proliferação característica dos papilomas. À medida em 
que as células da epiderme migram através do estrato espinhoso para a camada granular, sofrem 
diferenciação. O controle da expressão de genes tardios dos papilomas está, pois, 
intimamente ligado à diferenciação das células escamosas. 
 
 O genoma dos papilomavírus => no núcleo, muitas cópias, episomais. não há integração 
aparente. A transformação é parte do ciclo de replicação. 
 
PATOGENIA: 
 
 Induzem no hospedeiro tumores benignos cutâneos e em mucosas. Tumores benignos quase 
nunca se transformam em malignos. Alguns tipos são mais frequentemente associados a 
malignidade. 
 
Doenças: 
 
Papilomas (verrugas): ocorrem em crianças e adultos jovens. Tipos associados: HPV-1, 2, 3, 
4 e 7: não se tornam malignos. Tendem a regredir espontaneamente, possivelmente em função da 
resposta imune. 
 
Epidermodisplasia verruciformis (EV): 
 
- Está associada à infecção com determinados tipos de HPV em indivíduos com defeitos congênitos 
na imunidade celular. Estes defeitos levam a uma suscetibilidade aumentada a vários 
papilomavírus: 5, 8, 9, 12, 14, 15, 17, 19, 20, 21, 22, 23, 24, 25. 
 
- Na infância: verrugas chatas. Mais tarde, ocorre disseminação como lesões semelhantes a 
pitiríase versicolor. 
 
- 30% dos pacientes desenvolvem carcinomas de células escamosas 20 anos após o surgimentoda 
doença. 
 
 Papilomas do trato respiratório: 
 
- Usualmente na laringe = Papiloma laríngeo juvenil 
 
 
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24 
 
- São tumores benignos. Quando em crianças, os mais freqüentes são os HPV tipos 6 e 11. 
provavelmente contraídos por contaminação através do canal do parto. Podem ocasionalmente levar 
a obstrução mecânica das vias respiratórias. O DNA viral pode ser detectado após a remissão na 
laringe, o que pode ter imprtância na transmissão da infecção. 
 
- Recorrências podem ocorrer, afetando cordas vocais, traquéia, vestíbulo nasal e palato mole. 
Em adultos, papilomas laríngeos são encontrados usualmente como lesões únicas, porém 
geralmente representam lesões pré-cancerosas. Nestes casos, o HPV-6 é frequentemente 
encontrado. 
 
 
 
Condiloma acuminado (Papilomas genitais): 
 
- São transmitidos sexualmente, tipicamente contendo pequenas quantidades de partículas víricas. 
Apresentam prevalência mais elevada em pessoas com habitos sexuais promíscuos. São papilomas 
usualmente de crescimento exuberante, podendo afetar pênis, vulva e região perianal. Na 
vagina e cérvix tendem a ser menos papilomatosos, apresentando áreas esbranquiçadas com 
superfície moderadamente irregular. Podem apresentar células displásicas. A regressão 
espontânea é freqüente. 
Tipos mais freqüentes: 6, 11 e 16. DNA livre, em forma epissomal. 
 
Carcinoma cervical (carcinoma de células escamosas do cérvix, SCCC) : 
 
- Infecções com HPV de alto risco são freqüentes entre mulheres com vida sexual de alto risco, 
variando entre 15 a 40%. A maioria elimina a infecção. Entretanto, uma pequena porção pemanece 
com infecção persistente. 
 
- Há clara associação do HPV com câncer pré-invasivo ou invasivo, particularmente tipos 16 e 18, 
os mais comumente detectados nesses casos, considerados de alto risco. Mais de 90% dos 
pacientes com SCCC qpresentam DNA de HPV nas amostras. 
 
Tipos de alto risco: 16, 18, 31, 33, 35, 45, 51, 52. 
 
Tipos de baixo risco: 6, 11, 42, 43, 44. 
 
Muitos HPV são benignos. Por isso, a tipificação é importante. 
 
- A displasia cervical ou Neoplasia Cervical Intraepitelial ("CIN" ou "NIC") são as lesões precursoras 
do SCCC. Mais de 19% das mulheres com NIC podem desenvolver câncer em dois anos (ou 
mais). Mais de 63% de biópsias de NIC contém HPV (McCance et al, 1983). 
 
- Genomas na maioria integrados no DNA celular. 
 HPV-6 => em carcinoma vulvar verrucoso 
 => em tumores de células escamosas da região genital (tumores de Buschke-Lowenstein) 
 
IMUNIDADE: 
 
O sistema imune desempenha um papel importante na resposta aos HPVs. A imunidade 
celular parece desempenhar função crucial. 
 
Os genes do MHC (HLA-A, B, C) tem sido amplamente estudados neste contexto, bem como 
o gene p53. Antígenos do MHC classe I são expressos em todas as células nucleadas e seus 
produtos representam sinais para células TCD8+. MHC classe II (HLA-DR, DQ e DP) estão 
presentes em APCs e linfócitos ativados, e apresentam antígeno para TCD4+. Os antígenos MHC 
classe parecem desempenhar papel importante na evolução das infecções por HPV. 
 
 
 
25 
25 
 As verrugas tendem a desaparecer naturalmente com o tempo. Em verrugas chatas de 
regressão espontânea, o infiltrado celular é composto principalmente por células T e fagócitos 
mononucleares. CTL específicos para proteínas E6 e E7 parecem importantes em modelos de 
rejeição de tumores. Por vezes, a excisão de uma verruga leva a que as demais regridam. Não 
raro, no entanto, permanece em algum sítio do organismo uma pequena verruga, por vezes quase 
imperceptível, a qual se mantém por longos períodos, senão por toda a vida do inidivíduo. Isto pode 
ser importante para manter um estímulo sobre o sistema imune, para a manutenção do controle da 
proliferação viral. Indivíduos com imonocomprometimentos podem apresentar formas exacerbadas 
de infecção por HPV. Indivíduos HIV -positivos tem maior prevalência de infecção pelo HPV e de 
lesões anogenitais malignas. Quanto mais imunocomprometido o paciente, maior a chance dele se 
apresentar com uma infecção por HPV persistente. 
 
Os padrões de citocinas podem fornecer dados sobre a resultante da infecção. 
Células Th1 produzem IL-2, IFN- IL-2, IFN-γ , TNF-β; células Th2 produzem citocinas (IL) -4, -5, -10 
e -13. Enquanto as citocinas de Th1 estimulam a resposta imune, as IL de Th2 reprimem. 
- Regressão de verrugas e doença menos severa associada ao HPV tem sido associada a uma 
resposta forte de Th1; 
 
- Baixos níveis de IFN-γ tem sido associados a mau prognóstico em SCCC; além disso, pacientes 
que responderam bem à terapia com IFN-γ tiveram níveis de citocinas e de recrutamento celular 
mais altos do que pacientes que responderam mal ao tratamento. 
 
 
Polimorfismo de p53 e SCCC 
 
Um polimorfismo no códon 72, que codifica arginina ou prolina. A freqüência do alelo arginina 
aumenta porporcionalmente à latitude: o alelo prolina faz o inverso, ou seja, é mais comum entre 
povos negros, enquanto o alelo arginina é mais comum em caucasianos. Alguns autores detectaram 
que mulheres homozigotas para o alelo arginina tinham 7 vezes mais chance de desenvolver SCCC 
relacionada a HPV do que mulheres heterozigotas arginina/prolina. Outros autores não confirmaram 
estes achados. 
 
DIAGNÓSTICO: 
 
Citopatologia: Papanicolau: simples e prático, mas pouco sensível. 
Microscopia eletrônica 
Hibridização: Os HPV podem ser tipados pela estimativa do grau de homologia por hibridização de 
DNA de um vírus conhecido com outro. 
PCR: importante para a tipificação do HPV. Utiliza primers apropriados para amplificação de 
determinados tipos de vírus. 
 
TRATAMENTO 
 
As verrugas tendem a desaparecer espontaneamente. Quando necessário, pode-se recorrer à 
cirurgia, criocirurgia, ou tratamento com queratolíticos (ex. ácido salicílico). 
 
 
REFERÊNCIAS: 
 
Jawetz, Melnick & Adelberg’s Medical Microbiology (1995) Brooks GF, Butel JS & Ornston LN:, 2 
20th ed., Appleton & Lange. 
 
 
 
POLIOMAVÍRUS 
 
OS VÍRUS 
 
 
 
26 
26 
São membros da Papovaviridae; genoma 5,2 kb. simetria icosaédrica, 45-55 nm. Usa histonas para 
compactar o genoma viral. 
 O vírus polioma BK => distribuição mundial 
 Infecção primária durante a infância 
 Permanece silente em imunocompetentes. 
DNA pode frequentemente ser detectado (ou seja, o vírus é reativado) em imunocomprometidos: 
 - pacientes de transplantes de medula óssea 
 - AIDS 
 - SLE 
 - Gestantes 
 O mecanismo de reativação permanece desconhecido. 
Porém, o vírus contém regiões ( em sua região genômica de controle de expressão, "noncoding 
control region", NCCR), que respondem a: progesterona e glicocorticóides (GRE/PRE) 
Estrógenos (ERE) aumento de estrógenos parecem aumentar 
a transcrição do BK. 
Tem também um sítio de ligação de p53 perto de ERE. 
Entretanto, não estão associados a nenhum tipo de malignidade. 
 
MULTIPLICAÇÃO 
O genoma dos poliomavírus arpresenta três regiões temporalmente ldiferenciadas durante io 
ciclo replicativo. metade do genoma é composto pela região imediata ("early"). A outra metade é 
composta por genes expressos mais tarde, denominada região tardia ("late"). No meio destas duas, 
há a região de controle, contendo os sítios de origem da replicação do DNA e sinais 
transcricionais que regulam a expressão de genes "early" e "late". A transcrição ocorre em 
diferentes direções e de diferentes fitas do DNA. A troca de expressão de genes "early"para "late" 
ocorre após a replicação do DNA. 
 
_________________________________________________________________________________
_ADENOVÍRUS E DOENÇAS ASSOCIADAS 
 
 (tutorial: http://www-micro.msb.le.ac.uk/335/Adenoviruses.html) 
 
OS VÍRUS: 
 
- São vírus não envelopados; 
- DNA fita dupla, nucleocapsídeo icosaédrico 
- Em cada um dos 12 vértices (pentons) há uma "fibra", proteína esta responsável pela adsorção e 
pela propriedade de hemaglutinação. A fibra é um antígeno tipo-especifico, sendo que ocorrem pelo 
menos 41 sorotipos antigênicos distintos, alguns mais ou menos associados a diferentes tipos de 
quadros clínicos. Os hexons, proteínas cque compoem os lados do nucleocapsídeo, correspondem 
i8ao antígeno grupo-específico. 
- Alguns tipos de adenovírus (ex.: tipos 12, 18e 31) induzem sarcomas em hamsters. Porém, não 
há evidências de que induzam tumores em humanos. 
 
 
 DOENÇAS ASSOCIADAS 
- Faringite/pneumonia febril 
 - Bronquiectasia 
 - Pneumonia pós-sarampo 
 - Faringoconjuntivite 
 - Doença respiratória aguda 
 - Infecções gastrointestinais 
 - Queratoconjuntivite epidêmica 
 - Cistite hemorrágica 
 
 
 
 
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3. CICLO REPLICATIVO 
 => Adsorção via fibra => penetração => desnudamento => DNA vai ao núcleo=> RNA 
polimerase/DNA dependente (de origem celular) => transcrição de genes primários=> enzimas 
removem íntrons e exons => mRNA funcional.=> mRNA no citoplasma => traduzido em proteínas 
não-estruturais.> Após replicação do DNA viral no núcleo, os RNAs tardios são transcritos para dar 
origem às proteínas estruturais. A montagem de novos vírions ocorre no núcleo. Os vírions 
liberados por lise da célula, não por brotamento. 
 
 4. TRANSMISSÃO E EPIDEMIOLOGIA 
 - Aerossóis 
 - Fecal-oral (+ comum em crianças e suas famílias) 
 - Inoculação direta 
 - Adenovírus de animais => não infectam humanos 
 - Endêmicas em todo o mundo 
 - Surtos entre recrutas, estudantes 
 - Associação de sorotipos com doenças: 
 3,4, 7 => doença respiratória 
 8, 19 => querato-conjuntivite epidemica 
 11, 21 => cistite hemorrágica 
 40, 41 => gastroenterite infantil 
 
 5. PATOGENIA E IMUNIDADE: 
 - Infectam as mucosas de vários => - Trato respiratório , gastrointestinal, conjuntiva. Causam 
infecções latentes nas adenóides e amídalas. Geram imunidade tipo-especifica e duradoura. 
 
 6. ACHADOS CLÍNICOS 
A maioria resolve espontaneamente. Aproximadamente metade das infecções são 
assintomáticas. 
 trato respiratório superior: 
 - Faringite, faringoconjuntivite, vários graus de febre, dor de garganta, coriza, conjuntivite 
 trato resp. inferior: 
 - Pneumonia atípica (febre, tosse, áreas de consolidação) 
 
- Cistite hemorrágica: hematúria, disúria 
 
 - Gastroenterite: - Diarréia não sanguinolenta, usualmente em crianças até 2 anos 
 
 7. DIAGNÓSTICO: 
 - Isolamento em cultivos celulares 
 - ELISA 
- HA, HI 
 
 8. TRATAMENTO: 
 - Sintomático 
 
 9. PREVENÇÃO: 
 - Vacinas: não disponíveis para a população em geral (em recrutas) 
 - Queratoconjuntivite epidêmica - é seguidamente iatrogênica. Assepsia e lavar mãos importantes. 
 
 
28 
28 
 
 
 VÍRUS RNA ENVELOPADOS 
 
 
 COMPARACAO ENTRE ORTO E PARAMYXOVÍRUS 
 ORTO PARAMYXO 
 VÍRUS Influenza A,B,C Sarampo, Cachumba 
 RSV e PI 1,2,3,4 
 Genoma Segmentado (8 seg) não segmentado 
 RNA fita simples (-) RNA fita simples (-) 
 2-4 x 106 5-8 x 106 
 Simetria 
 Capsídeo Helicoidal Helicoidal 
 Tamanho 110 nm 150 nm 
 
 Prot de HA e NA em HA e NA na mesma 
 superficie dif. prots. proteina 
 Formação de 
 Sincícios não Sim 
 
 
 
 
 
 ORTOMIXOVÍRUS (GRIPE VERDADEIRA) 
 
DEFINIÇÃO: 
Os vírus da influenza causam a gripe verdadeira, uma enfemidade respiratória 
considerada a mais importante das doenças epidêmicas. As grandes pandemias são causadas por 
vírus influenza A, embora existam três tipos de vírus (A, B, e C). 
 
 VIROLOGIA 
 
 - Unicos membros da família 
 - Myxo => refere-se `a "muco" 
 
 1. DOENÇA: 
 GRIPE 
 - Flu A => mais importante 
 - Flu B => menor freqüência de epidemias 
 - Flu C => doenças respiratórias leves 
 
 2. PROPRIEDADES IMPORTANTES 
 - RNA segmentado fita simples (-), envelope, helicoidal 
 - Possui RNA-dep RNA-pol => transcreve RNA (-) em (+) 
 - Logo, RNA não é infeccioso 
 - 2 proteínas no envelope: H e N 
 - H (hemaglutinina) => aglutina eritrocitos (varios) 
 - N (neuraminidase) => cliva o acido neuraminico 
 - Trocas de antigenicidade em H e N (> Flu A) => epidemias 
 - Rearranjos geneticos = (alta freqüência de recombinacao) 
 => segmentos inteiros de RNA podem ser trocados 
 
 Antígenos: 
 Grupo-específicos = 
 Ribonucleoproteina (distingue A, B, e C) 
 
 
29 
29 
 Ac anti-RNP => permitem a diferenciação do vírus infectante no paciente 
 Tipo-específicos=> H e N 
 Ac anti-H => neutralizantes 
 Ac anti-N => não neutraliza => reduz severidade da doença 
 (menos liberacao de VÍRUS da cel. infectada?) 
 Influenza A VÍRUS => tambem em mamíferos => aves, porcos, cavalos 
 A => variacao antigenica maior do que B. 
 Provavelmente => fonte de VÍRUS para novos tipos antigênicos => 
 
 Nomenclatura: 
 A/Filipinas/82 (H3N2) => tipo, local, H e N 
 
 3. CICLO REPLICATIVO 
 => adsorcao via H => entra a célula em vesiculas => desnudamento 
 => RNA pol viral => transcreve os 8 segmentos em 8 mRNAs, os quais são traduzidos em 
proteínas virais no citoplasma. 
 => RNA genômico sintetizado no núcleo; RNP montada no citoplasma. A proteina Matriz => media 
a interação NC+ envelope. 
 => Vírions liberados da célula => brotamento para o exterior através da membrana celular externa. 
 
 
 4. TRANSMISSÃO E EPIDEMIOLOGIA 
 Transmissão => aerossóis de secreções respiratórias. A maioria das pessoas já possui anticorpos 
contra as amostras circulantes na comunidade (N1 H1 e H3 N2). As epidemias estão 
corelacionadas à ocorrência de diferentes tipos de H e/ou N que surjam na amostra "emergente", e 
qua apresentem capacidade de infectar os humanos. Ocasionalmente ocorrem epidemias, 
usualmente localizadas em certas áreas geográficas, em outras espécies (quando são chamadas 
"epizootias"). 
 
Ocorrem dois tipos de mudancas em H & N: 
 - pequenas variações antigenicas ("drifts"): 
 baseadas em mutações 
 - grandes variações antigênicas ("shifts"): 
 recombinações genéticas de segmentos do genoma 
 => peq. variações => a cada ano 
 => grandes variações=> a cada 10 anos 
 => Pandemias => quando a antigenicidade do vírus muda de forma que a imunidade pré-existente 
 não é mais protetora. 
(Veja texto abaixo sobre amostras H5 !) 
 
 5. PATOGENIA E IMUNIDADE 
 -=>Inalação => Neuraminidase degrada muco => cels trato resp sup. => viremia rara. Necrose das 
 camadas superf. do epit élio. 
 COMPLICAÇÕES => pneumonia intersticial primária 
 => pneumonia secundária bacteriana 
 - Ac IgG séricos => pouca proteção 
 - IgA secretória => protetiva 
 
 6. ACHADOS CLÍNICOS 
 - P.I.=> 1 a 4 dias 
 - Sinais: Febre, mal-estar, dor de cabeça, dores generalizadas, descarga nasal,

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