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1 José Mauricio De Morais Carmo1 1 Professor Associado da disciplina de Ortopedia e Traumatologia da Universidade do estado do Rio de Janeiro, Responsável pelo Centro de Cirurgia da Mão e Microcirurgia do serviço da disciplina de Ortopedia e Traumatologia do Hospital Universitário Pedro Ernesto – UERJ, Membro Titular da sociedade brasileira de ortopedia e traumatologia, Membro Titular e ex-presidente da sociedade brasileira de cirurgia da mão (1998), Membro Titular e ex-presidente da sociedade brasileira de microcirurgia reconstrutiva do aparelho locomotor (1996-97). ANATOMIA FUNCIONAL DO PLEXO BRAQUIAL ANATOMIA O plexo braquial é responsável pela inerva- ção sensitiva e motora do membro superior; é formado pelos nervos espinhais ou raízes de C5,C6,C7 e T1. Eventualmente a raiz de C4 contribui externamente para o plexo bra- quial, este é chamado de pré-fixado. Quando essa contribuição é de T1, denomina-se pós- -fixado. Após a saída das raízes pelos forâmes vertebrais estas se colocam no espaço inter- muscular do músculo escaleno anterior e mé- dio. A este nível formam os troncos superior (C5 e C6 ), médio (C7), e inferior (C8 e T1). Os troncos sofrem novo rearranjo em estru- turas chamadas cordões na passagem entre a clavícula e 1ºcostela, nesse nível se dividem em divisões anteriores e posteriores, as 3 di- visões posteriores formam o cordão posterior, as divisões anteriores dos troncos superior e médio formam o cordão lateral e a divisão anterior do tronco inferior forma o cordão medial. Embaixo do peitoral os cordões en- volvem a artéria axilar, esta servindo de refe- rência nominal aos cordões lateral, medial e posterior (conforme a localização em relação a artéria axilar). A partir dos cordões formam- -se os nervos principais do membro superior. O cordão lateral da origem ao nervo muscu- locutâneo e parte do restante do cordão late- 2 ral se une com parte do cordão medial para formar o nervo mediano. O cordão posterior da origem ao nervos radial e axilar. O cordão medial dá origem ao nervo ulnar e parte dele se une a parte do cordão lateral para formar o mediano. De uma forma simplificada, podemos di- zer que: as raízes de C5 e C6 são responsáveis pelos movimentos do ombro e flexão do coto- velo, a raiz de C7 é responsável pelo comando do grupo muscular extensor do cotovelo, pu- nho e extrínseco do polegar e dedos; e as raízes C8 eT1 conferem a inervação motora de boa parte do grupo flexor extrínseco e muscula- tura intrínseca; sendo então, os responsáveis pela maior parte da motricidade e capacidade apreensora da mão. (1) O nervo torácico longo é formado direto a partir das raízes de C5, C6 e C7, inerva parte da musculatura interescapulo-vertebral, dentre eles o músculo serrátil anterior, que mantém a escápula junto ao tórax. A disfun- ção deste músculo leva a deformidade chama- da escápula alada, que indica uma lesão muito proximal das raízes de C5, C6 e C7. O nervo supra-escapular é ramo direto do tronco superior, inerva os músculos supraespi- nhoso e infraespinhoso, tem importante fun- ção estabilizadora do ombro sendo priorizado nas reparações por enxerto ou por neurotiza- ção direta com o nervo espinhal acessório ( XI par craniano ). O nervo frênico é formado pelas raízes de C3 e C4 , localizado mais anteriormente em relação ao plexo, em geral sobre a borda an- terior do escaleno anterior. Este nervo serve Fig.1 - Representação grafica do plexo braquial 3 de reparo anatômico durante o acesso ao ple- xo, devendo ser protegido, inerva o diafragma do lado correspondente. No paciente adulto, pode ser eventualmente, utilizado para neu- rotização Distalmente, o plexo braquial dá ainda origem a outros ramos diretos com expressão anatômicas que são: O nervo tóracodorsal que inerva o músculo grande dorsal; o nervo subescapular superior e inferior que inervam o músculo subescapular e o redondo maior; os nervos toráxicos lateral e medial, também conhecidos como peitoral medial e lateral. O nervo peitoral medial, pode ser fonte de neu- rotização para o bíceps nas avulsões C5-6. Na sua trajetória, desde a região cervical até a axilar, os elementos do plexo braquial estão sujeitos a diversos tipos e combinações de lesão por tração ou compressão. Esse fato torna-se evidente quando se relembra que as estruturas nervosas, desde seus componentes intraforaminais, até a formação dos diversos nervos na periferia, passa por numerosos aci- dentes osteo-ligamentares e aponeuróticos existentes em região de ampla mobilidade e fulcro de movimentos, como o segmento cer- vico-braquial. Nos traumatismos em que o ombro é for- çado abruptamente para baixo (adução) e , principalmente, quando concomitantemente a cabeça é forçada em sentido oposto, a porção alta do plexo braquial é mais comprometida. Já quando o membro superior é forçado em ab- dução exagerada, as raízes inferiores são mais vulneráveis. Se os traumatismos de baixa ener- gia podem causar lesões variáveis às estruturas neurais, entende-se que os acidentes de maior energia cinética, podem causar estiramentos graves, roturas ou avulsões, associadas ou não a lesões vasculares e ou osteo-ligamentares. Estudos anatômicos têm demonstrado a presença de tecido de ancoragem das raízes superiores nos forâmes vertebrais, mais resis- tente nas raízes de C5 e C6 este arranjo anatô- mico, sugere que as raízes inferiores estão mais sujeitas a avulsão que as superiores, as quais, sofrem mais lesões por estiramento ou rotura em continuidade após o forâmen vertebral.(2) 4 HISTÓRIA E EXAME FÍSICO PERTINENTES A lesão é em geral causada por traumatismos envolvendo acidentes ou colisões de motocicle- ta, bicicleta, automóveis , atropelamentos, que- das de altura, quedas de objetos sobre o ombro e acidentes industriais com maquinaria pesada. Mais freqüentemente acomete indivíduo jovem e do sexo masculino, quanto maior a velocidade ou energia cinética, mais grave costuma ser a le- são do plexo e das estruturas associadas. Ao avaliarmos um quadro na fase aguda, é necessário verificar o nível de consciência do pa- ciente, assim como, examinar os outros mem- bros para se afastar lesões do S.N.C ou da coluna cervical que podem simular uma lesão do plexo braquial. Nos casos crônicos o tempo de lesão e os tra- tamentos prévios realizados têm importância prognóstica As lesões do plexo braquial podem ser par- ciais ou totais. Fig.2A – Lesão parcial C5-6-7, mão preservada Fig.2B – Lesão total, paralisia completa 5 As lesões parciais podem ser do tipo alta, quando acometem as raízes C5,6 e 7 ou baixa quando C8,D1 encontram-se fora de funciona- mento. Nas lesões altas, paralisia de Erb, em que há perda dos movimentos do ombro e da flexão do cotovelo (C5,6) e da extensão do cotovelo, punho, polegar e MF dos dedos (C7), existe pre- servação da musculatura intrínseca e de parte da musculatura extrínseca da mão. Estas são muito mais freqüentes do que as parciais baixas, parali- sia de Klumpke, cujo quadro motor e sensitivo é inverso, com acometimento da mão (C8,D1). Nas lesões totais ou completas, são caracte- rizadas por um membro balante decorrente da perda completa da motricidade e por anestesia total do membro superior, exceto na face interna do braço (T2), decorrentes da ausência da fun- ção das cinco raízes do plexo braquial, são apa- rentemente mais freqüentes que as parciais. (3) É importante observar que nem todos os ele- mentospodem sofrer o mesmo grau de lesão, na maioria dos pacientes avulsão, rotura e esti- ramento coexistem em diferentes raízes, troncos ou segmentos distais. O sinal de Horner, caracterizado pela presen- ça de miose, anidrose, enoftalmia e ptose palpe- bral, no lado afetado, indica lesão severa das ra- ízes de C8 e T1, estando fortemente correlacio- nado com avulsão de uma ou de ambas as raízes inferiores, resulta da lesão do ramo comunicante de T1 com o gânglio estrelado.(2) Este pode estar presente imediatamente, mas ocasionalmente pode não estar bem identificado até 3º ou 4º dia da lesão. Fig.3 - Representação dos diferentes graus de lesão das raízes e dos troncos.(Modificados de Wilgisefs. Nerve graft to the braquial plexus. In AAOS symposium on microsurgery pratical use in orthopaedics. Ed CV mosby co. St louis, 1977:193). 6 A dor severa na extremidade anestésica é tam- bém um sinal de mau prognóstico e avulsão ra- dicular. A dor é freqüentemente descrita como constante, profunda e incomodativa ou em quei- mação, pode ser exacerbada intermitentemente e não ceder com analgésicos comuns. Pode persistir por anos, em muitos pacientes, tende a dimi- nuir a um nível tolerável com o tempo. A dor da avulsão se origina na medula, portanto não pode ser tratada pela cirurgia ao nível do plexo bra- quial, nem tão pouco com amputação do mem- bro paralítico. No entanto, nas áreas em que há continuidade fibrótica de lesões mistas ao nível das raízes, troncos e ramificações, as liberações e reconstruções pós traumáticas podem explicar a melhora referida por muitos pacientes após a ci- rurgia. Os recursos de clínica especializada de dor devem ser utilizados nos pacientes com queixa mais severas, visando evitar a cronificação com corticalização do quadro doloroso. Em casos ex- tremos, procedimentos ao nível do sistema ner- voso central, com a eletrocoagulação do corno posterior da medula (DREZ), pode ser avaliados com o devido critério, já que o índice de compli- cações pode ser alto.(4) A presença de postura anormal da cabeça e pescoço, caracterizada pela projeção da cabeça e pescoço para o lado são, sinal conhecido como posição de “dançarina balinesa”, indica desbalan- ço da musculatura paravertebral por denervação dos músculos profundos do pescoço do lado são, esta fortemente correlacionado com lesão severa como avulsão das raízes. Nos pacientes que se apresentam na fase aguda com uma lesão por tração do plexo bra- quial a região supraclavicular pode apresentar aumento de volume, edema e equimose. Com o passar do tempo o edema vai sendo substi- tuído por uma tumefação localizada especifi- camente na topografia do plexo, que tende a desaparecer deixando dor à palpação profunda. Fig.4 - Síndrome de Honer: miose (pupila pequena), enoftalmia (depressão do globo ocular), pitose palpebral (queda da palpebra)paciente do Drs Bertelli e Ghizoni, UNISUL Tubarão - Santa Catarina. 7 O teste de Tinel ( presença sensação de choque a percussão ), quando presente na fos- sa supraclavicular, após as primeiras semanas, evidencia que há alguma regeneração axonal proximal (lesão pós-ganglionar), quando a ir- radiação se dirige para o ombro e borda radial da mão dedos polegar e indicador correspon- de ao dermatomo raiz C5 e C6. As raízes C8 e T1 localizam-se mais caudal e profundamente com resposta menos evidenciável para borda ulnar da mão, não deve ser empregado for- ça na percussão local. Millesi(5) considera a presença do teste de Tinel como o parâmetro mais animador e decisivo para a indicação do tratamento cirúrgico. A estabilidade gleno-umeral deve ser ava- liada, pois luxação do ombro ocorre freqüen- temente associada com o trauma que causou a lesão do plexo braquial, além disso, luxação inferior pode estar presente em avulsão do nervo axilar dentro do músculo deltóide ou lesão no espaço quadrangular, o que deve ser diferenciado de uma lesão supraclavicular das raízes superiores do plexo, podendo as lesões em ambos os níveis ocorrerem associadas. O pulso radial e o estado da circulação do membro deverá sempre ser avaliado. Pode haver associação de trombose ou até mesmo rotura da artéria subclávia ou axilar, que tra- duz também a gravidade da lesão traumática ocorrida, com necessidade de investigação e possível intervenção vascular em caráter de urgência. No entanto, a circulação distal é freqüentemente, compensada pela circulação colateral da cintura escapular. Se o prognósti- co motor distal da lesão for pobre, não haverá também grande demanda arterial na região, podendo dispensar cirurgias de reconstrução vascular, nas lesões fechadas. A intervenção vascular prévia na mesma área da intervenção neurológica do plexo deve ser evitada devido a fibrose acentuada, a qual poderá prejudi- Fig.5 - Pesquiza do teste de tinel na região supra escapular 8 car a ambas no caso de uma nova exploração. Nos casos de emergências com desvasculari- zação, todo o esforço deve ser feito para que as equipes vascular e microcirúrgicas, atuem simultânea ou subseqüentemente no mesmo ato cirúrgico. Se não for possível a reparação plexual, as lesões agudas encontradas devem ser demarcadas em mapas, ou mesmo local- mente com uso de marcadores metálicos, ou pontos de sutura com fios coloridos inabsorví- veis (p.ex. Prolene ou Nylon 3.0 cortado lon- go) como parte importante, do planejamento para reconstruções secundárias. Mesmo na ausência de qualquer lesão arte- rial, o membro denervado terá uma sensação fria ao paciente, podendo se apresentar com temperatura diminuída e coloração azulada ao examinador. A supressão da inervação sim- pática pela lesão deixará a pele seca.(19)Altera- ções tróficas cutâneas das extremidades ten- dem surgir nos casos evoluídos. É importante a investigação do funciona- mento do músculo serrátil, inervado pelo nervo torácico longo, formado direto a par- tir das raízes de C5, C6 e C7, que mantém a escápula junto ao tórax, a disfunção isolada deste leva a deformidade chamada escápula alada. Bertelli(6) descreveu o teste da Protação, que é o movimento anterior da cintura esca- pular executado pelas digitaçoes superiores do trapézio, inervadas por C5 nervo toraxi- co longo testado com o paciente deitado que tenha os peitorais paralisados pela lesão e o trapezio nao acionado durante o exame. Fig.6 - Teste da Protação: o paciente e instruído a descolar a escapula do leito, eviando a ativação do trapezio. (Bertelli Ja, Ghizoni Mf. Lesões Traumáticas Do Plexo Braquial. In Pardini Eds. Traumatismos da Mão 4°Ed. Medbook 2008: 377-409). 9 O músculo romboide, testado pela retro- pulsao do braço com o cotovelo fletido man- tido na região dorsal inervado pelo nervo escapular dorsal que se origina de C5, pro- ximalmente ao tronco superior deve ser tam- bém testado, embora possa vir de C4. A presença de ambos fala a favor da pos- sibilidade existência de um coto da raiz C5 ou C5 e C6 disponível em condições de ser reparado. O exame muscular e sensitivo do membro superior acometido deve ser realizado e devi- damente registrado de forma a ser comparado com avaliações futuras. A sensibilidade deve também ser acuradamente e rapidamente tes- tada, por meio do toque de um objeto agudo e rombo, nos diferentes dermátomos. Um ob- jeto muito pontiagudo, como uma agulha de injeção, não deve ser utilizado para este fim. Existem muitos modelos e mapas da inerva- ção motora esensitiva para a localização e en- tendimento das lesões nervosas como a ficha de avalição da Clinica Mayo, Shin(7) . Fig.7 - Teste do musculo romboide. A contyracso muscular pode ser observada e palpada quando o paciente tyenta empurrar para traz contra resistencia o seu braço,com a mão no dorsoe o cotovelo fletido a 90° modificado de Tubiana R. Examination of the Hand & Upper Limb. Philadelphia WB Saunders co, 1984:135) 10 Fig.8 - Componentes motores e sensitivos de cada grupo muscular inervado pelo plexo braquial são abordados. Utiliza a a escala de força do british medical research concil. Giuffre JL, Kakar S, Bishop AT, Robert J. Spinner RJ, Shin AY - J Hand Surg 2010;35A:678–688. Escala utilizada na Clínica Mayo. 11 Os dados colhidos no exame devem ser registrados em folha específica para compa- ração em futuras avaliações, e para preparo pré operatório. A ficha introduzida por Merle d’Aubigne, que combina os dados do exame muscular, sensitivo utilizando a tabela do Bri- tish Medical Consul e outros achados pode ser utilizada para anotar estes dados de avalia- ção e evolução dos pacientes com lesão trau- mática do plexo braquial.(8) FIG – 9 Fig.9 - ficha de avaliaçao neurologica do plexo braquial indroduzida por Merle D’Albigne e Deburge-Revue de chirurgie ortopédique 1967,53:23, modificada por Narakas. 12 EXAMES COMPLEMENTARES Na avaliação é necessário se realizar radio- grafias da coluna cervical, tórax, clavícula e escápula, para se avaliar a possível presença de fraturas associadas. A radiografia de tórax deverá incluir uma incidência em inspiração e uma em expiração, para se determinar a ativi- dade do diafragma. A paralisia diafragmática é indicativa de grave lesão das raízes superio- res do plexo braquial, devido a acometimento associado do nervo frênico. A presença de fra- turas dos processos transversos nas radiogra- fias da coluna cervical denotam lesão por alta energia, e consequentemente um prognóstico menos favorável. O avanço progressivo das técnicas moder- nas de imagem e a especialização profissional vem cada vez mais aumentoa possibilidade de prever a lesão que o cirurgião irá encontrar na exploração. A tradicional mielografia contras- tada tem sendo substituída pelos exames de tomografia computadorizada (mielotomogra- fia) ou pelo exame de ressonância magnética. A presença de pseudomeningocele têm sido fortemente correlacionada com avulsão das raízes correspondentes, embora não seja patognomônica, pois a imagem indica que a duramater foi tracionada, e não propriamente da raiz. Se estes exames são realizados poucos dias após o acidente, podem levar a um alto índice de falsos-positivos, porque o contraste pode vazar por pequenas lacerações da dura, não necessariamente associadas com avulsão de raiz. Outras evidências de lesão severa in- cluem: aparência vazia da bainha da raiz e des- vio da medula em relação a linha media do canal vertebral. O exame de ressonância magnética deve ser realizado com bobina de superfície para ob- ter melhor resolução das imagens. O estudo deve compreender as regiões cervical e supra- -clavicular, nos planos coronal, axial e sagital, com cortes finos isto é, em torno de 4 mm. A ressonância visa evidenciar não só a avulsão de raízes, bem como o espessamento e agru- pamento da porção supra-clavicular da lesão correspondente ao neuroma, além de avaliar, a integridade dos vasos subclávios e estrutu- 13 ras musculares adjacentes. É um método de imagem não invasivo, não utiliza irradiação ionizante nem contraste. Os estudos eletrofisiológicos são impor- tantes na avaliação e evolução do paciente. Eles compreendem a Eletroneuromiografia (ENMG) e os Potenciais Evocados Somato Sensitivos (PESS).(9) A ENMG é a avaliação do estado funcional da unidade motora e é constituída pela eletroneurografia(ENG) que é o estudo da condução sensitiva e motora; e pela eletromiografia (EMG), que é o estu- do da fibra muscular através de eletrodos de agulha. Enquanto a ENG pode produzir in- formações bastante precoces, a EMG deve- rá ser realizada em um mínimo de 21 dias, prazo equivalente ao término da degeneração walleriana. A ENMG permite identificar, lo- calizar e quantificar as lesões dos nervos pe- riféricos; um do exemplos mais importantes de sua aplicação é a detecção de avulsão de raízes (lesão pré-ganglionar), onde respostas sensitivas normais na presença de anestesia no dermatoma correspondente, sugerem que os axônios continuam ligados aos corpos das células situados no gânglio da raiz dorsal, e que a via sensitiva está interrompida logo aci- ma do referido gânglio. O PESS são obtidos pela estimulação dos nervos ou dermátomos, com a captação das respostas produzidas na medula ou córtex sensitivo através de eletro- dos de superfície. Assim como a ENG, os PESS podem fornecer informações, não de- pendendo da conclusão do processo de dege- neração walleriana. Ambas técnicas podem ser executadas no ato cirúrgico, sendo uma das principais aplicações do PESS a avaliação da continuidade elétrica de uma raiz traumatiza- da ou coto proximal desta, feita durante a fase de exploração na cirurgia do plexo braquial. 14 CLASSIFICAÇÕES Embora as lesões do plexo braquial possam ocorrer em uma grande variedade de circuns- tâncias, Leffert propôs uma classificação base- ada no tipo de lesão: (10) I - Lesão aberta do plexo braquial II - Lesão fechada ( tração ) do plexo braquia A - Supraclavicula 1 - Supra-gangliônica 2 - Infra-gangliônica B - Infraclavicular e Subclavicular C - Combinada D - Paralisia pós-anestésica III - Lesão por Radiação do plexo braquial IV - Paralisia Obstétrica Millesi enfatiza a classificação em níveis da lesão nervosa que pode ser supra-gangliônica( pré-ganglionica), infra-gangliônica( pós-gan- gliônica ), lesões dos troncos e cordões. Qual- quer combinação entre estas formas podem ocorrer.(11) Nível 1 - Lesões supra-gangliônicas, proxi- mal ao gânglio espinhal. As raízes são avulsio- nadas da medula. As fibras motoras degene- ram porém as sensitivas mantém condutivida- de para impulsos aferentes. Não há formação de neuroma e o teste de Tinel está negativo. Não há alterações do sistema nervoso vegeta- tivo, pois a conexão com o gânglio simpático permanece intacta. A musculatura paraverte- bral cervical mostra evidências de denervação. Nível 2 - Lesões infra-gangliônicas, perifé- ricas ao gânglio espinhal. Os axônios motores e sensitivos degeneram, há perda da condutivi- dade elétrica sensitiva e motora. Há formação de neuroma e o sinal de Tinel esta presente, in- dicando regeneração proximal. Os músculos que recebem inervação direta por nervos que se originam mais proximalmente no plexo, apre- sentam alguma função motora. Ex: músculo serrátil anterior - nervo torácico longo, múscu- los romboides - nervo escapular dorsal. 15 Nível 3 - Nas lesões dos troncos e cordões há formação de neuroma a nível supra e in- fra- clavicular com teste de Tinel positivo e perda da condutibilidade sensitiva e motora. Além do serrátil anterior e do romboide, os músculos supra e infra-espinhos poderão estar intactos - nervo supra-escapular - (ramo dire- to do tronco superior). Nível 4 – A lesão isolada abaixo dos cor- dões ou a combinação entre lesões supra e infra claviculares pode ocorrer com do nervo musculocutâneo na entrada do músculo cora- cobraquial, do axilar no espaço quadrangular de Velpeau e dosupra escapular no noth de escápula. 16 BIBLIOGRAFIA 1. Carmo JMM, Souza SA. Traumatismos do plexo braquial. In: Padrini eds Traumatismos da Mão 3°ed Medsi Rio de Janeiro. 2000:401- 418. 2. Sunderland S. Nerve and Nerve Inju- ries.Edinburg: Churchill Livingstone. 2º Ed 1978:137-37. 3. Carmo JMM, Murillo JEV, Costa JRB. 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