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g o v e r n o d o e s ta d o d e s ã o pa u l o 2 Cozinheiro 2 Cozinheiro Ga stronom ia emprego GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO Geraldo Alckmin Governador SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA Rodrigo Garcia Secretário Nelson Baeta Neves Filho Secretário-Adjunto Maria Cristina Lopes Victorino Chefe de Gabinete Ernesto Masselani Neto Coordenador de Ensino Técnico, Tecnológico e Profissionalizante Geraldo Biasoto Jr. Diretor Executivo Lais Cristina da Costa Manso Nabuco de Araújo Superintendente de Relações Institucionais e Projetos Especiais Coordenação Executiva do Projeto José Lucas Cordeiro Equipe Técnica Ana Paula Alves de Lavos, Bianca Briguglio, Emily Hozokawa Dias, Karina Satomi e Maria Helena de Castro Lima Textos de Referência Denis Yoshio Takenaka, Laís Schalch e Selma Venco Fundação do Desenvolvimento Administrativo – Fundap Agradecemos aos seguintes profissionais e instituições que colaboraram na produção deste material: Concepção do programa e elaboração de conteúdos Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia Coordenação do Projeto Juan Carlos Dans Sanchez Equipe Técnica Cibele Rodrigues Silva e João Mota Jr. Gestão do processo de produção editorial Antonio Rafael Namur Muscat Presidente da Diretoria Executiva Hugo Tsugunobu Yoshida Yoshizaki Vice-presidente da Diretoria Executiva Gestão de Tecnologias aplicadas à Educação Direção da Área Guilherme Ary Plonski Coordenação Executiva do Projeto Angela Sprenger e Beatriz Scavazza Gestão do Portal Luiz Carlos Gonçalves, Sonia Akimoto e Wilder Rogério de Oliveira Gestão de Comunicação Ane do Valle Gestão Editorial Denise Blanes Equipe de Produção Assessoria pedagógica: Ghisleine Trigo Silveira Editorial: Airton Dantas de Araújo, Beatriz Chaves, Camila De Pieri Fernandes, Carla Fernanda Nascimento, Célia Maria Cassis, Daniele Brait, Fernanda Bottallo, Lívia Andersen, Lucas Puntel Carrasco, Mainã Greeb Vicente, Patrícia Maciel Bomfim, Patrícia Pinheiro de Sant’Ana, Paulo Mendes e Sandra Maria da Silva Direitos autorais e iconografia: Aparecido Francisco, Beatriz Blay, Hugo Otávio Cruz Reis, Olívia Vieira da Silva Villa de Lima, Priscila Garofalo, Rita De Luca e Roberto Polacov Apoio à produção: Luiz Roberto Vital Pinto, Maria Regina Xavier de Brito, Valéria Aranha e Vanessa Leite Rios Diagramação e arte: Jairo Souza Design Gráfico Fundação Carlos Alberto Vanzolini CTP, Impressão e Acabamento Imprensa Oficial do Estado de São Paulo Carlos Alberto de Freitas, Di Pratos, Di Presentes, Maria Alice Aires, Padaria Cremona, Raul Ribeiro e Sula Santana Caro(a) Trabalhador(a) Estamos felizes com a sua participação em um dos nossos cursos do Programa Via Rápida Emprego. Sabemos o quanto é importante a capacitação profissional para quem busca uma oportunidade de trabalho ou pretende abrir o seu próprio negócio. Hoje, a falta de qualificação é uma das maiores dificuldades enfrentadas pelo desempregado. Até os que estão trabalhando precisam de capacitação para se manter atualizados ou quem sabe exercer novas profissões com salários mais atraentes. Foi pensando em você que o Governo do Estado criou o Via Rápida Emprego. O Programa é coordenado pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia, em parceria com instituições conceituadas na área da educação profis- sional. Os nossos cursos contam com um material didático especialmente criado para facilitar o aprendizado de maneira rápida e eficiente. Com a ajuda de educadores experientes, pretendemos formar bons profissionais para o mercado de trabalho e excelentes cidadãos para a sociedade. Temos certeza de que iremos lhe proporcionar muito mais que uma formação profissional de qualidade. O curso, sem dúvida, será o seu passaporte para a realização de sonhos ainda maiores. Boa sorte e um ótimo curso! Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia Caro(a) Trabalhador(a) Neste Caderno vamos conhecer diversos alimentos e saber como utilizá-los em receitas com vegetais, carne bovina, carne de frango e peixe. A Unidade 7 é dedicada aos vegetais e aos benefícios que eles oferecem à saúde. Há um destaque para o arroz e a batata, que compõem os mais variados pratos do cotidiano do brasileiro. Pasta ou massa? Esse é o assunto da Unidade 8, em que você trabalhará com a produção dos macarrões. As Unidades 9 e 10, por sua vez, são dedicadas às carnes. Carne bovina, suína, ovina, de caça, de frango, aves de caça, peixes, crustáceos e moluscos são alguns dos alimentos vistos nessas Unidades. São apresentados alguns cortes, bem como receitas que têm essas carnes em sua preparação. Sum á ri o Unidade 7 9 As cores sAudáveis dos vegetAis Unidade 8 45 PAstA! Unidade 9 53 cArnes e Aves Unidade 10 73 PescAdos FICHA CATALOGRÁFICA Sandra Aparecida Miquelin - CRB-8/6090 Tatiane Silva Massucato Arias - CRB-8/7262 São Paulo (Estado). Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia. Via Rápida Emprego: gastronomia: cozinheiro, v.2. São Paulo: SDECT, 2012. il. - - (Série Arco Ocupacional Gastronomia) ISBN: 978-85-65278-51-5 (Impresso) 978-85-65278-49-2 (Digital) 1. Ensino profissionalizante 2. Gastronomia - Qualificação técnica 3. Culinária - Cozinha I. Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia II. Título III. Série. CDD: 371.425 641.013 Cozinheiro 2 Arco Ocupacional Ga s t ro n o m i a 9 unida d e 7 As cores saudáveis dos vegetais Como vimos na primeira Unidade do Caderno 1, desde a Pré- -história os hábitos alimentares das pessoas vêm se transformando. Hoje, no entanto, algumas mudanças estão comprometendo a saúde de parte considerável da população mundial, tanto de adultos como de crianças. A obesidade é provocada pelo crescente consumo de fast food, frituras, gorduras, refrigerantes e açúcar, que têm comprometi- do a boa alimentação. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) realizou um estudo sobre o consumo alimentar dos brasileiros, comparan- do os períodos 2002-2003 e 2008-2009, e concluiu: diminuiu o consumo de arroz e feijão e aumentou o de refrigerante e cerveja. Atividade 1 Bons háBitos alimentares 1. Leia o texto a seguir e assinale as palavras cujo sentido você não compreender. Brasileiros comem mais açúcar e menos frutas e hortaliças que o recomendado O consumo de frutas e hortaliças nos domi- cílios brasileiros não passa de um quarto das 10 Arco Ocupacional Ga s t ro n o m i a Cozinheiro 2 recomendações dos nutricionistas, enquanto a ingestão de açúcar representa 16,4% das calorias totais das famílias, sendo que a orientação é não ultrapassar 10%. Isso é o que mostra a Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) 2008-2009, divulgada nesta quinta-feira (16) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). A pesquisa também mostra que o consumo de gordura nas residên- cias brasileiras, que representa 29% das calorias totais, está bem próximo do máximo recomendado, de 30%. Nas regiões Sul e Su- deste, porém, o limite já foi ultrapassado, com 31% e 32%, respec- tivamente. O aumento do consumo de lipídios pode ser explicado, em parte, pela aquisição maior de misturas industrializadas, algo que foi re- gistrado em todos os estratos. Nas famílias com renda mais baixa, a aquisição desse tipo de alimento praticamente dobrou, passando de 1,1% para 2,1% do total de calorias, em comparação com a pes- quisa anterior, de 2002-2003. Já nos domicílios com rendimento mais alto, o aumento foi de 25%. Os dados deixam claro que o consumo de gordura aumenta e o de carboidratos diminuide acordo com a melhora no rendimento das famílias. O limite máximo recomendado para as gorduras saturadas (10% das calorias totais) é quase alcançado na classe de renda men- sal de dez a 15 salários mínimos (9,5%) e ultrapassado na classe de mais de 15 salários mínimos (10,6% das calorias totais). A proporção mínima recomendada de 55% de carboidratos não se cumpre para as famílias com renda mensal superior a 15 salários mínimos. Para piorar, cerca de 30% dos carboidratos da dieta nes- sa faixa de renda correspondem a açúcares livres (açúcar de mesa, rapadura, mel e açúcares adicionados a alimentos processados), em vez de açúcares provenientes de massas, grãos e frutas. A POF 2008-2009 mostra que a disponibilidade domiciliar média de alimentos corresponde a 1 611 calorias diárias por pessoa, sendo 1 536 calorias no meio urbano e 1 973 calorias no rural. Isso não significa que esse seja o total de calorias consumido no dia, já que a pesquisa não leva em conta o que se come fora de casa. Em relação ao levan- tamento anterior, houve uma redução de 180 calorias. Cozinheiro 2 Arco Ocupacional Ga s t ro n o m i a 11 Menos arroz, feijão e farinha A análise da evolução de consumo de produtos individualmente permite concluir que a mesa do brasileiro hoje conta com menos arroz e feijão, tradição que costuma ser elogiada pelos nutricionistas. A média per capi- ta de arroz polido adquirido caiu de 24,6 kg para 14,6 kg (queda de 40,5%), enquanto a de feijão passou de 12,4 kg para 9,1 kg (redução de 26,4%). A aquisição de açúcar refinado caiu de 6,1 kg per capita para 3,2 kg (redução de 48,3%). Também houve queda na aquisição de farinha de trigo (33,2%) e de mandioca (31,4%). Entre os produtos que apresentaram maior aumento per capita estão o refrigerante de cola (39,3%), a água mineral (27,5%) e a cerveja (23,2%). Como é o prato do brasileiro em casa (Fonte: IBGE) Macronutrientes Participação relativa no total de calorias (2002-2003) Participação relativa no total de calorias (2008-2009) Proporção recomendada Carboidratos 60,6% 59,2% entre 55% e 75% Açúcares livres 16,4% 16,4% até 10% Demais carboidratos 44,1% 42,9% – Proteínas 11,6% 12,1% entre 10% a 15% Animais 6,1% 6,7% – Vegetais 5,5% 5,4% – Lipídios 27,8% 28,7% entre 15% e 30% Ácidos graxos monoinsaturados 8,7% 9,2% – Ácidos graxos poli- -insaturados 9,2% 9,2% – Ácidos graxos saturados 7,9% 8,3% até 10% Brasileiros comem mais açúcar e menos frutas e hortaliças que o recomendado. UOL Ciência e Saúde, 16 dez. 2010. Disponível em: <http://noticias.uol.com.br/ultnot/cienciaesaude/ultimas-noticias/2010/12/16/ brasileiros-comem-mais-acucar-e-menos-frutas-e-hortalicas-que-o-recomendado.jhtm>. Acesso em: 23 maio 2012. 12 Arco Ocupacional Ga s t ro n o m i a Cozinheiro 2 2. Procure no dicionário as palavras que você assinalou. 3. Em grupo, discutam as seguintes questões: a) O que compreenderam sobre o texto? b) O que deve ser ingerido para se obter uma alimentação saudável? c) Qual é o papel do cozinheiro nos hábitos alimentares de uma população? d) Que medidas o cozinheiro pode adotar visando a uma alimentação mais saudável? Preparos saudáveis As cores dos vegetais, das frutas e dos legumes são definidas pelas substâncias que eles contêm, chamadas pigmentos, e podem indicar como esses alimentos colaboram para a nossa saúde. • Luteína – pigmento dos vegetais amarelos, que fazem bem para a visão e para o coração e fortalecem o sistema imunológico. Exemplo: pimentão amarelo. © F ot os ea rc h R M /E as yp ix Cozinheiro 2 Arco Ocupacional Ga s t ro n o m i a 13 • Flavonoides – pigmentos dos vegetais vermelhos, roxos e azuis, que são antioxidantes e fazem muito bem para o coração. Exemplos: beterraba, rabanete, berinjela, repolho roxo. • Caroteno – pigmento dos vegetais de tom amarelo e laranja, que protegem o coração e fortalecem o sistema imunológico. Exemplos: cenoura e laranja. Você sabia? A clorofila é um pigmen- to responsável pela cor verde nos vegetais, como no alface. © V al en ty n V ol ko v/ 12 3R F © W es te nd 6 1 R F /C hr is ti an K ar gl /D io m ed ia 14 Arco Ocupacional Ga s t ro n o m i a Cozinheiro 2 Os vegetais são importantes para a saúde e, quando não consumidos crus, devem ter cozimento adequado, para que não percam seus nutrientes. Cocção é a maneira de preparar alimentos com aplicação de calor, o que modifica sua estrutura, altera seu sabor e os torna macios e mais fáceis de digerir. O ovo cru, por exemplo, possui a casca fina, e a gema e a clara estão no estado lí- quido, certo? O que acontece quando o aquecemos em uma panela com água? A casca continua fina e conseguimos quebrá-la, mas o material interno (gema e clara) transforma-se. É o ovo cozido. Assim como o ovo, os alimentos que contêm proteínas, carboidratos, água, gordu- ra e sais minerais, quando recebem calor, têm sua textura, formato, cor e/ou sabor alterados. Isso porque, com o calor, certas propriedades dos alimentos se modificam: as proteínas coagulam, diminuindo ou aumentando de volume; o amido gelatiniza; o açúcar carameliza. Na cocção de vegetais, é necessário prestar atenção ao processo de alteração da cor, para controlar essa mudança. Com a cocção, as fibras são amolecidas, e sua estru- tura e firmeza mudam. É o caso da cenoura, que, ao ser cozida, fica menos dura. © T P G Im ag es /E as yp ix Cozinheiro 2 Arco Ocupacional Ga s t ro n o m i a 15 Métodos de cocção Branqueamento O vegetal passa por uma pré-cocção rápida e, em seguida, é resfriado em água ge- lada, o que inativa as enzimas nele existentes e inibe a presença de microrganismos. Costuma-se utilizar esse método quando não se quer servir o alimento imediata- mente, bastando, então, esquentá-lo antes de levá-lo à mesa. Cocção em líquido Usa-se um caldo, fundo, sopa, água etc. para o cozimento. Os vegetais devem ser cobertos pelo líquido e dispostos com espaço entre um e outro, para que haja total cocção. © S to ck F oo d/ K ey st on e © S to ck F oo d/ K ey st on e 16 Arco Ocupacional Ga s t ro n o m i a Cozinheiro 2 Cocção a vapor É o melhor método para manter os nutrientes dos vegetais. Pode ser feito em um forno combinado (calor seco e úmido) ou em utensílios próprios, como panela, cesto e tampa. É preciso prestar atenção ao espaçamento entre os vegetais, para que o vapor circule. Grelhar – cocção por calor seco O meio de cocção é uma grelha, sobre a qual são depositados os alimentos. Esse método preserva os nutrientes e promove uma suculência e um sabor característicos, pois os açúcares do vegetal são caramelizados. © M ar ek U lia sz /E as yp ix © F oo dC ol le ct io n/ D io m ed ia Cozinheiro 2 Arco Ocupacional Ga s t ro n o m i a 17 Assar É o método em que se realiza a cocção em ambiente fechado: o forno. Brasear Usa-se gordura para selar os vegetais, que depois serão co- zidos. Neste método utilizam-se os vegetais em seu tamanho original. O alimento, envolto em gordura, é levado à pane- la e tampado. O vegetal deve ser molhado com o próprio suco, que será formado por meio do cozimento, de tempos em tempos. Muitas vezes esse molho é usado como acom- panhamento do alimento. Guisar Difere do ato de brasear principalmente pelo corte dos alimentos, que deve ser do tamanho de uma mordida. Cozinha-se o vegetal num refogado, que pode ter a base de água, vinho ou leite. O molho é servido junto com o alimento. Fritura por imersão O vegetal, empanado ou não,é mergulhado em muita gordura quente, à temperatura de 160 °C a 180 °C. A fritura pode ser feita em duas etapas: uma imersão a 120 °C, para que o alimento cozinhe por dentro; e outra a 180 ºC, para que ele fique crocante por fora. Selar: Processo usado para que a perda dos sucos inter- nos dos alimentos seja míni- ma. Os açúcares dos alimen- tos da parte externa são caramelizados e os sucos dos alimentos são preservados. © S im on B el ch er /E as yp ix 18 Arco Ocupacional Ga s t ro n o m i a Cozinheiro 2 Empanamento Envolve-se o alimento a ser frito em farinha ou massa, o que dá proteção ao alimen- to, tornando-o crocante e dourado. Tipos de empanamento: • Simples – utiliza-se só um tipo de farinha (de trigo, milho, amêndoas etc.). • Completo – utiliza-se uma farinha, um líquido (ovos e leite) e outra farinha. • Massa mole – faz-se uma mistura líquida, que adere ao alimento a ser frito e forma uma camada. O alimento deve ser frito logo após o preparo e seco em papel absorvente. A gordura utilizada modifica o produto final, pois cada uma possui sabor e resis- tência ao calor próprios. Veja algumas no quadro a seguir. Tipo de gordura Ponto de fusão Ponto de fumaça Manteiga integral 36 °C 121 °C Manteiga clarificada 36 °C 190 °C Óleo de milho –11 °C 215 °C Azeite 0 °C 190 °C Óleo de soja –20 °C 240 °C Óleo de girassol –17 °C 183 °C Gordura animal 20 °C 205 °C Gordura vegetal hidrogenada 20 °C 220 °C © F oo dC ol le ct io n/ D io m ed ia Cozinheiro 2 Arco Ocupacional Ga s t ro n o m i a 19 A gordura deve ser trocada quando for detectado um ou mais dos seguintes problemas: baixo ponto de fumaça, presença de espuma, alteração de cor, sabor ou cheiro, escurecimento do alimento. Atividade 2 reciclagem do óleo Você sabia? O óleo vegetal polui o meio ambiente se não reciclado. 1. Leia a reportagem a seguir. Reciclado, óleo de cozinha deixa de ser vilão ambiental Talvez você não saiba, mas o óleo que você descarta no ralo da pia da cozinha ou no vaso sanitário tem um efeito devastador para o meio ambiente. Por mês, mais de 200 milhões de litros de óleo usado vão para os rios e lagos do país. “No Brasil, são produzidos por ano 3 bilhões de litros de óleos vegetais”, diz Levi Torres, coor- denador de projetos da Associação Brasileira de Coleta e Reciclagem de Resíduos de Óleo Comestível (Ecóleo). Somente 7 milhões de litros de óleo usados são recolhidos por mês. O Estado de São Paulo é responsável pela coleta mensal de 1,8 milhão de litros, um terço do total no Brasil. 1. Não jogue no ralo Estima-se que uma família descarte 1,5 litro de óleo de cozinha por mês. O primeiro passo é não jogar o óleo que você usa na cozinha pelo ralo da pia. Ele deve ser primeiro resfriado e depois guardado para a reciclagem. Para guardá-lo, use um recipiente plástico com tampa. No dia a dia, vá acrescentando o resíduo de óleo ou gordura de frituras. O ideal é não reutilizar o óleo. 20 Arco Ocupacional Ga s t ro n o m i a Cozinheiro 2 2. Sem dor de estômago Se o reúso for necessário, observe se aparecem espuma e fu- maça durante a fritura. A cor escura do óleo e do alimento frito, o odor e sabor não característicos são sinais de que é hora de comprar um novo. Reutilizar o óleo pode causar diarreia e outros problemas de saúde. 3. Em casa Em condomínios como o do zelador Carlos Silva, na zona sul de SP, há um sistema de coleta em parceria com cooperativas que recolhem o material. Caso seu edifício não tenha uma parceria do tipo, leve o óleo guardado a um ecoponto ou local de coleta. Veja no site da Ecóleo (www.ecoleo.org.br) os que ficam mais perto de sua casa. 4. Fora de casa Restaurantes e lanchonetes, que utilizam volumes significativos do produto, devem entrar em contato com empresas ou entidades licenciadas pelo órgão competente da área ambiental da cidade e descartar o óleo em uma bomba, cuja capacidade varia entre 50, 100 e 200 litros. 5. Cooperativas Diversas cooperativas estão cadastradas para receber o óleo usado e fazer a primeira etapa do beneficiamento. Consiste em uma fil- tragem para tirar os resíduos sólidos do material. O óleo é filtrado diversas vezes. Quando provém de residências, tem melhor quali- dade do que quando vem de restaurantes. 6. Nas empresas O material é encaminhado a uma empresa que vai utilizá-lo para obtenção de outro produto. Primeiro, ele é novamente filtrado, depois é processado de forma a reduzir sua acidez e umidade. Isso Cozinheiro 2 Arco Ocupacional Ga s t ro n o m i a 21 porque a água oriunda dos alimentos produz alterações hidrolíticas – quebra ou mudança de uma substância pela ação da molécula de água. 7. Mil e uma utilidades Entre os produtos que podem ser feitos a partir de óleo reciclado estão biodiesel, massa de vidro, sabão, graxas, lubrificantes, ração animal, tintas vernizes, fertilizantes, acendedores de churrasqueira e massa asfáltica. 8. Biocombustível Mais de 50% do óleo recolhido no Brasil vai para a produção de biodiesel. Só a Petrobras Biocombustível fica com 10% de tudo o que se recicla. A fabricação de ração animal, massa de vidro e saponáceos aparece logo atrás, nesta ordem. Hoje o óleo é o maior poluidor de águas das regiões mais populosas do Brasil. Reciclado, óleo de cozinha deixa de ser vilão ambiental. O Estado de S. Paulo, 29 set. 2010. Disponível em: <http://www.estadao.com.br/noticias/ impresso,reciclado-oleo-de-cozinha-deixa-de-ser-vilao-ambiental,616841,0.htm>. Acesso em: 9 maio 2012. 2. Reflita sobre a questão da reciclagem do lixo diariamente produzido por todos os seres humanos. 3. Discuta com seus colegas as possibilidades de desenvolver algumas ações no bairro em que cada um de vocês mora para preservar o ambiente. Após a discus- são, escreva no caderno um texto com o tema “Eu, agente de preservação do ambiente!”. Suar e refogar Suar é o método de cocção inicial, que utiliza calor seco e alguma gordura (óleo, azeite, gordura de porco, azeite de dendê), em pouca quantidade. O procedimento consiste em colocar numa panela: alho, cebola e gordura. Esses ingredientes são refogados em fogo baixo, de maneira a cozinhar bem lentamente, extraindo o máximo de sabor deles. Só depois se insere o outro ingrediente que será preparado. Em seguida, deve-se adicionar água ou caldo, dando forma ao refogado. 22 Arco Ocupacional Ga s t ro n o m i a Cozinheiro 2 Salteado A cocção é feita rapidamente em pouca gordura, em temperatura elevada. Em geral, usa-se uma sauteuse (fala-se “sôtêze”) ou, na cozinha oriental, uma wok (fala-se “uóc”). Atividade 3 métodos de cocção na prática A turma será dividida em oito grupos, de maneira que cada um execute um dos métodos a seguir. 1. Branqueamento de brócolis Ingrediente Quantidade Unidade de medida Sal q.b. (quanto bastar) Brócolis 100 grama Modo de preparo: • leve à fervura uma panela com água em quantidade suficiente para que os brócolis sejam submersos; • corte os brócolis em pedaços uniformes; • coloque água e gelo em um bowl (fala-se “bôl”); • quando a água ferver, adicione o sal e os brócolis, e cozinhe-os. O tempo de cozimento varia de acor- do com o frescor, tipo e tamanho dos f loretes. Por- tanto, cozinhe-os até estarem macios ao toque do garfo. 1. O cozimento excessivo dos vegetais causa a perda de nutrientes. 2. Cozinhe o mais próximo possível da hora de servir. 3. Se não for servir os vegetais imediatamente, branqueie-os para interromper a cocção. 4. Corte os vegetais no mesmo tamanho para que a cocção seja uniforme. 5. Cozinhe os diferentes tipos de vegetal separadamente,pois cada um possui um tempo de cocção. 6. Procure utilizar vegetais da estação, pois é quando estão mais frescos e abundantes. Cozinheiro 2 Arco Ocupacional Ga s t ro n o m i a 23 • retire do fogo, escorra a água em outra panela e reserve; • coloque os brócolis dentro do bowl com água e gelo para dar um choque tér- mico e interromper o cozimento; • retire os brócolis quando eles estiverem frios; • observe a cor e a textura dos brócolis. Para a cocção completa: • coloque para ferver a panela com a água que foi reservada do branqueamento; • assim que ferver, adicione os brócolis que foram branqueados; • cozinhe até que estejam no ponto; • observe a cor, a textura e o sabor dos brócolis. 2. Couve-flor cozida no vapor Ingrediente Quantidade Unidade de medida Couve-flor 100 grama Sal q.b. Modo de preparo: • coloque água para ferver em uma panela própria para cozimento a vapor; • corte a couve-flor em pedaços iguais; • quando a água estiver fervendo, disponha os pedaços de couve-flor no cesto de modo que não se encostem. Polvilhe com sal e tampe a panela; • cozinhe até que a couve-flor esteja macia ao toque de um garfo; • observe a cor, a textura e o sabor da couve-flor. 3. Legumes grelhados Ingrediente Quantidade Unidade de medida Berinjela 100 grama 24 Arco Ocupacional Ga s t ro n o m i a Cozinheiro 2 Ingrediente Quantidade Unidade de medida Abobrinha italiana 100 grama Óleo de milho 20 mililitro Azeite extravirgem 20 mililitro Sal q.b. Modo de preparo: • limpe e aqueça a grelha; • corte a berinjela e a abobrinha em rodelas de 0,5 centímetro (cm) de espessura; • passe o óleo de milho na grelha aquecida; • pincele azeite nos vegetais e disponha-os sobre a grelha; • vire os vegetais quando estiverem marcados e dourados; • retire e tempere com sal; • observe a cor, a textura e o sabor de cada legume. 4. Legumes assados Ingrediente Quantidade Unidade de medida Beterraba 1 unidade Pimentão vermelho 1 unidade Papel-alumínio q.b. Papel-filme q.b. Modo de preparo: • preaqueça o forno a 180 °C; • lave e seque a beterraba e o pimentão. Embrulhe a beterraba em papel-alumínio e coloque-a para assar com o pimentão; Cozinheiro 2 Arco Ocupacional Ga s t ro n o m i a 25 • retire do forno o pimentão quando a casca estiver quase queimada e embrulhe em papel-filme. Retire a beterraba quanto estiver macia; • deixe esfriar o pimentão e retire a casca; • observe a cor, a textura e o sabor de cada legume. 5. Braseado de erva-doce Ingrediente Quantidade Unidade de medida Erva-doce ½ cabeça Cebola pera em cubos pequenos 50 grama Alho em brunoise (fala-se “brinuase”) ¼ dente Manteiga clarificada 15 grama Vinho branco seco 30 mililitro Fundo claro de aves 200 mililitro Tomilho fresco q.b. Sal refinado q.b. Pimenta-preta em pó q.b. Amido de milho 5 grama Modo de preparo: • preaqueça o forno a 180 °C; • limpe a erva-doce; • sue a cebola e o alho na manteiga clarificada, adicione a erva-doce e deixe cozinhar; • deglaceie com o vinho até reduzir e adicione o fundo de ave; • deixe ferver e adicione o tomilho, o sal e a pimenta; • tampe e leve ao forno para cozinhar até que a erva-doce esteja macia ao toque de um garfo; • retire do forno e separe. Coe o líquido na panela e volte a erva-doce ao fogo; • espesse o líquido com o slurry (fala-se “slãri”), ajustando sua consistência; 26 Arco Ocupacional Ga s t ro n o m i a Cozinheiro 2 • ajuste o sal e a pimenta e acrescente a erva-doce; • sirva quente; • observe o ponto, a textura, a cor e o sabor da erva-doce, assim como a textura do molho. 6. Guisado de abóbora Ingrediente Quantidade Unidade de medida Cebola pera em brunoise 50 grama Manteiga integral sem sal 30 grama Abóbora de pescoço em cubos grandes, descascados 300 grama Mel 30 grama Sal q.b. Pimenta-preta em pó q.b. Noz-moscada em pó q.b. Vinho branco seco 30 mililitro Fundo claro de aves 100 mililitro Modo de preparo: • sue a cebola na manteiga e acrescente a abóbora. Deixe cozinhar por alguns minutos; • adicione o mel, o sal, a pimenta e a noz-moscada, mexa e acrescente o vinho branco; • reduza a um terço e junte o fundo; • cozinhe em fogo baixo até ficar macia; • retire do fogo e ajuste o sal e a pimenta; • observe a cor, a textura e o sabor da abóbora. Cozinheiro 2 Arco Ocupacional Ga s t ro n o m i a 27 7. Fritura por imersão de abobrinha Ingrediente Quantidade Unidade de medida Abobrinha italiana 100 grama Ovo tipo extra 1 unidade Óleo de milho 180 mililitro Farinha de trigo 20 grama Farinha de rosca 50 grama Sal q.b. Modo de preparo: • corte a abobrinha em rodelas de 0,5 cm de espessura e bata o ovo em um bowl; • aqueça o óleo a 180 °C; • passe a abobrinha na farinha de trigo, depois no ovo e em seguida na farinha de rosca, de maneira que fique totalmente coberta; • frite imediatamente no óleo, até dourar; • retire, seque em papel absorvente e tempere com sal; • ao prová-la sinta a crocância, o sabor e o ponto de cocção. 8. Salteado de vagens Ingrediente Quantidade Unidade de medida Vagem francesa 100 grama Manteiga clarificada 5 grama Sal q.b. Pimenta-preta em pó q.b. Salsa fresca q.b. Cuidado com a temperatura do óleo: se estiver muito baixa, o empanamento vai se desfazer e, se estiver muito alta, a abobrinha vai dourar por fora e ficar crua por dentro. 28 Arco Ocupacional Ga s t ro n o m i a Cozinheiro 2 Modo de preparo: • lave e limpe as vagens, retirando os fios laterais; • branqueie as vagens e, em uma sauteuse, aqueça a man- teiga clarificada; • salteie as vagens, tempere com sal e pimenta e polvilhe com a salsa picada; • sinta a textura, a cor e o sabor das vagens. Atividade 4 Frescor dos alimentos Para que uma receita tenha bom resultado, é importan- te que todos os alimentos usados sejam frescos. 1. Observe a obra A feira, da artista plástica Tarsila do Amaral, em que estão representados vários alimentos que podem ser encontrados em uma feira. a) Qual(is) dos alimentos você colocaria em uma receita? Por quê? Tarsila do Amaral. A feira I, 1924. Óleo sobre tela, 60,8 cm x 73,1 cm. Coleção particular. © T ar si la d o A m ar al E m pr ee nd im en to s F ot o © R om ul o F ia ld in i Tarsila do Amaral, Autorretrato I, 1924. Óleo sobre papel-tela, 38 cm x 32,5 cm. Acervo Artístico- cultural dos Palácios do Governo do Estado de São Paulo. Palácio Boa Vista, Campos do Jordão. Tarsila do Amaral (1886- -1973) nasceu em Capivari (SP) e começou a estudar arte em 1916. Aprendeu pri- meiro escultura; depois, de- senho e pintura no ateliê Pedro Alexandrino, em São Paulo. Fez parte da Semana de Arte Moderna em 1922, com Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Menotti Del Picchia e Anita Malfatti, entre outros. Sua obra mais famosa, Abaporu, é de 1928. A obra foi o símbolo do Ma- nifesto Antropófago, que se propunha a construir uma arte brasileira após consumir e transformar a cultura euro- peia. Em 1951, participou da I Bienal de São Paulo e foi homenageada, em 1969, com uma exposição chamada Tarsila, 50 anos de pintura. "© T ar si la d o A m ar al E m pr ee nd im en to s F ot o © R om ul o F ia ld in i" Cozinheiro 2 Arco Ocupacional Ga s t ro n o m i a 29 b) Qual seria sua receita com esse(s) alimento(s)? 2. Discuta com seus colegas e registre, em seu caderno, as ideias deles e as suas. Batata Vimos, na primeira Unidade do Caderno 1, como a batata passou das mesas da população menos favorecida para os cardápios maisrefinados. Originária dos Andes, na região do Peru, na América do Sul, a batata é usada na alimentação humana há mais de 7 mil anos. © IB G E Fonte: IBGE. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/7a12/mapas/>. Acesso em: 4 jun. 2012 (adaptado). 30 Arco Ocupacional Ga s t ro n o m i a Cozinheiro 2 Tem-se notícia de que os incas foram o primeiro povo a utilizá-la como base de sua nutrição, juntamente com o milho. Em 1532, os espanhóis invadiram o terri- tório inca, dando fim a uma civilização de cultura muito rica, e, por volta de 1570, levaram a batata para a Espanha. Hoje ela é um dos vegetais mais cultivados para a alimentação humana, fazendo parte da culinária de praticamente todos os países. Atividade 5 a Batata e seus usos 1. Em um grupo de cinco pessoas, listem as diferentes formas de consumo da ba- tata. Por exemplo: Que prato acompanha? É servida assada? E como salada? 2. Agora, vocês vão ampliar os conhecimentos do grupo. No laboratório de informá- tica, pesquisem na internet receitas que tenham a batata como ingrediente principal. O sucesso de uma receita depende da batata utilizada. Há duas categorias: • batatas cerosas – têm muita umidade, pouco amido, pele fina e polpa de cor amarelada. Suportam cozimento prolongado; • batatas farináceas – têm pouca umidade e açúcar, mas muito amido. Ficam douradas quando fritas ou assadas. Cozinheiro 2 Arco Ocupacional Ga s t ro n o m i a 31 Algumas regras devem ser obedecidas: • Use batatas novas, descartando as que estiverem moles, com manchas, brotos e, principalmente, as esverdeadas. • Conserve-as em lugar fresco, seco e escuro, fora de embalagens plásticas. Veja os tipos de batata: Atividade 6 preparo de receitas com Batatas 1. Em um grupo de cinco pessoas, preparem uma das receitas a seguir. a) Batata duchesse (duquesa) Ingrediente Quantidade Unidade de medida Batata Monalisa 250 grama Gema de ovo 1 unidade Manteiga integral sem sal 25 grama Sal q.b. Pimenta-preta em pó q.b. Noz-moscada em pó q.b. Papel-manteiga 1 folha Ovo tipo extra 1 unidade © S oF oo d/ D io m ed ia 32 Arco Ocupacional Ga s t ro n o m i a Cozinheiro 2 Modo de preparo: • descasque e corte as batatas em cubos grandes; • inicie o cozimento em água fria e sal até ficarem macias; • deixe secar em um escorredor e, ainda quentes, esprema-as e passe-as na peneira até obter um purê liso; • deixe esfriar e adicione a gema. Tempere com sal, pimenta e noz-moscada; • preaqueça o forno a 190 °C; • cubra uma fôrma com papel-manteiga ou unte-a com manteiga; • com o bico estrela do saco de confeitar, faça as duchesses (6 cm de diâmetro e 2 cm ou 3 cm de altura); • leve ao forno e asse até que fiquem com as bordas firmes; • pincele com o ovo e retorne ao forno para dourar. b) Batata dauphinoise Ingrediente Quantidade Unidade de medida Batata Monalisa 250 grama Leite integral 180 mililitro Gema de ovo 1 unidade Sal q.b. Pimenta-preta em pó q.b. Noz-moscada em pó q.b. Alho ½ dente Queijo gruyère 60 grama Manteiga integral sem sal em ponto de pomada 10 grama Modo de preparo: • corte as batatas em rodelas finas; • em uma panela, misture o leite, a gema, o sal, a pimenta e a noz-moscada e aqueça sem ferver, mexendo com um fouet (fala-se “fuê”) sem parar até engrossar; Cozinheiro 2 Arco Ocupacional Ga s t ro n o m i a 33 • pique o alho e rale o queijo; • unte uma fôrma com a manteiga e polvilhe-a com o alho; • preaqueça o forno a 150 °C; • disponha as fatias de batata uma sobre a outra em leque, círculo ou linha reta. Despeje a mistura de leite e cubra com o queijo ralado; • asse em banho-maria até que as batatas estejam macias. c) Batata noisette ou parisienne Batata em formato de bola. Para chegar a essa forma, utiliza-se um boleador. Em geral, as batatas são cozidas e depois passadas por uma fritura rápida em pouca gor- dura, em fogo alto. Boleador: Equipamento da cozinha utilizado para dar for- mato de bola a certos tipos de alimentos, como a batata. © S to ck F oo d/ L at in st oc k © S to ck F oo d/ K ey st on e 34 Arco Ocupacional Ga s t ro n o m i a Cozinheiro 2 2. No laboratório de informática, pesquisem na internet as seguintes receitas: • Tortilha. • Batata rösti. • Batata rolha (pomme bouchon). • Batata gratinada. Nome Como se fala Dauphinoise Dôfinoáze Duchesse Duchésse Gruyère Gruiér Noisette Noasete Parisienne Parrisiene Pomme bouchon Pome buchom Rösti Rostí Arroz Assim como a batata, o arroz pode ser dividido em duas categorias: de grão curto e de grão longo. O de grão curto é o que tem mais amido e tende a ficar cremoso, úmido e ligado depois de cozido; já o de grão longo fica mais solto, macio e leve. O arroz também é classificado de acordo com o processo de refinamento: • polido – é o arroz que passa por um processo no qual são removidos o germe e a casca, para se obter grãos mais limpos, macios e de sabor mais ameno. Nesse processo, são perdidos muitos nutrientes. • parboilizado – é o arroz que sofre uma pré-cocção com a casca no vapor, para que as vitaminas e os minerais permaneçam nos grãos. • integral – é o arroz que não foi polido, preservando-se seus nutrientes. Supostamente, o arroz começou a ser cultivado há mais de 12 mil anos na Índia e na China, em zonas quentes e úmidas, como planta semiaquática. Depois, seu plantio foi adaptado para uma ampla variedade de condições ambientais, desde as regiões de clima árido até as de clima frio. Cozinheiro 2 Arco Ocupacional Ga s t ro n o m i a 35 Com o tempo e com a variação de climas, a espécie de arroz original, Oryza sativa, diferenciou-se em três subespécies: indica, japonica e javanica. A indica compreendia as variedades tropicais e subtropicais da Índia e da China; a japonica, as variedades de grão curto e redondo do Japão, da China e da Península da Coreia; e a javanica, as variedades bulu (com barba) e gundil (sem barba), cultivadas na Indonésia. Foram os portugueses que trouxeram o arroz para o Brasil, primeiro país da Amé- rica a começar a cultivá-lo, na década de 1550, na Capitania de São Vicente, no litoral do atual Estado de São Paulo. A produção de arroz no mundo (em 2010) Javanica Japonica Indica Equador Trópico de Câncer Trópico de Capricórnio Círculo Polar Ártico Círculo Polar Antártico OCEANO ATLÂNTICO OCEANO PACÍFICO OCEANO PACÍFICO OCEANO ÍNDICO 0º 60º L 120º L120º O 60º O 0º 60º L 120º L120º O 60º O BRASIL CHINA ÍNDIA I N D O N É S I A TAILÂNDIA MIANMA BANGLADESH FILIPINAS JAPÃO VIETNÃ CAMBOJA ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA 1º- – China 2º- – Índia 3º- – Indonésia 4º- – Bangladesh 5º- – Vietnã 6º- – Mianma 7º- – Tailândia 8º- – Filipinas 9º- – Brasil 10º- – Estados Unidos da América 11º- – Japão 12º- – Camboja Maiores produtores mundiais de arroz 0 2862 km CZN_C2_067_P9.pdf 1 5/31/12 10:42 AM © H ud so n C al as an s © M ap s W or ld Fonte: Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO). Produção de alimentos e pro- dutos agrícolas, 2010. Disponível em: <http://faostat.fao.org/site/339/default.aspx>. Acesso em: 4 jun. 2012. 36 Arco Ocupacional Ga s t ro n o m i a Cozinheiro 2 Hoje o arroz é um dos grãos mais cultivados no mundo, ficando atrás apenas do milho e do trigo. Os principais produtores de arroz do mundo atingiram um volu- me aproximado de 608 milhões de toneladas no ano de 2010. Considerado o cultivo alimentar de maior importância econômica em muitos paí- ses em desenvolvimento, sobretudo da Ásia e da Oceania, o arroz é alimentobásico para bilhões de pessoas. A maior produção de arroz do mundo concentra-se em países asiáticos, como mos- tra a tabela a seguir. Principais países produtores em 2010 (arroz em casca/tonelada) China 197,2 Índia 120,6 Indonésia 66,4 Bangladesh 49,3 Vietnã 39,9 Mianmar 33,2 Tailândia 31,5 Filipinas 15,7 Brasil 11,3 Estados Unidos da América 11,0 Japão 10,6 Camboja 8,2 Paquistão 7,2 República da Coreia 5,8 Fonte: Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO). Produção de alimentos e pro- dutos agrícolas, 2010. Disponível em: <http://faostat.fao.org/site/339/default.aspx>. Acesso em: 9 maio 2012. Cozinheiro 2 Arco Ocupacional Ga s t ro n o m i a 37 Existem inúmeras formas de trabalhar com o arroz. A mais conhecida é o arroz soltinho, obtido pelo método chamado de pilaf, que nada mais é do que suar o arroz antes de introduzir a água. Ingrediente Quantidade Unidade de medida Arroz de grão longo 500 grama Manteiga sem sal 50 grama Cebola picada 150 grama Alho picado 3 dente Água ou caldo claro 1 a 1,5 litro Sal q.b. Modo de preparo: • sue a cebola e o alho com a manteiga, em fogo baixo; • coloque o arroz, mexendo de maneira que a preparação se torne homogênea; • introduza a água ou o caldo claro fervendo na panela, e adicione sal; • no momento que o líquido entrar em ebulição, tampe a panela e deixe cozinhar em fogo médio. Não mexa na panela enquanto o arroz cozinha, para que ele absorva o líquido acrescentado; • caso o arroz não cozinhe o suficiente, acrescente mais um pouco do líquido, sempre fervente; • depois de pronto, solte os grãos com o garfo. Este arroz é servido desta maneira ou então como um guisado, que pode ser de carne, marisco, entre outros. Risoto: a variação fina do arroz A boa preparação do risoto depende fundamentalmente do tipo de arroz utilizado. Destacam-se três tipos, todos de origem italiana: o arbório, o vialone nano e o carnaroli. Nome Como se fala Carnaroli Carnaróli Vialone nano Vialone náno 38 Arco Ocupacional Ga s t ro n o m i a Cozinheiro 2 A receita a seguir é a base para outras inovações quando o assunto é risoto. Risoto básico Ingrediente Quantidade Unidade de medida Cebola em brunoise 15 grama Manteiga integral sem sal 45 grama Arroz arbório 110 grama Vinho branco 35 mililitro Fundo de legumes 500 mililitro Queijo parmesão ralado 35 grama Sal q.b. Pimenta-preta em pó q.b. Modo de preparo: • aqueça uma panela e sue a cebola em ¼ da quantidade da manteiga; • adicione o arroz e mexa bem. Acrescente o vinho branco e mexa até quase secar; • com uma concha, coloque aos poucos o fundo de legumes, que deve estar ferven- do. Mexa sempre, até que o arroz esteja cozido e al dente. • observe o ponto do arroz e sua cremosidade: se ainda estiver muito seco, coloque um pouco de fundo; se estiver muito úmido, mantenha no fogo, mas não deixe passar o ponto; • desligue o fogo. Acrescente a manteiga restante e o queijo parmesão e misture bem; • acerte o sal e a pimenta e sirva imediatamente. Cozinheiro 2 Arco Ocupacional Ga s t ro n o m i a 39 Atividade 7 produção agrícola no Brasil 1. Em dupla, observem a tabela a seguir. Estimativa de produção agrícola brasileira (2011) Produtos agrícolas Produção (t) Cana-de-açúcar 715 143 562 Soja (em grão) 74 941 773 Milho (em grão) 56 271 772 Mandioca 25 329 667 Laranja 19 831 787 Trigo (em grão) 5 696 244 Feijão (em grão) 3 500 422 Batata-inglesa 3 844 750 Café (em grão) 2 658 049 Sorgo (em grão) 1 909 187 Cebola 1 403 171 Cevada (em grão) 303 748 Cacau (em amêndoa) 245 448 Triticale (em grão) 137 612 Mamona (baga) 115 274 Fonte: Grupo de Coordenação de Estatísticas Agropecuárias – GCEA/IBGE, DPE, COAGRO. Levantamento Sistemático da Produção Agrícola, agosto de 2010. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/ indicadores/agropecuaria/lspa/lspa_201203.pdf>. Acesso em: 15 maio 2012. 40 Arco Ocupacional Ga s t ro n o m i a Cozinheiro 2 Discutam a situação agrícola do Brasil indicada na tabela. a) Quais os cinco alimentos mais produzidos? Por quê? b) Quantos desses produtos fazem parte de nossa refeição cotidiana? c) A cidade de vocês é agrícola ou industrial? Caso seja agrícola, qual o produto mais produzido nela? 2. Vimos que o arroz e a batata são alimentos existentes no mundo inteiro. Todas as culturas os utilizam, mas mesmo assim cultivam produtos que não necessa- riamente fazem parte de nossa alimentação do dia a dia. a) Ainda em dupla, leiam os textos a seguir. Procurem no dicionário as palavras cujo significado vocês não conhecem. Descobrindo cedo que as terras do Nordeste se prestavam mara- vilhosamente ao cultivo da cana-de-açúcar, os colonizadores sacri- ficaram todas as outras possibilidades ao plantio exclusivo da cana. Aos interesses da sua monocultura intempestiva, destruíram quase que inteiramente o revestimento vivo, vegetal e animal da região, subvertendo por completo o equilíbrio ecológico da paisagem e entravando todas as tentativas de cultivo de outras plantas alimen- tares no lugar, degradando ao máximo, deste modo, os recursos alimentares da região. CASTRO, Josué. Geografia da fome (trecho). Rio de Janeiro: Civilização Brasileira. © by Herdeiros de Josué de Castro Cozinheiro 2 Arco Ocupacional Ga s t ro n o m i a 41 Agronegócio e monocultura Hoje, no Brasil, o desenvolvimento dominante exige a apropriação dos recursos naturais, a promoção do consumo desenfreado e a produção incontrolável de lixo. Esse modelo cria sérios riscos de insustentabilidade ambiental e reforça a desigualdade social, inter-regional e internacional. Por Fase Diferentemente do passado, em que as culturas para exportação (cana, café, borracha, cacau, algodão) ocupavam espaços delimitados do ter- ritório, hoje os ciclos produtivos tendem a se espalhar por todo o terri- tório, abrindo novas áreas na “frente de expansão” ou reconquistando áreas degradadas ou abandonadas. Contudo, mesmo que na lógica desenvolvimentista sejam consideradas degradadas ou abandonadas, muitas dessas áreas possuem dinâmicas ecológicas e socioculturais que desautorizam sua utilização para o monocultivo. Métodos agressivos de produção Esse tipo de produção pode ser considerado totalitário, uma vez que não coexiste com a agricultura camponesa e com o agroextrativismo, e menos ainda com a opção agroecológica. Hoje, a tecnologia de correção dos solos e a disponibilidade de sementes que se adaptam a diversas condições, entre outros fatores, facilitam a expansão desse tipo de produção. Além disso, o emprego maciço de agrotóxicos e água dificultam e até mesmo impossibilitam a produção camponesa e a sobrevivência das famílias e núcleos rurais ilhados, pois geram uma terra devastada, sem água ou com água contaminada, e envenenam roças, pomares e pequenas criações de animais e abelhas. A produção em larga escala se aproveita dos preços baixos da terra em áreas remotas ou consideradas inaptas, de créditos e subsídios e da alta lucratividade dos produtos no mercado internacional para ex- pulsar pela força ou pressionar os camponeses e agroextrativistas a vender suas posses. A grande exploração é encarada como natural e único caminho para a produção. Tudo é estruturado com base nisso. 42 Arco Ocupacional Ga s t ro n o m i a Cozinheiro 2 Dilapidação do solo e da água Esse modelo de agricultura produz impactos ambientais negativos que deixam nosso futuro hipotecado: empobrecimento e contaminação dos solos; diminuição e contaminação das águas; perda de biodiversidade, natural e cultivada; mudanças microclimáticas; destruição de paisagens;erosão e riscos de desertificação. Além desses impactos, há o potencial de afetar a segurança alimentar e nutricional, a saúde, a soberania, enfim, a qualidade de vida rural e urbana. Esse modelo ainda promoveu o des- gaste e o abandono de antigas práticas culturais relacionadas ao manejo da produção, desvalorizou os saberes acumulados pelas populações locais e desqualificou os conhecimentos de comunidades tradicionais. Maquinário, química e sementes modificadas Os avanços tecnológicos foram e continuam sendo postos quase to- talmente a serviço desse modelo. As explorações agrícolas abando- naram a diversificação da produção para se dedicar, quase exclusiva- mente, a algumas produções destinadas à venda, causando um abismo entre os agricultores que tiveram condições de se adaptar e os que ficaram excluídos. Máquinas, sementes e matrizes, infraestrutura de transportes e bolsas de mercadorias, tudo é concebido e gerenciado nas grandes cidades; assim, perdeu-se o contato entre o produtor e o consumidor. Hiper- mercados ditam as regras para seus fornecedores. Os produtos agrí- colas chegam ao consumidor final industrializados. A dieta alimentar não tem mais a ver com as produções locais e de estação. Isso não é forçosamente sinal de diversificação, mas de empobrecimento da dieta alimentar, comandada pelo mercado. As monoculturas tendem a ser totalmente identificadas com o cres- cimento e o desenvolvimento, transformando seu questionamento em um grande desafio para todos nós. Apesar da força desse movimento, vem se fortalecendo uma crítica a esse modelo, protagonizada por camponeses e por consumidores preocupados em adquirir produtos limpos, que defendem uma agricultura camponesa que respeite o meio ambiente, observe os direitos humanos e promova a saúde, bem como a alteração nas relações de poder entre países. Cozinheiro 2 Arco Ocupacional Ga s t ro n o m i a 43 Um país se constrói na interação de uma população com o território no qual está inserida. E essa interação se dá nas atividades econômicas, sociais, políticas, culturais etc. A construção do território brasileiro, tal como tem se constituído nas últimas décadas, cria sérios riscos de insustentabilidade ambiental e reforça a desigualdade social, inter- -regional e internacional. Fonte: Agronegócio e monoculturas, por FASE. Le Monde Diplomatique, 15 out. 2009. Disponível em: <http://www.diplomatique.org.br/artigo.php?id=115&PHPSESSID=099c bc670a7e8a6c998a4f532aaf76c9>. Acesso em: 9 maio 2012. b) Discutam suas impressões sobre os textos que vocês acabaram de ler. • De acordo com suas experiências e conhecimentos, qual sua opinião sobre as grandes produções agrícolas? • Qual o impacto, tanto ambiental como social, que a produção da cana-de-açúcar causa, por exemplo, no Estado de São Paulo, onde há predomínio dessa cultura na paisagem das estradas e cidades? Vocês acham que existe alguma alternativa para isso? Para ampliar ainda mais seus conhecimentos, que tal ler outro texto sobre a produ- ção agrícola no Brasil? Dois modelos de sociedade e produção agrícola A cada dia que passa fica mais difícil fazer a feira e comprar as frutas, legumes e verduras para toda a família. O dinheiro gasto com aluguel, transporte, supermercado, roupa e remédio, entre outros, absorve grande parte do orçamento dos brasileiros. Mais de 90% dos empregos no país têm como teto dois salários mínimos [...]. Como resultado, 72 milhões de pessoas não comem o suficiente no país. O desemprego e o empobrecimento da população têm impactos diretos na agricultura e, principalmente, nos 4 milhões de famílias que têm pequenas propriedades, onde são produzidos 70% dos alimentos consumidos no país, segundo dados do Ministério da Agricultura. O enfraquecimento do mercado interno diminui o consumo de mer- cadorias pelos trabalhadores e desvaloriza os produtos agrícolas, o que estrangula os pequenos agricultores que dão prioridade para a plan- tação de alimentos. Jornal Sem Terra Especial, 22 jun. 2009. Disponível em: <http://www.mst.org.br/node/7158>. Acesso em: 9 maio 2012. 44 Arco Ocupacional Ga s t ro n o m i a Cozinheiro 2 Atividade 8 deBate 1. A turma divide-se em dois grandes grupos e cada um deles deve eleger: • uma pessoa para controlar o tempo que o grupo terá para debater; • uma pessoa para ser a porta-voz do grupo; • uma pessoa para escrever os argumentos do grupo. Um grupo vai defender a compra de vegetais e legumes de um grande produtor agrícola, e o outro, a compra desses alimentos de um pequeno produtor agrícola. 2. Após o debate, escreva um texto sobre sua opinião, não importando a posição do grupo de que participou. Não há vencedores ou perdedores; o objetivo do debate é buscar argumentos, para, ao final, todos terem uma opinião mais bem formulada. Cozinheiro 2 Arco Ocupacional Ga s t ro n o m i a 45 unida d e 8 Pasta! No Brasil, costuma-se utilizar a denominação “massa” para as mais diversas preparações feitas à base de farinha, entre elas macarrão, pizza e pastel. Já em países europeus e em nossos vizinhos sul-americanos, há distinção entre massa e pasta. No grupo das pastas, entram os diferentes tipos de macarrão, lasa- nhas, rondelli (fala-se “rondéli”) etc., e, no das massas, as pre- parações das famílias das pizzas e dos pastéis. Aqui vamos usar essa diferenciação. Você sabia que o ingrediente principal tanto das massas como das pastas é a farinha de trigo? O trigo é o segundo grão mais produzido no mundo, ficando atrás apenas do milho. Surgido no Oriente Médio há aproxi- madamente 8 mil anos, é muito utilizado para fazer farinha, cerveja e ração de animais. Constitui a base da alimentação na © F L P A /D av id H os ki ng /E as yp ix 46 Arco Ocupacional Ga s t ro n o m i a Cozinheiro 2 Europa, na África, nas Américas e na Oceania. Cerca de ⅓ da população mundial depende dele como sustento. O trigo pode ser duro, com elevada quantidade de glúten, ou macio, com alta concentração de amido. Para fazer a farinha, o trigo é descascado, as impurezas são retiradas, e os grãos, moídos, peneirados e separados conforme o grau de peneiramento. A farinha integral é obtida da moagem sem peneiramento. Já a farinha de semolina é o produto do trigo duro moído e peneirado, destinada ao preparo de macarrão e outras massas. Ao macarrão O preparo da massa A composição básica da massa fresca é farinha de trigo, ovo e sal, na proporção de 1 ovo para cada 100 gramas (g) de farinha, mais ou menos. Em geral, usa-se apenas farinha de semolina, mas também podem ser utilizadas proporções de farinha de trigo e semolina, assim como farinha de centeio, aveia e espelta (um tipo de trigo pouco plantado hoje no mundo), cada uma delas proporcionando sabor e textura característicos. © J ir ka ej c/ 12 3R F Cozinheiro 2 Arco Ocupacional Ga s t ro n o m i a 47 É possível, ainda, fazer massas de várias cores e sabores com a adição de sucos de legumes, corantes ou temperos: massa roxa, com suco de beterraba; verde, com suco de espinafre ou manjericão; amarela, com açafrão; vermelha, com suco ou pó de pimentão; preta, com tinta de lula etc. A massa pode ser aberta manualmente, com um rolo de macarrão ou em máquina própria. Como abrir a massa com o rolo • Polvilhe com farinha o rolo e uma superfície comprida, lisa e limpa (mesa ou bancada), para que a massa não grude. • Coloque o pedaço de massa sobre a superfície e, com movimentos de ir e vir, abra-a uniformemente, até a espessura desejada. • Corte-a com faca ou molde ou use uma máquina de corte. Como abrir a massa na máquina • Corte um pedaço da massa, abra a abertura da máquinaao máximo e passe nela a massa, afinando-a. • Dobre a massa na espessura e no formato de um retângulo e continue afinando-a, até a espessura desejada. Sempre que estiver grudando, passe um pouco de farinha na máquina. • Corte a massa com faca ou molde sobre uma superfície limpa enfarinhada ou use uma máquina de corte. No caso das massas recheadas, a massa deve ter sido feita recentemente, estar úmida e fresca, e o recheio tem de estar frio ou gelado, pouco úmido ou seco. Defina o corte e o tamanho da massa, deixando o espaçamento necessário para a colocação do recheio. Existem moldes próprios para o corte de massa recheada. Máquina doméstica para abrir massa. Máquina industrial para abrir massa. © D es ig n P ic s/ D io m ed ia © P ig a& ca ta la no /E as yp ix 48 Arco Ocupacional Ga s t ro n o m i a Cozinheiro 2 Exemplos de massas Em tiras: capellini, espaguete, fettuccine, tagliatelle. Em tubos: manicotti, penne, rigatoni, ziti. Outras formas: farfalle, fusilli, risoni. © D eA go st in i / D E A /P ri m a P re ss /D io m ed ia © M at th ew A nt on in o/ 12 3R F © T ra cy H eb de n/ A la m y/ O th er Im ag es © N in a R ic ci F ed ot ov a/ E as yp ix © R au l T ab or da /A la m y/ O th er Im ag es © A dr ia n P et re an /1 23 R F © V it al y K or ov in /1 23 R F © F oo dC ol le ct io n/ D io m ed ia Cozinheiro 2 Arco Ocupacional Ga s t ro n o m i a 49 Recheadas: agnolotti, canelone, cappelletti, lasanha, ravióli, tortellini. Nome Como se fala Agnolotti Anholóti Capellini Capelíni Cappelletti Capelêti Farfalle Farfale Fettuccine Fetutine Fusilli Fuzíli Manicotti Manicóti Orzo Ortso Penne Pêne Rigatoni Rigatôni Tagliatelle Talhiatéle Tortellini Tortelíni Ziti Dzíti © R au l T ab or da /1 23 R F 50 Arco Ocupacional Ga s t ro n o m i a Cozinheiro 2 Como cozinhar a massa • Use a proporção de 1 litro (ℓ) de água para cada 100 g de massa a ser cozida. • Ferva a água e coloque sal. Quando estiver fervendo de novo, acrescente a massa, mexendo com cuidado para que ela não grude e cozinhe com uniformidade. • Cozinhe até que fique al dente, escorra e sirva ime- diatamente. Atividade 1 mão na massa! Em um grupo de cinco pessoas, preparem as receitas a seguir. Ravióli de ricota, espinafre e nozes Massa básica Al dente: Expressão italiana que descreve o ponto certo da massa: firme, mas não crua. Ingrediente Quantidade Unidade de medida Farinha de semolina de grano duro 80 grama Farinha de trigo 40 grama Sal q.b. Ovo 1 unidade Cozinheiro 2 Arco Ocupacional Ga s t ro n o m i a 51 Modo de preparo: • em um bowl, ponha 60 g de farinha de semolina, a farinha de trigo e uma pitada de sal, e misture bem. Faça um buraco no meio, como se fosse um vulcão, e coloque o ovo; • trabalhe a massa com a ponta dos dedos e a palma das mãos até que ela fique homogênea; • sove a massa com as mãos até atingir um ponto elás- tico e deixá-la lisa por fora; • deixe descansar por pelo menos 30 minutos. Recheio de espinafre, ricota e nozes Ingrediente Quantidade Unidade de medida Espinafre fresco 50 grama Cebola em brunoise 15 grama Alho picado ½ dente Azeite 10 mililitro Sal q.b. Pimenta-do-reino em pó q.b. Ricota fresca 40 grama Queijo parmesão ralado q.b. Gema de ovo ½ unidade Nozes picadas 15 grama Modo de preparo: • branqueie o espinafre, pique e reserve; • sue a cebola e o alho no azeite, junte o espinafre e salteie; • tempere com sal e pimenta. Deixe esfriar; No momento em que estiver sovando, polvilhe o restante da farinha de semolina (20 g) na mesa para a massa não grudar na mesa nem em suas mãos. 52 Arco Ocupacional Ga s t ro n o m i a Cozinheiro 2 • passe a ricota por uma peneira, misture com o espinafre, o queijo parmesão, a gema do ovo e as nozes picadas; • acerte o sal e reserve. Montagem • Abra a massa de modo que fique com diâmetro de 5 cm e espessura de 0,5 milí- metro (mm). Polvilhe com farinha, se necessário. • Para rechear o ravióli, distribua o recheio sobre a massa aberta, espaçando-o entre um ravióli e outro, e cubra com o outro pedaço da massa. Com um cortador de 5 cm de diâmetro, corte os raviólis. Pressione o recheio para tirar o ar, aperte as pontas para a massa não abrir durante o cozimento. Corte com o molde de agnolotti ou cappelletti. Finalização Ingrediente Quantidade Unidade de medida Sal q.b. Manteiga integral sem sal 15 grama Pimenta moída q.b. • Coloque água para ferver. Assim que ferver, adicione sal. • Quando estiver fervendo de novo, ponha a massa para cozinhar. • Aqueça uma sauteuse em fogo baixo. • Quando a massa estiver cozida al dente, escorra-a. No mesmo instante, coloque a manteiga na sauteuse, acrescente a massa e salteie. Finalize com sal e pimenta e sirva imediatamente. Cozinheiro 2 Arco Ocupacional Ga s t ro n o m i a 53 unida d e 9 Carnes e aves Você sabia que a alimentação do animal influencia o gosto e a textura de sua carne? Por exemplo, a carne dos animais que vivem soltos tende a ter gosto de terra e das ervas e plantas que comem; a dos criados perto do mar é levemente salgada; e a de porcos, cordeiros, frangos e bois alimentados com cas- tanhas ou com uma erva, como o alecrim, também adquire esses sabores. Assim, a carne de um animal cuja alimentação é mais natural será mais saborosa do que a de outro criado próximo a uma cidade muito poluída, com alimentação baseada em produtos industrializados. Muitos lugares são famosos pelas carnes saborosas porque os animais são alimentados em um terroir especial, ou seja, em um ambiente próprio para que a carne adquira sabor diferenciado. Existe um corte chamado Kobe beef, da raça Wagyu, originária do Japão, que é criado com vários “mimos”. Além de os animais contarem com um “cardápio” que inclui itens como cerveja, eles também ouvem música clássica durante o dia. Desse tratamento de luxo resulta uma carne de marmorização espetacular, com textura e sabor únicos. Não são apenas tratamentos especiais que colaboram para a maciez e o sabor da carne. A raça do animal também é fator importante para a obtenção de um sabor especial nos pratos. Na Espanha, um porco de cor e patas negras é criado solto, comendo raízes, ervas e plantas da região, princi- palmente bellotas, espécie de noz. Ele possui carne de sabor especial e produz o melhor e mais caro presunto cru do mundo: o Pata Negra. Marmorização: Diz respei- to à quantidade de gordura intramuscular (dentro dos músculos) presente na carne, o que a torna mais macia e saborosa. As bellotas aparecem na animação A era do gelo (direção de Chris Wedge e Carlos Saldanha, 2002), em que uma das personagens toma todo o cuidado para não perder seu alimento. 54 Arco Ocupacional Ga s t ro n o m i a Cozinheiro 2 Nome Como se fala Bellota Belhôta Kobe beef Côubi bif Terroir Terroár Wagyu Uáguiu Mesmo não tendo saboreado essas carnes famosas na gastronomia, podemos per- ceber nitidamente a diferença entre o ovo caipira, que provém da galinha criada solta, e o ovo vendido nos supermercados. Enquanto o ovo de mercado tem casca fina, quase quebradiça, e gema pálida, amarelo-clara, que estoura facilmente, o ovo caipira tem casca grossa e gema viva, quase laranja, de gosto forte e intenso. A qualidade da alimentação, portanto, tem grande influência em nossa estrutura corpórea,e é por isso que realmente somos o que comemos. Galeria Giuseppe Arcimboldo (1530-1593) Giuseppe Arcimboldo. Primavera, 1573. Óleo sobre tela, 76 cm x 64 cm. Museu do Louvre, Paris, França. © E ri ch L es si ng /A lb um /L at in st oc k Cozinheiro 2 Arco Ocupacional Ga s t ro n o m i a 55 Giuseppe Arcimboldo. Verão, 1573. Óleo sobre painel, 76 cm x 64 cm. Museu do Louvre, Paris, França. Giuseppe Arcimboldo. Inverno, 1573. Óleo sobre tela, 67 cm x 51 cm. Kunsthistorisches Museum, Viena, Áustria. Giuseppe Arcimboldo. Outono, 1573. Óleo sobre tela, 76 cm x 64 cm. Museu do Louvre, Paris, França. © E ri ch L es si ng /A lb um /L at in st oc k © E ri ch L es si ng /A lb um /L at in st oc k © E ri ch L es si ng /A lb um /L at in st oc k 56 Arco Ocupacional Ga s t ro n o m i a Cozinheiro 2 Carne bovina Consumida nas mais diversas partes do mundo, principalmente nos países de origem latina, a carne bovina é vendida em pedaços, em bifes e moída. Existem diferentes tipos de cortes bovinos, cujos nomes variam de acordo com a parte de que é extraída a carne. Aqui veremos apenas os brasileiros, mas saiba que um dos cortes mais famosos do mundo é o argentino, nosso vizinho sul- -americano. Cortes bovinos brasileiros O gado bovino possui duas subespécies, com características bem diferentes: • Gado taurino – de origem europeia, possui carne de boa marmorização e macia, e é muito bom para a produção de leite. No entanto, sofre muito com pragas e doenças tropicais. • Gado zebuíno – de origem asiática, tem carne rígida, porém é muito mais resis- tente a pragas e doenças. São feitos cruzamentos entre as espécies para se obter gados com características mistas, os chamados híbridos. No Brasil, a maior parte dos rebanhos para corte é de origem zebuína. Daí decorre a principal diferença da carne brasileira com relação às carnes argentina e uruguaia, de origem taurina. 2 1 5 4 3 916 15 8 12 11 10 713 19 17 18 14 6 6 20 21 1. Peito 2. Pescoço 3. Cupim 4. Acém 5. Braço 6. Ossobuco 7. Capa de filé 8. Aba de filé 9. Ponta de agulha 10. Noix (filé de costela) 11. Contrafilé 12. Filé-mignon 13. Picanha 14. Alcatra 15. Maminha 16. Fraldinha 17. Patinho 18. Coxão duro 19. Coxão mole 20. Lagarto 21. Rabo © H ud so n C al as an s Cozinheiro 2 Arco Ocupacional Ga s t ro n o m i a 57 Os cortes bovinos eram tradicionalmente divididos entre carne de primeira (nobres) e carne de segunda: • Carnes de primeira – contrafilé, alcatra, filé-mignon, coxão mole, lagarto, coxão duro, patinho, maminha, fraldinha e picanha. • Carnes de segunda – músculo, paleta, acém, peito, ponta de agulha, ossobuco, rabo e costela. No entanto, essa divisão já não predomina na culinária, dado que a qualidade do alimento depende muito mais do modo como ele é preparado. Hoje em dia, faz-se uma divisão mais generalista, classificando os cortes em tra- seiro e dianteiro. Depois, cada uma dessas metades é dividida ao meio, produzindo o quarto traseiro e o quarto dianteiro. No quarto dianteiro ficam os cortes mais rígidos, de segun- da; no traseiro, os mais macios, de primeira. As carnes de textura dura, como lagarto, coxão duro, músculo, rabo, costela, coxão mole e acém, devem ser preparadas por métodos de cocção demorados (assados, cozidos, guisados, ensopados), e os cortes macios, como picanha, maminha, filé-mignon, alcatra e contrafilé, por métodos rápidos (grelhados, salteados ou fritos). Na hora de escolher a carne, fique atento aos seguintes pontos: • A carne fresca e boa é muito vermelha e tem veios de gordura. Se ela estiver escura, sem esses veios, o animal pode ter sido submetido à engorda forçada ou o abate foi prematuro. Se for um vermelho-vinho, o animal morreu por moléstia ou era velho. • Se a carne estiver soltando muito líquido, provavel- mente na cocção vai ficar seca e perderá muitos nu- trientes. • Aperte a carne com o dedo: se ela não voltar ao normal, não está tão boa. A carne deve ser armazenada em temperaturas de 0 °C a 4 °C, embalada corretamente e ficar separada de outras proteínas (peixe, frango, cordeiro etc.). Você sabia? Vitelo é o bezerro abati- do com 14 semanas de vida. Ele é alimentado apenas com o leite da mãe, por isso sua carne é muito macia, de colora- ção clara, magra e com alto teor proteico. 58 Arco Ocupacional Ga s t ro n o m i a Cozinheiro 2 • O cheiro tem de ser fresco e agradável; caso sinta qual- quer cheiro forte, descarte a carne. Limpeza e cortes do filé-mignon 1. Retire o cordão, separando-o do nervo que o une ao lombo, e limpe-o bem. 2. Extraia a membrana que o recobre. 3. Retire o nervo, passando uma faca próxima à carne, da cabeça até a ponta. 4. Dê um talho na parte mais pontuda do filé, sem cor- tar até o final. 5. Dobre a extremidade do filé para baixo (com isso, a carne fica com a mesma espessura de uma ponta à outra). 6. Acomode o cordão limpo às costas do filé sobre um papel-filme. 7. Enrole com o papel-filme, pressionando de maneira a formar um cilindro firme. 8. Feche bem as duas extremidades. Leve ao congelador por alguns instantes para facilitar o corte posterior- mente. 9. Desse modo obtêm-se medalhões de filé-mignon re- gulares. Principais cortes do filé-mignon • Ponta de filé – pedaço que pesa em torno de 200 g; é utilizado cortado em cubos, em tiras ou em bifes finos, para fazer paillard (fala-se “paiár”). • Medalhões – pedaços pequenos, individuais, obtidos do final do filé-mignon. Pesam entre 80 g e 100 g e têm 2,5 cm de espessura. • Tornedor – pedaços individuais obtidos do centro do filé-mignon. Pesam entre 150 g e 180 g. Exercício de demonstração do monitor. Paillard: Corte de 200 g do filé-mignon que se coloca entre dois plásticos e bate com um martelo de cozinha até ficar com uma espessura de 0,5 cm e 20 cm de diâme- tro. Cozinheiro 2 Arco Ocupacional Ga s t ro n o m i a 59 Você sabia? O porco é o hospedeiro intermediário de um pa- rasita conhecido como Taenia solium (fala-se “tê- nia sólium”), que transmi- te duas doenças. Uma delas é conhecida como teníase ou solitária, em que o parasita já está na fase adulta, o verme. A outra é a cisticercose, causada pela larva cha- mada popularmente de canjiquinha. Ambas as doenças são transmitidas pela ingestão de carne crua ou malpassada, prin- cipalmente de porco, ou de uma pessoa infectada para outra. Elas represen- tam um sério problema de saúde pública, sobre- tudo nos países pobres, com saneamento básico precário. Exercício de demonstração do monitor. • Chateaubriand – corte obtido da cabeça do filé- -mignon; pesa entre 300 g e 350 g. • Escalope – lâminas finas de carne (aproximadamente 50 g) desde a extremidade mais larga até a mais estrei- ta. A lâmina de carne é colocada e depois achatada entre duas folhas de papel-filme. Carne suína Os suínos são criados há cerca de 10 mil anos. Principal fonte de proteína em alguns países, sua carne é de sabor forte, muito nutritiva e de excelente qualidade, porém de difícil digestão, devendo sempre ser bem cozida para evitar doenças. São encontrados para venda o porco, que é o animal adulto, dividido em cortes; e o leitão, que é o animal em idade de mama, geralmente usado inteiro e limpo. Cortes suínos 13 2 14 3 54 8 10 11 96 7 15 12 16 1 1. Sobrepaleta com osso 2. Copa lombo 3. Lombo 4. Carré 5. Bisteca 6. Pernil 7. Picanha 8. Filezinho 9. Paleta 10. Costela 11. Barriga 12. Joelho13. Máscara com orelha 14. Papada 15. Rabo 1 6. Pé © H ud so n C al as an s 60 Arco Ocupacional Ga s t ro n o m i a Cozinheiro 2 Carne ovina Os ovinos (carneiros, cordeiros e ovelhas) estão entre os primeiros animais domesticados e são de extrema impor- tância na história do homem, fornecendo-lhe proteína, leite, couro e lã. Na culinária, são utilizados o carneiro, que é o animal adulto; o cordeiro, que é o carneiro jovem, com 4 meses a 1 ano; e o cordeiro de leite, que ainda não desmamou, geralmente com 3 meses de vida. A carne ovina é de coloração rosada, tem pouca gordura e é envolta por uma pele fina e transparente, de sabor característico. Cortes ovinos Carnes de caça As carnes de caça já foram a maior fonte de proteínas na dieta do homem, mas, com o desenvolvimento das cida- des e da pecuária, acabaram se tornando iguarias. A prática da caça é proibida no Brasil desde 1965. Por isso, as carnes de caça hoje são de animais criados em cativeiro. 2 3 6 4 5 1 1. Paleta 2. Carré 3. Filé 4. Picanha 5. Quarto/Pernil 6. Costela Exercício de demonstração do monitor. © H ud so n C al as an s Cozinheiro 2 Arco Ocupacional Ga s t ro n o m i a 61 Como acontece com todos os animais, sua dieta e hábi- tos interferem na textura e no sabor da carne, que em geral é rija, de coloração escura e sabor forte. A idade acentua essas características. Tradicionalmente, as caças são evisceradas (ou seja, as vísceras são retiradas) após o abate e penduradas de ca- beça para baixo pelas patas traseiras, quando as tiverem, em lugar fresco e escuro. As caças são classificadas em dois grupos. • Caças pequenas: coelho, lebre, paca, preá e outros ro- edores. • Caças grandes: veado, cervo, queixada, anta, capivara, javali, entre outros. Aves Compreendem todos os animais de penas, de diferentes espécies, domesticados ou não. Entre as utilizadas na alimentação, as mais conhecidas são: frango, galinha, peru, pato, codorna, faisão, avestruz e perdiz. Carne de frango 3 9 6 5 11 10 7 8 4 12 2 1 Exercício de demonstração do monitor. © H ud so n C al as an s 1. Meia da asa 2. Coxinha da asa 3. Peito 4. Filé 5. Sobre coxa de fora 6. Sobre coxa 7. Coxa 8. Pescoço 9. Dorso 10. Sambiquira 11. Pés 12. Coração 62 Arco Ocupacional Ga s t ro n o m i a Cozinheiro 2 O frango é a ave mais comum nos usos culinários. Há cinco categorias: • Frango de leite – com apenas 3 meses de idade, pesa de 400 g a 800 g e tem carne macia, com pouca gordura e sabor suave. Normalmente é feito grelhado, frito ou assado. • Frango comum – animal com 3 a 7 meses, com peso entre 1 quilograma (kg) e 1,5 kg, possui carne suculenta e saborosa. • Galinha e galo – aves adultas com mais de 7 meses, pesando mais de 1,5 kg, são mais usadas em guisados, sopas e assados, pois têm a carne mais rija. • Frango caipira – é o frango criado solto, com alimentação natural ou mista, de sabor mais forte e carne mais rija. • Capão – é o frango capado (castrado), criado com alimentação especial para que engorde rapidamente. Sua carne é bem saborosa. A carne de frango é fresca quando: • tem cheiro suave; • a pele é de cor clara, entre amarelo e branco, macia e seca. Se estiver muito úmida, é sinal de que já esteve congelada; • ao toque, cede e volta ao normal. Aves de caça Como qualquer animal silvestre, sua carne é de sabor forte e textura rija. São aves de caça: • Perdiz – de carne escura e tenra, deve ser gorda e redonda e ficar refrigerada por um ou dois dias após o abate, para só então ser preparada. • Pombo – de carne também escura e sabor característico, possui aplicação culiná- ria semelhante à da perdiz. • Faisão – ave muito carnuda e apreciada, tem sabor selvagem quando silvestre. • Codorna – da família das galinhas e das perdizes da região do norte da África, Europa e Ásia. Tem tamanho menor e já é domesticada. Sua carne é saborosa e seus ovos são muito usados. • Pato – possui muitas variações, todas muito apreciadas. Cada lugar prepara pra- tos diferentes com o pato, dando-lhe sabores diferentes. Cozinheiro 2 Arco Ocupacional Ga s t ro n o m i a 63 Métodos de conservação Todas as carnes – bovina, suína, ovina e de aves – podem ser conservadas pelos métodos descritos a seguir. Resfriamento: depois de abatida e limpa, ela é dividida em porções e guardada sob refrigeração a 0 °C. Congelamento: a carne é embalada, a vácuo ou não, e congelada a temperaturas de até -40 °C. O ideal é que isso seja tão rápido que não se formem cristais de água no interior da carne, para não prejudicar sua estrutura. Maturação: é um processo natural que ocorre na car- ne embalada a vácuo. A falta de oxigênio faz com que a carne libere uma enzima, que age sobre sua fibra, amaciando-a. A carne deve ser embalada a vácuo de acordo com rigorosos padrões de higiene, impossibi- litando o crescimento de microrganismos. Quanto maior o tempo de maturação, maior a alteração da cor e do sabor da carne. Métodos de cocção As carnes possuem métodos de cocção semelhantes aos dos vegetais. Grelhar Para que os sulcos da carne fiquem preservados, a cocção é feita em grelha sob calor intenso. Desse modo, os açúcares externos são caramelizados, dificultando a saída de nutrientes pelos sulcos. Esse método é ideal para carnes de cortes mais macios, por causa da cocção rápida. Cortes com gordura acen- tuam o sabor. Congele sempre em porções pequenas. Use embalagem adequada, que não altere o sabor nem a estrutura da carne e que fique hermeticamente fechada, como o papel-filme. Etiquete-a com o nome, o corte, a quantidade e a data de congelamento. Descongele a carne sempre sob refrigeração em condições controladas, em câmaras ou geladeiras, em forno convencional ou micro-ondas. Depois de descongelada, a carne deve ficar sob refrigeração a 4 °C. 64 Arco Ocupacional Ga s t ro n o m i a Cozinheiro 2 Os pontos da carne bovina são: Ponto Temperatura interna Toque Bleu (fala-se “blê”) 50 °C Muito macio Malpassada 55 °C a 60 °C Macio Ao ponto 60 °C a 65 °C Levemente macio Bem passada 65 °C a 74 °C Firme Saltear Por se tratar de um método de cocção rápida e para se obter melhores resultados, a carne deve ser macia e não muito grande. Em panela de tamanho adequado e preferencialmente de fundo grosso, utiliza-se pouca gordura em tempera- tura alta. O suco liberado durante a cocção pode ser usado como base para molhos. Assar A cocção é feita sob o calor seco e indireto do forno. A gordura é muito importante, pois deixa a carne mais úmida e macia. O líquido que se solta pode ser utilizado como base para molhos. Alguns cuidados devem ser tomados: • preaqueça o forno; • regule a temperatura conforme o tamanho e as carac- terísticas da carne; • a carne deve ficar dourada por fora e cozida por dentro. Preste atenção à temperatura para que não fique tos- tada por fora e crua por dentro; • em peças magras, utilize os métodos de lardear e bar- dear. A carne suína deve ser sempre bem cozida, para evitar a transmissão de doenças. Cozinheiro 2 Arco Ocupacional Ga s t ro n o m i a 65 Lardear São inseridos pedaços de gordura ou de vegetais na carne a ser assada para deixá-la mais úmida e saborosa. Bardear Fatias de gordura são enroladas em volta da carne para que ela não resseque e fique saborosa. Brasear É o método utilizado para a cocção de cortes grandes e duros. Pode ser usado o mirepoix (fala-se “mirrepoá”), que deixa a carne macia e úmida. O líquido restante da cocção pode ser coado e se transformar em molho. Para começar, a peça é selada
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