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Universidade Federal de Sergipe Centro de ciências Exatas e Tecnologia Departamento de Química Compostos Orgânicos I: Alcinos Prof. Paulo Cesar de Lima Nogueira São Cristóvão/UFS 2015.1 1 Etino • Alcinos: Hidrocarbonetos cujas moléculas contêm a ligação tripla carbono–carbono (C ≡ C). • Nome comum para esta família é acetilenos, baseado no nome do seu membro mais simples, HC ≡ CH. • Há vários alcinos de ocorrência natural. •Exemplos: capilina e ictiotereol. Capilina atividade antifúngica Ictiotereol Convulsivante (veneno das flechas de índios da Amazônia) Alcinos Introdução: 2 • Uma classe de substâncias de ocorrência natural chamada enediinos apresentam poderosas propriedades antibióticas e anticâncer. • Todas essas substâncias possuem um anel de 9 ou 10 membros que contêm 2 ligações triplas separadas por uma ligação dupla. • Atualmente estão em testes clínicos. Enediino 3 dynemicina (antibiótico antitumoral) calicheamicina anticâncer Alcinos Introdução: Parsalmida Analgésico Pargilina Anti-hipertensivo Mestranol Componente de contraceptivos orais • Poucas drogas contêm o grupo funcional alcino, mas não são substâncias de ocorrência natural. 4 etinil estradiol Alcinos Introdução: Alcinos • Cada “C” na ligação tripla é hibridizado sp e linear, e todos os ângulos de ligação são de 180o. • A ligação tripla de um alcino consiste de 1 ligação σ e 2 ligações pi. • A ligação σ é formada pela sobreposição frontal de 2 orbitais híbridos sp, enquanto que cada ligação pi é formada pela sobreposição lateral de 2 orbitais p. etino (acetileno) hibridização sp Orbital 2p Orbital 2p 2a ligação pi 1a ligação pi Sobreposição de 2 orbitais híbridos sp forma a ligação σ C – C Sobreposição de 2 pares de 2 orbitais 2p forma 2 ligações pi C – C 5 Introdução: Estrutura Como nos alcenos, a maioria dos alcinos exibem apenas fracas interações de Van der Waals. Assim, suas propriedades físicas são similares a dos alcanos de massa molecular correspondente. • Alcinos possuem valores baixos de p.f e p.e.; • O valor p.f. e p.e. aumentam com o aumento do número de carbonos; • Alcinos são solúveis em solventes orgânicos apolares ou de baixa polaridade e muito pouco solúveis em H2O. • As massas específicas (densidade) dos alcinos são menores do que a da H2O. 6 Alcinos Introdução: Propriedades físicas • A regra para a nomenclatura sistemática (IUPAC) dos alcinos é muito parecida com a dos alcenos. • Os alcinos recebem o nome substituindo-se o sufixo –ano do nome do alcano correspondente pelo sufixo –ino. • A cadeia é numerada para dar aos átomos de “C” da ligação tripla o menor No possível. • Omenor número é usado para indicar a localização da tripla ligação. etino (acetileno) pent-2-ino pent-1-en-4-ino 7 Alcinos Introdução: Nomenclatura 3-cloroprop-1-ino 1-clorobut-2-ino but-3-in-1-ol 5-metilhex-1-ino 4,4-dimetilpent-1-ino 2-metilpent-4-in-2-ol 3-bromo-2-cloro oct-4-ino (NÃO 6-bromo-7-cloro oct-4-ino (2 < 6) 1-bromo-5-metilhex-3-ino (NÃO 6-bromo-2-metilhex-3-ino) 8 Alcinos Introdução: Nomenclatura • Acetilenos monossubstituídos ou 1-alcinos são chamados de alcinos terminais e o “H” ligado ao “C” da ligação tripla é chamado de átomo de H acetilênico. • Quando o grupo HC ≡ CH – é indicado como um substituinte, ele é chamado de grupo etinila. • O ânion obtido quando o H acetilênico é removido é conhecido como íon alquineto ou íon acetileto. “H” acetilênico Um alquino terminal íon alquineto ou alcineto (ou um íon acetileto) íon propineto ou ou 9 Alcinos Introdução: Nomenclatura • O “H” ligado ao “C” de um alcino terminal é consideravelmente mais ácido do aquele ligados aos C de um alceno ou de um alcano. Por que? • A ordem de basicidade de seus ânions é o inverso da acidez relativa desses compostos: 10 Introdução: Acidez de alcinos terminais Alcinos • Acidez e basicidade relativa comparada com os outros elementos do 1o período da tabela periódica: Acidez Relativa Basicidade Relativa • Com base nessa ordem observamos que, enquanto os alcinos terminais são mais ácidos do que a amônia (NH3), eles são menos ácidos do que os alcoóis e do que a H2O. 11 Introdução: Acidez e basicidade de alcinos terminais Alcinos Característica da Acidez do Alcinos Terminais 1) Devido a hibridização sp da ligação C–H ser mais ácida do que a hibridização sp2 e sp3 da ligação C–H, alcinos terminais são rapidamente desprotonados com uma base forte em uma reação ácido base de Brφnsted-Lowry. 2) O ânion resultante é chamado ânion alcineto (ou ânion acetileto). 12 Introdução: Acidez e basicidade de alcinos terminais Alcinos 3) As bases fortes usadas para a desprotonação de alcinos são: NH2 − e H−. Bases como HO− e RO− não são capazes de desprotonar alcinos. ácido mais forte ácido mais fracobase mais forte base mais fraca ácido mais fortebase mais forteácido mais fraco base mais fraca • Uma base forte remove dois equivalente de HX de um dihaleto vicinal ou geminal rendendo um alcino por 2 sucessivas eliminações E2. dicloreto geminal (Latim: geminus, gêmeos) dibrometo vicinal (Latim: vicinus, adjacente) 4,4-dimetilpent-2-ino but-2-ino 13 Métodos de obtenção: Reações de eliminação Alcinos Reação geral Etapa 1 Etapa 2 íon amideto vic-dibrometo bromoalceno amônia íon brometo alcino amônia íon brometo Reação do tipo E2 Reação do tipo E2 amideto (NaNH2) 14 Métodos de obtenção: Mecanismo Alcinos • Os alcinos sofrem reações de adição ou ácido-base no caso de alcinos terminais. Reações de Adição • Assim como os alcenos, alcinos sofrem reações de adição devido possuirem ligações pi. • Duas reações em sequência acontecem: 1) adição do 1º equivalente do reagente forma um alceno (2 novas ligações σ); 2) posterior adição do 2º equivalente do reagente forma um alcano (4 novas ligações σ). Ligação pi fraca 2 Ligações pi fracas alceno (produto E ou Z) alcano (4 novas ligações σ) 15 Reações: Alcinos ambas as ligações pi são quebradas 4 novas ligações σ são formadas Hidrohalogenação Halogenação Hidratação 16 Reações de adição: Alcinos • Alcinos reagem com 1 equivalente molar de HCl ou HBr para formar haloalcenos e com 2 equivalentes molares formam dihaletos geminais. • Ambas as reações são regiosseletivas: seguem a reagra de Markovinikov: 1o equivalente 2o equivalenteProduto pode ser E ou Z 2,2-diclorobutano 2,2-dibromobutano but-2-ino but-1-ino 17 Reações de adição: Haleto de hidrogênio (HX) Alcinos Parte [1]- Adição do 1º equivalente de HBr para formar um haleto de vinila. Parte [2]- Adição do 2º equivalente de HBr para formar um dihaleto geminal. carbocátion 2,2-dibromobutano carbocátion vinílico 2-bromobut-1-eno (um brometo de vinila) but-1-ino 18 Reações de adição: Mecanismo da adição de HX Alcinos • Alcinos sofrem o mesmo tipo de reações de adição com Cl2 e Br2 que os alcenos. • Com alcinos a adição pode ocorrer 1 ou 2 vezes, dependendo do Nº de equivalentes molares de halogênio utilizado. • A adição de um equivalente molar de Cl2 ou Br2 a um alcino geralmente resulta em adição anti e produz um trans-dihaloalceno. alcino trans-dihaleto tetrahaleto but-2-ino trans-2,3-diclorobut-2-eno 2,2,3,3-tetraclorobutano 1o Equiv. 1o Equiv. 2o Equiv. 2o Equiv. 19 Reações de adição: Halogênio (X2) Alcinos but-2-ino íon halônio em ponte trans-2,3-diclorobut-2-eno 2,2,3,3-tetraclorobutano íon halônio em ponte Adição de X2 para formar um trans-dihaleto. Adição de X2 para formar um tetrahaleto. 20 Reações de adição: Mecanismoda adição de X2 Alcinos • Há uma diferença importante entre a adição de H2O de um alcino e a adição de H2O catalisada por ácido de um alceno: • Na presença de catalisador ácido ou Hg2+, H2O adiciona-se a tripla ligação, mas o produto de adição inicial (um enol) é instável e tautomeriza para um grupo carbonila (C=O) (geralmente cetona). enol (menos estável) cetona 21 Reações de adição: Hidratação (H2O) Alcinos •Alcinos internos sofrem hidratação com H2SO4 concentrado. •Alcinos terminais requerem a presença adicional de catalisador Hg2+ (HgSO4). acetona (propanona) butan-2-ona • A adição de H2O segue a segra de Markovnikov. 22 Reações de adição: Hidratação (H2O) Alcinos Em alcinos internos não simétricos: alcinos internos simétricos: alcinos terminal: Etapa 1. Adição do eletrófilo (H+) a ligação pi. Etapas [2] e [3] Ataque nucleofílico da H2O e perda de um H +. Etapas [4] e [5] Tautomerização. but-2-ino carbocátion vinílico estruturas de ressonância cetona enol enol (isômeros E e Z) 23 Reações de adição: Mecanismo da hidratação (H2O) Alcinos Um enol de mercúrio uma cetona de mercúrio O equilíbrio ceto-enólico favorece a forma cetônica. Um enol Uma cetona Segue a regra de Markovnikov e adição é anti. 24 Reações de adição: Mecanismo da hidratação (H2O) Alcinos • Hidroboração−Oxidação é uma reação em várias etapas que converte um alcino em um compostos carbonílico. 1ª Etapa: Formação de um organoborano com a adição do borano; 2ª Etapa: Oxidação com peróxido de hidrogênio (H2O2) na presença de base (HO−) para formar um enol; 3ª Etapa: Tautomerização do enol forma um composto carbonílico. organoborano Enol Composto carbonílico 25 Reações de adição: Hidroboração-Oxidação Alcinos cetona aldeído • Hidroboração − oxidação de um alcino interno: forma uma cetona, • Hidroboração − oxidação de um alcino terminal: forma um aldeído. • Hidroboração−Oxidação é um adição sin e anti-Markovnikov. 26 Reações de adição: Hidroboração-Oxidação Alcinos • Dependendo das condições e do catalisador utilizado 1 ou 2 equivalentes de “H” serão adicionados a uma ligação tripla C–C. • Quando um catalisador de platina é utilizado, o alcino geralmente reage com 2 equivalentes de “H” produzindo um alcano. • Um composto que permite a hidrogenação de um alcino a um alceno é o composto boreto de níquel (Ni2B), chamado de catalisador P-2. Acetato de níquel Borohidreto de sódio Boreto de níquel 27 Reações de adição: Hidrogenação (H2) Alcinos hex-3-ino adição sin (Z)-hex-3-eno (cis-hex-3-eno) 97% • A hidrogenação de alcinos na presença do catalisador apropriado faz com que ocorra uma adição sin de “H”. O alceno formado tem configuração (Z) ou cis. H2, Pd/CaCO3 (catalisador de Lindlar) Pb(OAc)2, Quinolina (adição sin) 28 Reações de adição: Hidrogenação (H2) Alcinos • Uma adição anti de “H” à ligação tripla C–C: ocorre pelo tratamento com Li (lítio) ou Na (sódio) metálico em amônia (líquida) ou etilamina à baixas temperaturas. • Reação de redução por dissolução de metal: ocorre em solução e produz um alceno (E) ou trans. • O mecanismo envolve radicais livres. oct-4-ino (E)-oct-4-eno (trans-oct-4-eno) (52%)adição anti 29 Reações de adição: Hidrogenação (H2) Alcinos Exemplos: but-2-ino (E)-but-2-eno (trans-but-2-eno) adição anti Um átomo de Li doa um elétron para a ligação pi do alcino. Um par de elétron se desloca para um “C” quando o estado de transição muda para sp2. ânion radical radical vinílico O ânion radical se comporta como uma base e remove um H+ de uma molécula de etilamina. Um 2º átomo de Li doa um elétron para o radical vinílico. O ânion se comporta como uma base e remove um H+ de uma 2ª molécula de etilamina. radical vinílico ânion trans- vinílico trans- alceno 30 Reações de adição: Mecanismo da Hidrogenação (H2) Alcinos • Alcinos terminais são rapidamente convertidos em ânions alcinetos com bases fortes como NaNH2 e NaH. • Estes ânions são nucleófilos fortes, capazes de reagir com eletrófilos como haletos de alquila e epóxidos. nucleófilo eletrófilo 31 Reações: Alcinos terminais Alcinos 1. Reações de ânions alcinetos com haletos de alquila • Ânions alcinetos reagem com haletos de alquila gerando produtos de substituição nucleofílica. • Devido ser nucleófilo forte, o mecanismo de substituição nucleofílica é do tipo SN2, e a reação é muito rápida com CH3X e haletos de alquila 1 ários. •Método de obtenção de alcinos terminais ou internos estruturalmente diferentes dependendo da identidade do ânion alcineto. nucleófilo 32 Reações: Alcinos terminais Alcinos nucleófilo grupo de saída nova ligação C – C 33 Reações: Mecanismo de ânions alcinetos Alcinos • Quando se utiliza haletos de alquila 2ários ou 3ários: o ânion alcineto se comporta como uma base em vez de atuar como um nucleófilo, e o resultado principal é uma eliminação do tipo E2. 2-bromo-2-metilpropano (haleto 3ário) alceno (2-metilpropeno) alcino (etino) ânion brometo 34 Reações: Alcinos terminais Alcinos • Tratamento de Alcinos com ozônio seguido por ácido acético (H3C- COOH) ou com KMnO4 em meio básico seguido por ácido leva à quebra da ligação tripla C–C. • Os produtos formados são ácidos carboxílicos. 35 Reações de adição: Clivagem Oxidativa Alcinos
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