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Fichamento Paulo Lobo Capítulo I a IV Documentos do Google

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A concepção de FAMÍLIA sofreu grandes transformações, principalmente com o 
advento do Estado Social, século XX. 
 
A família patriarcal, que a legislação civil brasileira tomou como modelo, desde a Colônia, o 
Império e durante boa parte do século XX,entrou em crise (mudança de paradigma), 
culminando com sua derrocada, no plano jurídico, pelos valores introduzidos na 
Constituição de 1988. 
 
A família atual está matrizada na AFETIVIDADE, paradigma que explica sua função atual. 
Enquanto houver affectio haverá família, unida por laços de liberdade e responsabilidade, e 
desde que consolidada na simetria, na colaboração, na comunhão de vida. Afetividade é o 
triunfo da intimidade como valor, inclusive jurídico, da modernidade. 
 
A Declaração Universal dos Direitos do Homem, votada pela ONU em 10/12/48, assegura 
às pessoas humanas o direito de fundar uma família, estabelecendo o art. 16.3: “A família é 
o núcleo natural e fundamental da sociedade e tem direito à proteção da sociedade e do 
Estado”. (essa proteção é um direito subjetivo público, oponível ao próprio Estado e à 
sociedade) 
 
Duas conclusões a partir do exposto: 
a) família não é só aquela constituída pelo casamento, tendo direito todas as demais 
entidades familiares socialmente constituídas 
b) a família não é célula do Estado (domínio da política), mas da sociedade civil, não 
podendo o Estado tratá-la como parte sua. 
 
Para o direito, família é feita de duas estruturas associadas: 
- vínculos: vínculos de sangue, vínculos de direito e vínculos de afetividade. 
- grupos: a partir dos vínculos de família é que se compõem os diversos grupos que a 
integram: grupo conjugal, grupo parental (pais e filhos), grupos secundários (outros 
parentes e afins). 
 
As funções típicas da família patriarcal foram se perdendo: 
- “pode-se expressar o contraste de uma maneira mais clara dizendo que a unidade 
da antiga sociedade era a família como a da sociedade moderna é o indivíduo” 
- função econômica perdeu o sentido, pois a família não é mais unidade produtiva e 
nem seguro contra a velhice, o qual foi transferido à previdência social. Isso se deu 
por dois fatores a progressiva emancipação econômica, social e jurídica feminina e a 
drástica redução do número médio de filhos das entidades familiares. 
- função procracional: era fortemente ligada a religião, foi sendo desmentido através 
do tempo com o grande número de casais sem filhos, primazia da vida profissional. 
O direito contempla essas uniões familiares, para as quais a pro criação não é 
essencial. O favorecimento constitucional da adoção fortalece a natureza 
socioafetiva da família, para a qual a procriação não é imprescindível. Nessa direção 
encaminha-se a crescente aceitação da natureza familiar das uniões homossexuais. 
- A CF/88 deu mais ênfase ao aspecto pessoais do que para os patrimoniais das 
relações de família 
Destaques na CF/88: fortalecimento da família como união de afetos, igualdade entre 
homem e mulher, guarda de filhos, proteção da privacidade da família, proteção 
estatal das famílias carentes, aborto, controle de natalidade, paternidade responsável, 
liberdade quanto ao controle de natalidade, integridade física e moral dos membros 
da família, vida comunitária, regime legal das uniões estáveis, igualdade dos filhos de 
qualquer origem, responsabilidade social e moral pelos menores abandonados, 
facilidade legal para adoção. 
 
Na medida em que a família deixou de ser concebida como base do Estado para ser espaço 
de realizações existenciais, manifestou-se “uma tendência incoercível do indivíduo moderno 
de privatizar suas relações amorosas, afetivas, de rejeitar que sua esfera de intimidade 
esteja sob a tutela da sociedade, do Estado e, portanto, do direito”. As demandas são, 
pois, de mais autonomia e liberdade e menos intervenção estatal na vida privada , pois 
a legislação sobre família foi, historicamente, mais cristalizadora de desigualdades e menos 
emancipadora. 
 
Família para os romanos : chefe tinha sob suas ordens a mulher, os filhos e certo número 
de escravos, submetidos ao poder paterno romano, com direito de vida e morte sobre todos 
eles. Essa família seria baseada no domínio do homem , com expressa finalidade de 
procriar filhos de paternidade incontestável, inclusive para fins de sucessão. Foi a primeira 
forma de família fundada sobre condições não naturais, mas econômicas, resultando no 
triunfo da propriedade individual sobre a compropriedade espontânea primitiva. 
 
A restauração da primazia da pessoa, nas relações de família, na garantia da realização da 
afetividade, é a condição primeira de adequação do direito à realidade. Essa mudança de 
rumos é inevitável. 
 
A repersonalização das relações jurídicas de família é um processo que avança, notável 
em todos os povos ocidentais, revalorizando a dignidade humana, e tendo a pessoa como 
centro da tutela jurídica , antes obscurecida pela primazia dos interesses 
patrimoniais,nomeadamente durante a hegemonia do individualismo proprietário, que 
determinou o conteúdo das grandes codificações. Com bastante lucidez, a doutrina vem 
revelando esse aspecto pouco investigado dos fundamentos tradicionais do direito de 
família, a saber, o predomínio da patrimonial, que converte a pessoa humana em mero 
homo economicus. 
 
A repersonalização, é a afirmação da finalidade mais relevante da família: a realização 
da afetividade pela pessoa no grupo familiar; no humanismo que só se constrói na 
solidariedade — no viver com o outro. 
 
Família SocioAfetiva e Origem biológica: 
 
- O afeto é um fato social e psicológico . 
- O termo socioafetividade conquistou as mentes dos juristas brasileiros, justamente 
porque propicia enlaçar o fenômeno social com o fenômeno normativo. 
-Mas não é o afeto, enquanto fato anímico ou social, que interessa ao direito. O que 
interessa, como seu objeto próprio de conhecimento, são as relações sociais de natureza 
afetiva que engendram condutas suscetíveis de merecer a incidência de normas jurídicas. 
- De um lado há o fato social e de outro o fato jurídico, no qual o primeiro se converteu 
após a incidência da norma jurídica, a qual é o princípio jurídico da afetividade. 
-As relações familiares e de parentesco são socioafetivas, porque congrega o fato social 
(socio) e a incidência do princípio normativo (afetividade). 
 
A paternidade e a filiação socioafetiva são, fundamentalmente, jurídicas, 
Independentemente da origem biológica. Pode-se afirmar que toda paternidade é 
necessariamente socioafetiva, podendo ter origem biológica ou não biológica; em outras 
palavras, a paternidade socioafetiva é gênero do qual são espécies a paternidade biológica 
e a paternidade não biológica. Tradicionalmente, a situação comum é a presunção legal de 
que a criança nascida biologicamente dos pais que vivem unidos em casamento adquire o 
status jurídico de filho. Paternidade biológica aí seria igual a paternidade socioafetiva. Mas 
há outras hipóteses de paternidade que não derivam do fato biológico, quando este é 
sobrepujado por valores que o direito considera predominantes. 
 
A chamada verdade biológica nem sempre é adequada, pois a certeza absoluta da origem 
genética não é suficiente para fundamentar a filiação, especialmente quando esta já tiver 
sido constituída na convivência duradoura com pais socioafetivos (posse de estado) ou 
quando derivarda adoção. 
 
O biodireito depara-se com as consequências da dação anônima de sêmen humano ou de 
material genético feminino. Nenhuma conclusão da bioética aponta para atribuir a 
paternidade ao dador anônimo de sêmen. É princípio reconhecido universalmente que o 
mero dador de gametas não é juridicamente pai ou mãe, porque falta qualquer projeto de 
parentalidade. 
 
A igualdade entre filhos biológicos e não biológicos implodiu o fundamento da filiação na 
origem genética. A concepção de família, a partir de um único pai ou mãe e seus filhos, 
eleva-a à mesma dignidade da família matrimonial. O que há de comum nessa concepção 
plural de família e filiação é sua fundação na afetividade. 
 
CONSTITUCIONALIZAÇÃO DAS FAMÍLIAS E DE SEUS FUNDAMENTOS JURÍDICOS 
 
O modelo igualitário da família constitucionalizada contemporânea se contrapõe ao modelo 
autoritário do Código Civil anterior. O consenso, a solidariedade, o respeito à dignidade das 
pessoas que a integram são os fundamentos dessa imensa mudança paradigmática que 
inspiraram o marco regulatório estampado nos arts. 226 a 230 da Constituição de 1988. 
 
A Constituição brasileira inovou, reconhecendo não apenas a entidade matrimonial mas 
também outras duas explicitamente (união estável e entidade monoparental), além de 
permitir a interpretação extensiva, de modo a incluir as demais entidades implícitas. 
 
As Constituições brasileiras reproduzem as fases históricas que o país viveu, em relação à 
família, no trânsito do Estado liberal para o Estado social: 
- As Constituições de 1824 e 1891 são marcadamente liberais e individualistas, não 
tutelando as relações familiares. 
- Constituições do Estado social brasileiro (de 1934 a 1988) democrático ou autoritário 
destinaram à família normas explícitas. 
- CF de 1934: dedica todo um capítulo à família, aparecendo pela primeira vez a 
referência expressa à proteção especial do Estado, que será repetida nas 
constituições subsequentes. 
- CF de 1937 (autoritária): a educação surge como dever dos pais, os filhos naturais 
são equiparados aos legítimos e o Estado assume a tutela das crianças em caso de 
abandono pelos pais. 
- CF de 1946 estimula a prole numerosa e assegura assistência à maternidade, à 
infância e à adolescência 
- O Estado social, desenvolvido ao longo do século XX, caracterizou-se pela 
intervenção nas relações privadas e no controle dos poderes econômicos, tendo por 
fito a proteção dos mais fracos. Sua nota dominante é a solidariedade social ou a 
promoção da justiça social. 
- A Constituição de 1988: 
● proclama que a família é a base da sociedade. Aí reside a principal limitação ao 
Estado. A família não pode ser impunemente violada pelo Estado, porque seria 
atingida a base da sociedade a que serve o próprio Estado. A exceção se dá quando 
envolvem interesses públicos, eis que estes sempre se vão se sobrepor aos 
individuas. Ex: é de interesse público que que as crianças sejam alfabetizadas e 
tenham educação básica, obrigatoriamente;é de interesse público que seja 
eliminada a repressão e a violência dentro da família. 
● A Constituição de 1988 expande a proteção do Estado à família, promovendo a mais 
profunda transformação de que se tem notícia, entre as constituições mais recentes 
de outros países. 
- Alguns aspectos merecem ser salientados: 
a) a proteção do Estado alcança qualquer entidade familiar, sem restrições; 
b) a família, entendida como entidade, assume claramente a posição de sujeito de direitos e 
obrigações; 
c) os interesses das pessoas humanas, integrantes da família, recebem primazia sobre os 
interesses patrimonializantes; 
d) a natureza socioafetiva da filiação torna-se gênero, abrangente das espécies biológica e 
não biológica; 
e) consuma-se a igualdade entre os gêneros e entre os filhos; 
f) reafirma-se a liberdade de constituir, manter e extinguir entidade familiar e a liberdade de 
planejamento familiar, sem imposição estatal; 
g) a família configura-se no espaço de realização pessoal e da dignidade humana de seus 
membros. 
 
 
 
- DIREITO DE FAMÍLIA: CONTEÚDO E ABRANGÊNCIA 
 
A partir da Constituição de 1988 essa distribuição das matérias do direito de família, que 
gravitava em torno do matrimônio como seu principal protagonista e da legitimidade como 
principal elemento de discrime, perdeu consistência. Antes mesmo da Constituição, 
algumas áreas integradas ao direito de família se autonomizaram em legislação própria, a 
exemplo dos direitos da criança, dos direitos da mulher (principalmente da mulher casada), 
do reconhecimento da paternidade, do divórcio. Microssistemas jurídicos foram 
desenvolvidos, com a incidência concorrente de vários ramos do direito sobre a mesma 
situação jurídica de natureza familiar. 
 
O direito de família brasileiro abrange as seguintes matérias: 
a) o direito das entidades familiares, que diz respeito ao matrimônio e aos demais arranjos 
familiares, sem discriminação; 
b) o direito parental, relativo às situações e relações jurídicas de paternidade, maternidade, 
filiação e parentesco; 
c) o direito patrimonial familiar, relativo aos regimes de bens entre cônjuges e 
companheiros, ao direito alimentar, à administração dos bens dos filhos e ao bem de 
família; 
d) o direito tutelar, relativo à guarda, à tutela e à curatela. 
 
A família gera, em relação a cada um de seus membros, o chamado estado de família, que 
é concebido como um atributo da pessoa humana, que engendra direitos subjetivos 
exercitáveis. Quem não está investido no estado de família tem ação para obtê-lo (ação de 
estado), a exemplo do reconhecimento forçado do estado de filiação (ou investigação da 
paternidade ou maternidade). 
 
EVOLUÇÃO DO DIREITO DE FAMILIA 
 
3 grandes períodos: 
 I — do direito de família religioso, ou do direito canônico, que perdurou 
por quase quatrocentos anos, que abrange a Colônia e o Império (1500- 
1889), de predomínio do modelo patriarcal; 
- modelo normativo, no qual o Estado abria mão de regular a vida privada de seus 
cidadãos em benefício de uma organização religiosa, não se alterou com a 
proclamação da Independência, apesar de a Constituição de 1824 ser inspirada 
pelos ideais iluministas e liberais da Revolução Francesa 
 
II — do direito de família laico, instituído com o advento da República 
(1889) e que perdurou até a Constituição de 1988, de redução progressiva 
do modelo patriarcal;11 
- Um dos primeiros atos da República, proclamada em 1889, foi a subtração 
da competência do direito canônico sobre as relações familiares, especialmente o 
matrimônio, que se tornaram seculares ou laicas. O casamento religioso ficou 
destituído de qualquer efeito civil. 
- a Lei n. 4.121/62, conhecida como Estatuto da Mulher Casada, que retirou a mulher 
casada da condição de subalternidade e discriminação em face do marido, 
particularmente da odiosa condição de relativamente incapaz; 
- a Lei n. 6.515/77, conhecida como Lei do Divórcio, que assegurou aos casais 
separados a possibilidade de reconstituí rem suas vidas, casando-se com 
outros parceiros, rompendo de uma vez a resistente reação da Igreja, além de 
ampliar o grau de igualdade de direitos dos filhos matrimoniais e 
extramatrimoniais.- 
 
III — do direito de família igualitário e solidário, instituído pela Constituição1 
de 1988. 
- Ao longo do século XX, até à Constituição de 1988, houve a progressiva 
redução do “quantum despótico” no direito de família brasileiro, ou das desigualdades que 
ele consagrava. A família patriarcal perdeu gradativamente sua consistência, na medida em 
que feneciam seus sustentáculos, a saber, o poder marital, o pátrio poder, a desigualdade 
entre os filhos, a exclusividade do matrimônio e o requisito de legitimidade. No campo 
legislativo, três grandes diplomas legais transformaram esse paradigma: a) a Lei n. 883/49, 
que permitiu o reconhecimento dos filhos ilegítimos e conferiu-lhes direitos até então 
vedados; b) a Lei n. 4.121/62, conhecida como Estatuto da Mulher Casada, que retirou a 
mulher casada da condição de subalternidade e discriminação em face do marido, 
particularmente da odiosa condição de relativamente incapaz; c) a Lei n. 6.515/77, 
conhecida como Lei do Divórcio, que assegurou aos casais separados a possibilidade de 
reconstituí rem suas vidas, casando-se com outros parceiros, rompendo de uma vez a 
resistente reação da Igreja, além de ampliar o grau de igualdade de direitos dos filhos 
matrimoniais e extramatrimoniais. 
 
 
TUTELA DA PRIVACIDADE: 
 
- A Constituição (art. 5º, X) elevou a preservação da privacidade, notadamente da 
intimidade, da vida privada, da honra e da imagem das pessoas humanas, ao status de 
direitos fundamentais invioláveis. A família é o espaço por excelência da privacidade. 
- O redimensionamento do papel da família, na sociedade atual, aponta para um “retorno ao 
privado. 
- A nova redação do § 6º do art. 226 da Constituição, em 2010, ao suprimir qualquer 
referência à causa, culposa ou não, para a realização ou concessão do divórcio, deu ao 
direito de família menor intervenção estatal na vida privada e maior respeito à autonomia 
das pessoas. 
- Lei n. 11.441/2007, contribuiu nesse sentido, pois dispensa-se, nessa hipótese, o processo 
judicial, permitindo aos cônjuges, no exercício pleno de suas autonomias e desejos, que 
celebrem o divórcio mediante escritura pública. 
 
 
 
 
PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS APLICÁVEIS AO DIREITO DE FAMÍLIA 
 
- Os princípios não oferecem solução única, tudo ou nada, mas permitem a adaptação 
do direito a evolução da sociedade. Podem ser expressos ou implícitos. 
 
PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS: 
1) dignidade da pessoa humana; 
2) solidariedade; 
PRINCÍPIOS GERAIS: 
3) igualdade; 
4) liberdade; 
5) afetividade; 
6) convivência familiar; 
7) melhor interesse da criança. 
A Constituição, e, consequentemente, 
 
1) Dignidade da pessoa humana (Art. 1º, III, CF) 
 
- A dignidade da pessoa humana é o núcleo existencial que é essencialmente comum a 
todas as pessoas humanas, impondo-se um dever geral de respeito, proteção e 
intocabilidade. 
- Kant, distingue aquilo que tem preço, é pecuniário, daquilo que é inestimável, do que é 
indisponível, do que não pode ser objeto de troca. Assim, viola o princípio da dignidade da 
pessoa humana todo ato, conduta ou atitude que coisifique a pessoa, ou seja, que a 
equipare a uma coisa disponível, ou a um objeto. 
- Não é um direito oponível apenas ao Estado, à sociedade ou a estranhos, mas a cada 
membro da própria família. É uma espetacular mudança de paradigmas. 
- Desde a colonização portuguesa, a família brasileira, estruturada sob o modelo de 
submissão ao poder marital e ao poder paterno de seu chefe, não era o âmbito adequado 
de concretização da dignidade das pessoas. Somente nas últimas décadas do século XX, 
nomeadamente com o advento do Estatuto da Mulher Casada de 1962, da Lei do Divórcio 
de 1977 e da Constituição de 1988, houve um giro substancial, no sentido de emancipação 
e revelação dos valores pessoais. 
- Atualmente, a família converteu-se em locus de realização existencial de cada um de 
seus membros e de espaço preferencial de afirmação de suas dignidades. 
- A família, tutelada pela Constituição, está funcionalizada ao desenvolvimento da 
dignidade das pessoas humanas que a integram. A entidade familiar não é tutelada 
para si, senão como instrumento de realização existencial de seus membros. 
- arts. 226, § 7º; 227, caput, e 230, CF. Art. 3º, 4º, 15º e 18º , ECA. O CC, apesar de não 
fazer alusão expressa ao princípio, deve seguí-lo, tendo em vista a primazia ca CF. 
- No sistema jurídico brasileiro, o princípio da dignidade da pessoa humana está 
indissoluvelmente ligado ao princípio da solidariedade. 
 
 
 
 
2) Princípio da Solidariedade Familiar (Art. 3º, I, CF): 
 
- A solidariedade do núcleo familiar deve entender-se como solidariedade recíproca 
dos cônjuges e companheiros, principalmente quanto à assistência moral e material. 
A solidariedade em relação aos filhos (ECA, art. 4º) responde à exigência da pessoa 
de ser cuidada até atingir a idade adulta, isto é, de ser mantida, instruída e educada 
para sua plena formação social. 
- Para o desenvolvimento da personalidade individual é imprescindível o adimplemento dos 
deveres inderrogáveis de solidariedade, que implicam condicionamentos e comportamentos 
interindividuais realizados num contexto social. 
- O princípio jurídico da solidariedade resulta da superação do individualismo 
jurídico. 
- No mundo contemporâneo, busca-se o equilíbrio entre os espaços privados e públicos e a 
interação necessária entre os sujeitos, despontando a solidariedade como elemento 
conformador dos direitos subjetivos. 
- A solidariedade, no direito brasileiro, apenas após a Constituição de 1988 inscreveu- 
-se como princípio jurídico, arts. 226, 227 e 230, CF. 
- Normas do CC: Art. 1513; Art. 1618 (adoção); Art. 1630 (poder familiar); Art. 1566 e 1567 
(colaboração dos cônjuges na direção da família e mútua assistência); Art. 1568( os 
cônjuges são obrigados a concorrer, na proporção de seus bens para o sustento da família); 
Art. 1694 (dever de prestar alimentos); 
- O cuidado, sob o ponto de vista do direito, recebe a força subjacente do princípio da 
solidariedade, como expressão particularizada desta. 
 
3) Princípio da Igualdade (art. 5º, I, da Constituição): 
 
- Nenhum princípio da Constituição provocou tão profunda transformação do direito 
de família quanto o da igualdade entre homem e mulher, entre filhos e entre entidades 
familiares. O princípio geral da igualdade de gêneros foi igualmente elevado ao status 
de direito fundamental oponível aos poderes políticos e privados 
- Após a Constituição de 1988, que igualou de modo total os cônjuges entre si, os 
companheiros entre si, os companheiros aos cônjuges, os filhos de qualquer origem 
familiar, além dos não biológicos aos biológicos 
- §5º, Art. 226 e §6º Art. 227 
- O princípio da igualdade, como os demais princípios, constitucionais ou gerais, não 
é de aplicabilidade absoluta, ou seja, admite limitações que não violem seu núcleo 
essencial. 
 
4) Princípio da Liberdade: 
 
O princípio da liberdade diz respeito ao livre poder de escolha ou autonomia de constituição, 
realização e extinção de entidade familiar, sem imposição ou restrições externas de 
parentes, da sociedade ou do legislador; à livre aquisição e administração do patrimônio 
familiar; ao livre planejamento familiar;à livre definição dos modelos educacionais, dos 
valores culturais e religiosos; à livre formação dos filhos, desde que respeitadas suas 
dignidades como pessoas humanas; à liberdade de agir, assentada no respeito à 
integridade física, mental e moral. 
- substituindo o autoritarismo da família tradicional por um modelo que realiza com mais 
intensidade a democracia familiar. Em 1962 o Estatuto da Mulher Casada emancipou-a 
quase que totalmente do poder marital. Em 1977 a Lei do Divórcio (após a respectiva 
emenda constitucional) emancipou os casais da indissolubilidade do casamento, permitindo- 
lhes constituir novas famílias. Mas somente a Constituição de 1988 retirou definitivamente 
das sombras da exclusão e dos impedimentos legais as entidades não matrimoniais, os 
filhos ilegítimos, enfim, a liberdade de escolher o projeto de vida familiar, em maior espaço 
para exercício das escolhas afetivas. O princípio da liberdade, portanto, está visceralmente 
ligado ao da igualdade. 
- Na Constituição brasileira e nas leis atuais o princípio da liberdade na família apresenta 
duas vertentes essenciais: liberdade da entidade familiar, diante do Estado e da sociedade, 
e liberdade de cada membro diante dos outros membros e da própria entidade familiar. 
- Art. 226, §7º, CF; Art. 1614, CC; Art. 1597, V, CC. 
 
 
5) Princípio da Afetividade (Art. 1593, CC): 
 
- é o princípio que fundamenta o direito de família na estabilidade das relações socioafetivas 
e na comunhão de vida, com primazia sobre as considerações de caráter patrimonial ou 
biológico 
- princípio da afetividade especializa, no âmbito familiar, os princípios constitucionais 
fundamentais da dignidade da pessoa humana (art. 1º, III) e da solidariedade (art. 3º, I), e 
entrelaça-se com os princípios da convivência familiar e da igualdade entre cônjuges, 
companheiros e filhos, que ressaltam a natureza cultural e não exclusivamente biológica da 
família. A evolução da família “expressa a passagem do fato natural da consanguinidade 
para o fato cultural da afinidade”70 (este no sentido de afetividade). 
- O princípio jurídico da afetividade faz despontar a igualdade entre irmãos biológicos e 
adotivos e o respeito a seus direitos fundamentais, além do forte sentimento de 
solidariedade recíproca, que não pode ser perturbada pelo prevalecimento de interesses 
patrimoniais. 
 
a) todos os filhos são iguais, independentemente de sua origem (art. 227, § 6º); 
b) a adoção, como escolha afetiva, alçou-se integralmente ao plano da igualdade de 
direitos (art. 227, §§ 5º e 6º); 
c) a comunidade formada por qualquer dos pais e seus descendentes, incluindo-se os 
adotivos, tem a mesma dignidade de família constitucionalmente protegida (art. 226, § 
4º); 
d) a convivência familiar (e não a origem biológica) é prioridade absoluta assegurada 
à criança e ao adolescente (art. 227). 
 
- O princípio jurídico da afetividade entre pais e filhos apenas deixa de incidir com o 
falecimento de um dos sujeitos ou se houver perda do poder familiar. 
 
- O dever jurídico de afetividade é oponível a pais e filhos e aos parentes entre si, em 
caráter permanente, independentemente dos sentimentos que nutram entre si, e aos 
cônjuges e companheiros enquanto perdurar a convivência. 
- No caso dos cônjuges e companheiros, o dever de assistência, que é desdobramento do 
princípio jurídico da afetividade (e do princípio fundamental da solidariedade que perpassa 
ambos), pode projetar seus efeitos para além da convivência, como a prestação de 
alimentos e o dever de segredo sobre a intimidade e a vida privada. 
- Concepção revolucionária da família como lugar de realização dos afetos, na sociedade 
laica 
- A força da afetividade reside exatamente nessa aparente fragilidade, pois é o único elo 
que mantém pessoas unidas nas relações familiares. 
 
 
6) Princípio da convivência familiar (Art. 227, CF e 1513, CC): 
 
- A convivência familiar é a relação afetiva diuturna e duradoura entretecida pelas pessoas 
que compõem o grupo familiar, em virtude de laços de parentesco ou não, no ambiente 
comum. Supõe o espaço físico, a casa, o lar, a moradia, mas não necessariamente, pois as 
atuais condições de vida e o mundo do trabalho provocam separações dos membros da 
família no espaço físico, mas sem perda da referência ao ambiente comum, tido como 
pertença de todos. É o ninho no qual as pessoas se sentem recíproca e solidariamente 
acolhidas e protegidas, especialmente as crianças. 
- no caso de pais separados, a criança tem direito de “manter regularmente relações 
pessoais e contato direto com ambos, a menos que isso seja contrário ao interesse maior 
da criança. 
- O direito à convivência familiar, tutelado pelo princípio e por regras jurídicas específicas, 
particularmente no que respeita à criança e ao adolescente, é dirigido à família e a cada 
membro dela, além de ao Estado e à sociedade como um todo. 
- O direito à convivência familiar não se esgota na chamada família nuclear, composta 
apenas pelos pais e filhos. O Poder Judiciário, em caso de conflito, deve levar em conta a 
abrangência da família considerada em cada comunidade, de acordo com seus valores e 
costumes. Na maioria das comunidades brasileiras, entende-se como natural a convivência 
com os avós e, em muitos locais, com os tios, todos integrando um grande ambiente familiar 
solidário. Consequentemente têm igualmente fundamento no princípio da convivência 
familiar as decisões judiciais que asseguram aos avós o direito de visita a seus netos. 
 
 
7) Princípio do melhor interesse da criança (Art. 4º e 6º, ECA ; Art. 227, CF ) 
 
- Deve ter seus interesses tratados com prioridade, pelo Estado, pela sociedade e pela 
família, tanto na elaboração quanto na aplicação dos direitos que lhe digam respeito, 
notadamente nas relações familiares, como pessoa em desenvolvimento e dotada de 
dignidade. 
- O princípio parte da concepção de ser a criança e o adolescente como sujeitos de 
direitos, como pessoas em condição peculiar de desenvolvimento. 
- O princípio do melhor interesse ilumina a investigação das paternidades e filiações 
socioafetivas. O juiz deve sempre, na colisão da verdade biológica com a verdade 
socioafetiva, apurar qual delas contempla o melhor interesse dos filhos, em cada 
caso, tendo em conta a pessoa em formação 
- O princípio não é uma recomendação ética, mas diretriz determinante nas relações da 
criança e do adolescente com seus pais, com sua família, com a sociedade e com o Estado. 
“critério significativo na decisão e na aplicação da lei”, tutelando-se os filhos como seres 
prioritários. 
 
 
 
ENTIDADES FAMILIARES: 
 
A liberdade do núcleo familiar deve ser entendida como “liberdade do sujeito de 
constituir a família segundo a própria escolha e como liberdade de nela desenvolver a 
própria personalidade. 
 
 
 
decisões do STJ reconhecendo entidade familiar até entre 3 pessoas; 
- opinião majoritária da doutrina brasileira é do não reconhecimento da entidade 
familiar entre 3 pessoas. 
 
casamento entre homem e mulher é a entidade familiar tradicional 
 
uniões estáveis - são reconhecidas e plenamente possíveis, mas do ponto de vistapatrimonial, sucessória, há menos segurança jurídica do que quando há o casamento, que 
garante mais segurança . 
 
 
ENTIDADES FAMILIARES: 
a) homem e mulher, com vínculo de casamento, com filhos biológicos; 
b) homem e mulher, com vínculo de casamento, com filhos biológicos 
e filhos não biológicos, ou somente com filhos não biológicos; 
c) homem e mulher, sem casamento, com filhos biológicos (união estável); 
d) homem e mulher, sem casamento, com filhos biológicos e não biológicos 
ou apenas não biológicos (união estável); 
e) pai ou mãe e filhos biológicos (entidade monoparental); 
- independente da causa da constituição da entidade monoparental os efeitos 
jurídicos são os mesmos, notadamente quanto ao poder familiar e ao estado de 
filiação. 
- há expressivo número dessas entidades familiares na realidade brasileira atual. 
- número de mães nessa situação é predominante, a provável justificativa é a de que 
para os pais há grande possibilidade de constituir novas uniões com outras mulheres 
- a família monoparental não tem estatuto jurídico próprio, como o casamento e a 
união estável, as regras de direito de família que lhe são aplicáveis são as de 
relação de parentesco, principalmente sobre o poder familiar e estado de filiação 
- quando os filhos atingem a maioridade ou se emancipam, deixa de existir o poder 
familiar, restando apenas as relações de parentesco.inclusive quando ao direito de 
alimentos e à impenhorabilidade do bem de família. 
- no caso de morte do genitor da família monoparental, esta desaparece, ainda que se 
tenha designado tutor ou curador aos filhos. 
- também desaparece quando os filhos constituírem novas famílias, ficando o genitor 
só (celibatário) 
f) pai ou mãe e filhos biológicos e adotivos ou apenas adotivos (entidade 
monoparental); 
------------------------------------------> EXPLÍCITOS NA CF, §§ DO ART. 226. 
g) união de parentes e pessoas que convivem em interdependência afetiva, 
sem pai ou mãe que a chefie, como no caso de grupo de irmãos, após falecimento 
ou abandono dos pais, ou de avós e netos, ou de tios e sobrinhos; 
h) pessoas sem laços de parentesco que passam a conviver em caráter 
permanente, com laços de afetividade e de ajuda mútua, sem finalidade sexual 
ou econômica (abstrair a questão afetivo sexual( 
i) uniões homossexuais, de caráter afetivo e sexual; 
j) uniões concubinárias(união de duas pessoas que tem impedimento para casar), quando 
houver impedimento para casar de um ou de ambos companheiros, com ou sem filhos; 
- Acontece muitas vezes das pessoas se separarem de fato, e mesmo sem haver 
separação judicial, mantém uma união estável com outra pessoa. Acontece também 
de haver várias famílias. 
- Há tutela dessas entidades familiares, para que se proteja todos os integrantes da 
família, mesmo que fora do casamento. 
- CC, art. 1727 - exclui da qualificação de união estável, sem atribuir-lhe a natureza de 
entidade familiar. 
k) comunidade afetiva formada com “filhos de criação”, segundo generosa 
e solidária tradição brasileira, sem laços de filiação natural ou adotiva 
regular, incluindo, nas famílias recompostas, as relações constituídas entre 
padrastos e madrastas e respectivos enteados, quando se realizam os requisitos 
da posse de estado de filiação (é a proteção daquela pessoas que se desenvolve 
enxergando uma figura materna ou paterna, mesmo que não seja biológica). . 
 
------------------------------------------> IMPLÍCITOS 
 
Canotilho, sobre as normas constitucionais aplicáveis às entidades familiares implícitas, na 
dúvida deve preferir-se a interpretação que reconheça maior eficácia à norma 
constitucional. 
A discriminação é apenas admitida quando expressamente prevista na Constituição. Se ela 
não discrimina, o intérprete ou o legislador infraconstitucional não o podem fazer. 
 
 
 
 
REQUISITOS GERAIS PARA QUE SE CONSIDERE ENTIDADE FAMILIAR: 
 
a) afetividade , como fundamento e finalidade da entidade, com desconsideração do móvel 
econômico e escopo indiscutível de constituição de família; 
 
b) estabilidade , excluindo-se os relacionamentos casuais, episódicos ou 
descomprometidos, sem comunhão de vida (deixa de ir fazer uma viagem longa por causa 
da pessoa, ou leva ela junto) ; 
- namoros não são considerados união estável) 
 
c) convivência pública e ostensiva, o que pressupõe uma unidade familiar que se apresente 
assim publicamente. (ostensividade) 
- Família não é uma entidade clandestina (sem cumplicidade, caso de pessoas 
casadas que tem uma relação extraconjugal há muitos anos, e ninguém sabe desta 
“amante”, aí não há entidade familiar) 
 
Caput do artigo 226, CF é a cláusula geral de inclusão , não sendo possível excluir 
qualquer entidade que preencha os requisitos de afetividade, estabilidade e ostensividade. 
 
Cada entidade familiar submete-se a estatuto jurídico próprio, em virtude dos requisitos de 
constituição e efeitos específicos, não estando uma equiparada ou condicionada aos 
requisitos da outra . Quando a legislação infraconstitucional não cuida de determinada 
entidade familiar, ela é regida pelos princípios e regras constitucionais, pelas regras e 
princípios gerais do direito de família aplicáveis e pela contemplação de suas 
especificidades. 
 
O que unifica as entidades familiares é a função de espaço de afetividade e da tutela da 
realização da personalidade das pessoas que as integram; em outras palavras, um lugar 
dos afetos, da formação social onde se pode nascer, ser, amadurecer e desenvolver os 
valores da pessoa. 
 
INADEQUAÇÃO DA SÚMULA 380, STJ - contém um insuperável defeito de origem, pois 
considera as relações afetivas como relações exclusivamente patrimoniais. 
 
FAMÍLIA RECOMPOSTAS: PADRASTOS, MADRASTAS, ENTEADOS : 
 
- as famílias recompostas assim entendidas as que se constituem entre um cônjuge 
ou companheiro e os filhos do outro, vindos de relacionamento anterior. 
- De um lado há os problemas decorrentes da convivência familiar e de outro a 
superposição de papéis parentais — o do outro pai ou da outra mãe e o do padrasto ou 
madrasta sobre a mesma criança ou adolescente. 
 
- Art. 1595: o enteado é parente em linha reta do outro cônjuge ou companheiro, e este 
parentesco por afinidade não se extingue com a dissolução do casamento ou da união 
estável. 
- Divórcio não faz cessar o poder familiar — salvo a guarda, quando esta é unilateral — do 
pai ou da mãe que não ficou com a guarda do filho, podendo fiscalizar sua educação e 
manutenção (art. 1.589 do Código Civil), podendo tê-lo em sua companhia e visitá-lo. 
- A guarda compartilhada é preferencial ( lei. 11698/08) 
- Art. 1521 - irmãos afins. 
- A relação entre padrasto ou madrasta e enteado configura vínculo de parentalidade 
singular, permitindo- se àqueles contribuir para o exercício do poder familiar do cônjuge ou 
companheiro sobre o filho/enteado, uma vez que a direção da família é conjunta dos 
cônjuges ou companheiros, em face das crianças e adolescentes que a integram. 
- Ao padrasto devem ser reconhecidas decisões e situações no interesse do filho/enteado, 
tais como em matéria educacional, legitimidade processual para defesa do menor, direito 
de visita em caso de divórcio, preferência para adoção, cuidados com a saúde, atividades 
sociais e de lazer, corresponsabilidade civil por danos cometidos pelo enteado, nomeação 
do enteado como beneficiário de seguros e planos de saúde etc 
- O enteado ou a enteada, havendo motivo razoável, poderá requerer aojuiz de registros 
públicos que, no registro de nascimento, seja averbado o sobrenome de seu padrasto ou 
madrasta 
- STJ reconheceu a legitimidade de padrasto para pedir a destituição do poder familiar, em 
face do pai biológico, como medida preparatória para a adoção da criança, quando 
comprovada qualquer das causas de perda do poder familiar.

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