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Guia de Estudos da Unidade 1 Fundamentos da Educação

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Prévia do material em texto

Fundamentos da Educação UNIDADE 1
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
PROFESSOR COTEUDISTA: FRANCISCO MARCELO G. FERREIRA
INTRODUÇÃO
Caro aluno, o presente material pretende tecer uma reflexão didática a respeito da disciplina Fundamentos da Educação. Para tanto, como base para discussões, usaremos o livro texto que lhe foi entregue. É imprescindível a leitura integral do mesmo, pois é a partir dele que iniciaremos nosso diálogo no que diz respeito à disciplina. Neste guia veremos também qual a metodologia a ser utilizada para se chegar a um melhor entendimento sobre os Fundamentos, bem como os procedimentos a serem empregados.
A Unidade 1 trará uma visão inicial da relação entre Pedagogia e Educação. Primeiramente abor- dará uma análise conceitual dessas duas temáticas. Num segundo momento, realizar-se-á uma historicidade de como os conceitos de educação e pedagogia foram elaborados ao longo dos séculos. Por último, apontará as principais características e entraves desses dois conceitos, no momento em que ambos passaram a ser pensados cientificamente.
Enquanto recursos metodológicos utilizados para facilitar o auto-entendimento dos conteúdos abordados, além da leitura do livro texto, recomenda-se leituras externas que serão inseridas no corpus deste guia. Tais recomendações serão postas em forma de links, deixando claro que os textos linkados que não tiverem a nomenclatura “leitura complementar”, deverão ser lidos obrigatoriamente. Ainda com o objetivo de incrementar e aprofundar a leitura do livro texto serão utilizados recursos de vídeos, fotografias e outras formas de acesso ao conceitos trabalhados nesse guia.
COMPREENDENDO 
A
 
EDUCAÇÃO
Ao realizar-se a leitura do primeiro tópico do livro, você deve ter se deparado com o fato de que conceituar educação não é tarefa fácil. Esse conceito está constantemente sendo revisado e alte- rado de acordo com seus diferentes contextos históricos, relações sócias, econômicas, culturais e políticas, que influenciam constantemente as mudanças teóricas do conceito de educação. Nesse sentido, cabe a você, futuro pedagogo, o entendimento de que a educação não pode ser pensada no singular, ou seja, pensar a coexistência de educações e não educação é um primeiro passo para abrir-se o amplo leque de discussões que nos ajudará a entender de maneira aprofundada o fenômeno educacional.
 
 
 
1
No
 
Brasil,
 
ficou
 
legitimado
 
que
 
a
 
primeira
 
forma
 
de
 
educação
 
foi
 
a
 
catequista,
 
trazida
 
ao
 
País 
no
 
período
 
de
 
colonização
 
pelos
 
portugueses.
 
(Para
 
saber
 
um
 
pouco
 
mais
 
da
 
histórica
 
relação 
entre
 
educação
 
indígena,
 
leia
 
o
 
texto
 
a
 
seguir:
 
www.revista.art.br/site-numero-05
).
 
No 
entanto,
 
só
 
recentemente
 
se
 
passou
 
a
 
questionar
 
que,
 
antes
 
dos
 
portugueses
 
chegarem
 
aqui 
com
 
suas
 
crenças,
 
religiões
 
e
 
formas
 
de
 
educar,
 
os
 
povos
 
indígenas
 
de
 
nossa
 
nação
 
já
 
pos- 
suíam
 
anteriormente
 
uma
 
maneira
 
de
 
educar
 
seus
 
filhos
 
para
 
viver
 
em
 
sociedade.
 
Além
 
disso, para
 
terem
 
o
 
conhecimento
 
da
 
mata
 
(biologia),
 
possuíam
 
sua
 
própria
 
linguagem
 
(linguagens
 
e 
códigos),
 
fabricavam
 
seu
 
próprio
 
artesanato
 
(arte
 
e
 
educação),
 
dentre
 
outras
 
formas
 
de
 
aqui- 
sição
 
de
 
conhecimento
 
que
 
não
 
foram
 
valorizados
 
na
 
época
 
de
 
1500.
Assim como no Brasil, a cultura e educação nos índios americanos (educação não-formal) não foi valorizada. Em uma determinada época, uma série de acordos e tratados de paz do Estado americano com os indígenas fez com que os governantes o convidassem a enviar seus filhos para estudos nas escolas dos homens brancos (escola formal). Eis a resposta dada em uma carta pelos indígenas:
“(...) Nós estamos convencidos, portanto, que os senhores desejam o bem para nós e agra- decemos de todo o coração. Mas aqueles que são sábios reconhecem que, diferentes nações têm concepções diferentes das coisas e, sendo assim, os senhores não ficaram ofendidos ao saber que a vossa ideia de educação não é a mesma que a nossa. Muitos dos nossos bra- vos guerreiros foram formados nas escolas do Norte e aprenderam toda a vossa ciência. Mas quando eles voltaram para nós, eles eram maus corredores, ignorantes da vida da floresta e in- capazes de suportarem o frio e a fome. Não
sabiam como caçar o veado, matar o inimigo e construir uma cabana, e falavam a nossa lín- gua muito mal. Eles eram, portanto, totalmente inúteis. Não serviam como guerreiros, como caçadores ou como conselheiros. Ficamos ex- tremamente agradecidos pela vossa oferta e, embora não possamos aceitá-la, para mos- trar a nossa gratidão oferecemos aos nobres senhores de Virgínia que nos enviem alguns dos seus jovens, que lhes ensinaremos tudo que sabemos e faremos deles, homens. (Fonte: Trecho extraído do blog História com Acento http://historiacomacento.blogspot.com.br/).
A presente carta serve para pensarmos a diversidade das formas de educação existentes em dife- rentes sociedades. Um exemplo claro dessa diversidade está na própria grade curricular do curso de pedagogia. Educação no Campo, Educação Indígena, Didática, Educação Urbana dentre outros, demonstram os anseios de diferentes “culturas educacionais”, tornando-se inviável pensarmos em uma educação única e universal. Além disso, é nítido as disputas de poder existentes entre os indivíduos para dizer qual a melhor forma de educar, qual é a melhor educação, a educação correta. Quando um estado americano convida os indígenas para terem a “sua educação”, está claro que por trás desse convite os mesmos queriam afirmar que educação formal americana é a melhor e mais bem preparada.
Tendo deixado posto que a educação deve ser fundamentada enquanto um conceito plural, con- textual e dinâmico, um segundo ponto para o entendimento do conceito de educação é a análise de sua historicidade, isto é, como o conceito de educação se desenvolveu ao longo dos séculos até os dias atuais.
Na
 
página
 
3
 
do
 
seu
 
livro
 
texto,
 
está
 
descrito
 
algo
 
que
 
é
 
um
 
consenso
 
entre
 
os
 
historia- 
dores
 
da
 
educação:
 
apesar
 
do
 
termo
 
educação
 
ter
 
sido
 
pensado
 
inicialmente
 
na
 
Grécia, 
a
 
história
 
da
 
educação
 
é
 
destacada
 
por
 
três
 
tradições
 
principais,
 
bem
 
como
 
seus
 
três
teóricos fundadores: 
Émile Durkheim
, 
Johann Friedrich Herbart 
e 
John Dewey
.
No Brasil, em especifico as teorias do francês Émille Durkheim e do americano Jonh Dewey, ganharam maior destaque, juntamente com suas concepções de “filosofia da educação” e uma “pedagogia mais democrática”, respectivamente.
Em síntese, dois aspectos são importantes para se reportar o conceito de educação. Primeiramente a importância desta enquanto formadora de lideranças, e num segundo momento a influência de outras ciências como a sociologia, a psicologia, dentre outras, no processo de formação desta ciência chamada educação. Nesse sentido, é impossível entender o conceito de educação através de uma forma abstrata, temos que entendê-la em suas relações sociais, suas relações de poder, seus contextos econômicos e formas de socialização. Toda sociedade só sobrevive a partir de um processo de ensino das ge- rações mais antigas sobre as mais novas, é nesse processo educativo que se cria o ser social.
Diante destas pontuações, resta-nos agora entender um pouco sobre uma ramificação do conceito de educação que é o de Pedagogia, tema do próximo tópico.
PEDAGOGIA E EDUCAÇÃO
O presente tópico não se distancia muito do anterior, quando falamos sobre educação, princi- palmente no que diz respeito a relação dafilosofia e sociologia enquanto disciplinas de suma importância para o desenvolvimento do conceito de educação e posteriormente da pedagogia. Como diriam os teóricos da sociologia, onde existe ação social, existe uma ação pedagógica, e, portanto, um principio educativo.
São inúmeros os exemplos de ações sociais que possuem como princípio a educação: Mulheres que são educadas por uma lógica feminista e que saem as ruas pedindo o direito de vestirem a roupa que quiserem, e não serem estupradas por isso; Pessoas ligadas a educação campesina que desbravam terras e as ocupam, uma vez que aquelas terras estavam obsoletas; A existência de muitos atentados terroristas em decorrência de um certo número de fiéis que distorcem ou não interpretam direito seus preceitos religiosos e acabam sendo educados a matar em nome de um Deus. Todos esses fatos são exemplos de como, através do ato educativo, pessoas agem, protestam e lutam quando possuem uma ideologia ou “utopia” em seu bojo. Válido salientar que esse segundo conceito é de suma importância para começarmos a entender a relação sociedade e educação (Recapitular o conceito nas páginas 4 e 5 do livro texto).
Mas você deve estar se perguntando: e o que todos esses exemplos acima relatados têm a ver com a pedagogia? Dentre os inúmeros conceitos adotados ao termo, o que mais se destaca e ao mesmo tempo responde esse questionamento, é que a pedagogia é uma ciência que possui um poder transformador, ou seja, ela consegue produzir uma consciência crítica no aluno. Diante deste pressuposto, estamos falando do poder que a ciência tem de colocar na mente das pessoas saberes e conhecimentos que a fazem agir racionalmente no mundo em que vivem, seja de forma individual ou coletivamente.
O vídeo a seguir, “Aprender a Aprender”, de 7m40s, de uma maneira metafórica colo- ca essa discussão em pauta: 
http://youtu.be/Pz4vQM_EmzI
. O vídeo trata da relação entre o artesão e o aprendiz, mostrando a importância do processo de aprendizagem e, acima de tudo, da reflexibilidade do aprender e da construção do conhecimento.Nesse sentido, em termos teóricos, diferentemente do conceito de educação, podemos falar em pedagogia no singular, mas quando vamos para o âmbito prático não temos pedagogia e sim pe- dagogias. Num passado bem distante, a função e objetivo do pedagogo era o de somente levar e inserir o indivíduo dentro do conhecimento. Atualmente a pedagogia não se refere a somente o conteúdo que é ensinado, mas as formas, os contextos e os meios em que se é ensinado. Em outras palavras, é pensar como uma pessoa tem acesso a um determinado conhecimento de modo a aproveitá-lo da melhor maneira possível.
Elencados os apontamentos acima, que dizem respeito ao poder que o conhecimento pedagógico tem sobre os indivíduos, cabe agora a você visualizar, de uma maneira sintética, o histórico de como o conceito de pedagogia foi fundamentado ao longo dos séculos até os temos pós-modernos. Ao iniciarmos uma abordagem histórica da pedagogia, Grécia e Roma são regiões que demarcam o início de toda tentativa de sistematização do conhecimento da educação. Claro que para ambas,
o conhecimento pedagógico era pontuado de maneira distinta, assim como sua função entre os indivíduos ou cidadãos também o era.
Na idade média, denominada de idade das trevas, intelectuais como 
Santo Agostinho 
e 
São Tomás
 
de Aquino 
, tomam as rédeas da importância da fundamentação pedagógica enquanto campo de conhecimento. Tempos depois, a ideia de educação pregada pelos catequistas ganha destaque
no
 
cenário
 
mundial
 
e
 
até
 
hoje
 
seguimos
 
determinados
 
precei- 
tos 
educacionais pregados 
ainda 
naquela 
época. 
Revoluções 
burguesas
 
como
 
a
 
Revolução
 
Francesa
 
e
 
a
 
Revolução
 
Indus- trial
 
pautam
 
a
 
ideia
 
da
 
necessidade
 
de
 
a
 
educação
 
ser
 
um
 
bem 
comum
 
a
 
todos
 
e
 
ao
 
mesmo
 
tempo
 
instrumento
 
de
 
poder.
 
Já 
nos
 
estados
 
modernos,
 
o
 
poder
 
da
 
educação
 
passa
 
a
 
ter
 
outra 
conotação.
 
O
 
mesmo
 
é
 
utilizado
 
para
 
ricos
 
serem
 
ensinados
 
a 
pensar
 
e
 
pobres
 
serem
 
ensinados
 
a
 
obedecer,
 
em
 
que
 
o
 
não 
acesso
 
a
 
educação
 
ou
 
o
 
seu
 
acesso,
 
causou
 
uma
 
série
 
de
 
hie- 
rarquias
 
com
 
danos
 
ainda
 
incalculáveis.
 
Com
 
o
 
fim
 
da
 
Segunda 
Guerra
 
Mundial,
 
a
 
Organização
 
das
 
Nações
 
Unidas
 
(ONU),
 
apre- 
goa
 
a
 
busca
 
por
 
uma
 
educação
 
universal,
 
mas
 
com
 
contorno 
muito
 
diferente
 
do
 
almejados
 
pela
 
Revolução
 
Francesa.
Fonte:
 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Tomás_de_Aquino
LEITURA COMPLEMENTAR!
No
 
livro
 
“O
 
Que
 
é
 
Educação?”
 
(
http://minhateca.com.br/amilcarodrigues/
)
 
Carlos
 
Ro- 
drigues
 
Brandão
 
se
 
questiona
 
sobre
 
quem
 
estabelece
 
os
 
ideais
 
e
 
princípios
 
da
 
educação
e
 
porque
 
a
 
educação
 
tem
 
que
 
ser
 
pensada
 
como
 
algo
 
ideal
 
ou
 
universal?
 
Para
 
Brandão,
 
é
 
um
 
erro, como
 
fez
 
a
 
Organização
 
das
 
Nações
 
Unidas
 
para
 
a
 
Educação,
 
Ciência
 
e
 
Cultura
 
(UNESCO),
 
querer 
estabelecer
 
o
 
preceito
 
da
 
necessidade
 
de
 
uma
 
educação
 
ideal
 
e
 
universal.
Para
 
ele,
 
a
 
educação
 
é
 
dialética.
 
Surge
 
e
 
sobrevive
 
desse
 
confronto
 
constante
 
de
 
uma
 
diversidade de
 
educações
 
com
 
funções
 
e
 
finalidades
 
diferentes.
 
(Sugiro
 
que
 
seja
 
feita
 
uma
 
releitura
 
do
 
con- ceito
 
de
 
dialética
 
nas
 
páginas
 
6
 
e
 
7
 
do
 
livro
 
texto,
 
e
 
página
 
37,
 
no
 
livro
 
de
 
Brandão
 
acima
 
citado).
Ao vermos a educação entrando em um movimento que se diz dialético, passamos a perceber a presença da pedagogia enquanto uma ciência que transforma a sociedade. Primeiramente abri- mos os nossos olhos e tomamos consciência de que vivemos em um modo de produção capitalista que produz uma educação classicista, em que de um lado educa pessoas para serem proletárias e outras para terem acesso a uma educação superior e galgar outras profissões mais privilegiadas.
É importante pontuar que em nossa sociedade isso se dá de uma maneira quase determinista, como demonstra a animação “Vida Maria”, de 8min14s:
http://youtu.be/T04jOLlL8EI
.
O
 
vídeo
 
apresenta
 
o
 
histórico
 
de
 
uma
 
família,
 
colocando
 
a
 
dificuldade
 
de
 
implementar-se
 
um
 
pro- 
cesso
 
educativo
 
em
 
um
 
contexto
 
em
 
que
 
as
 
disparidades
 
sociais
 
e
 
econômicas
 
se
 
sobressaem
 
a 
educação.
 
Num
 
segundo
 
momento,
 
uma
 
vez
 
tendo
 
a
 
consciência
 
de
 
que
 
o
 
sistema
 
escolar
 
é
 
CRIA- 
DO
 
e
 
CONTROLADO
 
por
 
um
 
sistema
 
político
 
dominante,
 
resta-nos
 
buscar
 
reinventar
 
a
 
educação, 
ou
 
seja,
 
buscar
 
redes
 
de
 
resistência
 
para
 
a
 
partir
 
da
 
educação
 
“virarmos
 
de
 
posição
 
“
 
na
 
busca 
por
 
uma
 
educação
 
menos
 
excludente,
 
que
 
tente
 
destruir
 
as
 
desigualdades
 
e
 
hierarquias
 
sociais.
PEDAGOGIA E CIÊNCIA
Tendo em vista que foi apresentada a você uma análise sintética dos principais pontos que envol- vem os conceitos de educação e pedagogia, cabe finalmente apresentar um arcabouço do proces- so de cientificidade da pedagogia, isto é, como ela passou a denominar-se ciência.
Primeiro é importante deixar claro que o termo pedagogia se refere a um campo de co- nhecimento “sobre “e na educação”, nesse sentido ela cuidade analisar de uma ma- neira externa a educação como um todo. Por outro lado, ela se torna interna, pois está lidando constantemente com a prática educativa. Diferentemente de outras ciências, não se sustenta somente na teoria, pois também é prática. O campo de conhecimento denominado didática do ensino demonstra bem esse fato.
Desde o seu surgimento, a pedagogia passou por diversos contextos. Essa diversidade fez com que ela se ampliasse em decorrência de uma intensa mudança de paradigmas (modelos teóricos). Foi essa mudança constante em suas teorias que fez a pedagogia constituir-se a partir de uma abor- dagem PLURAL, seja ela baseando-se no senso comum, na arte e estética, na ética, na política, dentro outros temas. O que é importante deixar claro para você é que a pedagogia se fundamenta como um campo de conhecimento teórico prático. Não ocorre, portanto, uma transferência pura e integral de teorias sistematizadas previamente, pois muitas vezes as teorias serão consequências da prática, do contato “tête à tête” com o aluno, com o saber, com o professor.
Outro fator que é importante ser colocado para se pensar a construção científica da pedagogia, é que a ampliação do entendimento do exercício da docência é de fundamental importância para a ampliação do conceito de pedagogia. Nesse sentido, ao invés de a teoria andar antes da prática, no caso do conhecimento pedagógico, a prática muitas vezes antecede a teoria. Na educação popular, por exemplo, disciplina que você irá estudar futuramente no curso de pedagogia, irás se deparar com algumas características que comprovam a afirmação acima. Características como aprender a partir do conhecimento do sujeito; ensinar por palavras ou temas geradores; a concep- ção de educação enquanto fonte de conhecimento e transformação social, bem como a educação enquanto algo político, nos impulsiona a ver a prática que se antecede a teoria, na maneira de educar.
Em minha experiência enquanto antropólogo poderia citar para você dois exemplos, que denotam e exemplificam o que acabei de falar. A primeira experiência foi ao visitar uma comunidade qui- lombola no município de São Bento do Una-PE, comunidade esta denominada Serrote do Grado. Ao observar reuniões com os membros da comunidade, a pedido do Instituto Nacional de Coloni- zação e Reforma Agrária (INCRA), visualizei o quão é intenso o poder de articulação das pessoas que lá vivem, e a importância que dão a educação, principalmente para o mais jovens, no sentido de verem nela uma maneira de resgatarem a sua identidade e memória, além de construírem um argumento firme, político e coeso enquanto membros de um único povo e assim defenderem seus direitos.
Algo parecido ocorreu no núcleo de capacitação dos membros do Movimento dos Trabalhadores sem Terras (MST), no município de Caruaru- PE, onde fui acompanhar minha professora, também antropóloga. Durante as discussões em palestras, falaram e elogiaram a importância de ter um intelectual da área de antropologia entre eles, e que com a voz da ciência compartilhava dos mesmos interesses que estavam pleiteando. Valido expor que o processo educativo da educação no campo (disciplina que verás também futuramente) é posto em prática o tempo todo, desde o plantio do fruto a ser servido no almoço até a escolha na pessoa que irá servir essa comida.
REPENSANDO
 
A 
EDUCAÇÃO,
 
REPENSANDO
 
A 
PEDAGOGIA
Qual o papel da educação? Qual o papel da pedagogia? Os presentes questionamentos sobrevoam essa primeira unidade como um todo. Nela vimos que para entendimento dos conceitos de edu- cação e pedagogia é necessário termos o entendimento do passado e do presente das mesmas,
para só depois criar hipóteses futuras. Seja na escola tradicional ou na escola moderna (temas das próximas unidades), a educação sempre aparece como um processo, e tal processo buscará sempre o desenvolvimento individual. Atualmente o processo educativo que dantes estava mais voltado para o desenvolvimento social, está agora voltado para o desenvolvimento político e ideológico. A esse respeito, proponho a leitura na íntegra do artigo do pedagogo Moacir Gadoth: “Perspectivas Atuais da Educação”, no http://www.scielo.br/pdf/spp/v14n2/9782.pdf .
Vimos também que a educação hoje está mais voltada para uma transformação cultural do que somente a sua transmissão. Estamos pensando aqui o que alguns teóricos chamam de “perspec- tiva emancipadora da educação”. Ou seja, a qualidade que a educação tem de negar os tempos de desigualdade social existentes entre as pessoas, e essa mesma educação que ajudou a legi- timar esse domínio de uns sobre os outros via acesso ou não acesso a educação de qualidade. Quando falamos em emancipar, estamos denotando subir degraus até então nunca escalados, seja enquanto negro, seja enquanto pobre, seja em quanto gay, deficiente ou mulher, via educa- ção. A educação, assim como a pedagogia, não só nos ensina a entender a ordem das coisas e da sociedade, como também nos ensina a dinâmica da prática social e junto a ela, determinadas estratégias para subverter a ordem e conquistarmos espaços de poder.
Nesse caso, cabe a sociologia e a outras ciências, que como dito anteriormente ajudaram a constru- ção do conhecimento pedagógico, darem subsí- dios para a produção constante de intelectuais e formadores resistirem, realizarem uma releitura, e, acima de tudo, “reinventar a educação”, como diria Paulo Freire (leia mais sobre Paulo Freire no http://pt.wikipedia.org/wiki/Paulo_Freire) .
Na sociologia e na antropologia, temos um objeto de estudo comum ao conhecimento pedagógico que é o indivíduo. O “outro”, como chamamos, é foco de estudo destas três ciências. Como se tra- tam de ciências buscam uma análise racional e objetiva. É um exercício constante para se chegar a um entendimento, digamos, mais neutro a respeito de algo tão próximo a nós e ao mesmo tempo tão diferente de nós mesmos que é o ser humano. O ser humano que é o outro, o outro que é seme- lhante, mas também é diferente. Para tentar sanar essa dificuldade, a antropologia, por exemplo, sugere pensar a relação da diferença dos seres humanos com base na metáfora do espelho. Ou seja, se você olhar para esse outro que é diferente de você como se estivesse olhando pra você mesmo, você estaria se colocando no lugar desse outro, e, portanto, saberia por que ele estaria agindo naquela forma e não de outro. É necessário também ter a clarividência de que para estudar o outro que é diferente, seja na pedagogia na sociologia ou antropologia, não necessariamente você precisa ser esse outro.
Em termo de exemplificação, a lógica da educação, junto com os movimentos sociais, demons- traram como está bem articulada na prática a questão da educação como busca por ideologias. O movimento agrário e campesino, os direitos feministas (¨Marcha das Vadias, por exemplo), a formação dos primeiros movimentos sociais no Brasil como Movimento Negro Unificado (MNU), o movimento LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transexuais), são exemplos de como a educação não é algo apartado do social. Não é a toa que a grande parte desses movimentos quando se tor- nam fortes, transforma-se em Organizações Não Governamentais (ONGs) no qual a educação é o pilar basilar para a existência dessas instituições
Outro ponto importante que assemelha os estudos pedagógicos aos sociológicos, é que ambos possuem um contato constante com seu objeto de estudo: o indivíduo (seja ele aluno, professor, coordenador etc). Esse contato cotidiano permite ao pesquisador ter os dados brutos na sua fren- te, a cada dia. Ao vermos os pormenores dos casos e das ações dos indivíduos ou sujeitos da pesquisa, se torna mais fácil apreender aquela realidade, uma vez que estamos mais perto dessas pessoas, diferentemente de se construir teorias a respeito de determinados fatos, baseando-se unicamente em uma hipótese científica, que é abstrata e acima de tudo teórica.
Encerramento
Vimos que conceituar educação é algo complexo, o objetivo do livro texto,bem como desse texto guia, foi deixar à você, aluno, uma visão preliminar do conceito de educação, que será mais de- senvolvido nas próximas unidades. Neles vimos às primeiras formas de coexistência de educação até o seu processo de legitimação nos tempos mais recentes. Dada essa discussão, pudemos compreender a pluralidade do processo educativo assim como a educação foi se encaixando ao conceito de ciência ao longo dos tempos.
PARA RESUMIR!
A 
tríade 
professor-aluno-saber resumiria, portanto 
a 
atividade educativa
 
nos 
tempos
 
modernos.
 
Junto
 
a
 
essa
 
tríade
 
existe
 
também
 
uma
 
série
 
de
 
conceitos,
 
alguns
 
deles
 
tra-
 
balhados
 
aqui
 
nessa
 
disciplina,
 
que
 
são
 
essenciais
 
para
 
o
 
melhor
 
entendimento
 
do
 
fenômeno
 
educacional 
e 
pedagógico: cidadania, utopia, dialética, globalização,
 
transdisciplinaridade,
 
den-
 
tre
 
outros.
 
Quando
 
falamos
 
em
 
pedagogia,
 
estamos
 
nos
 
referindo
 
aos
 
meios
 
de
 
ensino,
 
metodo-
 
logias
 
e
 
procedimentos
 
para
 
que
 
alguém
 
tenha
 
acesso
 
a
 
um
 
determinado
 
conhecimento.
 
É
 
notório
 
ressaltar
 
também
 
que
 
durante
 
muito
 
tempo
 
essa
 
característica
 
da
 
pedagogia
 
foi
 
criticada.
 
Para
 
outras
 
ciências,
 
a
 
pedagogia
 
só
 
se
 
preocupava
 
com
 
as
 
formas
 
“do
 
pensar”
 
e
 
“do
 
ensinar”,
 
e
 
não
 
levavam
 
em
 
consideração
 
a
 
força
 
dos
 
conteúdos.
 
Essa
 
crítica
 
serviu
 
e
 
serve
 
atualmente
 
para
 
os
 
próprios
 
pedagogos
 
fazerem
 
uma
 
autocrítica
 
da
 
sua
 
atuação
 
no
 
campo
 
de
 
trabalho,
 
bem
 
como
 
do
 
seu
 
processo
 
de
 
formação
 
acadêmica,
 
uma
 
vez
 
que
 
temos
 
exemplos
 
de
 
pedagogos
 
que
 
discutem
 
a
 
questão
 
do
 
ensino
 
da
 
matemática,
 
mas
 
não
 
conseguem
 
racionalizar
 
tarefas
 
simples
 
de
 
cálculo,
pois houve um déficit em sua formação.
Contudo, a disciplina e prática pedagógica vêm sendo modificada e reavaliada constantemente, assim como as outras ciências. Todas passam por mudanças de modelos teóricos e muitas vezes
alguns acabam se sobrepondo aos outros. Na pedagogia isso não poderia ser diferente. O mais importante a ser destacado na área é a presença e importância de se pensar o social, mesmo com as mudanças de paradigmas o foco ainda continua sendo esse. A partir dele, e de seus diver- sos contextos e ações sociais, a pedagogia se modela e se modifica. É, portanto imprescindível atentarmos para essa fundamentação teórica, pois ela irá ser foco de análise também nas outras unidades.
Pretendemos assim, promover uma introdução à análise e discussão do fenômeno educativo, con- siderando as relações entre educação e sociedade a partir de uma reflexão teórica, instrumentan- do o aluno para a compreensão de sua formação e prática como educador e para o enfrentamento teórico-prático das principais questões relativas à educação brasileira numa perspectiva crítica e transformadora. Concluo com pensamento de Paulo Ghiraldelli quando o mesmo afirma que a pedagogia pode ser definida, aqui nesse caso, como atividade que constrói condições ótimas para que os novos comportamentos possam emergir e se assim é, ela é uma boa coadjuvante da demo- cracia. E também o pensamento de Brandão, ao dizer que ideia de que não existe coisa alguma de social na educação; de que, como a arte, ela é “pura” e não deve ser corrompida por interesses e controles sociais, pode ocultar o interesse político de usar a educação como uma arma de con- trole, e dizer que ela não tem nada a ver com isso. Mas o desvendamento de que a educação é uma prática social pode ser também feito numa direção ou noutra e, tal como vimos antes, pode se dividir em ideias opostas, situadas de um lado ou do outro da questão.
Espero poder ter ajudado você, nesse primeiro contato com a disciplina, a saber, um pouco mais sobre os conceitos de educação e pedagogia aqui abordados. Na próxima unidade, saberemos um pouco mais sobre a história da educação e da importância de disciplinas como a sociologia e a antropologia em consonância com a pedagogia. Despeço-me aqui momentaneamente, ressaltando a importância da leitura atenta aos textos acima elencados bem como a tessitura das atividades produzidas para serem respondidas por você, caro aluno.

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