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SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 3 2 RESPONSABILIDADE EXTRACONTRATUAL DO ESTADO ................................................. 4 2.1 O Conceito ...................................................................................................................................... 4 2.2 Evolução .......................................................................................................................................... 5 2.3 Fundamento Legal ......................................................................................................................... 7 2.4 Prazo Prescricional ........................................................................................................................ 8 2.5 Espécies da Responsabilidade civil ............................................................................................ 9 2.5.1 Objetiva ........................................................................................................................................ 9 2.5.2 Subjetiva ...................................................................................................................................... 9 2.5.3 Pré-contratual ............................................................................................................................ 10 2.5.4 Contratual e Extracontratual ................................................................................................... 11 2.5.5 Pós-contratual ........................................................................................................................... 11 2.6 Jurisprudências ............................................................................................................................ 12 2.6.1 Jurisprudência 1 - Tribunal de Justiça de Minas Gerais TJ-MG - Ap Cível/Rem Necessária : AC 10687100110760001 MG .................................................................................... 12 2.6.2 Jurisprudência 2 - Tribunal de Justiça de São Paulo TJ-SP - Apelação : APL 00069609020128260053 SP 0006960-90.2012.8.26.0053 ......................................................... 13 3 CONCLUSÃO .................................................................................................................................. 15 REFERÊNCIAS .................................................................................................................................. 16 3 1 INTRODUÇÃO Este trabalho consiste em apresentar os conceitos, fundamentos e teorias da Responsabilidade Extracontratual do Estado a partir de sua evolução. De acordo com Justem Filho (2006, p. 806), “a responsabilidade civil do Estado consiste no dever de indenizar as perdas e danos materiais e morais sofridos por terceiros em virtude de ação ou omissão intijurídica imputável ao Estado”. Também serão abordados o seu fundamento legal, prazo prescricional, tipos/ espécies de responsabilidade, além de exemplificarmos o tema, com base em algumas aplicações, ou seja, jurisprudências. 4 2 RESPONSABILIDADE EXTRACONTRATUAL DO ESTADO A responsabilidade extracontratual do Estado, usualmente chamada de “responsabilidade civil do Estado” ou, responsabilidade aquiliana, objetiva, nos padrões que conhecemos, é resultado de um processo evolutivo marcado por sucessivas teorias ao longo do tempo. 2.1 O Conceito A responsabilidade civil, também denominada responsabilidade extracontratual, tem sua origem no Direito Civil. Consubstancia-se na obrigação de indenizar um dano patrimonial ou moral decorrente de um fato humano. É modalidade de obrigação extracontratual e, no direito privado, a regra geral é a necessidade de estarem presentes os seguintes elementos: 1) Uma atuação lesiva culposa ou dolosa do agente; a regra geral no direito privado é a exigência de caracterização de culpa em sentido amplo na conduta; a culpa em sentido amplo a abrange o dolo (intenção) e a culpa em sentido (negligência, imprudência ou imperícia); 2) A ocorrência de um dano patrimonial ou moral; e 3) O nexo da causalidade entre o dano havido e a conduta do agente, o que significa ser necessário que o dano efetivamente haja decorrido da ação do agente (ou de sua omissão ilícita, se fosse o caso de o agente ter o dever de agir). No direito brasileiro a responsabilidade civil, como regra geral, é orientada pela assim chamada teoria da causalidade direta e imediata, segundo a qual ninguém pode ser responsabilizado por aquilo a que não tiver dado causa, e somente se considera causa o evento que produziu direta e concretamente o resultado danoso. Portanto, só origina responsabilidade civil, em princípio, o nexo causal direto e imediato, isto é, deve haver ligação lógica direta entre a conduta (comissiva ou omissiva) e o dano efetivo. 5 "Por ser objetiva a responsabilidade civil na espécie, não quer dizer que o autor da ação indenizatória esteja desonerado de toda prova” adverte o autor Humberto Theodoro Júnior (THEODORO JÚNIOR, 1993, p. 121). No âmbito do Direito Público, temos que a responsabilidade civil da Administração Pública evidencia-se na obrigação que tem o Estado de indenizar os danos patrimoniais ou morais que seus agentes, atuando em seu nome, ou seja, na qualidade de agentes públicos, causem à esfera juridicamente tutelada dos particulares. Traduz-se, pois, na obrigação de reparar economicamente danos patrimoniais, e com tal reparação se exaure. Não se confunde a responsabilidade civil com as responsabilidades administrativa e penal, sendo essas três esferas da responsabilização, em regra, independentes entre si, podendo as sanções correspondentes ser aplicadas separada ou cumulativamente conforme as circunstâncias de cada caso. A responsabilidade penal resulta da prática de crimes ou contravenções tipificados em lei prévia ao ato ou conduta. Já a responsabilidade administrativa decorre de infração, pelos agentes da Administração Pública – ou por particulares que com ela possuam vinculação jurídica específica, sujeitos, portanto, ao poder disciplinar - , das leis e regulamentos administrativos que regem seus atos e condutas. 2.2 Evolução Na Responsabilidade do Estado, em sua evolução, pode-se observar 5 (cinco) principais fases, tais como: Irresponsabilidade do Estado, Responsabilidade com culpa civil comum do Estado, Teoria da culpa administrativa, Teoria do risco administrativo e Teoria do risco integral. A seguir descrevemos, previamente, as fases supracitadas. 2.2.1 Irresponsabilidade do Estado Antigamente, a não responsabilização do Estado, assumiu sua maior notoriedade sob os regimes absolutistas, do qual o Rei, governante, era quem ditava o que era certo ou errado. Teoria baseada no “the king can do no wrong”, expressão inglesa, que retratava a ideia de que não era possível o governante lesar seus súbitos, uma vez que o rei não cometia erros. 6 2.2.2 Responsabilidade com culpa civil comum do Estado Influenciada pelo individualismo característico do liberalismo, pretendeu equiparar o Estado ao Indivíduo, sendo, portanto, obrigado a indenizar os danos causados aos particulares nas mesmas hipóteses em que existe tal obrigação para os indivíduos. Assim, como o Estado atua por meio de seus agentes, somente existia obrigação de indenizar quando estes, os agentes, tivessem agido com culpa ou dolo,cabendo, evidentemente, ao particular prejudicado o ônus de demonstrar a existência desses elementos subjetivos. (PAULO; ALEXANDRINO; 2014, p. 815) 2.2.3 Teoria da culpa administrativa A teoria da culpa administrativa foi a primeira transição entre a doutrina subjetiva da culpa civil a responsabilidade objetiva. Segundo a teoria em questão, o Estado somente seria responsável pelo dano sofrido pelo lesionado, caso fosse comprovado à existência da falta de serviço, mau funcionamento e/ ou deficiências do mesmo, ou seja, fator gerador da obrigação de indenizar o dano causado. “Na teoria da culpa administrativa exige-se a falta do serviço; na teoria do risco administrativo exige-se apenas o fato do serviço. Naquela, a culpa é presumida da falta administrativa; nesta, é inferida do fato lesivo da Administração” (MEIRELLES, 2001, p. 611). 2.2.4 Teoria do risco administrativo Já pela teoria de risco administrativo, a vítima, fica dispensada da necessidade de comprovar a culpa estatal, basta que exista o dano decorrente de atuação administrativa, gerando assim para a administração pública a obrigação de indenizar, pois a teoria do risco administrativo enseja a obrigação de indenizar, independente da ineficiência do serviço. Di Pietro (2006, p. 621) apresenta sua argumentação da teoria do risco administrativo: Na teoria do risco administrativo basta à lesão causada ao particular pelo Estado, surgindo então à obrigação de indenizar o dano decorrente do ato lícito ou ilícito causado, bastando o lesionado comprovar a relação do nexo causal e o fato do dano, independente da culpa do agente ou má prestação do serviço público, reparando o dano através do erário. É baseada no princípio da igualdade dos ônus e encargos sociais: assim 7 como os bônus decorrentes da atividade do Estado que é distribuído entre todos, também os prejuízos sofridos por alguns membros da sociedade também devem ser repartidos. Cahali (1996, p. 44), em sua monografia sobre a Responsabilidade Civil do Estado, defende que: A teoria do risco administrativo não leva à responsabilidade integral do Poder Público, para indenizar em todo e qualquer caso, mas sim dispensa à vítima da prova da culpa do agente da Administração, cabendo a esta a demonstração da culpa total ou parcial do lesado, para que então fique ela total ou parcialmente livre da indenização. 2.2.5 Teoria do risco integral Na teoria de risco, é obrigatório que a Administração repare todo e qualquer dano, como o caso fortuito, força maior ou culpa exclusiva da vítima, não permitindo a alegação de qualquer causa excludente da responsabilidade. A teoria de risco integral consiste em uma exacerbação da responsabilidade civil da administração pública. Segundo essa teoria, basta a existência do evento danoso e do nexo causal para que surja a obrigação de indenizar o Estado, sem a possibilidade de que este alegue excludentes de sua responsabilidade. (PAULO; ALEXANDRINO; 2014, p. 815) 2.3 Fundamento Legal O Estado tem como função preservar os direitos e deveres firmados entre os homens com o objetivo de organizar a vida em sociedade, de forma pacífica. Nesse contexto, Dallari (2007, p. 14) indica que “o Estado é um grande e robusto homem artificial, construído pelo homem natural para sua proteção e defesa”. Na Constituição de 1946 fora considerado um importante avanço da percepção da responsabilidade civil do Estado, todavia o passo mais significativo desta evolução deu-se com o advento da Constituição Federal de 1988, que tratou da questão de forma mais abrangente e inédita. A Constituição da República de 1988, em seu artigo 37, § 6º, estabelece que: Art. 37 A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos 8 princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: (...) § 6.º As pessoas jurídicas de Direito Público e as de Direito Privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa. Para Carvalho Filho, (2010, p. 600): Dada a grande variedade de formas de delegação, de pessoas delegatárias e de serviços públicos, bem como a noção nem sempre muito precisa do que se configura como serviços públicos, poderá haver algumas dúvidas quanto ao enquadramento da pessoa prestadora do serviço na norma constitucional. Entretanto, pode-se, a Administração Indireta (empresas públicas, sociedades de economia mista e fundações públicas com personalidade de direito privado), quando se dedicam à prestação de serviços públicos, e os concessionários e os permissionários de serviços públicos, estes expressamente referidos no art. 175 da Constituição Federal, como é o caso das empresas de transporte coletivo, de fornecimento de água, de distribuição e fornecimento de energia elétrica e outras dessa natureza. Também se pode observar, de acordo com Carvalho Filho (2010, p. 600), o dispositivo no art. 173, § 1º, da Constituição Federal, que: Exclui as empresas públicas e as sociedades de economia mista que se dedicam à exploração de atividade econômica da responsabilidade civil objetiva, uma vez que impõe que elas sejam regidas pelas normas aplicáveis às empresas privadas, sendo assim, são elas regidas pelas normas do direito privado e responderão subjetivamente por seus atos. Em seguida, a visão sobre o assunto foi ampliada pelo Supremo Tribunal Federal, o que levou à moderna concepção do instituto. 2.4 Prazo Prescricional O código civil de 2002, Lei Nº 10.406, artigo 206, parágrafo 3º, V, a pretensão de reparação civil, deve ser interpretado de maneira ampla, alcançando tanto a responsabilidade contratual (artigos 389 a 405) como a extracontratual (artigos 927 a 954), ainda que decorrente de dano exclusivamente moral (artigo 186, parte final), e o abuso de direito (artigo 187) de acordo com o ministro Marco Aurélio Bellizze. O prazo prescricional de três anos para a pretensão de reparação civil aplica-se tanto à responsabilidade contratual quanto à responsabilidade extracontratual. 9 2.5 Espécies da Responsabilidade civil A responsabilidade civil pode ser classificada de acordo com as suas diferentes perspectivas, tais como: objetiva, subjetiva, pré-contratual, contratual, pós-contratual e extracontratual. 2.5.1 Objetiva Na responsabilidade objetiva, para Pereira (1995, p. 04): O dano é gerado por uma atividade lícita, mas que, embora juridicamente legal, acarreta um perigo a outrem, originando, assim, o dever de ressarcimento, pelo simples implemento do nexo causal. Por isso, a teoria do risco surgiu para preencher as brechas que a culpabilidade deixava, admitindo reparar o dano sofrido, independentemente da culpa. A teoria da culpa prevalece como direito comum ou regra geral básica da responsabilidade civil; e a teoria do risco ocupa os espaços excedentes, nos casos e situações que lhe são reservados. Complementa Gonçalves (1993, p. 68) que: A Lei Civil impõe, todavia, para certas pessoas, em determinadas situações, a reparação de um dano cometido sem culpa. Quando isso ocorre, conforme o autor, diz-se que a responsabilidade é legal ou objetiva, porque prescinde da culpa e se satisfaz somente com o dano e o nexo de causalidade. Esta teoria dita objetiva, ou de risco, tem como postulado que todo dano é indenizável e deve ser imediatamente reparado por quem a ele se liga por um simples nexode causalidade, independentemente de culpa. Conforme Rui Stoco (1999, p. 73): A doutrina da responsabilidade civil objetiva, em contrapartida aos elementos tradicionais (culpa, dano, vínculo de causalidade) determina que a responsabilidade civil assenta-se na equação binária, cujos polos são o dano e a autoria do evento danoso. Sem considerar a imputabilidade ou investigar a antijuricidade do evento danoso, o que importa, para garantir o ressarcimento, é a averiguação de que se sucedeu o episódio e se dele proveio algum prejuízo, confirmando o autor do fato causador do dano como o responsável. 2.5.2 Subjetiva A responsabilidade civil subjetiva é aquela pela qual o dano contra a vítima foi causado por culpa do agente. 10 Assim, como abrange o caput do art. 927, do Código Civil, aquele que: Por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, está obrigado a repará-lo; o que esclarece as características para existência da responsabilidade civil subjetiva como regra do Código atual. Desse modo, o ato ilícito, o dano a outrem e a culpa, caracterizam-se como a base da existência da responsabilidade civil subjetiva. Conforme Oliveira (2009): A culpa, para os defensores da teoria da responsabilidade civil subjetiva, é o elemento básico que gera o dever do ofensor de reparar o dano. Portanto, para que determinada pessoa seja obrigada a compensar o prejuízo ocasionado a outrem, por sua atitude, é necessário que está se apresente em estado de plena consciência, ou seja, que tenha sido intencional, caracterizando, com isso, o dolo; ou mesmo, que esta pessoa tenha descumprido seu dever de pater familiae, agindo, então, com negligência, imprudência e imperícia (culpa). Todavia, se o dano não tiver emanado de uma atitude dolosa (culpa lato senso) ou culposa (culpa em sentido estrito) do agente, compete à vítima suportar os prejuízos, como se tivessem sido causados em virtude de caso fortuito ou força maior. 2.5.3 Pré-contratual A responsabilidade pré-contratual, conforme Lopes (2006, p.07), também chamada de culpa in contrahendo: É a fase que precede a verdadeira celebração do contrato e pode ser dividida de duas maneiras: a discussão pura e simples das premissas do futuro contrato; momento de profunda negociação que possibilita o início de um contrato preliminar, por meio da fixação antecipada das bases do contrato final, obrigando apenas os promitentes contratantes a outorgarem a escritura definitiva conforme o previamente decidido no contrato inicial. No primeiro caso, tem-se as suposições, os pactos preparatórios; no segundo, existe uma conjuntura contratual definitiva, mesmo que a sua finalidade seja um contrato futuro. Segundo Venosa (2007): O tema da responsabilidade pré-contratual pode ser analisada levando-se em consideração dois aspectos: (I) a recusa em contratar e (II) o rompimento das negociações preliminares. Com relação ao primeiro aspecto, o autor afirma que quem se nega a contratar, pura e simplesmente, ou quem, injustificadamente, desiste de contratar, logo após eficiente processo de negociação, pode ser obrigado a indenizar. E, com relação ao segundo aspecto, o autor observa, ainda, que há necessidade de que o estágio das preliminares da contratação já tenha imbuído o espírito dos postulantes da verdadeira existência do futuro contrato. Não ocorre 11 indenização, no rompimento de qualquer negociação, mas daquela que já tenha ocasionado, em uma das partes, a expectativa razoável de contrato. 2.5.4 Contratual e Extracontratual Uma subdivisão, da natureza da norma jurídica violada pelo agente causador do dano, pode ser feita para traçar uma linha mais didática e legislativa: responsabilidade civil contratual e extracontratual. A responsabilidade contratual, para Castro e Trad (2010): Origina-se efetivamente da inexecução de um contrato, unilateral ou bilateral. Isso quer dizer que existiu um descumprimento do acordo de vontades firmado entre as partes, originando um ilícito contratual. Vale ressaltar, esse pacto de vontade entre as partes pode se dar de forma tácita ou expressa, isto é, uma das partes tem a pretensão de ver sua solicitação atendida e a outra, da mesma forma, assume a obrigação de cumpri-la, e, mesmo que verbalmente, adquiriu uma obrigação, firmando um contrato com aquela. A responsabilidade extracontratual conforme Lopes (2006, p.08), por seu turno: Refere-se à prática de um ato ilícito que origine dano a outrem, sem que possua, contudo, qualquer vínculo contratual entre as partes, e, uma vez que compete à parte lesada comprovar, além do dano, a culpa e o nexo de causalidade entre ambos, existe uma dificuldade para comprovação da mesma. Para Gomes (2003): As responsabilidades contratual e extracontratual se distinguem quanto à obrigação de indenizar, da seguinte forma: (I) do inadimplemento de obrigação negocial ou “ex lege” e (II) da lesão de direito subjetivo, sem que entre o ofensor e a vítima preexista qualquer relação jurídica. Para o autor, na primeira hipótese, diz-se que a responsabilidade é contratual; na segunda, extracontratual ou delitual. Nas duas, o Diploma Civil confere ao agente do dano o dever, tendo por finalidade a prestação da indenização. Mesmo que tal obrigação seja a mesma, diferem as duas espécies de responsabilidade, de maneira especial, quanto ao fundamento, à razão de ser e ao ônus da prova. 2.5.5 Pós-contratual A responsabilidade civil pós-contratual, de acordo com Lopes (2006, p.09), é também chamada de culpa post pactum finitum. 12 Caracteriza-se pela obrigação de responsabilização aos prejuízos sucedidos após a extinção do contrato, independentemente do adimplemento do dever. O autor acrescenta que a responsabilidade pós- contratual pode ser considerada uma projeção da responsabilidade pré- contratual, conservando-se as devidas distinções. O objetivo da responsabilidade pós-contratual é preservar com lealdade as informações do contrato após a sua conclusão ou extinção. Todavia, ainda existe uma dificuldade em se comprovar e fundamentar essa responsabilidade, principalmente a ocorrência de um dano resultante do inadimplemento de deveres acessórios de boa-fé objetiva. 2.6 Jurisprudências 2.6.1 Jurisprudência 1 - Tribunal de Justiça de Minas Gerais TJ-MG - Ap Cível/Rem Necessária : AC 10687100110760001 MG Processo AC 10687100110760001 MG Orgão Julgador Câmaras Cíveis / 1ª CÂMARA CÍVEL Publicação 21/02/2017 Julgamento 14 de Fevereiro de 2017 Relator Alberto Vilas Boas - Ementa: Administrativo. Responsabilidade civil do Estado. Extracontratual. Objetiva. Nexo de causalidade entre o atropelamento e o ato do Estado. Associação de Direito Público. Veiculo à disposição do município. Comprovação dos danos morais e estéticos. Condenação. Restando comprovada a celebração de convênio entre associação de direito público e o Município para a prestação de serviços automotores para o transporte de servidores e usuários do sistema único de saúde deve ser reconhecida a responsabilidade de ambos por atropelamento causado por veículo que se encontrava à disposição do município. 13 Existindo nexo de causalidade entre os danos sofridos pela a autora e o acidente deve-se confirmar a sentença que condenou os réus ao pagamento cumulativo de danos morais e estéticos. - Decisão: Súmula: Negaram provimento aos apelos, e, em reexame necessário, reformaram parcialmente a sentença. 2.6.2 Jurisprudência 2 - Tribunal de Justiça de São Paulo TJ-SP - Apelação : APL 00069609020128260053 SP 0006960-90.2012.8.26.0053 Processo APL 00069609020128260053SP 0006960-90.2012.8.26.0053 Orgão Julgador 5ª Câmara de Direito Público Publicação 25/03/2015 Julgamento 23 de Março de 2015 Relator Heloísa Martins Mimessi - Ementa: Administrativo. Acidente de trabalho. Responsabilidade Extracontratual do Estado. 1. Pretensão indenizatória por danos materiais e morais sofridos pela apelante em razão de queda de cadeira que estaria quebrada. Sentença de improcedência, fundamentada na ausência de prova do nexo de causalidade entre a omissão do Estado e o resultado danoso. 2. Descumprimento, pelo Município de São Paulo, dos deveres de cuidado prévios e posteriores ao evento. Comportamento omissivo do Município que provocou uma situação de "inesclarecibilidade" dos fatos relevantes da demanda. Situação excepcional que afasta a distribuição normal do ônus da prova. Juízo de verossimilhança que, lastreado nas provas disponíveis nos autos (depoimentos das testemunhas e documentos, em especial a CAT Comunicação de Acidente de Trabalho), permite afirmar a responsabilidade objetiva do ente público. Equiparação da situação do servidor público que sofre acidente laboral à posição jurídica de 14 trabalhador. Aplicação do princípio de proteção, em sua versão in dubio pro operário. Pretensão da apelante que encontra amparo na Lei Municipal nº 9.159/1980 e na Portaria Municipal nº 027/1987. 3. Apelação parcialmente provida, para o fim de condenar o Município a indenizar os danos materiais suportados pela autora, relativos à troca do implante dentário danificado em decorrência da queda. 15 3 CONCLUSÃO Diante do trabalho acadêmico realizado, pudemos concluir que a responsabilidade civil surgiu da necessidade de se indenizar alguém que sofreu um dano causado por outrem. Mas para que este processo seja feito de forma justa e competente, é necessário analisar as várias vertentes da responsabilidade civil do Estado, extracontratual, e de natureza objetiva, pois existem formas e espécies diferentes que a caracterizam. No Brasil, observamos que a responsabilidade extracontratual do Estado é baseada na teoria do risco administrativo, integrante na Constituição Federal de 1988, conforme art. 37, § 6º. Em caso de danos à terceiros, estes podem solicitar indenização, mas o Estado, caso comprove que o dano ocorreu por força maior, atos de terceiros ou culpa da vítima, podem se eximir da indenização ou diminuir seu valor. Neste âmbito, as diretrizes das relações contratuais, que ocorre em qualquer uma de suas fases, pré-contratual, contratual, pós-contratual ou extracontratual, todas, cada uma com suas especificidades, tem como objetivo harmonizar os deveres e direitos do contratante e do contratado. Assim, fazendo-se cumprir o respeito as relações pessoais e contribuindo para que nenhuma das partes permaneça sem reparar o dano causado contra outrem. 16 REFERÊNCIAS ALEXANDRINO, Marcelo; PAULO, Vicente. Direto administrativo descomplicado. 22ª ed. Rio de Janeiro: Método, 2014. BEZERRA, Christiane Singh; SILVA, Leda Maria Messias da. A responsabilidade pré-contratual e pós-contratual com vistas ao direito de personalidade nas relações de trabalho. 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