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Curso de Direito Constitucional para Concursos

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CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL P/ O TCU 
PROFESSOR: FREDERICO DIAS 
www.pontodosconcursos.com.br 
 
1
Aula 1 - Constituição. Conceito. Classificação. Supremacia. 
Aplicabilidade e Interpretação das Normas Constitucionais. 
Princípios Constitucionais. 
Bom dia! 
Seja bem-vinda (ou bem-vindo) a este curso, por meio do qual iremos 
estudar com afinco o Direito Constitucional para concursos! 
Semanalmente, apresentarei uma aula, com um assunto diferente, 
seguindo aquele conteúdo programático proposto na aula zero. 
Em primeiro lugar, quero agradecer a confiança e deixá-lo tranquilo, pois, 
a cada aula, a cada assunto, abordarei os aspectos mais relevantes para 
fins de concurso, fazendo o possível para tentar deixá-lo o mais claro 
possível. Mas, sem me estender demais naquilo que tem pouca 
incidência em concursos. 
Então, após passar a teoria, apresentarei como as questões têm 
abordado o tema, o que facilitará a sua memorização. 
Em alguns casos, utilizarei a própria questão para aprofundar num tema 
tratado durante a apresentação da teoria (ou para mencionar algo ainda 
não comentado). 
Falando em questões: no final apresentarei mais exercícios de fixação. E 
eventuais dúvidas poderão ser sanadas por meio do fórum de dúvidas. 
Vejamos, então, o conteúdo de hoje: 
1 – Direito Constitucional e Constituição 
1.1 Conceitos: político, sociológico e jurídico 
1.2 – Classificação das constituições 
1.3 – Supremacia da Constituição 
1.4 – Elementos das constituições 
2 – Aplicabilidade e eficácia: Classificação das normas constitucionais 
2.1 – Normas de eficácia plena 
2.2 – Normas de eficácia contida 
2.3 – Normas de eficácia limitada 
3 – Interpretação da Constituição 
3.1 – Princípios de Interpretação 
3.2 – Métodos de Interpretação 
4 – Constituição de 1988 e Princípios constitucionais 
4.1 – Estrutura da Constituição – Preâmbulo e ADCT 
4.2 – Princípios Fundamentais na Constituição de 1988 
5 – Exercícios de fixação 
Vamos à aula então!\ 
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1 – Direito Constitucional e Constituição 
Segundo José Afonso da Silva, o estudo do direito divide-se em três 
grandes ramos. 
1) Público (abrangendo constitucional, administrativo, urbanístico, 
econômico, financeiro, tributário, processual, penal e internacional). 
2) Social (abrangendo previdenciário e do trabalho). 
3) Privado (abrangendo civil e comercial). 
Como você deve ter observado, o Direito Constitucional integra o Direito 
Público, mas se distingue dos seus demais ramos pela natureza 
específica de seu objeto e por seus princípios peculiares. Afinal, o Direito 
Constitucional refere-se diretamente à organização e funcionamento 
do Estado, à articulação dos elementos primários do mesmo e ao 
estabelecimento das bases da estrutura política. 
O que seria, então, o Direito Constitucional? 
Bem, podemos defini-lo como o ramo do Direito Público que expõe, 
interpreta e sistematiza os princípios e normas fundamentais do Estado. 
E tem como objeto a Constituição desse Estado. 
Quanto ao conceito de Constituição, podemos relacioná-lo à noção de 
forma de organização do Estado. 
Quando eu digo Estado, temos de relacionar essa concepção à junção 
de três elementos fundamentais (território, população e governo) que 
podem ser completados com mais um elemento: a finalidade. Assim, o 
Estado seria constituído de um governo (poder institucionalizado) que 
tem por finalidade essencial a regulamentação das relações sociais 
travadas pelos membros de uma população distribuída em determinado 
território. 
Nesse sentido, qualquer Estado tem sua Constituição, 
independentemente de estar essa organização compilada em um livro, 
um documento específico. 
Todavia, o estudo sistemático da Constituição somente se desenvolve a 
partir do momento em que os Estados passam a compilar em um único 
documento as regras de organização de suas estruturas. E isso ocorre 
especialmente a partir das revoluções burguesas do fim do séc. XVIII, 
cujos ideais iluministas e liberais coincidiam com a necessidade de se 
estabelecer normas para o funcionamento do Estado (até como forma de 
limitar seu poder). 
É nesse ambiente que surge o constitucionalismo, movimento que 
concebeu a ideia de limitação do poder estatal por meio da criação de 
um documento escrito, que estabelecesse as regras fundamentais e 
supremas de organização do Estado. 
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Como não podia deixar de ser, aquelas primeiras constituições eram 
sucintas. Tratavam de poucos assuntos: (i) regras de organização do 
Estado; (ii) exercício e transmissão do poder; e (iii) direitos e garantias 
fundamentais, como forma de limitação do poder estatal. 
Nesse contexto, cabe mencionar o conceito de Constituição ideal, 
decorrente do triunfo do movimento constitucional no início do séc. XIX e 
apresentado por J. J. Gomes Canotilho. Essa concepção identifica-se 
com os postulados político-liberais e propugna que a Constituição deve: 
(i) ser escrita; (ii) consagrar um sistema de garantias de liberdades 
(reconhecimento de direitos individuais e sistema democrático formal); e 
(iii) limitar o poder do Estado por meio do princípio da divisão dos 
poderes. 
Mas, se as primeiras Constituições escritas e rígidas eram de orientação 
puramente liberal; com o tempo elas começam a apresentar caráter 
social. Com isso, as Constituições passam a expandir seu objeto, 
ganhando uma vertente social. Passam a traçar os fins estatais e 
estabelecer programas e linhas de direção para o futuro. 
Bem, esse início é importante para contextualizar o assunto. Mas, em 
concurso, o mais comum é serem cobrados os conceitos político, jurídico 
e sociológico de Constituição (que passaremos a estudar). 
 
1.1 Conceitos: político, sociológico e jurídico 
Excepcionalmente neste assunto, é importante que você memorize os 
nomes relacionados a cada uma das concepções de Constituição: 
política, sociológica e jurídica. 
Constituição em sentido POLÍTICO 
Carl Schmitt é quem desenvolve a concepção política de Constituição. 
Segundo esse conceito, a Constituição é uma decisão política 
fundamental. 
Assim, a Constituição surge a partir de uma vontade política fundamental 
de definir a forma e modo de organização do Estado. 
Carl Schmitt estabeleceu uma distinção entre Constituição e leis 
constitucionais. A Constituição disporia somente sobre as matérias 
substancialmente constitucionais, materialmente constitucionais devido à 
sua grande relevância jurídica (organização do Estado, direitos e 
garantias fundamentais etc.). Essas sim seriam, por excelência, as 
decisões políticas fundamentais. 
As demais matérias integrantes do texto da Constituição, de menor 
relevância, seriam tão somente leis constitucionais. 
Ou seja, uma coisa é tratar de temas realmente “importantes”, 
substancialmente constitucionais, assunto para a Constituição. Outra 
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coisa seriam aqueles temas menos relevantes, que constituiriam o 
conteúdo de meras leis constitucionais. 
Com base nessa teoria, podemos mencionar um aspecto importante para 
concursos: a distinção entre Constituição em sentido material e 
Constituição em sentido formal. 
Importante: 
No sentido material de Constituição, as normas constitucionais são 
identificadas a partir do seu conteúdo (somente são constitucionais as 
normas que tratam de temas substancialmente constitucionais, como: 
organização e finalidades do Estado e direitos fundamentais, por 
exemplo). 
Já as demais normas constitucionais são apenas formalmente 
constitucionais (têm “forma” de Constituição, na medidaem que integram 
um documento constitucional solenemente elaborado; mas, não têm 
conteúdo constitucional). 
Assim, é importante você saber que há: (i) temas propriamente 
constitucionais (substancialmente constitucionais); e (ii) temas que, 
apesar de menos relevantes, integram a Constituição. 
Não é pacífica a definição exata do que seja substancialmente 
constitucional. De qualquer forma, há um núcleo de temas sobre os quais 
não há muita controvérsia. Assim, seriam materialmente constitucionais 
temas como a organização do Estado, distribuição de competências, 
regulação do exercício do poder e limites ao poder do Estado (direitos 
fundamentais). 
É importante conseguir entender bem essa distinção entre os sentidos 
material e formal de Constituição. Alguns exercícios mais à frente 
auxiliarão seu aprendizado. 
Constituição em sentido SOCIOLÓGICO 
Na concepção sociológica, a Constituição é concebida como fato social, 
como resultado da realidade social do país, e não propriamente como 
norma. A Constituição seria a soma dos fatores reais de poder que 
imperam na sociedade (tais como a aristocracia, a burguesia, os 
banqueiros etc.). 
Aquele documento escrito teria a função de simplesmente sistematizar 
essa correlação de forças, e só teria eficácia se, de fato, representasse 
os valores sociais da sociedade. 
Essa noção é defendida por Ferdinand Lassalle, segundo o qual há 
duas Constituições: a real e a escrita. A real é a “soma dos fatores reais 
de poder” e a escrita, mera “folha de papel”. Em caso de conflito, aquela 
sempre prevalecerá sobre esta. 
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Dessa forma, Lassalle nega a força normativa da Constituição escrita. 
Afinal, para ele, se a Constituição escrita não representar a real soma 
dos fatores de poder, ela não passará de uma folha de papel. 
Constituição em sentido JURÍDICO 
Para Hans Kelsen, defensor da concepção jurídica de Constituição, a 
Constituição é norma jurídica pura, sem qualquer consideração de 
ordem social, política, moral ou filosófica. 
Nesse caso, a Constituição teria um caráter estritamente formal. 
É interessante como a visão de Kelsen contrapõe-se à concepção 
sociológica de Ferdinand Lassalle. Por um lado, Lassalle nega a força 
normativa da Constituição, ao considerar que ela só teria valor se 
representasse os fatores reais de poder. Ao contrário, na visão de 
Kelsen, a validade de uma norma independe da sua aceitação pelo 
sistema de valores sociais da sociedade. 
Kelsen estabeleceu uma distinção entre Constituição em sentido lógico-
jurídico e Constituição em sentido jurídico-positivo. 
De acordo com o sentido lógico-jurídico, a Constituição significa norma 
fundamental hipotética, cuja função é servir de fundamento lógico 
transcendental da validade da Constituição jurídico-positiva. Ou seja, 
trata-se de fato instaurador não positivado (já que apenas pressuposto, 
pensado, imaginado), origem de todo o processo de criação das normas. 
Já em seu sentido jurídico-positivo, a Constituição equivale à norma 
positiva suprema, conjunto de normas que regula a criação de outras 
normas, lei nacional no seu mais alto grau. 
Assim, enquanto o jurídico-positivo está corporificado pelas normas 
postas, positivadas, o lógico-jurídico situa-se em nível do suposto, do 
hipotético (haja vista não configurar norma editada por nenhuma 
autoridade). 
A partir desse conceito de Kelsen, você já pode observar algo 
interessante: há um escalonamento das normas, em que uma constitui 
fundamento de validade para a outra (hierarquicamente inferior), 
constituindo uma verticalidade hierárquica. 
Assim, podemos dizer que as normas inferiores buscam seu fundamento 
de validade numa norma superior, e esta na Constituição (lei nacional no 
seu mais alto grau), que se caracteriza como fundamento de validade de 
todo ordenamento jurídico. Segundo Kelsen, essa Constituição 
positivada busca seu fundamento de validade na norma hipotética 
fundamental (sentido lógico-jurídico). 
O que você acha de esquematizarmos esses importantes sentidos da 
Constituição? Já fiz isso por você... 
Sintetizando: 
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Vamos ver como o Cespe cobra esse assunto. 
1) (CESPE/AGENTE ADMINISTRATIVO/MMA/2009) No sentido 
sociológico defendido por Ferdinand Lassalle, a Constituição é fruto 
de uma decisão política. 
O Cespe vai tentar te confundir misturando os conceitos, portanto, fique 
atento. Para a visão política de Constituição (Carl Schmitt) é que a 
Constituição é uma decisão política fundamental (do poder constituinte). 
Para Lassale (concepção sociológica), a Constituição é concebida como 
fato social, como resultado da realidade social do país, e não 
propriamente como norma; a Constituição seria, assim, a soma dos 
fatores reais de poder que imperam na sociedade. 
Item errado. 
2) (CESPE/ANALISTA/DIREITO/INCA/2010) Para Carl Schmitt, a 
constituição de um Estado deveria ser a soma dos fatores reais de 
poder que regem a sociedade. Caso isso não ocorra, ele a considera 
como ilegítima, uma simples folha de papel. 
Carl Schmitt defende o sentido político de Constituição, segundo o qual a 
Constituição é uma decisão política fundamental (do poder constituinte). 
A definição apresentada na questão refere-se ao sentido sociológico de 
Constituição, defendido por Ferdinand Lassalle. 
Item errado. 
3) (CESPE/AGENTE ADMINISTRATIVO/MMA/2009) No sentido 
jurídico, a Constituição não tem qualquer fundamentação 
sociológica, política ou filosófica. 
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Na visão jurídica (Hans Kelsen), a Constituição é percebida de uma 
perspectiva estritamente formal: norma jurídica pura, desprovida de 
influências de ordem sociológica, política, moral ou filosófica. 
Item certo. 
4) (CESPE/PROCURADOR DO ESTADO/PB/2008) A constituição é, 
na visão de Ferdinand Lassalle, uma decisão política fundamental e, 
não, uma mera folha de papel. 
Para Ferdinand Lassalle, a Constituição escrita só terá eficácia caso 
retrate, em seu texto, a soma dos fatores reais de poder (visão 
sociológica). De outro modo, não passará de uma folha de papel. 
A ideia da Constituição como uma decisão política fundamental decorre 
da visão política (Carl Schmitt). 
Item errado. 
5) (CESPE/PROCURADOR DO ESTADO/PB/2008) Para Carl 
Schimidt, o objeto da constituição são as normas que se encontram 
no texto constitucional, não fazendo qualquer distinção entre normas 
de cunho formal ou material. 
De acordo com o que vimos, a questão está errada, pois Carl Schmitt faz 
uma distinção entre “Constituição” e “leis constitucionais”: a Constituição 
dispõe somente sobre as matérias de grande relevância jurídica, isto é, 
sobre as decisões políticas fundamentais (normas substancialmente 
constitucionais); as demais normas integrantes do texto da Constituição 
seriam, apenas, leis constitucionais (normas apenas formalmente 
constitucionais). 
Item errado. 
6) (CESPE/ANALISTA JUDICIÁRIO/ÁREA JUDICIÁRIA/STF/2008) 
Considere a seguinte definição, elaborada por Kelsen e reproduzida, 
com adaptações, de José Afonso da Silva (Curso de Direito 
Constitucional Positivo. São Paulo: Atlas, p. 41...). A constituição é 
considerada norma pura. A palavra constituição tem dois sentidos: 
lógico-jurídico e jurídico-positivo. De acordo com o primeiro, 
constituição significa norma fundamental hipotética, cuja função é 
servir de fundamento lógico transcendental da validade da 
constituição jurídico-positiva, que equivale à norma positiva 
suprema, conjunto de normas que regula a criação de outras 
normas, lei nacional no seu mais alto grau. É correto afirmar queessa definição denota um conceito de constituição no seu sentido 
jurídico. 
Como vimos, na concepção jurídica de Constituição (Hans Kelsen), a 
Constituição é vista a partir de uma perspectiva estritamente formal, 
como norma pura, desprovida de qualquer consideração de cunho 
sociológico, moral, político ou filosófico. 
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Nesse sentido, para o mesmo autor, o termo Constituição apresenta dois 
sentidos: sentido lógico-jurídico (norma fundamental hipotética) e sentido 
jurídico-positivo (norma positiva suprema, que regula a criação das 
demais normas). 
Item certo. 
7) (CESPE/AGENTE DE POLÍCIA/SECAD/TO/2008) A concepção 
política de Constituição, elaborada por Carl Schmitt, compreende-a 
como o conjunto de normas que dizem respeito a uma decisão 
política fundamental, ou seja, a vontade manifestada pelo titular do 
poder constituinte. 
Essa é a teoria de Carl Schmitt (concepção política), segundo a qual a 
Constituição abrange as decisões políticas fundamentais. 
Item certo. 
 
1.2 – Classificação das constituições 
Em todo direito constitucional, há diversas formas de se classificar 
determinada Constituição. Vamos estudar aqui as classificações mais 
relevantes para fins de concurso público. 
As Constituições podem ser classificadas: 
- quanto ao conteúdo; 
- quanto à forma; 
- quanto ao modo de elaboração; 
- quanto à origem; 
- quanto à estabilidade; 
- quanto à extensão; 
- quanto à finalidade; e 
- quanto à correspondência com a realidade. 
Vejamos uma a uma. 
Quanto ao conteúdo: materiais e formais 
Já falamos um pouco sobre o sentido material e formal de Constituição. 
Constituição material (ou substancial) é aquele conjunto de normas 
substancialmente constitucionais. Não importa se as normas estão ou 
não codificadas em um único documento (um livro denominado 
“Constituição”). Se a norma fala sobre temas substancialmente 
constitucionais, ela integra a Constituição material. 
A Constituição formal é aquela que está restrita a um documento 
solene, de forma escrita. Assim, independentemente do tema sobre o 
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qual versem, aquelas normas ali inseridas terão status de normas 
constitucionais. 
Observem a Constituição de 1988. Ela é do tipo formal, tendo em vista 
que qualquer dos temas inseridos naquele documento revestem-se da 
mesma dignidade jurídica. Não importa se trata da organização do 
Estado (tema essencialmente constitucional, substancialmente 
constitucional) ou de qualquer outro aspecto pouco relevante, o que 
importa é o processo de formação, é o fato de aquela norma estar dentro 
daquele documento. 
Quer um exemplo para esclarecer? 
O art. 242, § 2° da CF/88 assim dispõe: “O Colégio Pedro II, localizado 
na cidade do Rio de Janeiro, será mantido na órbita federal.” 
Acho que fica claro para qualquer um que isso não tem dignidade 
constitucional. Não é um assunto essencialmente constitucional. 
Entretanto, segundo o sentido formal de Constituição, o que importa é o 
fato de ele integrar a Constituição. É dizer, o art. 242, § 2° é tão 
formalmente constitucional quanto os artigos que estabelecem os 
princípios constitucionais ou os direitos fundamentais. 
Quanto à forma: escritas e não escritas 
Constituição escrita é aquela solenemente elaborada por um órgão 
constituinte num determinado momento. Disso resulta um documento 
escrito único, integrado por todas as normas constitucionais. E aquele 
documento é que rege todo ordenamento jurídico, regulando jurídica e 
efetivamente as relações da vida e dirigindo as condutas. 
Já a Constituição não escrita (costumeira ou consuetudinária) é aquela 
que surge com o lento passar do tempo, como resultado de lenta síntese 
da evolução histórica do Estado. É integrada por leis escritas esparsas, 
jurisprudências, normas costumeiras e convenções. 
A Constituição de 1988 é do tipo escrita, pois está compilada em um 
único documento elaborado por um órgão constituinte. 
Atenção! É errado dizer que a Constituição não escrita é integrada 
apenas por normas costumeiras, sem textos propriamente ditos. Observe 
que o que distingue uma da outra não é exatamente a existência ou não 
de textos escritos, mas o fato de as escritas estarem compiladas em um 
único documento, e as não escritas estarem espalhadas, sendo 
compostas também de normas não escritas. 
Quanto ao modo de elaboração: dogmáticas e históricas 
Constituição dogmática é formada em determinado momento histórico, 
baseada nas ideias, ideologias e princípios da teoria política e do direito 
daquele tempo. É o caso da Constituição de 1988, que foi elaborada por 
uma assembléia constituinte, em determinado momento fixo, segundo os 
dogmas reinantes àquela época. 
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Ao contrário, a Constituição histórica é fruto da lenta e contínua síntese 
da história daquele povo, constituindo um longo processo de formação. 
Ou seja, não é formulada em um momento pontual e temporalmente 
determinado. 
Quanto à origem: promulgadas e outorgadas 
Constituição promulgada (democrática ou popular) é produzida pela 
participação popular, normalmente por força do regime de democracia 
representativa. Assim, a Constituição surge do trabalho de uma 
assembleia constituinte, formada por representantes do povo (eleitos 
democraticamente). 
Por outro lado, a Constituição outorgada é imposta de forma unilateral 
pelo poder da época, sem a participação popular. Trata-se de obra de um 
agente revolucionário que atua sem legitimidade para representar o 
povo. 
Há, por fim, a Constituição cesarista, que também não é democrática. 
Trata-se de uma Constituição elaborada pelo detentor do poder e 
submetida ao povo, com vistas a referendar aquele documento, dando a 
ele ares de aparente legitimidade. 
No Brasil, já tivemos tanto Constituições promulgadas, quanto 
outorgadas. Sabendo um pouquinho de história você pode ter uma noção 
inicial do perfil daquela Constituição. É só verificar o “ambiente” em que 
surge aquela Constituição. 
I) A primeira Constituição foi a 1824, que era imperial e outorgada. 
II) Em 1937, tivemos uma Constituição outorgada, durante o regime 
totalitário de Getúlio Vargas (Estado Novo). 
II) A Constituição de 1967 e a emenda constitucional de 1969 foram 
outorgadas logo após o golpe militar de 1964 e regeram o país até 1988. 
Em suma, na história do constitucionalismo brasileiro tivemos 
Constituições outorgadas (1824, 1937, 1967 e 1969) e Constituições 
promulgadas (1891, 1934, 1946 e 1988). 
Quanto à estabilidade (ou alterabilidade): imutáveis, rígidas, 
flexíveis e semi-rígidas 
A Constituição imutável é aquela que não admite alteração do seu 
texto em nenhuma hipótese. Atualmente, podemos dizer que esta forma 
está em desuso (constituem relíquias históricas), tendo em vista que a 
imutabilidade pode resultar na total desconexão entre a Constituição e a 
realidade à sua volta. 
A Constituição rígida é aquela que admite alteração do seu texto, mas 
somente mediante um processo legislativo solene, mais dificultoso do 
que aquele de elaboração das leis. 
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A Constituição flexível admite alteração do seu texto mediante 
processo legislativo simples, igual ao de elaboração das leis. Em regra, 
são também não escritas (classificação quanto à forma), mas podem ser 
excepcionalmente escritas. 
A Constituição semiflexível ou semirrígida mescla os dois tipos 
anteriores. Exige um procedimento especial para alteração de parte do 
seu texto (parte rígida) e permite aalteração da outra parte mediante 
procedimento simples, igual ao de elaboração das leis (parte flexível). 
Destaque-se que, no Brasil, todas as Constituições foram do tipo rígida 
(inclusive a de 1988), exceto a Imperial de 1824, que foi do tipo 
semirrígida. 
A propósito, quer ver como funciona uma Constituição semi-rígida? A 
Constituição de 1824 apresentava a seguinte regra no seu artigo 178: 
“Art. 178. É só Constitucional o que diz respeito aos limites e atribuições respectivas 
dos Poderes Políticos, e aos Direitos Políticos e individuais dos Cidadãos. Tudo o que 
não é Constitucional pode ser alterado, sem as formalidades referidas, pelas 
Legislaturas ordinárias.” 
Ou seja, a própria Constituição traz um dispositivo que indica qual é a 
sua parte rígida (que vai exigir procedimento mais dificultoso para sua 
modificação) e qual é a sua parte flexível. 
Atenção! Apesar de a Constituição de 1988 ser do tipo rígida, há na 
doutrina (Alexandre de Moraes) quem a classifique como super rígida, 
uma vez que possui um núcleo não passível de supressão (cláusulas 
pétreas). 
Quanto à extensão: sintéticas e analíticas 
A Constituição sintética (breve ou concisa) é aquela de texto 
abreviado, que trata apenas de matérias substancialmente 
constitucionais. 
De outra forma, a Constituição analítica (extensa ou prolixa) é aquela 
de texto extenso, tratando de matérias variadas, e não só de temas 
substancialmente constitucionais. 
A Constituição de 1988 é classificada como analítica, pois apresenta 
texto extenso, abrangendo normas materialmente constitucionais, 
normas apenas formalmente constitucionais e normas programáticas. 
Nesse sentido, nossa Constituição segue a tendência moderna de as 
Constituições analíticas como forma de: (i) conferir maior estabilidade a 
certas matérias, levando-as para o texto da Constituição; e (ii) assegurar 
uma maior proteção social aos indivíduos, por meio da fixação de 
programas e diretrizes de política social para a concretização futura pelos 
órgãos estatais. 
Quanto à finalidade: garantia, balanço e dirigente 
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A Constituição garantia (negativa) é aquela de texto abreviado 
(sintética) que se limita a estabelecer as garantias fundamentais e limites 
frente ao Estado. Podemos dizer que elas “olham para o passado”, no 
sentido de garantir aquelas conquistas. 
A Constituição balanço é aquela elaborada para retratar a vida do 
Estado por um período certo de tempo. Podemos dizer que elas “olham o 
presente”. 
A Constituição dirigente (ou programática) tem texto extenso (analítica) 
e, além de estabelecer as garantias fundamentais frente ao Estado, fixam 
programas e diretrizes para a atuação futura dos órgãos estatais, 
normalmente de cunho social. Em suma, elas “olham para frente, para o 
futuro”. 
Nasceram com o surgimento do chamado Estado Social, e passaram a 
introduzir, no texto constitucional, verdadeiros programas sociais a serem 
concretizados no futuro pelos órgãos estatais. Esses programas, em sua 
maioria de cunho social-democrático, correspondem às chamadas 
“normas programáticas”. 
Quanto à correspondência com a realidade: normativas, 
nominativas e semânticas 
Karl Loewenstein formulou uma classificação que leva em conta a 
correspondência entre o texto constitucional e a realidade política do 
Estado. 
A Constituição normativa é aquela que consegue efetivamente 
normatizar a vida política do Estado, limitando sua ingerência por meio 
da garantia de direitos aos indivíduos. Existe em países em que há 
perfeita correspondência entre as normas estabelecidas (pela 
Constituição) e a realidade (o que, de fato, ocorre na vida política do 
Estado). 
A Constituição nominativa é aquela que tem o objetivo de regular a 
vida política do Estado, mas não consegue cumprir essa função. Ou seja, 
até que se busca essa normatização das relações em sociedade, mas 
sem sucesso. 
Por fim, há ainda a Constituição semântica, em que não há sequer o 
objetivo de limitar a ingerência estatal em favor do indivíduo. Busca-se 
apenas conferir legitimidade meramente formal aos governantes, 
servindo como instrumento em favor dos detentores do poder. 
Façamos umas questões para fixar o conteúdo; mas, antes, vamos 
organizar tudo isso que eu falei. 
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8) (CESPE/PROCURADOR/AGU/2010) Segundo a doutrina, quanto ao 
critério ontológico, que busca identificar a correspondência entre a 
realidade política do Estado e o texto constitucional, é possível 
classificar as constituições em normativas, nominalistas e 
semânticas. 
Quanto à correspondência com a realidade (critério ontológico), Karl 
Loewenstein divide as constituições em normativas, nominativas (ou 
nominalistas) e semânticas. Portanto, correto o item. 
I) Normativa → consegue efetivamente normatizar a vida política do 
Estado. 
II) Nominativa → tem o objetivo de regular a vida política do Estado, 
mas não consegue cumprir essa função. 
III) Semântica → não há sequer o objetivo de limitar a ingerência estatal 
em favor do indivíduo. Busca-se apenas conferir legitimidade meramente 
formal aos governantes. 
Item certo. 
9) (CESPE/AGENTE DE POLÍCIA/SECAD/TO/2008) Constituição em 
sentido formal é a que trata de temas e matérias de índole 
constitucional, legitimando o poder transferido pela sociedade ao 
Estado. 
A Constituição que trata de matérias e temas de índole constitucional é a 
Constituição em sentido material. A constituição em sentido formal é 
aquela existente em documento único, escrito, e que traz em seu bojo 
não só assuntos substancialmente constitucionais. De qualquer forma, 
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14
todas as suas normas têm a mesma hierarquia, mantêm status de 
constituição. 
Item errado. 
10) (CESPE/AGENTE DE POLÍCIA/SECAD/TO/2008) Constituição em 
sentido material é a que trata de matéria tipicamente constitucional, 
compreendendo as normas que dizem respeito à estrutura mínima e 
essencial do Estado. 
A questão apresenta corretamente o conceito de Constituição em sentido 
material. 
Item certo. 
11) (CESPE/AGENTE ADMINISTRATIVO/MMA/2009) A CF vigente, 
quanto à sua alterabilidade, é do tipo semiflexível, dada a 
possibilidade de serem apresentadas emendas ao seu texto; 
contudo, com quorum diferenciado em relação à alteração das leis 
em geral. 
A assertiva está errada, pois a CF/88 é do tipo rígida. Até admite 
alteração do seu texto, mas somente mediante um processo legislativo 
solene, mais dificultoso do que aquele de elaboração das leis. 
Por sua vez, as Constituições semirrígidas são aquelas que exigem um 
procedimento especial para alteração de parte do seu texto (parte rígida) 
e permitem a alteração da outra parte mediante procedimento simples, 
igual ao de elaboração das leis (parte flexível). 
Item errado. 
12) (CESPE/AGENTE ADMINISTRATIVO/MMA/2009) Uma Constituição 
do tipo cesarista se caracteriza, quanto à origem, pela ausência da 
participação popular na sua formação. 
Na formação de uma Constituição do tipo cesarista há, sim, participação 
do povo, haja vista que caberá a este referendar (ou não) o texto 
constitucional previamente elaborado. 
Item errado. 
13) (CESPE/AGENTE ADMINISTRATIVO/MMA/2009) Uma Constituição 
classificada como semiflexível ou semirrígida significa que ela é 
tanto rígida como flexível, com certas matérias que exigem um 
processo de alteração mais dificultoso do que o exigido para 
alteração de leis infraconstitucionais. 
O enunciado está de acordo com o conceito apresentado anteriormente. 
Item certo. 
14) (CESPE/AGENTE ADMINISTRATIVO/MMA/2009)A CF, quanto à 
origem, é promulgada, quanto à extensão, é analítica e quanto ao 
modo de elaboração, é dogmática. 
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De fato, a nossa Constituição Federal de 1988 é do tipo promulgada 
(elaborada com participação popular, por meio de representação). É 
analítica (de texto extenso, tratando das mais variadas matérias). E é 
dogmática (escrita por um órgão constituinte, apresentando as idéias 
reinantes no momento de sua elaboração). 
Item certo. 
15) (CESPE/ANALISTA JUDICIÁRIO/ÁREA JUDICIÁRIA/TRT 1ª 
REGIÃO/2008) A CF é dogmática porque é escrita, foi elaborada por 
um órgão constituinte e sistematiza dogmas ou idéias da teoria 
política de seu momento histórico. 
De fato a CF/88 é dogmática, já que é uma Constituição escrita, 
elaborada por um órgão constituinte e que retrata os dogmas ou idéias 
reinantes à época de sua elaboração. 
Item certo. 
16) (CESPE/ANALISTA JUDICIÁRIO/ÁREA JUDICIÁRIA/TRT 1ª 
REGIÃO/2008) A atual CF foi outorgada porque não foi votada 
diretamente pelo povo, mas sim por seus representantes. 
A CF/88 foi promulgada (democrática), exatamente por ter sido votada 
pelos representantes do povo. Seria outorgada caso editada 
unilateralmente pelo detentor do poder, em participação do povo (ou de 
seus representantes legítimos). 
Item errado. 
17) (CESPE/AGENTE ADMINISTRATIVO/AGU/2010) A CF sofreu, ao 
longo de sua existência, enorme quantidade de emendas; apesar 
disso, ela é classificada pela doutrina como rígida, escrita, 
democrática, dogmática, eclética, formal, analítica, dirigente, 
normativa, codificada, social e expansiva. 
Deixei esta questão por último, uma vez que ela abordou classificações 
raramente cobradas em concursos. 
Em primeiro lugar, cabe mencionar que, de fato, a CF/88 é do tipo: (i) 
rígida (exige procedimento mais árduo para alteração dos seus 
dispositivos do que para a mudança das demais leis); (ii) escrita (redigida 
em documento único, por um órgão constituinte); (iii) democrática 
(elaborada por representantes do povo democraticamente eleitos); (iv) 
dogmática (reflete a ideologia reinante em determinado momento 
histórico delimitado no tempo); (v) formal (trata não só de normas 
substancialmente constitucionais); (vi) analítica (de texto extenso, 
tratando de matérias variadas, e não só de temas substancialmente 
constitucionais); (vii) dirigente (além de estabelecer as garantias 
fundamentais frente ao Estado, fixa programas e diretrizes para a 
atuação futura dos órgãos estatais); e (viii) normativa (efetivamente 
regula a vida política do Estado). 
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16
Ademais, há outras classificações esparsas desenvolvidas pela doutrina 
e raramente cobradas em concursos. Assim, está correto dizer que a 
CF/88 também poderia ser classificada como: codificada, social, 
expansiva e eclética. 
Segundo Paulo Bonavides, as constituições podem ser codificadas ou 
legais. As codificadas seriam aquelas que se acham inteiramente num 
só texto, formando um único corpo de lei (é o caso da CF/88). De outra 
forma, há as constituições legais, que seriam compostas de textos 
escritos, mas que se encontram de forma espalhada, fragmentada em 
vários textos esparsos. 
Segundo o critério ideológico, as constituições podem ser sociais ou 
liberais. A Constituição Federal de 1988 é do tipo social, pois se 
relaciona a uma atuação positiva do Estado, em busca da consagração 
da igualdade material entre os cidadãos e dos direitos sociais (direitos 
fundamentais de segunda geração). Já as constituições liberais 
identificam-se com a ideologia liberal, relacionada ao absenteísmo 
estatal, em que se exige um não fazer por parte do Estado (direitos 
fundamentais de primeira geração). 
Raul Machado Horta classifica a CF/88 como expansiva, na medida em 
que traz temas novos e amplia temas permanentes (como é o caso dos 
direitos fundamentais). 
Por fim, podemos classificar as constituições quanto à dogmática em 
ortodoxas e ecléticas. As primeiras seriam aquelas formadas por uma 
única ideologia (como a Constituição Soviética de 1977). Por sua vez, as 
constituições ecléticas seriam aquelas formadas por ideologias 
conciliatórias, como é o caso da CF/88. 
Em suma, a assertiva está correta. 
 
1.3 – Supremacia da Constituição 
Antes de passar para o próximo tópico, quero que você consiga 
identificar de onde surge a chamada supremacia da Constituição. 
Relembrando o que acabamos de falar ao tratar da classificação da 
Constituição quanto à estabilidade... Se a nossa Constituição é rígida, 
ela exige um procedimento especial para sua alteração, mais dificultoso 
do que o das demais normas. 
Ou seja, alterar a Constituição é mais difícil que alterar uma simples lei. 
Como resultado, não pode uma simples lei revogar uma norma 
constitucional qualquer, afinal a Constituição é mais forte do que as leis. 
Veja que se o procedimento de alteração da Constituição fosse o mesmo 
das demais leis, uma simples lei poderia alterar a Constituição. Afinal, 
imagine um sistema de Constituição flexível, em que tanto as normas 
constitucionais quanto as demais normas exigem apenas maioria simples 
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17
para sua produção. Nessa hipótese, qualquer lei aprovada por maioria 
simples após a Constituição poderia revogar seus dispositivos. Isso 
porque nos sistemas de Constituição flexível, não há superioridade 
formal entre as normas constitucionais e as demais leis. Assim sendo, 
estas (as leis) não precisam respeitar aquelas (as normas 
constitucionais). 
Daí ser importante você memorizar: a rigidez traz como conseqüência 
lógica, o posicionamento da nossa Constituição Federal no vértice, 
no topo do ordenamento jurídico. É nos ordenamentos de Constituição 
rígida que vigora o princípio da supremacia formal da Constituição. 
Por conseqüência, todos os atos e manifestações jurídicas, para 
permanecerem no ordenamento jurídico, devem estar de acordo com a 
Lei Maior, a Constituição. 
Entretanto, você tem de saber que supremacia material e supremacia 
formal não se confundem. 
Essa superioridade que posiciona a Constituição em um plano superior e 
exige conformidade das demais normas com seus princípios e suas 
regras consiste na supremacia formal (supremacia decorrente das 
formalidades especiais exigidas para a alteração das normas 
constitucionais). 
Observe que essa força das normas constitucionais não existe devido ao 
seu conteúdo. Não é a dignidade do tema tratado que faz nascer essa 
superioridade. Ela decorre do simples fato de a norma estar dentro da 
Constituição rígida. 
Por seu turno, existe a supremacia material; aí sim, decorrente da 
matéria, do conteúdo da norma. Essa supremacia decorre do fato de 
uma norma tratar de matéria relevante, substancialmente constitucional. 
Não há qualquer relação com o processo de elaboração da norma ou 
com o fato de ela estar dentro ou fora de um documento único. 
Supremacia formal → relaciona-se ao processo de elaboração; 
Supremacia material → relaciona-se à dignidade do conteúdo; 
É possível então que você já tenha formulado uma constatação 
interessante: 
I) só há que se falar em supremacia formal das normas constitucionais 
em um sistema de Constituição rígida; 
II) já a supremacia material também existe nas Constituições flexíveis, 
não-escritas, históricas e costumeiras. 
Por fim, observe que, se a noção de supremacia formal posiciona a 
Constituição acima de todas as demais normas, a Constituição funciona 
como parâmetro de validade dessas normas, que devem sempre estar 
de acordo com ela. Em outras palavras, o controle de constitucionalidadeCURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL P/ O TCU 
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das leis e atos normativos decorre da noção de supremacia formal da 
Constituição. Mas, voltaremos a tratar disso nas últimas aulas; aliás, as 
mais interessantes do curso... 
18) (CESPE/ANALISTA JUDICIÁRIO/ÁREA JUDICIÁRIA/TRT 1ª 
REGIÃO/2008) Tanto as constituições rígidas como as flexíveis 
apresentam superioridade material e formal em relação às demais 
normas do ordenamento jurídico. 
No caso de uma Constituição flexível, uma simples lei poderia alterar a 
Constituição, pois esta não tem uma força maior. Significa dizer que, nos 
sistemas de Constituição flexível, não há superioridade formal entre as 
normas constitucionais e as demais leis. Portanto, errada a questão. 
Entretanto, a supremacia material não decorre do procedimento, mas 
da matéria, do conteúdo da norma. Essa supremacia decorre do fato de 
uma norma tratar de matéria relevante, substancialmente constitucional. 
E nesse caso, mesmo as constituições flexíveis dispõem de 
superioridade material. 
Item errado. 
19) (CESPE/TITULARIDADE DE SERVIÇOS NOTARIAIS E DE 
REGISTRO/TJDFT/2008) A idéia de supremacia material da CF, 
segundo o STF, é o que possibilita o controle de constitucionalidade. 
A supremacia formal é que posiciona a Constituição no vértice, no topo 
do ordenamento jurídico. Como conseqüência, todos os atos e 
manifestações jurídicas, para permanecerem no ordenamento jurídico, 
devem estar de acordo com a Lei Maior, a Constituição. 
Daí a necessidade da existência de controle de constitucionalidade, para 
verificar a compatibilidade desses atos e manifestações com as regras e 
princípios da Constituição Federal. 
Assim, errada a questão, pois só faz sentido falar-se em controle de 
constitucionalidade se a Constituição estiver acima das leis (onde haja 
supremacia formal constitucional). 
Item errado. 
 
1.4 – Elementos das constituições 
Esse assunto é desenvolvido pelo professor José Afonso da Silva e vem 
sendo cobrado pelas bancas examinadoras de concursos. 
Como já foi comentado, tem sido observado o fenômeno da ampliação 
do conteúdo das constituições, que vem ocorrendo ao longo da história e 
resultando na distinção, já comentada, entre sentido formal e material de 
Constituição. 
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19
Isso tem ocorrido especialmente após as constituições passarem a trazer 
em seu conteúdo os fins e os objetivos do Estado, ao mesmo tempo em 
que este Estado assume uma postura mais interventiva. 
Assim, as constituições contemporâneas têm se apresentado repletas de 
normas que tratam das matérias mais variadas. Tendo em vista essa 
diversidade, José Afonso da Silva agrupa as normas em cinco categorias 
de elementos constitucionais, a saber: 
I) elementos orgânicos – reúnem os dispositivos constitucionais 
relacionados à organização, ao funcionamento e à estrutura do poder e 
do Estado. São exemplos os títulos III (organização do Estado); IV 
(organização dos poderes e do sistema de governo); VI (tributação e 
orçamento); e capítulos II e III do título V (forças armadas e segurança 
pública); 
II) elementos limitativos – abrangem os dispositivos referentes aos 
direitos e garantias fundamentais (com exceção dos direitos sociais), 
que, como se sabe, visam a limitar o poder do Estado; 
III) elementos sócio-ideológicos – incluem as normas relacionadas à 
noção de Estado de bem-estar social, que indicam o caráter 
intervencionista e social das constituições modernas. São exemplos os 
direitos sociais e os títulos VII (ordem econômica e financeira) e VIII 
(ordem social); 
IV) elementos de estabilização constitucional – consubstanciam 
normas destinadas a assegurar a solução de conflitos constitucionais, 
a defesa da Constituição, do Estado e das instituições democráticas. 
Inclui os arts. 102 e 103 (jurisdição constitucional); o art. 60 (processo de 
emenda constitucional); os arts. 34 a 36 (intervenção); e o capítulo I do 
título V (estado de defesa e estado de sítio); 
V) elementos formais de aplicabilidade – normas que estatuem regras 
de aplicação das constituições. São exemplos o preâmbulo, as 
disposições constitucionais transitórias (ADCT); bem como o § 1° do art. 
5°, segundo o qual “as normas definidoras dos direitos e garantias 
fundamentais têm aplicação imediata”. 
20) (CESPE/DELEGADO/POLÍCIA CIVIL/PB/2008) O dispositivo 
constitucional que determina a competência do Superior Tribunal de 
Justiça (STJ) para julgar crimes cometidos por governador de estado 
insere-se no chamado elemento formal de aplicabilidade. 
O dispositivo constitucional que determina a competência do STJ para 
julgar crimes cometidos por governador de estado insere-se nos 
chamados elementos orgânicos da Constituição. Afinal, trata-se de regra 
que diz respeito à relação entre os poderes. 
Item errado. 
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20
21) (CESPE/ANALISTA JUDICIÁRIO/ÁREA JUDICIÁRIA/STJ/2008) Os 
direitos e garantias fundamentais são considerados elementos 
limitativos das constituições. 
De fato, os direitos e garantias fundamentais integram os denominados 
elementos limitativos das constituição. 
Item certo. 
 
2 – Aplicabilidade e eficácia: Classificação das normas 
constitucionais 
Neste tópico passarei a abordar sucintamente o assunto eficácia e 
aplicabilidade das normas constitucionais. 
Em primeiro lugar: todas as normas constitucionais possuem eficácia 
jurídica. Podemos até considerar a existência de uma variação no grau 
de eficácia e aplicabilidade dessas normas. Mas, não existem normas 
desprovidas de eficácia jurídica no texto da Constituição. 
Bem, ocorre que algumas normas já produzem seus efeitos essenciais 
com a simples promulgação da Constituição. Outras têm um grau de 
eficácia reduzido, já que só produzem os seus plenos efeitos quando 
forem regulamentados por lei. 
Quem melhor desenvolve esse assunto é o prof. José Afonso da Silva, 
que classifica as normas constitucionais em: eficácia plena, limitada e 
contida. Fique atento, pois esse assunto não cai, despenca em 
concursos! E o melhor é que é bem simples de você aprender... 
As normas constitucionais dividem-se em três diferentes graus de 
eficácia: 
→ eficácia plena 
→ eficácia contida 
→ eficácia limitada 
 
2.1 – Normas de eficácia plena 
As normas de eficácia plena são aquelas que já estão aptas para 
produzirem os seus plenos efeitos com a simples entrada em vigor da 
Constituição, independentemente de regulamentação por lei. 
Assim, são dotadas de aplicabilidade imediata (porque estão aptas para 
produzir efeitos imediatamente, com a simples promulgação da 
Constituição); direta (porque não dependem de nenhuma norma 
regulamentadora intermediária para a produção de efeitos); e integral 
(porque já produzem seus essenciais efeitos). 
 
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2.2 – Normas de eficácia contida 
As normas de eficácia contida, restringida ou restringível também 
estão aptas para a produção de seus plenos efeitos com a simples 
promulgação da Constituição, mas podem ser restringidas. Promulgada 
a Constituição, aquele direito (nelas previsto) é imediatamente 
exercitável, mas esse exercício poderá ser restringido no futuro. 
Assim, são dotadas de aplicabilidade imediata (porque estão aptas para 
produzir efeitos imediatamente, com a simples promulgação da 
Constituição); direta (porque não dependem de nenhuma norma 
regulamentadora intermediária para a produção de efeitos); mas não-
integral (porque sujeitas à imposição de restrições). 
Ademais, vale a pena comentar que as restrições às normasde eficácia 
contida podem ser impostas: 
a) por lei (exemplo: art. 5º, XIII, da CF/88, que prevê as restrições ao 
exercício de trabalho, ofício ou profissão, que poderão ser impostas pela 
lei que estabelecer as qualificações profissionais); 
b) por outras normas constitucionais (exemplo: art. 139 da CF/88, que 
impõe restrições ao exercício de certos direitos fundamentais, durante o 
período de estado de sítio); 
c) por conceitos ético-jurídicos geralmente aceitos (exemplo: art. 5º, XXV, 
da CF/88, em que o conceito de “iminente perigo público” autoriza a 
autoridade competente a impor uma restrição ao direito de propriedade, 
requisitando administrativamente a propriedade particular). 
 
2.3 – Normas de eficácia limitada 
As normas de eficácia limitada são aquelas que só produzem seus 
plenos efeitos depois da exigida regulamentação. Elas asseguram 
determinado direito, mas esse direito não poderá ser exercido enquanto 
não for regulamentado pelo legislador ordinário. Enquanto não expedida 
a regulamentação, o exercício do direito permanece impedido. 
São, por isso, dotadas de aplicabilidade mediata (só produzirão seus 
efeitos essenciais posteriormente, depois da regulamentação por lei); 
indireta (não asseguram, diretamente, o exercício do direito, dependendo 
de norma regulamentadora intermediária para tal); e reduzida. 
Podemos dizer que, com a simples promulgação da Constituição, sua 
eficácia é meramente “negativa”. É importante explicar melhor essa 
eficácia negativa. 
É que elas não produzem seus plenos efeitos ainda (já que dependem da 
regulamentação), mas já servem de parâmetro para a realização do 
controle de constitucionalidade das leis: (i) revogando a legislação 
pretérita em sentido contrário; e (ii) permitindo a declaração da 
inconstitucionalidade da legislação posterior em sentido contrário. 
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22
Ademais, essas normas também servem de parâmetro para o exercício 
da interpretação constitucional. 
Atenção! Diante do que eu disse aqui, é errada a questão que afirme 
que até a regulamentação, as normas de eficácia limitada são 
desprovidas de eficácia. 
Continuando nossa análise sobre as normas de eficácia limitada, elas 
podem ser divididas em dois grupos: 
a) de princípio institutivo ou organizativo; 
b) de princípio programático. 
As normas definidoras de princípio institutivo ou organizativo são 
aquelas em que a Constituição estabelece regras para a futura criação, 
estruturação e organização de órgãos, entidades ou institutos, mediante 
lei (por exemplo, “a lei disporá sobre a organização administrativa e 
judiciária dos Territórios” (CF, art. 33)). 
Vale comentar que essas normas constitucionais definidoras de princípio 
institutivo podem ser impositivas (quando determinam 
peremptoriamente a edição de norma) ou facultativas (quando apenas 
facultam ao legislador, não impõem). 
Ou seja: 
I) Impositivas → aquelas vinculadas, em que se determina ao legislador 
a obrigação de emissão da legislação integrativa (por exemplo, art. 20, 
§2°; art. 32, §4°; art. 33; art. 88; art. 91, § 2°); e 
II) Facultativas → aquelas que dão ao legislador ordinário a 
possibilidade (e não a obrigação) de instituir ou regular a situação nelas 
delineada (por exemplo, art. 22, § único; art. 125, § 3°; art. 195, § 4°; art. 
25, § 3°; art. 154, I). 
Já as normas constitucionais definidoras de princípios programáticos 
são aquelas em que a Constituição estabelece os princípios e diretrizes a 
serem cumpridos futuramente pelos órgãos estatais (legislativos, 
executivos, jurisdicionais e administrativos), visando à realização dos fins 
sociais do Estado. 
Constituem programas a serem realizados pelo Poder Público, 
disciplinando interesses econômico-sociais, tais como: realização da 
justiça social; valorização do trabalho; amparo à família; combate ao 
analfabetismo etc. (por exemplo, “a República Federativa do Brasil 
buscará a integração econômica, política, social e cultural dos povos da 
América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-
americana de nações” (CF, art. 4°, parágrafo único)). Esse grupo é 
composto pelas chamadas normas programáticas. 
Bem, esquematizei essas informações para que você possa memorizá-
las de forma mais simples. 
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23
Sintetizando: 
 
 
22) (CESPE/ANALISTA DE INFRAESTRUTURA/MPOG/2010) O 
dispositivo constitucional que estabelece ser livre o exercício de 
qualquer trabalho ofício ou profissão, atendidas as qualificações 
profissionais instituídas em lei, constitui exemplo de norma de 
eficácia limitada. 
O dispositivo constitucional que assegura a liberdade profissional (CF, 
art. 5°, XIII) é norma de eficácia contida. Enquanto a lei não regulamentar 
determinado trabalho, ofício ou profissão, o seu exercício é livre a 
qualquer pessoa. Esse direito poderá ser restringido após a 
regulamentação, situação em que a liberdade do exercício profissional 
estará subordinada ao cumprimento das condições estabelecidas em lei. 
Atenção para esse “exemplo clássico” de norma de eficácia contida! 
Sempre cai o tal direito à liberdade de exercício profissional. Lembro que 
chamei a atenção para isso no curso para o concurso do MPOG e deu no 
que deu: ele caiu de novo e quem ficou atento acertou. 
Item errado. 
23) (CESPE/ANALISTA/DPU/2010) Normas constitucionais de eficácia 
limitada são aquelas por meio das quais o legislador constituinte 
regulou suficientemente os interesses relativos a determinada 
Eficácia 
Plena 
Eficácia 
Contida 
- Só produzem seus plenos efeitos depois da exigida regulamentação 
- Aplicabilidade 
- Princípio Institutivo → regras para a futura criação, estruturação e organização de órgãos, 
entidades ou institutos, mediante lei. 
- Princípio Programático → princípios e diretrizes a serem cumpridos futuramente pelos 
órgãos estatais visando à realização dos fins sociais do Estado. 
Eficácia das normas constitucionais
Mediata (efeitos essenciais apenas após regulamentação) 
Indireta (dependem de nenhuma norma regulamentadora) 
Reduzida (com a promulgação da Constituição, sua eficácia é 
meramente “negativa”, isto é, revogam a legislação pretérita 
e proíbem a legislação futura em sentido contrário) 
- Produzem seus efeitos essenciais com a simples entrada em vigor 
Imediata (aptas para produzir efeitos imediatamente) 
Direta (não dependem de nenhuma norma regulamentadora) 
Integral (já produzem seus integrais efeitos) 
- Aplicabilidade 
- Produzem seus efeitos essenciais, mas eles podem ser restringidos 
Imediata (aptas para produzir efeitos imediatamente) 
Direta (não dependem de nenhuma norma regulamentadora) 
Não integral (sujeitas à imposição de restrições) 
- Aplicabilidade 
Eficácia 
Limitada 
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24
matéria, mas deixou margem à atuação restritiva por parte da 
competência discricionária do poder público, nos termos em que a 
lei estabelecer ou nos termos dos conceitos gerais por ele 
enunciados. 
Acredito que você não teve dificuldades em acertar essa questão. A 
assertiva apresentou o conceito de norma de eficácia contida (e não 
eficácia limitada). Portanto, está incorreta. 
Memorize esses conceitos: 
Se o direito pode ser restringido → eficácia restringível ou contida 
Item errado. 
24) (CESPE/ANALISTA/DPU/2010) As normas constitucionais de 
eficácia plena são completas, não necessitando de qualquer outra 
disciplina legislativa para terem total aplicabilidade. Entre elas, 
encontram-se, por exemplo, as declaratórias de princípios 
organizativos (ou orgânicos), que contêm esquemas gerais einiciais 
de estruturação de instituições, órgãos ou entidades. 
A primeira parte está correta. De fato, as normas constitucionais de 
eficácia plena não necessitam de regulamentação. Todavia, as normas 
declaratórias de princípios organizativos são um tipo de normas de 
eficácia limitada. Ou seja, trata-se de espécies do gênero normas de 
eficácia limitada. 
Item errado. 
25) (CESPE/ANALISTA/DPU/2010) Muitas vezes, uma regra prevista na 
Constituição utiliza expressões como nos termos da lei e na forma 
da lei, evidenciando não ter aplicabilidade imediata. São as 
chamadas normas constitucionais de eficácia contida. 
A assertiva está incorreta, uma vez que são as normas de eficácia 
limitada que não têm aplicabilidade imediata (e não as de eficácia 
contida). 
26) (CESPE/ANALISTA PROCESSUAL/MPU/2010) As normas 
constitucionais de eficácia limitada são desprovidas de 
normatividade, razão pela qual não surtem efeitos nem podem servir 
de parâmetro para a declaração de inconstitucionalidade. 
Podemos dizer que, com a simples promulgação da Constituição, a 
eficácia das normas de eficácia limitada é meramente “negativa”. Nesse 
sentido, elas ainda não produzem seus plenos efeitos de forma integral. 
Mas já surtem algum efeito e podem servir de parâmetro para a 
realização do controle de constitucionalidade das leis: (i) revogando a 
legislação pretérita em sentido contrário; e (ii) permitindo a declaração da 
inconstitucionalidade da legislação posterior em sentido contrário. 
Ademais, essas normas também servem de parâmetro para o exercício 
da interpretação constitucional. 
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25
Item errado. 
 
3 – Interpretação da Constituição 
A partir de agora, tratarei da interpretação constitucional. Você precisa 
conhecer os métodos de interpretação e principalmente os princípios de 
interpretação, sendo mais comuns de serem cobrados estes últimos. 
Nesse assunto, você vai ter que aprender os conceitos de forma de geral 
e guardar determinadas expressões para identificar de qual 
princípio/método a questão está falando. 
 
3.1 – Princípios de Interpretação 
Vejamos um a um os principais aspectos relacionados a cada princípio. 
Princípio da Unidade da Constituição 
O texto da Constituição deve ser interpretado de forma a evitar 
contradições (antinomias) entre suas normas. Isso porque a 
Constituição deve ser considerada na sua globalidade, exigindo-se do 
intérprete a busca da interpretação que harmonize suas aparentes 
contradições. 
Como decorrência desse princípio, temos que não existem antinomias 
normativas verdadeiras entre os dispositivos constitucionais. Cabe ao 
intérprete o exercício de eliminar as eventuais contradições (antinomias) 
aparentes. 
Princípio do Efeito Integrador 
De acordo com o princípio do efeito integrador, na resolução dos 
problemas jurídico-constitucionais, deve-se dar primazia aos critérios ou 
pontos de vista que favoreçam a integração política e social e o 
reforço da unidade política. 
Princípio da Máxima Efetividade 
Segundo o princípio da máxima efetividade (ou princípio da eficiência, ou 
princípio da interpretação efetiva), o intérprete deve extrair da norma 
constitucional o sentido que lhe dê maior eficácia, a mais ampla 
efetividade social. 
Princípio da Justeza 
Também chamado de princípio da conformidade funcional, o princípio da 
justeza preconiza que os intérpretes não poderão chegar a um resultado 
que subverta ou perturbe o esquema organizatório-funcional 
estabelecido pelo legislador constituinte, notadamente no que tange à 
alteração da repartição de funções constitucionalmente estabelecida. 
Princípio da Harmonização 
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26
Conhecido também como princípio da concordância prática, exige a 
coordenação e combinação dos bens jurídicos quando houver conflito ou 
concorrência entre eles, a fim de se evitar o sacrifício (total) de uns em 
relação aos outros. Ou seja, decorre da inexistência de hierarquia entre 
os princípios, ocasionando uma coexistência harmônica entre eles. 
Princípio da Força Normativa da Constituição 
Desenvolvido por Konrad Hesse, esse princípio preconiza que o 
intérprete dê sempre prevalência aos pontos de vista que contribuem 
para uma eficácia ótima da Constituição (haja vista seu caráter 
normativo). Assim, devem ser valorizadas as soluções que possibilitem a 
atualização normativa, a eficácia e a permanência da Lei Maior. 
Interpretação conforme a Constituição 
Esse princípio é o mais relevante de todos, portanto, não deixe de 
conhecê-lo. 
O princípio da interpretação conforme é especialmente aplicável no 
âmbito do controle de constitucionalidade, em casos de normas 
infraconstitucionais de múltiplos significados (plurisignificativas). Assim, 
havendo vários significados para aquela norma, cabe ao intérprete dar 
prevalência àquele sentido que esteja conforme a Constituição. 
Assim, ao invés de declarar a norma inconstitucional, o intérprete deve 
dar aplicação ao seu sentido compatível com a Constituição e afastar a 
aplicação daquele sentido que seja desconforme. 
Podemos dizer que dessa forma prevalece a supremacia da 
Constituição (na medida em que repele a aplicação inconstitucional) e o 
princípio de presunção de constitucionalidade das leis (que inclui o 
esforço de conservação da norma, já que deixa de declará-la 
inconstitucional como um todo). 
Evidentemente, nesse esforço não pode o aplicador da lei chegar a uma 
interpretação que subverta o próprio sentido e teor da lei (ou seja, a fim 
de adequá-la à Constituição, não pode o intérprete seguir interpretação 
dissonante com a vontade do legislador). Isso porque essa forma de 
interpretação, na prática, transformaria o intérprete em legislador 
positivo. 
Em suma: 
I) no caso de uma norma plurissignificativa, deve-se favorecer a 
interpretação que lhe compatibilize a Constituição (valorizando a 
supremacia da Constituição); 
II) o esforço é no sentido da conservação da validade da lei (e não da 
declaração de sua inconstitucionalidade); assim, a norma não deve ser 
declarada inconstitucional quando for possível conferir a ela uma 
interpretação conforme (valorizando a presunção de constitucionalidade 
das leis). 
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27
Sintetizando: 
 
 
27) (CESPE/PROCURADOR/AGU/2010) Pelo princípio da concordância 
prática ou harmonização, na hipótese de eventual conflito ou 
concorrência entre bens jurídicos constitucionalizados, deve-se 
buscar a coexistência entre eles, evitando-se o sacrifício total de um 
princípio em relação ao outro. 
O princípio da concordância prática (ou da harmonização) exige a 
coordenação e combinação dos bens jurídicos quando houver conflito ou 
concorrência entre eles, a fim de se evitar o sacrifício (total) de uns em 
relação aos outros. Ou seja, esse princípio decorre da inexistência de 
hierarquia entre os bens jurídicos constitucionalizados, ocasionando uma 
necessidade de coexistência harmônica entre eles. 
Item certo. 
28) (CESPE/JUIZ/TRT1/2010) Pelo princípio da conformidade funcional, 
a contradição entre princípios deve ser superada por meio da 
redução proporcional do âmbito de alcance de cada um deles ou 
pelo reconhecimento da preferência ou prioridade de certos 
princípios em relação a outros. 
O conceito apresentado na assertiva não tem relação com o princípio da 
conformidade funcional. O princípio da conformidade funcional (ou da 
justeza) preconiza que os intérpretes não poderão chegar a um resultado 
que subverta ou perturbe o esquema organizatório-funcional estabelecido 
pelo legislador constituinte, especialmente no quese refere à repartição 
de funções entre os poderes. 
Item errado. 
29) (CESPE/ANALISTA JUDICIÁRIO/ÁREA JUDICIÁRIA: EXECUÇÃO 
DE MANDADOS/TRT 17ª REGIÃO/2009) Segundo o princípio da 
unidade da constituição, cada país só pode ter uma constituição em 
Unidade da Constituição 
Efeito integrador 
Máxima efetividade 
Justeza (conformidade 
funcional) 
Harmonização 
Força normativa da 
constituição 
Interpretação conforme a 
constituição 
evitar contradições (antinomias) 
integração política e social e o reforço da unidade política 
sentido que dê maior eficácia, mais ampla efetividade social 
esquema organizatório-funcional 
evitar o sacrifício (total) de uns em relação aos outros 
atualização normativa, a eficácia e a permanência da 
Constituição 
preferência ao sentido da norma que a compatibilize com o 
conteúdo da Constituição 
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28
vigor, de modo que a aprovação de nova constituição implica a 
automática revogação da anterior. 
Segundo o princípio da unidade, o texto da Constituição deve ser 
interpretado de forma a evitar contradições (antinomias) entre suas 
normas. Isso porque a Constituição deve ser considerada na sua 
globalidade, exigindo-se do intérprete a busca da interpretação que 
harmonize suas aparentes contradições. 
Como decorrência desse princípio, temos que não existem antinomias 
normativas verdadeiras entre os dispositivos constitucionais. Cabe ao 
intérprete o exercício de eliminar as eventuais contradições (antinomias) 
aparentes. 
30) (CESPE/AUFC/TCU/2009) O princípio da concordância prática ou 
da harmonização, derivado do princípio da unidade da CF, orienta o 
aplicador ou intérprete das normas constitucionais no sentido de 
que, ao se deparar com um possível conflito ou concorrência entre 
os bens constitucionais, busque uma solução que evite o sacrifício 
ou a negação de um deles. 
Na assertiva anterior foi apresentado o conceito do princípio da unidade. 
De fato, o princípio da concordância prática pode ser considerado como 
derivado do princípio da unidade. 
Este último exige do intérprete a busca da interpretação que harmonize 
aparentes contradições do texto constitucional. Da mesma forma, o 
princípio da harmonização (ou da concordância prática) exige 
coordenação e combinação dos bens jurídicos em conflito a fim de se 
evitar o sacrifício total de um deles. 
Item certo. 
31) (CESPE/DEFENSOR PÚBLICO/DPU/2010) Atendendo ao princípio 
denominado correção funcional, o STF não pode atuar no controle 
concentrado de constitucionalidade como legislador positivo. 
Segundo o princípio da correção (ou conformidade) funcional, os 
intérpretes da Constituição não poderão chegar a um resultado que 
subverta ou perturbe o esquema organizatório-funcional estabelecido 
pelo legislador constituinte, especialmente no que tange à alteração da 
repartição de funções entre os poderes constitucionalmente 
estabelecidos. 
Assim, a assertiva estabelece a seguinte relação: não se admite que o 
STF atue como legislador positivo no âmbito do controle concentrado, 
uma vez que a função legislativa é precipuamente destinada ao Poder 
Legislativo. Assim, eventual atuação do STF nesse sentido estaria 
subvertendo a repartição constitucional de funções entre os poderes 
(situação que o princípio da conformidade funcional tenta prevenir). 
Item certo. 
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29
32) (CESPE/ANALISTA JUDICIÁRIO/ÁREA JUDICIÁRIA/TRE MA/2009) 
De acordo com o princípio interpretativo da máxima efetividade ou 
da eficiência das normas constitucionais, devem ter prioridade, 
quando da resolução de problemas jurídico-constitucionais, critérios 
que favoreçam a integração política e social. 
Segundo o princípio da máxima efetividade (ou princípio da eficiência, ou 
princípio da interpretação efetiva), o intérprete deve extrair da norma 
constitucional o sentido que lhe dê maior eficácia, a mais ampla 
efetividade social. 
Já a prioridade aos critérios que favoreçam a integração política e social 
decorre do princípio do efeito integrador. 
Item errado. 
33) (CESPE/PROCURADOR/PGE-PE/2009) Em razão do princípio da 
eficácia integradora, se norma fundamental instituir um sistema 
coerente e previamente ponderado de repartição de competências, 
não poderão os seus aplicadores chegar a resultado que subverta 
esse esquema organizatório-funcional. 
De acordo com o princípio do efeito integrador (ou da eficácia 
integradora), na resolução dos problemas jurídico-constitucionais, deve-
se dar primazia aos critérios ou pontos de vista que favoreçam a 
integração política e social e o reforço da unidade política. 
A assertiva atribuiu incorretamente ao princípio da eficácia integradora a 
definição do princípio da conformidade funcional (vedação a que os 
intérpretes cheguem a um resultado que subverta o esquema 
organizatório-funcional constitucionalmente estabelecido). 
Item errado. 
34) (CESPE/PROCURADOR PREVIDENCIÁRIO/INST. PREV. 
CARIACICA/2007) A aplicação do princípio da interpretação 
conforme a Constituição não está limitada à literalidade da norma, 
ou seja, é permitido ao intérprete inverter o sentido das palavras e 
subverter a intenção do legislador. 
O princípio da interpretação conforme a Constituição é o mais relevante 
para concursos públicos. 
No esforço de dar à norma uma interpretação conforme a Constituição, 
não pode o aplicador da lei chegar a um resultado que subverta o próprio 
sentido e teor da norma (ou seja, a fim de adequá-la à Constituição, não 
pode o intérprete seguir interpretação dissonante com a vontade do 
legislador). Se assim fosse, essa forma de interpretação, na prática, 
transformaria o intérprete em legislador positivo. 
Item errado. 
35) (CESPE/PROCURADOR PREVIDENCIÁRIO/INST. PREV. 
CARIACICA/2007) Sempre que uma lei puder de alguma forma 
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30
colocar em risco o ordenamento constitucional, cumpre ao Poder 
Judiciário anulá-la, não sendo possível aplicar-lhe uma forma de 
interpretação que preserve um dos sentidos que ela comporte e que 
esteja em harmonia com a Constituição Federal. 
A assertiva está incorreta, pois a técnica da interpretação conforme a 
Constituição objetiva exatamente isto: preservar um dos sentidos da 
norma, aquele que se harmonize com a Constituição. 
Item errado. 
36) (CESPE/JUIZ/TRT1/2010) Pelo princípio da força normativa da CF, 
às normas constitucionais deve ser atribuído o sentido que maior 
eficácia lhes conceda. 
Desenvolvido por Konrad Hesse, o princípio da força normativa da 
Constituição preconiza que o intérprete dê sempre prevalência aos 
pontos de vista que contribuem para uma eficácia ótima da Constituição 
como um todo (haja vista seu caráter normativo). Assim, devem ser 
valorizadas as soluções que possibilitem a atualização normativa, a 
eficácia e a permanência da Carta Maior. 
A assertiva apresentou o sentido do princípio da máxima efetividade, 
segundo o qual o intérprete deve extrair da norma constitucional o 
sentido que lhe dê maior eficácia. 
Item errado. 
37) (CESPE/ANALISTA JUDICIÁRIO/ÁREA JUDICIÁRIA: EXECUÇÃO 
DE MANDADOS/TRT 17ª REGIÃO/2009) O princípio do efeito 
integrador estabelece que, havendo lacuna na CF, o juiz deve 
recorrer a outras normas do ordenamento jurídico para integrar o 
vácuo normativo. 
A assertiva apresentou uma definição inadequada para o princípio do 
efeito integrador. Segundo esse princípio, na resolução dos problemas 
jurídico-constitucionais, o intérprete deve dar primazia aos critérios ou 
pontos de vista que favoreçam a integração política e sociale o reforço 
da unidade política. 
Item errado. 
 
3.2 – Métodos de Interpretação 
Um pouco menos amigáveis, mas também menos cobrados que os 
princípios de interpretação, temos de conhecer os métodos de 
interpretação. 
Método Jurídico (hermenêutico clássico) 
O método jurídico (hermenêutico clássico) adota a premissa de que a 
Constituição deve ser encarada como uma lei. Logo, interpretar a 
Constituição é interpretar uma lei. Em suma, para a atividade de 
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31
interpretação da Constituição, atribui-se grande importância ao texto da 
norma: a função do intérprete é desvendar o sentido do texto, sem ir 
além do teor literal dos seus preceitos. 
Assim, desvenda-se o sentido as normas constitucionais por meio da 
utilização dos elementos: (i) literal ou textual (filológico); (ii) lógico 
(sistemático); (iii) histórico; (iv) teleológico (finalidade da norma); (v) 
genético (investigação das origens dos conceitos empregados no texto 
constitucional). 
Método Tópico-Problemático 
Baseia-se na priorização do estudo do caso concreto sobre a norma, 
já que parte da premissa de que a interpretação tem um caráter prático. 
Assim, procura-se encaixar o problema na interpretação mais 
conveniente, em face de possibilidades extraídas dos diversos sentidos 
do texto constitucional. Observe que o caso concreto é o centro do 
método. Em outras palavras, o problema concreto prevalece sobre a 
norma. 
Método Hermenêutico-Concretizador 
Reconhece a importância do aspecto subjetivo, da pré-compreensão 
que o intérprete tem daquela situação. Assim, a interpretação 
constitucional dá-se pela conjugação dessa pré-compreensão (juízo 
abstrato e antecipado sobre a norma) e o caso concreto (problema em 
relação ao qual a norma constitucional é aplicada). 
Em outras palavras, a interpretação tem como ponto de partida a pré-
compreensão do intérprete, a quem compete concretizar a norma a partir 
de uma dada situação histórica. 
Assim, podemos segmentar o elemento subjetivo (a pré-compreensão) e 
o elemento objetivo (o contexto de mediação entre o texto e a situação 
concreta). 
A partir daí surge o círculo hermenêutico, movimento de ir e vir entre o 
elemento subjetivo e o objetivo, em que a análise do caso concreto frente 
à norma reformula a própria pré-compreensão do intérprete (elemento 
subjetivo). E essa reformulação influirá na nova observação da realidade 
frente ao conteúdo da norma, num contínuo movimento de ir e vir entre o 
contexto de aplicação da norma e a pré-compreensão do intérprete. 
Ao contrário do método tópico-problemático, o método hermenêutico-
concretizador parte da Constituição para o problema, sendo que a norma 
prevalece sobre o caso concreto. 
Método Científico-Espiritual 
Método de interpretação sistêmico e espiritualista, que se baseia na 
premissa de que o intérprete deve levar em conta os valores 
subjacentes à Constituição (econômicos, sociais, políticos e culturais), 
integrando o sentido de suas normas a partir da "captação espiritual" da 
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32
realidade da comunidade. Ou seja, as normas são analisadas menos 
pelo seu sentido textual e mais pela ordem de valores do mundo real 
(realidade social), a fim de alcançar a integração da Constituição com a 
realidade espiritual da comunidade. 
Método Normativo-Estruturante 
Distingue a “norma constitucional” do “texto da norma”. Ou seja, 
além do texto, a norma constitucional compreende também um domínio 
normativo, isto é, pedaço da realidade concreta, que o programa 
normativo só parcialmente contempla. Assim, a tarefa do intérprete 
abrange interpretar o texto da norma (elemento literal) e também verificar 
os modos de sua concretização na realidade social. 
Interpretação Comparativa 
Pretende captar a evolução de institutos jurídicos, normas e conceitos de 
vários ordenamentos jurídicos, mediante comparação entre eles, 
identificando semelhanças e diferenças. Essa análise pode esclarecer o 
significado a ser atribuído a determinadas expressões presentes nas 
normas constitucionais. 
Sintetizando: 
I) método jurídico = interpreta-se a constituição como se interpreta uma lei; 
II) método tópico problemático = confere primazia ao problema perante a 
norma, parte-se do problema para a norma; 
III) método hermenêutico concretizador = pré-compreensão do sentido do 
texto constitucional, conferindo primazia à norma perante o problema, 
formando um círculo hermenêutico; 
IV) método científico-espiritual = leva em conta a ordem de valores 
subjacente ao texto, bem assim a integração do texto constitucional com a 
realidade da comunidade; 
V) método normativo-estruturante = a norma constitucional abrange um 
pedaço da realidade social; assim, a interpretação deve verificar o texto da 
norma, bem como sua concretização na realidade; 
VI) método comparativo = comparação entre diferentes ordenamentos 
constitucionais. 
 
38) (CESPE/ABIN/OFICIAL DE INTELIGÊNCIA/ÁREA DIREITO/2010) 
Entre os métodos compreendidos na hermenêutica constitucional 
inclui-se o tópico problemático, que consiste na busca da solução 
partindo-se do problema para a norma. 
De fato, o método tópico-problemático baseia-se na priorização do 
estudo do caso concreto sobre a norma, já que parte da premissa de que 
a interpretação tem um caráter prático. Assim, a Constituição é entendida 
como um sistema aberto de regras e princípios. 
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33
Nesse sentido, a questão está correta, pois, nesse método, o caso 
concreto é o foco: o problema concreto prevalece sobre a norma. 
Item certo. 
39) (CESPE/PROCURADOR/AGU/2010) O método hermenêutico-
concretizador caracteriza-se pela praticidade na busca da solução 
dos problemas, já que parte de um problema concreto para a norma. 
Na verdade, o método tópico-problemático é que se caracteriza pelo 
caráter prático da interpretação, em que se parte do problema para a 
norma. Portanto, errada a questão. 
Ao contrário, o método hermenêutico-concretizador parte da Constituição 
para o problema, sendo que a norma prevalece sobre o caso concreto. 
Assim, é importante destacar a distinção que a doutrina faz entre os dois 
métodos: 
Método tópico-problemático → primazia do problema sobre a norma 
Método hermenêutico-concretizador → primazia da norma sobre o 
problema. 
Item errado. 
40) (CESPE/PROCURADOR/PGE-PE/2009) De acordo com o método 
de interpretação constitucional denominado científico-espiritual, a 
Constituição é instrumento de integração, não apenas sob o ponto 
de vista jurídico-formal, mas também, e principalmente, em 
perspectiva política e sociológica, como instrumento de solução de 
conflitos, de construção e de preservação da unidade social. 
O método científico-espiritual caracteriza-se como um método de 
interpretação sistêmico e espiritualista, que se baseia na premissa de 
que o intérprete deve levar em conta os valores subjacentes à 
Constituição (econômicos, sociais, políticos e culturais), integrando o 
sentido de suas normas a partir da "captação espiritual" da realidade da 
comunidade. Ou seja, as normas são analisadas menos pelo seu sentido 
textual (aspecto jurídico-formal) e mais pela ordem de valores do mundo 
real (realidade social), a fim de alcançar a integração da Constituição 
com a realidade espiritual da comunidade. 
Item certo. 
41) (CESPE/PROCURADOR/BACEN/2009) Pelo método de 
interpretação hermenêutico-concretizador, a análise da norma 
constitucional não se fixa na sua literalidade, mas decorre da 
realidade social e dos valores insertos no texto constitucional, de 
modo que a constituição deve ser interpretada

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