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Remédios Constitucionais e Direitos Sociais

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CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL P/ O TCU
PROFESSOR: FREDERICO DIAS 
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Aula 3 - Direitos Fundamentais – parte 2 
Bom dia! 
Dando continuidade ao estudo dos direitos e garantias fundamentais,
veremos na nossa aula de hoje os remédios constitucionais e os direitos
sociais. 
Antes de começar, vejamos o programa da aula de hoje. 
1 – Remédios Constitucionais 
1.1 – Habeas Corpus 
1.2 – Mandado de Segurança 
1.3 – Mandado de Injunção 
1.4 – Habeas Data 
1.5 – Ação Popular 
2 – Direitos Sociais 
2.1 – Princípio da vedação ao retrocesso 
2.2 – Reserva do financeiramente possível 
2.3 – Participação do Poder Judiciário na implementação de políticas públicas 
2.4 – Enumeração dos direitos sociais dos trabalhadores 
2.5 – Direitos sociais coletivos dos trabalhadores 
3 – Exercícios de fixação 
Espero que o curso esteja atendendo às suas expectativas. 
1 – Remédios Constitucionais
Como vimos na aula passada, a Constituição Federal de 1988 consagrou
uma ampla gama de direitos fundamentais para os indivíduos.
Paralelamente, a fim de proteger e assegurar efetividade a esses
direitos, a Constituição criou garantias fundamentais, como são exemplos
os remédios constitucionais. 
Assim, os remédios constitucionais são instrumentos colocados à
disposição do indivíduo para salvaguardar seus direitos diante de
ameaça ou abuso de poder por parte do Estado. 
A partir de agora, passamos a tratar de cada um dos remédios
constitucionais: habeas corpus, mandado de segurança, mandado de
injunção, habeas data e ação popular. 
Há ainda os remédios administrativos – direito de petição e direito de
certidão – já estudados na aula passada. 
Antes de começarmos, vale a pena mencionar que, em dois remédios
constitucionais em especial (habeas corpus e mandado de segurança),
costuma-se cobrar as súmulas do STF sobre o assunto. Assim, ao final, 
 
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de cada um desses tópicos apresentarei as principais súmulas
relacionadas a cada um deles. 
1.1 – Habeas corpus
O habeas corpus é o remédio constitucional utilizado contra ilegalidade
ou abuso de poder relacionado ao direito de locomoção - direito de ir,
vir e permanecer (CF, art. 5°, LXVIII). 
Portanto, desde já, guarde o seguinte detalhe: o habeas corpus só será
cabível quando estiver em risco a liberdade de locomoção do indivíduo. 
Apenas com esse detalhe, você acerta várias questões de concurso... 
O HC pode ser: (i) repressivo (liberatório), para reparar ofensa ocorrida
ao direito de locomoção; e (ii) preventivo (salvo-conduto), para prevenir
a ofensa, quando há apenas ameaça ao direito de locomoção. 
Ademais, o habeas corpus é cabível não só contra ofensa direta, mas
também frente à ofensa indireta ao direito de locomoção. A ofensa
indireta ocorre quando o ato impugnado poderá resultar em
procedimento que, no final, resulte na reclusão do impetrante. 
Por decorrência desse último aspecto, a jurisprudência do STF considera
que se trata de instrumento idôneo para impugnar a determinação de
quebra dos sigilos bancário e fiscal no curso de processo criminal,
desde que essa medida implique ofensa indireta, potencial ou reflexa
ao direito de locomoção. 
Ou seja, se aquela investigação (no curso da qual se determinou a
quebra do sigilo bancário) poderá resultar ulteriormente numa pena de
reclusão, podemos impugnar essa medida por meio de habeas corpus.
Não é o caso de uma quebra de sigilo bancário no curso de um processo
que resultará apenas em pena de multa (ou perda de direitos políticos). 
O habeas corpus é ação de natureza penal e, devido à relevância do
direito protegido (liberdade de locomoção), não se exige formalidades
para a impetração dessa ação. 
Assim, é universal a legitimação ativa do habeas corpus. Qualquer
pessoa poderá impetrar essa ação, sem que seja exigido advogado ou
alguma forma pré-definida (pode ser menor, analfabeto, estrangeiro ou
mesmo terceiro). Admite-se até que uma pessoa jurídica impetre um
habeas corpus a fim de proteger o direito de ir e vir de um empregado ou
um associado, por exemplo. Ademais, deve-se destacar que se trata de
ação gratuita. 
Ademais, o habeas corpus pode ser impetrado tanto contra ato de
autoridade pública, quanto contra ato de particular, para fazer cessar
uma coação ilegal (por exemplo, admite-se a impetração de HC contra
um hospital que esteja ferindo o direito de locomoção de um paciente). 
 
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Vale comentar outra jurisprudência relevante. De acordo com a
Constituição não caberá habeas corpus em relação a punições
disciplinares militares (CF, art. 142, § 2º). 
Todavia, o STF firmou entendimento no sentido de que não seria
cabível habeas corpus para se discutir o mérito das punições
militares. Mas, segundo essa ideia, a Constituição não impediria que se
impetrasse habeas corpus para serem examinados os pressupostos de
legalidade da medida (por exemplo: competência da autoridade militar,
cumprimento dos procedimentos, pena cabível etc.). 
Bem, para finalizar, como têm sido cobradas diversas questões sobre
súmulas do STF, seguem abaixo algumas que entendo serem
importantes de se conhecer. 
Súmula 606 - Não cabe habeas corpus originário para o Tribunal Pleno
de decisão de turma, ou do plenário, proferida em habeas corpus ou no
respectivo recurso. 
Súmula 693 - Não cabe habeas corpus contra decisão condenatória a
pena de multa, ou relativo a processo em curso por infração penal a que
a pena pecuniária seja a única cominada. 
Súmula 691 – Não compete ao Supremo Tribunal Federal conhecer de
habeas corpus impetrado contra decisão do Relator que, em habeas
corpus requerido a tribunal superior, indefere a liminar. 
Súmula 694 – Não cabe habeas corpus contra a imposição da pena de
exclusão de militar ou de perda de patente ou de função pública. 
Súmula 695 – Não cabe habeas corpus quando já extinta a pena
privativa de liberdade. 
Vejamos algumas questões sobre habeas corpus. 
1) (CESPE/AGENTE ADMINISTRATIVO/MPS/2010) Sempre que
alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação
em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder,
caberá mandado de segurança. 
Esta questão ficou fácil... Ainda vamos estudar o mandado de segurança;
mas, como você acabou de estudar, o habeas corpus (e não o mandado
de segurança) é o remédio adequado para tutelar a liberdade de
locomoção. 
Item errado. 
2) (CESPE / ANALISTA JUDICIÁRIO / ADMINISTRATIVA II / TRE / MT
/ 2010) O habeas corpus pode ser impetrado tanto contra ato
emanado do poder público como contra ato de particular, sempre
que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou
coação em sua liberdade de locomoção. 
 
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É importante ter este detalhe em mente: o HC pode ser utilizado também
contra ato de particular, caso alguém se tenha violada a sua liberdade de
locomoção. 
Nesse sentido, é cabível habeas corpus contra o ato de dirigente de
hospital particular, por exemplo? 
Isso seria possível sim. Para exemplificar, imagino a hipótese de um
hospital que vede a saída de seu paciente enquanto não tenha sido
quitada a estadia. 
Item certo. 
3) (CESPE/PROCURADOR/AGU/2010) O habeas corpus constitui,
segundo o STF, medida idônea para impugnar decisão judicial que
autoriza a quebra de sigilos fiscal e bancário em procedimento
criminal. 
Como visto, o habeas corpus é sim instrumento idôneo para impugnar a
determinação de quebra dos sigilos bancário e fiscal no curso de
processo criminal, desde que essa medida implique ofensa indireta,
potencial ou reflexa ao direito de locomoção.Item certo. 
4) (CESPE/DEFENSOR PÚBLICO/DPE/PI/2009) O sujeito passivo do
habeas corpus será a autoridade pública, pois somente ela tem a
prerrogativa de restringir a liberdade de locomoção individual em
benefício do interesse público ou social, razão pela qual não se
admite sua impetração contra ato de particular. 
Comentei isso. Também pessoas privadas podem figurar no pólo passivo
do habeas corpus. Um exemplo clássico é o do paciente que pretende
impetrar a ação contra ato de agente de um hospital que esteja
ilegalmente impedindo a sua saída. 
Item errado. 
5) (CESPE/PROCURADOR/AGU/2010) De acordo com entendimento
do STF, é cabível a impetração de habeas corpus, dirigido ao
plenário da Suprema Corte, contra decisão colegiada proferida por
qualquer de suas turmas. 
Bem, de acordo com Alexandre de Moraes, "as decisões de qualquer das
Turmas do Pretório Excelso são inatacáveis por habeas corpus, uma vez
que a Turma quando profere julgamento, em matéria de sua
competência, representa o próprio Supremo Tribunal Federal. Dessa
forma, a circunstância do objeto impugnado ser decisão emanada da
própria corte - órgão fracionário ou não - inviabiliza o ajuizamento do
writ." 
Qual é o fundamento para essa doutrina? 
 
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Segundo o Supremo Tribunal Federal, não se admite habeas corpus
originário para fins de se impugnar decisões de qualquer das turmas do
STF, visto que esses órgãos, quando decidem, representam o próprio
Tribunal. 
O que se utilizou para decidir assim foi a reverência ao princípio da
gradação judiciária ou da hierarquia, segundo o qual se impetraria a ação
em um grau contra ato de autoridade de grau inferior. Ou seja, para o
Supremo, não seria admitido nesse caso que um órgão, ou juiz,
ordenasse a si mesmo determinada medida ou ação. 
Em suma, se a Turma do STF proferiu a decisão não dá para se impetrar
habeas corpus para o plenário, pois a decisão da turma é considerada a
decisão do próprio STF. 
Item errado. 
6) (CESPE/TÉCNICO DE NÍVEL SUPERIOR/SUPORTE ÀS
ATIVIDADES NA ÁREA DE DIREITO/PS/MS/2008) A perda de
direitos políticos pode ser tutelada constitucionalmente mediante a
utilização do instrumento do habeas corpus. 
Não se esqueça: só cabe habeas corpus se houver ofensa (ou ameaça
de ofensa) ao direito de locomoção. Assim, perda dos direitos políticos,
por não ameaçar o chamado direito de ir, vir e permanecer, não pode ser
assegurado mediante HC. 
Item errado. 
7) (CESPE/ANALISTA ADMINISTRATIVO – ÁREA DE
CONHECIMENTO 11/ANA/2006) A garantia constitucional do
habeas corpus não é cabível em relação a punições militares,
conforme previsão expressa da Carta de 1988. 
O Cespe considerou correta a questão, de acordo com o § 2º do art. 142
da Constituição Federal, que determina expressamente que “não caberá
habeas corpus em relação a punições disciplinares militares”. 
A questão cobrou o básico, digamos “conforme previsão expressa na
CF/88”.... Mas o STF já decidiu que os pressupostos da legalidade de
uma penalidade militar poderão sim ser discutidos em sede de
habeas corpus. O que não se admite é a impetração de HC para discutir
o mérito dessas decisões. 
Item certo. 
1.2 - Mandado de segurança
Segundo a Constituição, conceder-se-á mandado de segurança para
proteger direito líquido e certo, não amparado por "habeas-corpus" ou
"habeas-data", quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder 
 
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for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de
atribuições do Poder Público (CF, art. 5°, LXIX). 
O mandado de segurança será concedido para proteger direito líquido e
certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, sempre que,
ilegalmente ou com abuso de poder, qualquer pessoa física ou jurídica
sofrer violação (por ação ou por omissão) ou houver justo receio de
sofrê-la por parte de autoridade, seja de que categoria for e sejam quais
forem as funções que exerça (Lei 12.016/09). 
Portanto, de acordo com essa definição: 
I) tem natureza subsidiária, na medida em que é cabível apenas
quando o direito não tiver amparado por outros remédios constitucionais; 
II) o mandado de segurança pode ser repressivo (caso sofra violação)
ou preventivo (caso haja apenas receio de violação); 
III) são legitimadas a impetrar o mandado de segurança tanto pessoas
físicas como jurídicas, nacionais ou estrangeiras,
independentemente de residirem no Brasil ou no exterior; até mesmo
órgãos públicos podem impetrar essa ação, em defesa de suas
prerrogativas e atribuições; 
IV) mesmo a omissão de autoridade pode ensejar impetração de
mandado de segurança, se violar direito líquido e certo; 
V) as autoridades contra as quais se impetra a ação poderão ser agentes
públicos ou mesmo qualquer pessoa que esteja exercendo função
pública (nesse último caso, só no que diz respeito a essa função). 
A lei do mandado de segurança equipara expressamente às autoridades
os representantes ou órgãos de partidos políticos e os administradores
de entidades autárquicas, bem como os dirigentes de pessoas jurídicas
ou as pessoas naturais no exercício de atribuições do poder público,
somente no que disser respeito a essas atribuições (Lei 12.016/09,
art. 1°, §1°). 
Vale comentar que o mandado de segurança é ação de natureza civil,
ainda quando impetrado contra ato de juiz criminal, praticado em
processo penal. 
Lembre-se de um detalhe importante: os atributos de certeza e liquidez
referem-se à matéria de fato, e não à matéria de direito. É dizer, o
direito deve resultar de fato certo, com prova inequívoca. Assim, não há
óbice para se impetrar mandado de segurança em assuntos
juridicamente controvertidos. 
Daí o entendimento de que não há dilação probatória no mandado de
segurança. 
Atenção! Não caberá mandando de segurança contra (Lei 12.016/09,
art. 5°): 
 
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I - ato do qual caiba recurso administrativo com efeito suspensivo,
independentemente de caução; 
II - decisão judicial da qual caiba recurso com efeito suspensivo; 
III - decisão judicial transitada em julgado; 
IV - atos de gestão comercial praticados pelos administradores de
empresas públicas, de sociedade de economia mista e de
concessionárias de serviço público (Lei 12.016/09, art. 1°, §2°). 
É de se observar que os processos de mandado de segurança e os
respectivos recursos terão prioridade sobre todos os atos judiciais, salvo
habeas corpus (art. 20). 
O direito de requerer mandado de segurança extinguir-se-á decorridos
120 (cento e vinte) dias, contados da ciência, pelo interessado, do ato
impugnado. Isso é importante! Pois, o STF fixou entendimento de que
é constitucional esse prazo decadencial de 120 dias. 
A lei admite a concessão de medida liminar em mandado de segurança.
Entretanto, não será concedida medida liminar que tenha por objeto: (i) a
compensação de créditos tributários, (ii) a entrega de mercadorias e bens
provenientes do exterior, (iii) a reclassificação ou equiparação de
servidores públicos e (iv) a concessão de aumento ou a extensão de
vantagens ou pagamento de qualquer natureza. 
Segundo o STF, é lícito ao impetrante desistir da ação de mandado
de segurança, independentemente de aquiescência da autoridade
coatora (ou entidade interessada). (MS 26.890-AgR, Rel. Min. Celso de
Mello, julgamento em 16-9-09, Plenário). 
Quanto à competência para julgamento do mandado de segurança, ela é
definida pela categoria da autoridade coatora e sua sede funcional. 
Ou seja, é a partir da autoridade que comete o ato coator, que se
estabelece quem será competente para o julgamento da ação. Assim,
por exemplo, compete ao STF processar ejulgar, originariamente, o
mandado de segurança contra ato do Presidente da República ou contra
ato do TCU (CF, art. 102, I, “d”). 
A Constituição Federal de 1988 prevê ainda a figura do mandado de
segurança coletivo. É interessante você observar que pela primeira vez
essa “versão coletiva” do mandado de segurança foi regulamentada em
legislação infraconstitucional (a “antiga” lei era de 1951 e não tratava
disso). 
Assim, o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por (art. 
21): 
I - partido político com representação no Congresso Nacional, na
defesa de seus interesses legítimos relativos aos seus integrantes ou à
finalidade partidária; ou 
 
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II - organização sindical, entidade de classe ou associação
legalmente constituída e em funcionamento há, pelo menos, 1 (um)
ano, em defesa de direitos líquidos e certos da totalidade, ou de parte,
dos seus membros ou associados, na forma dos seus estatutos e desde
que pertinentes às suas finalidades, dispensada, para tanto,
autorização especial. 
Vamos aos detalhes... Em primeiro lugar, para ter representação no
Congresso, o partido necessita de apenas um parlamentar, seja
Deputado ou Senador. 
Em segundo lugar, tenha em mente que esse requisito de um ano de
constituição e funcionamento destina-se apenas às associações, não
se aplicando a organizações sindicais ou entidades de classe. 
Cabe observar que para a impetração do MS coletivo não se exige
autorização especial dos associados, tendo em vista que se trata de
substituição processual (CF, art. 5°, LXX) e não de representação
processual (CF, art. 5°, XXI). 
De se destacar que a Súmula 630 do STF estabelece que a entidade de
classe tem legitimação para o mandado de segurança ainda quando a
pretensão veiculada interesse apenas a uma parte da respectiva
categoria. 
Segundo o Supremo Tribunal Federal, na disciplina constitucional do
mandado de segurança coletivo, não se tem, quanto à legitimação
ativa, a exigência de tratar-se de entidade de classe que congregue
categoria única (RMS 21.514, Rel. Min. Marco Aurélio, 18-6-93). 
Os direitos protegidos pelo mandado de segurança coletivo dividem-se
em (art. 21, §1°): 
I - coletivos → 
transindividuais, de natureza indivisível, de que seja
titular grupo ou categoria de pessoas ligadas entre si
ou com a parte contrária por uma relação jurídica
básica; 
II - individuais
homogêneos → 
decorrentes de origem comum e da atividade ou
situação específica da totalidade ou de parte dos
associados ou membros do impetrante. 
Quanto à liminar no âmbito do MS coletivo, só poderá ser concedida
após a audiência do representante judicial da pessoa jurídica de
direito público, que deverá se pronunciar no prazo de 72 (setenta e
duas) horas. 
Outro aspecto importante: a legitimação constitucionalmente conferida
aos partidos políticos para a impetração de mandado de segurança
coletivo (CF, art. 5º, LXX) não autoriza que esses impetrem essa ação
para impugnar majoração de tributos, em razão de ser esse interesse
dos contribuintes de natureza individualizável, e não difuso. 
 
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Vejamos algumas importantes súmulas do STF sobre o mandado de
segurança. 
Súmula 266 - Não cabe mandado de segurança contra lei em tese. 
Súmula 269 - O mandado de segurança não é substitutivo de ação de
cobrança. 
Súmula 271 - Concessão de mandado de segurança não produz efeitos
patrimoniais em relação a período pretérito, os quais devem ser
reclamados administrativamente ou pela via judicial própria. 
Súmula 304 - Decisão denegatória de mandado de segurança, não
fazendo coisa julgada contra o impetrante, não impede o uso da ação
própria. 
Súmula 429 - A existência de recurso administrativo com efeito
suspensivo não impede o uso do mandado de segurança contra omissão
da autoridade. 
Súmula 430 - Pedido de reconsideração na via administrativa não
interrompe o prazo para o mandado de segurança. 
Súmula 510 - Praticado o ato por autoridade, no exercício de
competência delegada, contra ela cabe o mandado de segurança ou a
medida judicial. 
Súmula 512 - Não cabe condenação em honorários de advogado na
ação de mandado de segurança. 
Súmula 624 - Não compete ao Supremo Tribunal Federal conhecer
originariamente de mandado de segurança contra atos de outros
tribunais. 
Súmula 625 - Controvérsia sobre matéria de direito não impede
concessão de mandado de segurança. 
8) (CESPE / ANALISTA JUDICIÁRIO / ADMINISTRATIVA II / TRE / MT
/ 2010) O mandado de segurança pode ser interposto mesmo contra
ato administrativo do qual caiba recurso administrativo com efeito
suspensivo, independentemente de caução. 
A nova lei do mandado de segurança mantém a regra já existente na lei
anterior no sentido de se vedar a utilização do mandado de segurança
quando se tratar de ato do qual caiba recurso administrativo com efeito
suspensivo, independentemente de caução (Lei 12.016/09, art. 5°, I). 
Ou seja, se o ato impugnado puder ser suspenso por meio das vias
administrativas não há que se utilizar do mandado de segurança. 
Entretanto, no caso de omissão ilegal ou abusiva que enseje a
impetração do mandado de segurança, a existência de recurso
administrativo com efeito suspensivo não impede o uso desse remédio
constitucional. 
 
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Item errado. 
9) (CESPE / ANALISTA JUDICIÁRIO / ADMINISTRATIVA II / TRE / MT
/ 2010) O mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por
pessoas jurídicas, públicas ou privadas, como as organizações
sindicais e as entidades de classe legalmente constituídas, mas não
por partidos políticos. 
Os partidos políticos com representação no Congresso Nacional são
legitimados para a impetração do mandado de segurança coletivo (CF,
art. 5°, LXX e art. 21 da Lei 12.016/09). 
Item errado. 
10) (CESPE/DEFENSOR PÚBLICO/DPE/PI/2009) O mandado de
segurança pode ser impetrado por pessoas naturais, mas não por
pessoas jurídicas, em defesa de direitos individuais. 
As pessoas jurídicas também têm legitimidade ativa para a impetração
de mandado de segurança. 
Item errado. 
11) (CESPE/PROCURADOR/AGU/2010) Tal como ocorre na ADI, não é
admitida a impetração de mandado de segurança contra lei ou
decreto de efeitos concretos. 
A assertiva afirma o contrário do decidido pela Suprema Corte. Em
realidade, não cabe mandado de segurança contra lei em tese, salvo
quando produtora de efeitos concretos (STF, Súmula nº 266). 
Item errado. 
12) (CESPE/PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSTITUTO/MPE/SE/2010)
Diferentemente das organizações sindicais, das entidades de classe
e das associações, os partidos políticos não têm legitimidade para
impetrar mandado de segurança coletivo. 
Os partidos políticos com representação no Congresso Nacional são
legitimados para a impetração do mandado de segurança coletivo (CF,
art. 5°, LXX e art. 21 da Lei 12.016/09). 
Item errado. 
13) (CESPE/ACE/DIREITO/TCE/AC/2009) O STF pacificou
entendimento no sentido de que a desistência, no mandado de
segurança, não depende de aquiescência do impetrado. No entanto,
essa regra não se aplica aos casos em que a desistência é parcial. 
Comentei essa jurisprudência do Supremo (a desistência, no mandado
de segurança, não depende de aquiescência do impetrado). Vale
destacar, essa mesma regra aplica-se também aos casos em que a
desistência é parcial. 
Item errado. 
 
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14) (CESPE/ACE/DIREITO/TCE/AC/2009) A prática de ato que
configure abuso de poder por autoridade que exerce competência
delegada faz que o mandado desegurança interposto contra este
ato tenha, no pólo passivo, a autoridade que transferiu os poderes
por delegação. 
Segundo a Súmula 510, praticado o ato por autoridade, no exercício de
competência delegada, contra ela (a autoridade delegada e não a
autoridade delegante) cabe o mandado de segurança ou a medida
judicial. 
Item errado. 
15) (CESPE/ANALISTA DE CONTROLE EXTERNO/ÁREA:CONTROLE
EXTERNO/TCU/2008) Considere a seguinte situação hipotética.
Embora houvesse previsão legal, um ministério demorou três anos
para efetuar a promoção dos membros de uma categoria de fiscais
federais a diversos níveis da carreira e a fez sem o pagamento dos
atrasados. Entendendo ser líquido e certo o seu direito, um grupo de
trinta servidores constituiu advogado para impetrar mandado de
segurança com pedido de liminar contra a omissão do secretário de
recursos humanos da pasta, visando obrigá-lo a efetuar
imediatamente o pagamento das parcelas em atraso. Nessa
situação, o juiz não precisará ouvir a autoridade apontada como
coatora antes de apreciar o pedido de medida liminar, pois não se
trata de mandado de segurança coletivo; quanto à medida liminar
requestada, deverá ser indeferida, pois existe legislação específica
que proíbe sua concessão para o pagamento de vencimentos e
vantagens pecuniárias a servidores públicos. 
Questão de altíssimo nível! 
Veja o que dispõe o parágrafo 2° do art. 22 da Lei 12.096/09: “no
mandado de segurança coletivo, a liminar só poderá ser concedida
após a audiência do representante judicial da pessoa jurídica de
direito público, que deverá se pronunciar no prazo de 72 (setenta e
duas) horas.” 
Pois bem. O que confunde muita gente é achar que um grupo de
servidores com interesse comum deve impetrar mandado de segurança
coletivo,o que não é correto. 
Na situação apresentada, trata-se da impetração de um mandado de
segurança mediante a formação de litisconsórcio ativo (pluralidade de
sujeitos no pólo ativo da ação). 
O mandado de segurança coletivo (impetrado por entidades,
associações, partidos políticos) não se confunde com o mandado de
segurança impetrado por um grupo de pessoas em litisconsórcio ativo. 
E a necessidade de audiência da autoridade coatora antes da medida
liminar se restringe ao mandado de segurança coletivo. 
 
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Já o segundo aspecto da questão pode ser respondido com o
conhecimento do parágrafo 2° do art. 7° da Lei do Mandado de
Segurança, segundo o qual, não será concedida medida liminar que
tenha por objeto a compensação de créditos tributários, a entrega de
mercadorias e bens provenientes do exterior, a reclassificação ou
equiparação de servidores públicos e a concessão de aumento ou a
extensão de vantagens ou pagamento de qualquer natureza. 
Item certo. 
16) (CESPE/AGENTE ADMINISTRATIVO/MMA/2009) Associação com
seis meses de constituição pode impetrar mandado de segurança
coletivo. 
Para a impetração de mandado de segurança coletivo, a associação
deverá comprovar estar legalmente constituída e em pleno
funcionamento há pelo menos um ano (CF, art. 5º, LXX). 
Item errado. 
17) (CESPE/ACE/DIREITO/TCE/AC/2009) Julgado procedente o pedido
encaminhado via mandado de segurança, estarão garantidos ao
impetrante não só o afastamento do ato ilegal e abusivo, como
também os efeitos patrimoniais anteriores à própria impetração. 
Ao se afastar o ato ilegal, estão garantidos eventuais valores devidos
após a impetração da ação. Esses sim estarão resguardados. Ao
contrário, valores referentes ao período anterior à impetração do
mandado de segurança não serão assegurados por meio do mandado
de segurança, devendo eles ser executados pelas vias ordinárias
próprias, administrativa ou judicialmente. Observe a Súmula 271 do STF: 
“Concessão de mandado de segurança não produz efeitos
patrimoniais em relação a período pretérito, os quais devem ser
reclamados administrativamente ou pela via judicial própria.” 
Item errado. 
18) (CESPE/ACE/DIREITO/TCE/AC/2009) O pedido de reconsideração
na via administrativa, desde que protocolado dentro do prazo de 120
dias da ciência do ato impugnado, suspende o prazo decadencial
para impetração do mandado de segurança. 
O pedido de reconsideração na via administrativa não suspende nem
interrompe o prazo decadencial – de 120 dias - para a impetração do
mandado de segurança. Esse é o entendimento do STF, exposto na
Súmula 630: 
“Pedido de reconsideração na via administrativa não interrompe o prazo
para o mandado de segurança.” 
Item errado. 
 
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19) (CESPE/ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA/STJ/2004)
Passeatas, comícios, desfiles, cortejos e banquetes de natureza
política constituem eventos que podem ser elementos do direito de
reunião passível de tutela jurídica efetiva por meio do mandado de
segurança. 
E aí, habeas corpus ou mandado de segurança? Muita gente faz
confusão nisso... 
Bem, passeatas, comícios, desfiles, cortejos e banquetes de natureza
política são manifestações do direito de reunião. Ilegalidades ou
arbitrariedades contrárias ao exercício do direito constitucional de
reunião são reparáveis mediante a impetração de mandado de
segurança (e não habeas corpus). 
Item certo. 
1.3 - Mandado de Injunção
Segundo o inc. LXXI do art. 5° da CF/88: “conceder-se-á mandado de
injunção sempre que a falta de norma regulamentadora torne inviável o
exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas
inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania.” 
Ou seja, se um indivíduo perceber que omissão governamental está
inviabilizando o exercício de seus direitos e liberdades constitucionais e
das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania
poderá utilizar-se do mandado de injunção. 
O que quero que você entenda é que o constituinte de 1988 criou essa
figura como forma de dar efetividade ao texto constitucional. Afinal de
contas, não adianta criar um direito e não viabilizá-lo posteriormente por
omissão legislativa, não é verdade? 
Mas é importante você ter em mente que esse é um remédio
constitucional a ser utilizado para viabilizar o exercício de direito
previsto na Constituição Federal, mas carente de regulamentação.
Se o direito for previsto em norma infraconstitucional (lei, medida
provisória, tratado internacional com força de lei etc.) não cabe o
mandado de injunção. 
Assim, entenda quais são pressupostos de cabimento do mandado de
injunção: 
I – falta de norma regulamentadora de um preceito constitucional de
natureza mandatória; 
II – inviabilização do exercício de um direito ou liberdade constitucional; 
III – o transcurso de prazo razoável para a elaboração da norma. 
Estabelecendo então uma relação entre esse assunto e a classificação
elaborada pelo prof. José Afonso da Silva (quanto à aplicabilidade das 
 
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normas constitucionais), podemos observar que as normas
constitucionais cuja ausência de regulamentação dará ensejo à
impetração de mandado de injunção são as de eficácia limitada, salvo
aquelas definidoras de princípios institutivos de natureza facultativa. 
Antigamente, ao julgar um mandado de injunção, o STF apenas
declarava a mora legislativa em editar lei que regulamentasse
determinado direito. Essa posição era classificada como não-concretista
e tinha pouca efetividade para o impetrante do Mandado de Injunção,
pois a norma constitucional permanecia não regulamentada e o exercício
do seu direito obstado. 
Mas, recentemente, o STF passou a adotar a corrente concretista no
mandado de injunção, em que a própria decisão é capaz de viabilizar o
exercício do direito e afastara lesividade da inércia do legislador. 
Com isso, ao julgar procedente o mandado de injunção, o Tribunal
passou a concretizar, desde logo, o exercício do direito constitucional
carente de norma regulamentadora. 
Isso já aconteceu. Recentemente, no mandado de injunção em que se
discutia o direito de greve do servidor público, o STF firmou
entendimento de que, até que seja elaborada a lei específica reclamada
pela Constituição (art. 37, VII), os servidores poderão exercer o direito de
greve, obedecendo-se ao regramento da lei de greve do setor privado
(Lei nº 7.783/1989). 
Portanto, guarde isto: atualmente, o STF adota a posição concretista
no tocante aos efeitos do mandado de injunção. 
Por fim, vale comentar que não existe referência a mandado de
injunção coletivo na Constituição Federal. Entretanto, o Supremo
Tribunal Federal firmou entendimento de que as entidades legitimadas à
impetração do mandado de segurança coletivo (nos termos da CF/88,
art. 5º, LXX) podem, também, impetrar mandado de injunção
coletivo. 
20) (CESPE/MANUT. ARMAMENTO LEVE/PM/DF/2010) A CF prevê,
entre outras garantias fundamentais, o mandado de injunção como
instrumento para assegurar o conhecimento de informações
relativas à pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos
de dados de entidades governamentais ou de caráter público. 
A situação apresentada não tem relação nenhuma com o mandado de
injunção, cabível contra a omissão do Poder Público em editar norma
regulamentadora de determinado direito constitucional. 
Na realidade, a questão misturou o mandado de injunção com o habeas
data (a ser estudado a seguir). Este sim tem por finalidade assegurar o
conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante,
constantes de registros ou bancos de dados. 
 
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Item errado. 
21) (CESPE/ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA/TRT - 9ª
REGIÃO/2007) Para o STF, decisão proferida nos autos do
mandado de injunção poderá, desde logo, estabelecer a regra do
caso concreto, de forma a viabilizar o exercício do direito a
liberdades constitucionais, a prerrogativas inerentes à nacionalidade,
à soberania e à cidadania, afastando as conseqüências da inércia
do legislador. 
Atualmente, o STF adota a chamada posição concretista quanto aos
efeitos da decisão proferida no mandado de injunção. Portanto, ao julgar
procedente a ação, o Tribunal passa a concretizar, desde logo, o
exercício do direito constitucional carente de norma regulamentadora. 
Item certo. 
22) (CESPE/ADVOGADO DA UNIÃO/AGU/2006) O mandado de
injunção é instrumento a ser utilizado para viabilização de direito
assegurado em lei, mas sem a regulamentação das autoridades
competentes. 
O mandado de injunção deve ser utilizado para se garantir efetividade de
direito previsto na Constituição Federal, e não de direito previsto
apenas em normas infraconstitucionais. 
Item errado. 
1.4 – Habeas Data
O habeas data é cabível contra ato de autoridade pública ou de agente
de pessoa privada que possua registros ou banco de dados de caráter
público (CF, art. 5º, LXXII). Será concedido para: 
(i) o conhecimento de informações; 
(ii) a retificação de dados; ou 
(iii) a complementação de dados. 
O habeas data é cabível contra ato de autoridade pública ou de agente
de pessoa privada que possua registros ou banco de dados de
caráter público (CF, art. 5º, LXXII). Um exemplo seria a impetração de
habeas data para acesso ao banco de dados do Serviço de Proteção ao
Crédito (SPC). 
Pode ser impetrado por qualquer pessoa física ou jurídica, brasileiro
ou estrangeiro. Entretanto, tem caráter personalíssimo: não é cabível
para o conhecimento de informações de terceiros. 
Detalhe importante sobre o habeas data. A jurisprudência do STF firmou-
se no sentido de que, para a impetração do habeas data, é
imprescindível a comprovação de negativa administrativa. 
 
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Assim, só é dado ao interessado ajuizar habeas data perante o Poder
Judiciário após receber uma negativa em seu pedido administrativo.
Trata-se de interesse de agir do interessado. 
Interessa, por fim, observar que se trata de ação gratuita, como também
ocorre com o habeas corpus e a ação popular (e não há pagamento de
ônus de sucumbência – honorários advocatícios). Entretanto, é
necessário advogado para a impetração. 
23) (CESPE / ANALISTA JUDICIÁRIO / ADMINISTRATIVA II / TRE/MT
/ 2010) O habeas data destina-se a assegurar o conhecimento de
informações pessoais constantes de registro de bancos de dados de
entidades governamentais ou de caráter público, desde que geridas
por servidores do Estado. 
A assertiva está incorreta, pois mesmo banco de dados geridos por
pessoas privadas poderá ensejar a impetração de habeas data que vise
a assegurar o conhecimento de informações pessoais do interessado. É
o caso do banco de dados do SPC, por exemplo. 
Item errado. 
24) (CESPE/PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSTITUTO/MPE/SE/2010)
Habeas data é o remédio constitucional adequado para o caso de
recusa de fornecimento de certidões para defesa de direitos e
esclarecimento de situações de interesse pessoal, próprio ou de
terceiros, assim como para o caso de recusa de obtenção de
informações de interesse particular, coletivo ou geral. 
A questão faz menção ao direito de certidão (CF, art. 5°, XXXIV, “b”) e
ao direito de informação (CF, art. 5°, XXXIII), assuntos estudados na
aula anterior. 
Ao contrário do que muita gente pensa, o habeas data não serve como
instrumento de tutela desses direitos. 
Assim, imagine que, no exercício do meu direito de certidão, eu solicite a
determinado órgão público a emissão de um documento que declare uma
situação existente (uma certidão) e isso me seja negado. 
Agora, suponha a hipótese em que eu fracasse na tentativa de ter
acesso a determinada informação de um órgão público (o valor de um
contrato administrativo de coleta de lixo, por exemplo, no exercício do
meu direito de informação). 
Em nenhuma dessas hipóteses será cabível a utilização de habeas data.
Na verdade, deverei utilizar o mandado de segurança como instrumento
de combate a essas negativas irregulares. 
Item errado. 
25) (CESPE/AGENTE/PF/2009) Conceder-se-á habeas data para
assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do 
 
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impetrante ou à de terceiros, constantes de registros ou bancos de
dados de entidades governamentais ou de caráter público. 
De se destacar o caráter personalíssimo do habeas data (não é cabível
para o conhecimento de informações de terceiros). 
Item errado. 
26) (CESPE/PROCURADOR/AGU/2010) A CF assegura a todos,
independentemente do pagamento de taxas, a obtenção de
certidões em repartições públicas, para a defesa de direitos e
esclarecimentos de situações de interesse pessoal. Nesse sentido,
não sendo atendido o pedido de certidão, por ilegalidade ou abuso
de poder, o remédio cabível será o habeas data. 
Meu caro, não caia nessa... O instrumento para tutela do direito de
certidão é o mandado de segurança e não o habeas data. O habeas
data é cabível contra ato de autoridade que possua registros ou banco
de dados de caráter público e serve: (i) para o conhecimento de
informações; (ii) para a retificação de dados; ou (iii) para a
complementação de dados (CF, art. 5º, LXXII). 
Item errado. 
27) (CESPE/NÍVEL SUPERIOR/ANATEL/2008) Qualquer cidadão
poderá impetrar habeas data no Poder Judiciário para assegurar o
conhecimento de informações relativas a sua pessoa disponíveis na
Agência Nacional de Telecomunicações (ANATEL),
independentemente de ter formulado o pedido diretamente na
agência.Para a impetração do habeas data, é imprescindível a comprovação de
negativa administrativa. 
Item errado. 
28) (CESPE/TÉCNICO DE ATIVIDADE JUDICIÁRIA/TJ/RJ/2008) O
habeas data é o instrumento adequado à garantia do direito à
liberdade de locomoção. 
A assertiva trocou habeas data com habeas corpus, tendo em vista que
essse último é que se destina a garantir o direito à liberdade de
locomoção. 
Item errado. 
29) (CESPE/ANALISTA JUDICIÁRIO/ÁREA JUDICIÁRIA/STF/2008) A
CF exige que o habeas data seja cabível apenas contra ato de
autoridade pública. 
Como visto, o habeas data também é cabível contra ato de agente de
pessoa privada que possua registros ou banco de dados de caráter
público (CF, art. 5º, LXXII), como é o caso do banco de dados do
Serviço de Proteção ao Crédito (SPC). 
 
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Item errado. 
1.5 - Ação Popular
A ação popular é outro tipo de remédio constitucional, previsto para
anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o
Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e
ao patrimônio histórico e cultural. 
Nos termos do art. 5°, LXXIII da CF/88: “qualquer cidadão é parte
legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao
patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à
moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e
cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas
judiciais e do ônus da sucumbência.” 
É de se observar que a ação popular: 
I - destina-se à defesa de direitos coletivos; 
II - é remédio constitucional colocado à disposição de qualquer cidadão,
como forma de controle da administração pública; 
III - é ação gratuita e de natureza cível; e 
IV – pode ser utilizada de modo preventivo ou repressivo. 
Observe que a AP é ação relacionada ao controle da Administração
Pública, na medida em que se destina à fiscalização da gestão da coisa
pública. Nesse sentido, o cidadão pode intentar a anulação de um ato
lesivo ao patrimônio público, à moralidade administrativa, ao meio
ambiente e ao patrimônio histórico e cultural. Assim, liga-se ao espírito
republicano (prestação de contas), na medida em que o cidadão não
atua na defesa de interesse próprio, mas sim da coletividade. 
Chama atenção o âmbito de proteção da ação popular, por ser bastante
amplo: abrange tanto o patrimônio material, como o moral, o histórico, o
ambiental e o cultural. 
Ademais, o cabimento da ação popular não exige a comprovação de
efetivo dano material, pecuniário. Segundo entendimento do Supremo, a
própria ilegalidade do ato já pressupõe lesividade bastante para a
propositura da ação. 
Importante! Segundo a jurisprudência do STF, não cabe ação popular
contra ato de natureza jurisdicional (decisões judiciais) ou, em outras
palavras, os atos de natureza jurisdicional são imunes à ação popular
(não podem ser atacados na via da ação popular). 
Mas veja a sutileza do detalhe: alguns atos de magistrados poderão
ser atacados por ação popular. É que eles também praticam atos
administrativos (por exemplo, nomeação de um servidor ou realização
de licitação para aquisição de novos computadores), e esses atos 
 
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poderão ser normalmente atacados por meio de ação popular (afinal,
somente os atos jurisdicionais não podem ser objeto de ação popular). 
É importante frisar que a legitimidade para impetração da AP é
exclusiva do cidadão (no pleno gozo de seus direitos políticos). Assim,
não pode o Ministério Público dar início a esse tipo de ação. Entretanto, o
MP tem papel importante na ação popular: (i) atua como parte pública
autônoma, podendo opinar pela procedência ou não da ação; e (ii)
poderá atuar como substituto e sucessor do autor, caso este abandone a
ação ou se omita. 
Por fim, vale comentar que a ação popular é ação de natureza cível.
Assim, não é alcançada pela competência do foro especial por
prerrogativa de função perante o STF. 
É de se destacar que essa ação poderá ser utilizada na fiscalização da
constitucionalidade das leis, desde que na via incidental, diante de casos
concretos. 
30) (CESPE/AGENTE ADMINISTRATIVO/MMA/2009) Um promotor de
justiça, no uso de suas atribuições, poderá ingressar com ação
popular. 
Somente o cidadão pode impetrar ação popular. Um promotor até
poderia, mas como um cidadão comum, e não em sua atuação como
membro do Ministério Público. 
A propósito, um detalhe importante: um jovem de 16 pode ser legitimado
a interpor ação popular? E aí? 
Pode sim, pois a cidadania relaciona-se ao gozo de direitos políticos e
civis. Assim, um jovem de 16 anos, desde que esteja munido de seu
título de eleitor, é cidadão e, assim, legitimado à proposição de AP. 
Item errado. 
31) (CESPE/PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSTITUTO/MPE/SE/2010)
Se o autor da ação popular dela desistir, o MP poderá, entendendo
presentes os devidos requisitos, dar-lhe prosseguimento. 
Como vimos, a iniciativa da ação popular compete ao cidadão, e não ao
Ministério Público. 
Apesar disso, o MP pode promover a prosseguimento de ação popular
impetrada por cidadão e por ele posteriormente abandonada. 
De fato, a lei que regulamenta a Ação Popular estabelece que, se o autor
desistir da ação, assegura-se ao representante do Ministério Público
promover o prosseguimento da ação (art. 9° da Lei 4.717/65). 
Item certo. 
32) (CESPE/ACE/DIREITO/TCE/AC/2009) Por serem ambas ações de
cunho especial voltadas a proteger direitos violados por atos ilegais
e lesivos, praticados por autoridades públicas, é correto afirmar que 
 
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o mandado de segurança e a ação popular possuem finalidades
próximas, sendo, em determinadas situações, indiferente que se
ajuíze uma ou outra. 
Mandado de segurança e ação popular são instrumentos bastante
diferentes. Aliás, o STF já até sumulou entendimento de que uma ação
não substitui a outra: 
“O mandado de segurança não substitui ação popular” (Súmula nº 101).
Item errado. 
33) (CESPE/ACE/DIREITO/TCE/AC/2009) É vedado ao condenado por
improbidade administrativa com a perda de direitos políticos,
enquanto perdurarem os efeitos da decisão judicial, a propositura de
ação popular. 
Só é legitimado à propositura de ação popular o cidadão (no pleno gozo
de seus direitos políticos). 
Item certo. 
34) (CESPE/ANALISTA JUDICIÁRIO/ÁREA JUDICIÁRIA/STF/2008) A
ação popular contra o presidente da República deve ser julgada pelo
STF. 
A ação popular é ação de natureza cível. Assim, não é alcançada pela
competência do foro especial por prerrogativa de função perante o
STF. 
Item errado. 
2 – Direitos Sociais
Os direitos sociais constituem dimensão dos direitos fundamentais que
objetiva possibilitar melhores condições de vida aos homens e mulheres,
assegurando o atendimento do princípio da igualdade entre os homens. 
Podemos afirmar que se originam com o surgimento do Estado Social,
em que se passa a exigir uma atitude comissiva do Estado em favor do
bem-estar do indivíduo. 
Com isso, naquela classificação em dimensões (ou gerações), os direitos
sociais figuram na segunda dimensão: direitos ligados aos ideais do 
Estado social, de natureza positiva, com foco na igualdade entre os
homens (direitos sociais, culturais e econômicos). 
Na Constituição Federal de 1988, os direitos sociais encontram-se
catalogados entre os arts. 6° e 11. Segundo o art. 6°, são direitos sociais: 
A educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o lazer, a
segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a
assistência aos desamparados, na forma desta Constituição. 
 
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Veja que destaquei os direitos à moradia e à alimentação no art. 6°. É
que são inovações promovidas por emendas constitucionais (e as
bancas adoram novidades, não é?). Aliás, a inserção do direito à
alimentação é novidade “fresquinha” promovida pela EC n° 64/2010,
emenda que alterou o art. 6º da Constituição Federal, para introduzir a
alimentação como direito social. 
Quanto ao direito à moradia, vale uma ressalva: embora previsto
expressamente como direito social, o Supremo entende que o bem de
família de uma pessoa que assume condição de fiador em contrato de
aluguel pode ser penhorado em caso de inadimplência do locatário. 
Bom, ao contrário dos remédios constitucionais, em que as questões
cobram diversos entendimentos doutrinários e, principalmente
jurisprudenciais, no assunto “direitos sociais” não tem jeito: é cobrada
quase sempre a literalidade da Constituição. Portanto, você vai ter que
conhecer esses artigos da CF/88. 
Mas, antes, vamos abordar alguns aspectos da teoria envolvida com os
direitos sociais. E esses detalhes têm sido cobrados frequentemente nas
provas de concursos, como veremos... 
2.1 – Princípio da vedação ao retrocesso 
Embora não previsto expressamente, o princípio da proibição do
retrocesso em direitos sociais encontra acolhida na doutrina pátria,
notadamente aquela vertente mais próxima à noção de Estado
Democrático e Social de Direito. 
Você deve ter percebido que os direitos sociais exigem uma prestação
do poder público, atuando no sentido de efetivar a sua concretização,
principalmente por meio de políticas públicas. Pois bem, imagine que o
legislador infraconstitucional tenha regulamentado determinado direito
social constitucional de forma a torná-lo efetivo. 
Segundo a doutrina, não seria admitido, a partir de então, um retrocesso
na aplicação desse direito. Ou seja, não poderia um ato do poder público
no sentido de afastar, revogar ou prejudicar aquele direito que estava
concretizado e era plenamente exercitável. 
Nesse sentido, seria inconstitucional uma lei (ou emenda constitucional,
por exemplo) que prejudicasse direito social já concretizado, exatamente
por ofensa ao princípio da proibição do retrocesso social. 
2.2 - Reserva do financeiramente possível
A concretização dos direitos sociais exige gastos, dispêndios financeiros
por parte do Estado. Por exemplo, para que o direito à educação para
todos seja efetivamente concretizado, o Estado precisa contratar
professores, construir escolas etc. O mesmo se pode dizer da saúde, 
 
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moradia e os demais direitos sociais. Assim, a concretização dos direitos
sociais demanda recursos e, portanto, está sujeito à reserva do
possível (têm seu atendimento condicionado à existência de recursos
suficientes). 
Em outros termos, segundo o princípio da reserva do financeiramente
possível, a concretização dos direitos sociais encontra limites não
só na razoabilidade da pretensão deduzida em face do Poder
Público como também na existência de disponibilidade financeira
do Estado. 
Daí advém a afirmação de que a concretização dos direitos sociais se
sujeita à cláusula da reserva do financeiramente possível, segundo a
qual o Poder Público está obrigado a implementar as políticas públicas
que levem à concretização dos direitos sociais previstos na Constituição,
mas no limite do financeiramente possível. 
2.3 – Participação do Poder Judiciário na implementação de 
políticas públicas 
Pelo fato de que têm seus agentes eleitos de forma democrática,
compete aos Poderes Legislativo e Executivo definir e implementar as
políticas públicas. Afinal, são os legítimos representantes do povo. 
Entretanto, imagine aqueles casos em que os órgãos estatais
competentes deixam de cumprir suas funções político-jurídicas impostas
pela Constituição. Se essa inércia injustificada está inviabilizando a
concretização de direitos sociais, é cabível a atuação judicial visando
reparar essa situação. Afinal, está havendo desrespeito à Constituição
(descumprimento dos deveres impostos pela Carta Maior ao poder
público). 
Assim, é possível ao Poder Judiciário, excepcionalmente, determinar
a implementação de políticas públicas. Isso ocorrerá exatamente
nesses casos em que o poder público deixa de cumprir os encargos
político-jurídicos impostos pela Constituição Federal; comprometendo,
com sua injustificada inércia, a concretização dos direitos sociais. 
Assim, podemos constatar diversas ocasiões em que, recentemente, o
STF tem determinado ao Poder Público a adoção de políticas públicas
que concretizem direitos sociais, especialmente relacionados aos direitos
sociais da saúde e educação. 
Isso pode ser denominado “ativismo judicial”, em que o controle judicial
se dá não apenas sobre a atividade do legislador, mas também nos
casos de inatividade ou omissão do Legislativo. 
Bem, no meu entender, esses são os principais aspectos envolvidos com
os direitos sociais. 
Sintetizando:
 
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Algumas questões podem aprimorar o entendimento desses detalhes. 
35) (CESPE/ANALISTA TÉCNICO ADMINISTRATIVO/DPU/2010) Os
direitos sociais são exemplos típicos de direitos de 2.ª geração. 
A assertiva está correta, pois os direitos sociais constituem típicos
direitos de segunda dimensão, ligados à noção de Estado social. 
Item certo. 
36) (CESPE/DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL
SUBSTITUTO/PCRN/2008) Cabe, primariamente, aos Poderes
Legislativo e Executivo a prerrogativa de formular e executar
políticas públicas, no entanto, revela-se possível ao Poder Judiciário,
excepcionalmente, determinar a implementação de tais políticas. 
Esse assunto está na moda!... Bem, por terem seus agentes eleitos de
forma democrática, compete aos Poderes Executivo e Legislativo definir
e implementar as políticas públicas. Entretanto, como vimos, o
entendimento do STF é o de que é possível ao Poder Judiciário,
excepcionalmente, determinar a implementação de políticas públicas.
Isso ocorrerá quando os órgãos estatais competentes deixarem de
cumprir os deveres impostos pela Constituição Federal, comprometendo,
com essa inércia, a concretização dos direitos sociais. 
Item certo. 
37) (CESPE/PROCURADOR/AGU/2010) A educação infantil, por
qualificar-se como direito fundamental de toda criança, não se
expõe, em seu processo de concretização, a avaliações meramente
discricionárias da administração pública, nem se subordina a razões
de puro pragmatismo governamental. 
Segundo o STF, a educação infantil representa prerrogativa
constitucional indisponível deferida às crianças. Assim, assegura-se a
elas, como primeira etapa do processo de educação básica, o
atendimento em creche e o acesso à pré-escola (CF, art. 208, IV). 
Reserva do
financeiramente
possível 
Poder Judiciário e
políticas públicas 
O Estado está obrigado a concretizar os direitos
sociais, mas de forma gradual, na medida do
financeiramente possível 
Excepcionalmente, pode o Poder Judiciário
determinar a implementação de políticas públicas 
Normas constitucionais e infraconstitucionais não
podem retroceder em se tratando de direitos sociais
já concretizados 
Vedação ao
retrocesso 
 
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Essa prerrogativa jurídica, em conseqüência, impõe, ao Estado, por
efeito da alta significação social de que se reveste a educação infantil, a
obrigação constitucional de criar condições objetivas que
possibilitem, de maneira concreta, em favor das “crianças até 5 (cinco)
anos de idade” (CF, art. 208, IV), o efetivo acesso e atendimento em
crechese unidades de pré-escola. 
Ainda segundo o Supremo, por qualificar-se como direito fundamental de
toda criança, a educação infantil não se expõe, em seu processo de
concretização, a avaliações meramente discricionárias da
Administração Pública, nem se subordina a razões de puro
pragmatismo governamental (AI 677.274/SP, DJ 01/10/2008,
Informativo 520). 
Item certo. 
38) (CESPE/PROCESSO SELETIVO/MS/2008) O direito à saúde, além
de qualificar-se como direito fundamental que assiste a todas as
pessoas, representa conseqüência constitucional indissociável do
direito à vida. O poder público, qualquer que seja a esfera
institucional de sua atuação no plano da organização federativa
brasileira, não pode mostrar-se indiferente ao problema da saúde da
população, sob pena de incidir, ainda que por censurável omissão,
em grave comportamento inconstitucional. 
Trata-se de entendimento do STF relacionado à obrigação dos diferentes
entes federados no tocante à efetivação de políticas que concretizem o
direito social (de segunda dimensão) à saúde, sob pena de incorrerem
em inconstitucionalidade. 
Item certo. 
39) (CESPE/ANALISTA TÉCNICO ADMINISTRATIVO/DPU/2010) O
cerceamento à liberdade de expressão é uma clara afronta aos
direitos sociais capitulados na CF. 
Na verdade a inviolabilidade da liberdade de expressão assegura ao
indivíduo um não-fazer por parte do Estado. Ou seja, trata-se de uma
liberdade negativa do indivíduo, que o protege frente ao Estado. 
Nesse sentido, não afronta os direitos sociais, mas os direitos
individuais. 
Item errado. 
40) (CESPE/ANALISTA TÉCNICO ADMINISTRATIVO/DPU/2010) Os
direitos sociais são exemplos de liberdades negativas. 
Os direitos sociais relacionam-se a uma atuação positiva do Estado.
Assim, errada a assertiva. 
As liberdades negativas estão ligadas a uma necessidade de abstenção
estatal e constituem direitos de primeira geraão. 
 
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Item errado. 
2.4 – Enumeração dos direitos sociais dos trabalhadores
Além dos direitos sociais genéricos explicitados no art. 6° da Constituição
(já apresentados aqui), a Constituição enumera outros direitos, do art. 7°
ao art. 11. 
Cabe mencionar que os direitos sociais constituem normas de ordem
pública, caracterizadas pela imperatividade e não podem ser afastadas
por vontade das partes. 
Significa dizer que o trabalhador não poderá, por exemplo, renunciar às
férias anuais ao assinar um contrato de trabalho. Aliás, se isso fosse
permitido, haveria um tremendo retrocesso na efetividade dos direitos
sociais, uma vez que, geralmente, o trabalhador encontra-se em posição
de inferioridade na relação trabalhista (especialmente quando a
quantidade de trabalhadores disponíveis supera a quantidade de vagas
de empregos). 
De qualquer forma, há diversos direitos previstos no art. 7° da CF/88 que
podem ser parcialmente afastados não pela vontade das partes
contratantes mas por convenção coletiva, como veremos a seguir. 
Segundo o art. 7° da CF/88: 
“São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que
visem à melhoria de sua condição social: 
I - relação de emprego protegida contra despedida arbitrária ou sem
justa causa, nos termos de lei complementar, que preverá indenização
compensatória, dentre outros direitos; 
II - seguro-desemprego, em caso de desemprego involuntário; 
III - fundo de garantia do tempo de serviço; 
IV - salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de
atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua família com
moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene,
transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe
preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para
qualquer fim; 
V - piso salarial proporcional à extensão e à complexidade do trabalho;
VI - irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção ou
acordo coletivo; 
VII - garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que
percebem remuneração variável; 
VIII - décimo terceiro salário com base na remuneração integral ou no
valor da aposentadoria; 
 
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IX - remuneração do trabalho noturno superior à do diurno; 
X - proteção do salário na forma da lei, constituindo crime sua retenção
dolosa; 
XI - participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da
remuneração, e, excepcionalmente, participação na gestão da empresa,
conforme definido em lei; 
XII - salário-família pago em razão do dependente do trabalhador de
baixa renda nos termos da lei; 
XIII - duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e
quarenta e quatro semanais, facultada a compensação de horários e a
redução da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho; 
XIV - jornada de seis horas para o trabalho realizado em turnos
ininterruptos de revezamento, salvo negociação coletiva; 
XV - repouso semanal remunerado, preferencialmente aos domingos;
XVI - remuneração do serviço extraordinário superior, no mínimo, em
cinqüenta por cento à do normal; 
XVII - gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a
mais do que o salário normal; 
 XVIII - licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com a
duração de cento e vinte dias; 
XIX - licença-paternidade, nos termos fixados em lei; 
XX - proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante incentivos
específicos, nos termos da lei; 
XXI - aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo no mínimo
de trinta dias, nos termos da lei; 
XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas
de saúde, higiene e segurança; 
XXIII - adicional de remuneração para as atividades penosas,
insalubres ou perigosas, na forma da lei; 
XXIV - aposentadoria; 
XXV - assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o
nascimento até 5 (cinco) anos de idade em creches e pré-escolas; 
XXVI - reconhecimento das convenções e acordos coletivos de
trabalho; 
XXVII - proteção em face da automação, na forma da lei; 
XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador,
sem excluir a indenização a que este está obrigado, quando incorrer em
dolo ou culpa; 
 
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XXIX - ação, quanto aos créditos resultantes das relações de
trabalho, com prazo prescricional de cinco anos para os trabalhadores
urbanos e rurais, até o limite de dois anos após a extinção do contrato de
trabalho; 
XXX - proibição de diferença de salários, de exercício de funções e de
critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil; 
XXXI - proibição de qualquer discriminação no tocante a salário e
critérios de admissão do trabalhador portador de deficiência; 
XXXII - proibição de distinção entre trabalho manual, técnico e intelectual
ou entre os profissionais respectivos; 
XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a
menores de dezoito e de qualquer trabalho a menores de dezesseis
anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de quatorze anos; 
XXXIV - igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo
empregatício permanente e o trabalhador avulso. 
Parágrafo único. São assegurados à categoria dos trabalhadores
domésticos os direitos previstos nos incisos IV, VI, VIII, XV, XVII, XVIII,
XIX, XXI e XXIV, bem como a sua integração à previdência social.” 
Fique atento aos destaques de azul e vermelho, pois são frequentemente
cobrados em concursos. 
É importante ainda saber que os empregados domésticos têm direito ao
salário mínimo; ao décimo terceiro; ao repouso semanal remunerado; às
férias anuais remuneradas; à licença à gestante; ao aviso prévio; à
aposentadoria e à integração à previdência social.2.5 – Direitos sociais coletivos dos trabalhadores
Passamos a abordar os principais aspectos concernentes aos direitos
sociais enumerados entre os arts. 8° e 11. 
A Constituição garante a liberdade de criação de sindicatos, vedando a
criação de mais de uma organização sindical representativa na
mesma base territorial. A definição dessa base compete aos
trabalhadores ou empregadores interessados, não podendo ser inferior
à área de um Município (CF, art. 8º, II). 
Ou seja, dentro daquela base territorial só poderá atuar um sindicato.
Bem, e constatado conflito de representação, no caso da criação
indevida de mais de uma entidade sindical na mesma base territorial?
Quem representaria a categoria? O maior? O mais antigo? 
Segundo o STF, esse conflito será resolvido com base no princípio da
anterioridade sindical. Assim, a representação da categoria caberá à
entidade que obteve o registro sindical em primeiro lugar,
independentemente do número de sindicalizados. 
 
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A assembléia geral fixará a contribuição confederativa, que não terá
natureza de tributo e será devida apenas aos empregados
sindicalizados (CF, art. 8°, IV). 
Essa contribuição não se confunde com aquela prevista em lei, essa
sim com natureza tributária e obrigatória para todos os empregados,
sindicalizados ou não. 
Portanto, objetivamente: são duas contribuições diferentes. 
- Contribuição confederativa: fixada em assembléia geral e devida
apenas para os sindicalizados; e 
- Contribuição sindical: fixada em lei e devida para todos os
trabalhadores (filiados ou não). 
Um aspecto importante: a liberdade sindical inclui a liberdade de não se
filiar (CF, art. 8°, V), bem como (i) a vedação à interferência estatal e 
(ii) a não exigência de autorização do Estado para a fundação de
sindicato. Ressalva-se, entretanto, a necessidade de registro no órgão
competente. 
Ademais, a Constituição garante a participação dos sindicatos nas
negociações coletivas de trabalho (CF, art. 8°, IV). 
Ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coletivos ou
individuais da categoria, inclusive em questões judiciais ou
administrativas (CF, art. 8°, III). 
Sobre isso há relevante jurisprudência. O STF firmou o entendimento
segundo o qual o sindicato tem legitimidade para atuar como substituto
processual na defesa de direitos e interesses coletivos ou individuais
homogêneos da categoria que representa. Assim, não há necessidade
de expressa autorização dos sindicalizados (RE 555.720-AgR, Rel. Min.
Gilmar Mendes, 30-9-2008). 
É importante frisar que o aposentado filiado tem direito a votar e ser
votado nas organizações sindicais (CF, art. 8°, VII). 
É vedada a dispensa do empregado sindicalizado a partir do registro da
candidatura a cargo de direção ou representação sindical e, se eleito,
ainda que suplente, até um ano após o final do mandato, salvo se
cometer falta grave nos termos da lei (CF, art. 8°, VIII). 
É assegurado o direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir
sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que devam por
meio dele defender. Mas a lei definirá os serviços ou atividades
essenciais e disporá sobre o atendimento das necessidades inadiáveis
da comunidade, sujeitando os responsáveis por os abusos cometidos às
penas da lei (CF, art. 9°). 
Além disso, é assegurada a participação dos trabalhadores e
empregadores nos colegiados dos órgãos públicos em que seus 
 
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interesses profissionais ou previdenciários sejam objeto de discussão e
deliberação (CF, art. 10°). 
Por fim, nas empresas de mais de duzentos empregados, é assegurada
a eleição de um representante destes com a finalidade exclusiva de
promover-lhes o entendimento direto com os empregadores (CF, art. 11). 
Vamos resolver algumas questões sobre os direitos sociais. 
41) (CESPE/TECNICO/TRE/ES/2011) Os direitos sociais previstos na
Constituição Federal advêm de normas de ordem pública, que não
se revestem de imperatividade, podendo ser alteradas pela vontade
das partes integrantes da relação trabalhista. 
Os direitos sociais não podem se afastados por mera vontade dos
contratantes. Trata-se de direitos de natureza imperativa, inviolável por
vontade das partes contraentes da relação trabalhista (Alexandre de
Moraes). 
Item errado. 
42) (CESPE/ANALISTA DE GESTÃO CORPORATIVA:
ADVOGADO/HEMOBRÁS/2008) De acordo com o posicionamento
majoritário na doutrina, os direitos sociais integram os denominados
direitos fundamentais de segunda geração. 
Como vimos, os direitos sociais integram a segunda dimensão (ou
geração) dos direitos fundamentais, que caracterizam por exigir do
Estado prestações positivas em respeito ao princípio da igualdade. 
Item certo. 
43) (CESPE/PROCURADOR/BACEN/2009) É direito social dos
trabalhadores urbanos e rurais a jornada de sete horas para o
trabalho realizado em turnos ininterruptos de revezamento, salvo
negociação coletiva. 
Atenção! As questões que versam sobre direitos sociais, geralmente, se
limitam a cobrar o conhecimento da literalidade dos incisos do art. 7° da
CF/88. Portanto, vale a pena conhecer esse artigo. 
De acordo com o art. 7°, XIV: 
Art. 7° - São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros 
que visem à melhoria de sua condição social: 
(...) 
XIV - jornada de seis horas para o trabalho realizado em turnos
ininterruptos de revezamento, salvo negociação coletiva; 
Item errado. 
(CESPE/TFCE – TÉCNICO ADMINISTRATIVO/TCU/2009) No tocante
aos direitos e às garantias fundamentais previstos na CF, julgue os itens
a seguir. 
 
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44) (CESPE/TFCE – TÉCNICO ADMINISTRATIVO/TCU/2009) A
contribuição sindical definida em lei é obrigatória, mesmo para os
profissionais liberais que não sejam filiados a sindicato. 
Segundo o inciso IV, a assembléia geral fixará a contribuição que, em
se tratando de categoria profissional, será descontada em folha, para
custeio do sistema confederativo da representação sindical respectiva,
independentemente da contribuição prevista em lei. 
A partir desse inciso podemos concluir que são duas as contribuições: (i)
uma fixada em assembléia geral e (ii) outra fixada por lei. 
O importante é você saber que apenas essa última (fixada em lei) é
compulsória para todos (filiados ou não) e tem natureza de tributo. A
primeira seria devida apenas para aqueles trabalhadores filiados. 
A questão trata da contribuição fixada por lei e está correta. Esta tem
natureza de tributo, sendo compulsória mesmo para os profissionais
liberais não filiados. 
Item certo. 
45) (CESPE/ANALISTA JUDICIÁRIO/TRE/MT/2010) Pelo princípio da
irredutibilidade salarial, a CF veda a redução de salários, mesmo
que por decisão judicial, convenção ou acordo coletivo de trabalho. 
A Constituição assegura a garantia de irredutibilidade de salários, salvo o
disposto em convenção ou acordo coletivo (CF, art. 7°, VI). 
Item errado. 
46) (CESPE/ADMINISTRADOR/AGU/2010) Ao sindicato cabe a defesa
dos direitos e interesses coletivos ou individuais da categoria, até
mesmo em questões judiciais ou administrativas, sendo permitida a
criação, na mesma base territorial, de mais de uma organização
sindical, em qualquer grau, representativa de categoria profissional
ou econômica, as quais serão definidas pelos trabalhadores ou
empregadores interessados. 
De fato, ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coletivos
ou individuais da categoria, inclusive em questões judiciais ou
administrativas (CF, art. 8°, III). 
Entretanto, a assertiva está incorreta, pois é vedada a criação de mais de
uma organização sindical, em qualquergrau, representativa de categoria
profissional ou econômica, na mesma base territorial, que será definida
pelos trabalhadores ou empregadores interessados, não podendo ser
inferior à área de um Município (CF, art. 8°, II). 
Item errado. 
47) (CESPE/PROCURADOR MUNICIPAL/PGM/RR/2010) Nas
empresas com mais de duzentos empregados, é assegurada a
eleição de um representante dos empregados com a finalidade 
 
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exclusiva de promover o entendimento direto entre eles e os
empregadores. 
Nos termos do art. 11 da CF/88, nas empresas de mais de duzentos
empregados, é assegurada a eleição de um representante destes com a
finalidade exclusiva de promover-lhes o entendimento direto com os
empregadores. 
Item certo. 
48) (CESPE/PROCURADOR MUNICIPAL/PGM/RR/2010) Tanto o
trabalhador urbano quanto o trabalhador rural têm direito a
assistência gratuita para seus filhos e dependentes, em creches e
pré-escolas até determinada idade. 
No âmbito dos direitos sociais, a Constituição de 1988 equiparou
trabalhadores urbanos e rurais. Nesse sentido, a eles é assegurado o
direito à assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o
nascimento até 5 (cinco) anos de idade em creches e pré-escolas (CF,
art. 7°, XXV). 
Item certo. 
49) (CESPE/PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSTITUTO/MPE/SE/2010)
Os sindicatos não têm legitimidade processual para atuar na defesa
de direitos individuais da categoria que representem, mas são parte
legítima para defender direitos e interesses coletivos, tanto na via
judicial quanto na administrativa. 
Os sindicatos têm legitimidade para defender os direitos e interesses
coletivos ou individuais da categoria, inclusive em questões judiciais ou
administrativas (CF, art. 8°, III). 
Item errado. 
50) (CESPE/ADVOGADO/SEAD/CEHAP/PB/2008) Há 60 anos, no dia
10/12/1948, a Declaração Universal dos Direitos Humanos foi
assinada pela 3.ª Assembleia Geral da Organização das Nações
Unidas. A Declaração Universal dos Direitos Humanos nasceu como
um estandarte comum a ser alcançado por todos os povos e nações
e em um mundo que ainda trazia as marcas da destruição e das
violações a direitos humanos perpetradas durante a Segunda
Guerra. Base do que se tornaria a legislação internacional sobre
direitos e liberdades fundamentais, foi a Declaração Universal dos
Direitos Humanos que primeiro reconheceu o que hoje se tornou
valor comum. Direitos humanos são direitos a todos e concernem a
toda comunidade internacional. Ministro Gilmar Mendes, Presidente
do Supremo Tribunal Federal, sessão plenária de 10/12/2008 do
STF. Internet: <www.stf.jus.br/portal> (com adaptações). 
Com referência ao tema acima tratado, assinale a opção correta. 
 
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a) A evolução cronológica do reconhecimento dos direitos
fundamentais pelas sociedades modernas é comumente
apresentada em gerações. Nessa evolução, o direito à moradia está
inserido nos direitos fundamentais de terceira geração, que são os
direitos econômicos, sociais e culturais, surgidos no início do século 
XX. 
b) Apesar de ser um direito social reconhecido, o direito à moradia
não encontra previsão expressa no taxativo rol que enumera os
direitos sociais protegidos pela Constituição Federal de 1988 (CF). 
c) A implementação de políticas públicas que objetivem concretizar
os direitos sociais, pelo poder público, encontra limites que
compreendem, de um lado, a razoabilidade da pretensão
individual/social deduzida em face do poder público e, de outro, a
existência de disponibilidade financeira do Estado para tornar
efetivas as prestações positivas dele reclamadas. 
d) A CF prevê que as normas definidoras dos direitos e garantias
fundamentais têm aplicação imediata. Com amparo nesse
dispositivo, o Supremo Tribunal Federal (STF) já declarou a
inconstitucionalidade e retirou do ordenamento jurídico lei que fixa o
salário mínimo em valor inferior ao necessário para atender às
necessidades vitais básicas do trabalhador e de sua família
(moradia, alimentação, educação, transporte, saúde, vestuário,
lazer, higiene, transporte e previdência social). 
A alternativa “a” está errada, pois os direitos sociais e econômicos, como
o de moradia, são de segunda dimensão. 
A alternativa “b” está errada, pois o direito à moradia encontra-se
expresso no art. 6° da CF/88. 
A alternativa “c” está certa. Trata-se do princípio da reserva do
financeiramente possível. O Poder Público está obrigado a
implementar as políticas públicas que levem à concretização dos direitos
sociais previstos na Constituição. Entretanto, essa atuação limita-se ao
financeiramente possível. Assim, a concretização de determinado direito
social encontra limites não só na razoabilidade da pretensão deduzida
em face do Poder Público como também na existência de disponibilidade
financeira do Estado. 
A alternativa “d” está errada, devido à reserva do financeiramente
possível. Por isso, tem se admitido a fixação do valor do salário-mínimo
em patamar inferior àquele esperado para a satisfação das necessidades
vitais do trabalhador (moradia, alimentação, educação, transporte, saúde,
vestuário, lazer, higiene, transporte e previdência social). Afinal, você
acha que um trabalhador que sustenta sua família com um salário
mínimo tem satisfeitas todas as suas necessidades vitais? Até lazer (indo
num show do Chico Buarque ou levando seus 4 filhos ao cinema)!?... 
 
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Gabarito: “c” 
51) (CESPE/AUXILIAR DE TRÂNSITO/SEPLAG/DETRAN/DF/2008) O
lazer é um direito social garantido pela CF. 
Na enumeração do art. 6° da CF/88 está expresso o lazer como um dos
direitos sociais (CF, art. 6º). 
Item certo. 
52) (CESPE/TÉCNICO JUDICIÁRIO/ÁREA
ADMINISTRATIVA/TRE/MG/2008) Não constitui direito social dos
trabalhadores urbanos e rurais 
a) a garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que
percebem remuneração variável. 
b) o seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador,
excluindo-se a indenização a que este está obrigado, quando
incorrer em dolo ou culpa. 
c) a irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção ou
acordo coletivo. 
d) a assistência gratuita aos filhos e dependentes, desde o
nascimento até cinco anos de idade, em creches e pré-escolas. 
e) a igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo
empregatício permanente e o trabalhador avulso. 
As alternativas apresentam direitos sociais dos trabalhadores urbanos e
rurais previstos no art. 7° da CF/88. Dentre elas, a única que apresenta
erro é a “b”, haja vista que o seguro contra acidentes de trabalho, a cargo
do empregador, não exclui a indenização a que este está obrigado,
quando incorrer em dolo ou culpa (CF, art. 7º, XVIII). 
Gabarito: “b” 
53) (CESPE/TÉCNICO DE NÍVEL SUPERIOR/MDS/2008) A CF
estabelece a legitimidade dos sindicatos para defender em juízo os
direitos e interesses coletivos dos integrantes da categoria que
representam. Caso se trate de direitos individuais, o sindicato não
terá legitimidade para defendê-los em juízo. 
Nos termos do art. 8°, III da CF/88, compete aos sindicatos a defesa dos
direitos e interesses coletivos ou individuais da categoria, inclusive em
questões judiciais ou administrativas. 
Item errado. 
54) (CESPE/PROCURADOR/AGU/2010) É constitucional o decreto
editado por chefe do Poder Executivo de unidade da Federação que
determine a exoneração imediata de servidor público em estágio
probatório, caso fique comprovada a participação deste na
paralisação do serviço, a título de greve. 
 
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