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CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL P/ O TCU PROFESSOR: FREDERICO DIAS 1 www.pontodosconcursos.com.br Aula 4 - Organização do Estado brasileiro. Divisão espacial do poder. Estado Federal, União, estados federados, Distrito Federal e municípios. Intervenção federal. Repartição de competências. Olá! E aí, caro aluno? Pronto para mais uma aula? Bem, hoje trataremos de organização do Estado, repartição de competências e intervenção. Em primeiro lugar, você deve lembrar como a Constituição da República estruturou o nosso Estado (Estado Federal, forma republicana e sistema presidencialista de governo). Tenha em mente que o Estado brasileiro é do tipo federado, porque integrado por diferentes entidades políticas – União, estados, Distrito Federal e municípios -, todas dotadas de autonomia política, nos termos da Constituição Federal (CF, art. 18). Como núcleo, essência de um Estado Federado, temos a chamada repartição de competências. Isso porque a distribuição de competências entre os entes é o que assegura a autonomia dos entes federados. Então, ao estudar repartição de competências, deveremos saber o seguinte: que princípios nortearam a repartição das competências entre os entes federados? Quais competências foram outorgadas à União? Quais matérias foram atribuídas aos municípios? Isso é o que me proponho a revisar com você hoje. Veja o conteúdo da Aula de hoje 1 - Organização Político-Administrativa 1.1 - Forma de Estado 1.2 - Forma de Governo 1.3 - Sistema de Governo 1.4 - Estado Federal 1.5 - Entes Federados 1.6 – Formação de Estados, Municípios e Territórios 2 - Repartição de Competências 3 – Intervenção 3.1 – Espécies de Intervenção Federal 3.2 – Intervenção estadual nos municípios 4 - Exercícios de Fixação Dê especial atenção às formas de Estado e governo e aos sistemas de governo. E, principalmente, ao assunto “repartição de competências”. CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL P/ O TCU PROFESSOR: FREDERICO DIAS 2 www.pontodosconcursos.com.br Sem dúvidas, nessa parte da matéria, são os temas mais cobrados em concursos. É isso aí! Durante a aula, você perceberá que grande parte das questões cobrará a literalidade da Constituição. O mesmo acontece em outros assuntos no nosso curso. Portanto, sempre reserve um tempo para dar uma “passada de olho” na Constituição. Lembrando que os exercícios comentados servem também como forma de complementação e aprofundamento da matéria. E, no final, serão apresentados diversos exercícios para fixar e sedimentar o conhecimento. Bem, iniciarei a aula tratando de um tema que relaciona Organização do Estado com os próprios princípios fundamentais já estudados neste curso. 1 – Organização Político-Administrativa Ao apresentar a você os princípios fundamentais, comentei sobre a opção da nossa Constituição quanto à forma de Estado (Federação) e à forma de Governo (República). É o que podemos observar com a leitura do art. 18 da CF/88. Art. 18. A organização político-administrativa da República Federativa do Brasil compreende a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos autônomos, nos termos desta Constituição. Veja que aqui se apresentam também quais são os entes federativos - a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios -, deixando patente o fato de que eles são dotados de autonomia política. Objetivamente, eles são dotados de autonomia (não é soberania). Guarde isto: não há menção aos territórios no art. 18 da CF/88. Isso porque os Territórios Federais não são entes federativos. Essas autarquias territoriais integram a União, como mera divisão administrativo-territorial, sem autonomia política. 1.1 – Forma de Estado Quando examinamos as formas de Estado, preocupamo-nos em saber como o poder é exercido dentro do território. Ou quantos poderes políticos autônomos existem no território do Estado. O Estado unitário (ou simples) é aquele em que há centralização política, isto é, não há uma divisão espacial e política de poder, sendo todas as competências políticas definidas pelo poder político central. Ele pode ser centralizado ou puro (quando o poder político central define e também executa diretamente, de forma centralizada, as políticas CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL P/ O TCU PROFESSOR: FREDERICO DIAS 3 www.pontodosconcursos.com.br públicas). Por outro lado, pode ser descentralizado ou regional (quando o poder político define as políticas públicas, mas não as executa diretamente, criando entidades administrativas para esse fim). Segundo Alexandre de Moraes, o Estado Unitário caracteriza-se pela centralização político-administrativa em um só centro produtor de decisões. Não obstante essa definição, parte da doutrina (Pedro Lenza, por exemplo) apresenta ainda uma forma especial de Estado unitário, em que ocorreria certa descentralização política. Nesse sentido, no momento da execução das decisões tomadas pelo Governo Central haveria certa autonomia política. Em suma, as localidades ainda continuam ligadas ao Governo Central, subordinadas às suas decisões. Entretanto, haveria algumas decisões a serem tomadas pelas localidades no caso concreto, no momento de efetivarem as escolhas do Governo Central. Já o Estado federado (composto, complexo ou federal) é formado pela união indissolúvel de entidades regionais dotadas de autonomia política (capacidade de autogoverno, autolegislação e autoadministração). Ou seja, ocorre descentralização política do poder para diversos entes autônomos. Essa estrutura e a repartição de competência entre essas entidades são estabelecidas por uma Constituição. Lembre-se que o Brasil é um Estado federal (formado pela União, estados, Distrito Federal e municípios, todos autônomos). Observe que, no Estado Federal, as coletividades locais são autônomas, e detêm parcela do poder político do Estado (como ocorre no Brasil). O Estado composto ou complexo pode assumir, ainda, a forma de confederação, em que também há mais de um poder político no território. O que diferencia a confederação da federação é que, na primeira, os poderes estão organizados no texto de um tratado internacional. Na segunda, estão organizados no texto de uma Constituição. Ademais, na confederação, os entes são soberanos (e não apenas autônomos), e podem se separar da confederação quando entenderem conveniente (ou seja, têm o direito de secessão). Voltaremos a falar de Estado Federal logo adiante. Sintetizando: CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL P/ O TCU PROFESSOR: FREDERICO DIAS 4 www.pontodosconcursos.com.br Vejamos uma questão do Cespe sobre o assunto. 1. (CESPE/FISCAL DA RECEITA ESTADUAL – ACRE/2006) Estado unitário é aquele em que não ocorre a chamada descentralização administrativa à mercê do poder central. O Estado unitário pode ser centralizado (ou puro), em que ocorre a execução dos serviços e das políticas públicas de forma centralizada. Ou descentralizado (ou regional), quando o poder político continua concentrado, mas a execução de políticas públicas ocorre de forma descentralizada, por meio de entidades administrativas criadas para esse fim. Item errado. 2. (CESPE/ANALISTA PROCESSUAL/MPU/2010) Em face da descentralização administrativa e política que caracteriza o Estado brasileiro, a República Federativa do Brasil constitui um estado unitário descentralizado, dispondo os entes políticos estatais de autonomia para a tomada de decisão, no caso concreto, a respeito da execução das medidas adotadas pela esfera central de governo. A questão apresenta o conceito de um tipo de Estado unitário denominado por Pedro Lenza como “Estado unitário descentralizado administrativa e politicamente”. Nessa forma de Estado, as unidades regionais dispõem de certa autonomia para decidir, no caso concreto, a melhor forma de execução dasdecisões já tomadas pelo Governo Central. Entretanto, está incorreta, pois essa não é a forma de Estado adotada pelo Brasil, afinal somos uma República Federativa (CF, art. 1°). Item errado. Unitário Federação Confederação (centralização política) → Unitário puro → Descentralizado adm. (descentralização política) (descentralização política) • Constituição • Autonomia • Indissolubilidade (vedada secessão) • Tratado • Soberania • Dissolubilidade (direito de secessão) Forma de Estado Distribuição territorial do Poder CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL P/ O TCU PROFESSOR: FREDERICO DIAS 5 www.pontodosconcursos.com.br 1.2 – Forma de Governo A forma de Governo diz respeito à relação entre governantes e governados no tocante à aquisição e o exercício do poder. É saber como se dá a instituição do poder na sociedade, como são escolhidos os governantes e como eles se relacionam com os governados. Podem-se dividir as formas de governo em: república e monarquia. De início, vale ressaltar que o Brasil adota a república como forma de Governo. A república é a forma de governo que tem as seguintes características: (i) eletividade (na medida em que os governantes são eleitos); (ii) temporalidade (pois o exercício do poder se dá por um período transitório – período certo); e (iii) responsabilidade ou dever de prestar contas (já que os administradores têm o dever de prestar contas sobre a gestão da coisa pública). A monarquia é a forma de governo que tem as seguintes características: (i) hereditariedade (os governantes chegam ao poder pelo critério hereditário); (ii) vitaliciedade (mandatos sem prazos determinados); (iii) irresponsabilidade (na medida em que o monarca não presta contas dos seus atos). Sintetizando: 3. (CESPE/ANALISTA MINISTERIAL – ESPECIALIDADE CIÊNCIAS JURÍDICAS/MINISTÉRIO PÚBLICO – TO/2006) Decorre do princípio republicano a regra constitucional de que o mandato do presidente da República será de quatro anos. relação entre governantes e governados Forma de Governo Monarquia República Eletividade Temporalidade Responsabilidade dever de prestar contas Hereditariedade Vitaliciedade Irresponsabilidade não há obrigação de prestar contas perante os governados CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL P/ O TCU PROFESSOR: FREDERICO DIAS 6 www.pontodosconcursos.com.br De fato, o mandado de quatro anos do Presidente decorre do princípio republicano. Trata-se da “temporalidade”, relacionada à alternância no exercício do poder. Item certo. 4. (CESPE/ANALISTA ADMINISTRATIVO E FINANCEIRO /SEGER/ES/2008) A forma republicana pressupõe, modernamente, que o representante do governo seja eleito pelo povo, que este seja representado em câmaras ou assembléias populares e que os mandatos eletivos sejam temporários. São características da república (como visto no esquema): eletividade e temporalidade. Item certo. 1.3 Sistema de Governo Estudar sistemas de governo é examinar a relação entre os Poderes Executivo e Legislativo. Poderá haver maior independência, ou então maior colaboração entre eles, de acordo com o sistema adotado. No Brasil, adota-se o sistema presidencialista, de acordo com o Plebiscito de 1993. O presidencialismo é o sistema de governo marcado pelas seguintes características: (i) independência entre os poderes; (ii) mandatos por prazo certo (membros do Executivo e do Legislativo exercem mandatos por prazo certo, que não podem ser abreviados); e (iii) chefia monocrática ou unipessoal (as chefias de Estado e de Governo estão concentradas numa mesma pessoa). Veja que é o caso do Brasil. O Presidente é eleito para um mandato de quatro anos, e tem direito a cumpri-lo integralmente, até o último dia de seu governo, sem nenhuma interferência do Legislativo. Não é dado ao Legislativo abreviar o mandato do chefe do Poder executivo. E vice- versa: o Presidente não pode determinar a dissolução do Congresso Nacional, a fim de abreviar o mandado dos congressistas. Ademais, no Brasil o Presidente da República exerce, simultaneamente, a chefia de Estado e a chefia de Governo. Ele figura como chefe de Estado quando representa a República Federativa do Brasil frente a outros Estados soberanos ou perante organizações internacionais (quando celebra um tratado internacional, por exemplo). Ou mesmo quando corporifica internamente a unidade nacional (quando decreta a intervenção federal para manter a integridade nacional – art. 34, I -, por exemplo). Já o exercício da chefia de governo se dá quando o Presidente da República cuida dos negócios internos de interesse da sociedade brasileira (quando atua como administrador, por exemplo). CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL P/ O TCU PROFESSOR: FREDERICO DIAS 7 www.pontodosconcursos.com.br Por outro lado, o parlamentarismo é o sistema de governo marcado pelas seguintes características: (i) maior interdependência, proximidade e colaboração entre os Poderes Executivo e Legislativo; (ii) mandatos por prazo incerto; (iii) chefia dual (na medida em que as chefias de Estado e de Governo são exercidas por duas pessoas distintas: a chefia de Estado é exercida pelo Monarca ou Presidente da República, conforme seja a forma de governo Monarquia ou República; e a chefia de Governo é exercida pelo Primeiro Ministro). Explicando melhor o funcionamento do Parlamentarismo: a) o povo elege o parlamento; e b) o chefe de Estado (chefe do Executivo) escolhe seu chefe de Governo (o Primeiro Ministro); este último submete seu plano de governo ao Parlamento, que passa a se responsabilizar também por ele. Daí então, se estabelece uma relação de interdependência entre os poderes, na medida em que o Primeiro Ministro só se sustenta se tiver apoio do Parlamento. Por outro lado, o governo tem o poder de dissolver o Parlamento e convocar novas eleições parlamentares. Sintetizando: 5. (CESPE/FISCAL DA RECEITA ESTADUAL – ACRE/2006) O parlamentarismo e o presidencialismo são formas de governo previstas no texto constitucional. Essa questão é clássica em concursos públicos: confundir o candidato misturando os conceitos de forma de Estado, forma de governo e sistema de governo. Esta questão está errada, já que presidencialismo e parlamentarismo não são formas de governo, mas sim sistemas de governo (formas de governo são república e monarquia). Item errado 6. (CESPE/AGENTE PENITENCIÁRIO/AGENTE DE ESCOLTA E VIGILÂNCIA PENITENCIÁRIO/SEJUS/ES/2009) A CF adota o presidencialismo como forma de Estado, já que reconhece a junção relação entre o Poder Executivo e o Poder Legislativo Sistema de Governo Presidencialismo Parlamentarismo Independência entre os Poderes Executivo e Legislativo Mandatos por prazo certo Chefia monocrática ou unipessoal Interdependência (maior colaboração entre os poderes) Mandatos por prazo incerto Chefia dual CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL P/ O TCU PROFESSOR: FREDERICO DIAS 8 www.pontodosconcursos.com.br das funções de chefe de Estado e chefe de governo na figura do presidente da República. De fato, a junção das funções de chefe de Estado e chefe de governo na mesma pessoa (chefia monocrática) é característica do presidencialismo. Entretanto, presidencialismo e parlamentarismo são sistemas de governo (e não formas de Estado). Item errado. 7. (CESPE/PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSTITUTO/MP/RN/2009) Uma das características comuns à federação e à confederação é o fato de ambas serem indissolúveis. A confederação não é indissolúvel. A confederação estabelece-se por meio de um tratado, como uma união dissolúvel de Estados soberanos. A federação sim é indissolúvel. Item errado. 8. (CESPE/ANALISTA ADMINISTRATIVO E FINANCEIRO / SEGER / ES / 2008) A forma republicana pressupõe, modernamente, que o representantedo governo seja eleito pelo povo, que este seja representado em câmaras ou assembleias populares e que os mandatos eletivos sejam temporários. A escolha da forma de governo diz respeito à relação entre governantes e governados no tocante à aquisição e o exercício do poder. A assertiva está correta, pois eletividade (governantes são eleitos pelo povo) e temporalidade (exercício do poder se dá por um período transitório) são características da república. Item certo. 9. (CESPE/ANALISTA ADMINISTRATIVO E FINANCEIRO / SEGER / ES / 2008) Saber a forma de governo de determinado Estado é o mesmo que saber quem deve exercer o poder e como este se exerce. Estudar as formas de governo é estudar como se dá a relação entre governantes e governados no tocante à aquisição e ao exercício do poder. É saber como é escolhido o governante, de que forma ele exerce o poder e como se dá a relação entre ele e seus governados. Objetivamente, as formas de Estado (unitário x federado) não se confundem com os sistemas de governo (presidencialismo x parlamentarismo) ou com as formas de governo (república x monarquia). CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL P/ O TCU PROFESSOR: FREDERICO DIAS 9 www.pontodosconcursos.com.br 1.4 – Estado Federal Podemos relacionar o surgimento do Estado Federal com os Estados Unidos da América, na data de 1787. Antes disso (1776), tinha ocorrido a declaração da independência das colônias americanas, em que tinham surgido 13 Estados soberanos no território norte-americano. Naquele momento tratava-se ainda de uma confederação. Entretanto, esses Estados soberanos optaram por se unir, formando apenas uma Federação (e suprimindo a soberania e o antigo direito de secessão de que dispunham). Como já comentado, o Brasil adota a forma federativa de Estado. Vejamos o que estabelece o art. 1° da nossa Constituição: Art. 1º. A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: Observe ainda (grifado) o chamado princípio da indissolubilidade do vínculo federativo. Ele tem duas finalidades básicas: unidade nacional e necessidade descentralizadora. Ou seja, nossa Constituição afasta qualquer pretensão de separação de um estado-membro, do DF ou de qualquer município da Federação. Significa dizer que, no nosso ordenamento, não existe direito de secessão. Podemos apontar como as principais características do Estado Federal: I) descentralização política: o poder se encontra dividido pelo território, sendo exercido pelos entes autônomos (pois apenas o Estado Federal é soberano); II) participação dos estados-membros: os estados-membros dispõem de auto-organização (elaboram suas Constituições) e representação no Poder legislativo (no Senado Federal), mas não detêm direito de secessão (uma vez criada a Federação, não se admite mais a dissolução, não é tolerada a saída de um dos entes componentes do Estado Federal); III) repartição de competências: a distribuição de competências entre os entes federados assegura a autonomia de cada um deles; IV) repartição de receitas: cada ente deve possuir uma esfera de competência tributária que lhe assegure receitas próprias; V) Constituição assegurada por um órgão superior: o pacto federativo é firmado em uma Constituição rígida (proporcionando estabilidade institucional), que é protegida por um órgão guardião (no nosso caso, o STF). CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL P/ O TCU PROFESSOR: FREDERICO DIAS 10 www.pontodosconcursos.com.br Veja que interessante: no caso brasileiro, aconteceu o contrário do ocorrido nos Estados Unidos. O Estado Federal nasce a partir da divisão de um Estado anteriormente unitário. Assim, podemos ter dois tipos de formação do Estado Federal. I) Por agregação → movimento centrípeto → de fora pra dentro; e II) Por desagregação → movimento centrífugo → de dentro pra fora. No primeiro caso, antigos Estados independentes abrem mão de sua soberania para constituir um Estado Federal único (é o caso dos Estados Unidos). No segundo caso, um Estado unitário descentraliza-se, dividindo aquele poder inicialmente concentrado e formado diversos entes autônomos (é o caso brasileiro). Veja como isso já foi cobrado em concurso. 10. (CESPE/PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSTITUTO/MP/RN/2009) O federalismo brasileiro, quanto à sua origem, é um federalismo por agregação. O Estado federal pode ser formado por agregação ou desagregação. Por agregação é quando se parte de diversas parcelas independentes (Estados soberanos) que se unem para formar a federação, num movimento de fora para dentro. Foi o que ocorreu com os Estados Unidos, por exemplo. Por desagregação é quando o Estado se forma de dentro para fora, ou seja, quando se tem um todo (Estado unitário) que se reparte em vários outros. É o caso do Brasil, por exemplo. Item errado. O federalismo pode ser ainda dual ou cooperativo. Será dual se houver uma rígida separação de competências entre os entes federados (como é o caso dos Estados Unidos). No Brasil, adota- se o federalismo cooperativo, em que a separação das competências não é rígida. Por fim, vale comentar mais dois detalhes relativos à Federação na CF/88: I) a forma federativa de Estado é cláusula pétrea (CF, art. 60, § 4°, I); e II) ao contrário da Federação convencional (formada apenas pela União e estados-membros), nossa Federação é composta de quatro entes federados: União, estados-membros, Distrito Federal e municípios (assim, trata-se de uma peculiaridade brasileira os municípios e o DF como entes autônomos). CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL P/ O TCU PROFESSOR: FREDERICO DIAS 11 www.pontodosconcursos.com.br 11. (CESPE/AUFC/TCU/2009) No âmbito do federalismo cooperativo, os entes federados devem atuar de forma conjunta na prestação de serviços públicos. Para esse fim, a CF prevê os consórcios públicos e os convênios, inclusive autorizando a gestão associada desses serviços, com a transferência de encargos, serviços e até mesmo de pessoal e bens. No Brasil ocorre o federalismo cooperativo, em que a divisão de competências não é rigidamente definida. Assim, a boa coexistência desses entes autônomos exige mecanismos de coordenação e cooperação entre eles, sendo os consórcios e os convênios dois exemplos desses tipos de instrumento expressos na CF: Art. 241. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios disciplinarão por meio de lei os consórcios públicos e os convênios de cooperação entre os entes federados, autorizando a gestão associada de serviços públicos, bem como a transferência total ou parcial de encargos, serviços, pessoal e bens essenciais à continuidade dos serviços transferidos. Item certo. 12. (CESPE/TÉCNICO JUDICIÁRIO/ÁREA ADMINISTRATIVA/TRT 17ª REGIÃO/2009) A República Federativa do Brasil é formada pela união indissolúvel dos estados, dos municípios, do Distrito Federal e dos territórios. De acordo com o art. 1° da CF/88, “a República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal (...)”. Nesse sentido, é importante ter em mente que os territórios não são entes federados. Item errado. 1.5 – Entes Federados Como comentado, a organização político-administrativa da República Federativa do Brasil compreende a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos autônomos (CF, art. 18). De se destacar as vedações que a Constituição estabelece aos entes federados (CF, art. 19). Nesse sentido, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: I - estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, embaraçar- lhes o funcionamento ou manter com eles ou seus representantes relações de dependência ou aliança, ressalvada, na forma da lei, a colaboraçãode interesse público; II - recusar fé aos documentos públicos; CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL P/ O TCU PROFESSOR: FREDERICO DIAS 12 www.pontodosconcursos.com.br III - criar distinções entre brasileiros ou preferências entre si. 13. (CESPE/ANALISTA DE INFRAESTRUTURA/MPOG/2010) Segundo a CF, a organização político-administrativa da República Federativa do Brasil compreende a União, os estados, o Distrito Federal (DF), os municípios e os territórios, todos dotados de autonomia. Os Territórios Federais não são entes federativos. Essas autarquias territoriais integram a União (CF, art. 18, § 2°), como mera divisão administrativo-territorial, sem autonomia política. Item errado. Passemos aos comentários mais relevantes sobre cada um dos entes federados. De início, vai uma dica: não faça confusão entre a República Federativa do Brasil (RFB) e a União! São duas coisas diferentes. A RFB é o Estado federal, o todo, pessoa jurídica de direito público internacional que engloba União, estados, municípios e DF. No âmbito externo, a União até representa o Estado brasileiro. Mas a União é pessoa jurídica de direito público interno. Enfim, a União é parte integrante do Estado federal, vale dizer, é uma das entidades políticas que integram o Estado federal. Como os demais entes, a União dispõe de autonomia, enquanto a RFB dispõe de soberania. Não é um assunto muito cobrado em concursos, mas a Constituição estabelece os bens da União em seu art. 20, segundo o qual, são bens da União: I - os que atualmente lhe pertencem e os que lhe vierem a ser atribuídos; II - as terras devolutas indispensáveis à defesa das fronteiras, das fortificações e construções militares, das vias federais de comunicação e à preservação ambiental, definidas em lei; III - os lagos, rios e quaisquer correntes de água em terrenos de seu domínio, ou que banhem mais de um Estado, sirvam de limites com outros países, ou se estendam a território estrangeiro ou dele provenham, bem como os terrenos marginais e as praias fluviais; IV - as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com outros países; as praias marítimas; as ilhas oceânicas e as costeiras, excluídas, destas, as que contenham a sede de Municípios, exceto aquelas áreas afetadas ao serviço público e a unidade ambiental federal, e as referidas no art. 26, II; V - os recursos naturais da plataforma continental e da zona econômica exclusiva; VI - o mar territorial; CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL P/ O TCU PROFESSOR: FREDERICO DIAS 13 www.pontodosconcursos.com.br VII - os terrenos de marinha e seus acrescidos; VIII - os potenciais de energia hidráulica; IX - os recursos minerais, inclusive os do subsolo; X - as cavidades naturais subterrâneas e os sítios arqueológicos e pré- históricos; XI - as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios. A Constituição assegura aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, bem como a órgãos da administração direta da União, participação no resultado da exploração de petróleo ou gás natural, de recursos hídricos para fins de geração de energia elétrica e de outros recursos minerais no respectivo território, plataforma continental, mar territorial ou zona econômica exclusiva, ou compensação financeira por essa exploração (CF, art. 20, § 1°). Ademais, estabelece que a faixa de até cento e cinqüenta quilômetros de largura, ao longo das fronteiras terrestres, designada como faixa de fronteira, é considerada fundamental para defesa do território nacional, e sua ocupação e utilização serão reguladas em lei (CF, art. 20, § 2°). Vamos a algumas questões. 14. (CESPE/TÉCNICO JUDICIÁRIO/ÁREA ADMINISTRATIVA/TRT 17ª REGIÃO/2009) A República Federativa do Brasil é formada pela união indissolúvel dos estados, dos municípios, do Distrito Federal e dos territórios. Veja o que está estabelecido no art. 1°: Art. 1º - A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal (...) Bem, veja dois detalhes então: a) DF e Municípios como entes federados são peculiaridades da nossa Federação. b) Territórios não são entes federados. Daí o erro da questão. Item errado. 15. (CESPE/BACHAREL EM DIREITO/CORPO DE BOMBEIROS – DF/2007) O termo União designa entidade federal de direito público interno, autônoma em relação às unidades federadas. A União distingue-se do Estado federal, que é o complexo constituído da União, dos estados, do DF e dos municípios e dotado de personalidade jurídica de direito público internacional. Não faça confusão entre a República Federativa do Brasil (RFB) e a União! A RFB é o Estado federal, o todo, pessoa jurídica de direito público internacional. Enquanto a União é pessoa jurídica de direito público interno. Enfim, a União integra o Estado federal. CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL P/ O TCU PROFESSOR: FREDERICO DIAS 14 www.pontodosconcursos.com.br Item certo. 16. (CESPE/OFICIAL DE CHANCELARIA/MINISTÉRIO DAS RELAÇÕES EXTERIORES/2006) No Estado federal, cada componente da Federação detém soberania e autrminação para desempenhar relações de direito público internacional. No Estado federal, os entes federados dispõem, apenas, de autonomia política. A soberania é atributo exclusivo da República Federativa do Brasil como um todo (o Estado federal). Item errado. 17. (CESPE/JUIZ/TRF 5.a Região/2009) São bens da União as terras devolutas. Os bens da União estão explícitos no art. 20 da CF/88. Assim, não se pode afirmar serem todas as terras devolutas bens da União. Nos termos do art. 20, II, são bens da União as terras devolutas indispensáveis à defesa das fronteiras, das fortificações e construções militares, das vias federais de comunicação e à preservação ambiental, definidas em lei. Item errado. O próximo ente federado a ser estudado são os estados-membros. É importante você conhecer a tríplice capacidade garantidora de autonomia dos estados-membros, que assegura a eles: (i) autogoverno; (ii) autoadministração; e (iii) auto-organização e normatização própria. I) Autogoverno: o povo daquele estado-membro escolhe seus próprios governantes (poderes executivo e legislativo locais) sem qualquer vínculo de subordinação ou tutela por parte da União. II) Autoadministração: os estados-membros se autoadministram por meio do exercício das suas competências legislativas, administrativas e tributárias definidas pela Constituição Federal. III) Auto-organização e normatização própria: os estados-membros editam suas próprias Constituições, bem como sua própria legislação, respeitados os princípios da Constituição Federal (que funcionam como limitadores da autonomia estadual). Sintetizando: CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL P/ O TCU PROFESSOR: FREDERICO DIAS 15 www.pontodosconcursos.com.br Apesar dessa autonomia, devemos lembrar que os estados-membros estão sujeitos a determinadas limitações impostas pela Constituição, e devem respeitar, portanto, seus princípios (CF, art. 25). Por fim, vale destacar que, segundo o art. 26 da Constituição são bens dos estados: (i) as águas superficiais ou subterrâneas, fluentes, emergentes e em depósito, ressalvadas, neste caso, na forma da lei, as decorrentes de obras da União; (ii) as áreas, nas ilhas oceânicas e costeiras, que estiverem no seu domínio, excluídas aquelas sob domínio da União, Municípios ou terceiros; (iii) as ilhas fluviais e lacustres não pertencentes à União; e (iv) as terras devolutas não compreendidas entre as da União. Quanto à organização dos estados, podemos citar as regras a seguir. I) Número de Deputados da Assembléia - triplo da representação do Estado na Câmara dos Deputados e, atingido o número de trinta e seis, será acrescido de tantos quantos forem os Deputados Federais acima de doze (CF, art. 27). II)Subsídio dos Deputados Estaduais - fixado por lei de iniciativa da Assembléia Legislativa (no máximo, 75% do valor dos deputados federais) (CF, art. 27, § 2°). III) Compete às Assembléias Legislativas dispor sobre seu regimento interno, polícia e serviços administrativos de sua secretaria, e prover os respectivos cargos (CF, art. 27, § 3°). IV) Subsídios do Governador, Vice e Secretários - fixados por lei de iniciativa da Assembléia Legislativa (CF, art. 28, § 2°). V) Perderá o mandato o Governador que assumir outro cargo ou função na administração pública direta ou indireta, ressalvada a posse em virtude de concurso público e observado o disposto no art. 38, I, IV e V da CF/88 (CF, art. 28, § 1°). Autogoverno Autoadministração Elaboração das suas Constituições Elaboração de leis próprias art. 25, caput Organização dos Poderes Executivo Legislativo Judiciário art. 28 art. 27 art. 125 Competências próprias (administrativas, tributárias e legislativas) art. 25, §§ 1° a 3° Auto-organização e Autolegislação CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL P/ O TCU PROFESSOR: FREDERICO DIAS 16 www.pontodosconcursos.com.br Vamos verificar como o Cespe tem abordado esses assuntos. 18. (CESPE/BACHAREL EM DIREITO/CORPO DE BOMBEIROS – DF/2007) Em razão da autonomia política dos entes federados, um estado-membro poderá, por lei estadual, criar vantagens e distinções, como isenções tributárias ou incentivos sociais diversos, em favor dos brasileiros nascidos naquele território em detrimento de brasileiros originários de outros estados. Uma lei com esse teor seria contrária à Constituição, pois vai contra a ideia de estado Federal. Ademais, segundo o art. 19: “É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: I - estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, embaraçar- lhes o funcionamento ou manter com eles ou seus representantes relações de dependência ou aliança, ressalvada, na forma da lei, a colaboração de interesse público; II - recusar fé aos documentos públicos; III - criar distinções entre brasileiros ou preferências entre si.” Item errado. 19. (CESPE/DEFENSOR PÚBLICO DA UNIÃO DE 2ª CATEGORIA/2007) Na elaboração das normas locais, o poder constituinte decorrente deve respeitar o modelo de estruturação do Estado fixado pela CF. Ao elaborar a Constituição estadual, o poder constituinte derivado decorrente deve obediência aos princípios estabelecidos na Constituição Federal (CF, art. 25). Item certo. 20. (CESPE/ANALISTA PROCESSUAL/MPU/2010) As capacidades de auto-organização, autogoverno, autoadministração e autolegislação reconhecidas aos estados federados exemplificam a autonomia que lhes é conferida pela Carta Constitucional. Trata-se do que a doutrina denomina como tríplice capacidade garantidora de autonomia dos estados-membros, que assegura a eles: (i) autogoverno; (ii) autoadministração; e (iii) auto-organização e normatização própria (autolegislação). Item certo. 21. (CESPE/PROMOTOR/MPE/ES/2010) A forma federativa de Estado poderá ser alterada mediante emenda constitucional. A forma federativa de Estado é uma das cláusulas pétreas estabelecidas pela nossa Constituição (CF, art. 60.§ 4°, I). Nesse sentido, não se admite mudança na forma de Estado adotada (adoção da forma unitária de Estado, por exemplo) nem mesmo por meio de reforma constitucional. CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL P/ O TCU PROFESSOR: FREDERICO DIAS 17 www.pontodosconcursos.com.br Item errado. Além disso, temos os municípios e o Distrito Federal, também dotados de autonomia. Tanto o município quanto o DF regem-se por lei orgânica, votada em dois turnos, com o interstício mínimo de dez dias, e aprovada por dois terços dos membros da Câmara (municipal ou distrital), que a promulgará. Deverão ser atendidos os princípios estabelecidos na Constituição Federal. No caso dos municípios, devem ser respeitados ainda os princípios da Constituição do respectivo Estado. Os aspectos concernentes à organização dos municípios estão expressos no art. 29 da CF/88. Já os aspectos concernentes ao DF estão no art. 32 da CF/88. Sobre os municípios, vale destacar as regras a seguir. I) Subsídios do Prefeito, Vice e Secretários - fixados por lei de iniciativa da Câmara Municipal (CF, art. 29, V). II) Subsídio dos Vereadores - fixado pelas respectivas Câmaras Municipais em cada legislatura para a subseqüente (observados limites máximos estabelecidos na Constituição) (CF, art. 29, VI). III) O total da despesa com a remuneração dos Vereadores não poderá ultrapassar o montante de cinco por cento da receita do Município (CF, art. 29, VII). IV) A Câmara Municipal não gastará mais de 70% de sua receita com folha de pagamento, incluído o gasto com o subsídio de seus Vereadores (CF, art. 29-A, § 1°). V) Eleição do Prefeito e Vice – só haverá segundo turno da eleição no caso de municípios com mais de duzentos mil eleitores. Sobre o DF, vale comentar os seguintes detalhes: I) é vedada sua divisão em municípios (CF, art. 30, caput); II) o DF acumula as competências legislativas reservadas aos estados e aquelas reservadas aos municípios (esse assunto será melhor detalhado mais à frente). 22. (CESPE/DIPLOMATA/ RIO BRANCO/2008) Ao Distrito Federal são atribuídas as competências legislativas dos estados e municípios. Como comentado, o DF acumula tanto as competências reservadas aos estados como aquelas atribuídas aos municípios. Item certo. CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL P/ O TCU PROFESSOR: FREDERICO DIAS 18 www.pontodosconcursos.com.br Por fim, abro um parêntese para mencionar algo importante sobre os municípios. É que, recentemente, houve a aprovação da Emenda Constitucional nº 58/2009, alterando regras dos arts. 29 e 29-A (assuntos não muito cobrados em concursos). Em resumo, essa nova emenda constitucional: a) cria 24 limites máximos para a composição das Câmaras Municipais (art. 1º, alterando o inciso IV do art. 29 da Constituição), aumentando em 7.709 o número de vereadores em todo o país; b) fixa novos limites percentuais máximos do total de despesas para as Câmaras Municipais (art. 2º, alterando o art. 29-A da Constituição). O interessante (interessante para quem???) é que a letra “a” acima foi aprovada com efeitos retroativos às eleições pretéritas, realizadas em 2008. A finalidade disso era recalcular os quocientes eleitorais, de forma a já dar posse a 7.709 vereadores não eleitos em todo país. Você, que está dando duro para buscar seu cargo público, acha justo? Pois é! Graças ao bom senso, imediatamente, o Procurador-Geral da República propôs uma ação direta de inconstitucionalidade perante o STF impugnando tais disparates. Ainda bem que prevaleceu a moralidade e a Corte Maior afastou, com efeitos retroativos, a eficácia dessa determinação de aplicação retroativa do referido comando. Assim, outorgaram-se efeitos ex tunc (retroativos) à medida cautelar concedida, para o fim de tornar nulas as posses dos mais afoitos. 1.6 – Formação de Estados, Municípios e Territórios Os parágrafos 3° e 4° do art. 18 estabelecem as regras de formação de estados e municípios. Os Estados podem incorporar-se entre si, subdividir-se ou desmembrar- se para se anexarem a outros, ou formarem novos Estados ou Territórios Federais, mediante aprovação da população diretamente interessada, através de plebiscito, e do Congresso Nacional, por lei complementar. Para isso deverão ser consultadas as respectivas Assembléias Legislativas (CF, art. 48, VI). Portanto, deve-se passar pelas seguintes etapas: I - aprovação da população diretamente interessada, através de plebiscito; II - manifestação meramente opinativa das assembléias legislativas; III - aprovação de lei complementar pelo Congresso Nacional. CURSO ON-LINE– DIREITO CONSTITUCIONAL P/ O TCU PROFESSOR: FREDERICO DIAS 19 www.pontodosconcursos.com.br Já os municípios seguem regra distinta. Segundo o art. 18, § 4° da CF/88, a criação, a incorporação, a fusão e o desmembramento de Municípios, far-se-ão por lei estadual, dentro do período determinado por Lei Complementar Federal, e dependerão de consulta prévia, mediante plebiscito, às populações dos Municípios envolvidos, após divulgação dos Estudos de Viabilidade Municipal, apresentados e publicados na forma da lei. Em suma, para a criação, a incorporação, a fusão e o desmembramento de municípios é necessário: I - aprovação de lei complementar federal fixando genericamente o período dentro do qual poderá ocorrer a criação, a incorporação, a fusão e o desmembramento de municípios; II - aprovação de lei ordinária federal estabelecendo a forma de apresentação e publicação dos estudos de viabilidade municipal; III - divulgação dos estudos de viabilidade municipal, na forma estabelecida pela lei ordinária federal acima mencionada; IV - consulta prévia, mediante plebiscito, às populações dos municípios envolvidos; V - aprovação de lei ordinária estadual formalizando a criação, a incorporação, a fusão ou o desmembramento do município, ou dos municípios. Ou seja, a alteração dos limites territoriais dos municípios passou a depender da vontade do Congresso Nacional, expressa em lei complementar federal. Assim, se não houver tal lei complementar, não se pode alterar limites de municípios no Brasil. Sintetizando: CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL P/ O TCU PROFESSOR: FREDERICO DIAS 20 www.pontodosconcursos.com.br Por fim, vale a pena mencionar aspectos relevantes sobre os territórios federais. Segundo o art. 18, § 2º da Constituição, os Territórios Federais integram a União, e sua criação, transformação em Estado ou reintegração ao Estado de origem serão reguladas em lei complementar. Vamos aos exercícios comentados. 23. (CESPE/ANALISTA – ASSUNTOS JURÍDICOS/SERPRO/2004) A criação, a incorporação, a fusão e o desmembramento de municípios, dentro do período determinado por lei complementar estadual, dependerão de consulta prévia, mediante plebiscito, às populações dos municípios envolvidos, após divulgação dos estudos de viabilidade municipal, apresentados na forma da lei. Segundo o art. 18, § 4° da CF/88, a criação, a incorporação, a fusão e o desmembramento de Municípios, far-se-ão por lei estadual, dentro do período determinado por Lei Complementar Federal, e dependerão de consulta prévia, mediante plebiscito, às populações dos Municípios envolvidos, após divulgação dos Estudos de Viabilidade Municipal, apresentados e publicados na forma da lei. Item errado. Aproveitando essa questão, deixe-me tratar de um detalhe bastante atual. Apesar de não existir a referida lei complementar federal, foram criados, após a introdução dessa exigência pela EC nº 15/1996, mais de cinquenta municípios (contrariando § 4º do art. 18 da CF/88). Formação Estados Municípios Incorporação Subdivisão Desmembramento Incorporação Fusão Desmembramento Criação I – Plebiscito II – Oitiva das Assembléias Legislativas III – LC Federal I – LC Federal → período II – LO Federal → forma de divulgação do EVM III – Divulgação do EVM IV – Plebiscito V – LO Estadual formalizando o ato CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL P/ O TCU PROFESSOR: FREDERICO DIAS 21 www.pontodosconcursos.com.br Pois é, instado a posicionar-se quanto ao problema, o STF manifestou-se pela inconstitucionalidade dos procedimentos de criação de tais municípios. Ademais, reconheceu ainda a inconstitucionalidade por omissão do Congresso Nacional, configurada pela ausência de elaboração da lei complementar reclamada pela Constituição (fixou até um prazo de 18 meses para que esse órgão legislativo suprisse tal omissão). Entretanto, havia um problema concreto: a situação dos municípios criados em ofensa à Constituição. Assim, o STF estabeleceu um prazo de 24 (vinte e quatro) meses para que se regularizasse essa questão. Diante disso, o Congresso Nacional promulgou a EC nº 57/2008, que acrescentou o art. 96 ao ADCT, convalidando os atos de criação, fusão, incorporação e desmembramento de municípios, cuja lei tenha sido publicada até 31 de dezembro de 2006, atendidos os requisitos estabelecidos na legislação do respectivo estado à época de sua criação. 24. (CESPE/Análise de Legislação Previdenciária/MPS/2010) De acordo com a CF, os territórios podem ser divididos em municípios. De fato, a Constituição admite a divisão dos territórios em municípios, aos quais se aplicarão, no que couber, as disposições constitucionais referentes aos demais municípios (CF, art. 33, § 1º). Item certo. 25. (CESPE/PROMOTOR/MPE/ES/2010) É possível a criação de novos territórios federais, na qualidade de autarquias que integrem a União, na forma regulada por lei complementar. Atualmente, não existem territórios federais. Entretanto, a Constituição admite a criação de novos territórios na forma regulada por lei complementar (CF, art. 18, § 2°). Nesse caso, eles passarão a integrar a União como autarquias territoriais. Item certo. 26. (CESPE/PROMOTOR/MPE/SE/2010) A criação, a incorporação, a fusão e o desmembramento de municípios devem preservar a continuidade e a unidade histórico-cultural do ambiente urbano, serão feitos por lei estadual, obedecidos os requisitos de lei complementar estadual, e dependem de consulta prévia, mediante plebiscito, às populações diretamente interessadas. A criação de municípios segue regra distinta da existente para alteração dos limites dos estados-membros. Segundo o art. 18, § 4° da CF/88, a criação, a incorporação, a fusão e o desmembramento de Municípios, far-se-ão por lei estadual, dentro do período determinado por Lei Complementar Federal, e dependerão de consulta prévia, mediante plebiscito, às populações dos Municípios envolvidos, após divulgação CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL P/ O TCU PROFESSOR: FREDERICO DIAS 22 www.pontodosconcursos.com.br dos Estudos de Viabilidade Municipal, apresentados e publicados na forma da lei. Assim, a questão está errada, pois a Constituição não menciona lei complementar estadual. Na verdade, a lei complementar federal estabelecerá o período dentro do qual poderá haver essa alteração territorial de municípios. Item errado. 27. (CESPE/AUDITOR DAS CONTAS PÚBLICAS/TCE-PE/2004) Se, por hipótese, os estados de Pernambuco e de Alagoas decidissem fundir-se para gerar um novo estado, a justiça eleitoral deveria promover plebiscito entre as populações envolvidas e, no caso de aprovação, o resultado deveria ser enviado ao Congresso Nacional, para ser objeto de emenda constitucional, já que a fusão alteraria a estrutura federativa originalmente prevista na Constituição. Os Estados podem incorporar-se entre si, subdividir-se ou desmembrar- se para se anexarem a outros, ou formarem novos Estados ou Territórios Federais, mediante aprovação da população diretamente interessada, através de plebiscito, e do Congresso Nacional, por lei complementar (não é necessária emenda constitucional). Para isso deverão ser consultadas as respectivas Assembléias Legislativas (CF, art. 48, VI). Portanto, deve-se passar pelas seguintes etapas: I) aprovação da população diretamente interessada, através de plebiscito; II) manifestação meramente opinativa das assembléias legislativas; III) aprovação de lei complementar pelo Congresso Nacional. Item errado. 28. (CESPE/PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSTITUTO/MP/RN/2009) Os territórios federais são considerados entes federativos. Os Territórios Federais não são entes federativos. Essas autarquias territoriais integram a União, como mera divisão administrativo- territorial, sem autonomia política.Uma informação histórica: vale lembrar que na vigência da Constituição Federal pretérita (CF/1969), os Territórios Federais eram entes federados autônomos, e os municípios não. A atual Constituição Federal de 1988 inverteu tal situação: retirou a natureza de ente federado dos Territórios Federais e atribuiu essa condição aos municípios. Item errado. 29. (CESPE/ANALISTA/ANEEL/2010) A CF admite a incorporação, a subdivisão ou o desmembramento de estados. A questão está de acordo com o art. 18, § 3° da Constituição. CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL P/ O TCU PROFESSOR: FREDERICO DIAS 23 www.pontodosconcursos.com.br Item certo. 2 – Repartição de Competências Bem, vamos falar um pouco sobre repartição de competências? Esse sim é o assunto mais importante dentro de Organização do Estado. Em primeiro lugar, tenha em mente que a repartição de competências é o ponto nuclear de um Estado Federado, sua essência, já que é o que garante a autonomia dos entes que o integram. Assim, por exemplo, quando assegura ao município competência privativa para tratar um assunto específico, a Constituição está garantindo, em relação a essa matéria, a autonomia desse ente federado. Ou seja, ele poderá dispor sobre aquela matéria sem qualquer subordinação à União ou ao estado-membro a que pertence. Segundo José Afonso da competências são as diversas modalidades de poder de que se servem os órgãos ou entidades estatais para realizar suas funções. A própria Constituição Federal estabelecerá as competências legislativas, administrativas e tributárias de cada um dos entes. A competência tributária é a aptidão para criar tributos, descrevendo hipóteses de incidência, sujeitos ativos e passivos, bases de cálculo e alíquotas. Mas, para nós, objetivamente, o importante são as competências administrativas e legislativas. As competências administrativas (materiais) consistem num campo de atuação político-administrativa. Não se trata de atividade legiferante, mas de atuação efetiva para a execução de tarefas. Por sua vez, as competências legislativas são competências constitucionalmente definidas para a elaboração de leis sobre aqueles assuntos expressamente definidos. Vou sintetizar, desde já, o quadro-geral de competências estabelecidas pela nossa Constituição. Observe bem como funciona a repartição de competências. Ao longo da aula explicarei as classificações apresentadas nesse esquema. Assim, ao terminar a leitura, volte a ele para uma total compreensão. Sintetizando: CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL P/ O TCU PROFESSOR: FREDERICO DIAS 24 www.pontodosconcursos.com.br Bem, podemos considerar que há dois modelos de repartição de competências: o modelo horizontal e o modelo vertical. Na repartição horizontal, não há relação de subordinação entre os entes no exercício da competência. É dizer, naquelas matérias, os entes atuam em pé de igualdade (cada um com plena autonomia para exercer aquelas competências). É o caso das competências estabelecidas nos arts. 21, 22, 23, 25 e 30 da CF/88, em que não há ingerência de um ente na atuação do outro. Na repartição vertical, ocorre uma relação de hierarquização no exercício da competência estabelecida pela Constituição. Os entes atuam sobre as mesmas matérias, mas têm níveis diferentes de poder no exercício daquelas competências. É o caso da chamada competência legislativa concorrente prevista no art. 24 da Constituição, como será visto adiante. Mas (você me pergunta) me diga qual o critério utilizado pela Constituição para se afirmar que uma competência seria de um ou outro ente? Pois assim posso ter uma idéia de qual competência é de quem... Posso dizer que a Constituição Federal de 1988 adotou como diretriz geral, para repartir as competências, o princípio da predominância do interesse. Ou seja, as matérias de interesse predominantemente local foram atribuídas aos municípios (ente federado local). E as matérias de interesse predominantemente regional? Foram destinadas aos estados-membros (pois ele é o ente federado regional). CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL P/ O TCU PROFESSOR: FREDERICO DIAS 25 www.pontodosconcursos.com.br E as matérias de interesse predominantemente geral (ou nacional)? Ficaram nas mãos da União (pois ela é o ente federado nacional ou que trata de assuntos gerais). A predominância do interesse foi, portanto, o princípio adotado como regra para a repartição de competências pela Constituição Federal de 1988. Atenção! Essa regra não é absoluta, pois há exceções. Por exemplo, a competência para a exploração do gás canalizado, embora seja assunto de interesse predominantemente local, foi outorgada aos estados, e não aos municípios (CF, art. 25, § 2º). Visto isso, vale comentar que, ao analisar a Constituição, não se observa, de forma expressa, todas as competências de todos entes. Não, não foi essa a forma adotada pela Constituição para apresentar as competências. O poder constituinte originário optou pela seguinte técnica: • União → enumerou expressamente – competência enumerada expressa (art. 21 e 22); • Municípios → enumerou expressamente – competência enumerada expressa (art. 30); • Estados-membros → não enumerou expressamente, reservando a eles as competências que não lhes são vedadas na Constituição – competência não-enumerada ou remanescente (art. 25, § 1º). Cabe observar que, se, como regra, a Constituição não enumerou expressamente a competência dos estados, não se pode dizer que nenhuma competência foi outorgada a eles de forma expressa na Constituição. Afinal, é dos estados a competência para exploração do gás canalizado (CF, art. 25, § 2º), para a criação de regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões (CF, art. 25, § 3º), para a modificação dos limites territoriais dos municípios (CF, art. 18, § 4º), bem assim para organizar sua própria Justiça (CF, art. 125). Outro aspecto é que, em se tratando de competência tributária (competência para instituir tributos), é a União que dispõe de competência residual (e não os estados!) para instituir novos impostos além daqueles discriminados na Constituição (CF, art. 154, I), bem assim para instituir novas contribuições de seguridade social (CF, art. 195, § 4º). Já o Distrito Federal, recebeu as competências de interesse predominantemente local (municipais) e regional (estaduais), pois há vedação à sua divisão em municípios (CF, art. 32). Entretanto, você deve ter em mente que nem todas as competências dos estados foram atribuídas ao DF. Afinal, os incisos XIII e XIV do art. 21 estabelecem que compete à União organizar e manter o Poder Judiciário, o Ministério CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL P/ O TCU PROFESSOR: FREDERICO DIAS 26 www.pontodosconcursos.com.br Público, a Defensoria Pública, a polícia civil, a polícia militar e o corpo de bombeiros militar do Distrito Federal. Foram ainda criadas: I) competência administrativa comum – outorgando-a a todos os entes federados (CF, art. 23) – caso de competência administrativa em que os entes atuam com igualdade de condições (atuação paralela, sem subordinação); II) competência legislativa concorrente – apenas entre a União, os estados e o Distrito Federal (CF, art. 24). Quanto a esta última, trata-se de competência importantíssima para concursos públicos. A competência legislativa concorrente está disciplinada no art. 24 da CF/88. Observe, logo de início, o primeiro detalhe: concorrem a União, estados e DF (municípios não). I) Competência para União, estados e DF legislarem sobre determinados temas, mas não em condições de igualdade (modelo vertical, em que há certa hierarquização). II) União → estabelece normas gerais, o que não exclui a competência suplementar dos Estados. III) Estados-membros → podem suplementar as normas gerais expedidas pela União, desde quenão as contrariem. Ou seja, compete ao governo federal estabelecer as normas gerais, sem descer aos pormenores. Cabe aos estados e ao DF a adequação da legislação às suas peculiaridades. IV) Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a competência legislativa plena, para atender a suas peculiaridades. Entretanto, a superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia da lei estadual, no que lhe for contrário. Atenção! Nesse último caso a superveniência de lei federal suspende a eficácia da lei estadual (não se trata de revogação), no que lhe contrariar. Assim, se a União resolver revogar a sua lei federal de normas gerais, a lei estadual, até então com a eficácia suspensa, volta automaticamente a produzir efeitos. Em suma, funciona assim a competência concorrente. A União edita lei de normas gerais. Os estados e DF suplementam essa legislação (de acordo com as diretrizes exaradas nas normas gerais da União), editando normas específicas para atender às suas peculiaridades. Enquanto não houver normas gerais, a competência dos estados- membros é plena. Caso venham a ser editadas as normas gerais da União em momento posterior, elas suspendem a eficácia daqueles dispositivos das normas dos estados que as contrariem. CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL P/ O TCU PROFESSOR: FREDERICO DIAS 27 www.pontodosconcursos.com.br Por fim, vale comentar que a competência concorrente não inclui os municípios. Entretanto, compete aos municípios suplementar a legislação federal e a estadual no que couber (CF, art. 30, II). Cabe comentar ainda alguns detalhes. Em primeiro lugar, as competências da União estão previstas no art. 21 e no art. 22 da CF/88. No art. 21, estão estabelecidas as competências administrativas (de competência exclusiva da União, portanto indelegável). No art. 22, estão estabelecidas as competências legislativas (de competência privativa da União, portanto delegável). É dizer, são listados temas sobre os quais compete à União legislar. Competências da União: a) Privativa → legislativa e delegável (art. 22) b) Exclusiva → administrativa e indelegável (art. 21) Quanto à competência privativa, vale destacar que pode ser que os estados e DF (municípios não) venham a legislar sobre questões específicas relacionadas às matérias listadas no art. 21. Para isso, é necessário que a União delegue essa competência por lei complementar (CF, art. 22, parágrafo único). Esse detalhe é importante. A delegação deverá ser, apenas, para tratar de questões específicas e não sobre uma das matérias da competência privativa da União em geral. Assim, por exemplo, a autorização não poderá ser para legislar sobre direito civil (em geral), mas apenas para legislar sobre questões específicas no âmbito do direito civil. Por fim, vale ressaltar que a União não poderá realizar essa delegação a apenas um, ou apenas a alguns estados-membros, pois isso ofenderia a isonomia federativa, segundo a qual é vedado à União, aos estados, ao Distrito Federal e aos municípios criar preferências entre si (CF, art. 19, III). É dizer, a União pode delegar essas competências, mas se o fizer será em favor de todos os estados e do Distrito Federal, sem criar nenhuma distinção entre estes entes federados. Há diversos entendimentos jurisprudenciais importantes sobre repartição de competências. Optei por apresentá-los logo abaixo, no decorrer da resolução das questões comentadas. 30. (CESPE/AGENTE E ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL SUBSTITUTOS/PCRN/2008) O princípio geral que norteia a repartição de competência entre as entidades componentes do Estado federal é o da predominância do interesse, segundo o qual à União caberão aquelas matérias e questões de predominante interesse geral, nacional, ao passo que aos estados tocarão as matérias e assuntos de predominante interesse regional, e aos CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL P/ O TCU PROFESSOR: FREDERICO DIAS 28 www.pontodosconcursos.com.br municípios concernem os assuntos de interesse local. José Afonso da Silva. Curso de Direito Constitucional Positivo. São Paulo: Malheiros, 24.ª ed., 2005, p. 478 (com adaptações). Com referência ao texto acima e com base na CF, assinale a opção correta. a) A CF enumerou, expressamente, as competências administrativas dos estados-membros. b) Ao DF são atribuídas apenas as competências legislativas reservadas aos estados. c) A CF conferiu à União diversas competências administrativas, sendo a sua principal característica a delegabilidade a outros entes federativos. d) Compete privativamente à União legislar sobre trânsito e transporte. Entretanto, diante de interesse local, a União pode delegar esta competência legislativa, por meio de lei complementar, a apenas um estado-membro da Federação. e) A CF enumerou as competências administrativas e legislativas dos municípios. A alternativa “a” está errada, pois aos estados foi atribuída a chamada competência remanescente (CF, art. 25, § 1º). A alternativa “b” está errada porque ao Distrito Federal foram atribuídas as competências estaduais e municipais (art. 32, § 1º). Lembre-se, de qualquer forma, que nem todas as competências dos estados foram atribuídas ao DF. Segundo o os incisos XIII e XIV do art. 21, compete à União organizar e manter o Poder Judiciário, o Ministério Público, a Defensoria Pública, a polícia civil, a polícia militar e o corpo de bombeiros militar do Distrito Federal. A alternativa “c” está errada. As competências atribuídas à União estão nos arts. 21 e 22 da CF/88. O art. 21 apresenta as diversas competências administrativas, materiais, atribuídas à União (a chamada competência exclusiva). Essas competências têm como principal característica a indelegabilidade. A alternativa “d” está errada. O art. 22 apresenta as competências legislativas (a chamadas competências privativas). Essas competências podem ser delegadas aos estados e ao DF por meio de lei complementar (ao contrário da competência exclusiva). Assim, realmente compete privativamente à União legislar sobre trânsito e transporte (art. 22, XI), competência essa que pode, mediante lei complementar, ser delegada aos estados para o trato de questões específicas (art. 22, parágrafo único). Todavia, entende-se que a União não poderá realizar essa delegação a apenas um, ou apenas a alguns estados-membros. Como comentado, isso ofenderia a isonomia federativa, contrariando o dispositivo segundo o qual é vedado à União, CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL P/ O TCU PROFESSOR: FREDERICO DIAS 29 www.pontodosconcursos.com.br aos estados, ao Distrito Federal e aos municípios criar preferências entre si (CF, art. 19, III). A alternativa “e” está certa, pois a Constituição Federal enumerou expressamente as competências dos municípios (tanto administrativas, como legislativas). Gabarito: “e” 31. (CESPE/JUIZ/TRF 5.a Região/2009) Compete exclusivamente à União legislar acerca da responsabilidade por dano ao meio ambiente. Amigo, essa não dava para errar! As competências exclusivas são materiais (ou administrativas) e não legislativas, ok? Em realidade, compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre responsabilidade por dano ao meio ambiente (CF, art. 24, VIII). Item errado. Bem, infelizmente algumas questões vão cobrar a memorização de determinadas competências... Aqui vai uma dica: são muitas as competências para você memorizar. Ainda como concurseiro, aprendi que o difícil mesmo é saber diferenciar o campo da competência privativa da União (art. 22) com o da competência concorrente (art. 24). Isso porque as competências exclusivas (art. 21) e comuns (art. 23) são materiais e não legislativas. E a diferença entre essas duas não é tão complicada. Pegue sua Constituição... Temas gerais como (CF, art. 23): zelar pela guardada Constituição, conservar o patrimônio público, proteger o meio ambiente, preservar as florestas; são exemplos de competências de todos os entes (veja como são assuntos bem comuns e gerais). Já assuntos como (CF, art. 21): manter relações com Estados estrangeiros, declarar a guerra e celebrar a paz, decretar intervenção federal, emitir moeda; são exemplos de competências exclusivas (materiais) da União. Quanto a essa distinção, não há grandes dificuldades (verifique os arts. 21 e 23 da sua Constituição)... Já a distinção entre competências privativas da União e competências concorrentes não é tão simples. Portanto, minha sugestão é a de que você guarde apenas aquelas competências expressas no art. 24 (competências concorrentes). Faça CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL P/ O TCU PROFESSOR: FREDERICO DIAS 30 www.pontodosconcursos.com.br uma lista e memorize essas competências. Assim, caso venha uma questão cobrando competência legislativa fora daquelas do art. 24 (competência concorrente), você poderá marcar que é competência privativa da União. Vamos ver quais são essas competências: “Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre: I - direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico (Mnemônico: P – E – T – U - F); II - orçamento; III - juntas comerciais; IV - custas dos serviços forenses; V - produção e consumo; VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos recursos naturais, proteção do meio ambiente e controle da poluição; VII - proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, turístico e paisagístico; VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico; IX - educação, cultura, ensino e desporto; X - criação, funcionamento e processo do juizado de pequenas causas; XI - procedimentos em matéria processual; XII - previdência social, proteção e defesa da saúde; XIII - assistência jurídica e Defensoria pública; XIV - proteção e integração social das pessoas portadoras de deficiência; XV - proteção à infância e à juventude; XVI - organização, garantias, direitos e deveres das polícias civis.” Bem, apesar do que eu disse, eu sugiro que você memorize pelo menos as seguintes competências privativas da União (sempre cobradas em concursos): I) direito penal e direito civil (CF, art. 22, I); II) trânsito e tranporte (CF, art. 22, XI); e III) sistemas de consórcios e sorteios (CF, art. 22, XX). Além disso, acredito que valha a pena conhecer os arts. 25 e 30 da CF/88 (que são bem pequenos). CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL P/ O TCU PROFESSOR: FREDERICO DIAS 31 www.pontodosconcursos.com.br “Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituições e leis que adotarem, observados os princípios desta Constituição. § 1º - São reservadas aos Estados as competências que não lhes sejam vedadas por esta Constituição. § 2º - Cabe aos Estados explorar diretamente, ou mediante concessão, os serviços locais de gás canalizado, na forma da lei, vedada a edição de medida provisória para a sua regulamentação. § 3º - Os Estados poderão, mediante lei complementar, instituir regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões, constituídas por agrupamentos de municípios limítrofes, para integrar a organização, o planejamento e a execução de funções públicas de interesse comum.” “Art. 30. Compete aos Municípios: I - legislar sobre assuntos de interesse local; II - suplementar a legislação federal e a estadual no que couber; III - instituir e arrecadar os tributos de sua competência, bem como aplicar suas rendas, sem prejuízo da obrigatoriedade de prestar contas e publicar balancetes nos prazos fixados em lei; IV - criar, organizar e suprimir distritos, observada a legislação estadual; V - organizar e prestar, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, os serviços públicos de interesse local, incluído o de transporte coletivo, que tem caráter essencial; VI - manter, com a cooperação técnica e financeira da União e do Estado, programas de educação infantil e de ensino fundamental; VII - prestar, com a cooperação técnica e financeira da União e do Estado, serviços de atendimento à saúde da população; VIII - promover, no que couber, adequado ordenamento territorial, mediante planejamento e controle do uso, do parcelamento e da ocupação do solo urbano; IX - promover a proteção do patrimônio histórico-cultural local, observada a legislação e a ação fiscalizadora federal e estadual.” Façamos mais algumas questões. 32. (CESPE/ANALISTA MINISTERIAL – ESPECIALIDADE CIÊNCIAS JURÍDICAS/MINISTÉRIO PÚBLICO – TO/2006) No âmbito da competência concorrente, a superveniência da lei geral pela União suspende e não revoga a lei estadual já editada, no que lhe for contrário, de forma que revogada a lei geral da União, a lei estadual suspensa volta a viger. Na competência legislativa concorrente, inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a competência legislativa plena, para atender a suas peculiaridades. CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL P/ O TCU PROFESSOR: FREDERICO DIAS 32 www.pontodosconcursos.com.br A questão está correta, pois a superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia da lei estadual (e não revoga), no que lhe for contrário. A diferença é que, se a União resolver revogar a sua lei federal de normas gerais, a lei estadual, que estava com a eficácia suspensa, volta a produzir efeitos. Item certo. 33. (CESPE/GESTOR DE POLÍTICAS PÚBLICAS - ACRE/2006) Somente por lei complementar a União poderá autorizar os estados a legislar a respeito de questões específicas da sua competência privativa. De acordo com o parágrafo único do art. 22 da Constituição Federal, lei complementar poderá autorizar os estados a legislar sobre questões específicas das matérias da competência privativa da União. Item certo. 34. (CESPE/ANALISTA ADMINISTRATIVO/STF/2008) O DF, por deter competência normativa relativa aos estados e municípios, poderá, legitimamente, editar ato normativo que disponha sobre sistemas de consórcios e sorteios. Nesse assunto de repartição de competências, há bastante jurisprudência do STF, como veremos. Bem, o entendimento a que esta questão se refere você não pode errar. Afinal, há súmula vinculante sobre ele: Súmula Vinculante 2: É inconstitucional a lei ou ato normativo estadual ou distrital que disponha sobre sistemas de consórcios e sorteios, inclusive bingos e loterias. A edição dessa súmula surgiu do fato de que muitos estados vinham editando leis próprias instituindo e disciplinando loterias estaduais, jogos de bingos e outros tipos de jogos e sorteios oficiais; contrariando o art. 22, XX da CF/88, segundo o qual compete à União legislar sobre sistemas de consórcios e sorteios. Item errado. 35. (CESPE/ANALISTA/DIREITO/2008) Os estados podem, por meio de lei, anistiar seus servidores de ilícitos penais praticados contra a administração pública estadual. É competência exclusiva da União conceder anistia (CF, art. 22, XVII). Ademais, compete privativamente à União legislar sobre direito penal (CF, art. 22, I). Portanto, errada a questão. Atenção! O Supremo Tribunal entende que a anistia de infrações disciplinares de servidores estaduais é competência do estado-membro. CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL P/ O TCU PROFESSOR: FREDERICO DIAS 33 www.pontodosconcursos.com.br Só caracteriza competência da União quando se cuidar de anistia de crimes (competência federal privativa para legislar sobre Direito Penal). Segundo a Corte, conferir à União – e somente a ela – o poder de anistiar infrações administrativas de servidores locais constituiriaexceção radical e inexplicável ao dogma fundamental do princípio federativo – qual seja, a autonomia administrativa de Estados e Municípios (ADI 104, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, julgamento em 4-6- 07). Portanto, podemos concluir segundo essa decisão, caso o ato se caracterize como infração administrativa disciplinar, a anistia seria de competência do estado-membro. Caso se caracterize como ilícito penal, aí sim a competência seria a União. Item errado. 36. (CESPE/ANALISTA ADMINISTRATIVO/STF/2008) Lei municipal que obrigue a instalação, em estabelecimento bancário, de equipamentos de segurança é considerada constitucional, pois aborda um assunto de interesse eminentemente local. Jurisprudência batida e rebatida do STF. Observe que se o assunto diz respeito a interesse local a competência é dos municípios. Guarde os seguintes detalhes sobre as competências municipais: I) “é competente o Município para fixar o horário de funcionamento de estabelecimento comercial.” (Súmula 645) II) cabe à União (e não ao município!) a competência para a fixação do horário de funcionamento de agências bancárias, tendo em vista que o tema extrapola o interesse meramente local. III) por outro lado, cabe aos municípios legislar sobre qualidade de atendimento aos clientes, inclusive de instituições bancárias (instalação de equipamentos de segurança, tempo máximo de espera na fila etc.). Item certo. 37. (CESPE/PROCURADOR DO MUNICÍPIO/VITÓRIA/2007) A vinculação do reajuste de vencimentos de servidores estaduais ou municipais a índices federais de correção monetária é inconstitucional. Segundo a jurisprudência do STF, é inconstitucional, por ofensa à autonomia federativa, a vinculação do reajuste de vencimentos de servidores estaduais ou municipais a índices federais de correção monetária. Esse assunto foi sumulado pela nossa Corte: “É inconstitucional a vinculação do reajuste de vencimentos de servidores estaduais ou municipais a índices federais de correção monetária” (Súmula nº 681). Item certo. CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL P/ O TCU PROFESSOR: FREDERICO DIAS 34 www.pontodosconcursos.com.br 38. (CESPE/PROCURADOR DO MUNICÍPIO/VITÓRIA/2007) Se determinado município Y editar lei que proíba a instalação de nova farmácia a menos de 500 metros de estabelecimento da mesma natureza, tal lei será considerada inconstitucional, pois a norma exorbita de sua competência para o zoneamento da cidade, afrontando princípios constitucionais como a livre concorrência, a defesa do consumidor e a liberdade do exercício das atividades econômicas, que informam a ordem econômica consagrada pela Constituição Federal brasileira. Outra questão que cobra o conhecimento de súmula do STF: “Ofende o princípio da livre concorrência lei municipal que impede a instalação de estabelecimentos comerciais do mesmo ramo em determinada área” (Súmula nº 646). Item certo. 39. (CESPE/ANALISTA EM CT/INCA/2010) Compete à União explorar diretamente, na forma da lei, ou mediante concessão, os serviços de gás canalizado. Trata-se de uma das poucas competências enumeradas dos estados- membros. Segundo o art. 25, § 2º, compete aos Estados explorar diretamente, ou mediante concessão, os serviços locais de gás canalizado, na forma da lei, vedada a edição de medida provisória para a sua regulamentação Item errado. 40. (CESPE/PROCURADOR/AGU/2010) De acordo com entendimento do STF, é inconstitucional lei estadual que disponha sobre aspectos relativos ao contrato de prestação de serviços escolares ou educacionais, por se tratar de matéria inserida na esfera de competência privativa da União. É inconstitucional norma do Estado ou do Distrito Federal sobre obrigações ou outros aspectos típicos de contratos de prestação de serviços escolares ou educacionais. Segundo o STF, leis que versam sobre contraprestação de serviços educacionais têm natureza das normas que regem contratos. Ou seja, trata-se de tema próprio do âmbito de direito civil. Assim, norma estadual que disponha sobre esse assunto está usurpando a competência privativa da União; ofendendo o art. 22, I, da CF/88. Item certo. 41. (CESPE/PROCURADOR/AGU/2010) Para o STF, é inconstitucional norma inserida no âmbito de constituição estadual que outorgue imunidade formal, relativa à prisão, ao chefe do Poder Executivo estadual, por configurar ofensa ao princípio republicano. CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL P/ O TCU PROFESSOR: FREDERICO DIAS 35 www.pontodosconcursos.com.br Outro tema batido em concursos públicos. Dentre as diversas imunidades de que dispõe o chefe do Poder Executivo federal, a Constituição do estado só pode estender ao Governador uma delas: a necessidade de autorização do poder legislativo para que ele possa ser responsabilizado criminalmente (CF, art. 86, caput). Item certo. 42. (CESPE/PROCURADOR/AGU/2010) A CF atribui à União a competência tributária residual, permitindo-lhe instituir, mediante lei ordinária específica, outros impostos além dos arrolados em sua esfera de competência, desde que esses impostos não tenham fato gerador ou base de cálculo próprios dos arrolados na CF e sejam não cumulativos. Para esse assunto (organização do Estado e repartição de competências), o importante é você ter em mente aquilo que comentei: apesar da competência remanescente ser dos estados-membros, compete à União a chamada competência tributária residual. Assim, nos termos do art. 154, I da CF/88, a União poderá instituir novos impostos, mediante lei complementar, desde que sejam não- cumulativos e não tenham fato gerador ou base de cálculo próprios dos discriminados na Constituição. Bem, mas esse detalhe é mais específico do Direito Tributário. Item errado. 43. (CESPE/DEFENSOR PÚBLICO/DPE/AL/2009) Segundo entendimento do STF, é constitucional lei estadual que estabelece o dever dos municípios de transportar, da zona rural para a sede do município, alunos carentes matriculados no ensino fundamental, tendo em vista a competência municipal para atuar prioritariamente no ensino fundamental. O STF considerou inconstitucional, por afronta à autonomia municipal, artigo da Constituição do Ceará que impunha aos Municípios ao encargo de transportar da zona rural para a sede do Município, ou Distrito mais próximo, alunos carentes matriculados a partir da 5º série do ensino fundamental (ADI 307, voto do Rel. Min. Eros Grau, julgamento em 13-2- 08). Entendeu-se que haveria ali indevida ingerência na prestação de serviço público municipal, com reflexos diretos nas finanças locais. Item errado. 44. (CESPE/PROCURADOR/BACEN/2009) O estado-membro tem competência para estabelecer, desde que na constituição estadual, regras de imunidade formal e material aplicáveis a vereadores. De acordo com o STF, o Estado-membro não tem competência para estabelecer regras de imunidade formal e material aplicáveis a CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL P/ O TCU PROFESSOR: FREDERICO DIAS 36 www.pontodosconcursos.com.br Vereadores. Isso porque a Constituição Federal atribui à União a competência de legislar sobre Direito Penal e Processual Penal. (ADI 371/SE , Rel. Min. Maurício Corrêa, 23/04/2004). Item errado. 45. (CESPE/PROCURADOR/BACEN/2009) O STF considera inconstitucional, por invasão da competência da União para dispor sobre trânsito e transporte, lei estadual que autorize o Poder Executivo do estado a apreender e desemplacar veículo de transporte coletivo encontrado em situação irregular. Compete privativamente à União legislar sobre trânsito e transporte (CF, art. 22, XI). Entretanto, o STF considerou constitucional lei estadual que autorizava o Poder Executivo a apreender e desemplacar veículos de transporte coletivo de passageiros encontrados em situação irregular. No caso, entendeu-se que essa natureza de norma insere-se no poder de polícia
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