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Aula 05 - direito constitucional

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CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL P/ O TCU
PROFESSOR: FREDERICO DIAS 
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Aula 5 - Poder Legislativo. Processo legislativo. Medidas
provisórias. 
Bom dia! 
Como vão os estudos para o concurso do Tribunal de Contas da União?
Hoje vamos começar a ver os poderes do Estado, tratar da chamada 
Organização dos Poderes. 
Assim, começaremos falando sobre o relacionamento entre os poderes 
Legislativo, Executivo e Judiciário. 
Logo a seguir, entraremos especificamente no estudo do Poder 
Legislativo, que incluirá também a análise das CPIs, assunto que vem
sendo frequentemente cobrado em concursos. 
Por fim, veremos ainda o processo de formação das leis.
Nas próximas aulas veremos os demais poderes.
Vejamos o conteúdo da aula de hoje. 
1 – Separação, Independência e Harmonia entre os Poderes 
1.1 – Sistema de freios e contrapesos 
2 – Poder Legislativo 
2.1 – Congresso Nacional 
2.2 – Câmara dos Deputados 
2.3 – Senado Federal 
2.4 – Comissões 
2.5 – Estatuto dos Congressistas 
3 – Processo legislativo 
3.1 – Processo legislativo ordinário 
3.2 – Processo legislativo sumário 
3.3 – Medida provisória 
3.4 – Lei delegada 
3.5 – Decretos legislativos e resoluções 
4 - Exercícios de Fixação 
Boa aula! 
1 – Separação, Independência e Harmonia entre os Poderes
Nossa ordem constitucional estabelece a independência entre os
poderes: 
Art. 2° São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o
Legislativo, o Executivo e o Judiciário. 
 
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Esse artigo consagra o princípio da separação dos poderes, ou melhor,
distinção funcional do poder do Estado (a rigor, o poder não é
divisível, ocorrendo apenas uma tripartição das funções estatais para
que o Estado possa exercer sua vontade, seu poder). 
O Estado, como grupo social máximo, exerce poder político ou poder
estatal (poder superior aos demais poderes de uma dada sociedade,
visando a ordenar as relações entre os indivíduos). 
Essa superioridade caracteriza a soberania do Estado, congregando a
independência frente a outros Estados (soberania externa) e a
supremacia sobre todos os demais poderes internos (soberania interna). 
Para a doutrina, esse poder é uno, indivisível e indelegável. Por isso,
alguns não consideram ser rigorosamente adequado falar-se em
delegação ou divisão de poderes. (Mas o termo divisão de poderes tem
aparecido regularmente em provas.) 
Por sua vez, esse poder estatal compõe-se de três funções, o que
permite se falar em distinção das funções do poder: a legislativa, a
executiva e a jurisdicional. 
Função Legislativa: edição de regras gerais, impessoais e
inovadoras da ordem jurídica. 
Função Executiva: resolução de problemas concretos e
individualizados, de acordo com as leis (comportando atos de governo e
de administração). 
Função Jurisdicional: aplicação do direito ao caso concreto. 
Nesse sentido, a distinção funcional do poder consiste especialização
de tarefas governamentais. 
Pois bem, mas vamos ao que interessa. Normalmente, o exercício
precípuo das funções estatais essenciais será atribuído a órgãos
independentes entre si (daí a chamada divisão dos poderes). Nesse
sentido, como funções típicas: 
a) compete ao Poder executivo as funções de Governo e
Administração; 
b) compete ao Poder Legislativo o exercício da elaboração de leis e a
fiscalização dos atos de caráter público; e 
c) cabe ao Poder Judiciário o exercício da jurisdição. 
Entretanto, atualmente, essa divisão não se encontra mais rígida como
antes. Ela evoluiu para uma nova forma de relacionamento entre os
órgãos estatais, tanto que hoje se prefere falar em independência e
harmonia entre os poderes. 
A harmonia entre os poderes consiste nas regras de convivência e
respeito de um poder às prerrogativas e faculdades de outro e funciona 
 
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como uma relativização da rigidez do princípio da separação dos
poderes. 
Já a independência dos poderes assegura que a investidura e a
permanência das pessoas num órgão não dependam da vontade de
outro órgão. Além disso, significa que cada poder é livre para organizar
os seus serviços e para exercer suas funções (sem precisar consultar os
demais poderes). 
Todavia, essa independência não pode mais ser considerada absoluta.
Há várias interferências previstas na Constituição Federal - mecanismos
de controle recíproco entre os poderes com a finalidade de evitar
excessos e distorções, configurando o denominado sistema de freios e
contrapesos. 
Ademais, atualmente, essas funções não são atribuídas de forma
exclusiva. É dizer: os Poderes exercem suas funções típicas, bem como
funções atípicas. 
Por exemplo, o chefe do Poder Executivo exerce a função legislativa de
forma atípica ao editar uma medida provisória. O mesmo acontece a um
tribunal do Poder Judiciário ao elaborar e publicar seu regimento. 
Outro exemplo é o Poder Legislativo, quando, por meio do Senado
Federal, exerce função jurisdicional no julgamento do Presidente da
República nos crimes de responsabilidade. 
Por fim, é importante você ter mente que essa repartição das funções
estatais entre três órgãos distintos evita a concentração de todo o
poder nas mãos de uma única pessoa. Assim, essa estrutura funciona
como forma de limitação do poder do Estado, segundo a ideia de que
o poder corrompe-se quando não encontra limites. 
1.1 – Sistema de freios e contrapesos 
Relacionado com tudo que comentei acima se encontra o denominado
sistema de freios e contrapesos (checks and balances), que consiste
em controles (limites) recíprocos entre os Poderes Executivo, Legislativo
e Judiciário, previstos na própria Constituição Federal, com vistas a
assegurar a harmonia entre tais Poderes. 
Há vários reflexos desse sistema de freios e contrapesos na nossa
Constituição. Por exemplo, o Controle Externo do Congresso Nacional
sobre os atos da Administração Pública. Ou a possibilidade de o
Judiciário declarar inconstitucionais as leis aprovadas pelo Poder
legislativo. Ou ainda o julgamento do Presidente da República pelo
Senado Federal nos crimes de responsabilidade... e por aí vai. 
Tudo isso tem estreita relação com a independência e harmonia entre os
poderes e com o próprio sistema de freios e contrapesos! Se você ainda
não “captou o espírito” desse sistema de controles recíprocos de um 
 
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poder sobre a atuação do outro, veja o caso do processo legislativo. Se
você observar com cuidado, poderá verificar como todo o processo é
regido por relações de independência, controle e harmonia entre os
Poderes. Dê uma olhada. 
Veja que esse sistema é repleto de interações entre os poderes. Assim,
embora os atos de um Poder não dependam do outro, eles estarão
sendo controlados segundo as regras constitucionais. 
Muito bonito tudo isso, não? Bonito e cai em concurso... 
1. (CESPE/ANALISTA JUDICIÁRIO/ÁREA ADMINISTRATIVA/TRT 17ª
REGIÃO/2009) A separação dos Poderes no Brasil adota o sistema
norte-americano checks and balances, segundo o qual a separação
das funções estatais é rígida, não se admitindo interferências ou
controles recíprocos. 
O modelo de separação de Poderes no Brasil não é rígido, mas flexível,
no qual todos os Poderes exercem predominantemente certas funções
típicas e também funções acessórias (atípicas). 
Os freios e contrapesos (checks and balances) consistem em controles
(limites) recíprocos entre os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário,
previstos na própria Constituição Federal, com vistas a assegurar a
harmonia entre tais Poderes. 
1 – A elaboração de leis é função
precípua do Poder Legislativo2 – Há assuntos que são de iniciativa
privativa do Presidente da República 
3 – Quanto a esses assuntos o
Congresso não pode iniciar o
processo legislativo sob pena de
inconstitucionalidade por vício de
iniciativa 
4 – Mas os parlamentares podem
emendar esses projetos de lei (desde
que as emendas não aumentem
despesa e sejam pertinentes ao
tema do projeto original) 
5 – Aprovado o projeto no Congresso,
ele volta ao Presidente, que poderá
vetá-lo 
7 – Superado o veto, o projeto ainda
vai ao Presidente para promulgação,
que, entretanto, não é obrigatória 
8 – O Congresso não fica dependente
da promulgação do Presidente, pois
caso ela não ocorra, a competência
passa ao vice-presidente do Senado. 
9 – Por fim, e ao final de tudo,
ainda poderá o Poder Judiciário
declarar a lei inconstitucional 
6 – Caso ocorra o veto ele poderá ser
superado pelo voto dos parlamentares 
 
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Item errado. 
2. (CESPE/ANALISTA JUDICIÁRIO/ÁREA ADMINISTRATIVA/ TRE -
TO/2005) O legislador constituinte brasileiro distribuiu as funções
estatais entre os poderes da República, sem, contudo, atribuir a
exclusividade absoluta da função a determinado poder. Assim, o
Poder Legislativo tem, como funções típicas, as de legislar e
fiscalizar e, como funções atípicas, as de julgar e administrar. 
Como comentado, há especialização funcional em cada um dos poderes
(em suas funções típicas), mas não há exclusividade no exercício dessas
funções (pois os poderes exercem funções atípicas). 
Nesse sentido, além das funções típicas (legislar e fiscalizar), o Poder
Legislativo desempenha as funções atípicas de julgar (julgamento, pelo
Senado Federal, de autoridades da República, nos crimes de
responsabilidade) e de administrar (administração dos seus bens,
serviços e pessoal). 
Item certo. 
2 – Poder Legislativo 
O Poder Legislativo é exercido pelo Congresso Nacional, que se
compõe da Câmara dos Deputados e do Senado Federal. Assim, nosso
Poder Legislativo federal é bicameral (composto por duas câmaras). 
As funções precípuas (típicas) do Poder Legislativo são as atividades de
legislação (elaboração de normas gerais e abstratas) e fiscalização. 
Fiscalização? Sim... A função de fiscalização consubstancia função
típica do Poder Legislativo. 
(Ufa! Agora, você pode ficar mais tranqüilo, sabendo que os recursos
públicos estarão sendo fiscalizados pelos nobres parlamentares...) 
Bem, o fato é que, além das funções típicas, ele exerce também funções
atípicas. 
Nesse sentido, exerce função administrativa ao emitir atos
administrativos internos (por exemplo, a nomeação ou posse de um
consultor de orçamentos do Senado Federal). Além disso, o Senado
Federal exerce função jurisdicional no julgamento do Presidente da
República nos crimes de responsabilidade. 
O Senado Federal é a Casa Legislativa que representa os estados e o
Distrito Federal de forma paritária (três senadores por unidade da
Federação), assegurando equilíbrio para a Federação. 
Por sua vez, a Câmara dos Deputados é composta por representantes
do povo, de forma proporcional à população de cada unidade da
federação, como decorrência do princípio republicano-democrático. 
 
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O número total de Deputados, bem como a representação por Estado e
pelo Distrito Federal, será estabelecido por lei complementar,
proporcionalmente à população, procedendo-se aos ajustes necessários,
no ano anterior às eleições, para que nenhuma daquelas unidades da 
Federação tenha menos de oito ou mais de setenta Deputados (CF, art.
45, 1°). 
3. (CESPE/TECNICO/TRE/ES/2011) O Poder Legislativo federal é
bicameral e exercido pelo Congresso Nacional, que se compõe da
Câmara dos Deputados e do Senado Federal. 
A assertiva está correta e reproduz o art. 44 da Constituição.
Item certo. 
4. (CESPE/ABIN/OFICIAL DE INTELIGÊNCIA/ ÁREA: DIREITO/2010)
Os senadores, representantes dos estados e do Distrito Federal, são
eleitos com três suplentes, segundo o princípio proporcional, para
mandato de oito anos. 
De acordo com o caput do art. 46 da CF/88, o Senado Federal compõe-
se de representantes dos Estados e do Distrito Federal, eleitos segundo
o princípio majoritário (e não segundo o princípio proporcional). Portanto,
errada a assertiva. 
Cada Estado e o Distrito Federal elegerão três Senadores, com mandato
de oito anos (CF, art. 46, § 1º). 
Item errado. 
Objetivamente: 
I) Senado Federal: representação dos estados, em número de três
senadores por estado, eleitos pelo princípio majoritário (como ocorre
com os chefes do poder executivo) para mandato de 8 anos. 
II) Câmara dos Deputados: representação do povo, em número
proporcional à população (entre oito e 70 deputados), eleitos pelo
sistema proporcional para mandatos de 4 anos. 
III) Cada território elegerá quatro deputados e nenhum senador. 
A primeira observação pertinente é a de que os municípios não possuem
representantes no Poder Legislativo Federal - não participam da
formação da vontade nacional. 
Outro aspecto relevante é que, para a doutrina, a opção pelo
bicameralismo favorece o conservadorismo, enquanto o unicameralismo
propiciaria um maior avanço democrático por canalizar melhor os anseios
populares. 
Vale destacar que o bicameralismo só ocorre em âmbito federal, uma vez
que, nos estados e municípios, o Poder Legislativo é unicameral. 
 
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Lembrando que cada legislatura terá a duração de 4 anos (cada senador
será eleito para duas legislaturas). 
Não confunda o conceito de sessão legislativa com o de legislatura.
Cada legislatura abrange o período de quatro anos, que corresponde ao
período de renovação na composição das casas legislativas e
compreende quatro sessões legislativas ordinárias ou oito períodos
legislativos. 
Por sua vez, a sessão legislativa ocorre anualmente. De acordo com o
art. 57 da CF/88, as reuniões do Congresso Nacional ocorrem,
anualmente, na Capital Federal, no período de 2 de fevereiro a 17 de
julho e de 1º de agosto a 22 de dezembro. Mas a sessão legislativa não
será interrompida sem a aprovação do projeto de lei de diretrizes
orçamentárias (LDO). 
Cada sessão é composta de dois períodos legislativos, sendo um em
cada semestre. Os intervalos entre os períodos legislativos, tanto no
meio do ano quanto no final, são denominados de recesso parlamentar. 
Cabe ressaltar que, em regra, as Casas Legislativas (Câmara e Senado)
atuam em separado. Todavia, há situações nas quais a Constituição
exige o trabalho simultâneo (trata-se das chamadas sessões conjuntas).
Nesse tipo de sessão, regida pelo regimento comum, as discussões e
votações ocorrem no mesmo recinto, entretanto, a contagem dos votos
se dá de forma separada. 
Assim, além de outros casos previstos constitucionalmente, a Câmara
dos Deputados e o Senado Federal reunir-se-ão em sessão conjunta
para: 
I - inaugurar a sessão legislativa; 
II - elaborar o regimento comum e regular a criação de serviços comuns
às duas Casas; 
III - receber o compromisso do Presidente e do Vice-Presidente da
República; 
IV - conhecer do veto e sobre ele deliberar; e 
V – projetos de leis orçamentárias (CF, art. 166). 
Atenção! A sessão conjunta não se confunde com a sessão
unicameral. Nesta última, tanto as discussões quanto a contagem dos
votos ocorrem de maneira conjunta, como se fosse apenas uma casa
legislativa. Na Constituição só houve uma situação de sessão
unicameral: processo simplificado de revisão constitucional (ADCT, art.
3°). 
Segundo a Constituição, a Mesa do Congresso Nacional será presidida
pelo Presidente do Senado Federal, e os demais cargos serão exercidos,alternadamente, pelos ocupantes de cargos equivalentes na Câmara dos
Deputados e no Senado Federal (CF, art. 57, § 5°). Na constituição das 
 
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Mesas e de cada Comissão, é assegurada, tanto quanto possível, a
representação proporcional dos partidos ou dos blocos parlamentares
que participam da respectiva Casa (CF, art. 58, § 1°). 
O § 4º do art. 57 prevê a realização de sessões preparatórias para a
posse de seus membros e eleição das respectivas Mesas, para mandato
de dois anos, vedada a recondução para o mesmo cargo na eleição
imediatamente subseqüente. 
Fique atento a três detalhes: 
I) não pode haver reeleição para o mesmo cargo (seria admitido apenas
que o vice-presidente virasse o presidente); 
II) a vedação à recondução só vale para eleições dentro da mesma
legislatura (quando houver troca de legislatura – a cada 4 anos – não há
mais essa vedação); e 
III) segundo o STF, a regra de vedação da recondução não é de
observância obrigatória por parte dos estados-membros. 
Além da sessão legislativa ordinária, a Constituição prevê a possibilidade
de convocação extraordinária do Congresso (CF, art. 57, § 6°): 
I) pelo Presidente do Senado Federal, em caso de decretação de
estado de defesa ou de intervenção federal, de pedido de autorização
para a decretação de estado de sítio e para o compromisso e a posse do
Presidente e do Vice-Presidente- Presidente da República; 
II) pelo Presidente da República, pelos Presidentes da Câmara dos
Deputados e do Senado Federal ou a requerimento da maioria dos
membros de ambas as Casas, em caso de urgência ou interesse
público relevante, em todas as hipóteses deste inciso com a aprovação
da maioria absoluta de cada uma das Casas do Congresso Nacional. 
Havendo medidas provisórias em vigor na data de convocação
extraordinária do Congresso Nacional, serão elas automaticamente
incluídas na pauta da convocação (CF, art. 57, § 8°). 
Exceto essas medidas provisórias, na sessão legislativa extraordinária, o
Congresso Nacional somente deliberará sobre a matéria para a qual foi
convocado, vedado o pagamento de parcela indenizatória, em razão
da convocação (CF, art. 57, § 7°). 
Bem, combinando que (i) acabou o pagamento de indenização; com o
fato de que (ii) a grande parte dessas convocações depende da
aprovação da maioria absoluta dos parlamentares, você acha que ainda
haverá muitas convocações extraordinárias? 
Vejamos algumas questões. 
5. (CESPE/PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSTITUTO/MPE/RO/2010)
O Senado Federal compõe-se de três representantes de cada
estado e do DF, com mandato de oito anos, eleitos segundo o 
 
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princípio proporcional, sendo os representantes renovados de quatro
em quatro anos, de forma alternada, por um e dois terços. 
De fato, o Senado Federal constitui-se de representação dos estados,
em número de três senadores por estado (e três do Distrito Federal),
eleitos para mandato de 8 anos (CF, art. 46, § 1°). 
Nos termos do § 2º do art. 46 da CF/88, a representação de cada Estado
e do Distrito Federal será renovada de quatro em quatro anos,
alternadamente, por um e dois terços. 
Entretanto, a assertiva está errada, pois os senadores serão eleitos
segundo o princípio majoritário (CF, art. 46, caput). Ou seja, são eleitos
os candidatos mais votados para as vagas existentes, sem a ocorrência
de segundo turno. Portanto, errada a assertiva. 
Cabe destacar que, ao contrário dos senadores, os deputados federais
serão eleitos segundo o sistema proporcional (CF, art. 45, caput). 
Item errado. 
6. (CESPE/PROCURADOR/BACEN/2009) Na sessão legislativa
extraordinária, o Congresso Nacional delibera, além da matéria para
a qual foi convocado e das medidas provisórias em vigor na data da
convocação, a respeito dos projetos de lei complementar em regime
de urgência. 
Como comentado, as sessões legislativas do Congresso Nacional podem
ser ordinárias ou extraordinárias. 
As sessões ordinárias estão previstas no art. 57 da CF, segundo o qual o
Congresso Nacional reunir-se-á, anualmente, em dois períodos
legislativos: de 2 de fevereiro a 17 de julho e de 1º de agosto a 22 de
dezembro. 
Durante os intervalos desses períodos, a Constituição prevê a
possibilidade de convocação extraordinária do Congresso Nacional
(sessão legislativa extraordinária, disciplinada nos §§ 6° a 8° do art. 57). 
Na sessão legislativa extraordinária, o Congresso Nacional somente
deliberará sobre a matéria para a qual foi convocado, ressalvada a única
hipótese das medidas provisórias em vigor na data de convocação, que
serão automaticamente incluídas na pauta (CF, art. 57, § 7° c/c § 8°). Daí
o erro da assertiva, pois não se delibera sobre projetos de lei
complementar em regime de urgência. 
Item errado. 
7. (CESPE/PROMOTOR/MPE-SE/2010) O número total de deputados
por estado é estabelecido em resolução do TSE, proporcionalmente
à população, com os ajustes necessários no ano anterior às
eleições. 
 
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Segundo o art. 45, § 1º da CF/88, o número total de Deputados (bem
como a representação por Estado e pelo DF) será estabelecido por lei
complementar, proporcionalmente à população. Os ajustes necessários
serão realizados no ano anterior às eleições, para que nenhuma
daquelas unidades da Federação tenha menos de oito ou mais de
setenta Deputados. 
Item errado. 
Vistos esses detalhes, passemos a analisar as atribuições de cada um
dos órgãos componentes do Poder Legislativo. 
2.1 – Congresso Nacional
O Congresso Nacional é o órgão legislativo federal, cabendo a ele dispor
sobre todas as matérias de competência da União. 
As competências do Congresso estão expressas no art. 48 (em regra,
exercidas mediante lei ordinária ou complementar, com sanção
presidencial) e no art. 49 (exercidas mediante a edição de decreto
legislativo, sem sanção presidencial). 
Assim, compete ao Congresso Nacional aprovar leis que versem sobre 
(CF, art. 48): 
I - sistema tributário, arrecadação e distribuição de rendas; 
II - plano plurianual, diretrizes orçamentárias, orçamento anual,
operações de crédito, dívida pública e emissões de curso forçado; 
III - fixação e modificação do efetivo das Forças Armadas; 
IV - planos e programas nacionais, regionais e setoriais de
desenvolvimento; 
V - limites do território nacional, espaço aéreo e marítimo e bens do
domínio da União; 
VI - incorporação, subdivisão ou desmembramento de áreas de
Territórios ou Estados, ouvidas as respectivas Assembléias Legislativas; 
VII - transferência temporária da sede do Governo Federal; 
VIII - concessão de anistia; 
IX - organização administrativa, judiciária, do Ministério Público e da 
Defensoria Pública da União e dos Territórios e organização
judiciária, do Ministério Público e da Defensoria Pública do Distrito
Federal; 
X - criação, transformação e extinção de cargos, empregos e
funções públicas, observado o que estabelece o art. 84, VI, b da
CF/88; 
 
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XI - criação e extinção de Ministérios e órgãos da administração
pública; 
XII - telecomunicações e radiodifusão; 
XIII - matéria financeira, cambial e monetária, instituições financeiras e
suas operações; 
XIV - moeda, seus limites de emissão, e montante da dívida mobiliária
federal; 
XV - fixação do subsídio dos Ministros do Supremo Tribunal
Federal. 
Destaquei algumas que considero importante saber. 
É importante você saber diferenciar essas competências das que 
veremos a seguir! As competências abaixo iniciam com verbos no
infinitivo e apresentam atividades a seremdesempenhadas pelo
Congresso por meio do Decreto Legislativo. 
É da competência exclusiva do Congresso Nacional (CF, art. 49): 
I - resolver definitivamente sobre tratados, acordos ou atos internacionais
que acarretem encargos ou compromissos gravosos ao patrimônio
nacional; 
II - autorizar o Presidente da República a declarar guerra, a celebrar a
paz, a permitir que forças estrangeiras transitem pelo território nacional
ou nele permaneçam temporariamente, ressalvados os casos previstos
em lei complementar; 
III - autorizar o Presidente e o Vice-Presidente da República a se
ausentarem do País, quando a ausência exceder a quinze dias; 
IV - aprovar o estado de defesa e a intervenção federal, autorizar o
estado de sítio, ou suspender qualquer uma dessas medidas; 
V - sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do
poder regulamentar ou dos limites de delegação legislativa; 
VI - mudar temporariamente sua sede; 
VII - fixar idêntico subsídio para os Deputados Federais e os 
Senadores; 
VIII - fixar os subsídios do Presidente e do Vice-Presidente da 
República e dos Ministros de Estado; 
IX - julgar anualmente as contas prestadas pelo Presidente da 
República e apreciar os relatórios sobre a execução dos planos de
governo; 
X - fiscalizar e controlar, diretamente, ou por qualquer de suas Casas, os
atos do Poder Executivo, incluídos os da administração indireta; 
 
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XI - zelar pela preservação de sua competência legislativa em face da
atribuição normativa dos outros Poderes; 
XII - apreciar os atos de concessão e renovação de concessão de
emissoras de rádio e televisão; 
XIII - escolher dois terços dos membros do Tribunal de Contas da União;
XIV - aprovar iniciativas do Poder Executivo referentes a atividades 
nucleares; 
XV - autorizar referendo e convocar plebiscito; 
XVI - autorizar, em terras indígenas, a exploração e o aproveitamento de
recursos hídricos e a pesquisa e lavra de riquezas minerais; 
XVII - aprovar, previamente, a alienação ou concessão de terras públicas
com área superior a dois mil e quinhentos hectares. 
Para treinar esses aspectos, vamos fazer algumas questões. 
8. (CESPE/JUIZ/TRT1/2010) Compete ao Congresso Nacional, com a
sanção do presidente da República, autorizar a exploração e o
aproveitamento de recursos hídricos e a pesquisa e lavra de
riquezas minerais em terras indígenas. 
Nos termos do art. 49, XVI da CF/88, compete exclusivamente ao
Congresso Nacional autorizar a exploração e o aproveitamento de
recursos hídricos e a pesquisa e lavra de riquezas minerais em terras
indígenas. Essa competência será exercida mediante decreto legislativo,
sem sanção presidencial. 
Item errado. 
9. (CESPE/TÉCNICO JUDICIÁRIO/ÁREA ADMINISTRATIVA/TRT 1ª
REGIÃO/2008) Compete ao Congresso Nacional fixar os subsídios
dos ministros de Estado, não havendo necessidade de que a norma
seja sancionada pelo presidente da República. 
De fato, compete ao Congresso Nacional fixar os subsídios do
Presidente e do Vice-Presidente da República e dos Ministros de Estado.
Como se trata de competência exclusiva do Congresso Nacional (CF, art.
49, VIII) é exercida por meio de decreto legislativo, que não se submete à
sanção do Presidente da República. 
Item certo. 
2.2 - Câmara dos Deputados
O art. 51 da Constituição estabelece as competências privativas da
Câmara dos Deputados, que serão tratadas por meio de resolução, sem
sanção do Presidente da República ou qualquer participação do Senado
Federal. 
Compete privativamente à Câmara dos Deputados: 
 
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I - autorizar, por dois terços de seus membros, a instauração de
processo contra o Presidente e o Vice-Presidente da República e os
Ministros de Estado; 
II - proceder à tomada de contas do Presidente da República, quando
não apresentadas ao Congresso Nacional dentro de sessenta dias após
a abertura da sessão legislativa; 
III - elaborar seu regimento interno; 
IV - dispor sobre sua organização, funcionamento, polícia, criação,
transformação ou extinção dos cargos, empregos e funções de seus
serviços, e a iniciativa de lei para fixação da respectiva remuneração,
observados os parâmetros estabelecidos na lei de diretrizes
orçamentárias; 
V - eleger membros do Conselho da República, nos termos do art. 89, 
VII. 
Observe que o inciso IV apresenta a iniciativa de lei para a
remuneração dos seus servidores (nesse caso, o assunto não é tratado
por resolução, mas por lei). Só para lembrar, o subsídio dos próprios
membros (deputados) será definido por decreto legislativo do
Congresso Nacional (CF, art. 49, VII). 
Vale destacar ainda, dentre as competências da Câmara, a autorização,
por dois terços de seus membros, da instauração de processo contra o
Presidente e o Vice-Presidente da República e os Ministros de Estado. 
Neste último caso (ministros de Estado), de acordo com o STF, só
haverá necessidade de autorização da Câmara se os crimes cometidos
guardarem conexão com delito de mesma natureza imputado ao
Presidente da República. 
10. (CESPE/TECNICO/TRE/ES/2011) Compete privativamente ao
Senado Federal proceder à tomada de contas do presidente da
República, quando não apresentadas ao Congresso Nacional no
prazo de sessenta dias após a abertura da sessão legislativa. 
Compete à Câmara dos Deputados proceder à tomada de contas do
Presidente da República, quando não apresentadas ao Congresso
Nacional dentro de sessenta dias após a abertura da sessão legislativa
(CF, art. 51, II). 
Item errado. 
11. (CESPE/ANALISTA/PROCURADOR MUNICIPAL/PREFEITURA DE
BOA VISTA/2010) Compete exclusivamente à Câmara dos
Deputados sustar os atos normativos do Poder Executivo que
exorbitarem do poder regulamentar ou dos limites de delegação
legislativa. 
Trata-se de uma das competências mais relevantes do Congresso
Nacional (e não da Câmara dos Deputados). Nos termos do art. 49, V da 
 
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CF/88, é competência exclusiva do Congresso Nacional sustar os atos
normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar ou
dos limites de delegação legislativa. 
Item errado. 
2.3 – Senado Federal
Como comentado, cada estado (e o DF) elegem o número fixo de três
senadores cada um, com mandato de 8 anos (2 legislaturas). 
Diversamente da Câmara, que se renova integralmente a cada quatro
anos, no Senado a representação de cada Estado e do DF é renovada
parcialmente, de quatro em quatro anos, por um e dois terços. 
Isso significa que, se você se lembra, foram eleitos em 2010 dois
senadores para determinado estado. Na eleição subseqüente (2014)
será eleito um senador. Já na de 2018, dois senadores... E assim por
diante. 
As competências privativas do Senado estão dispostas no art. 52, são
bem mais numerosas que as competências da Câmara e também são
disciplinadas por resolução da Casa. 
Compete privativamente ao Senado Federal: 
I - processar e julgar o Presidente e o Vice-Presidente da República 
nos crimes de responsabilidade, bem como os Ministros de Estado e
os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica nos
crimes da mesma natureza conexos com aqueles; 
II - processar e julgar os Ministros do Supremo Tribunal Federal, os
membros do Conselho Nacional de Justiça e do Conselho Nacional
do Ministério Público, o Procurador-Geral da República e o
Advogado-Geral da União nos crimes de responsabilidade; 
III - aprovar previamente, por voto secreto, após argüição pública, a
escolha de: 
a) Magistrados, nos casos estabelecidos nesta Constituição; 
b) Ministros do Tribunal de Contas da União indicados pelo Presidente da
República; 
c) Governador de Território;d) Presidente e diretores do banco central; 
e) Procurador-Geral da República; 
f) titulares de outros cargos que a lei determinar; 
IV - aprovar previamente, por voto secreto, após argüição em sessão
secreta, a escolha dos chefes de missão diplomática de caráter
permanente; 
 
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V - autorizar operações externas de natureza financeira, de interesse da
União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios; 
VI - fixar, por proposta do Presidente da República, limites globais para o
montante da dívida consolidada da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios; 
VII - dispor sobre limites globais e condições para as operações de
crédito externo e interno da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios, de suas autarquias e demais entidades controladas pelo
Poder Público federal; 
VIII - dispor sobre limites e condições para a concessão de garantia da
União em operações de crédito externo e interno; 
IX - estabelecer limites globais e condições para o montante da dívida
mobiliária dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios; 
X - suspender a execução, no todo ou em parte, de lei declarada
inconstitucional por decisão definitiva do Supremo Tribunal
Federal; 
XI - aprovar, por maioria absoluta e por voto secreto, a exoneração, de
ofício, do Procurador-Geral da República antes do término de seu
mandato; 
XII - elaborar seu regimento interno; 
XIII - dispor sobre sua organização, funcionamento, polícia, criação,
transformação ou extinção dos cargos, empregos e funções de seus
serviços, e a iniciativa de lei para fixação da respectiva remuneração,
observados os parâmetros estabelecidos na lei de diretrizes
orçamentárias; 
XIV - eleger membros do Conselho da República, nos termos do art. 89,
VII da CF/88. 
XV - avaliar periodicamente a funcionalidade do Sistema Tributário
Nacional, em sua estrutura e seus componentes, e o desempenho das
administrações tributárias da União, dos Estados e do Distrito Federal e
dos Municípios. 
Dentre as competências mais cobradas em concursos, está a de julgar
diversas autoridades por crimes de responsabilidade (incisos I e II). De
se observar que, nessas situações, presidirá a sessão o Presidente do
STF, limitando-se a condenação (proferida por dois terços) à perda do
cargo, com inabilitação, por oito anos, para o exercício de função pública,
sem prejuízo das demais sanções judiciais cabíveis. 
Quanto a esse julgamento, o STF firmou entendimento de que a
renúncia ao cargo, apresentada na sessão de julgamento, não paralisa o
processo de impeachment. Ademais, não interrompe a jurisdição do
Senado Federal para prosseguir no julgamento do processo, uma vez 
 
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que ainda pode ser aplicada a pena de inabilitação para o exercício de
funções públicas por oito anos. 
Observe ainda que diversas autoridades devem passar pela chancela do
Senado para terem sua nomeação aprovada. 
Vejamos alguns exercícios. 
12. (CESPE/PROCURADOR/BACEN/2009) As matérias de
competência privativa do Senado Federal não dependem de sanção
presidencial e se materializam por meio de decreto legislativo. 
As matérias de competência privativa do Senado estão listadas no art. 52
da CF/88. De acordo com o caput do art. 48, elas não dependem de
sanção presidencial. 
Aliás, essas matérias de competência privativa do Senado são
promulgadas pela presidência da sua mesa, sem participação nem
mesmo da Câmara dos Deputados. 
Todavia, são matérias disciplinadas por meio de resolução, e não por
meio de decreto legislativo. 
Item errado. 
13. (CESPE/JUIZ/TRT1/2010) O Senado Federal tem competência para
fixar, por proposta do presidente da República, limites globais para o
montante da dívida consolidada da União, dos estados, do Distrito
Federal e dos municípios. 
As competências privativas do Senado estão dispostas no art. 52 da
CF/88 e são disciplinadas por resolução dessa Casa Legislativa, sem
necessidade de sanção presidencial. 
De fato, é competência privativa do Senado Federal fixar, por proposta
do Presidente da República, limites globais para o montante da dívida
consolidada da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios
(CF, art. 52, VI). 
Item certo. 
14. (CESPE/TÉCNICO JUDICIÁRIO/ÁREA ADMINISTRATIVA/TRT 1ª
REGIÃO/2008) A escolha de chefes de missão diplomática é
aprovada pela Câmara dos Deputados, por maioria de votos, em
escrutínio secreto. 
O Cespe costuma cobrar as competências do Congresso (CF, arts. 48 e 
49), da Câmara (CF, art. 51) e do Senado (CF, art. 52). A assertiva está
errada, pois compete ao Senado aprovar previamente, por voto secreto,
após arguição em sessão secreta, a escolha dos chefes de missão
diplomática de caráter permanente (CF, art. 52, IV). 
Item errado. 
 
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15. (CESPE/PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSTITUTO/MPE/RO/2010) A
CF prevê a reunião em sessão conjunta da Câmara dos Deputados
e do Senado Federal na hipótese, entre outras, de conhecer e
deliberar sobre veto. 
Nos termos do § 3º do art. 57 da CF/88, além de outros casos
constitucionalmente previstos na Constituição, a Câmara dos Deputados
e o Senado Federal reunir-se-ão em sessão conjunta para: 
I – inaugurar a sessão legislativa; 
II – elaborar o regimento comum e regular a criação de serviços comuns
às duas Casas; 
III – receber o compromisso do Presidente e do Vice-Presidente da
República; 
IV – conhecer do veto e sobre ele deliberar. 
Item certo. 
16. (CESPE/PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSTITUTO/MPE/RO/2010) É
de competência do Senado Federal autorizar, por dois terços de
seus membros, a instauração de processo contra o presidente e o
vice-presidente da República, bem como contra os ministros de
Estado. 
Compete privativamente à Câmara dos Deputados autorizar, por dois
terços de seus membros, a instauração de processo contra o presidente
e o vice-presidente da República, bem como contra os ministros de
Estado (CF, art. 51, I). 
Cabe destacar que, apesar da literalidade da Constituição, no caso de
ministros de Estado, a autorização da Câmara só é necessária se o
crime for conexo com o do Presidente da República, segundo
entendimento do STF (QCRQO 427/DF, Rel. Min. Moreira Alves, 
14.03.1990). 
Item errado. 
17. (CESPE/PROMOTOR/MPE-SE/2010) São competências privativas
do Senado Federal: julgar anualmente as contas prestadas pelo
presidente da República e apreciar os relatórios sobre a execução
dos planos de governo. 
Não compete ao Senado Federal o julgamento anual das contas do
Presidente da República. Com efeito, é competência exclusiva do
Congresso Nacional o julgamento anual das contas do Presidente da
República e apreciar os relatórios sobre a execução dos planos de
governo (CF, art. 49, IX). 
Item errado. 
18. (CESPE/TITULARIDADE DE SERVIÇOS NOTARIAIS E DE
REGISTRO/TJDFT/2008) O julgamento das contas do chefe do 
 
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Poder Executivo compete ao TCU, órgão integrante do Poder
Legislativo. 
O Tribunal de Contas da União não julga as contas do Presidente da
República. Sua competência consiste na apreciação e emissão de
parecer prévio (que deverá ser elaborado em sessenta dias a contar do
seu recebimento – CF, art. 71, I). Quem julga as contas do Presidente da
República é o Congresso Nacional (CF, art. 49, IX). 
Diferente é a competência do Tribunal de Contas da União para julgar os
administradores e demais responsáveis por dinheiros, bens e valores
públicos da administração direta e indireta, incluídas as fundações e
sociedadesinstituídas e mantidas pelo Poder Público federal, e as contas
daqueles que derem causa a perda, extravio ou outra irregularidade de
que resulte prejuízo ao erário público (CF, art. 71, II). Portanto, item
errado. 
Ademais, não é pacífico na doutrina se o TCU integra ou não o Poder
Legislativo. 
Item errado. 
19. (CESPE/DEFENSOR PÚBLICO/DPE/PI/2009) O Tribunal de Contas
da União é órgão de orientação do Poder Legislativo, a este
subordinado, apto a exercer a fiscalização contábil, financeira,
orçamentária, operacional e patrimonial da União. 
Para o desempenho das atividades de Controle Externo, o Congresso
Nacional será auxiliado pelo Tribunal de Contas da União (instrumento
técnico na fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e
patrimonial da União e demais entidades da administração direta e
indireta). 
Todavia, nem por isso há uma relação de subordinação e dependência
entre eles, visto que o TCU detém e exerce algumas funções de controle,
as quais lhe são próprias e privativas. 
Item errado. 
20. (CESPE/JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO/TJ-TO/2007) Os tribunais
de contas são órgãos integrantes da estrutura do Poder Legislativo,
com competência para auxiliá-lo no controle externo. 
Não é pacífico na doutrina se o TCU integra o Legislativo. Observe o que
assevera o art. 44 da CF/88: o Poder Legislativo é exercido pelo
Congresso Nacional, que se compõe da Câmara dos Deputados e do
Senado Federal. De se notar que nada é mencionado a respeito do TCU. 
O Cespe adotou nesta questão posição que me parece adequada: o TCU
não integra o Legislativo. 
Item errado. 
 
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Vejamos, a partir de agora, como a Constituição disciplina as Comissões
das Casas Legislativas. Para fins de concurso, importantes mesmo são
as CPIs. 
2.4 – Comissões 
O art. 58 da CF/88 dispõe acerca das comissões permanentes e
temporárias, que integram o Congresso Nacional e cada uma das Casas,
e serão constituídas na forma e com as atribuições previstas no
respectivo regimento ou no ato de que resultar sua criação. 
O § 1º do art. 58 prevê que na constituição das Mesas e de cada
Comissão, seja assegurada, tanto quanto possível, a representação
proporcional dos partidos ou dos blocos parlamentares que participam da
respectiva Casa. 
Nos termos do § 2º do art. 58, compete às comissões, em razão da
matéria de sua competência: 
I - discutir e votar projeto de lei que dispensar, na forma do regimento,
a competência do Plenário, salvo se houver recurso de um décimo
dos membros da Casa (ou seja, projetos de lei que não passam pelo
plenário); 
II - realizar audiências públicas com entidades da sociedade civil; 
III - convocar Ministros de Estado para prestar informações sobre
assuntos inerentes a suas atribuições; 
IV - receber petições, reclamações, representações ou queixas de
qualquer pessoa contra atos ou omissões das autoridades ou entidades
públicas; 
V - solicitar depoimento de qualquer autoridade ou cidadão; 
VI - apreciar programas de obras, planos nacionais, regionais e
setoriais de desenvolvimento e sobre eles emitir parecer. 
Durante o recesso, haverá uma Comissão representativa do Congresso
Nacional, eleita por suas Casas na última sessão ordinária do período
legislativo, com atribuições definidas no regimento comum (CF, art. 58, §
4°). 
21. (CESPE/ANALISTA/PROCURADOR MUNICIPAL/PREFEITURA DE
BOA VISTA/2010) A Câmara dos Deputados e o Senado Federal, ou
qualquer de suas comissões, podem convocar ministro de Estado ou
quaisquer titulares de órgãos diretamente subordinados à
Presidência da República para prestarem, pessoalmente,
informações relativas a assunto previamente determinado, sendo
que a ausência injustificada do convocado importará na prática de
crime de responsabilidade. 
 
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A assertiva está correta, pois se trata de reprodução exata do caput do
art. 50 da CF/88. 
Item certo. 
Vejamos agora a mais famosa das comissões. 
Comissão Parlamentar de Inquérito
As CPIs são exemplos de mecanismos componentes do sistema de
freios e contrapesos estabelecidos pela Constituição Federal. Ou seja,
trata-se de uma das formas de controle dos demais poderes pelo
Legislativo. Nesse sentido, as CPIs representam o desempenho de
função típica do Legislativo: fiscalização. 
Na Constituição, apenas um dispositivo trata dessas comissões. Nesse
sentido, o §3º do art. 58 estabelece que as comissões parlamentares de
inquérito, que terão poderes de investigação próprios das autoridades
judiciais, além de outros previstos nos regimentos das respectivas
Casas, serão criadas pela Câmara dos Deputados e pelo Senado
Federal, em conjunto ou separadamente, mediante requerimento de um
terço de seus membros, para a apuração de fato determinado e por
prazo certo, sendo suas conclusões, se for o caso, encaminhadas ao
Ministério Público, para que promova a responsabilidade civil ou
criminal dos infratores. 
De início, observe que as CPIs são criadas por prazo certo para a
investigação fato determinado. Ademais, a instauração depende de
requerimento de um terço dos membros da Casa Legislativa. 
A indicação de prazo certo para a conclusão dos trabalhos da CPI não
impede sucessivas prorrogações, desde que dentro da mesma
legislatura. 
Objetivamente, a indicação de fato determinado: 
I) impede a criação de uma CPI para investigações genéricas; 
II) não impede que sejam investigados outros fatos de surjam durante as
investigações; 
III) impede que o depoente seja obrigado a responder perguntas
referentes a fatos estranhos. 
Apesar da literalidade do dispositivo constitucional, devemos lembrar que
os poderes da CPI não são exatamente os mesmos de um juiz, pois elas
não podem ofender o princípio da reserva de jurisdição (abrange
determinadas medidas exclusivamente destinadas à competência do
Poder Judiciário). 
Vejamos a seguir alguns entendimentos do STF sobre esse assunto. 
 
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I) É admitido que o regimento das Casas crie limites ao número de
CPIs que podem ser criadas simultaneamente. 
II) As CPIs têm competência para investigar fatos que já estejam
sendo objeto de investigação policial ou do Ministério Público. 
III) As CPIs não têm competência para investigar atos jurisdicionais.
De qualquer forma, magistrados podem ser intimados a comparecer para
depor sobre prática de atos administrativos (exercício de função atípica).
Por outro lado, as CPIs têm competência para convocar membro do
Ministério Público e Ministros de Estado para depor. 
IV) Desde que haja interesse público, CPI pode investigar negócios
privados. 
V) CPI de um ente federado (do Congresso Nacional, por exemplo) não
pode investigar irregularidade no campo material de outro ente
(irregularidades em âmbito municipal, por exemplo). 
VI) As manifestações de congressista em CPIs estão protegidas pela
imunidade material (afinal, trata-se de exercício da atividade
parlamentar). 
VII) Os atos que impliquem restrição de direito (por exemplo, quebra de
sigilo bancário) devem ser fundamentados (motivados) e decididos
por maioria absoluta dos membros da comissão (princípio da
colegialidade). 
VIII) As CPIs não têm competência para ter acesso a processo judicial
em trâmite sob segredo de justiça (não quebra sigilo judicial). 
Ademais, vale destacar que os depoentes em CPIs têm direito: (i) ao
silêncio (não auto-incriminação); (ii) ao sigilo profissional; e (iii) a ser
assistido por advogado e comunicar-se com ele durante as sessões. 
As CPIs têm competência para convocar integrantes da população
indígena para depor, desde que o depoimento seja: 
a) realizado no âmbito da área indígena,em dia e hora previamente
acordados com a comunidade; 
b) assistido por um representante da FUNAI e antropólogo conhecedor
da comunidade. 
De se destacar que as convocações por CPIs devem ser formais (regras
do Código de Processo Penal): realizadas pessoalmente, não se
admitindo outros meios (não se admite convocação por telefone, fax ou
emails, por exemplo). 
Os atos de CPIs sujeitam-se a controle por mandado de segurança nos
casos de ilegalidade ou abuso de poder. Todavia, admite-se também a
impetração de habeas corpus quando houver ofensa, direta ou indireta,
ao direito de locomoção. 
 
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Vejamos a esquematização dos aspectos mais relevantes. Logo a seguir
utilizarei uma questão para comentar uma jurisprudência sobre CPIs. 
Sintetizando: 
22. (CESPE/ANALISTA DO SEGURO SOCIAL – DIREITO/INSS/2008)
As comissões parlamentares de inquérito são consequência do
sistema de freios e contrapesos adotado pela Constituição Federal. 
As CPIs são exemplos de mecanismos componentes do sistema de
freios e contrapesos estabelecidos pela Constituição Federal. Ou seja,
trata-se de uma das formas de controle dos demais poderes por parte do
Legislativo. 
Item certo. 
23. (CESPE/PROCURADOR/TCE-ES/2009) De acordo com o STF, a
comissão parlamentar de inquérito pode proceder à quebra de sigilo
bancário da pessoa investigada, ainda que baseada em
fundamentos genéricos, sem a indicação de fatos concretos e
precisos. 
 
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Segundo o STF, CPI pode quebrar os sigilos bancário, fiscal e de dados
telefônicos, por decorrência dos poderes de investigação que a própria
CF/88 atribuiu a essas comissões (CF, art. 58, § 3°). 
De qualquer forma, para que uma CPI possa determinar diretamente a
quebra desses sigilos é necessário demonstrar a existência concreta de
causa provável que legitime essa medida excepcional. Ademais, deve
estar justificado como o referido procedimento enquadra-se na
investigação dos fatos determinados que deram causa à instauração
dessa comissão. 
Item errado. 
24. (CESPE/DEFENSOR PÚBLICO/DPE/PI/2009) Como instrumentos
de fiscalização do Poder Legislativo, as comissões parlamentares de
inquérito têm poderes de investigação próprios das autoridades
judiciais, podendo determinar as diligências que julgar necessárias,
tomar depoimentos, ouvir indiciados e testemunhas, requisitar
documentos de órgãos públicos e promover a responsabilidade civil
e criminal dos infratores. 
As CPIs funcionam como instrumento de fiscalização do Poder
legislativo. Entretanto, não podem promover responsabilidade civil e
criminal de infratores. Portanto, errada a assertiva. 
A competência da CPI termina com a realização da investigação e
elaboração do relatório final que, se for o caso, será encaminhado ao
Ministério Público, para que este sim promova a responsabilidade civil ou
criminal dos infratores (CF, art. 58, § 3º). 
Item errado. 
25. (CESPE/TÉCNICO JUDICIÁRIO/ÁREA ADMINISTRATIVA/TRT 1ª
REGIÃO/2008) O Congresso Nacional instituiu comissão
parlamentar de inquérito (CPI) para apuração de irregularidades nas
sentenças proferidas por determinado juiz contra a União. O juiz foi
convocado para prestar esclarecimentos sobre sentenças por ele
prolatadas. 
Considerando a situação hipotética acima, assinale a opção correta,
de acordo com o entendimento do STF. 
a) O magistrado não é obrigado a prestar depoimento que envolva
sentenças por ele prolatadas. 
b) A CPI somente seria possível se tivesse objeto mais genérico,
envolvendo a apuração de irregularidades em todo o Poder
Judiciário. 
c) Em razão de sua formação jurídica, não é direito do juiz fazer-se
acompanhar de advogado. 
d) A CPI não tem poderes para quebrar o sigilo dos registros
telefônicos de investigado. 
 
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e) O comparecimento espontâneo do magistrado implicará a perda
do direito de permanecer em silêncio, e tal conduta será interpretada
como confissão. 
A alternativa “a” está correta. CPIs não podem investigar ato de natureza
jurisdicional. De qualquer forma, as CPIs têm poderes para convocar
magistrado para depor acerca da prática de atos administrativos (atuação
dos magistrados segundo sua função administrativa atípica). 
A alternativa “b” está errada, porque CPI não pode ter objeto genérico. A
CF/88 exige o apontamento de “fato determinado” para a criação dessa
comissão. 
A alternativa “c” está errada. Qualquer depoente (investigado ou
testemunha) pode ser assistido por advogado e com ele se comunicar
durante as sessões da CPI. 
A alternativa “d” está errada, pois as CPIs têm competência para
determinar a quebra dos sigilos bancário, fiscal e telefônico (dos registros
telefônicos) de investigado. 
A alternativa “e” está errada. O direito de permanecer calado é
assegurado ao depoente em CPI, evitando-se assim sua auto-
incriminação, sem que isso possa ser interpretado como confissão. 
Gabarito: “a” 
26. (CESPE/ANALISTA/PROCURADOR MUNICIPAL/PREFEITURA DE
BOA VISTA/2010) As comissões parlamentares de inquérito
constituídas por qualquer uma das casas do Congresso Nacional
têm poderes próprios das autoridades judiciais, podendo ordenar,
entre outros procedimentos, busca domiciliar e interceptação
telefônica. 
De acordo com o art. 58, § 3°, as comissões parlamentares de inquérito
têm, de fato, poderes de investigação próprios das autoridades judiciais. 
Assim, CPIs podem até determinar a quebra de sigilo bancário, fiscal e
telefônico (acesso aos dados telefônicos). 
Entretanto, a quebra do sigilo telefônico (para quem ligou, quando ligou,
duração de chamadas) não se confunde com interceptação telefônica.
Esta última relaciona-se com a captação de conversas telefônicas
(escutas telefônicas) e não poderá ser determinada por CPI, pois está
protegida por reserva de jurisdição. 
O mesmo se pode dizer a respeito da busca domiciliar, procedimento
sujeito à reserva de jurisdição, nos termos do art. 5°, XI da CF/88. 
Item errado. 
 
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2.5 – Estatuto dos Congressistas
Este assunto abrange as imunidades e vedações dos parlamentares,
bem como as prerrogativas de foro, de serviço militar, de vencimentos e
de isenção do dever de testemunhar. 
As imunidades são prerrogativas de ordem pública, sendo por isso
irrenunciáveis, e o princípio constitucional que legitima sua existência
na nossa Constituição é a separação dos Poderes. As imunidades se
iniciam com a diplomação. A diplomação é ato anterior à posse,
realizado pela Justiça Eleitoral e que proclama eleito o candidato. 
As imunidades parlamentares são classificadas em materiais e formais
(ou processuais). 
Imunidade material → relaciona-se com as manifestações (palavras) 
Imunidade processual → relaciona-se com as regras processuais 
Nos termos do art. 53, os deputados e senadores são invioláveis civil e
penalmente, por quaisquer de suas opiniões, palavras ou votos
(imunidade material). 
Observe que, nesse caso, não ocorre o crime. As suas manifestações
exaradas durante o mandato não gerarão responsabilização nem depois
que eles deixarem a cadeira de parlamentar. 
A imunidade material abrange manifestações exaradas dentro ou fora
da Casa Legislativa se a manifestação tiver conexão com a atividade
parlamentar. 
Explicando de outra forma, observe que manifestações exaradas fora do
recinto da Casa Legislativa só estarão protegidas se tiverem conexão
com a atividade parlamentar. 
Todavia, as manifestações expendidas no recinto do Congresso estão
sempre protegidas pela imunidade material, tenhaou não a sua
manifestação pertinência com o exercício da atividade parlamentar. 
Essa imunidade protege ainda os jornalistas que venham a reproduzir as
manifestações dos parlamentares. 
Quanto aos suplentes de parlamentares, só estarão protegidos por
imunidade material quando vierem a se tornar titulares do mandato. 
Vale destacar que a imunidade não alcança discursos com finalidade
político-eleitoral. 
Já a imunidade formal ou processual diz respeito às condicionantes de
prisão e ao processo. 
Diferentemente das imunidades materiais, nas imunidades formais, os
atos praticados pelos parlamentares não perdem o caráter de ilícitos e
os autores responderão por esses atos. Entretanto, eles dispõem de 
 
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prerrogativas quanto à prisão e à possibilidade de sustação do
andamento do processo. 
Quanto à prisão, o art. 53, § 2º estabelece que desde a expedição do
diploma, os membros do Congresso Nacional não poderão ser presos,
salvo em flagrante de crime inafiançável. Nesse caso, os autos serão
remetidos dentro de vinte e quatro horas à Casa respectiva (Câmara ou
Senado), para que, pelo voto da maioria de seus membros, resolva sobre
a prisão. 
Segundo a jurisprudência do STF, essa vedação à prisão alcança
inclusive as prisões civis, (ou seja, inclui o devedor de alimentos - se
for parlamentar, não será preso). 
Essa imunidade inclui ainda a vedação à condução coercitiva do
parlamentar. 
Entretanto, tal imunidade não impede a prisão do congressista que
sofrer condenação criminal em sentença transitada em julgado (art. 55,
inciso VI) e só impede a prisão do parlamentar enquanto ele estiver
respondendo ao processo criminal, pendente de decisão definitiva. 
Quanto à sustação do processo, as regras estão previstas entre os
parágrafos 3° e 5° do art. 53 da CF/88. 
Recebida a denúncia contra o Senador ou Deputado, por crime ocorrido
após a diplomação, o STF dará ciência à Casa respectiva. 
Ou seja, o STF já iniciará o processo de julgamento sem qualquer
autorização. A Câmara ou o Senado, assim, por iniciativa de partido
político nela representado e pelo voto da maioria de seus membros,
poderá, até a decisão final, sustar o andamento da ação já iniciada
unilateralmente pelo STF. 
O pedido de sustação será apreciado pela Casa respectiva no prazo
improrrogável de 45 dias de seu recebimento pela Mesa Diretora e, caso
aprovado, suspenderá o prazo de prescrição do crime ou delito,
enquanto durar o mandato. 
Esse regime foi alterado pela EC 35/2001. Até a aprovação da referida
emenda, era necessária autorização prévia das Casas Legislativas para
que o STF iniciasse o processo, e havia vários processos aguardando
autorização das Casas para fossem iniciados no STF. 
Assim, quando da aprovação da EC 35/2001, o STF pronunciou-se no
sentido de que a emenda alcançava todos os atos processuais dos
crimes praticados anteriormente à sua aprovação. Então, o STF pôde
iniciar imediatamente o julgamento dos antigos processos mesmo sem
autorização das Casas Legislativas (mesmo aqueles já apreciados pelas
Casas). Assim, a desnecessidade de autorização prévia da Casa
Legislativa - para julgamento de Congressista - autoriza o Tribunal (STF)
a julgar os processos pendentes referentes a crimes pretéritos. 
 
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Atenção! As regras estudadas são aplicáveis também aos deputados
estaduais e distritais. Por outro lado, os vereadores só dispõem de
imunidade material, e mesmo assim, apenas na circunscrição do
município (CF, art. 29, VIII). 
Ademais vale destacar que, se um candidato foi eleito e reeleito diversas
vezes, o STF só considera sua última diplomação para efeito de
imunidade parlamentar. Ou seja, se um crime ocorreu antes da sua
última diplomação, o Parlamentar não terá imunidade. Significa dizer,
em resumo, cada mandato está vinculado à última diplomação do
Parlamentar. 
Você precisa conhecer ainda as regras relativas ao foro por
prerrogativa de função dos parlamentares, que serão julgados pelo
STF nas infrações de natureza penal. 
O foro especial dos parlamentares significa que, após a diplomação,
eles passam a ter a prerrogativa de serem julgados apenas perante o
STF no que se refere às infrações penais. 
Ou seja, diplomado, o parlamentar passa a responder perante o STF,
inclusive no que se refere às infrações cometidas antes da diplomação. 
Imagine a hipótese de um crime cometido antes da diplomação, ao qual
o incriminado esteja respondendo na Justiça Comum. Após a sua
diplomação, os autos do processo serão transferidos para o STF (foro
especial). Mas não haverá imunidade parlamentar (afinal, o crime foi
cometido antes da diplomação), somente foro especial, pois o processo
continuará correndo normalmente. 
Vale destacar isto: o foro especial só tem aplicação durante o
mandato, mas alcança crimes cometidos anteriormente. 
Expirado o mandato, os processos serão remetidos para a justiça comum
competente. Todavia, se o STF já houver dado início ao julgamento do
processo, não haverá a cessação da prerrogativa de foro com o término
do mandato. 
Vamos sintetizar isso aí. 
Sintetizando: 
 
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Por fim, vale comentar que, durante o estado de sítio, devido à
excepcionalidade da situação, as imunidades de Deputados e Senadores
poderão ser suspensas mediante voto de dois terços dos membros da
Casa respectiva. Essa suspensão se dará exclusivamente para os atos
praticados fora do recinto do Congresso Nacional que sejam
incompatíveis com a execução do estado de sítio (CF, art. 53, § 8°). 
Estabelece a Constituição, no art. 56, I, que os congressistas não
perderão o mandato se forem investidos no cargo de Ministro de Estado,
Governador de Território, de Prefeitura de Capital ou chefe de missão
diplomática temporária. Nesse caso, poderá optar pela remuneração do
mandato. 
Cabe destacar que, segundo o STF, o parlamentar afastado de suas
funções para exercer cargo no Poder Executivo (ministro de Estado, por
exemplo) não dispõe de imunidades, mas permanece seu direito à
prerrogativa de foro. 
Outro aspecto importante: no caso de haver cidadãos comuns envolvidos
no mesmo processo de um parlamentar, eles também serão julgados
pelo STF. Ou seja, como o processo é um só ele vai todo para o STF. 
Todavia, caso haja a sustação do processo do parlamentar, os autos
serão separados e a documentação referente aos outros cidadãos será
encaminhada para a justiça comum, onde o processo correrá
normalmente. 
Nos termos do art. 53, § 6° da CF/88, os deputados e senadores não
serão obrigados a testemunhar sobre informações recebidas ou
prestadas em razão do exercício do mandato, nem sobre as pessoas que
lhes confiaram ou deles receberam informações. Trata-se de uma
faculdade do congressista e não um impositivo, já que se entender 
 
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conveniente, poderá sim tornar públicas as informações de que 
disponha. 
A incorporação às forças armadas de deputados e senadores, ainda que
militares, e mesmo em tempo de guerra, depende de prévia licença da
Casa respectiva (CF, art. 53, § 7°). 
Os artigos 54 e 55 tratam das incompatibilidades e das hipóteses de
perda dos mandatos dos congressistas, respectivamente. 
Incompatibilidades
A diplomação (expedição do diploma) é ato que antecede a posse.
Nesse sentido, algumas incompatibilidades ocorrem já desde a
expedição do diploma. Outras se iniciarão a partir da posse. 
Segundo o art. 54, os parlamentares não poderão: 
I - Desde a expedição do diploma II - Desde a posse 
a) firmar ou manter contrato com
pessoajurídica de direito público,
autarquia, empresa pública,
sociedade de economia mista ou
empresa concessionária de serviço
público, salvo quando o contrato
obedecer a cláusulas uniformes; 
a) ser proprietários, controladores
ou diretores de empresa que goze de
favor decorrente de contrato com
pessoa jurídica de direito público, ou
nela exercer função remunerada; 
b) ocupar cargo ou função de que
sejam demissíveis "ad nutum", nas
entidades referidas no inciso I, "a"; 
b)aceitar ou exercer cargo, função
ou emprego remunerado, inclusive os
de que sejam demissíveis "ad
nutum", nas entidades constantes da
alínea anterior; 
c) patrocinar causa em que seja
interessada qualquer das entidades a
que se refere o inciso I, "a"; 
d) ser titulares de mais de um cargo ou
mandato público eletivo. 
Hipóteses de perda do mandato
No art. 55, são detalhadas as hipóteses de perda do cargo pelo
parlamentar. Enquanto em alguns casos a perda será meramente
declarada pela Mesa (CF, art. 55, § 3°) em outras hipóteses dependerá
de juízo dos demais parlamentares, por voto secreto e maioria absoluta. 
I) Hipóteses de perda de mandato do deputado ou senador, decidida
pela Mesa da Câmara ou do Senado, de ofício ou mediante provocação
de qualquer de seus membros, ou de partido político representado no
Congresso Nacional, assegurada ampla defesa: 
a) quando o congressista deixar de comparecer, em cada sessão
legislativa, à terça parte das sessões ordinárias da Casa a que
pertencer, salvo licença ou missão por esta autorizada; 
b) quando o congressista perder ou tiver suspensos os direitos
políticos; e 
 
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c) quando o decretar a Justiça Eleitoral, nos casos previstos
constitucionalmente. 
II) Hipóteses de perda de mandato decidida pela Câmara dos Deputados
ou pelo Senado Federal, por voto secreto e maioria absoluta, mediante
provocação da respectiva Mesa ou de partido político representado no
Congresso Nacional, assegurada ampla defesa: 
a) quando houver infração a qualquer das proibições estabelecidas no
art. 54 (impedimentos a partir da diplomação ou a partir da posse); 
b) quando o procedimento do parlamentar for declarado incompatível 
com o decoro parlamentar; 
c) quando o congressista vier a sofrer condenação criminal em
sentença transitada em julgado. 
A quebra de decoro envolve, além dos casos definidos no regimento
interno, o abuso das prerrogativas asseguradas aos membros do
Congresso ou a percepção de vantagens indevidas (CF, art. 55, § 1°). 
Atenção! Mesmo com a condenação criminal transitada em julgado a
perda do mandato não é automática. Haverá um juízo de conveniência
e oportunidade a partir do julgamento dos pares (por voto secreto e
maioria absoluta). 
Por outro lado, nos casos previstos nos incisos III a V do art. 55 (faltas a
mais de um terço das sessões sem justificativa; perda ou suspensão dos
direitos políticos e decretação pela Justiça Eleitoral), a perda se dará a
partir de um ato da Mesa (meramente declaratório de uma situação já
constituída ou constatada). 
27. (CESPE/PROCURADOR/PGE-PE/2009) José, candidato a
deputado federal pelo estado de Pernambuco, registrou sua
candidatura no dia 2 de julho. A eleição ocorreu no dia 3 de outubro,
e o resultado que o declarou eleito foi divulgado no dia 6 de outubro.
José foi diplomado pelo TRE do Estado de Pernambuco no dia 17
de dezembro e tomou posse no cargo de deputado federal no dia 2
de fevereiro do ano seguinte. 
No caso hipotético apresentado acima, a imunidade formal de José
deve ser contada a partir 
a) do registro de sua candidatura, no dia 2 de julho. 
b) do dia da eleição, no dia 3 de outubro. 
c) do dia da divulgação do resultado das eleições, no qual foi 
declarado eleito, no dia 6 de outubro. 
d) da diplomação, no dia 17 de dezembro. 
e) da data da posse, no dia 2 de fevereiro do ano seguinte. 
 
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A Constituição estabelece uma série de prerrogativas e vedações aos
parlamentares a fim de assegurar a independência de atuação do Poder
Legislativo (arts. 53 a 56 da CF/88). As chamadas imunidades estão
previstas no art. 53 e podem ser segmentadas em imunidade material,
formal e foro especial em razão da função. 
A questão trata especificamente da imunidade formal. Essa imunidade
(quanto à prisão e quanto ao processo) aplica-se a crimes ocorridos após
a diplomação (CF, art. 53, §§ 2° e 3°). 
Gabarito: “d” 
28. (CESPE/TITULARIDADE DE SERVIÇOS NOTARIAIS E DE
REGISTRO/TJDFT/2008) De acordo com a jurisprudência do STF,
se a jurisdição especial, decorrente de prerrogativa de função, do
STF, como a mais alta corte do país, é garantia constitucional do
mais justo julgamento a que podem aspirar os titulares dessa
prerrogativa, um deputado federal não tem, sob nenhum argumento
nem pretexto, interesse jurídico em renunciar a esse favor
constitucional, o que, não instituído no interesse pessoal do
ocupante do cargo, mas no interesse público de seu bom exercício,
integra os predicados objetivos do devido processo legal, para ser
julgado por órgão de menor categoria. 
O Cespe resume entendimento consagrado de que a prerrogativa de
função estabelecida pela Constituição visa a proteger a própria função
legislativa. Não se trata de liberalidade em favor de determinadas
pessoas físicas ocupantes de determinados cargos. 
Assim, não dispõe a autoridade da possibilidade de renunciar ao foro
especial por prerrogativa de função. 
Item correto. 
29. (CESPE/PROCURADOR DO ESTADO/PB/2008) O deputado
federal que praticar crime antes da diplomação poderá ser
processado e julgado normalmente pelo STF, enquanto durar o
mandato legislativo. No entanto, a pedido de partido político com
representação na casa, o andamento do processo poderá ser
suspenso, se houver decisão, por voto ostensivo e nominal, da
maioria absoluta dos parlamentares. 
Observe que a questão trata de duas prerrogativas parlamentares: (i)
foro privilegiado perante o STF; e (ii) possibilidade de sustamento do
processo por parte da Casa do parlamentar (Senado, se for senador, ou
Câmara dos Deputados, se for deputado federal). 
Veja que essas prerrogativas passam a valer após a diplomação. 
Sendo mais claro, significa que desde diplomação, o parlamentar passa
a ser julgado pelo STF, mesmo nos crimes praticados antes da
diplomação. 
 
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Já a possibilidade de sustação do andamento do processo no STF só se
aplica a crimes praticados após a diplomação (CF, art. 53, § 3º). 
Em resumo, após a diplomação, os crimes praticados antes dela serão
julgados pelo STF, mas não haverá possibilidade de a Casa Legislativa
sustar o andamento do processo. Daí o erro da questão, que considerou
que o crime – cometido antes da diplomação – poderia ter o andamento
do processo suspenso. 
Item errado. 
30. (CESPE/JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO/TJ-ACRE/2007) A
imunidade parlamentar de deputado estadual não alcança as
ofensas proferidas fora da casa legislativa, mesmo quando estas
possam ter conexão com a atividade parlamentar. 
Em primeiro lugar, cabe mencionar que a imunidade de deputado
estadual segue o mesmo regramento da imunidade dos congressistas
(CF, art. 27, § 1º). 
Quanto à imunidade material, ela abrange manifestações exaradas: (i)
dentro da Casa Legislativa; ou (ii) fora da Casa Legislativa, se a
manifestação tiver conexão com a atividade parlamentar. 
Explicando de outra forma, as manifestações exaradas fora do recinto da
Casa Legislativa só estarão protegidas se tiverem conexão com a
atividade parlamentar. 
Todavia, as manifestações expendidas no recinto da Assembleia
Legislativa estão sempre protegidaspela imunidade material, tenha ou
não a sua manifestação pertinência com o exercício da atividade
parlamentar. 
Item errado. 
31. (CESPE/DEFENSOR PÚBLICO/DPE/AL/2009) A CF não atribuiu a
imunidade formal ao parlamentar municipal e não a reconheceu, ao
parlamentar estadual, quanto aos crimes praticados antes da
diplomação. 
Vejamos as regras de aplicabilidade das prerrogativas e imunidades
parlamentares no âmbito estadual e municipal. 
I) Vereadores: não dispõem das mesmas prerrogativas e imunidades
asseguradas aos congressistas; estão protegidos apenas pela imunidade
material, por suas opiniões, palavras e votos no exercício do mandato, e
exclusivamente na circunscrição do Município (CF, art. 29, VIII); 
II) Deputados estaduais e distritais: estendem-se a eles as regras
constitucionais sobre inviolabilidade, imunidades, remuneração, perda de
mandato, licença, impedimentos e incorporação às Forças Armadas
aplicáveis aos Congressistas (CF, art. 27, § 1°). 
 
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Portanto, de fato não há imunidade formal para vereadores. Ademais,
também está correto afirmar que não há imunidade formal concedida ao
parlamentar estadual quanto aos crimes praticados antes da diplomação
(mesma regra aplicável aos Congressistas). 
Item certo. 
3 – Processo legislativo 
A Constituição estabelece uma série de atos a serem realizados pelos
órgãos legislativos, visando à formação das seguintes espécies
normativas, previstas no art. 59 da CF/88: (i) emendas à Constituição; (ii)
leis complementares; (iii) leis ordinárias; (iv) leis delegadas; (v) medidas
provisórias; (vi) decretos legislativos; e (vii) resoluções. 
Um detalhe interessante (e que quero que você guarde desde já) é que
esses atos normativos integrantes do processo legislativo (CF, art. 59)
veiculam normas primárias (normas que retiram sua validade
diretamente da Constituição). E, com a exceção da emenda
constitucional, todas as espécies legislativas supracitadas situam-se no
mesmo nível hierárquico. 
Não estudaremos aqui (pois não compõem o processo legislativo) os
atos secundários, que serão infralegais (se situam abaixo da lei). 
Como veremos, uma norma deve observar o devido processo legislativo
estabelecido pela Constituição, sob pena de vício formal de
inconstitucionalidade. 
De se destacar que, embora a produção normativa seja função típica do
Poder Legislativo, os demais poderes também a exercem. Como
exemplos podem ser citados os casos da edição de medidas provisórias
por parte do Presidente da República e da edição dos regimentos
internos dos tribunais do Poder Judiciário. 
É interessante observar que o STF considera que as regras básicas do
processo legislativo previstas na Constituição Federal devem ser
respeitadas pelas Constituições Estaduais. 
A partir de agora, passarei a explicar cada uma das espécies normativas
previstas na Constituição. Antes disso, vale destacar que as emendas
constitucionais não serão vistas aqui, pois foram abordadas juntamente
com o Poder Constituinte. 
3.1 – Processo legislativo ordinário
Para que você compreenda o processo legislativo, é necessário ter em
mente todas as fases que o compõem. 
I) Fase introdutória: é a fase iniciativa, instauradora do processo
legislativo. Veremos em detalhes os tipos de iniciativa previstos. 
 
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II) Fase constitutiva: após a apresentação do projeto de lei, ele será
discutido e votado nas duas Casas do Poder Legislativo (Câmara dos
Deputados e Senado Federal). Logo após, se aprovado, seguirá para o
Presidente da República para que este o sancione ou vete. 
III) Fase complementar: é fase final do processo legislativo, que será
segmentada em duas etapas, promulgação e publicação. 
Bem, vamos sintetizar isso aí, para que você consiga visualizar o
processo como um todo. Dessa vez, peço licença para utilizar um
esquema similar ao elaborado pelo prof. Pedro Lenza em seu livro. 
Sintetizando: 
Fase introdutória
A fase introdutória consiste na iniciativa de lei, faculdade que se atribui
a determinado agente para apresentar projetos de lei ao Poder
Legislativo. 
A Constituição atribui a competência para apresentar projetos de lei a
qualquer membro ou Comissão da Câmara, Senado ou do Congresso
Nacional, ao Presidente da República, aos Tribunais Superiores, ao
Procurador Geral da República e aos cidadãos (CF, art. 61). Ademais,
o Tribunal de Contas da União pode iniciar processo legislativo sobre
seus cargos, serviços e funções (CF, art. 73 e art. 96, II). 
Mas observe que alguns desses legitimados (destacados de azul)
apresentam apenas a chamada iniciativa restrita (tribunais, PGR e 
TCU). Ou seja, eles não podem iniciar o processo legislativo sobre
quaisquer matérias em geral, mas só sobre aqueles temas
expressamente autorizados na Constituição. 
É o caso do Procurador-Geral da República (PGR), que só pode
apresentar projetos de lei referentes ao Ministério Público da União (CF,
arts. 127, § 2° e 128, § 5°). Outro caso de iniciativa restrita é a conferida
aos Tribunais do Judiciário e Tribunais de contas para apresentação de
projetos referentes à sua organização (CF, arts. 93, 96, II, 73 e 130). 
 
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Por outro lado, os demais legitimados podem propor projetos de lei sobre
quaisquer assuntos, exceto aqueles de iniciativa privativa (reservada
ou exclusiva). Trata-se da chamada iniciativa geral. 
A iniciativa privativa ocorre quando apenas determinada autoridade (ou
órgão) pode propor leis sobre certa matéria. Vejamos quais são esses
casos. 
Chefe do Poder Executivo → CF, art. 61, § 1° e art. 165, I, II e III. 
STF → Estatuto da magistratura (Lei complementar, segundo CF,
art. 93). 
STF, Tribunais superiores e TJs → organização da justiça (CF,
art. 96, II). 
PGR → organização do Ministério Público (cargos, carreira etc.)
(CF, art. 127, § 2°) 
Interessante observar que há ainda a chamada iniciativa concorrente,
que pertence simultaneamente a mais de uma autoridade ou órgão. É o
caso da Lei complementar sobre a organização do MPU, que é
concorrente entre o Presidente da República (CF, art. 61, § 1°, II, “d”) e o
PGR (CF, art. 128, § 5°). 
Observe que há a possibilidade de iniciativa popular de projeto de lei
(inclusive para leis complementares). Trata-se de iniciativa geral,
outorgada a qualquer cidadão, mas não individualmente. Com efeito, a
Constituição exige a subscrição do projeto por, no mínimo, um por cento 
do eleitorado nacional, distribuído por, no mínimo, cinco estados
membros, com não menos de 0,3% (três décimos por cento) dos
eleitores de cada um (CF, art. 61, § 2º). 
A iniciativa popular também está prevista para os estados-membros e
para os municípios. 
No âmbito dos estados-membros e do DF a Constituição estabelece que:
a lei disporá sobre a iniciativa popular no processo legislativo estadual
(CF, art. 27, §4°). 
Quanto aos municípios, a possibilidade de iniciativa popular já está
prevista na Constituição. Assim, esses projetos de lei de interesse
específico do Município, da cidade ou de bairros, terão a iniciativa por
meio da manifestação de, pelo menos, cinco por cento do eleitorado
(art. 29, XIII). 
Quanto à Casa iniciadora do processo legislativo, a regra é a seguinte: 
I) iniciativa de parlamentar ou comissão: na respectiva Casa Legislativa. 
II) iniciativa do Presidente da República, do STF, Tribunais Superiores,
Procurador Geral da República e cidadãos: Câmara dos Deputados. 
III) iniciativa de Comissão Mista do Congresso: alternadamente na
Câmara e no Senado Federal. 
 
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