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CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL P/ O TCU PROFESSOR: FREDERICO DIAS 1 www.pontodosconcursos.com.br Aula 5 - Poder Legislativo. Processo legislativo. Medidas provisórias. Bom dia! Como vão os estudos para o concurso do Tribunal de Contas da União? Hoje vamos começar a ver os poderes do Estado, tratar da chamada Organização dos Poderes. Assim, começaremos falando sobre o relacionamento entre os poderes Legislativo, Executivo e Judiciário. Logo a seguir, entraremos especificamente no estudo do Poder Legislativo, que incluirá também a análise das CPIs, assunto que vem sendo frequentemente cobrado em concursos. Por fim, veremos ainda o processo de formação das leis. Nas próximas aulas veremos os demais poderes. Vejamos o conteúdo da aula de hoje. 1 – Separação, Independência e Harmonia entre os Poderes 1.1 – Sistema de freios e contrapesos 2 – Poder Legislativo 2.1 – Congresso Nacional 2.2 – Câmara dos Deputados 2.3 – Senado Federal 2.4 – Comissões 2.5 – Estatuto dos Congressistas 3 – Processo legislativo 3.1 – Processo legislativo ordinário 3.2 – Processo legislativo sumário 3.3 – Medida provisória 3.4 – Lei delegada 3.5 – Decretos legislativos e resoluções 4 - Exercícios de Fixação Boa aula! 1 – Separação, Independência e Harmonia entre os Poderes Nossa ordem constitucional estabelece a independência entre os poderes: Art. 2° São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário. CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL P/ O TCU PROFESSOR: FREDERICO DIAS 2 www.pontodosconcursos.com.br Esse artigo consagra o princípio da separação dos poderes, ou melhor, distinção funcional do poder do Estado (a rigor, o poder não é divisível, ocorrendo apenas uma tripartição das funções estatais para que o Estado possa exercer sua vontade, seu poder). O Estado, como grupo social máximo, exerce poder político ou poder estatal (poder superior aos demais poderes de uma dada sociedade, visando a ordenar as relações entre os indivíduos). Essa superioridade caracteriza a soberania do Estado, congregando a independência frente a outros Estados (soberania externa) e a supremacia sobre todos os demais poderes internos (soberania interna). Para a doutrina, esse poder é uno, indivisível e indelegável. Por isso, alguns não consideram ser rigorosamente adequado falar-se em delegação ou divisão de poderes. (Mas o termo divisão de poderes tem aparecido regularmente em provas.) Por sua vez, esse poder estatal compõe-se de três funções, o que permite se falar em distinção das funções do poder: a legislativa, a executiva e a jurisdicional. Função Legislativa: edição de regras gerais, impessoais e inovadoras da ordem jurídica. Função Executiva: resolução de problemas concretos e individualizados, de acordo com as leis (comportando atos de governo e de administração). Função Jurisdicional: aplicação do direito ao caso concreto. Nesse sentido, a distinção funcional do poder consiste especialização de tarefas governamentais. Pois bem, mas vamos ao que interessa. Normalmente, o exercício precípuo das funções estatais essenciais será atribuído a órgãos independentes entre si (daí a chamada divisão dos poderes). Nesse sentido, como funções típicas: a) compete ao Poder executivo as funções de Governo e Administração; b) compete ao Poder Legislativo o exercício da elaboração de leis e a fiscalização dos atos de caráter público; e c) cabe ao Poder Judiciário o exercício da jurisdição. Entretanto, atualmente, essa divisão não se encontra mais rígida como antes. Ela evoluiu para uma nova forma de relacionamento entre os órgãos estatais, tanto que hoje se prefere falar em independência e harmonia entre os poderes. A harmonia entre os poderes consiste nas regras de convivência e respeito de um poder às prerrogativas e faculdades de outro e funciona CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL P/ O TCU PROFESSOR: FREDERICO DIAS 3 www.pontodosconcursos.com.br como uma relativização da rigidez do princípio da separação dos poderes. Já a independência dos poderes assegura que a investidura e a permanência das pessoas num órgão não dependam da vontade de outro órgão. Além disso, significa que cada poder é livre para organizar os seus serviços e para exercer suas funções (sem precisar consultar os demais poderes). Todavia, essa independência não pode mais ser considerada absoluta. Há várias interferências previstas na Constituição Federal - mecanismos de controle recíproco entre os poderes com a finalidade de evitar excessos e distorções, configurando o denominado sistema de freios e contrapesos. Ademais, atualmente, essas funções não são atribuídas de forma exclusiva. É dizer: os Poderes exercem suas funções típicas, bem como funções atípicas. Por exemplo, o chefe do Poder Executivo exerce a função legislativa de forma atípica ao editar uma medida provisória. O mesmo acontece a um tribunal do Poder Judiciário ao elaborar e publicar seu regimento. Outro exemplo é o Poder Legislativo, quando, por meio do Senado Federal, exerce função jurisdicional no julgamento do Presidente da República nos crimes de responsabilidade. Por fim, é importante você ter mente que essa repartição das funções estatais entre três órgãos distintos evita a concentração de todo o poder nas mãos de uma única pessoa. Assim, essa estrutura funciona como forma de limitação do poder do Estado, segundo a ideia de que o poder corrompe-se quando não encontra limites. 1.1 – Sistema de freios e contrapesos Relacionado com tudo que comentei acima se encontra o denominado sistema de freios e contrapesos (checks and balances), que consiste em controles (limites) recíprocos entre os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, previstos na própria Constituição Federal, com vistas a assegurar a harmonia entre tais Poderes. Há vários reflexos desse sistema de freios e contrapesos na nossa Constituição. Por exemplo, o Controle Externo do Congresso Nacional sobre os atos da Administração Pública. Ou a possibilidade de o Judiciário declarar inconstitucionais as leis aprovadas pelo Poder legislativo. Ou ainda o julgamento do Presidente da República pelo Senado Federal nos crimes de responsabilidade... e por aí vai. Tudo isso tem estreita relação com a independência e harmonia entre os poderes e com o próprio sistema de freios e contrapesos! Se você ainda não “captou o espírito” desse sistema de controles recíprocos de um CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL P/ O TCU PROFESSOR: FREDERICO DIAS 4 www.pontodosconcursos.com.br poder sobre a atuação do outro, veja o caso do processo legislativo. Se você observar com cuidado, poderá verificar como todo o processo é regido por relações de independência, controle e harmonia entre os Poderes. Dê uma olhada. Veja que esse sistema é repleto de interações entre os poderes. Assim, embora os atos de um Poder não dependam do outro, eles estarão sendo controlados segundo as regras constitucionais. Muito bonito tudo isso, não? Bonito e cai em concurso... 1. (CESPE/ANALISTA JUDICIÁRIO/ÁREA ADMINISTRATIVA/TRT 17ª REGIÃO/2009) A separação dos Poderes no Brasil adota o sistema norte-americano checks and balances, segundo o qual a separação das funções estatais é rígida, não se admitindo interferências ou controles recíprocos. O modelo de separação de Poderes no Brasil não é rígido, mas flexível, no qual todos os Poderes exercem predominantemente certas funções típicas e também funções acessórias (atípicas). Os freios e contrapesos (checks and balances) consistem em controles (limites) recíprocos entre os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, previstos na própria Constituição Federal, com vistas a assegurar a harmonia entre tais Poderes. 1 – A elaboração de leis é função precípua do Poder Legislativo2 – Há assuntos que são de iniciativa privativa do Presidente da República 3 – Quanto a esses assuntos o Congresso não pode iniciar o processo legislativo sob pena de inconstitucionalidade por vício de iniciativa 4 – Mas os parlamentares podem emendar esses projetos de lei (desde que as emendas não aumentem despesa e sejam pertinentes ao tema do projeto original) 5 – Aprovado o projeto no Congresso, ele volta ao Presidente, que poderá vetá-lo 7 – Superado o veto, o projeto ainda vai ao Presidente para promulgação, que, entretanto, não é obrigatória 8 – O Congresso não fica dependente da promulgação do Presidente, pois caso ela não ocorra, a competência passa ao vice-presidente do Senado. 9 – Por fim, e ao final de tudo, ainda poderá o Poder Judiciário declarar a lei inconstitucional 6 – Caso ocorra o veto ele poderá ser superado pelo voto dos parlamentares CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL P/ O TCU PROFESSOR: FREDERICO DIAS 5 www.pontodosconcursos.com.br Item errado. 2. (CESPE/ANALISTA JUDICIÁRIO/ÁREA ADMINISTRATIVA/ TRE - TO/2005) O legislador constituinte brasileiro distribuiu as funções estatais entre os poderes da República, sem, contudo, atribuir a exclusividade absoluta da função a determinado poder. Assim, o Poder Legislativo tem, como funções típicas, as de legislar e fiscalizar e, como funções atípicas, as de julgar e administrar. Como comentado, há especialização funcional em cada um dos poderes (em suas funções típicas), mas não há exclusividade no exercício dessas funções (pois os poderes exercem funções atípicas). Nesse sentido, além das funções típicas (legislar e fiscalizar), o Poder Legislativo desempenha as funções atípicas de julgar (julgamento, pelo Senado Federal, de autoridades da República, nos crimes de responsabilidade) e de administrar (administração dos seus bens, serviços e pessoal). Item certo. 2 – Poder Legislativo O Poder Legislativo é exercido pelo Congresso Nacional, que se compõe da Câmara dos Deputados e do Senado Federal. Assim, nosso Poder Legislativo federal é bicameral (composto por duas câmaras). As funções precípuas (típicas) do Poder Legislativo são as atividades de legislação (elaboração de normas gerais e abstratas) e fiscalização. Fiscalização? Sim... A função de fiscalização consubstancia função típica do Poder Legislativo. (Ufa! Agora, você pode ficar mais tranqüilo, sabendo que os recursos públicos estarão sendo fiscalizados pelos nobres parlamentares...) Bem, o fato é que, além das funções típicas, ele exerce também funções atípicas. Nesse sentido, exerce função administrativa ao emitir atos administrativos internos (por exemplo, a nomeação ou posse de um consultor de orçamentos do Senado Federal). Além disso, o Senado Federal exerce função jurisdicional no julgamento do Presidente da República nos crimes de responsabilidade. O Senado Federal é a Casa Legislativa que representa os estados e o Distrito Federal de forma paritária (três senadores por unidade da Federação), assegurando equilíbrio para a Federação. Por sua vez, a Câmara dos Deputados é composta por representantes do povo, de forma proporcional à população de cada unidade da federação, como decorrência do princípio republicano-democrático. CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL P/ O TCU PROFESSOR: FREDERICO DIAS 6 www.pontodosconcursos.com.br O número total de Deputados, bem como a representação por Estado e pelo Distrito Federal, será estabelecido por lei complementar, proporcionalmente à população, procedendo-se aos ajustes necessários, no ano anterior às eleições, para que nenhuma daquelas unidades da Federação tenha menos de oito ou mais de setenta Deputados (CF, art. 45, 1°). 3. (CESPE/TECNICO/TRE/ES/2011) O Poder Legislativo federal é bicameral e exercido pelo Congresso Nacional, que se compõe da Câmara dos Deputados e do Senado Federal. A assertiva está correta e reproduz o art. 44 da Constituição. Item certo. 4. (CESPE/ABIN/OFICIAL DE INTELIGÊNCIA/ ÁREA: DIREITO/2010) Os senadores, representantes dos estados e do Distrito Federal, são eleitos com três suplentes, segundo o princípio proporcional, para mandato de oito anos. De acordo com o caput do art. 46 da CF/88, o Senado Federal compõe- se de representantes dos Estados e do Distrito Federal, eleitos segundo o princípio majoritário (e não segundo o princípio proporcional). Portanto, errada a assertiva. Cada Estado e o Distrito Federal elegerão três Senadores, com mandato de oito anos (CF, art. 46, § 1º). Item errado. Objetivamente: I) Senado Federal: representação dos estados, em número de três senadores por estado, eleitos pelo princípio majoritário (como ocorre com os chefes do poder executivo) para mandato de 8 anos. II) Câmara dos Deputados: representação do povo, em número proporcional à população (entre oito e 70 deputados), eleitos pelo sistema proporcional para mandatos de 4 anos. III) Cada território elegerá quatro deputados e nenhum senador. A primeira observação pertinente é a de que os municípios não possuem representantes no Poder Legislativo Federal - não participam da formação da vontade nacional. Outro aspecto relevante é que, para a doutrina, a opção pelo bicameralismo favorece o conservadorismo, enquanto o unicameralismo propiciaria um maior avanço democrático por canalizar melhor os anseios populares. Vale destacar que o bicameralismo só ocorre em âmbito federal, uma vez que, nos estados e municípios, o Poder Legislativo é unicameral. CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL P/ O TCU PROFESSOR: FREDERICO DIAS 7 www.pontodosconcursos.com.br Lembrando que cada legislatura terá a duração de 4 anos (cada senador será eleito para duas legislaturas). Não confunda o conceito de sessão legislativa com o de legislatura. Cada legislatura abrange o período de quatro anos, que corresponde ao período de renovação na composição das casas legislativas e compreende quatro sessões legislativas ordinárias ou oito períodos legislativos. Por sua vez, a sessão legislativa ocorre anualmente. De acordo com o art. 57 da CF/88, as reuniões do Congresso Nacional ocorrem, anualmente, na Capital Federal, no período de 2 de fevereiro a 17 de julho e de 1º de agosto a 22 de dezembro. Mas a sessão legislativa não será interrompida sem a aprovação do projeto de lei de diretrizes orçamentárias (LDO). Cada sessão é composta de dois períodos legislativos, sendo um em cada semestre. Os intervalos entre os períodos legislativos, tanto no meio do ano quanto no final, são denominados de recesso parlamentar. Cabe ressaltar que, em regra, as Casas Legislativas (Câmara e Senado) atuam em separado. Todavia, há situações nas quais a Constituição exige o trabalho simultâneo (trata-se das chamadas sessões conjuntas). Nesse tipo de sessão, regida pelo regimento comum, as discussões e votações ocorrem no mesmo recinto, entretanto, a contagem dos votos se dá de forma separada. Assim, além de outros casos previstos constitucionalmente, a Câmara dos Deputados e o Senado Federal reunir-se-ão em sessão conjunta para: I - inaugurar a sessão legislativa; II - elaborar o regimento comum e regular a criação de serviços comuns às duas Casas; III - receber o compromisso do Presidente e do Vice-Presidente da República; IV - conhecer do veto e sobre ele deliberar; e V – projetos de leis orçamentárias (CF, art. 166). Atenção! A sessão conjunta não se confunde com a sessão unicameral. Nesta última, tanto as discussões quanto a contagem dos votos ocorrem de maneira conjunta, como se fosse apenas uma casa legislativa. Na Constituição só houve uma situação de sessão unicameral: processo simplificado de revisão constitucional (ADCT, art. 3°). Segundo a Constituição, a Mesa do Congresso Nacional será presidida pelo Presidente do Senado Federal, e os demais cargos serão exercidos,alternadamente, pelos ocupantes de cargos equivalentes na Câmara dos Deputados e no Senado Federal (CF, art. 57, § 5°). Na constituição das CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL P/ O TCU PROFESSOR: FREDERICO DIAS 8 www.pontodosconcursos.com.br Mesas e de cada Comissão, é assegurada, tanto quanto possível, a representação proporcional dos partidos ou dos blocos parlamentares que participam da respectiva Casa (CF, art. 58, § 1°). O § 4º do art. 57 prevê a realização de sessões preparatórias para a posse de seus membros e eleição das respectivas Mesas, para mandato de dois anos, vedada a recondução para o mesmo cargo na eleição imediatamente subseqüente. Fique atento a três detalhes: I) não pode haver reeleição para o mesmo cargo (seria admitido apenas que o vice-presidente virasse o presidente); II) a vedação à recondução só vale para eleições dentro da mesma legislatura (quando houver troca de legislatura – a cada 4 anos – não há mais essa vedação); e III) segundo o STF, a regra de vedação da recondução não é de observância obrigatória por parte dos estados-membros. Além da sessão legislativa ordinária, a Constituição prevê a possibilidade de convocação extraordinária do Congresso (CF, art. 57, § 6°): I) pelo Presidente do Senado Federal, em caso de decretação de estado de defesa ou de intervenção federal, de pedido de autorização para a decretação de estado de sítio e para o compromisso e a posse do Presidente e do Vice-Presidente- Presidente da República; II) pelo Presidente da República, pelos Presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado Federal ou a requerimento da maioria dos membros de ambas as Casas, em caso de urgência ou interesse público relevante, em todas as hipóteses deste inciso com a aprovação da maioria absoluta de cada uma das Casas do Congresso Nacional. Havendo medidas provisórias em vigor na data de convocação extraordinária do Congresso Nacional, serão elas automaticamente incluídas na pauta da convocação (CF, art. 57, § 8°). Exceto essas medidas provisórias, na sessão legislativa extraordinária, o Congresso Nacional somente deliberará sobre a matéria para a qual foi convocado, vedado o pagamento de parcela indenizatória, em razão da convocação (CF, art. 57, § 7°). Bem, combinando que (i) acabou o pagamento de indenização; com o fato de que (ii) a grande parte dessas convocações depende da aprovação da maioria absoluta dos parlamentares, você acha que ainda haverá muitas convocações extraordinárias? Vejamos algumas questões. 5. (CESPE/PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSTITUTO/MPE/RO/2010) O Senado Federal compõe-se de três representantes de cada estado e do DF, com mandato de oito anos, eleitos segundo o CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL P/ O TCU PROFESSOR: FREDERICO DIAS 9 www.pontodosconcursos.com.br princípio proporcional, sendo os representantes renovados de quatro em quatro anos, de forma alternada, por um e dois terços. De fato, o Senado Federal constitui-se de representação dos estados, em número de três senadores por estado (e três do Distrito Federal), eleitos para mandato de 8 anos (CF, art. 46, § 1°). Nos termos do § 2º do art. 46 da CF/88, a representação de cada Estado e do Distrito Federal será renovada de quatro em quatro anos, alternadamente, por um e dois terços. Entretanto, a assertiva está errada, pois os senadores serão eleitos segundo o princípio majoritário (CF, art. 46, caput). Ou seja, são eleitos os candidatos mais votados para as vagas existentes, sem a ocorrência de segundo turno. Portanto, errada a assertiva. Cabe destacar que, ao contrário dos senadores, os deputados federais serão eleitos segundo o sistema proporcional (CF, art. 45, caput). Item errado. 6. (CESPE/PROCURADOR/BACEN/2009) Na sessão legislativa extraordinária, o Congresso Nacional delibera, além da matéria para a qual foi convocado e das medidas provisórias em vigor na data da convocação, a respeito dos projetos de lei complementar em regime de urgência. Como comentado, as sessões legislativas do Congresso Nacional podem ser ordinárias ou extraordinárias. As sessões ordinárias estão previstas no art. 57 da CF, segundo o qual o Congresso Nacional reunir-se-á, anualmente, em dois períodos legislativos: de 2 de fevereiro a 17 de julho e de 1º de agosto a 22 de dezembro. Durante os intervalos desses períodos, a Constituição prevê a possibilidade de convocação extraordinária do Congresso Nacional (sessão legislativa extraordinária, disciplinada nos §§ 6° a 8° do art. 57). Na sessão legislativa extraordinária, o Congresso Nacional somente deliberará sobre a matéria para a qual foi convocado, ressalvada a única hipótese das medidas provisórias em vigor na data de convocação, que serão automaticamente incluídas na pauta (CF, art. 57, § 7° c/c § 8°). Daí o erro da assertiva, pois não se delibera sobre projetos de lei complementar em regime de urgência. Item errado. 7. (CESPE/PROMOTOR/MPE-SE/2010) O número total de deputados por estado é estabelecido em resolução do TSE, proporcionalmente à população, com os ajustes necessários no ano anterior às eleições. CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL P/ O TCU PROFESSOR: FREDERICO DIAS 10 www.pontodosconcursos.com.br Segundo o art. 45, § 1º da CF/88, o número total de Deputados (bem como a representação por Estado e pelo DF) será estabelecido por lei complementar, proporcionalmente à população. Os ajustes necessários serão realizados no ano anterior às eleições, para que nenhuma daquelas unidades da Federação tenha menos de oito ou mais de setenta Deputados. Item errado. Vistos esses detalhes, passemos a analisar as atribuições de cada um dos órgãos componentes do Poder Legislativo. 2.1 – Congresso Nacional O Congresso Nacional é o órgão legislativo federal, cabendo a ele dispor sobre todas as matérias de competência da União. As competências do Congresso estão expressas no art. 48 (em regra, exercidas mediante lei ordinária ou complementar, com sanção presidencial) e no art. 49 (exercidas mediante a edição de decreto legislativo, sem sanção presidencial). Assim, compete ao Congresso Nacional aprovar leis que versem sobre (CF, art. 48): I - sistema tributário, arrecadação e distribuição de rendas; II - plano plurianual, diretrizes orçamentárias, orçamento anual, operações de crédito, dívida pública e emissões de curso forçado; III - fixação e modificação do efetivo das Forças Armadas; IV - planos e programas nacionais, regionais e setoriais de desenvolvimento; V - limites do território nacional, espaço aéreo e marítimo e bens do domínio da União; VI - incorporação, subdivisão ou desmembramento de áreas de Territórios ou Estados, ouvidas as respectivas Assembléias Legislativas; VII - transferência temporária da sede do Governo Federal; VIII - concessão de anistia; IX - organização administrativa, judiciária, do Ministério Público e da Defensoria Pública da União e dos Territórios e organização judiciária, do Ministério Público e da Defensoria Pública do Distrito Federal; X - criação, transformação e extinção de cargos, empregos e funções públicas, observado o que estabelece o art. 84, VI, b da CF/88; CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL P/ O TCU PROFESSOR: FREDERICO DIAS 11 www.pontodosconcursos.com.br XI - criação e extinção de Ministérios e órgãos da administração pública; XII - telecomunicações e radiodifusão; XIII - matéria financeira, cambial e monetária, instituições financeiras e suas operações; XIV - moeda, seus limites de emissão, e montante da dívida mobiliária federal; XV - fixação do subsídio dos Ministros do Supremo Tribunal Federal. Destaquei algumas que considero importante saber. É importante você saber diferenciar essas competências das que veremos a seguir! As competências abaixo iniciam com verbos no infinitivo e apresentam atividades a seremdesempenhadas pelo Congresso por meio do Decreto Legislativo. É da competência exclusiva do Congresso Nacional (CF, art. 49): I - resolver definitivamente sobre tratados, acordos ou atos internacionais que acarretem encargos ou compromissos gravosos ao patrimônio nacional; II - autorizar o Presidente da República a declarar guerra, a celebrar a paz, a permitir que forças estrangeiras transitem pelo território nacional ou nele permaneçam temporariamente, ressalvados os casos previstos em lei complementar; III - autorizar o Presidente e o Vice-Presidente da República a se ausentarem do País, quando a ausência exceder a quinze dias; IV - aprovar o estado de defesa e a intervenção federal, autorizar o estado de sítio, ou suspender qualquer uma dessas medidas; V - sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar ou dos limites de delegação legislativa; VI - mudar temporariamente sua sede; VII - fixar idêntico subsídio para os Deputados Federais e os Senadores; VIII - fixar os subsídios do Presidente e do Vice-Presidente da República e dos Ministros de Estado; IX - julgar anualmente as contas prestadas pelo Presidente da República e apreciar os relatórios sobre a execução dos planos de governo; X - fiscalizar e controlar, diretamente, ou por qualquer de suas Casas, os atos do Poder Executivo, incluídos os da administração indireta; CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL P/ O TCU PROFESSOR: FREDERICO DIAS 12 www.pontodosconcursos.com.br XI - zelar pela preservação de sua competência legislativa em face da atribuição normativa dos outros Poderes; XII - apreciar os atos de concessão e renovação de concessão de emissoras de rádio e televisão; XIII - escolher dois terços dos membros do Tribunal de Contas da União; XIV - aprovar iniciativas do Poder Executivo referentes a atividades nucleares; XV - autorizar referendo e convocar plebiscito; XVI - autorizar, em terras indígenas, a exploração e o aproveitamento de recursos hídricos e a pesquisa e lavra de riquezas minerais; XVII - aprovar, previamente, a alienação ou concessão de terras públicas com área superior a dois mil e quinhentos hectares. Para treinar esses aspectos, vamos fazer algumas questões. 8. (CESPE/JUIZ/TRT1/2010) Compete ao Congresso Nacional, com a sanção do presidente da República, autorizar a exploração e o aproveitamento de recursos hídricos e a pesquisa e lavra de riquezas minerais em terras indígenas. Nos termos do art. 49, XVI da CF/88, compete exclusivamente ao Congresso Nacional autorizar a exploração e o aproveitamento de recursos hídricos e a pesquisa e lavra de riquezas minerais em terras indígenas. Essa competência será exercida mediante decreto legislativo, sem sanção presidencial. Item errado. 9. (CESPE/TÉCNICO JUDICIÁRIO/ÁREA ADMINISTRATIVA/TRT 1ª REGIÃO/2008) Compete ao Congresso Nacional fixar os subsídios dos ministros de Estado, não havendo necessidade de que a norma seja sancionada pelo presidente da República. De fato, compete ao Congresso Nacional fixar os subsídios do Presidente e do Vice-Presidente da República e dos Ministros de Estado. Como se trata de competência exclusiva do Congresso Nacional (CF, art. 49, VIII) é exercida por meio de decreto legislativo, que não se submete à sanção do Presidente da República. Item certo. 2.2 - Câmara dos Deputados O art. 51 da Constituição estabelece as competências privativas da Câmara dos Deputados, que serão tratadas por meio de resolução, sem sanção do Presidente da República ou qualquer participação do Senado Federal. Compete privativamente à Câmara dos Deputados: CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL P/ O TCU PROFESSOR: FREDERICO DIAS 13 www.pontodosconcursos.com.br I - autorizar, por dois terços de seus membros, a instauração de processo contra o Presidente e o Vice-Presidente da República e os Ministros de Estado; II - proceder à tomada de contas do Presidente da República, quando não apresentadas ao Congresso Nacional dentro de sessenta dias após a abertura da sessão legislativa; III - elaborar seu regimento interno; IV - dispor sobre sua organização, funcionamento, polícia, criação, transformação ou extinção dos cargos, empregos e funções de seus serviços, e a iniciativa de lei para fixação da respectiva remuneração, observados os parâmetros estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias; V - eleger membros do Conselho da República, nos termos do art. 89, VII. Observe que o inciso IV apresenta a iniciativa de lei para a remuneração dos seus servidores (nesse caso, o assunto não é tratado por resolução, mas por lei). Só para lembrar, o subsídio dos próprios membros (deputados) será definido por decreto legislativo do Congresso Nacional (CF, art. 49, VII). Vale destacar ainda, dentre as competências da Câmara, a autorização, por dois terços de seus membros, da instauração de processo contra o Presidente e o Vice-Presidente da República e os Ministros de Estado. Neste último caso (ministros de Estado), de acordo com o STF, só haverá necessidade de autorização da Câmara se os crimes cometidos guardarem conexão com delito de mesma natureza imputado ao Presidente da República. 10. (CESPE/TECNICO/TRE/ES/2011) Compete privativamente ao Senado Federal proceder à tomada de contas do presidente da República, quando não apresentadas ao Congresso Nacional no prazo de sessenta dias após a abertura da sessão legislativa. Compete à Câmara dos Deputados proceder à tomada de contas do Presidente da República, quando não apresentadas ao Congresso Nacional dentro de sessenta dias após a abertura da sessão legislativa (CF, art. 51, II). Item errado. 11. (CESPE/ANALISTA/PROCURADOR MUNICIPAL/PREFEITURA DE BOA VISTA/2010) Compete exclusivamente à Câmara dos Deputados sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitarem do poder regulamentar ou dos limites de delegação legislativa. Trata-se de uma das competências mais relevantes do Congresso Nacional (e não da Câmara dos Deputados). Nos termos do art. 49, V da CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL P/ O TCU PROFESSOR: FREDERICO DIAS 14 www.pontodosconcursos.com.br CF/88, é competência exclusiva do Congresso Nacional sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar ou dos limites de delegação legislativa. Item errado. 2.3 – Senado Federal Como comentado, cada estado (e o DF) elegem o número fixo de três senadores cada um, com mandato de 8 anos (2 legislaturas). Diversamente da Câmara, que se renova integralmente a cada quatro anos, no Senado a representação de cada Estado e do DF é renovada parcialmente, de quatro em quatro anos, por um e dois terços. Isso significa que, se você se lembra, foram eleitos em 2010 dois senadores para determinado estado. Na eleição subseqüente (2014) será eleito um senador. Já na de 2018, dois senadores... E assim por diante. As competências privativas do Senado estão dispostas no art. 52, são bem mais numerosas que as competências da Câmara e também são disciplinadas por resolução da Casa. Compete privativamente ao Senado Federal: I - processar e julgar o Presidente e o Vice-Presidente da República nos crimes de responsabilidade, bem como os Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica nos crimes da mesma natureza conexos com aqueles; II - processar e julgar os Ministros do Supremo Tribunal Federal, os membros do Conselho Nacional de Justiça e do Conselho Nacional do Ministério Público, o Procurador-Geral da República e o Advogado-Geral da União nos crimes de responsabilidade; III - aprovar previamente, por voto secreto, após argüição pública, a escolha de: a) Magistrados, nos casos estabelecidos nesta Constituição; b) Ministros do Tribunal de Contas da União indicados pelo Presidente da República; c) Governador de Território;d) Presidente e diretores do banco central; e) Procurador-Geral da República; f) titulares de outros cargos que a lei determinar; IV - aprovar previamente, por voto secreto, após argüição em sessão secreta, a escolha dos chefes de missão diplomática de caráter permanente; CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL P/ O TCU PROFESSOR: FREDERICO DIAS 15 www.pontodosconcursos.com.br V - autorizar operações externas de natureza financeira, de interesse da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios; VI - fixar, por proposta do Presidente da República, limites globais para o montante da dívida consolidada da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios; VII - dispor sobre limites globais e condições para as operações de crédito externo e interno da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, de suas autarquias e demais entidades controladas pelo Poder Público federal; VIII - dispor sobre limites e condições para a concessão de garantia da União em operações de crédito externo e interno; IX - estabelecer limites globais e condições para o montante da dívida mobiliária dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios; X - suspender a execução, no todo ou em parte, de lei declarada inconstitucional por decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal; XI - aprovar, por maioria absoluta e por voto secreto, a exoneração, de ofício, do Procurador-Geral da República antes do término de seu mandato; XII - elaborar seu regimento interno; XIII - dispor sobre sua organização, funcionamento, polícia, criação, transformação ou extinção dos cargos, empregos e funções de seus serviços, e a iniciativa de lei para fixação da respectiva remuneração, observados os parâmetros estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias; XIV - eleger membros do Conselho da República, nos termos do art. 89, VII da CF/88. XV - avaliar periodicamente a funcionalidade do Sistema Tributário Nacional, em sua estrutura e seus componentes, e o desempenho das administrações tributárias da União, dos Estados e do Distrito Federal e dos Municípios. Dentre as competências mais cobradas em concursos, está a de julgar diversas autoridades por crimes de responsabilidade (incisos I e II). De se observar que, nessas situações, presidirá a sessão o Presidente do STF, limitando-se a condenação (proferida por dois terços) à perda do cargo, com inabilitação, por oito anos, para o exercício de função pública, sem prejuízo das demais sanções judiciais cabíveis. Quanto a esse julgamento, o STF firmou entendimento de que a renúncia ao cargo, apresentada na sessão de julgamento, não paralisa o processo de impeachment. Ademais, não interrompe a jurisdição do Senado Federal para prosseguir no julgamento do processo, uma vez CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL P/ O TCU PROFESSOR: FREDERICO DIAS 16 www.pontodosconcursos.com.br que ainda pode ser aplicada a pena de inabilitação para o exercício de funções públicas por oito anos. Observe ainda que diversas autoridades devem passar pela chancela do Senado para terem sua nomeação aprovada. Vejamos alguns exercícios. 12. (CESPE/PROCURADOR/BACEN/2009) As matérias de competência privativa do Senado Federal não dependem de sanção presidencial e se materializam por meio de decreto legislativo. As matérias de competência privativa do Senado estão listadas no art. 52 da CF/88. De acordo com o caput do art. 48, elas não dependem de sanção presidencial. Aliás, essas matérias de competência privativa do Senado são promulgadas pela presidência da sua mesa, sem participação nem mesmo da Câmara dos Deputados. Todavia, são matérias disciplinadas por meio de resolução, e não por meio de decreto legislativo. Item errado. 13. (CESPE/JUIZ/TRT1/2010) O Senado Federal tem competência para fixar, por proposta do presidente da República, limites globais para o montante da dívida consolidada da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios. As competências privativas do Senado estão dispostas no art. 52 da CF/88 e são disciplinadas por resolução dessa Casa Legislativa, sem necessidade de sanção presidencial. De fato, é competência privativa do Senado Federal fixar, por proposta do Presidente da República, limites globais para o montante da dívida consolidada da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios (CF, art. 52, VI). Item certo. 14. (CESPE/TÉCNICO JUDICIÁRIO/ÁREA ADMINISTRATIVA/TRT 1ª REGIÃO/2008) A escolha de chefes de missão diplomática é aprovada pela Câmara dos Deputados, por maioria de votos, em escrutínio secreto. O Cespe costuma cobrar as competências do Congresso (CF, arts. 48 e 49), da Câmara (CF, art. 51) e do Senado (CF, art. 52). A assertiva está errada, pois compete ao Senado aprovar previamente, por voto secreto, após arguição em sessão secreta, a escolha dos chefes de missão diplomática de caráter permanente (CF, art. 52, IV). Item errado. CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL P/ O TCU PROFESSOR: FREDERICO DIAS 17 www.pontodosconcursos.com.br 15. (CESPE/PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSTITUTO/MPE/RO/2010) A CF prevê a reunião em sessão conjunta da Câmara dos Deputados e do Senado Federal na hipótese, entre outras, de conhecer e deliberar sobre veto. Nos termos do § 3º do art. 57 da CF/88, além de outros casos constitucionalmente previstos na Constituição, a Câmara dos Deputados e o Senado Federal reunir-se-ão em sessão conjunta para: I – inaugurar a sessão legislativa; II – elaborar o regimento comum e regular a criação de serviços comuns às duas Casas; III – receber o compromisso do Presidente e do Vice-Presidente da República; IV – conhecer do veto e sobre ele deliberar. Item certo. 16. (CESPE/PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSTITUTO/MPE/RO/2010) É de competência do Senado Federal autorizar, por dois terços de seus membros, a instauração de processo contra o presidente e o vice-presidente da República, bem como contra os ministros de Estado. Compete privativamente à Câmara dos Deputados autorizar, por dois terços de seus membros, a instauração de processo contra o presidente e o vice-presidente da República, bem como contra os ministros de Estado (CF, art. 51, I). Cabe destacar que, apesar da literalidade da Constituição, no caso de ministros de Estado, a autorização da Câmara só é necessária se o crime for conexo com o do Presidente da República, segundo entendimento do STF (QCRQO 427/DF, Rel. Min. Moreira Alves, 14.03.1990). Item errado. 17. (CESPE/PROMOTOR/MPE-SE/2010) São competências privativas do Senado Federal: julgar anualmente as contas prestadas pelo presidente da República e apreciar os relatórios sobre a execução dos planos de governo. Não compete ao Senado Federal o julgamento anual das contas do Presidente da República. Com efeito, é competência exclusiva do Congresso Nacional o julgamento anual das contas do Presidente da República e apreciar os relatórios sobre a execução dos planos de governo (CF, art. 49, IX). Item errado. 18. (CESPE/TITULARIDADE DE SERVIÇOS NOTARIAIS E DE REGISTRO/TJDFT/2008) O julgamento das contas do chefe do CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL P/ O TCU PROFESSOR: FREDERICO DIAS 18 www.pontodosconcursos.com.br Poder Executivo compete ao TCU, órgão integrante do Poder Legislativo. O Tribunal de Contas da União não julga as contas do Presidente da República. Sua competência consiste na apreciação e emissão de parecer prévio (que deverá ser elaborado em sessenta dias a contar do seu recebimento – CF, art. 71, I). Quem julga as contas do Presidente da República é o Congresso Nacional (CF, art. 49, IX). Diferente é a competência do Tribunal de Contas da União para julgar os administradores e demais responsáveis por dinheiros, bens e valores públicos da administração direta e indireta, incluídas as fundações e sociedadesinstituídas e mantidas pelo Poder Público federal, e as contas daqueles que derem causa a perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte prejuízo ao erário público (CF, art. 71, II). Portanto, item errado. Ademais, não é pacífico na doutrina se o TCU integra ou não o Poder Legislativo. Item errado. 19. (CESPE/DEFENSOR PÚBLICO/DPE/PI/2009) O Tribunal de Contas da União é órgão de orientação do Poder Legislativo, a este subordinado, apto a exercer a fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da União. Para o desempenho das atividades de Controle Externo, o Congresso Nacional será auxiliado pelo Tribunal de Contas da União (instrumento técnico na fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da União e demais entidades da administração direta e indireta). Todavia, nem por isso há uma relação de subordinação e dependência entre eles, visto que o TCU detém e exerce algumas funções de controle, as quais lhe são próprias e privativas. Item errado. 20. (CESPE/JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO/TJ-TO/2007) Os tribunais de contas são órgãos integrantes da estrutura do Poder Legislativo, com competência para auxiliá-lo no controle externo. Não é pacífico na doutrina se o TCU integra o Legislativo. Observe o que assevera o art. 44 da CF/88: o Poder Legislativo é exercido pelo Congresso Nacional, que se compõe da Câmara dos Deputados e do Senado Federal. De se notar que nada é mencionado a respeito do TCU. O Cespe adotou nesta questão posição que me parece adequada: o TCU não integra o Legislativo. Item errado. CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL P/ O TCU PROFESSOR: FREDERICO DIAS 19 www.pontodosconcursos.com.br Vejamos, a partir de agora, como a Constituição disciplina as Comissões das Casas Legislativas. Para fins de concurso, importantes mesmo são as CPIs. 2.4 – Comissões O art. 58 da CF/88 dispõe acerca das comissões permanentes e temporárias, que integram o Congresso Nacional e cada uma das Casas, e serão constituídas na forma e com as atribuições previstas no respectivo regimento ou no ato de que resultar sua criação. O § 1º do art. 58 prevê que na constituição das Mesas e de cada Comissão, seja assegurada, tanto quanto possível, a representação proporcional dos partidos ou dos blocos parlamentares que participam da respectiva Casa. Nos termos do § 2º do art. 58, compete às comissões, em razão da matéria de sua competência: I - discutir e votar projeto de lei que dispensar, na forma do regimento, a competência do Plenário, salvo se houver recurso de um décimo dos membros da Casa (ou seja, projetos de lei que não passam pelo plenário); II - realizar audiências públicas com entidades da sociedade civil; III - convocar Ministros de Estado para prestar informações sobre assuntos inerentes a suas atribuições; IV - receber petições, reclamações, representações ou queixas de qualquer pessoa contra atos ou omissões das autoridades ou entidades públicas; V - solicitar depoimento de qualquer autoridade ou cidadão; VI - apreciar programas de obras, planos nacionais, regionais e setoriais de desenvolvimento e sobre eles emitir parecer. Durante o recesso, haverá uma Comissão representativa do Congresso Nacional, eleita por suas Casas na última sessão ordinária do período legislativo, com atribuições definidas no regimento comum (CF, art. 58, § 4°). 21. (CESPE/ANALISTA/PROCURADOR MUNICIPAL/PREFEITURA DE BOA VISTA/2010) A Câmara dos Deputados e o Senado Federal, ou qualquer de suas comissões, podem convocar ministro de Estado ou quaisquer titulares de órgãos diretamente subordinados à Presidência da República para prestarem, pessoalmente, informações relativas a assunto previamente determinado, sendo que a ausência injustificada do convocado importará na prática de crime de responsabilidade. CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL P/ O TCU PROFESSOR: FREDERICO DIAS 20 www.pontodosconcursos.com.br A assertiva está correta, pois se trata de reprodução exata do caput do art. 50 da CF/88. Item certo. Vejamos agora a mais famosa das comissões. Comissão Parlamentar de Inquérito As CPIs são exemplos de mecanismos componentes do sistema de freios e contrapesos estabelecidos pela Constituição Federal. Ou seja, trata-se de uma das formas de controle dos demais poderes pelo Legislativo. Nesse sentido, as CPIs representam o desempenho de função típica do Legislativo: fiscalização. Na Constituição, apenas um dispositivo trata dessas comissões. Nesse sentido, o §3º do art. 58 estabelece que as comissões parlamentares de inquérito, que terão poderes de investigação próprios das autoridades judiciais, além de outros previstos nos regimentos das respectivas Casas, serão criadas pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal, em conjunto ou separadamente, mediante requerimento de um terço de seus membros, para a apuração de fato determinado e por prazo certo, sendo suas conclusões, se for o caso, encaminhadas ao Ministério Público, para que promova a responsabilidade civil ou criminal dos infratores. De início, observe que as CPIs são criadas por prazo certo para a investigação fato determinado. Ademais, a instauração depende de requerimento de um terço dos membros da Casa Legislativa. A indicação de prazo certo para a conclusão dos trabalhos da CPI não impede sucessivas prorrogações, desde que dentro da mesma legislatura. Objetivamente, a indicação de fato determinado: I) impede a criação de uma CPI para investigações genéricas; II) não impede que sejam investigados outros fatos de surjam durante as investigações; III) impede que o depoente seja obrigado a responder perguntas referentes a fatos estranhos. Apesar da literalidade do dispositivo constitucional, devemos lembrar que os poderes da CPI não são exatamente os mesmos de um juiz, pois elas não podem ofender o princípio da reserva de jurisdição (abrange determinadas medidas exclusivamente destinadas à competência do Poder Judiciário). Vejamos a seguir alguns entendimentos do STF sobre esse assunto. CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL P/ O TCU PROFESSOR: FREDERICO DIAS 21 www.pontodosconcursos.com.br I) É admitido que o regimento das Casas crie limites ao número de CPIs que podem ser criadas simultaneamente. II) As CPIs têm competência para investigar fatos que já estejam sendo objeto de investigação policial ou do Ministério Público. III) As CPIs não têm competência para investigar atos jurisdicionais. De qualquer forma, magistrados podem ser intimados a comparecer para depor sobre prática de atos administrativos (exercício de função atípica). Por outro lado, as CPIs têm competência para convocar membro do Ministério Público e Ministros de Estado para depor. IV) Desde que haja interesse público, CPI pode investigar negócios privados. V) CPI de um ente federado (do Congresso Nacional, por exemplo) não pode investigar irregularidade no campo material de outro ente (irregularidades em âmbito municipal, por exemplo). VI) As manifestações de congressista em CPIs estão protegidas pela imunidade material (afinal, trata-se de exercício da atividade parlamentar). VII) Os atos que impliquem restrição de direito (por exemplo, quebra de sigilo bancário) devem ser fundamentados (motivados) e decididos por maioria absoluta dos membros da comissão (princípio da colegialidade). VIII) As CPIs não têm competência para ter acesso a processo judicial em trâmite sob segredo de justiça (não quebra sigilo judicial). Ademais, vale destacar que os depoentes em CPIs têm direito: (i) ao silêncio (não auto-incriminação); (ii) ao sigilo profissional; e (iii) a ser assistido por advogado e comunicar-se com ele durante as sessões. As CPIs têm competência para convocar integrantes da população indígena para depor, desde que o depoimento seja: a) realizado no âmbito da área indígena,em dia e hora previamente acordados com a comunidade; b) assistido por um representante da FUNAI e antropólogo conhecedor da comunidade. De se destacar que as convocações por CPIs devem ser formais (regras do Código de Processo Penal): realizadas pessoalmente, não se admitindo outros meios (não se admite convocação por telefone, fax ou emails, por exemplo). Os atos de CPIs sujeitam-se a controle por mandado de segurança nos casos de ilegalidade ou abuso de poder. Todavia, admite-se também a impetração de habeas corpus quando houver ofensa, direta ou indireta, ao direito de locomoção. CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL P/ O TCU PROFESSOR: FREDERICO DIAS 22 www.pontodosconcursos.com.br Vejamos a esquematização dos aspectos mais relevantes. Logo a seguir utilizarei uma questão para comentar uma jurisprudência sobre CPIs. Sintetizando: 22. (CESPE/ANALISTA DO SEGURO SOCIAL – DIREITO/INSS/2008) As comissões parlamentares de inquérito são consequência do sistema de freios e contrapesos adotado pela Constituição Federal. As CPIs são exemplos de mecanismos componentes do sistema de freios e contrapesos estabelecidos pela Constituição Federal. Ou seja, trata-se de uma das formas de controle dos demais poderes por parte do Legislativo. Item certo. 23. (CESPE/PROCURADOR/TCE-ES/2009) De acordo com o STF, a comissão parlamentar de inquérito pode proceder à quebra de sigilo bancário da pessoa investigada, ainda que baseada em fundamentos genéricos, sem a indicação de fatos concretos e precisos. CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL P/ O TCU PROFESSOR: FREDERICO DIAS 23 www.pontodosconcursos.com.br Segundo o STF, CPI pode quebrar os sigilos bancário, fiscal e de dados telefônicos, por decorrência dos poderes de investigação que a própria CF/88 atribuiu a essas comissões (CF, art. 58, § 3°). De qualquer forma, para que uma CPI possa determinar diretamente a quebra desses sigilos é necessário demonstrar a existência concreta de causa provável que legitime essa medida excepcional. Ademais, deve estar justificado como o referido procedimento enquadra-se na investigação dos fatos determinados que deram causa à instauração dessa comissão. Item errado. 24. (CESPE/DEFENSOR PÚBLICO/DPE/PI/2009) Como instrumentos de fiscalização do Poder Legislativo, as comissões parlamentares de inquérito têm poderes de investigação próprios das autoridades judiciais, podendo determinar as diligências que julgar necessárias, tomar depoimentos, ouvir indiciados e testemunhas, requisitar documentos de órgãos públicos e promover a responsabilidade civil e criminal dos infratores. As CPIs funcionam como instrumento de fiscalização do Poder legislativo. Entretanto, não podem promover responsabilidade civil e criminal de infratores. Portanto, errada a assertiva. A competência da CPI termina com a realização da investigação e elaboração do relatório final que, se for o caso, será encaminhado ao Ministério Público, para que este sim promova a responsabilidade civil ou criminal dos infratores (CF, art. 58, § 3º). Item errado. 25. (CESPE/TÉCNICO JUDICIÁRIO/ÁREA ADMINISTRATIVA/TRT 1ª REGIÃO/2008) O Congresso Nacional instituiu comissão parlamentar de inquérito (CPI) para apuração de irregularidades nas sentenças proferidas por determinado juiz contra a União. O juiz foi convocado para prestar esclarecimentos sobre sentenças por ele prolatadas. Considerando a situação hipotética acima, assinale a opção correta, de acordo com o entendimento do STF. a) O magistrado não é obrigado a prestar depoimento que envolva sentenças por ele prolatadas. b) A CPI somente seria possível se tivesse objeto mais genérico, envolvendo a apuração de irregularidades em todo o Poder Judiciário. c) Em razão de sua formação jurídica, não é direito do juiz fazer-se acompanhar de advogado. d) A CPI não tem poderes para quebrar o sigilo dos registros telefônicos de investigado. CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL P/ O TCU PROFESSOR: FREDERICO DIAS 24 www.pontodosconcursos.com.br e) O comparecimento espontâneo do magistrado implicará a perda do direito de permanecer em silêncio, e tal conduta será interpretada como confissão. A alternativa “a” está correta. CPIs não podem investigar ato de natureza jurisdicional. De qualquer forma, as CPIs têm poderes para convocar magistrado para depor acerca da prática de atos administrativos (atuação dos magistrados segundo sua função administrativa atípica). A alternativa “b” está errada, porque CPI não pode ter objeto genérico. A CF/88 exige o apontamento de “fato determinado” para a criação dessa comissão. A alternativa “c” está errada. Qualquer depoente (investigado ou testemunha) pode ser assistido por advogado e com ele se comunicar durante as sessões da CPI. A alternativa “d” está errada, pois as CPIs têm competência para determinar a quebra dos sigilos bancário, fiscal e telefônico (dos registros telefônicos) de investigado. A alternativa “e” está errada. O direito de permanecer calado é assegurado ao depoente em CPI, evitando-se assim sua auto- incriminação, sem que isso possa ser interpretado como confissão. Gabarito: “a” 26. (CESPE/ANALISTA/PROCURADOR MUNICIPAL/PREFEITURA DE BOA VISTA/2010) As comissões parlamentares de inquérito constituídas por qualquer uma das casas do Congresso Nacional têm poderes próprios das autoridades judiciais, podendo ordenar, entre outros procedimentos, busca domiciliar e interceptação telefônica. De acordo com o art. 58, § 3°, as comissões parlamentares de inquérito têm, de fato, poderes de investigação próprios das autoridades judiciais. Assim, CPIs podem até determinar a quebra de sigilo bancário, fiscal e telefônico (acesso aos dados telefônicos). Entretanto, a quebra do sigilo telefônico (para quem ligou, quando ligou, duração de chamadas) não se confunde com interceptação telefônica. Esta última relaciona-se com a captação de conversas telefônicas (escutas telefônicas) e não poderá ser determinada por CPI, pois está protegida por reserva de jurisdição. O mesmo se pode dizer a respeito da busca domiciliar, procedimento sujeito à reserva de jurisdição, nos termos do art. 5°, XI da CF/88. Item errado. CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL P/ O TCU PROFESSOR: FREDERICO DIAS 25 www.pontodosconcursos.com.br 2.5 – Estatuto dos Congressistas Este assunto abrange as imunidades e vedações dos parlamentares, bem como as prerrogativas de foro, de serviço militar, de vencimentos e de isenção do dever de testemunhar. As imunidades são prerrogativas de ordem pública, sendo por isso irrenunciáveis, e o princípio constitucional que legitima sua existência na nossa Constituição é a separação dos Poderes. As imunidades se iniciam com a diplomação. A diplomação é ato anterior à posse, realizado pela Justiça Eleitoral e que proclama eleito o candidato. As imunidades parlamentares são classificadas em materiais e formais (ou processuais). Imunidade material → relaciona-se com as manifestações (palavras) Imunidade processual → relaciona-se com as regras processuais Nos termos do art. 53, os deputados e senadores são invioláveis civil e penalmente, por quaisquer de suas opiniões, palavras ou votos (imunidade material). Observe que, nesse caso, não ocorre o crime. As suas manifestações exaradas durante o mandato não gerarão responsabilização nem depois que eles deixarem a cadeira de parlamentar. A imunidade material abrange manifestações exaradas dentro ou fora da Casa Legislativa se a manifestação tiver conexão com a atividade parlamentar. Explicando de outra forma, observe que manifestações exaradas fora do recinto da Casa Legislativa só estarão protegidas se tiverem conexão com a atividade parlamentar. Todavia, as manifestações expendidas no recinto do Congresso estão sempre protegidas pela imunidade material, tenhaou não a sua manifestação pertinência com o exercício da atividade parlamentar. Essa imunidade protege ainda os jornalistas que venham a reproduzir as manifestações dos parlamentares. Quanto aos suplentes de parlamentares, só estarão protegidos por imunidade material quando vierem a se tornar titulares do mandato. Vale destacar que a imunidade não alcança discursos com finalidade político-eleitoral. Já a imunidade formal ou processual diz respeito às condicionantes de prisão e ao processo. Diferentemente das imunidades materiais, nas imunidades formais, os atos praticados pelos parlamentares não perdem o caráter de ilícitos e os autores responderão por esses atos. Entretanto, eles dispõem de CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL P/ O TCU PROFESSOR: FREDERICO DIAS 26 www.pontodosconcursos.com.br prerrogativas quanto à prisão e à possibilidade de sustação do andamento do processo. Quanto à prisão, o art. 53, § 2º estabelece que desde a expedição do diploma, os membros do Congresso Nacional não poderão ser presos, salvo em flagrante de crime inafiançável. Nesse caso, os autos serão remetidos dentro de vinte e quatro horas à Casa respectiva (Câmara ou Senado), para que, pelo voto da maioria de seus membros, resolva sobre a prisão. Segundo a jurisprudência do STF, essa vedação à prisão alcança inclusive as prisões civis, (ou seja, inclui o devedor de alimentos - se for parlamentar, não será preso). Essa imunidade inclui ainda a vedação à condução coercitiva do parlamentar. Entretanto, tal imunidade não impede a prisão do congressista que sofrer condenação criminal em sentença transitada em julgado (art. 55, inciso VI) e só impede a prisão do parlamentar enquanto ele estiver respondendo ao processo criminal, pendente de decisão definitiva. Quanto à sustação do processo, as regras estão previstas entre os parágrafos 3° e 5° do art. 53 da CF/88. Recebida a denúncia contra o Senador ou Deputado, por crime ocorrido após a diplomação, o STF dará ciência à Casa respectiva. Ou seja, o STF já iniciará o processo de julgamento sem qualquer autorização. A Câmara ou o Senado, assim, por iniciativa de partido político nela representado e pelo voto da maioria de seus membros, poderá, até a decisão final, sustar o andamento da ação já iniciada unilateralmente pelo STF. O pedido de sustação será apreciado pela Casa respectiva no prazo improrrogável de 45 dias de seu recebimento pela Mesa Diretora e, caso aprovado, suspenderá o prazo de prescrição do crime ou delito, enquanto durar o mandato. Esse regime foi alterado pela EC 35/2001. Até a aprovação da referida emenda, era necessária autorização prévia das Casas Legislativas para que o STF iniciasse o processo, e havia vários processos aguardando autorização das Casas para fossem iniciados no STF. Assim, quando da aprovação da EC 35/2001, o STF pronunciou-se no sentido de que a emenda alcançava todos os atos processuais dos crimes praticados anteriormente à sua aprovação. Então, o STF pôde iniciar imediatamente o julgamento dos antigos processos mesmo sem autorização das Casas Legislativas (mesmo aqueles já apreciados pelas Casas). Assim, a desnecessidade de autorização prévia da Casa Legislativa - para julgamento de Congressista - autoriza o Tribunal (STF) a julgar os processos pendentes referentes a crimes pretéritos. CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL P/ O TCU PROFESSOR: FREDERICO DIAS 27 www.pontodosconcursos.com.br Atenção! As regras estudadas são aplicáveis também aos deputados estaduais e distritais. Por outro lado, os vereadores só dispõem de imunidade material, e mesmo assim, apenas na circunscrição do município (CF, art. 29, VIII). Ademais vale destacar que, se um candidato foi eleito e reeleito diversas vezes, o STF só considera sua última diplomação para efeito de imunidade parlamentar. Ou seja, se um crime ocorreu antes da sua última diplomação, o Parlamentar não terá imunidade. Significa dizer, em resumo, cada mandato está vinculado à última diplomação do Parlamentar. Você precisa conhecer ainda as regras relativas ao foro por prerrogativa de função dos parlamentares, que serão julgados pelo STF nas infrações de natureza penal. O foro especial dos parlamentares significa que, após a diplomação, eles passam a ter a prerrogativa de serem julgados apenas perante o STF no que se refere às infrações penais. Ou seja, diplomado, o parlamentar passa a responder perante o STF, inclusive no que se refere às infrações cometidas antes da diplomação. Imagine a hipótese de um crime cometido antes da diplomação, ao qual o incriminado esteja respondendo na Justiça Comum. Após a sua diplomação, os autos do processo serão transferidos para o STF (foro especial). Mas não haverá imunidade parlamentar (afinal, o crime foi cometido antes da diplomação), somente foro especial, pois o processo continuará correndo normalmente. Vale destacar isto: o foro especial só tem aplicação durante o mandato, mas alcança crimes cometidos anteriormente. Expirado o mandato, os processos serão remetidos para a justiça comum competente. Todavia, se o STF já houver dado início ao julgamento do processo, não haverá a cessação da prerrogativa de foro com o término do mandato. Vamos sintetizar isso aí. Sintetizando: CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL P/ O TCU PROFESSOR: FREDERICO DIAS 28 www.pontodosconcursos.com.br Por fim, vale comentar que, durante o estado de sítio, devido à excepcionalidade da situação, as imunidades de Deputados e Senadores poderão ser suspensas mediante voto de dois terços dos membros da Casa respectiva. Essa suspensão se dará exclusivamente para os atos praticados fora do recinto do Congresso Nacional que sejam incompatíveis com a execução do estado de sítio (CF, art. 53, § 8°). Estabelece a Constituição, no art. 56, I, que os congressistas não perderão o mandato se forem investidos no cargo de Ministro de Estado, Governador de Território, de Prefeitura de Capital ou chefe de missão diplomática temporária. Nesse caso, poderá optar pela remuneração do mandato. Cabe destacar que, segundo o STF, o parlamentar afastado de suas funções para exercer cargo no Poder Executivo (ministro de Estado, por exemplo) não dispõe de imunidades, mas permanece seu direito à prerrogativa de foro. Outro aspecto importante: no caso de haver cidadãos comuns envolvidos no mesmo processo de um parlamentar, eles também serão julgados pelo STF. Ou seja, como o processo é um só ele vai todo para o STF. Todavia, caso haja a sustação do processo do parlamentar, os autos serão separados e a documentação referente aos outros cidadãos será encaminhada para a justiça comum, onde o processo correrá normalmente. Nos termos do art. 53, § 6° da CF/88, os deputados e senadores não serão obrigados a testemunhar sobre informações recebidas ou prestadas em razão do exercício do mandato, nem sobre as pessoas que lhes confiaram ou deles receberam informações. Trata-se de uma faculdade do congressista e não um impositivo, já que se entender CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL P/ O TCU PROFESSOR: FREDERICO DIAS 29 www.pontodosconcursos.com.br conveniente, poderá sim tornar públicas as informações de que disponha. A incorporação às forças armadas de deputados e senadores, ainda que militares, e mesmo em tempo de guerra, depende de prévia licença da Casa respectiva (CF, art. 53, § 7°). Os artigos 54 e 55 tratam das incompatibilidades e das hipóteses de perda dos mandatos dos congressistas, respectivamente. Incompatibilidades A diplomação (expedição do diploma) é ato que antecede a posse. Nesse sentido, algumas incompatibilidades ocorrem já desde a expedição do diploma. Outras se iniciarão a partir da posse. Segundo o art. 54, os parlamentares não poderão: I - Desde a expedição do diploma II - Desde a posse a) firmar ou manter contrato com pessoajurídica de direito público, autarquia, empresa pública, sociedade de economia mista ou empresa concessionária de serviço público, salvo quando o contrato obedecer a cláusulas uniformes; a) ser proprietários, controladores ou diretores de empresa que goze de favor decorrente de contrato com pessoa jurídica de direito público, ou nela exercer função remunerada; b) ocupar cargo ou função de que sejam demissíveis "ad nutum", nas entidades referidas no inciso I, "a"; b)aceitar ou exercer cargo, função ou emprego remunerado, inclusive os de que sejam demissíveis "ad nutum", nas entidades constantes da alínea anterior; c) patrocinar causa em que seja interessada qualquer das entidades a que se refere o inciso I, "a"; d) ser titulares de mais de um cargo ou mandato público eletivo. Hipóteses de perda do mandato No art. 55, são detalhadas as hipóteses de perda do cargo pelo parlamentar. Enquanto em alguns casos a perda será meramente declarada pela Mesa (CF, art. 55, § 3°) em outras hipóteses dependerá de juízo dos demais parlamentares, por voto secreto e maioria absoluta. I) Hipóteses de perda de mandato do deputado ou senador, decidida pela Mesa da Câmara ou do Senado, de ofício ou mediante provocação de qualquer de seus membros, ou de partido político representado no Congresso Nacional, assegurada ampla defesa: a) quando o congressista deixar de comparecer, em cada sessão legislativa, à terça parte das sessões ordinárias da Casa a que pertencer, salvo licença ou missão por esta autorizada; b) quando o congressista perder ou tiver suspensos os direitos políticos; e CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL P/ O TCU PROFESSOR: FREDERICO DIAS 30 www.pontodosconcursos.com.br c) quando o decretar a Justiça Eleitoral, nos casos previstos constitucionalmente. II) Hipóteses de perda de mandato decidida pela Câmara dos Deputados ou pelo Senado Federal, por voto secreto e maioria absoluta, mediante provocação da respectiva Mesa ou de partido político representado no Congresso Nacional, assegurada ampla defesa: a) quando houver infração a qualquer das proibições estabelecidas no art. 54 (impedimentos a partir da diplomação ou a partir da posse); b) quando o procedimento do parlamentar for declarado incompatível com o decoro parlamentar; c) quando o congressista vier a sofrer condenação criminal em sentença transitada em julgado. A quebra de decoro envolve, além dos casos definidos no regimento interno, o abuso das prerrogativas asseguradas aos membros do Congresso ou a percepção de vantagens indevidas (CF, art. 55, § 1°). Atenção! Mesmo com a condenação criminal transitada em julgado a perda do mandato não é automática. Haverá um juízo de conveniência e oportunidade a partir do julgamento dos pares (por voto secreto e maioria absoluta). Por outro lado, nos casos previstos nos incisos III a V do art. 55 (faltas a mais de um terço das sessões sem justificativa; perda ou suspensão dos direitos políticos e decretação pela Justiça Eleitoral), a perda se dará a partir de um ato da Mesa (meramente declaratório de uma situação já constituída ou constatada). 27. (CESPE/PROCURADOR/PGE-PE/2009) José, candidato a deputado federal pelo estado de Pernambuco, registrou sua candidatura no dia 2 de julho. A eleição ocorreu no dia 3 de outubro, e o resultado que o declarou eleito foi divulgado no dia 6 de outubro. José foi diplomado pelo TRE do Estado de Pernambuco no dia 17 de dezembro e tomou posse no cargo de deputado federal no dia 2 de fevereiro do ano seguinte. No caso hipotético apresentado acima, a imunidade formal de José deve ser contada a partir a) do registro de sua candidatura, no dia 2 de julho. b) do dia da eleição, no dia 3 de outubro. c) do dia da divulgação do resultado das eleições, no qual foi declarado eleito, no dia 6 de outubro. d) da diplomação, no dia 17 de dezembro. e) da data da posse, no dia 2 de fevereiro do ano seguinte. CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL P/ O TCU PROFESSOR: FREDERICO DIAS 31 www.pontodosconcursos.com.br A Constituição estabelece uma série de prerrogativas e vedações aos parlamentares a fim de assegurar a independência de atuação do Poder Legislativo (arts. 53 a 56 da CF/88). As chamadas imunidades estão previstas no art. 53 e podem ser segmentadas em imunidade material, formal e foro especial em razão da função. A questão trata especificamente da imunidade formal. Essa imunidade (quanto à prisão e quanto ao processo) aplica-se a crimes ocorridos após a diplomação (CF, art. 53, §§ 2° e 3°). Gabarito: “d” 28. (CESPE/TITULARIDADE DE SERVIÇOS NOTARIAIS E DE REGISTRO/TJDFT/2008) De acordo com a jurisprudência do STF, se a jurisdição especial, decorrente de prerrogativa de função, do STF, como a mais alta corte do país, é garantia constitucional do mais justo julgamento a que podem aspirar os titulares dessa prerrogativa, um deputado federal não tem, sob nenhum argumento nem pretexto, interesse jurídico em renunciar a esse favor constitucional, o que, não instituído no interesse pessoal do ocupante do cargo, mas no interesse público de seu bom exercício, integra os predicados objetivos do devido processo legal, para ser julgado por órgão de menor categoria. O Cespe resume entendimento consagrado de que a prerrogativa de função estabelecida pela Constituição visa a proteger a própria função legislativa. Não se trata de liberalidade em favor de determinadas pessoas físicas ocupantes de determinados cargos. Assim, não dispõe a autoridade da possibilidade de renunciar ao foro especial por prerrogativa de função. Item correto. 29. (CESPE/PROCURADOR DO ESTADO/PB/2008) O deputado federal que praticar crime antes da diplomação poderá ser processado e julgado normalmente pelo STF, enquanto durar o mandato legislativo. No entanto, a pedido de partido político com representação na casa, o andamento do processo poderá ser suspenso, se houver decisão, por voto ostensivo e nominal, da maioria absoluta dos parlamentares. Observe que a questão trata de duas prerrogativas parlamentares: (i) foro privilegiado perante o STF; e (ii) possibilidade de sustamento do processo por parte da Casa do parlamentar (Senado, se for senador, ou Câmara dos Deputados, se for deputado federal). Veja que essas prerrogativas passam a valer após a diplomação. Sendo mais claro, significa que desde diplomação, o parlamentar passa a ser julgado pelo STF, mesmo nos crimes praticados antes da diplomação. CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL P/ O TCU PROFESSOR: FREDERICO DIAS 32 www.pontodosconcursos.com.br Já a possibilidade de sustação do andamento do processo no STF só se aplica a crimes praticados após a diplomação (CF, art. 53, § 3º). Em resumo, após a diplomação, os crimes praticados antes dela serão julgados pelo STF, mas não haverá possibilidade de a Casa Legislativa sustar o andamento do processo. Daí o erro da questão, que considerou que o crime – cometido antes da diplomação – poderia ter o andamento do processo suspenso. Item errado. 30. (CESPE/JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO/TJ-ACRE/2007) A imunidade parlamentar de deputado estadual não alcança as ofensas proferidas fora da casa legislativa, mesmo quando estas possam ter conexão com a atividade parlamentar. Em primeiro lugar, cabe mencionar que a imunidade de deputado estadual segue o mesmo regramento da imunidade dos congressistas (CF, art. 27, § 1º). Quanto à imunidade material, ela abrange manifestações exaradas: (i) dentro da Casa Legislativa; ou (ii) fora da Casa Legislativa, se a manifestação tiver conexão com a atividade parlamentar. Explicando de outra forma, as manifestações exaradas fora do recinto da Casa Legislativa só estarão protegidas se tiverem conexão com a atividade parlamentar. Todavia, as manifestações expendidas no recinto da Assembleia Legislativa estão sempre protegidaspela imunidade material, tenha ou não a sua manifestação pertinência com o exercício da atividade parlamentar. Item errado. 31. (CESPE/DEFENSOR PÚBLICO/DPE/AL/2009) A CF não atribuiu a imunidade formal ao parlamentar municipal e não a reconheceu, ao parlamentar estadual, quanto aos crimes praticados antes da diplomação. Vejamos as regras de aplicabilidade das prerrogativas e imunidades parlamentares no âmbito estadual e municipal. I) Vereadores: não dispõem das mesmas prerrogativas e imunidades asseguradas aos congressistas; estão protegidos apenas pela imunidade material, por suas opiniões, palavras e votos no exercício do mandato, e exclusivamente na circunscrição do Município (CF, art. 29, VIII); II) Deputados estaduais e distritais: estendem-se a eles as regras constitucionais sobre inviolabilidade, imunidades, remuneração, perda de mandato, licença, impedimentos e incorporação às Forças Armadas aplicáveis aos Congressistas (CF, art. 27, § 1°). CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL P/ O TCU PROFESSOR: FREDERICO DIAS 33 www.pontodosconcursos.com.br Portanto, de fato não há imunidade formal para vereadores. Ademais, também está correto afirmar que não há imunidade formal concedida ao parlamentar estadual quanto aos crimes praticados antes da diplomação (mesma regra aplicável aos Congressistas). Item certo. 3 – Processo legislativo A Constituição estabelece uma série de atos a serem realizados pelos órgãos legislativos, visando à formação das seguintes espécies normativas, previstas no art. 59 da CF/88: (i) emendas à Constituição; (ii) leis complementares; (iii) leis ordinárias; (iv) leis delegadas; (v) medidas provisórias; (vi) decretos legislativos; e (vii) resoluções. Um detalhe interessante (e que quero que você guarde desde já) é que esses atos normativos integrantes do processo legislativo (CF, art. 59) veiculam normas primárias (normas que retiram sua validade diretamente da Constituição). E, com a exceção da emenda constitucional, todas as espécies legislativas supracitadas situam-se no mesmo nível hierárquico. Não estudaremos aqui (pois não compõem o processo legislativo) os atos secundários, que serão infralegais (se situam abaixo da lei). Como veremos, uma norma deve observar o devido processo legislativo estabelecido pela Constituição, sob pena de vício formal de inconstitucionalidade. De se destacar que, embora a produção normativa seja função típica do Poder Legislativo, os demais poderes também a exercem. Como exemplos podem ser citados os casos da edição de medidas provisórias por parte do Presidente da República e da edição dos regimentos internos dos tribunais do Poder Judiciário. É interessante observar que o STF considera que as regras básicas do processo legislativo previstas na Constituição Federal devem ser respeitadas pelas Constituições Estaduais. A partir de agora, passarei a explicar cada uma das espécies normativas previstas na Constituição. Antes disso, vale destacar que as emendas constitucionais não serão vistas aqui, pois foram abordadas juntamente com o Poder Constituinte. 3.1 – Processo legislativo ordinário Para que você compreenda o processo legislativo, é necessário ter em mente todas as fases que o compõem. I) Fase introdutória: é a fase iniciativa, instauradora do processo legislativo. Veremos em detalhes os tipos de iniciativa previstos. CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL P/ O TCU PROFESSOR: FREDERICO DIAS 34 www.pontodosconcursos.com.br II) Fase constitutiva: após a apresentação do projeto de lei, ele será discutido e votado nas duas Casas do Poder Legislativo (Câmara dos Deputados e Senado Federal). Logo após, se aprovado, seguirá para o Presidente da República para que este o sancione ou vete. III) Fase complementar: é fase final do processo legislativo, que será segmentada em duas etapas, promulgação e publicação. Bem, vamos sintetizar isso aí, para que você consiga visualizar o processo como um todo. Dessa vez, peço licença para utilizar um esquema similar ao elaborado pelo prof. Pedro Lenza em seu livro. Sintetizando: Fase introdutória A fase introdutória consiste na iniciativa de lei, faculdade que se atribui a determinado agente para apresentar projetos de lei ao Poder Legislativo. A Constituição atribui a competência para apresentar projetos de lei a qualquer membro ou Comissão da Câmara, Senado ou do Congresso Nacional, ao Presidente da República, aos Tribunais Superiores, ao Procurador Geral da República e aos cidadãos (CF, art. 61). Ademais, o Tribunal de Contas da União pode iniciar processo legislativo sobre seus cargos, serviços e funções (CF, art. 73 e art. 96, II). Mas observe que alguns desses legitimados (destacados de azul) apresentam apenas a chamada iniciativa restrita (tribunais, PGR e TCU). Ou seja, eles não podem iniciar o processo legislativo sobre quaisquer matérias em geral, mas só sobre aqueles temas expressamente autorizados na Constituição. É o caso do Procurador-Geral da República (PGR), que só pode apresentar projetos de lei referentes ao Ministério Público da União (CF, arts. 127, § 2° e 128, § 5°). Outro caso de iniciativa restrita é a conferida aos Tribunais do Judiciário e Tribunais de contas para apresentação de projetos referentes à sua organização (CF, arts. 93, 96, II, 73 e 130). CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL P/ O TCU PROFESSOR: FREDERICO DIAS 35 www.pontodosconcursos.com.br Por outro lado, os demais legitimados podem propor projetos de lei sobre quaisquer assuntos, exceto aqueles de iniciativa privativa (reservada ou exclusiva). Trata-se da chamada iniciativa geral. A iniciativa privativa ocorre quando apenas determinada autoridade (ou órgão) pode propor leis sobre certa matéria. Vejamos quais são esses casos. Chefe do Poder Executivo → CF, art. 61, § 1° e art. 165, I, II e III. STF → Estatuto da magistratura (Lei complementar, segundo CF, art. 93). STF, Tribunais superiores e TJs → organização da justiça (CF, art. 96, II). PGR → organização do Ministério Público (cargos, carreira etc.) (CF, art. 127, § 2°) Interessante observar que há ainda a chamada iniciativa concorrente, que pertence simultaneamente a mais de uma autoridade ou órgão. É o caso da Lei complementar sobre a organização do MPU, que é concorrente entre o Presidente da República (CF, art. 61, § 1°, II, “d”) e o PGR (CF, art. 128, § 5°). Observe que há a possibilidade de iniciativa popular de projeto de lei (inclusive para leis complementares). Trata-se de iniciativa geral, outorgada a qualquer cidadão, mas não individualmente. Com efeito, a Constituição exige a subscrição do projeto por, no mínimo, um por cento do eleitorado nacional, distribuído por, no mínimo, cinco estados membros, com não menos de 0,3% (três décimos por cento) dos eleitores de cada um (CF, art. 61, § 2º). A iniciativa popular também está prevista para os estados-membros e para os municípios. No âmbito dos estados-membros e do DF a Constituição estabelece que: a lei disporá sobre a iniciativa popular no processo legislativo estadual (CF, art. 27, §4°). Quanto aos municípios, a possibilidade de iniciativa popular já está prevista na Constituição. Assim, esses projetos de lei de interesse específico do Município, da cidade ou de bairros, terão a iniciativa por meio da manifestação de, pelo menos, cinco por cento do eleitorado (art. 29, XIII). Quanto à Casa iniciadora do processo legislativo, a regra é a seguinte: I) iniciativa de parlamentar ou comissão: na respectiva Casa Legislativa. II) iniciativa do Presidente da República, do STF, Tribunais Superiores, Procurador Geral da República e cidadãos: Câmara dos Deputados. III) iniciativa de Comissão Mista do Congresso: alternadamente na Câmara e no Senado Federal. CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL P/ O TCU PROFESSOR: FREDERICO DIAS 36 www.pontodosconcursos.com.br
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