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Controle de Constitucionalidade e Ordem Econômica

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DIREITO CONSTITUCIONAL P/ O TCU (TEORIA E EXERCÍCIOS) 
PROFESSOR: FREDERICO DIAS 
1 
www.pontodosconcursos.com.br 
Aula 9 - Controle de Constitucionalidade - Parte 2. Ordem 
econômica e financeira. Atividade econômica do Estado. 
Princípios das atividades econômicas, propriedades da ordem 
econômica. Sistema Financeiro Nacional. Princípios 
constitucionais da seguridade social. Sistema Tributário 
Nacional. 
Bom dia! 
Esta é a última aula do nosso curso. Espero que essas aulas tenham 
sido importantes para seu aprendizado. 
Se você tiver gostado do meu trabalho, quero mencionar que nas 
próximas semanas lançarei um livro de Direito constitucional – “Questões 
comentadas do Cespe”, pela editora Método (Grupo Gen, dentro do Selo 
Vicente e Marcelo). Espero que aprecie. 
Hoje, terminaremos o estudo do controle de constitucionalidade das leis. 
Logo a seguir estudaremos também a ordem econômica, a ordem social 
e o Sistema Tributário Nacional. 
Veja o conteúdo da Aula de hoje 
1 – Ação Declaratória de Constitucionalidade 
1.1 – Requisitos e objeto 
1.2 – Atuação do Procurador-Geral da República e do Advogado-Geral da 
União 
1.3 – Medida cautelar 
2 – Ação direta de inconstitucionalidade por omissão 
2.1 – Objeto 
2.2 – Medida cautelar 
2.3 – Efeitos da decisão 
2.4 – Atuação do Procurador-Geral da República e do Advogado-Geral da 
União 
3 – Argüição de Descumprimento de Preceito Fundamental 
4 – Representação de Inconstitucionalidade 
5 – Ordem Econômica e Financeira - Princípios 
5.1 – Atividade econômica do Estado 
5.2 – Sistema Financeiro Nacional 
6 – Ordem Social e Seguridade Social 
6.1 – Princípios constitucionais da seguridade social 
6.2 – Financiamento da Seguridade Social 
7 – Sistema Tributário Nacional 
8 – Exercícios de fixação 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL P/ O TCU (TEORIA E EXERCÍCIOS) 
PROFESSOR: FREDERICO DIAS 
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Boa aula! 
1 – Ação Declaratória de Constitucionalidade
Na aula passada, vimos a ADI. A Constituição prevê também a ação 
declaratória de constitucionalidade – ADC, criada pela Emenda 
Constitucional nº 3, de 1993 para o reconhecimento da 
constitucionalidade de uma norma federal (estadual não). 
Trata-se de ação de mesma natureza da ADI, uma vez que: 
I) também é ação do controle abstrato (de natureza objetiva e de 
competência do STF); 
II) tem os mesmos legitimados da ADI; 
III) seus efeitos têm o mesmo alcance dos efeitos da ADI (erga omnes, 
ex tunc, efeito vinculante e repristinatório). 
É também cabível a manipulação desses efeitos pelo STF, caso a ação 
resulte na inconstitucionalidade da lei. 
O que as diferencia essencialmente é que na ADC o que se pede é a 
pronúncia de constitucionalidade da norma (e não de 
inconstitucionalidade). Interessante observar que, por isso, a ADC é 
considerada a ADI de sinal trocado. Ou seja, no caso da ADC: 
- se a ADC é julgada procedente, estará sendo declarada a 
constitucionalidade da norma impugnada; 
- se a ADC é julgada improcedente, estará sendo declarada a 
inconstitucionalidade da norma impugnada. 
Daí seu caráter dúplice ou ambivalente (como o da ADI), uma vez que 
surte efeitos num e noutro sentido (tanto na procedência, quanto na 
improcedência). 
A ADC tem cabimento em situações nas quais esteja ocorrendo 
controvérsia judicial sobre a validade de determinadas normas, 
resultando em decisões antagônicas. Nesse caso, um dos legitimados 
pela Constituição poderá propor uma ação declaratória de 
constitucionalidade perante o STF, para que o Tribunal decida sobre a 
constitucionalidade da norma, terminando, definitivamente, com a 
controvérsia entre os juízos inferiores. 
De se destacar que, devido à semelhança entre as ações, quase tudo 
que foi mencionado em relação à ADI aplica-se à ADC. Tratarei dos 
aspectos em que elas se diferenciam. 
Assim, no que se refere à decadência, amicus curiae, desistência e ação 
rescisória, são plenamente aplicáveis à ADC as regras estudadas em 
relação à ADI. 
 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL P/ O TCU (TEORIA E EXERCÍCIOS) 
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1.1 – Requisitos e objeto
Para a propositura da ação declaratória de constitucionalidade é 
imprescindível que o autor comprove a existência de controvérsia 
judicial relevante sobre a aplicação da disposição objeto da ação, 
conforme previsto na Lei nº 9.868/99, art. 14, III. 
Isso significa que só será legítima a propositura da ADC se o autor 
comprovar esse requisito. Assim, se o STF entender que o autor não 
comprovou a existência de controvérsia judicial relevante, a ação não 
será conhecida. 
Observe que se trata de controvérsia judicial relevante. Segundo o STF 
a mera divergência doutrinária não é suficiente para autorizar a 
propositura de ADC. 
No que tange ao objeto, é interessante observar que as mesmas 
considerações feitas para a ADI aplicam-se aqui. Mas há uma diferença 
substancial entre o objeto dessas ações. 
Alíás, trata-se de assunto bastante cobrado em concursos. Veja como é 
fácil... Em ADI, o STF aprecia leis e atos normativos federais e 
estaduais. Já a ADC não admite lei ou ato normativo estadual como 
seu objeto, mas somente leis ou atos normativos federais (CF, art. 102, 
I, a). 
Assim, de acordo com o art. 102, I, “a”: 
I – é cabível ADI para leis e atos normativos federais ou estaduais; e 
II – é cabível ADC apenas para leis ou atos normativos federais. 
Então vai uma pergunta sobre o DF, continuando aquele exemplo lá de 
trás, em que a Câmara Legislativa do DF aprove duas leis: uma sobre 
IPTU (imposto de competência municipal) e outra sobre ICMS (imposto 
de competência estadual). 
Qual dessas leis poderia ser impugnada no Supremo em sede de ADC? 
Você acertou se respondeu: “nenhuma das duas”, tendo em vista que o 
STF só julga ação declaratória de constitucionalidade de leis ou atos 
normativos federais. 
1.2 – Atuação do Procurador-Geral da República e do Advogado-
Geral da União
A manifestação do Procurador-Geral da República é obrigatória, pois a 
Constituição Federal determina que ele será ouvido nas ações de 
inconstitucionalidade e em todos os processos de competência do STF 
(CF, art. 103, § 1º). 
Entretanto, o STF afastou a obrigatoriedade de citação do Advogado-
Geral da União no processo de ADC, pois o seu papel, no controle em 
 
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abstrato, é defender a norma impugnada, e nessa ação não há norma 
legal impugnada a ser defendida. 
Você deve lembrar que nessa ação o autor requer a declaração de 
constitucionalidade da norma. 
1.3 – Medida Cautelar
O STF poderá deferir pedido de medida cautelar na ação declaratória de 
constitucionalidade, da mesma forma que na ADI, por decisão da maioria 
absoluta de seus membros. 
Como você sabe, os pedidos em ADI e ADC são distintos. Enquanto na 
primeira objetiva-se a declaração de inconstitucionalidade da lei, na 
segunda visa-se à confirmação de sua constitucionalidade. 
O mesmo raciocínio deve ser utilizado para se distinguir os efeitos da 
cautelar em ADI e ADC. Em sede de ADI, a concessão de cautelar 
acarreta: (i) a suspensão da eficácia da norma; (ii) a suspensão do 
julgamento de processos envolvendo sua aplicação; e (iii) a repristinação 
(ou o retorno da eficácia) da legislação anterior, que tinha sido revogada. 
Por outro lado, se na ADC o pedido é pelo reconhecimento da validade 
da norma, não faz sentido que a cautelar resulte na suspensão de sua 
eficácia. Assim, o efeito da cautelar em ADC será o de suspensão dos 
processos judiciais e julgamentos que envolvam a aplicação da lei ou 
ato normativo objeto da ação. 
Concedida a medida cautelar, deverá o STF proceder ao julgamento da 
ação no prazo de 180 (cento e oitenta) dias, sob pena de perdade sua 
eficácia. 
Assim como na ação direta, a concessão da medida cautelar em ação 
declaratória de constitucionalidade produzirá eficácia erga omnes e efeito 
vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à 
Administração Pública Federal, nas esferas federal, estadual e municipal. 
Ademais, como na ação direta, a medida cautelar em ação declaratória 
produzirá efeitos ex nunc, mas o STF poderá conceder-lhe efeitos 
retroativos (ex tunc), desde que o faça expressamente. 
Vamos dar uma olhada em alguns exercícios. 
1) (CESPE/AGENTE DE POLÍCIA CIVIL SUBSTITUTO/PCRN/2008) 
As decisões definitivas de mérito proferidas pelo STF, nas ações 
declaratórias de constitucionalidade, produzirão eficácia contra todos 
e efeito vinculante relativamente aos demais órgãos do Poder 
Judiciário, Poder Legislativo e à administração pública direta e 
indireta, em todas as esferas. 
De acordo com o art. 102, § 2º da CF/88, as decisões de mérito do STF 
na Ação Declaratória de Constitucionalidade – ADC produzirão: 
 
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I) eficácia contra todos ou erga omnes (na medida em que alcança a 
todos, não apenas as partes de um determinado processo); e 
II) efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário 
e à Administração Pública direta e indireta, nas esferas federal, 
estadual, distrital e municipal (pois nenhum outro órgão do Poder 
Judiciário ou da Administração Pública poderá desrespeitar a decisão). 
O mesmo ocorre com as decisões em ADI e ADPF proferidas pelo STF. 
Item errado. 
2) (CESPE/ANALISTA DE CONTROLE 
EXTERNO/DIREITO/TCE/AC/2009) Podem propor ação direta de 
inconstitucionalidade e ação declaratória de constitucionalidade, 
entre outros legitimados, o presidente da República, o procurador-
geral da República e o advogado-geral da União. 
A lista dos legitimados à interposição de ADI está expressa no art. 103 
da CF/88: 
“Podem propor a ação direta de inconstitucionalidade e a ação 
declaratória de constitucionalidade: 
I - o Presidente da República; 
II - a Mesa do Senado Federal; 
III - a Mesa da Câmara dos Deputados; 
IV - a Mesa de Assembléia Legislativa ou da Câmara Legislativa do 
Distrito Federal; 
V - o Governador de Estado ou do Distrito Federal; 
VI - o Procurador-Geral da República; 
VII - o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil; 
VIII - partido político com representação no Congresso Nacional; 
IX - confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional.” 
De se observar que o Advogado Geral da União não dispõe de 
competência para a proposição de ADI. Daí o erro da questão. 
Item errado. 
3) (CESPE/PROCURADOR/TCE-ES/2009) Segundo entendimento do 
STF, no controle abstrato de constitucionalidade de lei ou ato 
normativo, a eficácia vinculante da ação declaratória de 
constitucionalidade se distingue, em sua essência, dos efeitos das 
decisões de mérito proferidas nas ADIs. 
As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal 
Federal, nas ações diretas de inconstitucionalidade e nas ações 
declaratórias de constitucionalidade produzirão efeito vinculante, 
relativamente aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração 
 
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pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal (CF, 
art. 102, § 2º). 
Segundo o STF, a eficácia vinculante da ação declaratória de 
constitucionalidade, fixada pelo § 2º do artigo 102 da Carta da República, 
não se distingue, em essência, dos efeitos das decisões de mérito 
proferidas nas ações diretas de inconstitucionalidade (Rcl 1880, Rel. Min. 
Maurício Corrêa, julgamento em 07/11/02). 
Aliás, observe que, enquanto a ADI é proposta a fim de se declarar a 
inconstitucionalidade da lei, a ADC tem por finalidade a declaração de 
constitucionalidade da lei. 
Apesar de várias semelhanças entre as duas ações, vale relembrarmos 
algumas distinções entre elas. 
I – Só podem ser objeto de ADC leis e atos normativos federais (no caso 
da ADI, podem ser federais ou estaduais). 
II – Constitui pressuposto para a impetração da ADC a demonstração 
inicial de relevante controvérsia judicial. 
III – Os efeitos da concessão de medida cautelar em ADC restringem-se 
à suspensão dos julgamentos que envolvam a aplicação da lei ou ato em 
discussão. 
IV – Não há atuação do AGU em sede de ADC, pois a própria ação já 
objetiva a defesa da lei. 
V - É de se destacar ainda que em sede de ADI, o relator pedirá 
informações aos órgãos e entidades dos quais emanou a lei ou ato 
questionado. Como na ADC não há ato ou lei sendo atacado, não se faz 
necessário esse pedido de informações. 
Item errado. 
2 – Ação direta de inconstitucionalidade por omissão
A ação direta de inconstitucionalidade por omissão (ADO) tem aplicação 
nas omissões inconstitucionais (situações nas quais não se cumpre o 
dever de elaboração de norma que regulamente determinado dispositivo 
constitucional) 
Ou seja, é medida que visa a tornar efetiva norma constitucional, por 
meio do reconhecimento da inconstitucionalidade da inércia do 
legislador infraconstitucional quanto ao dever de regulamentar a norma. 
Assim, em situações de omissão do legislador (ou de um órgão 
administrativo) em editar norma tratando de determinado assunto, poderá 
um dos legitimados pela Constituição Federal (CF, art. 103, I ao IX) 
propor ADI por omissão perante o STF, para que seja reconhecida a 
inconstitucionalidade da mora. 
 
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Diversos detalhes já apresentados para a ADI são aplicáveis à ADO, 
uma vez que esta é apenas uma variante daquela. De se destacar que, 
recentemente, foi editada a nova lei da ADO (Lei nº 12.063/2009), que 
estabelece toda a disciplina processual dessa ação. 
2.1 – Objeto
A omissão inconstitucional que pode acarretar a impetração de ADO é 
aquela que efetivamente desrespeita a Constituição: ou seja, situações 
nas quais havia a obrigação (e não a mera faculdade) de ser 
regulamentado determinado dispositivo constitucional. 
Em suma, as hipóteses de ajuizamento desta ação não decorrem de toda 
e qualquer espécie de omissão do Poder Público, mas sim daquelas 
omissões relacionadas com as normas constitucionais de eficácia 
limitada de caráter obrigatório. 
Considerando a classificação do prof. José Afonso da só dará 
ensejo à propositura da ação direta de inconstitucionalidade por omissão 
a falta de norma regulamentadora: 
I) de normas constitucionais de eficácia limitada definidoras de 
princípios programáticos (normas programáticas propriamente ditas); 
ou 
II) de normas constitucionais de eficácia limitada definidoras de 
princípios institutivos ou organizativos de natureza impositiva. 
É dizer que as normas de princípio institutivo ou organizativo que 
sejam meramente facultativas não darão ensejo à omissão 
inconstitucional (trata-se de simples faculdade, não de obrigação). 
2.2 – Medida Cautelar
Inicialmente, a jurisprudência do STF firmou-se no sentido de que não 
cabe concessão de medida cautelar em ADI por omissão. Entretanto, 
esse entendimento foi superado pela edição da Lei nº 12.063/09, que 
recentemente regulamentou o processo de ADI por omissão perante o 
STF. Essa norma passou a prever expressamente a concessão de 
medida cautelar em ADO. 
Assim, em caso de excepcional urgência e relevância da matéria, o 
Tribunal, por decisão da maioria absoluta de seus membros, poderá 
conceder medida cautelar, após a audiência dos órgãos ou autoridades 
responsáveis pela omissão inconstitucional, que deverão pronunciar-se 
no prazo de 5 (cinco) dias. 
A medida cautelar poderá consistirna: (i) suspensão da aplicação da lei 
ou do ato normativo questionado, no caso de omissão parcial; bem como 
(ii) na suspensão de processos judiciais ou de procedimentos 
 
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administrativos; ou ainda (iii) em outra providência a ser fixada pelo 
Tribunal. 
Portanto, atenção! A legislação atual prevê a possibilidade de concessão 
de medida cautelar em sede de ADI por omissão. 
2.3 – Efeitos da Decisão
Declarada a inconstitucionalidade por omissão, será dada ciência ao 
Poder competente para a adoção das providências necessárias e em 
caso de omissão imputável a órgão administrativo, as providências 
deverão ser adotadas no prazo de 30 (trinta) dias, ou em prazo razoável 
a ser estipulado excepcionalmente pelo Tribunal, tendo em vista as 
circunstâncias específicas do caso e o interesse público envolvido. 
Observe como o efeito da ADO é distinto para Poderes ou para órgãos 
administrativos: 
I) omissão de um dos Poderes → será dada mera ciência; 
II) omissão de órgãos → será fixado prazo de 30 dias para a edição dos 
atos necessários ao saneamento da omissão. 
2.4 – Atuação do Procurador-Geral da República e do Advogado-
Geral da União
Segundo a tradicional jurisprudência do STF, a função do Advogado-
Geral da União como defensor da norma impugnada não ocorreria em 
ADI por omissão (ADO). 
Entretanto, a nova lei da ADO (Lei nº 12.063/2009) estabelece que o 
relator poderá solicitar manifestação do AGU, a ser encaminhada no 
prazo de 15 dias. 
Já a manifestação do Procurador-Geral da República continua sendo 
obrigatória, pois a Constituição Federal determina que ele será ouvido 
nas ações de inconstitucionalidade e em todos os processos de 
competência do STF (CF, art. 103, § 1º). 
Veja como o Cespe não deixa nada pra trás... 
4) (CESPE/DEFENSOR PÚBLICO/DPU/2010) A legislação em vigor 
não admite a concessão de medida cautelar em ação direta de 
inconstitucionalidade por omissão. 
Questão recentíssima! E já cobrando essa alteração na nossa matéria. 
A jurisprudência do STF foi superada pela edição da Lei nº 12.063/09, 
que passou a prever expressamente a concessão de medida cautelar em 
ADO. 
Assim, em caso de excepcional urgência e relevância da matéria, o 
Tribunal, por decisão da maioria absoluta de seus membros, poderá 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL P/ O TCU (TEORIA E EXERCÍCIOS) 
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conceder medida cautelar, após a audiência dos órgãos ou autoridades 
responsáveis pela omissão inconstitucional, que deverão pronunciar-se 
no prazo de 5 (cinco) dias. 
Item errado. 
5) (CESPE/AUDITOR FISCAL DA RECEITA 
ESTADUAL/SEFAZ/ES/2008) Segundo o entendimento do STF, o 
advogado-geral da União deve, obrigatoriamente, ser citado no 
processo de ação direta de inconstitucionalidade por omissão. 
Segundo a tradicional jurisprudência do STF, a função do Advogado-
Geral da União como defensor da norma impugnada não ocorreria em 
ADI por omissão (ADO). Portanto, a questão foi considerada errada à 
época. 
Hoje, com a edição da nova lei da ADO (Lei nº 12.063/2009), o relator 
poderá solicitar manifestação do AGU, a ser encaminhada no prazo de 
15 dias. 
Então, entendo que, apesar da nova regulamentação sobre o tema, a 
assertiva permanece incorreta, concorda? Afinal, compete ao relator a 
decisão de ouvi-lo ou não (não existindo a obrigatoriedade mencionada 
na assertiva). 
Item errado. 
3 – Argüição de Descumprimento de Preceito Fundamental 
A arguição de descumprimento de preceito fundamental (ADPF) 
decorrente da Constituição será apreciada pelo Supremo Tribunal 
Federal (CF, art. 102, § 1º). 
A Lei nº 9.882/99, regulamentando esse dispositivo, estabeleceu o 
processo e o julgamento dessa ação. Aliás, cabe destacar que o STF 
tinha se posicionado no sentido de que o art. 102, § 1º da CF/88 era 
norma constitucional de eficácia limitada, portanto dependente de 
regulamentação. 
A ADPF tem por objeto evitar (preventiva) ou reparar (repressiva) lesão 
a preceito fundamental, resultante de ato do Poder Público, e quando for 
relevante o fundamento da controvérsia constitucional sobre lei ou ato 
normativo federal, estadual ou municipal, incluídos os anteriores à 
Constituição. 
Ou seja, após a criação da ADPF tanto as normas municipais quanto 
as pré-constitucionais passaram a ser objeto do controle abstrato 
perante o STF. 
Os legitimados são os mesmos legitimados para propositura de ADI 
(CF, art. 103, I ao IX). 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL P/ O TCU (TEORIA E EXERCÍCIOS) 
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Observe, assim, que será cabível a arguição de descumprimento de 
preceito fundamental: 
I) para evitar ou reparar lesão a preceito fundamental, resultante de ato 
do Poder Público; e 
II) diante de relevante controvérsia constitucional sobre lei ou ato 
normativo. 
Nesta última situação, o autor da ação tem o ônus de comprovar a 
existência de controvérsia judicial relevante sobre a aplicação do preceito 
fundamental que se considera violado. 
Quanto ao conceito de preceito fundamental, não está estabelecido o 
que seria isso propriamente. Para a doutrina, tudo o que diga respeito às 
questões vitais do Estado enquadrar-se-iam nesse conceito (direitos 
individuais, forma federativa de Estado, fundamentos da República etc.). 
Segundo o STF, compete a ele próprio o juízo acerca do que se há de 
compreender como preceito fundamental. 
Cabe comentar sobre a subsidiariedade da ADPF. Com efeito, é 
incabível a argüição de descumprimento de preceito fundamental quando 
houver outro meio eficaz de sanar a lesividade. 
Isso significa que não se admite a ADPF se for cabível alguma das 
demais ações do controle abstrato de constitucionalidade que 
tenham finalidade semelhante (ADI e ADC). 
De se registrar que essa natureza susidiária permite que uma ADPF 
impetrada no STF venha a ser conhecida como outra ação do 
controle abstrato (ADI, por exemplo), caso seja admitida esta ação. 
Assim, de acordo com a Suprema Corte, é possível a conversão da 
ADPF em ADI diante da perfeita satisfação dos requisitos exigidos à 
propositura desta (legitimidade ativa, objeto, fundamentação e pedido) e 
em observância ao princípio da fungibilidade. 
Quanto à possibilidade de medida cautelar, o STF, por decisão da 
maioria absoluta de seus membros, poderá deferir pedido de medida 
liminar na argüição de descumprimento de preceito fundamental. Em 
caso de extrema urgência ou perigo de lesão grave, ou ainda, em 
período de recesso, poderá o relator conceder a liminar, ad referendum 
do Tribunal Pleno. 
A liminar poderá consistir na determinação de que juízes e tribunais 
suspendam o andamento de processo ou os efeitos de decisões judiciais, 
ou de qualquer outra medida que apresente relação com a matéria objeto 
da argüição de descumprimento de preceito fundamental, salvo se 
decorrentes da coisa julgada. 
A força da decisão definitiva de mérito do STF proferida em ADPF é a 
mesma estudada para a decisão proferida em ação direta de 
inconstitucionalidade 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL P/ O TCU (TEORIA E EXERCÍCIOS) 
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A decisão sobre a argüição de descumprimento de preceito fundamental 
somente será tomada se presentes na sessão pelo menos dois terços 
dos Ministros (oito Ministros). Se houver necessidade de declaração da 
inconstitucionalidade do ato do Poder Público que tenha lesionado 
preceito fundamental, a decisão deverá ser tomada por maioria absoluta 
(CF/88, art. 97). 
Em razão da força vinculante desta ação, caberá reclamação contra o 
descumprimento da decisão proferida pelo Supremo Tribunal Federal em 
ADPF. 
A lei estabelece que a decisão proferida em ADPF terá eficáciacontra 
todos e efeito vinculante relativamente aos demais órgãos do Poder 
Público (Lei nº 9.882/1999, art. 10, § 3º). 
6) (CESPE/ANALISTA DE CONTROLE 
EXTERNO/DIREITO/TCE/AC/2009) Quem não tem legitimidade 
para propor ação direta de inconstitucionalidade não a tem para 
ação de descumprimento de preceito fundamental (ADPF), razão 
pela qual prefeito municipal é parte ilegítima para propor ADPF. 
Isso mesmo! O rol de legitimados da ADI é o mesmo do rol de 
legitimados da ADPF. Não há legitimidade ativa em ADI para o prefeito 
municipal. 
Item certo. 
7) (CESPE/PROCURADOR/TCE-ES/2009) De acordo com o 
entendimento do STF, a arguição de descumprimento de preceito 
fundamental não pode ser conhecida como ADI, em face de sua 
especificidade, ainda que o objeto do pedido principal da arguição 
seja a declaração de inconstitucionalidade de preceito autônomo por 
ofensa a dispositivos constitucionais, e que estejam presentes os 
demais requisitos da ADI. 
Deixe-me utilizar essa questão para abordar a chamada fungibilidade 
entre as ações do controle abstrato de constitucionalidade. Para o 
Supremo Tribunal Federal, as ações do controle de constitucionalidade 
(ADI, ADC e ADPF) são fungíveis: ou seja, uma pode ser substituída pela 
outra, sem prejuízo ao pedido e à apreciação da ação. 
Assim, nos termos da jurisprudência da Corte, é possível a conversão da 
argüição de descumprimento de preceito fundamental em ação direta de 
inconstitucionalidade, diante da perfeita satisfação dos requisitos 
exigidos à propositura desta (legitimidade ativa, objeto, fundamentação e 
pedido) e em observância ao princípio da fungibilidade. 
Nesse sentido, com base no princípio da fungibilidade, conheceu-se de 
argüição proposta como ação direta de inconstitucionalidade, ante a 
perfeita satisfação dos requisitos exigidos à sua propositura - 
legitimidade ativa, objeto, fundamentação e pedido (ADI 4.180/DF, Rel. 
Min. Cezar Peluso, julgamento em 10/03/2010). 
 
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Item errado. 
8) (CESPE/PROCURADOR/BACEN/2009) O STF reconhece a prefeito 
municipal legitimidade ativa para o ajuizamento de arguição de 
descumprimento de preceito fundamental, não obstante a ausência 
de sua legitimação para a ação direta de inconstitucionalidade. 
A assertiva está errada porque a argüição de descumprimento de 
preceito fundamental – ADPF só pode ser proposta por um dos 
legitimados pela Constituição para a proposição de ADI. Todas as ações 
do controle abstrato perante o STF têm os mesmos legitimados, que são 
os apontados no art. 103, I a IX, da Constituição. 
Item errado. 
4 – Representação de Inconstitucionalidade 
Já vimos, ao estudar a Organização do Estado, que há uma hipótese 
excepcional de afastamento temporário da autonomia de um ente 
federado para forçá-lo ao cumprimento da Constituição. Trata-se do 
processo de intervenção (CF, arts. 34 a 36). 
Assim, podemos considerar que também o processo de intervenção 
funciona como procedimento de controle de constitucionalidade. 
Interessa-nos nesse momento a chamada representação interventiva – 
em que o Poder Judiciário provê ação impetrada pelo Procurador-Geral 
da República (ou Procurador-Geral de Justiça) em duas hipóteses de 
intervenção provocada: ofensa aos princípios constitucionais sensíveis e 
recusa à execução de lei federal (CF/88, art. 36, III). 
Assim, você deve se lembrar de que, nessas duas situações (princípios 
sensíveis e aplicação de lei federal), a intervenção federal dependerá de 
provimento, pelo Supremo Tribunal Federal, de representação 
interventiva do Procurador-Geral da República. 
Os princípios sensíveis estão enumerados no art. 34, VII, da 
Constituição Federal: 
a) forma republicana, sistema representativo e regime democrático; 
b) direitos da pessoa humana; 
c) autonomia municipal; 
d) prestação de contas da administração pública, direta e indireta; 
e) aplicação do mínimo exigido da receita resultante de impostos 
estaduais, compreendida a proveniente de transferências, na 
manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços 
públicos de saúde. 
 
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Para a doutrina, essa hipótese de intervenção configura autêntica ação 
direta, motivo pelo qual, é conhecida como ação direta de 
inconstitucionalidade interventiva – ADI Interventiva. 
A recusa à execução de lei federal é outra das hipóteses autorizadoras 
da intervenção da União nos Estados e no Distrito Federal (CF, art. 34, 
VI). Por sua vez, essa última hipótese de intervenção é conhecida como 
ação de executoriedade de lei, uma vez que se objetiva compelir a 
observância de uma lei federal (e não diretamente da Constituição). 
De se observar que a ADI Interventiva consubstancia controle 
concentrado (no STF) diante de casos concretos cuja iniciativa é privativa 
do Procurador-Geral da República. 
No âmbito dos Estados-membros, a representação interventiva será 
proposta perante o Tribunal de Justiça para assegurar a observância de 
princípios indicados na Constituição Estadual, ou para prover a execução 
de lei, de ordem ou de decisão judicial (CF, art. 35, IV). 
A legitimação para propor a ação direta interventiva no Estado pertence 
exclusivamente ao Procurador-Geral de Justiça, Chefe do Ministério 
Público do Estado. 
Vamos finalizar o estudo do controle de constitucionalidade com algumas 
questões? 
9) (CESPE/PROCURADOR/TCE-ES/2009) Compete originariamente 
ao STF julgar a ADI ajuizada em face de lei ou ato normativo do DF, 
praticado no exercício de sua competência estadual ou municipal. 
Assunto bastante cobrado em concursos. Veja como é fácil... Em ADI, o 
STF aprecia leis e atos normativos federais e estaduais. Já a ADC não 
admite lei ou ato normativo estadual como seu objeto, mas somente 
leis ou atos normativos federais (CF, art. 102, I, a). 
O DF acumula as competências estaduais e municipais. Pois bem, sendo 
assim, será cabível ADI de leis ou atos normativos distritais apenas no 
exercício da sua competência estadual. 
Item errado. 
10) (CESPE / ANALISTA ADMINISTRATIVO / TRE/ES / 2011) Somente 
pelo voto da maioria absoluta de seus membros ou dos membros do 
respectivo órgão especial podem os tribunais declarar a 
inconstitucionalidade de lei ou de ato normativo do poder público. 
Trata-se da reserva de plenário, prevista no art. 97 da CF/88 e já 
estudada aula passada. 
Item certo. 
11) (CESPE/ANALISTA DE CONTROLE 
EXTERNO/DIREITO/TCE/AC/2009) O STF, por decisão de dois 
terços de seus membros, poderá deferir pedido de medida cautelar 
 
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na ação declaratória de constitucionalidade, consistente na 
determinação de que os juízes e os tribunais suspendam o 
julgamento dos processos que envolvam a aplicação da lei ou do ato 
normativo objeto da ação até seu julgamento definitivo. 
A medida cautelar ou liminar será concedida mediante voto da maioria 
absoluta dos ministros do Supremo, havendo necessidade da presença 
de pelo menos oito ministros na seção. 
Pois é, a questão foi considerada errada pelo Cespe, já que menciona 
quorum de dois terços quando a lei exige maioria absoluta. O estranho é 
que se é possível conceder-se cautelar com voto da maioria absoluta, é 
também possível que essa medida seja concedida com quorum de dois 
terços, que é superior, você não acha? 
Item errado. 
12) (CESPE/ANALISTA DE CONTROLE EXTERNO/TCE/AC/2008) 
Acerca do controle de constitucionalidade, assinale a opção correta. 
a) O advogado-geral da União não pode atuar na ação direta de 
inconstitucionalidade. 
b) A decisão que declarar a inconstitucionalidadede uma lei estadual, 
no controle concentrado, não vincula a assembléia legislativa que a 
aprovou, que pode, por isso, editar nova lei com idêntico teor. 
c) A decisão de declaração de inconstitucionalidade no controle 
concentrado vincula, inclusive, o STF. 
d) Os efeitos da decisão de declaração de inconstitucionalidade, no 
controle concentrado, em geral, não retroagem. 
e) A decisão de declaração de inconstitucionalidade, no controle 
concentrado, não vincula o estado-membro, que pode continuar a 
aplicar a lei. 
A alternativa “a” está errada, pois o Advogado-Geral da União atua sim 
na ADI, segundo sua função de defensor da norma impugnada, em nome 
do princípio de presunção da constitucionalidade das leis. 
Ao contrário do procedimento em sede de ADI, essa manifestação do 
Advogado-Geral da União não ocorre na ADC, uma vez que, nessa ação, 
o autor busca a declaração de constitucionalidade, não havendo 
necessidade de defesa da norma em questão. 
A alternativa “b” está correta, pois o efeito vinculante da decisão em 
controle concentrado não se estende ao poder legislativo, que poderá 
editar nova lei com o mesmo teor daquela declarada inconstitucional pelo 
Judiciário. 
A alternativa “c” está errada, pois o efeito vinculante também não alcança 
o STF. 
 
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A alternativa “d” está errada, pois, em regra, as decisões de mérito no 
âmbito do controle de constitucionalidade retroagem (ex tunc), 
alcançando fatos passados. 
A alternativa “e” está errada, pois a decisão de declaração de 
inconstitucionalidade no controle concentrado vincula também o estado-
membro, que não pode continuar aplicando a lei. 
Gabarito: “b” 
13) (CESPE/PROCURADOR MUNICIPAL/PGM/NATAL/2008) Segundo 
a jurisprudência do STF, é cabível, em ação direta de 
constitucionalidade, o controle judicial preventivo de 
constitucionalidade. 
Na realidade, é admitida a fiscalização preventiva de constitucionalidade. 
Entretanto, esse controle deve se dar na via incidental. Isso porque não 
se admite ADI de projetos de lei ou de projetos de emenda. 
Para ser cabível a ADI, a lei deve estar vigente. 
Item errado. 
14) (CESPE/PROCURADOR MUNICIPAL/PGM/NATAL/2008) O STF 
admite o controle de constitucionalidade preventivo em sede de 
controle incidental. 
O controle preventivo visa a evitar a edição de normas inconstitucionais. 
De fato, esse controle prévio não ocorre em sede de ADI, mas apenas no 
controle incidental. 
Item certo. 
15) (CESPE/DELEGADO DE POLÍCIA/POLÍCIA CIVIL/PB/2008) As 
decisões definitivas de mérito, proferidas nas ações diretas de 
inconstitucionalidade e na ação declaratória de constitucionalidade, 
produzem eficácia erga omnes e efeitos vinculantes aos três 
poderes. 
Questão batida... A decisão não vincula nem o STF nem o poder 
legislativo em suas funções típicas. 
Item errado. 
16) (CESPE/DEFENSOR PÚBLICO DA UNIÃO/DPU/2007) Decisão que 
declara a constitucionalidade ou a inconstitucionalidade de norma 
pode ser atacada por embargos de declaração, mas não poderá ser 
desconstituída em ação rescisória. 
A decisão de mérito que declara a constitucionalidade ou a 
inconstitucionalidade em sede de ADI é irrecorrível mediante a 
interposição de ação rescisória. A única exceção feita é a referente à 
interposição de embargos declaratórios, visando sanar omissões, 
obscuridade ou contradição contida no acórdão. 
 
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Assim, são admitidos embargos de declaração, mas não ação rescisória 
contra acórdão proferido em ação direta de inconstitucionalidade no STF. 
Item certo. 
17) (CESPE/PROCURADOR/BACEN/2009) A decisão que concede 
medida cautelar em ação declaratória de constitucionalidade não se 
reveste da mesma eficácia contra todos nem de efeito vinculante 
que a decisão de mérito. 
Expressamente, a Constituição só outorga efeito vinculante às decisões 
definitivas de mérito em ADI e ADC (“As sentenças definitivas de 
mérito” - art. 102, § 2º, da CF/88). Todavia, o STF firmou entendimento 
de que também a decisão que concede medida cautelar nas ações do 
controle abstrato é dotada de efeito vinculante relativamente aos demais 
órgãos do Poder Judiciário e à Administração Pública direta e indireta 
nas esferas federal, estadual, distrital e municipal. 
Guarde o seguinte: ao contrário das decisões de mérito, as medidas 
cautelares têm efeito ex nunc; entretanto, assim como as decisões de 
mérito, as cautelares têm efeito vinculante e eficácia erga omnes. 
Item errado. 
18) (CESPE/JUIZ/TRF 5.a REGIÃO/2009) Os tribunais de justiça dos 
estados, por decisão da maioria relativa de seus membros, podem 
deferir pedido de medida cautelar na ação declaratória de 
constitucionalidade consistente na determinação de que os juízes e 
os tribunais suspendam o julgamento dos processos que envolvam a 
aplicação da lei ou do ato normativo objeto da ação até seu 
julgamento definitivo. 
A medida cautelar será concedida mediante voto da maioria absoluta 
dos membros do tribunal. 
Item errado. 
19) (CESPE/PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSTITUTO/MP/RN/2009) A 
arguição de descumprimento de preceito fundamental tem 
precedência sobre qualquer outro meio de controle de 
constitucionalidade cabível e apto a sanar a lesão a preceito 
fundamental. 
Pelo contrário. Dada sua característica de ação subsidiária, só será 
cabível a ADPF se não houver outro meio de controle de 
constitucionalidade objetivo cabível e apto a sanar a lesão a preceito 
fundamental. 
Essa é a regra do art. 4°, § 1° da Lei 9.882/99: 
“Não será admitida argüição de descumprimento de preceito fundamental 
quando houver qualquer outro meio eficaz de sanar a lesividade.” 
Item errado. 
 
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20) (CESPE/AGENTE ADMINISTRATIVO/MS/2008) O autor de ação 
direta de constitucionalidade deve demonstrar a existência de 
controvérsia, quanto à constitucionalidade da norma, entre os 
órgãos competentes para a sua aplicação ou entre os julgadores de 
sua validade no ordenamento jurídico. 
Para que uma ADC seja conhecida pelo STF é imprescindível que o seu 
autor demonstre na inicial a existência de relevante controvérsia 
judicial sobre a validade da lei. 
Ora, se a lei foi publicada e não há nenhuma controvérsia sobre a sua 
validade, prevalece o princípio da presunção de constitucionalidade das 
leis. Para quê então provocar o STF (a mais alta Corte) do país a fim de 
fazê-lo declarar o óbvio, isto é, que a lei é constitucional? 
Daí é que vem a necessidade de demonstração dessa relevante 
controvérsia judicial sobre a validade da lei. Ou seja, demonstrar que há 
decisões divergentes entre juízes e tribunais pelo país. 
Atenção! A controvérsia para legitimar a propositura da ADC deve ser 
judicial (perante os órgãos do Poder Judiciário, em casos concretos, na 
via difusa). A comprovação da existência de controvérsia doutrinária 
sobre a validade da lei não é suficiente. 
Item certo. 
21) (CESPE/PROCURADOR/PGE-PE/2009) A intervenção de terceiros 
é admitida no controle concentrado de constitucionalidade, por meio 
do instituto do amicus curiae. 
Como vimos, considerando a relevância da matéria e a 
representatividade dos postulantes, o relator poderá admitir a 
manifestação de outros órgãos ou entidades. Essa figura é denominada 
de amicus curiae. 
Atenção! Não é caso de intervenção de terceiros. Portanto, errada a 
questão. 
Aliás, o próprio art. 7° da Lei n.° 9.868/99 não admite intervenção de 
terceiros no processo de ação direta de inconstitucionalidade. 
Item errado. 
22) (CESPE/AGENTE ADMINISTRATIVO/MS/2008) O governador doDF não detém pertinência temática para propor ação direta de 
inconstitucionalidade contra lei estadual paulista que conceda 
isenção de imposto sobre circulação de mercadorias e serviços 
(ICMS) a empresa instalada no DF. 
Primeiramente, cabe comentar que o Governador do DF é um dos 
legitimados para a propositura das ações do controle abstrato perante o 
STF (CF, art. 103, V). 
 
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Todavia, os governadores classificam-se como legitimados especiais: 
aqueles que devem cumprir o requisito da pertinência temática para o 
cabimento da ação. 
É dizer: para o Governador do DF ter interesse de agir nessa ação, ele 
deve demonstrar que a lei afeta de algum modo os interesses do Distrito 
Federal. 
Assim, pode ser até uma lei editada em São Paulo, desde que a referida 
lei esteja afetando os interesses do DF. No caso da questão, está bem 
clara essa hipótese, tendo em vista que a lei afeta comerciantes 
instalados no DF. 
Item errado. 
23) (CESPE/DEFENSOR PÚBLICO/DPU/2010) Considere que o art.Y 
da Constituição do estado X estabeleça a legitimidade de deputado 
estadual para propor ação de inconstitucionalidade de lei municipal 
ou estadual em face da Constituição estadual. Nesse caso, 
conforme entendimento do STF, o referido art. Y poderá ser 
considerado constitucional. 
De acordo com o art. 125, § 2º da CF/88, cabe aos Estados a instituição 
de representação de inconstitucionalidade de leis ou atos normativos 
estaduais ou municipais em face da Constituição Estadual, vedada a 
atribuição da legitimação para agir a um único órgão. 
Ou seja, está claro que, ao estabelecer os legitimados para a impetração 
de ADI perante o TJ, não poderá o estado-membro atribuir a legitimação 
para agir a apenas um único órgão. 
A questão está correta, portanto, pois é cabível a atribuição de 
competência para o deputado estadual. 
A dúvida que fica é se a Constituição Estadual deveria seguir 
simetricamente a legitimação estabelecida no art. 103 da CF/88. Poderia 
o estado-membro ampliar aquele rol? Poderia reduzi-lo? 
O STF já se posicionou no sentido de que a ampliação daquele rol seria 
possível. Assim, considerou válida a legitimação ativa de deputado 
estadual para propor ação direta de inconstitucionalidade de normas 
locais em face da Constituição do Estado, à vista do art. 125, § 2º, da 
Constituição Federal (RE 261.677, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, 
julgamento em 6-4-06). Portanto, item correto. 
Quanto à redução, ainda não temos um entendimento pacífico (e não há 
decisão do STF firmando entendimento); entretanto a doutrina considera 
que deveria o estado-membro seguir a regra do art. 103 para a 
legitimação ativa em sede de ADI perante o TJ local. 
Item certo. 
24) (CESPE/ANALISTA ADMINISTRATIVO/DPU/2010) O controle de 
constitucionalidade preventivo é realizado durante a etapa de 
 
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formação do ato normativo, com o objetivo de resguardar o processo 
legislativo hígido. Caso haja proposta de emenda constitucional 
tendente a abolir direito fundamental, qualquer dos legitimados 
poderá ajuizar, ainda durante o processo legislativo, ação direta de 
inconstitucionalidade para impedir o trâmite dessa emenda. 
Não cabe ADI de proposta de emenda constitucional. Como comentado, 
esse controle preventivo só pode ser realizado por meio de mandado de 
segurança impetrado por parlamentar, no âmbito do controle incidental. 
Item errado. 
25) (CESPE/JUIZ FEDERAL SUBSTITUTO/TRF 1ª REGIÃO/2010) Se 
determinado legitimado constitucional ajuizar, perante o STF, ação 
direta de inconstitucionalidade, tendo por objeto emenda 
constitucional pendente de publicação oficial, então, nesse caso, de 
acordo com entendimento do STF, mesmo que a publicação venha a 
ocorrer antes do julgamento da ação, a hipótese será de não 
conhecimento da ação direta de inconstitucionalidade, uma vez 
ausente o interesse processual. 
Segundo jurisprudência do STF, não configura carência da ação o fato 
de uma emenda ter sido questionada por ADI antes de sua publicação, 
desde que esta (a publicação da emenda constitucional atacada) tenha 
ocorrido antes do julgamento da causa (ADI 3.367/DF, Rel. Min. Cezar 
Peluso, julgamento em 13/04/2005). 
Assim, se as condições da ação coexistirem à data da sentença, 
considera-se presente o interesse processual em ADI de emenda 
constitucional publicada, oficialmente, no curso do processo, mas antes 
da sentença. 
Item errado. 
26) (CESPE/JUIZ FEDERAL SUBSTITUTO/TRF 1ª REGIÃO/2010) 
Sabe-se que o STF tem reconhecido, excepcionalmente, a 
possibilidade de modulação ou limitação temporal dos efeitos da 
declaração de inconstitucionalidade, mesmo quando proferida em 
sede de controle difuso. Nesse sentido, revela-se aplicável, segundo 
entendimento da Suprema Corte, a mesma teoria da limitação 
temporal dos efeitos, se e quando o colegiado, ao julgar 
determinada causa, nela formular juízo negativo de recepção, por 
entender que certa lei pré-constitucional se mostra materialmente 
incompatível com normas constitucionais a ela supervenientes. 
Como comentado, não é cabível a modulação temporal dos efeitos em 
juízo de recepção/revogação do direito pré-constitucional pela 
Constituição vigente. 
Segundo o STF, a não-recepção de ato estatal pré-constitucional, por 
não implicar a declaração de sua inconstitucionalidade – mas o 
reconhecimento de sua pura e simples revogação –, descaracteriza um 
 
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dos pressupostos indispensáveis à utilização da técnica da modulação 
temporal: a necessária existência de um juízo de inconstitucionalidade 
(RE 353508 AgR/RJ, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 
15/05/2007). 
Item errado. 
27) (CESPE/JUIZ FEDERAL SUBSTITUTO/TRF 1ª REGIÃO/2010) A 
decisão que concede medida cautelar em ação declaratória de 
constitucionalidade é investida da mesma eficácia contra todos e 
efeito vinculante presentes na decisão de mérito, razão pela qual é 
cabível o ajuizamento de reclamação em face de decisão judicial 
que, após a concessão da cautelar, contrarie o entendimento 
firmado pelo STF, desde que a decisão tenha sido exarada em 
processo sem trânsito em julgado, ou seja, com recurso pendente. A 
reclamação, segundo entendimento da Suprema Corte, tem 
natureza de remédio processual de função corregedora. 
De fato, devido ao efeito vinculante, é cabível reclamação contra decisão 
judicial que contrarie medida cautelar concedida em ADC (lembrando 
que a decisão do STF indeferindo a cautelar não dispõe de efeito 
vinculante). 
Entretanto, como comentado em questão anterior, a reclamação não é 
cabível contra decisão que transitou em julgado. Assim, guarde isso: o 
STF somente admite a reclamação nos casos de processos sem 
trânsito em julgado, ou seja, com recurso ainda pendente. 
Item certo. 
Sinceramente, o controle de constitucionalidade é bastante complexo. 
Foram muitos detalhes. Por isso, se possível, interrompa esta aula aqui e 
deixe para estudar ordem econômica e social em outro momento (mais 
tarde, ou amanhã). Isso para que você possa absorver uma maior 
quantidade de informações... Mas, se preferir, vejamos mais estes três 
assuntos! 
5 – Ordem Econômica e Financeira - Princípios 
As bases constitucionais da ordem econômica nacional encontram-se 
compreendidas entre os arts. 170 e 192 da CF/88. 
No Brasil, a Constituição de 1934 foi a que primeiro consignou princípios 
e normas sobre a ordem econômica, sob influência da Constituição 
Alemã de Weimar. Podemos dizer que essa constitucionalização da 
ordem econômica e social (ao inserirum título expressamente 
destinado à ordem econômica e social) é reflexo do crescimento da 
ideologia do Estado de Bem-Estar Social, que preconizava reformas 
progressivas em busca da convergência entre liberdade e igualdade, e 
 
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da conciliação da democracia liberal com um ideário de vertente mais 
social. 
Trata-se do que José Afonso da Silva denomina de elementos sócio-
ideológicos, conjunto de normas que revela o caráter de compromisso 
das constituições modernas entre o Estado liberal e o Estado social 
intervencionista – sendo que este segundo objetiva suavizar as injustiças 
e opressões econômicas e sociais que se desenvolveram à sombra do 
liberalismo. 
Isso não quer dizer que a Constituição de 1934 (ou qualquer outra) 
flertava com o socialismo. Era apenas um modo de, por um lado, 
humanizar o capitalismo liberal como forma de se prevenir o crescimento 
do socialismo no mundo ocidental. Por outro lado, regular a atuação do 
Estado como forma de colocar ordem na vida econômica e social, mas 
ainda dentro do chamado “modo de produção capitalista”. 
De lá pra cá muita coisa mudou, mas ainda na nossa Carta Cidadã 
(CF/88), continua existindo o título da Ordem Econômica e Financeira, 
em que se estabelecem princípios, diretrizes e normas para a 
intervenção do Estado na ordem econômica. 
Assim, se por um lado a Constituição se apóia na apropriação privada 
dos meios de produção e na iniciativa privada (CF, art. 170), ela 
também impõe condicionamentos à atividade econômica. 
Portanto, a Constituição autoriza a intervenção do Estado no domínio 
econômico, de variadas formas, a fim de assegurar que a riqueza 
produzida pelo regime capitalista seja efetivamente um meio de propiciar 
melhor qualidade de vida a todos, de acordo com o fundamento da 
dignidade da pessoa humana. 
Assim, a atividade econômica só atinge sua finalidade quando puder 
prover, de forma efetiva, existência digna e justiça social para os 
brasileiros. 
Com efeito, o próprio caput do art. 170 da CF/88 consigna que a ordem 
econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre 
iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os 
ditames da justiça social. 
Portanto, guarde isso: de acordo com o art. 170, nossa ordem econômica 
é fundada na união entre capital (livre iniciativa) e trabalho (valorização 
do trabalho humano) e objetiva a justiça social e a dignidade da 
pessoa humana. 
O esquema abaixo sintetiza as principais informações do art. 170 
(observe em especial a listagem os princípios). 
Sintetizando: 
 
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Atenção! Não deixe de memorizar os princípios acima. 
8.1 – Atividade econômica do Estado
Apesar de optar por uma economia descentralizada de mercado 
(fundada na livre iniciativa), a Constituição autoriza o Estado a intervir 
no domínio econômico de diversas formas. 
Por um lado, pode exercer funções de fiscalização, incentivo e 
planejamento, observados os princípios constitucionais. 
Ademais, poderá também atuar diretamente nas relações 
econômicas, em regime monopolista ou concorrencial. 
Aproveitando a distinção estabelecida por José Afonso da 
podemos segmentar duas formas de ingerência do Estado na ordem 
econômica: 
I) a intervenção – baseada no art. 174 da CF/88, caracterizando o 
Estado como agente normativo e regulador; e 
II) a participação – baseada nos arts. 173 a 177, caracterizando o 
Estado administrador de atividades econômicas. 
Tudo isso tendo sempre como finalidade última assegurar a todos 
existência digna, conforme os ditames da justiça social. 
ORDEM ECONÔMICA 
Fundada Finalidade 
Valorização 
do Trabalho 
Humano 
Livre 
Iniciativa 
Assegurar a todos existência 
digna, conforme os ditames 
da Justiça Social 
PRINCÍPIOS I - soberania nacional; 
II - propriedade privada; 
III - função social da propriedade; 
IV - livre concorrência; 
V - defesa do consumidor; 
VI - defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o 
impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e prestação; 
VII - redução das desigualdades regionais e sociais; 
VIII - busca do pleno emprego; 
IX - tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte constituídas sob as leis 
brasileiras e que tenham sua sede e administração no País. 
Parágrafo único. É assegurado a todos o livre exercício de qualquer atividade econômica, 
independentemente de autorização de órgãos públicos, salvo nos casos previstos em lei. 
 
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Atuação estatal como agente normativo e regulador
Segundo o art. 174 da CF/88: 
“Como agente normativo e regulador da atividade econômica, o Estado exercerá, na 
forma da lei, as funções de fiscalização, incentivo e planejamento, sendo este 
determinante para o setor público e indicativo para o setor privado.” 
Observe que a atuação do Estado como agente normativo e regulador 
abrange as funções de fiscalização, incentivo e planejamento. 
A fiscalização pressupõe o poder de regulamentação, apuração de 
responsabilidades e punição. 
O incentivo traz a ideia do Estado como promotor da economia 
(atividade de fomento). Do exercício dessa função decorre o 
favorecimento ao cooperativismo, ao associativismo (CF, art. 174, §§ 2° 
a 4°), bem como às microempresas (CF, art. 179): 
“§ 2º - A lei apoiará e estimulará o cooperativismo e outras formas de 
associativismo. 
§ 3º - O Estado favorecerá a organização da atividade garimpeira em cooperativas, 
levando em conta a proteção do meio ambiente e a promoção econômico-social dos 
garimpeiros. 
§ 4º - As cooperativas a que se refere o parágrafo anterior terão prioridade na 
autorização ou concessão para pesquisa e lavra dos recursos e jazidas de minerais 
garimpáveis, nas áreas onde estejam atuando, e naquelas fixadas de acordo com o 
art. 21, XXV, na forma da lei.” 
“Art. 179. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios dispensarão às 
microempresas e às empresas de pequeno porte, assim definidas em lei, tratamento 
jurídico diferenciado, visando a incentivá-las pela simplificação de suas obrigações 
administrativas, tributárias, previdenciárias e creditícias, ou pela eliminação ou 
redução destas por meio de lei.” 
Observe como tudo está relacionado! 
Por sua vez, o planejamento econômico consiste num processo de 
intervenção estatal com o fim de organizar atividades econômicas a fim 
de se obter resultados previamente estabelecidos. Nos termos do art. 
174, § 1° da CF/88: 
“§ 1º - A lei estabelecerá as diretrizes e bases do planejamento do desenvolvimento 
nacional equilibrado, o qual incorporará e compatibilizará os planos nacionais e 
regionais de desenvolvimento.” 
Objetivamente: o planejamento será: 
→ Determinante para o setor público 
→ Indicativo para o setor privado 
Atuação estatal direta no domínio econômico (como Estado 
administrador)
 
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Há duas formas de exploração direta da atividade econômica pelo 
Estado brasileiro: (i) a participação sob monopólio (CF, art. 177); e (ii) a 
denominada participação necessária, quando o exigir a segurança 
nacional ou algum interesse coletivo relevante (CF, art. 173). 
O art. 177 da CF/88 estabelece um rol das atividades que serão 
exploradas em regime de monopólio público, com caráter de 
exclusividade. Trata-se de atividades relacionadas a petróleo, gás natural 
e minérios ou minerais nucleares. 
O art. 177, § 1°, apresenta uma hipótesede flexibilização do monopólio 
ao possibilitar a contratação de empresas privadas para a exploração 
das atividades relacionadas nos incisos I a IV. Entretanto, essa 
flexibilização foi realizada com certo cuidado uma vez que a lei 
estabelecerá as condições. Com efeito, essa lei deverá dispor sobre (CF, 
art. 177, § 2°): 
I - a garantia do fornecimento dos derivados de petróleo em todo o 
território nacional; 
II - as condições de contratação; 
III - a estrutura e atribuições do órgão regulador do monopólio da União. 
Ao contrário, no âmbito das atividades de pesquisa, lavra, 
enriquecimento, reprocessamento, industrialização e comércio de 
minérios e minerais nucleares e seus derivados (inciso V) não há 
possibilidade de flexibilização desse monopólio da União. Observe que 
não se trata de exploração de recursos minerais em geral, mas apenas 
aos nucleares. 
Nesse sentido, não poderá ser concedida a empresas privadas a 
exploração dessas atividades concernentes a minérios e minerais 
nucleares e seus derivados. Todavia, essa regra admite uma exceção 
relativa aos radioisótopos, cuja produção, comercialização e utilização 
poderão ser autorizadas sob regime de permissão, conforme as alíneas b 
e c do inciso XXIII do art. 21 da Constituição Federal. 
Monopólio da União (art. 177) 
I - a pesquisa e a lavra das jazidas de petróleo e gás natural e 
outros hidrocarbonetos fluidos; 
II - a refinação do petróleo nacional ou estrangeiro; 
III - a importação e exportação dos produtos e derivados básicos 
resultantes das atividades previstas nos incisos anteriores; 
IV - o transporte marítimo do petróleo bruto de origem nacional 
ou de derivados básicos de petróleo produzidos no País, bem 
assim o transporte, por meio de conduto, de petróleo bruto, seus 
derivados e gás natural de qualquer origem; 
V - a pesquisa, a lavra, o enriquecimento, o reprocessamento, a industrialização e o comércio 
de minérios e minerais nucleares e seus derivados, com exceção dos radioisótopos cuja 
produção, comercialização e utilização poderão ser autorizadas sob regime de permissão, 
conforme as alíneas b e c do inciso XXIII do caput do art. 21 da Constituição Federal. 
A União poderá 
contratar com 
empresas estatais ou 
privadas a realização 
dessas atividades, 
observadas condições 
legais (§ 1º) 
 
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Cabe destacar que, nos termos do art. 177, § 3°, a lei disporá sobre o 
transporte e a utilização de materiais radioativos no território nacional. 
O art. 173 da CF/88 regula a forma de exploração direta de atividade 
econômica pelo Estado, que deverá ocorrer apenas em situações 
excepcionais: 
“Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a exploração direta de 
atividade econômica pelo Estado só será permitida quando necessária aos 
imperativos da segurança nacional ou a relevante interesse coletivo, conforme 
definidos em lei.” 
De se perceber que a exploração de atividade econômica será realizada, 
em regra, pela iniciativa privada. A atuação do Estado como agente 
produtivo só ocorrerá nessas hipóteses exclusivas: (i) nos casos 
previstos na Constituição; (ii) quando exigir a segurança nacional; 
ou (iii) nos casos de relevante interesse coletivo. 
Esse exercício de atividade econômica pelo Estado geralmente é 
realizado por meio da criação de pessoas jurídicas de direito privado, 
exclusivamente para a consecução dessas atividades: as chamadas 
empresas públicas e sociedades de economia mista. Essas entidades se 
sujeitam ao regime do art. 173, se explorarem atividade econômica, e ao 
regime do art. 175, se prestarem serviços públicos. 
Pois bem, as pessoas jurídicas de direito privado que exploram atividade 
econômica estão sujeitas de forma predominante ao direito privado. 
Nesse sentido, o § 1° do art. 173 dispõe que uma lei estabelecerá o 
estatuto jurídico dessas entidades exploradoras de atividade econômica. 
Esse estatuto ainda não existe, mas, quando essa lei for editada deverá 
tratar de diversos temas já determinados pelo art. 173, § 1°. O esquema 
abaixo sintetiza os aspectos mais relevantes do art. 173. 
Sintetizando: 
O art. 176 da CF/88 trata da exploração de recursos minerais e 
potenciais de energia hidráulica, dispondo que tanto uns quanto outros 
 
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pertencem à União e constituem propriedade distinta da do solo
para efeito de exploração ou aproveitamento. 
Ou seja, independente de quem seja o dono do solo, permanece a 
propriedade da União sobre a energia hidráulica e os recursos minerais 
(art. 21, VIII e IX). De qualquer forma, nos termo do § 2°, é assegurada 
ao proprietário do solo participação nos resultados da lavra, na forma e 
no valor que dispuser a lei. 
A União não precisa explorar diretamente esses potenciais (hidráulicos e 
minerais). Assim, a pesquisa e a lavra de recursos minerais e o 
aproveitamento dos potenciais hidráulicos poderão ser efetuados 
mediante autorização ou concessão da União, no interesse nacional. 
Todavia, nos termos do art. 176, § 1°, a pesquisa e a lavra dos recursos 
minerais e o aproveitamento dos potenciais hidráulicos somente 
poderão ser realizados por brasileiros ou empresa constituída sob 
as leis brasileiras e que tenha sua sede e administração no País. 
A lei que regulamentar essa autorização/concessão deverá ainda 
estabelecer as condições específicas para o caso especial em que essas 
atividades se desenvolverem em faixa de fronteira ou terras indígenas. 
A autorização de pesquisa será sempre por prazo determinado. 
Ressalte-se ainda que as autorizações e as concessões previstas no art. 
176 não poderão ser cedidas ou transferidas, total ou parcialmente, sem 
prévia anuência do poder concedente. 
Vale comentar que essas regras não se aplicam ao aproveitamento do 
potencial de energia renovável de capacidade reduzida, que, nos 
termos do § 4°, não dependerá de autorização ou concessão. 
Por fim, cabe comentar que o art. 175 regula a prestação de serviços 
públicos pelo Estado (mais especificamente aqueles que possuem 
conteúdo econômico e por isso têm a possibilidade de serem explorados 
por particulares). 
Assim, esses serviços não são livres à iniciativa privada. Podem ser 
explorados pelo Estado diretamente ou ser delegados para particulares 
por meio de concessão e permissão, sempre por licitação pública (em 
hipóteses especiais poderá ser admitido um ato administrativo de 
autorização de serviço público). 
Dê uma olhada no teor do art. 175: 
“Art. 175. Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de 
concessão ou permissão, sempre através de licitação, a prestação de serviços 
públicos. 
Parágrafo único. A lei disporá sobre: 
I - o regime das empresas concessionárias e permissionárias de serviços 
públicos, o caráter especial de seu contrato e de sua prorrogação, bem como as 
condições de caducidade, fiscalização e rescisão da concessão ou permissão; 
 
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II - os direitos dos usuários; 
III - política tarifária; 
IV - a obrigação de manter serviço adequado.” 
8.2 – Sistema Financeiro Nacional
Segundo José Afonso da a Constituição Federal regula dois 
sistemas financeiros: 
I) um público: que se refere ao estudo das finanças públicas e 
orçamentos públicos (CF, arts. 163 a 169); e 
II) um parapúblico: denominado de sistema financeiro nacional, que 
cuida das instituições financeiras creditícias, públicas ou privadas, de 
seguro, previdência privada e capitalização, todas controladas pelo 
Poder Público (CF, art. 192). 
Podemos considerar o Banco Central como elo entre essas ordensfinanceiras. 
Pois bem, o pior é que já caiu essa definição doutrinária em prova... Foi 
da Esaf (e não do Cespe, que é a banca do seu concurso), mas vale a 
pena dar uma olhada. Vamos ver? 
28) (ESAF/ANALISTA/SUSEP/2010) O Sistema Financeiro Nacional 
pode ser classificado como parapúblico. 
De fato, o sistema parapúblico refere-se ao Sistema Financeiro Nacional 
(CF, art. 192). 
Item certo. 
No que se refere ao Sistema Financeiro Nacional, resume-se a um único 
artigo constitucional (CF, art. 192). 
“Art. 192. O sistema financeiro nacional, estruturado de forma a promover o 
desenvolvimento equilibrado do País e a servir aos interesses da coletividade, em 
todas as partes que o compõem, abrangendo as cooperativas de crédito, será 
regulado por leis complementares que disporão, inclusive, sobre a participação do 
capital estrangeiro nas instituições que o integram.” 
Observe que a regulamentação do SFN poderá ser feita em diversas 
etapas, por diferentes leis complementares, não sendo necessário que 
um só ato normativo trate de todos os aspectos relacionados a esse 
assunto. 
Isso tem relevo porque havia um parágrafo nesse artigo (revogado pela 
EC n° 40/03) que impossibilitava a cobrança de mais de 12% de juros ao 
ano. Mas o Supremo chegou a condicionar a aplicação desse parágrafo 
à edição de uma lei complementar (norma de eficácia limitada). Daí 
instaurou-se uma controvérsia doutrinária se várias leis poderiam tratar 
 
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do assunto ou uma lei aprovada já possibilitaria a aplicabilidade de todos 
os dispositivos constitucionais. 
Bom, essa discussão perdeu o sentido, uma vez que não há mais esse 
limite de 12% e a emenda mudou o teor do artigo de “lei complementar” 
para “leis complementares”. Mas vale a pena memorizar a Súmula 
Vinculante n° 7: 
“A norma do §3º do artigo 192 da Constituição, revogada pela Emenda 
Constitucional nº 40/2003, que limitava a taxa de juros reais a 12% ao 
ano, tinha sua aplicação condicionada à edição de lei complementar.” 
Além do conhecimento da literalidade do art. 192 e da Súmula Vinculante 
n° 7, pode-se cobrar importante jurisprudência relacionada a esse 
assunto. 
É que o Supremo Tribunal Federal decidiu que se aplica o Código de 
Defesa do Consumidor (CDC) às relações entre instituições financeiras e 
seus usuários. Ou seja, o regramento do relacionamento entre esses 
agentes não precisariam estar regulamentados nas leis complementares, 
pois o próprio CDC (lei ordinária) teria aplicabilidade a essa relação. 
Vejamos algumas questões sobre a ordem econômica e financeira. 
29) (CESPE/PROMOTOR/MPE/ES/2010) Dos diversos postulados da 
ordem econômica expressos na CF não deriva a adoção do sistema 
econômico capitalista. 
As bases constitucionais da ordem econômica nacional encontram-se 
compreendidas entre os arts. 170 e 192 da CF/88. Nos termos do art. 
170 da CF/88, a ordem econômica, fundada na valorização do trabalho 
humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência 
digna, conforme os ditames da justiça social. 
Portanto, nossa ordem econômica é capitalista, funda-se na união entre 
capital (livre iniciativa) e trabalho (valorização do trabalho humano) e 
objetiva a justiça social e a dignidade da pessoa humana. Isso quer dizer 
que, embora se apoie na apropriação privada dos meios de produção e 
na livre iniciativa, a Constituição também impõe condicionamentos à 
atividade econômica. 
Item errado. 
30) (CESPE/JUIZ/TRT1/2010) Em regra, a CF assegura a todos o livre 
exercício de qualquer atividade econômica, mediante autorização 
dos órgãos públicos competentes. 
A nossa ordem econômica rege-se pelo postulado na livre iniciativa (CF, 
art. 170). Assim, nos termos do parágrafo único do art. 170 da CF/88, é 
assegurado a todos o livre exercício de qualquer atividade econômica, 
independentemente de autorização de órgãos públicos, salvo nos casos 
previstos em lei. 
Item errado. 
 
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31) (CESPE/PROMOTOR/MPE/ES/2010) Segundo interpretação 
sistemática que se dá ao capítulo da ordem econômica na CF, a 
desigualdade dos agentes econômicos é a característica inerente de 
uma ordem econômica fundada na livre iniciativa e que se processa 
por meio da livre concorrência. 
Como comentado, nossa ordem econômica é capitalista. Isso implica a 
existência de uma desigualdade entre os agentes econômicos. Uma 
análise dos próprios princípios gerais da ordem econômica permite 
observar que o inciso VII prevê a busca pela redução das desigualdades 
regionais e sociais (não se trata de extinção). 
Nesse sentido, considera-se que essa desigualdade sempre existirá 
(devido ao modelo capitalista); entretanto, objetiva-se sua redução, em 
conformidade com princípios da dignidade da pessoa humana e da 
justiça social (CF, art. 170). 
Item certo. 
32) (CESPE/JUIZ FEDERAL SUBSTITUTO/TRF 2ª REGIÃO/2009) São 
princípios gerais da atividade econômica, entre outros, o da vedação 
do confisco e o da uniformidade. 
Os princípios da vedação do confisco e da uniformidade são princípios 
relacionados ao sistema tributário e não à ordem econômica. 
Item errado. 
33) (CESPE/PROMOTOR/MPE/ES/2010) O Estado, na qualidade de 
agente regulador da atividade econômica, exercerá, na forma da lei, 
a função de fiscalização, deixando para o setor privado e o livre 
mercado o próprio planejamento e incentivo da atividade econômica. 
Como agente normativo e regulador da atividade econômica, o Estado 
exercerá, na forma da lei, as funções de fiscalização, incentivo e 
planejamento, sendo este determinante para o setor público e indicativo 
para o setor privado (CF, art. 174). 
Item errado. 
34) (CESPE/JUIZ/TRT1/2010) De acordo com a CF, o Estado 
favorecerá a organização da atividade garimpeira em cooperativas, 
considerando a proteção do meio ambiente e a promoção 
econômico-social dos garimpeiros. 
A assertiva reproduz o § 3° do art. 174 da CF/88. Segundo o referido 
dispositivo constitucional, o Estado favorecerá a organização da 
atividade garimpeira em cooperativas, levando em conta a proteção do 
meio ambiente e a promoção econômico-social dos garimpeiros. 
Item certo. 
 
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35) (CESPE/JUIZ/TRT1/2010) De acordo com a CF, depende de 
autorização ou concessão o aproveitamento do potencial de energia 
hidráulica renovável, ainda que de capacidade reduzida. 
Nos termos do § 4º do art. 176 da CF/88, não dependerá de autorização 
ou concessão o aproveitamento do potencial de energia renovável de 
capacidade reduzida. 
Item errado. 
36) (CESPE/JUIZ/TRT1/2010) A União, os estados, o DF e os 
municípios dispensarão às microempresas e às empresas de 
pequeno e médio porte, assim definidas em lei, tratamento jurídico 
diferenciado, com a finalidade de incentivá-las pela simplificação de 
suas obrigações administrativas, tributárias, previdenciárias e 
creditícias ou mesmo pela eliminação ou redução dessas obrigações 
por meio de lei. 
Segundo o art. 179 da CF/88, a União, os estados, o DF e os municípios 
dispensarão às microempresas e às empresas de pequeno porte, assim 
definidas em lei, tratamento jurídico diferenciado, visando a incentivá-las 
pela simplificação de suas obrigações administrativas, tributárias, 
previdenciárias e creditícias, ou pela eliminação ou redução destas por 
meio de lei. 
A assertiva está errada, uma vez que o dispositivo constitucional não 
menciona as empresas de médio porte. 
Item errado. 
37) (CESPE/PROCURADOR/MPTCE/BA/2010) As empresas públicas 
sujeitam-se ao regime jurídico próprio das empresasprivadas, 
inclusive quanto aos direitos e obrigações civis, comerciais e 
tributários, podendo, em razão de ter capital exclusivamente público, 
gozar de privilégios fiscais não extensivos às empresas do setor 
privado. 
Segundo a Constituição, a lei estabelecerá o estatuto jurídico da 
empresa pública, da sociedade de economia mista e de suas subsidiárias 
que explorem atividade econômica, dispondo inclusive sobre a sujeição 
ao regime jurídico próprio das empresas privadas, inclusive quanto aos 
direitos e obrigações civis, comerciais, trabalhistas e tributários (CF, art. 
173, § 1°, II). 
Entretanto, a assertiva está incorreta, pois as empresas públicas e as 
sociedades de economia mista não poderão gozar de privilégios fiscais 
não extensivos às do setor privado (CF, art. 173, § 2°). 
Item errado. 
38) (CESPE/ANÁLISE DE LEGISLAÇÃO 
PREVIDENCIÁRIA/MPS/2010) Constitui monopólio da União a 
refinação de petróleo nacional ou estrangeiro. 
 
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Um das formas de exploração direta da atividade econômica pelo Estado 
brasileiro ocorre por meio de monopólio. Assim, o art. 177 da CF/88 
estabelece o rol das atividades que serão exploradas em regime de 
monopólio público, com caráter de exclusividade. Trata-se de atividades 
relacionadas a petróleo, gás natural e minérios ou minerais nucleares. 
A assertiva está correta, uma vez que a refinação do petróleo nacional ou 
estrangeiro constitui monopólio da União (CF, art. 177, II). 
Item certo. 
39) (CESPE/JUIZ FEDERAL SUBSTITUTO/TRF 2ª REGIÃO/2009) 
Constitui monopólio da União o transporte, por meio de conduto, de 
petróleo bruto, seus derivados e gás natural de qualquer origem. 
A assertiva reproduz a parte final do art. 177, IV. Assim, constitui 
monopólio da União o transporte, por meio de conduto, de petróleo bruto, 
seus derivados e gás natural de qualquer origem (CF, art. 177, IV). 
Item certo. 
9 – Ordem Social e Seguridade Social
Pode-se dizer que a idéia de Constituição social materializa-se no Título 
VIII da CF/88, denominado ordem social. Esse título aborda vários 
assuntos (seguridade social, educação, cultura, desporto, meio ambiente, 
índios, ciência e tecnologia). 
Segundo José Afonso da o título da ordem social e os direitos 
fundamentais constituem o núcleo substancial do regime 
democrático. 
Nesse sentido, nos termos do art. 193 da CF, a ordem social tem como 
base o primado do trabalho, e como objetivos o bem-estar e a justiça 
social. 
Sintetizando: 
Ainda segundo José Afonso da isso implica que as relações 
econômicas e sociais do país devem propiciar trabalho e condição de 
vida adequada ao trabalhador e à sua família, e que a riqueza produzida 
no país, para gerar justiça social, há de ser distribuída de forma 
equânime. 
Nosso estudo terá por foco os princípios constitucionais e o 
financiamento da seguridade social. 
 
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9.1 – Princípios constitucionais da seguridade social 
A Seguridade Social está disciplinada no art. 194 da CF. Ela compreende 
um conjunto integrado de ações de iniciativa: (i) dos Poderes Públicos e 
(ii) da sociedade. 
Além disso, destina-se a assegurar os direitos relativos à: 
I) à saúde, disciplinada nos arts. 196 a 200 da CF; 
II) à previdência, disciplinada nos arts. 201 e 202; e 
III) à assistência social, disciplinada nos arts. 203 e 204. 
Atenção! É comum as bancas atribuírem à seguridade social como um 
todo características que são específicas da previdência, como o caráter 
contributivo, por exemplo. Não caia nessa! 
Na verdade, o caráter contributivo é característica apenas da 
previdência social, como se depreende do art. 201 da CF: 
“A previdência social será organizada sob a forma de regime geral, de 
caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios que 
preservem o equilíbrio financeiro e atuarial.” 
Nesse sentido, a CF dispõe que a saúde é direito de todos e dever do 
Estado (art. 196) e que a assistência social será prestada a quem dela 
necessitar, independentemente de contribuição à seguridade social 
(art. 203). 
De acordo com o parágrafo único do art. 194 da CF/88, compete ao 
poder público, nos termos da lei, organizar a seguridade social, com base 
nos seguintes objetivos: 
I) universalidade da cobertura e do atendimento 
Enquanto a universalidade da cobertura refere-se às situações (riscos) 
cobertas pelo sistema (doença, invalidez, velhice etc.), a universalidade 
de atendimento determina que o sistema atenda a todos que dele 
precisarem. 
II) uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às 
populações urbanas e rurais 
Proíbe discriminações legais arbitrárias entre populações urbanas e 
rurais (têm igualmente direito aos mesmos benefícios e serviços). 
III) seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e 
serviços 
O princípio da seletividade relaciona-se à priorização das situações 
cobertas a fim de fornecer atendimento efetivo a quem mais precisa. O 
princípio da distributividade direciona benefícios e serviços aos mais 
necessitados, funcionando como redutor de desigualdades sociais. 
 
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IV) irredutibilidade do valor dos benefícios 
Concedido o benefício, surge para o segurado o direito de não tê-lo 
reduzido em seu valor nominal. 
V) eqüidade na forma de participação no custeio 
O princípio da equidade relaciona-se com as noções de justiça e 
igualdade na forma de custeio. Assim, as contribuições devem ser 
estabelecidas de acordo a capacidade econômica. 
VI) diversidade da base de financiamento 
A diversidade da base de financiamento prestigia o princípio da 
solidariedade, uma vez que responsabiliza diversos setores da sociedade 
pelo financiamento do sistema de seguridade. 
VII) caráter democrático e descentralizado da administração, 
mediante gestão quadripartite, com participação dos trabalhadores, 
dos empregadores, dos aposentados e do Governo nos órgãos 
colegiados. 
Impõe a organização da seguridade social segundo um sistema 
descentralizado e democrático. 
O esquema abaixo apresenta a estruturação da seguridade social, 
segundo a CF/88. 
Sintetizando: 
 
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9.2 – Financiamento da Seguridade Social
O art. 195 da CF explicita como se dará o financiamento da seguridade 
social. 
“Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta 
e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da 
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes 
contribuições sociais: (...)” 
As formas de financiamento decorrem: (i) do orçamento dos entes 
federados; e (ii) de contribuições sociais. Nesse sentido, há 
participação do governo, das empresas e dos trabalhadores no custeio 
da seguridade social, segundo o princípio da diversidade da base de 
financiamento. 
É importante conhecer as formas de financiamento da seguridade social 
apresentadas no art. 195. Segue abaixo um esquema que pode ajudá-lo 
a memorizar esses aspectos, o que não substitui a necessidade de você 
conhecer o próprio teor do art. 195. 
Sintetizando: 
Além dessas fontes de financiamento, lei complementar poderá instituir 
outras destinadas a garantir a manutenção ou expansão da seguridade 
social. Mas observe um detalhe previsto no § 6°: essa instituição de 
novas contribuições deverá respeitar a chamada anterioridade 
nonagesimal. É dizer que só poderão ser exigidas após decorridos 
noventa dias da data

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