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AD1 
 
 
De acordo com o que você estudou nas Unidades 1, 2 e 3 sobre a Formação cultural 
brasileira, o Arcadismo e o Romantismo, responda às questões abaixo de modo dissertativo. 
Não copie respostas de sites da internet nem do seu material de estudo. Você deve 
pesquisar sobre o tema e escrever com suas palavras. 
 
1) Identifique as principais características que definem o poema de Tomás Antônio Gonzaga 
como pertencente à estética árcade e de que forma ocorre a aproximação com a racionalidade 
científica proveniente do Iluminismo. 
 
Primeira Parte 
Lira 28 
 
Marília, de que te queixas? 
De que te roube Dirceu 
o sincero coração? 
Não te deu também o seu? 
E tu, Marília, primeiro 
não lhe lançaste o grilhão? 
Todos amam; só Marília 
Desta lei da natureza 
Queria ter isenção? 
 
Em torno das castas pombas 
Não rulam ternos pombinhos? 
E rulam, Marília, em vão? 
Não se afagam cos biquinhos? 
E as provas de mais ternura 
não os arrasta a paixão? 
Todos amam; só Marília 
desta lei da Natureza 
queria ter isenção? 
 
Já viste, minha Marília, 
avezinhas que não façam 
os seus ninhos no verão? 
Aquelas, com quem se enlaçam, 
Não vão cantar-lhes defronte 
Do mole pouso, em que estão? 
Todos amam; só Marília 
desta lei da Natureza 
queria ter isenção? 
 
Se os peixes, Marília, geram 
Nos bravos mares e rios, 
Tudo efeitos de amor são. 
Amam os brutos ímpios, 
A serpente venenosa, 
A onça, o tigre, o leão. 
Todos amam; só Marília 
desta lei da Natureza 
queria ter isenção? 
 
As grandes deusas do céu 
Sentem a seta tirana 
Da amorosa inclinação. 
Diana, com ser Diana, 
Não se abrasa, não suspira 
Pelo amor de Endimião? 
Todos amam; só Marília 
desta lei da Natureza 
queria ter isenção? 
 
Desiste, Marília bela, 
De uma queixa sustentada 
Só na altiva opinião. 
Esta chama é inspirada 
Pelo céu, pois nela assenta 
A nossa conservação. 
Todos amam; só Marília 
desta lei da Natureza 
queria ter isenção? 
GONZAGA, Tomás Antônio. Marília de Dirceu & Cartas Chilenas. São Paulo: Ática, 1997, p. 46-48. 
 
2) O poema épico de Basílio da Gama, O Uraguai, narra a expulsão dos jesuítas da região de 
Sete Povos das Missões e elabora um elogio ao projeto colonial português. Discuta, a partir do 
trecho selecionado, como o elogio à ação do colonizador se une de forma ambígua — marca da 
literatura deste período — à caracterização do processo violento de dominação e ao 
reconhecimento positivo do povo indígena. 
 
Canto II 
[...] 
Assim manda o rei. Vós sois rebeldes, 
Se não obedeceis; mas os rebeldes 
Eu sei que não sois vós, são os bons padres, 
Que vos dizem a todos que sois livres, 
E se servem de vós como escravos. 
Armados de orações vos põem no campo 
Contra o fero trovão da artilharia, 
Que os muros arrebata; e se contentam 
De ver de longe a guerra: sacrificam 
Avarentos do seu, o vosso sangue. 
Eu quero à vossa vista despojá-los 
Do tirano domínio destes climas, 
De que a vossa inocência os fez senhores. 
Dizem-vos que não tendes rei? Cacique, 
E o juramento de fidelidade? 
Porque está longe, julgas que não pode 
Castigar-vos a vós, e castigá-los? 
Generoso inimigo, é tudo engano. 
Os reis estão na Europa, mas adverte 
Que estes braços que vês são os seus braços. 
Dentro de pouco tempo um meu aceno 
Vai cobrir este monte e essas campinas 
De semivivos palpitantes corpos 
De míseros mortais, que inda não sabem 
Por que causa o seu sangue vai agora 
Lavar a terra e recolher-se em lagos. 
Não me chames cruel: enquanto é tempo 
Pensa e resolve; e pela mão tomando 
Ao nobre embaixador, o ilustre Andrade 
Intenta reduzi-lo por brandura. 
E o índio, um pouco pensativo, o braço 
E a mão retira; e, suspirando, disse: 
Gentes de Europa, nunca vos trouxera 
O mar e o vento a nós. Ah! Não debalde 
Estendeu entre nós a natureza 
Todo esse plano espaço imenso de águas. [...] 
 
GAMA, Basílio da. O Uraguai. Porto Alegre: L&PM, 2010, p. 67-69. 
 
 
3) Impulsionada pelo movimento de separação da antiga metrópole (Portugal), a primeira fase do 
Romantismo no Brasil teve como objetivo construir e expressar uma identidade nacional. A 
partir do posfácio de Iracema, comente quais os elementos destacados pelo escritor José de 
Alencar que tornariam a literatura brasileira original e independente do padrão lusitano. 
 
Carta 
Ao Dr. Jaguaribe. 
 
 [...] Desde cedo, quando começaram os primeiros pruridos literários, uma espécie de instinto me 
impelia a imaginação para a raça selvagem indígena. Digo instinto, porque não tinha eu então estudos 
bastantes para apreciar devidamente a nacionalidade de uma literatura; era simples prazer que me 
deleitava na leitura das crônicas e memórias antigas. 
 Mais tarde, discernindo melhor as coisas, lia as produções que se publicavam sobre o tema 
indígena; não realizavam elas a poesia nacional, tal como me aparecia no estudo da vida selvagem dos 
autóctones brasileiros. Muitas pecavam pelo abuso dos termos indígenas acumulados uns sobre os outros, 
o que não só quebrava a harmonia da língua portuguesa, como perturbava a inteligência do texto. Outras 
eram primorosas no estilo e ricas de belas imagens; porém faltava-lhes certa rudez ingênua de 
pensamento e expressão, que devia ser a linguagem dos indígenas. 
 Gonçalves Dias é o poeta nacional por excelência; ninguém lhe disputa na opulência da 
imaginação, no fino lavor do verso, no conhecimento da natureza brasileira e dos costumes selvagens.Em 
suas poesias americanas aproveitou muitas das mais lindas tradições indígenas; e em seu poema não 
concluído dos Timbiras, propôs-se a descrever a epopeia brasileira. 
 Entretanto, os selvagens de seu poema falam por uma linguagem clássica, o que lhe foi 
censurado por outro poeta de grande estro, o Dr. Bernardo Guimarães; eles exprimem ideias próprias do 
homem civilizado, e que não é verossímil tivessem no estado da natureza. 
 Sem dúvida que o poeta brasileiro tem de traduzir em sua língua as ideias, embora rudes e 
grosseiras, dos índios; mas nessa tradução está a grande dificuldade; é preciso que a língua civilizada se 
molde quanto possa à singeleza primitiva da língua bárbara; e não represente as imagens e pensamentos 
indígenas senão por termos e frases que ao leitor pareçam naturais na boca do selvagem. 
 O conhecimento da língua indígena é o melhor critério para a nacionalidade da literatura. Ele nos 
dá não só o verdadeiro estilo, como as imagens poéticas do selvagem, os modos de seu pensamento, as 
tendências de seu espírito, e até as menores particularidades de sua vida. 
 É nessa fonte que deve beber o poeta brasileiro; é dela que há de sair o verdadeiro poema 
nacional, tal como eu o imagino. [...] 
 Este livro é pois um ensaio ou antes amostra. Verá realizadas nele minhas ideias a respeito da 
literatura nacional; e achará aí poesia inteiramente brasileira, haurida na língua dos selvagens. A 
etimologia de nomes das diversas localidades, e certos modos de dizer tirados da composição das 
palavras, são de cunho original. 
 Compreende você que não podia eu derramar em abundância essas riquezas no livrinho agora 
publicado, porque elas ficariam desfloradas na obra de maior vulto, a qual só teria a novidade da fábula. 
Entretanto há aí de sobra para dar matéria à crítica e servir de base ao juízo dos entendidos. [...] 
 
ALENCAR, José de. Iracema. 30. ed. São Paulo: Ática, 1997, p. 84-86. 
 
4) Leia o poema da segunda parte da Lira dos vinte anos de Álvares de Azevedo. Identifique e 
comente traços que relacione a poesia ao Ultrarromantismo. 
 
Soneto 
Um mancebo no jogo se descora, 
Outro bêbado passa noite e dia, 
Um tolo pela valsa viveria, 
Um passeia a cavalo, outro namora. 
 
Um outro que uma sina má devora 
Faz das vidas alheias zombaria, 
Outro toma rapé, um outro espia... 
Quantos moços perdidos vejo agora! 
 
Oh! não proíbam pois ao meu retiro 
Do pensamento ao merencório luto 
A fumaça gentil por que suspiro. 
 
Numa fumaça o canto d’alma escuto... 
Um aroma balsâmico respiro, 
Oh! deixai-me fumar o meu charuto! 
 
AZEVEDO, Manuel Antônio Álvares de. Lira dos vinte anos. In: ______ Obra completa. Rio de Janeiro: Nova 
Aguilar, 2000, p. 238-239.

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